sexta-feira, 9 de maio de 2014
Moisés, Legislador e Missionário
A lei moisaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus.
O protegido de Termutis, depois de se beneficiar com a cultura que o Egito lhe podia prodigalizar, foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito, se bem que as doutrinas antigas já tivessem arraigado a crença de Deus único.
A legislação de Moisés está cheia de lendas e de crueldades compatíveis com a época, mas, escoimada de todos os comentários fabulosos a seu respeito, a sua figura é, de fato, a de um homem extraordinário, revestido dos mais elevados poderes espirituais. Foi o primeiro a tornar acessíveis às massas populares os ensinamentos somente conseguidos à custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades.
Para legislar, Moisés abraçou desde as mais altas combinações da política até os costumes domésticos tendo sempre em vista a estabilidade do caráter nacional e da moralidade.
A religião de uma moral severa, cheia de confiança na Providência, não é uma doutrina secreta; porém estabelece uma Igreja nacional e uma teocracia reguladora da vida: Não é um engenhoso encadeamento de idéias metafísicas, sem influência nas ações, mas um vivo e assíduo contacto com Deus. Na qualidade de líder de seu povo, Moisés estava não apenas tecnicamente equipado, mediante sua educação e treinamentos egípcios, mas igualmente era, num nível mais fundamental, um líder supremo por ser tão aconchegado servidor de seu Deus, mediante a fé.
Mas, a vida e missão de Moisés não foram fáceis; ao contrário, cheias de atribulações, traições e desconfianças. Por muitas e muitas vezes, Israel demonstrou não ter confiança no poder salvador de Seu Deus, desobedeceu aos mandamentos e rejeitou a liderança de Deus ao rebelar-se contra Moisés. A própria família de Moisés o abandonou: o que é provado pela fraqueza de Arão (seu irmão) no caso do bezerro de ouro. Grande, realmente, era a mansidão e longanimidade de Moisés em meio a tudo isso.
Além de um líder autêntico, foi também Moisés grande legislador e lúcido profeta.
Na qualidade de alguém especialmente proeminente em declarar e ensinar a vontade, os mandamentos e a natureza de Deus, Moisés foi caracteristicamente o modelo de todos os verdadeiros profetas posteriores, até a vinda d’Aquele de quem foi o precursor de conduzir o povo de Israel para fora da escravidão, mas igualmente para tornar conhecida a vontade de Deus. E foi isso que fez na comunicação dos mandamentos.
Moisés, na sua qualidade de mensageiro do Divino Mestre, procura então concentrar o seu povo para a grande jornada em busca da Terra da Promissão. Médium extraordinário, realiza grandes feitos ante os seus irmãos e companheiros maravilhados. É quando então recebe, de emissários do Cristo, no Sinai, os dez sagrados mandamentos que, até hoje, representam a base de toda a justiça do mundo.
Antes de abandonar as lutas da Terra, na extática visão da Terra Prometida, Moisés lega à posteridade as suas tradições no Pentateuco, iniciando a construção da mais elevada ciência religiosa de todos os tempos, para as coletividades porvindouras.
O termo Código, que é freqüentemente dado a várias porções do Pentateuco não é exato. Os documentos de tratados contemporâneos no Oriente Próximo, pertencentes ao século XIII A.C. demonstram que Moisés foi impelido por Deus a expressar a relação de Israel para com Deus na forma de um tratado ou pacto de suserania mediante o qual um grande rei (nesse caso, Deus, o Rei dos reis) ligava a si mesmo um povo vassalo, a diferença sendo apenas que a forma em questão foi transportada para o plano religioso e espiritual.
Essa foi uma espécie de formulação que na época seria universalmente compreendida. Tal aliança estava enraizada na graça proveniente do Grande Rei e pôs seus súditos sob uma obrigação de dívida e gratidão, que seria expressa na prática pela obediência deles a estipulações explícitas e a regulamentos detalhados. Para Israel, as estipulações básicas de sua aliança eram os Dez Mandamentos, em realidade a lei moral como expressão da vontade de Deus; e as detalhadas obrigações da aliança tomaram a forma de estatutos civis.
A vida de Israel, em todos os seus aspectos, deveria ser assinalada pela retidão e pela santidade, expressa pela obediência à aliança, ou, em outras palavras, pelo cumprimento da lei.
Devido a esses aspectos abordados, fica claro que na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.
A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos que resumidamente citamos:
▬ 1º “Eu sou o Senhor teu Deus.
▬ 2º Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
▬ 3º Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.
▬ 4º Honra a teu pai e a tua mãe.
▬ 5º Não matarás.
▬ 6º Não adulterarás.
▬ 7º Não furtarás.
