domingo, 5 de maio de 2013

Porque não sou mais evangélica


Porque não sou mais evangélica

Caro Maurício Braga,
Li o seu texto "Espiritismo - Porque não sou mais espírita" e gostaria de fazer
algumas considerações a respeito. Eu fui evangélica (Batista) por mais de 14 anos e hoje sou
espírita; por isso da mesma forma quero dar o testemunho de alguém que fez o caminho
inverso ao seu. Também quero lhe mostrar as crenças e os equívocos fundamentais do que é
pregado pelas igrejas protestantes a respeito da Bíblia. O meu testemunho, assim como o seu,
também não é um ataque desrespeitoso e sim um convite amigável para uma análise séria
sobre o que a Bíblia realmente é. Afirma-se por aí que a Bíblia é a palavra de Deus; mas com
base em quê? Talvez você se apresse em responder que um dos motivos é o cumprimento das
profecias na Bíblia, que provam sua autoridade como a palavra de Deus... Mas é exatamente aí
que começam os problemas. Você sabia que muitas das "profecias" invocadas como cumpridas
no Novo Testamento nem mesmo existem no Antigo Testamento? E também que há muitas
profecias que falharam, além das profecias que expiraram e não foram cumpridas? Pois é
justamente sobre o argumento das "profecias cumpridas", muito usado pelos evangélicos, que
eu gostaria de discorrer com você. Então vamos aos exemplos do que acabei de falar aqui para
que você possa verificar por si mesmo em sua Bíblia.

