terça-feira, 13 de maio de 2014

Onde está o Reino de Deus?

Onde está o Reino de Deus?


“Meu reino não é deste mundo.” (Jesus)

No início era a sombra, a inconsciência, o instinto. Ao longo dos milênios, o Espírito, criado simples e ignorante, percorre caminhos tortuosos, dolorosos, eu diria, vivendo experiências que vão, paulatina e vagarosamente, despertando-o do sono profundo. Mesmo inconsciente, sente-se atraído por uma força libertadora que lhe proporcionará a saída de seu próprio casulo para o encontro com a luz. Ocorrem os primeiros raciocínios, que timidamente, vão se organizando, formando idéias, aumentando a capacidade de pensar, mas, acima de tudo, despertando a consciência e ampliando o discernimento e os sentimentos.
Essa mesma força, como efeito inevitável, vai modelando o Espírito para a ascensão, para a plenitude. A construção do reino divino, igualmente, foi iniciada a milhões de anos.
Quantos códigos de conduta foram inspirados para que as Leis Divinas fossem observadas? No Código de Hamurabi foram registrados os primeiros sinais de respeito pela vida e pelos seres humanos. Apesar do “olho por olho e dente por dente” inserto nas leis mosaicas, o Decálogo contém o fundamento básico do respeito que devemos ter em relação a Deus, à vida e aos seres, de um modo geral. Finalmente Jesus, quando veio à Terra, mesmo sabendo que a ignorância ainda era preponderante, propõe que fosse observada uma única lei, a Lei do Amor, para a conquista do Reino de Deus. Por outro lado, sabia igualmente que a criatura humana necessitaria viver e renascer muitas vezes até obter as condições adequadas para atingir a plenitude. Essa a razão de ser a Doutrina do Mestre toda baseada na vida futura.
Muitos desejaram seguir Jesus, embevecidos com as maravilhas daquele reino a que Ele se referia. As narrativas evangélicas são pródigas nesse sentido. O jovem rico queria seguí-lo, “mas”, ainda tinha alguns compromissos para resolver; outro, também queria seguí-lo, “mas”, tinha que sepultar seu pai; muitos outros o queriam como rei, “mas”, o abandonaram em momentos decisivos e dolorosos; muitos até hoje desejam seguí-lo, “mas”, os jogos de interesses do mundo atual, o apego demasiado à matéria, impedem tão importante decisão. Na verdade, é a “sombra”, o ego, o ser inferior na sua manifestação mais primitiva, que ainda necessita de mais experiências.
Desse modo, o Reino de Deus é uma construção interior, feita de perseverança, renúncia, dedicação e, acima de tudo, na autotransformação baseada em princípios divinos, éticos, morais, norteadores de conduta.
No Livro “Segue-me”, ditado por Emmanuel e psicografado por Chico Xavier, na lição chamada “Luz em Nossas Mãos”, comenta a pergunta nº 793, constante no Livro dos Espíritos: “por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa? diz-nos que: “Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. “Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.”
Assim, rememoremos a advertência do Cristo, quando nos afirma que o reino de Deus não vem até nós com as aparências exteriores, mas ele está dentro de nós, em nossos corações.

Martha Triandafelides Capelotto – Divulgadora do Espiritismo

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