▬ 8º Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
▬ 9º Não cobiçarás a mulher do teu próximo.
▬ 10º Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Os Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente pelo profeta, brilham ainda hoje por alicerce de luz na edificação do direito, dentro da ordem social.
A palavra da Esfera Superior gravava a lei de causa e efeito para o homem, advertindo-o solenemente:
♣ Consagra amor supremo ao Pai de Bondade Eterna, N’Ele reconhecendo a tua divina origem.
♣ Precata-te contra os enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos pelos acanhados atributos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.
♣ Abstém-te de envolver o Julgamento Divino na estreiteza de teus julgamentos.
♣ Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefício daqueles que te atendem na esfera de trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.
♣ Lembra-te de que a dívida para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.
♣ Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.
♣ Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, por que o cálculo delituoso emite ondas de força desorientada que voltarão sobre ti mesmo.
♣ Evita a apropriação indébita para que não agraves as próprias dívidas.
♣ Desterra de teus lábios toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.
♣ Acautela-te contra a inveja e o despeito, a inconformação e o ciúme, aprendendo a conquistar alegria e tranqüilidade, ao preço do esforço próprio, porque os teus pensamentos te precedem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã.
É de todos os tempos e de todos os países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter divino.
A lei moisaica civil ou disciplinar consta no Pentateuco. Esses cinco livros contêm leis que Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão no Egito. Para imprimir autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. As leis moisaicas, propriamente ditas, revestiam, pois, um caráter essencialmente transitório.
Ainda nos dias atuais, Os hebreus dividem os seus livros em Tora, ou doutrina por excelência, e tais são os cinco livros de Moisés (Pentateuco); em Nebum, que são os profetas; e em Quetubim, ou escritos em geral, isto é, qualquer outro livro. O Talmude chama dibrê caballah, isto é, palavras da tradição, tudo o que não é Tora.
Os rabinos dizem que só o Tora é que é uma verdadeira novidade em Israel; porque os outros livros são apenas desenvolvimentos parciais do hieroglífico primitivo, encoberto debaixo daquele nome.
Os hebreus designam os cinco livros do Pentateuco só pelas primeiras palavras de cada um deles. Os nomes gregos, que nós lhes damos, comumente, foram obra dos Setenta, na época da sua versão.
Em síntese, podemos dizer que na religião judaica há três períodos ou idades que marcaram a formação religiosa dos israelitas: A idade do ouro, ou a do puro hebraísmo bíblico, que compreende os livros santos, antes da transladação para Babilônia; a idade de prata, ou a do hebraísmo bíblico tardio, que compreende os livros escritos posteriormente à emigração; e a idade de bronze, ou a do hebraísmo tardio não bíblico, chamada comumente língua rabínica.
E, recordando esses apontamentos da história, somos naturalmente levados a perguntar o porquê da preferência de Jesus pela árvore de David, para levar a efeito as suas divinas lições à Humanidade; mas a própria lógica nos faz reconhecer que, de todos os povos de então, sendo Israel o mais crente, era também o mais necessitado, dada a sua vaidade exclusivista e pretensiosa. As organizações dos doutores da Lei subsistiram no curso incessante dos tempos. Embalde esperaram eles outro Cristo, neste dois milênios que ora chegam a termo.
A realidade é que um sopro de amargura pesou mais fortemente sobre os destinos da raça, depois da ignominiosa tarde do Calvário.
Israel continua a cultuar o Deus Todo-Poderoso dos seus profetas, seus rituais prosseguem em pontos isolados do orbe inteiro. É talvez a raça mais livre, mais internacionalista, mais fraternal, entre si, mais também a mais altiva e exclusivista do mundo.
Jesus acompanha-lhe a marcha dolorosa através dos séculos de lutas expiatórias e regeneradoras.
Novos conhecimentos dimanam do Céu para o coração dos seus patriarcas e não tardará muito tempo para que vejamos os judeus compreendendo integralmente a missão sublime do verdadeiro Cristianismo e aliando-se a todos os povos da Terra para a caminhada salvadora, em busca da edificação de um mundo melhor.”
FONTES DE CONSULTA:
♦ Césare Cantu.
♦ A Caminho da Luz.
♦ Antigo Testamento.
♦ Pelo Espírito Emmanuel.
♦ DOUGLAS, J. D. Moisés.
♦ Pelo Espírito André Luiz.
♦ Francisco Cândido Xavier
♦ Evolução em Dois Mundos.
♦ O Novo Dicionário da Bíblia.
♦ A Ascendência do Evangelho.
♦ A Bíblia Sagrada, Diversos tradutores.
♦ Instituições moisaicas. História Universal.
♦ Não Vim Destruir a Lei. O Evangelho Segundo o Espiritimo. Allan Kardec
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