Profecias afirmadas para serem cumpridas no Novo Testamento que NÃO EXISTEM
no Antigo Testamento:
Em Lucas 24:46, lemos:
"Assim está escrito que o Cristo havia de padecer, e de ressuscitar dentre os
mortos no terceiro dia".
Entretanto, em nenhum lugar do Antigo Testamento isto é dito ou previsto.
Também, em João 7:38 lemos:
"Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água
viva".
Nenhuma afirmativa como esta jamais foi localizada no Antigo Testamento; e ainda: "a
Escritura" a que Jesus se referia fatalmente seria o Antigo Testamento. Nesse caso, não se
poderá falar em profecia a ser cumprida, se nenhuma profecia fora feita; concorda?
Paulo também afirmou que a ressurreição do Cristo no terceiro dia também foi prevista
pelas escrituras. Ele disse em 1 Coríntios 15:3-4:
"Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos
nossos pecados segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia segundo as Escrituras".
Sobre essa passagem os evangélicos não conseguem indicar uma única passagem
sequer no Antigo Testamento que fale desse alegado terceiro dia como uma previsão! Onde, no
Antigo Testamento, é citado que Cristo ressuscitaria ao terceiro dia? Você poderia me dizer?
Do mesmo modo em João 20:9:
"Pois ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário
ressuscitar ele dentre os mortos".2
Nenhuma passagem como esta jamais foi encontrada no Velho Testamento. Nem
semelhante.
Lemos em Marcos 1:2:
"Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o
meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho".
Nenhuma afirmativa como esta aparece no livro de Isaías; porém, se quiser encontrá-
la, consulte Malaquias 3:1. E mais: se existisse, se referiria a quem: a João, o precursor de
Jesus, ou ao próprio Jesus?
Depois, vemos em Tiago 4:5:
"Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia
o Espírito, que ele fez habitar em nós?"
Por favor, mostre-me onde está essa afirmação no Velho Testamento...
Em outro exemplo indiscutível, Mateus diz que a compra do campo do oleiro com as 30
moedas de prata devolvidas por Judas aos principais sacerdotes e anciãos, cumpria uma
profecia feita por Jeremias:
"Então se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram
as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns
dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como
me ordenou o Senhor". (Mateus 27:9-10).
O único problema aqui é que Jeremias NUNCA escreveu nada, nem remotamente,
parecido com isto! Então, como isto pode ser o cumprimento de "que foi falado através do
profeta Jeremias"? Alguém, sofismando, poderá dizer que só foi falado; mas não foi escrito. Se
não foi escrito, não está na "palavra de Deus".
Há uma passagem em Zacarias que pode se referir a isto; entretanto, se a Bíblia é a
palavra inerrante de Deus, então, como ela poderia cometer erros tão primários como este?!
Então José levou sua família para Nazaré após irem para o Egito; Mateus disse que ele
fez isso:
"E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora
dito, por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno" (Mateus 2:23).
De novo, estudiosos da Bíblia nunca foram capazes de encontrar nenhuma afirmativa de
nenhum profeta a que isto pudesse se referir! De fato, nem a palavra Nazaré ou Nazareno
jamais foi mencionada no Antigo Testamento. Se isso é assim, como podia o período em que
Jesus residiu em Nazaré ter sido profetizado pelos profetas? Como pode uma Bíblia inerrante
conter erros crassos como este? Não é de se perguntar por que os evangélicos nunca se
referem a estes versículos como cumprimento de profecia? Estes erros críticos claramente
tornam o argumento do cumprimento de profecias um absurdo.
Profecias do Antigo Testamento que falharam
Profecias inflamadas de Isaías 13:23 e Ezequiel 24:32 contra as nações que
cercavam Israel aumentam o arsenal de profecias não cumpridas. Ezequiel, por exemplo,
profetizou que Nabucodonosor destruiria o Egito e o deixaria completamente desolado por um
período de 40 anos, durante o qual nem homem pisaria ou animal passaria por ali (Capítulo
20), mas a história não registra nenhuma desolação do Egito durante ou após o reino de
Nabucodonosor.3
Ezequiel também profetizou que Nabucodonosor destruiria Tiro, e que esta nunca seria
reconstruída de novo (26:7-14); mas o cerco de Nabucodonosor para tomar a cidade falhou,
e Tiro existe até hoje. Uma coisa curiosa sobre essa profecia contra Tiro é que Isaías também
previu que Tiro seria destruída; porém, ao contrário de Ezequiel, que previu que Tiro seria
permanentemente destruída e "nunca mais teria um ser vivo", Isaías profetizou que ela
seria desolada só por um período de 70 anos. Uma comparação destas duas profecias é uma
maneira fácil de mostrar a tolice de se afirmar que o cumprimento de profecia prova a
inspiração da Bíblia.
Ezequiel claramente previu que Tiro seria destruída, se tornaria uma penha descalvada
e um enxugadouro de redes, e jamais seria edificada (26:7-14,21; 27:28; 28:19). Assim
como Ezequiel, Isaías em suas profecias de destruição contra as nações que cercavam Israel
também previu a destruição de Tiro. Em 23:1, ele disse:
"Sentença contra Tiro. Uivai navios de Társis, porque está assolada a ponto de
não haver nela casa nenhuma nem ancoradouro. Da Terra de Chipre lhes foi
isto revelado".
A profecia continua desta maneira através do capítulo, prevendo a perda e devastação;
mas no início indicou que a destruição de Tiro seria apenas temporária, e não permanente:
"Eis a terra dos caldeus, povo que até há pouco não era povo e que a Síria
destinara para os sátiros do deserto; povo que levantou suas torres e arrasou
os palácios de Tiro e os converteu em ruínas. Uivai, navios de Társis, porque é
destruída a que era a vossa fortaleza! Naquele dia Tiro será posta em
esquecimento por 70 anos, o período de vida de um rei. Mas no fim dos 70
anos dar-se-á com Tiro o que consta na canção da meretriz que toma a harpa
rodeia a cidade, ó meretriz entregue ao esquecimento canta bem, toca,
multiplica as tuas canções para que se recordem de ti. Findos os 70 anos, o
Senhor atentará para Tiro, e ela tornará ao salário da sua impureza e se
prostituirá com todos os reinos da terra. O ganho e o salário de sua impureza
serão dedicados ao Senhor; não serão entesourados nem guardados, mas o
seu ganho será para os que habitam perante o Senhor, para que tenham
comida em abundância e vestes finas."
Então Ezequiel previu que a destruição de Tiro duraria para sempre, mas Isaías previu
apenas uma destruição temporária que duraria 70 anos ou o período de vida estimado de um
rei. O fato é que Nabucodonosor não destruiu Tiro para sempre, e ela não ficou desolada por
um período de 70 anos. Mesmo quando Alexandre o Grande em sua bem sucedida campanha
contra Tiro em 332 a.C., a cidade foi rapidamente reconstruída (Wallace B. Fleming, History of
Tyre, Columbia University Press, p. 64) e existe até hoje. Indiferentemente se esta profecia
falhou ou se cumpriu, era impossível que ambas as profecias de Isaías e Ezequiel contra Tiro
se cumprissem. Pelo menos uma delas teria que falhar, e então os proponentes do
cumprimento da profecia bíblica têm um problema para explicar. Se a Bíblia foi realmente
inspirada por uma deidade onisciente e onipotente, por que Ele direcionaria um profeta para
prever a destruição temporária de Tiro e então mais tarde direcionaria um outro profeta para
prever que Tiro seria destruída para sempre e nunca mais seria reconstruída? Uma resposta
provável é que nenhum dos dois profetas foi divinamente inspirado; ambos simplesmente
vociferaram com a típica e exagerada retórica dos profetas bíblicos, e trabalhando
independentemente, contradisseram um ao outro.
Como você pode ver, não apenas as profecias de ambos, Isaías e Ezequiel, a respeito de
Tiro falharam, como também se contradizem! Na verdade, Tiro existe até hoje, embora parte
dela esteja debaixo d'água. Apesar da direta declaração de Deus, Nabucodonosor foi incapaz
de destruir Tiro, embora ele tentasse por anos. Só 240 anos depois, quando Alexandre o
Grande a destruiu, que ela ficou temporariamente destruída antes de ser reconstruída, ao
contrário da profecia da Bíblia de que Nabucodonosor a destruiria para sempre sem que ela
fosse reconstruída.
Ezequiel fez uma profecia que, no tempo em que ele escreveu, parecia mais provável de4
ser cumprida. O profeta estava escrevendo, em 587 antes de Cristo, no tempo em que
Nabucodonosor fazia o cerco a Tiro. Com um exército tão poderoso quanto o de
Nabucodonosor, não seria surpresa que Ezequiel profetizasse a queda de Tiro pelo rei
babilônico.
Ezequiel 26:7-14 "Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu trarei contra
Tiro a Nabucodonosor, rei de Babilônia, desde o norte, o rei dos reis, com
cavalos, carros e cavaleiros, e com a multidão de muitos povos. As tuas filhas
que estão no continente, ele as matará à espada; levantará baluarte contra ti;
contra ti levantará terrapleno e um telhado de paveses. Disporá os seus
aríetes contra os teus muros e, com os seus ferros, deitará abaixo as tuas
torres. Pela multidão de seus cavalos te cobrirá de pó; os teus muros tremerão
com o estrondo dos cavaleiros, das carretas e dos carros, quando ele entrar
pelas tuas portas, como pelas entradas de uma cidade em que se fez brecha.
Com as unhas de seus cavalos socará todas as tuas ruas; ao teu povo matará à
espada, e as tuas fortes colunas cairão por terra. Roubarão as tuas riquezas,
saquearão as tuas mercadorias, derribarão os teus muros e arrasarão as tuas
casas preciosas, as tuas pedras, as tuas madeiras e o teu pó lançarão no meio
das águas. Farei cessar o arruído das tuas cantigas, e já não se ouvirá o som
das tuas harpas. Farei de ti uma penha descalvada; virás a ser um
enxugadouro de redes, jamais serás edificada; porque eu, o Senhor, o falei, diz
o Senhor Deus".
A passagem inteira claramente profetizou o saque e a completa destruição de Tiro por
Nabucodonosor. Entretanto, a vívida descrição do saque e queda de Tiro nunca aconteceu.
Após o cerco de 13 anos, até 573 antes de Cristo, Nabucodonosor retirou o cerco a Tiro e teve
de fazer um acordo. Como se vê, Nabucodonosor não destruiu Tiro. Tiro foi destruída por
Alexandre o Grande, 240 anos depois. E, além disso, apesar do que disse o profeta, a cidade
de Tiro foi finalmente reconstruída.
A profecia diz que Tiro nunca seria reconstruída após a destruição por Nabucodonosor -
destruição que não aconteceu - considerando que ele nunca destruiu a cidade. Mesmo após a
destruição por Alexandre o Grande, a cidade ainda foi reconstruída. De fato a cidade de Tiro foi
até mesmo citada, por este mesmo nome, no Novo Testamento (Marcos 7:24, Atos 12:20).
Tiro existe até hoje e sua população é de mais ou menos 12.000 habitantes.
O fato de ter errado em uma profecia não impediu Ezequiel de errar ainda mais:
Ezequiel 29:8-12 "Por isso assim diz o Senhor Deus: Eis que trarei sobre ti a
espada, e eliminarei de ti homem e animal. A terra do Egito se tornará em
desolação e deserto; e saberão que eu sou o Senhor. Visto que disseste: O rio
é meu, e eu o fiz, eis que eu sou contra ti e contra os teus rios; tornarei a terra
do Egito deserta, em completa desolação, desde Migdol até Sevene, até as
fronteiras da Etiópia. Não passará por ela pé de homem, nem pé de animal
passará por ela, nem será habitada 40 anos. Porquanto tornarei a terra do
Egito em desolação, no meio de terras desoladas; as suas cidades no meio das
cidades desertas se tornarão em desolação por 40 anos; espalharei os
egípcios, entre as nações e os derramarei pelas terras".
Veja nesta passagem a quantidade de profecias que foram provadas como erradas:
- O Egito nunca ficou desolado e deserto.
- Pessoas ainda caminham por lá.
- Nunca houve um único momento sequer que tenha ficado abandonado por 40
anos, mesmo quando o Egito esteve inabitado.5
- O Egito nunca foi um país desolado cercado por mais países desolados.
- Suas cidades nunca foram desoladas por nenhum período de tempo e
finalmente nunca houve uma diáspora egípcia.
Ezequiel tenta a sorte com outra profecia a respeito de Nabucodonosor:
Ezequiel 29:20 "Por paga do seu trabalho, com que serviu contra ela, lhe dei a
terra do Egito, visto que trabalharam por mim, diz o Senhor Deus".
Infelizmente, aqui também ele falhou! Nabucodonosor nunca conquistou o Egito.
Profecias que falharam, expiraram e não foram cumpridas
Existem muitas profecias na Bíblia que nunca se tornaram verdadeiras ou foram
cumpridas, pois o tempo de previsão delas expirou. Como exemplo, aqui estão algumas
profecias óbvias que falharam concernentes à segunda vinda do Cristo e o final do mundo, em
que se supunha que aconteceria no primeiro século durante o período de vida dos Apóstolos.
Em Mateus 16:28, lemos:
"Em verdade vos digo que alguns aqui se encontram que de maneira nenhuma
passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino".
Em Lucas 9:27, lemos:
"Verdadeiramente vos digo: Alguns há dos que aqui se encontram que de
maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam o reino de Deus".
Afirma-se nos dois versículos acima que os Apóstolos que estavam com Jesus veriam a
sua segunda vinda durante suas vidas. É claro e simples, nada alegórico ou simbólico.
Os versos seguintes também indicam que Paulo esperava que ele e os cristãos de seu
tempo vissem a Segunda Vinda do Cristo:
1 Coríntios 7:29 "Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que
resta é que não só os casados sejam como se o não fossem".
1 Tessalonicenses 4:15-17 "Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor,
isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua
palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus,
descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre
com o Senhor".
Vejamos mais alguns versos semelhantes abaixo:
Hebreus 1:1-2 "Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a
quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo"
(2000 mil anos atrás eram os "últimos dias"!?)
Hebreus 10:37 "Porque ainda dentro de pouco tempo aquele que virá, e não
tardará".6
1 Pedro 4:7 "Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto,
criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações".
1 Pedro 1:19:20 "... mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e
sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do
mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós".
Tiago 5:7-9 "Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o
lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as
primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes, e fortalecei os
vossos corações, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos
queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às
portas".
Apocalipse 1:1 "Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos
servos as coisas que em breve devem acontecer, e que ele, enviando por
intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João...".
Apocalipse 3:11 "Venho sem demora".
Apocalipse 22:10,20 "Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste
livro, porque o tempo está próximo". "Aquele que dá testemunho destas
coisas diz: Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor Jesus".
Mateus 10:22-23 "Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele,
porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo". "Quando, porém, vos
perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que
não acabarão de percorrer a cidades de Israel até que venha o Filho do
homem".
Está muito claro no Novo Testamento que a segunda vinda do Cristo ocorreria
ENQUANTO seus apóstolos estivessem pregando nas cidades de Israel.
Nos três versículos seguintes, afirma-se que Jesus teria dito que a geração vivente
daquele tempo passaria por sua vinda:
Marcos 13:29-30 "Assim também vós: quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que está próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta
geração sem que tudo isso aconteça".
Lucas 21:31-32 "Assim também quando virdes acontecer estas coisas, sabei
que está próximo o reino de Deus. Em verdade vos digo que não passará esta
geração sem que tudo isso aconteça".
Mateus 24:33-34 "Assim também vós: quando virdes acontecer estas coisas,
sabei que está próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta
geração sem que tudo isso aconteça".
Obviamente, aquela geração a que dizem que Jesus se referia já passou há muito
tempo! Que sortimento impressionante de profecias que falharam!
Está claro em seu texto que você toma como premissa verdadeira que a Bíblia é a
palavra de Deus e que nela está a verdade divina, lógica e imutável. Além disso, você afirma
com todas as letras que "... se mais de 95% das profecias já haviam se tornado
realidade, com provas cientificas, por que os últimos 5% também não se
realizariam?" Como você poderá notar, acabei de lhe mostrar, logo acima, que este
argumento já caiu por terra, considerando-se as muitas profecias que não se cumpriram,
falharam ou cujo prazo de validade expirou. Não posso deixar de lhe perguntar de onde você
tirou tal porcentagem e as tais "provas científicas"... Você poderia me apresentá-las? Você
aceitou como verdade este dado que lhe passaram ou pesquisou por si mesmo para chegar a
tal conclusão? Parece-me que você simplesmente tomou como verdadeira esta informação,7
assim como eu o fiz quando era evangélica.
Você alguma vez já parou para pensar que a Bíblia possa não ser a palavra de Deus? Eu
lhe pergunto isto porque em seu texto você diz:
"Não precisam e nem devem simplesmente acreditar no que falo
aqui, mas precisam e devem estudar (não apenas ler) a Bíblia. Após
esse estudo, constatarão, como eu constatei, que o espiritismo "torna"
a Bíblia um livro supostamente figurado, fantasioso, ultrapassado e até
mentiroso. Mas tenho a certeza que perceberão, como eu percebi, que a
Bíblia contém uma verdade divina, lógica e imutável, que revela ser o
espiritismo uma doutrina irreal, fantasiosa e enganadora."
Devo-lhe dizer que foi exatamente por estudar a Bíblia profundamente e pesquisar a
respeito dela que eu cheguei à conclusão contrária, ou seja, de que a Bíblia não é a palavra de
Deus e nela não está contida nenhuma verdade divina, lógica e imutável. Não faz sentido você
chamar o Novo Testamento que hoje temos em mãos de "Evangelho original", pois os
manuscritos mais antigos que possuímos datam a maior parte do III e IV Séculos d.C., ou
seja, já são cópias de cópias de cópias de cópias... e com muitas versões diferentes; são
textos que sofreram muitas alterações textuais por copistas preocupados em assegurar que os
manuscritos dissessem o que eles queriam, por causa das muitas disputas teológicas daquela
época (havia diversos grupos cristãos afirmando teologias discordantes baseadas em diversos
textos escritos, todos reivindicando terem sido escritos pelos apóstolos de Jesus). Embora os
pesquisadores façam estimativas discordantes quanto ao total de variantes atualmente
conhecidas nos manuscritos do Novo Testamento (alguns falam de 200.000 variantes
conhecidas, outros de 300.000, e outros de 400.000 ou mais); mesmo se considerarmos o
número mais baixo levantado, não há como negar que 200.000 variantes é muita coisa para
textos que são tidos como "inerrantes".
Copiar textos favorecia as chances de erros manuais e o problema era amplamente
reconhecido em toda a Antiguidade. Por exemplo, Orígenes (185-254 d.C.), um padre da
Igreja do século III, uma vez registrou a seguinte queixa, acerca das cópias dos Evangelhos de
que dispunha:
"As diferenças entre os manuscritos se tornaram gritantes, ou pela
negligência de algum copista ou pela audácia perversa de outros; ou
eles descuidam de verificar o que transcreveram ou, no processo de
verificação, acrescentam ou apagam trechos, como mais lhes agrade."
(Bart D. Ehrman. O que Jesus disse? O que Jesus não disse? Quem
mudou a Bíblia e por quê. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2005, p.
207-208).
E mais de 100 anos depois, o papa Dâmaso estava tão preocupado com a variedade de
manuscritos latinos que encarregou Jerônimo de produzir uma tradução-padrão; e o próprio
Jerônimo teve de comparar numerosas cópias do texto, em latim e grego, para decidir qual
texto ele pensava ter sido originalmente redigido pelos autores.
Como na Antiguidade a única maneira de copiar um livro era fazê-lo à mão, letra a
letra, por meio de um processo demorado, era inevitável que os poucos livros que eram
produzidos em cópias múltiplas diferissem entre si, porque aqueles que copiavam textos,
acabavam por fazer alterações neles - mudando as palavras que copiavam, tanto por acidente
(por causa de um escorregão da pena ou por alguma outra falta de cuidado) como por decisão
consciente (quando o copista alterava propositadamente as palavras que copiava). Muitas
dessas alterações textuais eram teologicamente motivadas, porque muitos copistas
preocuparam-se em assegurar que os manuscritos dissessem o que eles queriam, por causa
das muitas disputas teológicas daquela época. Uma das variantes mais intrigantes em nossos
manuscritos ocorre em um relato do batismo de Jesus por João, justamente o ponto onde8
muitos cristãos adocionistas insistiram que Jesus foi escolhido por Deus para ser seu filho
adotivo.
Mas em que exatamente acreditavam os cristãos adocionistas? Um grupo cristão
primitivo adocionista muito conhecido, era uma seita de judeus-cristãos chamados ebionitas.
Como eram monoteístas estritos - acreditavam que só Um podia ser Deus -, afirmavam que
Jesus não era ele mesmo divino, mas um ser humano que, em "natureza", não era diferente
do resto de nós: nascera da união sexual de seus pais, José e Maria. Para os ebionitas, Jesus
não nasceu de uma virgem, não preexistiu, nem era divino. Por ser um homem especial e
justo, Deus o adotara como filho por ocasião de seu batismo, quando uma voz veio dos céus
anunciando ser ele filho de Deus. Foi a partir daí que Jesus se sentiu chamado para a missão
que Deus lhe designara.
Já os cristãos proto-ortodoxos insistiam que Jesus nasceu de uma virgem e que não era
"meramente" humano, era realmente divino e, em certo sentido, o próprio Deus. Como era
diferente por natureza, era mais justo do que qualquer outro ser. Por ocasião de seu batismo,
Deus não o tornou seu filho (via adoção), mas simplesmente declarou que ele era seu filho,
dado que sempre o fora, desde os tempos eternos.
Copistas cristãos que se opunham à visão adocionista muito provavelmente
modificaram o relato do batismo de Jesus por João, justamente o ponto no qual muitos
adocionistas insistiram que Jesus foi escolhido por Deus para ser seu filho adotivo. No
Evangelho de Lucas, assim como no de Marcos, quando Jesus é batizado, os céus se abrem, o
Espírito desce sobre Jesus em forma de pomba e uma voz vem do céu. Mas os manuscritos do
Evangelho de Lucas se dividem acerca do que a voz teria dito exatamente. Segundo a maior
parte deles, ela falou as mesmas palavras que se encontram no relato de Marcos:
"Tu és meu Filho amado, em quem me comprazo" (Marcos 1,11; Lucas 3, 23)
Mas em um manuscrito grego primitivo e em vários manuscritos latinos a voz diz:
"Tu és meu Filho, hoje eu te gerei".
Será que "hoje eu te gerei" não sugere que o dia do batismo de Jesus é o dia que ele
se tornou o Filho de Deus? Sem dúvida alguma esse texto poderia ser usado por um cristão
adocionista para defender que Jesus se tornou Filho de Deus no momento do batismo.
Uma pergunta é inevitável: Quais dessas duas formas do texto é a original e qual
representa a alteração? Alguns podem se apressar e dizer que, como a maioria dos
manuscritos gregos traz a primeira variante "Tu és meu Filho amado, em quem me
comprazo", então esta deve ser a forma original. O problema é que a forma "Tu és meu
Filho, hoje eu te gerei" era citada demais pelos primeiros padres da Igreja no período
anterior ao da produção da maioria de nossos manuscritos. Ela é citada nos séculos II e III por
toda parte, de Roma a Alexandria, da África do Norte à Palestina, da Gália à Espanha.
Portanto, é muito mais provável que a forma original seja "Tu és meu Filho, hoje eu te
gerei" e não "Tu és meu Filho amado, em quem me comprazo".
Vejamos alguns exemplos das diferentes teologias da época:
- Alguns desses grupos cristãos insistiam em que Deus criara este
mundo; outros mantinham que o Deus verdadeiro não criou este mundo
(por ser um lugar ruim), mas que ele era o resultado de um desastre
cósmico.
- Alguns grupos insistiam que as escrituras judaicas tinham sido
entregues pelo próprio Deus uno e verdadeiro; outros reivindicavam que
as escrituras judaicas pertenciam ao inferior Deus dos judeus, que não
era o Deus uno e verdadeiro.
- Havia grupos que insistiam que Jesus Cristo era o Filho único9
de Deus, ao mesmo tempo completamente humano e completamente
divino; outros grupos insistiam em que Cristo era completamente
humano, mas não era divino de todo; outros defendiam que ele era
completamente divino, mas não integralmente humano; e outros ainda
afirmavam que Jesus Cristo era as duas coisas - um ser divino (Cristo) e
um ser humano (Jesus).
- Alguns grupos acreditavam que a morte de Cristo trouxe ao mundo
a salvação; outros mantinham que a morte de Cristo nada teve a ver
com a salvação deste mundo; outros grupos ainda insistiam em que
Cristo nunca chegou a morrer realmente. (Bart D. Ehrman. O que Jesus
disse? O que Jesus não disse? Quem mudou a bíblia e por quê. Rio de
Janeiro: Ediouro Publicações, 2005, p. 207-208).
Muitos desses pontos de vista, e muitos outros além desses, eram tópicos de debates
constantes, de diálogo e de discussões nos primeiros séculos da Igreja, sendo que cristãos de
várias doutrinas tentavam convencer os outros da verdade de suas próprias pretensões. Mas
no fim, só um grupo "venceu" os debates. Foi o grupo que decidiu que os credos cristãos assim
seriam:
- Há um só Deus, o Criador.
- Jesus, seu Filho, é divino e humano, e a salvação nos veio por sua morte e
ressurreição.
No decorrer dos séculos II e III, embora todos os livros do Novo Testamento já
estivessem escritos, ainda não havia Novo Testamento algum, pois não havia acordo quanto a
um cânone, nem quanto a uma teologia. O cânone do Novo Testamento não surgiu
simplesmente de um dia para o outro, nem logo após a morte de Jesus. Havia muitos outros
livros reivindicando que seus autores eram os próprios apóstolos de Jesus (outros evangelhos,
atos, epístolas e apocalipses), com muitas perspectivas diferentes das que se encontram nos
livros que, por fim, vieram a ser chamados de Novo Testamento. A primeira vez que um cristão
listou os 27 livros de nosso Novo Testamento foi na segunda metade do século IV. Esse cristão
foi um poderoso bispo de Alexandria, chamado Atanásio. Em 367 d.C. ele escreveu sua carta
pastoral anual às igrejas egípcias, sob sua jurisdição, e nela incluiu um conselho acerca de
quais livros deviam ser lidos como Escritura nas igrejas. Ele, então, relacionou os 27 livros que
compõem o Novo Testamento tal qual o temos hoje, excluindo todos os demais. Mas nem o
próprio Atanásio resolveu a questão de uma vez por todas, pois os debates continuaram
durante décadas. Os livros que hoje chamamos de Novo Testamento só foram reunidos em um
cânone e declarados Escrituras bem mais de 400 anos depois de Cristo!!!
É a este Novo Testamento que você está chamando de "o evangelho segundo a
Bíblia" e "evangelho original". Mas, como acabei de lhe mostrar, de "original" ele não tem
nada, pois o que temos hoje são cópias de cópias de cópias que sofreram muitas alterações
textuais por copistas preocupados em assegurar que os manuscritos dissessem o que eles
queriam, ou seja, alterações textuais teologicamente motivadas por causa das muitas disputas
doutrinárias daquela época. As grandes mudanças que ocorreram nos manuscritos do Novo
Testamento, e o fato de não termos os originais, destroem completamente o princípio dos
Protestantes que consultam a Bíblia na forma em que a temos hoje. Se os escritos do Novo
Testamento não são seguros, que dizer da fé baseada neles?
Bart D. Ehrman (Ph.D. em Teologia pela Universidade de Princeton) é um ex-evangélico
que hoje é considerado um dos maiores especialistas do mundo em Novo Testamento, igreja
primitiva, ortodoxia, heresia e manuscritos antigos. Ele foi um cristão "nascido de novo" que
considerava a Bíblia como palavra infalível de Deus, integralmente inspirada, até que seus
estudos do Novo Testamento grego e suas pesquisas dos manuscritos que o contêm o levaram
a repensar radicalmente o seu entendimento do que é a Bíblia. Veja o que ele fala a respeito:
"A convicção de que os copistas mudaram as escrituras foi se10
transformando em uma certeza crescente, à medida que eu estudava
mais o texto. E essa certeza transformou o meu modo de entender o
texto em mais de um aspecto.
Em particular, como eu disse desde o princípio, comecei a ver o Novo
Testamento como um livro demasiadamente humano. Eu sabia que o
Novo Testamento, na forma de que dispomos atualmente, era produto
de mãos humanas, as mãos dos copistas que o transmitiram. Depois,
comecei a ver que não era só o texto copiado pelos escribas que era
demasiadamente humano, mas o próprio texto original. Isso se opunha
abertamente ao meu modo de considerar o texto no fim de minha
adolescência, como um cristão "renascido", convicto de que a Bíblia era
a Palavra Infalível de Deus e de que as próprias palavras bíblicas tinham
vindo até nós por inspiração do Espírito Santo. Durante a faculdade, vim
a entender que, mesmo que Deus tenha inspirado as palavras originais,
nós não as temos mais. De modo que a doutrina da inspiração era, em
certo sentido, irrelevante para a Bíblia que nós temos, uma vez que as
palavras de Deus tidas como inspiradas tinham sido mudadas e, em
alguns casos, perdidas. Além disso, comecei a pensar que minhas
antigas posições acerca da inspiração eram não só irrelevantes;
provavelmente eram também erradas. Pois a única razão (pensava eu)
de Deus inspirar a Bíblia seria para seu povo ter as suas palavras reais;
mas se ele queria que as pessoas tivessem suas palavras reais,
certamente poderia ter preservado miraculosamente essas palavras,
assim como primeiramente as inspirara milagrosamente. Dadas as
circunstâncias de que não preservou as palavras, a conclusão me
pareceu inevitável: ele não se deu ao trabalho de inspirá-las." (Bart D.
Ehrman. O que Jesus disse? O que Jesus não disse? Quem mudou a
bíblia e por quê. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2005, p. 281-282).
A questão da salvação, outro equívoco
Agora, vamos fazer algumas considerações a respeito da "salvação pela fé".
A doutrina teológica central das igrejas evangélicas ensina a salvação pela fé através da
graça, por acreditar que Jesus morreu na cruz por nossos pecados. Entretanto, esta forma de
salvação NÃO é ensinada em Mateus, Marcos e Lucas (Evangelhos Sinóticos), que são os
Evangelhos mais antigos, embora se tratem de cópias de cópias, conforme já falamos. O
Evangelho de Marcos é considerado o mais antigo, seguido pelo de Mateus e Lucas, e então
pelo de João (escrito cerca de 90 anos d.C.). A doutrina da salvação pela fé e redenção vem do
livro de João, o último Evangelho a ser escrito. Nos Evangelhos Sinóticos, NÃO HÁ UMA ÚNICA
PALAVRA sobre ter que acreditar em Jesus a fim de ir para o céu. Com exceção de Marcos
16:16, que é considerado pela maioria dos estudiosos bíblicos como uma interpolação, ou uma
falsificação, considerando que muitos dos primeiros manuscritos do Evangelho de Marcos não
contêm este versículo, Marcos nunca escreveu nada sobre ter que acreditar que Jesus morreu
por você ou sobre "salvação pela fé". Os Evangelhos Sinóticos começaram a ser escritos por
volta de 50 anos depois de Cristo. Se "ter que crer em Jesus para ser salvo" fosse a doutrina
máxima do Cristianismo daquele tempo, por que é que Mateus, Marcos e Lucas não falam nada
a respeito disso? Teriam omitido algo tão importante?
De fato, Jesus disse que tudo o que você tem que fazer para Deus perdoar os seus
pecados é isto:
Mateus 6:14 "Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai celeste vos perdoará".
Quando alguém pergunta a Jesus diretamente o que ele tinha que fazer para ser salvo e
ter a vida eterna, Mateus claramente registra uma salvação pelas obras:
Mateus 19:16-21 "E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Mestre,
que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por
que me perguntas acerca do que é bom? Bom, só existe um. Se queres, porém,11
entrar na vida, guarda os mandamentos. E ele lhe respondeu: Quais?
Respondeu Jesus: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso
testemunho; honra a teu pai e a tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Replicou-lhe o jovem: Tudo isso tenho observado; o que me falta
ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos
pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me".
Ainda em Mateus, Jesus pregou sobre as bem-aventuranças que enfatizam que aqueles
que têm bom caráter e boas atitudes herdarão o Reino de Deus, que é uma outra maneira de
dizer que eles irão para o céu.
Mateus 5:3 "Bem - aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino
dos céus".
Mateus 5:4 "Bem - aventurados os que choram, porque serão consolados".
Mateus 5:5 "Bem - aventurados os mansos, porque herdarão a terra".
Mateus 5:6 "Bem - aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque
serão fartos".
Mateus 5:7 "Bem - aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia".
Mateus 5:8 "Bem - aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus".
Mateus 5:9 "Bem - aventurados os pacificadores, porque serão chamados
filhos de Deus".
Já no Evangelho de João, que foi escrito mais ou menos 40 anos depois do Evangelho
de Mateus, nós temos versículos tais como:
João 3:16 "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".
João 3:18 "Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus".
João 3:36 "Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se
mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira
de Deus".
João 8:24 "Por isso eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se
não crerdes que eu sou morrereis nos vossos pecados".
João 11:25 "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em
mim, ainda que morra, viverá".
Agora dê uma olhada no livro de Marcos. Ele também não menciona que você tem que
acreditar em Jesus para ser salvo, exceto por um versículo no último capítulo de Marcos:
Marcos 16:16 "Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer
será condenado".
Entretanto, repito, a maioria dos estudiosos acredita que este versículo é uma
interpolação, ou uma falsificação, considerando que muitos dos primeiros manuscritos do
Evangelho de Marcos não contêm este versículo, e além disso ele não se encaixa com todo o
resto de Marcos que não ensina a "salvação pela fé". Tirando a parte da interpolação, Marcos12
nunca escreveu nada sobre ter que acreditar que Jesus morreu por você, sobre salvação pela
fé ou sobre o conceito de redenção. Do mesmo modo, o Evangelho de Lucas é também como o
Evangelho de Mateus e de Marcos e não menciona crença na "salvação pela fé".
É claro que os evangélicos responderão dizendo que temos que colocar todos os
Evangelhos juntos para se obter a história completa. Porém, os Evangelhos Sinóticos
começaram a ser escritos só por volta de 50 anos depois de Cristo, portanto, se a doutrina da
salvação pela fé fosse ponto central da pregação de Jesus, não era de se esperar que tanto
Mateus quanto Marcos e Lucas escrevessem sobre isto de maneira muito clara em seus
evangelhos? Por que ela não é mencionada de modo algum nos três primeiros Evangelhos? A
razão lógica nos diz que eles nunca ouviram tal coisa e nem apoiavam tal ideia, porque ela só
se desenvolveu mais tarde quando os primeiros líderes cristãos decidiram adicionar tal
doutrina, no então Evangelho de João.
O Evangelho de João foi o resultado do desenvolvimento da teologia da igreja daquele
tempo. É neste livro que encontramos os versículos sobre salvação pela fé, sobre nascer de
novo, sobre redenção, e sobre ter que acreditar que Jesus morreu por nossos pecados. Em
muitas de suas páginas, você encontrará Jesus dizendo algo sobre ter que acreditar nele.
Quando os evangélicos citam versículos do Evangelho sobre ser salvo, eles sempre se referem
a João. Não é de se surpreender que para muitos evangélicos o Evangelho de João é o favorito.
Todos os versículos mencionados sobre ter fé e acreditar em Jesus são do Evangelho de João.
Mas é muito estranho que apenas no último Evangelho a ser escrito, que surgiu cerca de 90
anos d.C., seja o único a falar sobre "termos que acreditar em Jesus" para sermos salvos, isso
ninguém pode negar.
A Teologia da Salvação se desenvolveu no meio da Igreja enquanto os livros e cartas do
Novo Testamento ainda estavam sendo escritos. Repare que, de acordo com Marcos, Cristo era
um homem; mas, de acordo com Mateus e Lucas ele era um semideus; enquanto João insiste
que ele era o próprio Deus. É interessante notar que Lucas, em seu Evangelho, por não ter
conhecido Jesus pessoalmente, fez uma acurada investigação colhendo relatos das
testemunhas oculares, e escreveu então a Teófilo um relato em ordem sobre tudo o que se
passou. Dos Evangelhos Sinóticos, o de Lucas é o que foi escrito de maneira mais organizada.
Ele fez o que um repórter faria hoje em dia. Entrevistou as testemunhas oculares que
presenciaram tudo o que aconteceu na morte e ressurreição de Jesus e que também relataram
tudo o que o Mestre ensinou. E o interessante é que no relato das testemunhas oculares, NÃO
HÁ NADA sobre "ter que acreditar em Jesus" para ser salvo. Isto não é estranho?
Porém, em Atos dos Apóstolos, Lucas passa a falar sobre "salvação pela fé" e não é
muito difícil adivinhar o porquê disso - ele era companheiro e colaborador do apóstolo Paulo,
aquele cuja ênfase da pregação é a "salvação pela fé". É óbvio que quando Lucas escreveu
Atos dos Apóstolos, ele já estava sob forte influência das ideias paulinas. A ênfase da pregação
de Paulo está na salvação pela graça, pela fé e não pelas obras, como vemos em:
Efésios 2:8-9 "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie".
Entretanto, Paulo jamais se encontrou com Jesus (pelo menos não fisicamente)! Ele
também nunca escreveu nada sobre o que Jesus disse. E considerando que ele nunca esteve
com o Cristo histórico, ele obviamente não sabia e nem era qualificado para nos contar o que o
Cristo histórico tinha ensinado quando esteve na Terra.
Em compensação Tiago, que segundo a Bíblia Anotada por Scofield (Protestante), era
irmão de Jesus (Mt. 13:55; Mc. 6:3; Gl. 1:18-19 "Decorridos três anos, então subi a
Jerusalém para avistar-me com Cefas, e permaneci com ele 15 dias; e não vi outro
dos apóstolos, senão a Tiago, o irmão do Senhor"), e foi o chefe da primeira igreja cristã
em Jerusalém, além de ter sido irmão de sangue de Jesus e ter convivido com o Mestre, é
conhecido como o apóstolo das obras, pois a ênfase de sua carta está nas boas obras:
Tiago 2:14 "Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas
não tiver obras? Pode acaso semelhante fé salvá-lo?"13
Tiago 2:17 "Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta".
Aqui há, claramente, duas doutrinas opostas em jogo... qual devemos seguir? A que
nos é ensinada nos Evangelhos Sinóticos e por Tiago; ou a que está no Evangelho de João,
último Evangelho a ser escrito (cerca de 90 anos d.C.) e os ensinos de Paulo que não conviveu
e nem conheceu o Jesus histórico? Este é um questionamento justo, não acha?
Os evangélicos sempre argumentam que, se todos os homens deverão salvar-se, como
o Espiritismo afirma, então seria inútil a pregação do Evangelho para que essas pessoas se
convertam. Só que se esquecem de raciocinar que, com a doutrina da "predestinação", seria
ainda mais inútil pregar-lhes, uma vez que os que deverão ser salvos já estão predestinados a
isso, desde a fundação do mundo. A doutrina da "predestinação", defendida pelo apóstolo
Paulo, afirma que Deus teria escolhido desde a eternidade aqueles que deverão ser salvos.
Veja:
Efésios 1:11 "Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo
sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas,
segundo o conselho da sua vontade".
Romanos 8:30 "E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também
glorificou."
Mas se Deus já predeterminou quem será e quem não será salvo, então qual o sentido
da pregação? Para que perdermos tempo pregando "a salvação pela fé em Jesus" se, de
antemão, os eleitos e os rejeitados já foram escolhidos???
E não podemos deixar de perguntar onde está a justiça desse Deus, que escolhe alguns
privilegiados para a salvação e condena os demais, sem dúvida a maioria, a tormentos sem
fim no inferno? Se Deus escolhe de antemão aqueles que serão salvos, é claro que, por
exclusão, escolhe também os que serão perdidos. Se Deus "não faz acepção de pessoas",
como vemos em Atos 10:34 e Romanos 2:11, como explicar a doutrina da "predestinação"?
Tentando sair dessa "saia justa", alguns evangélicos partidários do "livre-arbítrio",
baseando-se em 1 Pedro 1:1,2 "Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros
dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia; eleitos segundo a presciência
de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de
Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas" justificam que Deus não escolheu
ninguém de antemão, pois as pessoas têm a liberdade de aceitar a Cristo ou não; mas por ser
presciente Deus já saberia quem seriam as pessoas que se salvariam. Mas então por que Deus
persistiria em criar incessantemente tantos milhões de almas, se a maioria delas tem por
destino a perdição eterna? Por que um Deus onipotente e onisciente criaria um mundo
sabendo de antemão que a grande maioria das pessoas que viriam a nascer terminariam no
inferno de sofrimento eterno, nas mãos do seu inimigo? Por que Ele perderia tempo em criar
tal mundo, sabendo que estaria entrando em um péssimo investimento? Será que faz sentido
criar bilhões e bilhões de pessoas estando ciente de que elas passarão a eternidade no
inferno? Não seria mais lógico que Deus não as tivesse criado?
Winston Wu é um ex-cristão fundamentalista que fez um cálculo muito interessante que
não podemos deixar de levar em conta. Vejamos o que ele diz:
"Estima-se que 1/5 das pessoas do mundo se consideram cristãos. Se
dermos a eles o benefício da dúvida e considerarmos que todos sejam
sinceros e salvos, então temos que fazer uma consideração. Levando em
conta que só os cristãos salvos vão para o céu, enquanto o resto para o
inferno, então um bebê nascido ao acaso neste mundo teria uma chance
de 80% ou mais de acabar no inferno, e apenas 20% ou menos de
chance de ir para o céu. Seria assim porque a maioria das pessoas não
se tornam cristãs em seu período de vida, e o número de cristãos é por
volta de 1 bilhão em um total de 5,5 bilhões de pessoas. Se um bebê
tiver que passar por isso, não seria melhor que ele nem nascesse? (Não14
justificaria o aborto?) Por que deixar um bebê vir a este mundo com
80% ou mais de chance de ir parar no inferno sendo torturado com fogo
e enxofre eternamente? De fato, sob essas condições, seria muito
melhor que ninguém nascesse; não é verdade? Tomando por base o que
foi dito acima, você poderia imaginar que toda vez que você visse um
bebê nascer ou alguma mulher grávida, ao invés de dar as boas vindas a
uma nova vida, você pensaria: "Oh não! Mais um com 80% de chance de
queimar no inferno eternamente!" Você passaria a amaldiçoar todas as
mães em geral porque elas continuam trazendo ao mundo almas que em
sua maioria provavelmente serão condenadas a uma agonia e tortura
para sempre! Você pode compreender ou aceitar isto? De fato, por que
Deus daria vida a um recém-nascido se ele teria 80% de chance de
queimar no inferno eternamente???!!! Ele não deveria parar?!" (Winston
Wu. Refutando Argumentos de Cristãos Fundamentalistas e
Evangelistas1
).
Nesse caso, Ele criaria 100% dos espíritos, ficaria com 20% e daria 80% de mão
beijada para o diabo?! Ninguém faria um negócio desses, quanto mais um Deus onisciente.
A verdade é que a doutrina da salvação pela fé suscita várias indagações que nunca nos
pareceram satisfatoriamente respondidas. Veja as perguntas que o escritor espírita Jayme
Andrade (ex-evangélico) faz em seu excelente livro "O Espiritismo e as Igrejas Reformadas":
"Como se salvaram os povos que antecederam Jesus? Pela
observância da Lei? Mas ninguém jamais cumpriu a Lei, a não ser o
próprio Jesus. Além disso, a Lei era para o povo israelita. E os povos
gentios, mais numerosos e, naturalmente, entregues à idolatria, decerto
que por ignorância, antes que por maldade? Se eram também criaturas
de Deus, por que estariam excluídos da salvação? E depois do Cristo,
quantos milhões têm nascido e morrido no mundo inteiro sem conhecer
o Evangelho? E até mesmo no seio do próprio Cristianismo, quantos
milhões continuam sendo excluídos pela simples razão de, usando o
raciocínio que Deus lhes deu, interpretarem o texto bíblico de maneira
diversa da adotada pelas igrejas estabelecidas?" (Jayme Andrade. O
Espiritismo e as Igrejas Reformadas. Capivari, SP: Editora EME, 2004, p.
125).
A ideia de que o mundo é um tabuleiro de xadrez gigante entre Deus e Satanás, um
campo de batalhas por almas, é muito infantil; mas, infelizmente, esta é a visão dos
evangélicos, pois acreditam que Deus está tentando salvar tantas almas quanto possível
através da "salvação pela fé" em Jesus Cristo, e os cristãos são os seus soldados para fazer
isto. Satanás está tentando levar com ele para o inferno a maior quantidade de almas possível,
enganando crentes e não-crentes com a dúvida, ganância, valores materiais, crenças nãocristãs, outras religiões, etc. Ambos os lados estão tentando fazer isto o quanto antes possível
do Dia do Julgamento, quando o mundo será destruído e os salvos serão enviados para o céu
enquanto os não-salvos para o inferno...
A grande verdade é que o conceito de céu e inferno nem ao menos existia na maior
parte do período bíblico e só se integrou à Bíblia em sua última terça parte. O conceito do
"inferno" para os pecadores não fazia parte da tradição dos judeus. Ele se desenvolveu na
Bíblia, a partir do período de Daniel. Naquele tempo, os judeus estavam vivendo como cativos
dos persas, que tinham uma religião chamada Zoroastrismo. O Zoroastrismo é conhecido pelos
historiadores religiosos como a primeira religião a ter o conceito de céu e inferno. A Bíblia
originalmente não tinha tal conceito até que os judeus se encontrassem com seguidores do
Zoroastrismo. Isto significa que este conceito foi adotado de uma outra religião. O
Zoroastrismo trouxe outros conceitos para a Bíblia, tais como o conceito de Satanás,
ressurreição física dos mortos, e um julgamento final do mundo. A Grolier Multimedia
1
http://www.paulosnetos.net/attachments/058_Winston_Wu_-
_Refutando_argumentos_de_cristaos_fundamentalistas_e_evangelistas.pdf15
Encyclopedia dá esta explicação no verbete "Judaísmo":
"Alguns elementos da religião persa foram incorporados ao
Judaísmo: uma doutrina mais elaborada de anjos; a figura de Satanás; e
um sistema de crenças referentes ao fim dos tempos, incluindo um
esquema predeterminado da história do mundo, um julgamento final, e
a ressurreição dos mortos. Estas ideias foram explicadas em muitos
documentos visionários chamados apocalipses; nenhum deles estava
incluído na Bíblia hebraica, exceto no livro de Daniel (veja literatura
apocalíptica; escatologia)". (Winston Wu. Refutando Argumentos de
Cristãos Fundamentalistas e Evangelistas).
Do mesmo modo, The American Encyclopedia afirma:
"Primeiro, a figura de Satanás, originalmente um servo de Deus,
designado por Ele como Seu demandante, veio a cada vez mais se
assemelhar a Ahriman, o inimigo de Deus. Segundo, a figura do Messias,
originalmente um futuro rei de Israel que salvaria seu povo da
opressão, desenvolveu, em Deuteronômio - Isaías por exemplo, em um
Salvador universal muito similar ao iraniano Saoshyant. Outros pontos
de comparação entre Irã e Israel incluem a doutrina do milênio; o
Julgamento Final; o livro sagrado no qual as ações humanas são
registradas; a Ressurreição; a transformação final da Terra; paraíso na
Terra ou no céu, e inferno". Por J. Duchesne-Guillemin, Universidade de
Liège, Bélgica. (Winston Wu. Refutando Argumentos de Cristãos
Fundamentalistas e Evangelistas2
).
No artigo "A Primeira Vinda: Como o Reino de Deus se Tornou o Cristianismo", Thomas
Sheehan escreve sobre a influência do Zoroastrismo na Bíblia:
"Essa divulgação de Yahweh como um destruidor apocalíptico foi
fortemente influenciada pela religião do Zoroastrismo com a qual os
israelitas tiveram contato durante o exílio babilônico. Zoroastro (630-
530 a.C.) tinha ensinado que o mundo era o cenário de uma luta
cósmica dramática entre as forças do Bem e do Mal, conduzida pelos
deuses Ormuzd e Ahriman. Mas este conflito não era para continuar
para sempre; de acordo com o Zoroastrismo, a história não era sem fim
mas finita e de fato dualística, dividida entre o tempo presente da
escuridão e os períodos em relação ao cataclismo escatológico, quando
o Bem finalmente aniquilaria o Mal e o justo receberia sua recompensa
em um tempo de eterna felicidade. O pessimismo profundo do
Zoroastrismo sobre a história presente foi então respondido por seu
otimismo escatológico sobre uma eternidade futura. Como a sorte
política de Israel desapareceu e como as ideias do Zoroastrismo
tomaram terreno, o Judaísmo mudou o foco de sua esperança religiosa
de uma arena nacional e histórica para uma escatológica e cósmica de
salvação política em um tempo futuro a uma sobrevivência natural
eterna após a morte. Esta mudança radical pode ser vista nas últimas
adoções do Judaísmo de noções como a queda de Adão do paraíso no
início dos tempos, os trabalhos de Satanás e outros demônios no tempo
presente, e o julgamento final e a ressurreição no final da história--
todos estes incorporados pelo Cristianismo e transformados em
dogmas. Mas o sinal mais claro dessa absorção das ideias persas pode
ser encontrado nas visões escatológicas da história que veio à tona na
literatura apocalíptica durante os dois séculos antes que Jesus
2
http://www.paulosnetos.net/attachments/058_Winston_Wu_-
_Refutando_argumentos_de_cristaos_fundamentalistas_e_evangelistas.pdf 16
começasse a pregar. Um desses trabalhos apocalípticos foi o livro de
Daniel, escrito por volta de 165 a.C. durante a revolta dos Macabeus
contra a opressiva dinastia Seleucid. O tirânico rei Antiochus IV, que
governou a palestina da Síria (175-103 a.C.) e a subjugou, tinha se
encarregado de impor a cultura e a religião Helenística sobre os
assuntos judeus. Ele depôs o legítimo sumo sacerdote, proibiu ritual de
sacrifício e circuncisão, saqueou os tesouros do templo, e o mais
chocante de tudo, estabeleceu a "Abominação da Desolação" (Daniel
11:31), um altar ao deus do Olimpo, Zeus, dentro do recinto do templo.
O Livro de Daniel foi escrito por um autor anônimo no segundo século
a.C.; mas de uma maneira típica das obras apocalípticas, o livro passa
como se tivesse sido escrito quatro séculos antes por um profeta
chamado Daniel e fingiu prever eventos catastróficos que na verdade
estavam acontecendo durante o período da vida do próprio escritor. O
trabalho interpretou esses eventos como "infortúnios escatológicos",
um tempo de "sofrimentos e problemas" qual nunca houve desde que
houve nação até àquele tempo" (12.1). De acordo com o plano secreto
de Deus, estes infortúnios marcaram a etapa final antes da destruição
do mundo antigo e seu Deus e o triunfo final da justiça divina".
(Winston Wu. Refutando Argumentos de Cristãos Fundamentalistas e
Evangelistas3
).
Como você pode ver, o Judaísmo tomou emprestado do Zoroastrismo a noção de "céu"
e "inferno", mais a elaboração do estudo de anjos e demônios. Após os judeus terem sido
repatriados, tais conceitos, que eram desconhecidos antes do exílio, se tornaram uma crença
amplamente difundida entre os judeus.
Afirmo que eu também já fui uma "nascida de novo", aceitei a Jesus, fui batizada,
casei-me e tive meus dois filhos apresentados à igreja quando nasceram, de acordo com o
costume Batista de não batizar crianças e apenas apresentá-las no templo à comunidade cristã
dedicando a vida da criança a Deus. Ao todo fui evangélica por mais de 14 anos. Só que com o
passar do tempo, eu percebi que o fato de tomar o "pequeno passo" de aceitar a Cristo como
Senhor e Salvador não transformava de fato as pessoas do modo como elas apregoam por aí.
Cansei de assistir "testemunhos" de "vidas transformadas" que na verdade não foram
transformadas em nada... O que eu testemunhei no meio da igreja foi a ostentação de um
Cristianismo de fachada, pessoas que iam à frente dar testemunho de como suas vidas foram
modificadas para melhor, mas que, na verdade, não estavam sendo nem um pouco sinceras,
pois diziam-se "nova criatura em Cristo"; porém, o que eu via era o mesmo "velho homem"
com atitudes de desamor, esnobismo, ausência de empatia, falsidade, egoísmo, intolerância,
pedantismo e rivalidade. O que faltava de fraternidade e amor sobrava em hipocrisia. Fui me
afastando aos poucos da igreja até que parei de frequentar de vez. Com o passar dos anos,
decidi que não queria mais fazer parte de igreja alguma, e de nada que fosse ligado à religião.
Eu não queria mais respostas prontas, queria chegar às minhas próprias conclusões. Como
sempre gostei muito de ler, entreguei-me ao mundo dos livros. Por meio destes, um mundo de
conhecimento e de diferentes visões se abriram para mim. Concordei e discordei de muita
coisa que li, até que um dia, "O Livro dos Espíritos" veio parar em minhas mãos, emprestado
por uma cunhada, que não é espírita. A ideia que eu fazia do Espiritismo, quando era membro
da Igreja Batista, era a pior possível, era a visão protestante, que acha que o Espiritismo é
uma doutrina demoníaca criada para impedir que as pessoas conheçam verdadeiramente a
Jesus, o aceitem como Senhor e Salvador, e assim sejam salvas pela graça de Deus, por meio
da fé. Mas como eu já estava afastada da igreja há anos e vinha aprendendo muito por meio
dos livros, confesso que fiquei curiosa para conhecer na fonte o que realmente era a Doutrina
Espírita, pois até então eu não tinha noção do que se tratava; a informação que eu tinha era a
visão que me foi passada no meio evangélico. Devo dizer que o livro que mudou a minha vida
não foi a Bíblia, e sim "O Livro dos Espíritos". Eu fiquei tão maravilhada e surpresa com este
livro, que virei espírita sem que nenhum espírita se desse ao trabalho de me falar sobre o
Espiritismo. Percebi que o meio evangélico desconhece o que de fato o Espiritismo é. Você até
poderá dizer que este não é o seu caso, por ter sido espírita por mais de 16 anos; mas pelo
3
http://www.paulosnetos.net/attachments/058_Winston_Wu_-
_Refutando_argumentos_de_cristaos_fundamentalistas_e_evangelistas.pdf17
que pude perceber do seu texto, mesmo quando você era espírita, acreditava que a Bíblia
fosse a "palavra de Deus", o que me soa um tanto estranho, já que nós espíritas não cremos
na Bíblia como a palavra inquestionável de Deus . Damos importância apenas a Jesus, pois não
há nada de útil no Velho Testamento para os dias de hoje, exceto os Dez Mandamentos. No
livro "Visão Espírita da Bíblia" de J. Herculano Pires lemos:
"Assim sendo, o Espiritismo tem como base as Escrituras, tem seus
fundamentos na Bíblia. Mas é claro que o conceito espírita da Bíblia não
pode ser igual ao das religiões que ficaram no passado, apegadas às
formas sacramentais de magia, aos ritos materiais e aos cultos
exteriores do próprio paganismo. A Bíblia não pode ser, para o espírita
esclarecido, a "palavra de Deus", pois é um livro escrito pelos homens,
como todos os outros livros, e é, principalmente, um conjunto de livros
em que encontramos de tudo, desde as regras simplórias de higiene dos
judeus primitivos até as lendas e tradições do povo hebreu, misturadas
às heranças dos egípcios e babilônios. O Espiritismo ensina a encarar a
Bíblia como um marco da evolução religiosa na Terra, mas não faz dela
um novo bezerro de ouro." (J. Herculano Pires. Visão Espírita da Bíblia.
São Bernardo do Campo, SP: Correio Fraterno, 1989, p. 17-18.).
Quanto ao Novo Testamento não podemos deixar de levar em consideração que seus
autores na verdade nunca imaginaram que algum dia SEUS PRÓPRIOS escritos, cartas, ou o
que quer que seja, seriam adicionados ao cânone, ou seja, passariam a ter status de "Escritura
Sagrada". Basta dar uma olhada na primeira linha das Epístolas de Paulo e outros autores no
Novo Testamento e você facilmente notará que o autor está endereçando a "carta" dele a uma
igreja específica ou a um grupo de pessoas daquele tempo. Isto significa que é obvio que eles
estavam escrevendo uma carta para certas pessoas ou congregações, para instruí-los,
encorajá-los, repreendê-los; ou ainda, aplainar alguns conflitos internos. Logo, tais cartas não
tinham a pretensão de ser "escrituras infalíveis" para serem colocadas em uma Bíblia e
representarem a "palavra de Deus", letra a letra, a toda humanidade! Não é necessário a bons
cristãos aceitar a Bíblia como "A Palavra Infalível de Deus", a fim de entender e acreditar nos
ensinos de Jesus, como a compaixão universal. Os primeiros cristãos não tinham uma "Bíblia
infalível" para carregar com eles - ela não havia sido nem mesmo compilada até séculos atrás.
Nós devemos aceitar a Bíblia como uma relíquia histórica importante, e a semente original em
que a teoria ética do mundo ocidental se desenvolveu; mas suas palavras devem ser
discutidas, analisadas e avaliadas por seus méritos como escritos de homens e não de Deus.
Quando os evangélicos se utilizam de 2 Timóteo 3:16 "Toda escritura é inspirada
por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação
na justiça", para tentar provar que a Bíblia é a palavra de Deus, temos que lembrá-los que,
quando os escritores do Novo Testamento usavam o termo "Toda escritura", estavam
logicamente se referindo ao Antigo Testamento ou aos Dez Mandamentos, porque, no tempo
que este versículo foi escrito, os livros do Novo Testamento, como o temos hoje, não haviam
sido colocados juntos ainda. Considerando que a teologia e dogmas dos evangélicos são
baseados principalmente nos ensinos do Novo Testamento, vemos que 2 Timóteo 3:16 na
verdade não apoia o cerne dos ensinos teológicos dos protestantes de hoje, já que a "escritura
inspirada" se referia ao Antigo Testamento e não ao Novo Testamento, cujos 27 livros só foram
reunidos mais de 400 anos depois de Cristo.
Eu gostaria de finalizar dizendo que "O Evangelho Segundo o Espiritismo" tem por
objetivo o estudo do ensinamento moral do Cristo. Não se trata de um outro evangelho como
muitos detratores do Espiritismo afirmam. Kardec, na introdução desta obra, explica qual é o
seu objetivo:
"As matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco
partes: os atos comuns da vida do Cristo, os milagres, as predições, as
palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o
ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de18
controvérsias, a última permaneceu inatacável. Diante desse código
divino, a própria incredulidade se inclina; é o território onde todos os
cultos podem se encontrar, a bandeira sob a qual todos podem se
abrigar, quaisquer que sejam as suas crenças, porque ela jamais foi o
motivo das disputas religiosas, levantadas sempre, e por toda a parte,
por questões de dogma." (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Capivari, SP: Editora EME, 2007, p. 11).
E Kardec está certo ao afirmar que os atos comuns da vida do Cristo, os milagres, as
predições, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja, sempre
foram mesmo objeto de muitas controvérsias. Não é à toa que existem milhares de
denominações cristãs que divergem umas das outras, cada uma achando que está com a
razão, que é a "dona da verdade". Para se ter uma ideia, de acordo com The World Almanac,
há por volta de 400 denominações cristãs conhecidas em todo o mundo. Entretanto, The World
Christian Encyclopedia as subdivide e conta mais de 20.800 denominações que variam em
suas doutrinas, práticas de sacramentos, teologia, tradições, vão de conservadoras a
progressistas liberais, em diferentes extremos. Como podemos ver, somente o ensinamento
moral do Cristo permaneceu inatacável. A lei de Deus está na consciência dos homens e talvez
seja por isso que a "regra de ouro" - fazer ao próximo o que queremos que seja feito a nós -
seja um consenso em todas as religiões e diferentes crenças.
A resposta 627 de O Livro dos Espíritos deixa claro que é necessário que os
ensinamentos de Jesus sejam explicados e desenvolvidos, pois poucos são os que os
compreendem e ainda menos os que os praticam. O Espiritismo tem como missão abrir os
olhos e os ouvidos a todos, desmascarando os hipócritas que vestem a capa da virtude e da
religião. A utilidade do ensino que os espíritos nos dão é não deixar que a ninguém seja
possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei
toda de amor e de caridade.
Nós, espíritas, levamos em consideração o ensino moral do Cristo, e não ficamos
apegados à letra, porque esta - como bem disse o apóstolo Paulo em II Coríntios 3:6 - mata; o
espírito é que nos vivifica.
Lúcia Souza - Março 2010
Bibliografia consultada:
- O que Jesus disse? O que Jesus não disse? Quem mudou a Bíblia e por quê - Bart D. Ehrman
- O Espiritismo e as Igrejas Reformadas - Jayme Andrade
- Refutando Argumentos de Cristãos Fundamentalistas e Evangelistas - Winston Wu
- Visão Espírita da Bíblia - J. Herculano Pires
- O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
- O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
- Bíblia Sagrada (Traduzida em português por João Ferreira de Almeida)

SÂNDALO


SÂNDALO

Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo diz: “Se o amor ao
próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque
esta virtude é uma das maiores vitórias alcançadas sobre o egoísmo e o orgulho”.
Em um momento inspirado do Sermão da Montanha Jesus disse: “Ouviste o que
foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam” (Mt 5:43-44).
Nosso Mestre, entretanto, não quis dizer por essas palavras, que se deve ter pelo
inimigo a ternura que se tem para com um irmão ou amigo. A ternura supõe confiança
naquele que sabemos nos querer bem. Entre pessoas que desconfiam uma das outras,
não poderá haver os laços de simpatia que existem entre aqueles que estão em
comunhão de pensamentos. Não se pode, enfim, ter o mesmo prazer ao se encontrar
com um inimigo do que com um amigo.
Amar aos inimigos é não ter contra eles ódio, rancor, ou desejo de vingança. É
perdoar-lhes sem segundas intenções e incondicionalmente, o mal que nos fazem; é não
opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem em lugar do mal.
Quem alimenta ódio contra os inimigos e procura pagar-lhes o mal também com
o mal, infringe com essa atitude danosa, maiores malefícios a si mesmo do que se pode
causar a eles.
Tratemos de aprender a não ver naqueles que não nos querem bem inimigos e
sim benfeitores. Aqueles são, na maioria, ignorantes, verdadeiros analfabetos espirituais
que ainda “não sabem o que fazem”, e por isso mesmo, requerem nossa piedade e
oração.
O irmão que nos inspira os sentimentos de ódio constitui o meio e a
oportunidade que Deus nos dá para nos regenerarmos do mal que tenhamos feito.
Não há nenhuma vantagem em só amarmos os que nos amam. Em Lucas (6:32-
33), encontramos: “Porque se somente amardes os que vos amam, que recompensa
tereis disso? Os criminosos e malfeitores também amam aqueles que lhes são caros.”
Estudar e principalmente vivenciar os ensinos dos Evangelhos de Nosso Senhor
Jesus Cristo, é o roteiro seguro para alcançarmos o caminho para nossa perfeição.
Sem amor, nada seremos. Amor incondicional: ao irmão, ao amigo e até mesmo
ao inimigo. Nada é mais grandioso, mais lindo, mais transcendental que o amor. Por
isso disse-vos Jesus: “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” (Jo
13:35).

II - AMOR E DESPREENDIMENTO

Prestar auxílio a quem solicita é lei divina. É verdade que nem sempre estamos
em condições de satisfazer todos os pedidos solicitados, contudo quando as solicitações
forem justas, com um pouco de boa vontade e bom coração, sempre encontraremos
meios de atender à maior parte delas em nome do Senhor.
É importante também não virarmos as costas a quem solicita algum empréstimo,
coisa nem sempre fácil devido ao apego que temos às “nossas coisas”. Jesus nos concita
a ir mais longe: “Se alguém tirar o que é nosso, não devemos ir reclamá-lo de volta.”
(Lc 6:30) Deixe-o ir tudo, contanto que o irmão esteja satisfeito e nós permaneçamos nainalterável paz espiritual. Afinal, que temos nós na terra que não sejam nossos dons
espirituais, morais e intelectuais? Todo o resto é empréstimo que a Providência Divina
nos concedeu por que: “Nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma,
poderemos levar dele” (I Tm 6:7).
Lembremo-nos de que Deus se doa a todos, bons e maus, santos e criminosos,
evoluídos e atrasados. O exemplo divino “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai
Celestial”(Mt 5:48) é a maior lição legada à nossa individualidade e temos que seguir
esse exemplo se quisermos atingir o Pai que habita dentro de nós, unificando-nos a Ele.
A pratica da caridade em sua mais ampla acepção, constitui o único caminho
para a conquista da perfeição por que esta só é atingida quando o coração se vê
despojado de toda e qualquer mácula de rancor, ódio e ressentimento para com o seu
semelhante.
Um dia, todos nós seremos perfeitos, pois em nós reside o germe de todas as
virtudes que, em tempo propício, desenvolver-se-ão em função de nosso livre arbítrio.
Estudar e principalmente vivenciar os ensinos dos Evangelhos de Nosso Senhor
Jesus Cristo é o roteiro seguro para alcançarmos o caminho para nossa perfeição. Toda
trajetória de nossa vida, nos leva ao amor, e o amor nos leva a Deus, e essa trajetória
chama-se “evolução”.
Sem amor, nada seremos. Amor incondicional: ao irmão, ao amigo, e até mesmo
ao inimigo. Nada é mais transcendental que o amor. “Meus discípulos serão conhecidos
por muito se amarem.” (Jo 13:353)

III - A AUTORIDADE DOS PAIS

Indício infalível da verdadeira auto-realização é a mansidão. O homem
espiritualizado é, por conseguinte, manso. “Aprendei de mim, disse Jesus que sou
manso e humilde de coração (Mt 11:29).
Quando o homem avança decisivamente rumo à sua evolução espiritual,
compreende que toda violência física e mental é sinal de fraqueza. Para o homem
inexperiente e profano, constitui-se a violência em força suprema por excelência, pois
ainda ignora as forças espirituais. Ser manso é ser pacífico, saber dominar-se, ser
cordato. O Salmo 37:11 de Davi diz: “Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na
abundância da paz.”
Mesmo em instituições respeitáveis e no recesso dos lares, homem há que, para
ocupar os primeiros lugares, ou poderem dizer: “aqui mando eu”, não titubeiam em
constranger companheiros e tiranizar familiares, pondo em evidencia o espírito belicoso
que o caracteriza.
Exercer a autoridade paterna é necessário diante de nossos filhos, pois todo
agrupamento necessita de um líder. Autoridade, no entanto, não é tirania do poder
absoluto e cruel. Com o autoritarismo, só conseguiremos a submissão cega, que fará de
nossos filhos indivíduos tímidos, com forte sentimento de inferioridade ou então
criaturas revoltadas, futuros tiranos. A educadora Tânia Zagury lembra-nos que: “é
perfeitamente possível uma pessoa ser democrática e ter autoridade ao mesmo tempo”.
O amor deve ser o grande fundamento da educação de nossos filhos. É sabido
que a criança que não é amada não tem condições de amar. A maioria de nossos
prisioneiros e de desajustados foram criaturas que não receberam amor e carinho de
seus pais. É, portanto, através do diálogo, que obteremos o sucesso que todosalmejamos na educação de nossos filhos. Dizem alguns psicólogos que nossos rebentos
são tão receptivos à conversação fraterna que até mesmo, quando estão dormindo, a
conversa ao pé do ouvido lhes fazem bem. A disciplina é, portanto compatível com o
relacionamento maduro e afetivo.
Amar é também impor limites aos filhos. É dizer “não” quando for preciso e
sempre exemplificando o porquê da proibição. Existe a necessidade da corrigenda e da
proteção no trabalho da educação, mas muito cuidado para não romper a linha que
separa a autoridade do autoritarismo, a energia do rigor excessivo para que a criança
possa ser verdadeiramente corrigida sem plantar o pavor e a revolta em seu coração.
Crianças que destroem brinquedos, objetos domésticos, estragam paredes,
matam animais e plantas e explodem em birra à menor contrariedade, devem ser
corrigidas com pulso e autoridade pelos pais. Habituando-as às pequenas transgressões
e ao equilíbrio, estaremos imunizando-as contra o descontrole e o desequilíbrio.
Hilário Silva nos alerta: “Se no trato da natureza, a vida pede atenção, como
entregar a criança a si mesma?” Não esqueçamos de eliminar a violência no trato com
nossos filhos, pois as coisas violentas não duram e nem deixam seguidores. O que
permanece é a mansidão e a suavidade que provêm do amor.

IV - VENCER O MAL COM O BEM

As leis divinas proíbem rigorosamente a vingança. O verdadeiro cristão deve
entender que os ensinos de Jesus ordenam a não resistência diante dos homens
perversos. Ele mesmo iria mais tarde ratificar com o seu exemplo, deixando-se prender
e assassinar “como um cordeiro diante de quem o tosquia” (Is 53:7; At 8:32) Jesus
resistiu ao mal e este é o dever do crente.
“Ninguém deve resistir ao mal com o mal, mas vencer o mal com o bem”(Rm
12:21), Aconselha que nenhum discípulo retribua violência com violência. O bem é o
único antídoto do mal. Jamais devemos revidar um mal com outro mal, ao contrário,
quando recebermos ofensa moral ou material, temos que retribuí-la com um benefício,
nem que seja com uma prece em favor do ignorante que não sabe que “quem faz o mal a
si mesmo o faz”.
Infeliz o homem que não sabe perdoar. Quando nosso Mestre nos fala em
oferecer a outra face quando nos esbofeteiam, é porque há muito mais mérito no não
revide, do que na agressão. O murro da cólera somente surge quando a razão é afastada.
Somente a calma e o equilíbrio do adversário conseguem atenuar os desequilíbrios
procedentes da falta de controle do agressor. O único recurso para conter um homem
desvairado é conservar-se o contendor em atitude de não violência, sem se deixar cair
no mesmo nível vibratório do agressor.
Portanto no conselho do Cristo, não há covardia, nem convite à fraqueza, mas
apelo à superioridade que as pessoas vulgares ainda desconhecem.
O homem profano acredita, devido a sua curta visão espiritual, que há mais
coragem em vingar-se que suportar um insulto. A justiça de Deus dispensa o concurso
da nossa vingança, pois ela terá contra si os efeitos do mal que praticou. Maior glória
terá o cristão de ser ofendido do que ofender, de suportar uma injustiça do que praticá-
la.Se nos obrigarem a andar uma milha, caminhemos duas com nosso desafeto. No
decurso tudo pode acontecer, uma vez que teremos tempo necessário para meditar,
exercer nossa paciência e aplicar nossos sentimentos de tolerância e fraternidade.

V - O SEXTO MANDAMENTO

O sexto mandamento contido no famoso decálogo recebido por Moisés
prescreve: “Não matarás” (Dt 5:17), que se constitui num dos mais graves princípios da
lei de Deus. Ninguém tem o direito de tirar a vida de seu semelhante. O “não matarás”
se aplica também ao ato de exterminar a vida de alguém, semeando a desolação, a dor a
viuvez, a orfandade, a miséria e a revolta. É importante também não matar muitas outras
coisas que fazem parte do cotidiano.
Há indivíduos que são incapazes de matar uma mosca, contudo, não trepidam
em matar reputações alheias, a harmonia que reina num lar, a esperança de um doente
ou a doce fraternidade que existe entre irmãos. Essas são mortes morais e nosso Mestre
nos ensina que sofrerá rudes conseqüências quem as causa.
Há também os que entendem que o “não matarás” significa apenas respeito à
integridade do próximo e imaginam que lhes seja permitido desfazer-se da própria vida
diretamente ou indiretamente, através da glutonaria e vícios de toda ordem como o
tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a luxuria etc. Laboram em erro, pois o suicídio
é sempre uma violação do sexto mandamento, ainda que se busquem os mais belos ou
mais fortes motivos para justificá-lo.
A eutanásia tida por alguns como piedosa, que consiste em pôr fim à angustia do
padecente, trata-se, na verdade, de covarde homicídio, contrário, pois, à lei de Deus.
Pratica também homicídio quem aborta e quem permite ou colabora com o
mesmo. Quem se magoa, permanecendo ressentido e sem perdoar, não esquecendo a
ofensa embora fique calado, perde a sintonia interna com Deus, que é amor.
Também quem se ofende e, exteriorizando sua ira, atribui ao adversário, epítetos
caluniosos, torna-se culpado, porque a calúnia espalhada não mais pode ser desfeita e o
prejuízo causado não consegue ser remediado.
O ato de homicídio propriamente dito tem suas raízes na ira, hostilidade ou
desprezo por outrem. Jesus citou a ira e o fato de insultar alguém e chamá-lo de tolo,
como sendo crimes: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo, irar-se
contra seu irmão estará sujeito a mandamento no tribunal; e quem chamar-lhe tolo
estará sujeito ao inferno de fogo”(Mt 5:22).
Sentimento de ira e desprezo são tão perigosos quanto os crimes propriamente
ditos pelos quais uma pessoa é levada aos tribunais ou considerada merecedora do
inferno. Isto não quer dizer que é tão errado matar quanto ter maus sentimentos ou má
vontade para com outra pessoa. É melhor trazer o ódio sob controle, antes que resulte
em homicídio a deixá-lo correr livremente o seu curso.

VI - DESAPEGO

Um dos maiores obstáculos à nossa evolução tem sido, sem dúvida alguma, o
apego às coisas materiais. Se queremos a perfeição, temos que nos desvencilhar de toda
carga externa, de todas as posses, pois “todo aquele que, dentre vós não renunciar a tudo
quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14:33).
Sabemos que na fase evolutiva que nos encontramos é difícil desapegarmos
totalmente de todas as coisas da terra. Entretanto, é bom que nos conscientizemos o
mais rápido possível que temos que aos poucos ir nos desvencilhando de todas as posses
sejam elas grandes ou pequenas. É lógico que Jesus ao dizer: “desfazei-vos de todos os
vossos bens e segui-me” (Mt 19:21), não pretendia estabelecer como princípio absoluto
que cada um devesse despojar-se daquilo que possui e que a salvação só tem esse preço,
mas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação.
A conseqüência dessas palavras proferidas por Jesus e tomadas em sua acepção
rigorosa seria a abolição da fortuna por ser nociva à felicidade futura, e até mesmo a
condenação do trabalho que leva a ela.
Essas palavras tomadas, portanto, ao pé da letra, teriam uma acepção absurda
que conduziriam o homem à vida selvagem e que por isso mesmo estariam em
contradição com a lei do progresso, que é lei divina. O desapego proposto por Jesus é
possuir sem ser possuído. Podemos e devemos trabalhar muito, procurando sempre a
melhoria econômica, na certeza, no entanto, de que nosso verdadeiro tesouro será o que
advém de nossos atos e ações. Podemos possuir muitos bens e não sermos possuídos por
eles e ainda podemos, com o que nos sobrar, ajudar o progresso do país e às pessoas que
nos cercam. Se estamos sinceramente imbuídos com o progresso e com nosso
crescimento interno, é bom que desde já desvencilhamos de todos os bens externos que
vão nos atrapalhar na viagem que breve haveremos de fazer ao mundo espiritual. O
excesso do querer vem desequilibrando muita gente que não entende que a verdadeira
felicidade não está em decorrência da maior ou menor quantidade de bens materiais que
acumulamos.
O homem não deve possuir de seu, senão o que puder levar deste mundo. O que
encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza de sua permanência na terra; mas, uma
vez que é forçado a abandoná-lo dele não tem senão o gozo e não a posse real. Portanto,
a felicidade não consiste em possuir ou não possuir bem externos, mas sim na atitude
interna de não ser por eles, possuído.

VII - ATIRE A PRIMEIRA PEDRA

A tendência do homem é acusar e condenar os outros ao invés de olhar para seus
próprios defeitos. É colocar-se numa atitude de superioridade e do alto de seu orgulho,
apontar pecados alheios e pedir para eles a sentença da condenação. Ouve-se por aí: os
outros estão errados, nós é que estamos certos.
Quem somos nós para julgar os outros? Para apedrejá-los com nossas acusações
descaridosas? Deixemos a Deus o julgamento e aprendamos do próprio exemplo de
Jesus a condenar o pecado e salvar o pecador. Quando alguns fariseus e escribas
repletos de ódio e despeito acusaram a mulher adúltera exigindo seu apedrejamento, o
Mestre ergue-se e diz: “O que está puro entre vós atire a primeira pedra” (Jo 8:7). Com
essa postura devolve a eles o julgamento da mulher adúltera. A lei de Moisés previa o
apedrejamento da mulher flagrada em adultério. A indagação daqueles fariseus se devia
ou não apedrejar a adúltera era uma autêntica cilada.Se o Mestre sentenciasse: “Podem apedrejá-la”, estaria negando todos os ensinos
misericordiosos de sua doutrina. No entanto, se dissesse: “Não devem matá-la”, seria
imediatamente acusado perante as autoridades como desrespeitador das Leis Mosaicas,
o que na época constituía-se em falta grave e verdadeira heresia. A cilada estava
preparada. A trama estava bem urdida, o plano tinha requintes de astúcia e não podia
falhar. Aparece, então, a sabedoria do Mestre Divino: nem manda que eles cumpram a
lei e apedrejem a mulher e nem se coloca contra a lei, condenando a lapidação.
Em vez dessas duas alternativas, a primeira vista inevitáveis, lança-lhes um
desafio: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”(Jo 8:7). “E eles se foram
retirando envergonhados um a um, a começar pelos mais velhos” (Jo 8:8).
Quanto mais evoluído é um espírito, tanto maior é sua capacidade de perdoar.
Quando perdoamos e amamos somos envolvidos pelo amor, quando não perdoamos e
odiamos, somos envolvidos pelo ódio. É uma lei imutável. Se semearmos perdão,
colheremos tolerância. Reprovar infelizmente é a ação que mais praticamos. Condenar,
torna-se mais fácil que ser solidário. Aceitar o erro como um possível caminho para o
acerto é muito difícil, no tribunal injusto de nossa personalidade egoísta. Nossa
tendência é sempre ver o erro nos outros e nunca em nós mesmos. Ao invés de acusar,
deveríamos estar prontos para entender a fraqueza de nosso semelhante, pois também,
nós muito erramos. Conforme o próprio Cristo afirmou: “Quem tiver sem pecado, que
atire a primeira pedra” (Jo 8:7).

VIII - A VERDADEIRA HUMILDADE

A verdadeira humildade é fator importante na vida de todo bom cristão, pois é a
antítese do orgulho. Entretanto, é bom convir que humildade, nada tem a ver com
humilhação. Podemos e devemos evitar que nos humilhem. O homem humilde, que não
pensa em se sobressair sobre os demais, está imune a sofrer humilhações. Se, contudo,
souber ser humilde, entenderá perfeitamente seu ofensor e assim não sofrerá tanto. Ao
invés de julgar quem o humilhou, é melhor pensar que pode ter havido justiça, pois nada
não nos acontece por acaso.
Se houver a humilhação, aceitemo-nas calados, considerando que também
erramos muito. É certo também que não devemos procurar ser mazoquistas ou
humilhados com a finalidade de demonstrar que já somos bons e imunes às
humilhações, pois isto talvez revele pretensão e orgulho disfarçado.
O homem evangelizado tem sempre viva em mente as palavras de Jesus: “Pois
todo o que se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado” (Lc. 14:11). Essa
sentença deve ser quase uma lei para todos que aspiram à libertação espiritual.
Há quem entenda por homem humilde, o pobre ou o pedinte. Puro engano.
Homens ricos há, que até o ar que respiram, estão repletos de humildade. A
humildade está no espírito e não nos poderes e nos bens temporais. A humildade é uma
posição interior, não pode ser avaliada pelo ponto de vista econômico. Ser humilde é
reconhecer nossa pequenez diante do universo e ter a consciência plena de que tudo
pertence a Deus. Por tudo isto nos ensinou Jesus: “Quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos sirva, e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo.”
(Mt 20:26-27)Portanto, diríamos que o homem verdadeiramente humilde, é aquele que tem
como norma de vida, o Evangelho de Jesus. Ser humilde é reconhecer nossa pequenez
diante do universo e ter a consciência plena de que tudo pertence a Deus.
Humildade é doçura, afabilidade e benevolência. É o oposto do egoísmo. As
pilhas de uma lanterna serão um bom exemplo de trabalho humilde, pois fazem luz sem
que apareçam, o mesmo acontece com as raízes de uma árvore que a alimenta e a
sustenta e, no entanto estão bem escondidas debaixo da terra.
Os grandes no mundo dos espíritos serão os pequenos na Terra. Quem nasceu “o
maior”, pois seja “o menor” de todos porque, quem se exalta será humilhado e quem se
humilhar será exaltado. Assim nos ensinou Jesus de Nazaré.

IX - CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO

Todos os sábios e grandes mestres da humanidade concordam em afirmar que a
verdadeira felicidade do homem aqui na terra, consiste em amar ao próximo como a si
mesmo ou então fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.
Algumas pessoas, no entanto talvez num ato de heroísmo, tentam amar ao
próximo e se esquecem de si mesmos o que não deixa de ser uma atitude anti-natural.
Quando Jesus nos aconselhou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
nós mesmos, nos ensinou a utilização da fraternidade aplicada, pois se jamais queremos
o mal para nós, igualmente não os desejamos aos outros. Portanto, jamais poderemos
amar a Deus se não amarmos ao próximo e também a nós mesmos. Muitas vezes
equivocadamente pensamos que amar a nós mesmos é uma forma de egoísmo. Amarnos é fundamental para nossa evolução, pois se não gostamos de nós, como esperar que
outros possam gostar? O homem integral harmonizado com as forças cósmicas e divinas
deve ser alma, mente, sentimento e corpo.
O homem moderno deve tentar dentro do possível, manter sua forma física, pois
o corpo é o templo do espírito. A boa forma física é fundamental para que nos sintamos
melhor ajudando o retardamento e deterioração de nosso corpo físico. Se quisermos, não
precisamos gastar um minuto sequer na manutenção de nossa forma física com
academias, ginásticas e massagens, pois andar, correr, nadar ou pular corda podem ser
exercícios muito saudáveis e que todos sabem praticar. Os exercícios são tranqüilizantes
e antidepressivos naturais e combatem as doenças cardíacas, a hipertensão, artrites,
osteoporoses, problemas respiratórios, obesidades e outros males. Outro cuidado que
temos que ter são com nossos alimentos e com a quantidade com que os ingerimos. A
gula desequilibrada tem levado muita gente mais cedo para o mundo espiritual. Quantas
doenças provocamos com o destempero de nossa alimentação muito rica em açúcar,
gorduras saturadas e outros venenos como balas, chocolates refrigerantes e anilinas?
Mastigar bem os alimentos, comendo com equilíbrio e devagar é necessário para uma
boa digestão. Ghandi nos aconselhava a: “mastigar os líquidos e beber os sólidos.” O
uso excessivo de carnes vermelhas e o abuso de bebidas alcoólicas não é nada saudável
para o homem. No livro dos Provérbios está escrito: “Não estejais entre os beberrões de
vinho, nem entre os comilões de carne.”( Pv. 23:20).
É preciso entendermos que tanto a enfermidade quanto a saúde se originam da
mente, das emoções e dos sentimentos. O mal viver, o mal sentir e o mal pensar, podem
nos levar a quadros mórbidos dolorosos. Somos o que pensamos. Se insistimos em
pensar no mal, na dor ou na doença atrairemos todos esses males.Procuremos viver mais em consonância com os ensinos evangélicos, pois quanto
mais nos entregamos às coisas de Deus, tudo mais, inclusive a saúde, nos será dado de
acréscimo. Nada, portanto, será mais saudável para nosso corpo e mente que a luta que
temos de realizar em nosso íntimo para a superação de nossos erros e dificuldades.

X - RESPONSABILIDADES DOS PAIS

Deus coloca o filho sob a tutela dos pais a fim de que estes dirijam aqueles pela
senda do bem. Nossos filhos não nascem como aparelhos elétricos, acompanhados por
manual de instruções. Cada criança é um universo único que ao nascer já possui um
passado, e até mesmo os gêmeos univitelinos são criaturas totalmente distintas,
moralmente, uma das outras. Somente as características físicas são herdáveis. Sempre
vêm ao mundo para readaptar-se ao meio em que viveram juntos às pessoas certas e
propícias à sua evolução. Raramente são seres moralmente perfeitos e acabados. A
responsabilidade dos pais é enorme quanto ao direcionamento da criança para o
caminho do bem. São verdadeiros talentos confiados aos pais para ajudá-los no
crescimento e amadurecimento espiritual. O amor deve sempre ser o fundamento de
toda a educação infantil. Por isso, conversando e orientando-as com amor e carinho,
alcançaremos melhores resultados do que com os métodos violentos da chibata. Com
violência e tirania só obteremos a submissão cega que os farão indivíduos tímidos,
revoltados e infelizes. Amar nossos filhos não quer dizer que não tenhamos que lhes
impor limites. A disciplina é compatível com um relacionamento maduro e afetivo entre
pai e filho. Para o filho o amor materno e a autoridade paterna são dois elementos
essenciais ao bom equilíbrio das relações familiares. Se lhe faltar o amor e o carinho de
mãe, seu desenvolvimento físico e mental, afetivo e espiritual estarão comprometidos
por toda a vida. Experiências científicas têm comprovado que as crianças amamentadas
pelas mães e que delas recebem carinho, têm mais chance de sobrevivência e de serem
crianças alegres. Ao contrário, as que são criadas com aleitamento artificial e longe das
mães são, propensas à tristeza e às neuroses acarretando-lhes enormes dificuldades de
adaptação social. É no plano da afetividade que se deve situar o verdadeiro papel das
mães.
Se o garoto espera e precisa da afetividade da mãe se ressentirá da falta da
autoridade do pai. A criança, sem perceber, gosta da autoridade paterna. Quando o pai
não se manifesta com a autoridade que lhe é devida, o equilíbrio emocional da criança é
afetado.
É lógico que a autoridade paterna deve ser exercida sem violências e injustiças,
pois todo ser humano gosta de ser tratado com moderação e carinho. A verdadeira
autoridade jamais se impõe pela violência. A força moral dos pais é outro fator
importante a ser considerado na educação das crianças. O exemplo dos pais será sempre
a força mais convincente na educação dos filhos.
Criar nossos filhos livres e responsáveis requer de nossa parte, renúncia,
sacrifício e vontade de aprender, pois como disse André Luiz: “Quem aprende pode
ensinar e quem ensina aperfeiçoa o aprendizado”.

XI - INFELIZ O HOMEM QUE NÃO SABE PERDOAR

Perdoe as pessoas que insistem em lhe querer mal. Sem que você saiba, na
maioria das vezes, são seus inimigos do passado que retornam como seus familiares ou
superiores a lhe cobrar dívidas pretéritas. Estão sempre colocando em prova sua
paciência e tolerância. Suporte, pois, com equilíbrio, os ataques, a calúnia, o despeito e
o ciúme desses irmãozinhos que não conseguem esquecer antigas desavenças. São
muito mais ignorantes que maus. Talvez estejam passando por problemas mais
complexos e difíceis que os seus.
Releve, pois, as faltas e a irritabilidade de seus adversários, e afaste o quanto
puder das brigas e discussões estéreis. Conviver bem com as pessoas é muito difícil,
pois requer esforço, luta e renovação de nossa parte. O grande problema é não aceitá-las
como são, com seus defeitos, mas também com suas virtudes. Aceitando nossos irmãos,
o nosso relacionamento será muito melhor. Quem não aceita, não perdoa.
Jesus perdoou todos exatamente porque aceitou a cada um de nós da maneira
como somos.
Talvez ainda não possuamos a serenidade para aceitar tudo sem nos abalar, e por
isso pode ser normal de nossa parte uma revolta momentânea. Entretanto, faça o
possível e o impossível para não guardar rancor em seu coração. Guardar mágoas é
atrair desequilíbrios e enfermidades para o nosso corpo e para nosso espírito. São
indícios de enfermidades futuras, pois a mágoa guardada em nossos corações é como
ácido a corroer nosso íntimo.
Lembre-se de uma grande verdade: O perdão é sempre melhor para quem
perdoa. Esqueça as ofensas e viverá melhor. Quando Pedro perguntou ao Mestre se era
lícito perdoar sete vezes a uma mesma pessoa, Ele respondeu que “não apenas sete, mas
setenta vezes sete” (Mt 18:21-22).
Nos Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo está também escrito: “Se
perdoares aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai Celestial vos
perdoará também vossos pecados, mas se não perdoar, vosso Pai, também não vos
perdoará os pecados.” (Mt 6:14).
O perdão traz serenidade. A serenidade traz equilíbrio. O equilíbrio nos traz
saúde física e espiritual. Infeliz o homem que não sabe perdoar.

XII - DAR SEM HUMILHAR

Esteja sempre pronto a amparar e socorrer a todos que cruzarem seu caminho.
Você não sabe o futuro que lhe espera e pode ser que um dia necessite também de uma
mão amiga para lhe socorrer. Seja sempre misericordioso e não se esqueça que na terra
de uma maneira ou de outra, todos nós somos necessitados, e não há também quem não
esteja em condições de ajudar.
Ajude, pois, doando não apenas o pão, a moeda, a vestimenta, mas também, o
sorriso amigo, a palavra, o abraço ou até mesmo um bom pensamento. Esteja sempre
receptivo a doar não apenas bens materiais, mas, sobretudo, os do coração.
Nossa carência é mais de afeto do que de pão.
Jesus nos ensinou que: “É mais bem aventurado dar do que receber”, (At 20:35)
e nos recomendou: “dar a quem nos pedir.” (Mt 5:42).Tenha cuidado com a maneira que doa para não humilhar a quem recebe. A
esmola pode ter em seu bojo algo que deprime o pedinte.
Muitas vezes ao propagarmos um benefício concedido a um irmão carente,
estamos envergonhando-o e diminuindo-o. Embora os cristãos devam ser vistos
praticando boas obras, eles não devem fazer boas obras com o objetivo de serem vistos.
Não alardeie o benefício que conceder a seu irmão, pois se assim o proceder, não deverá
esperar nada de Deus. Com efeito, aquele que procura a sua glorificação na terra pelo
bem que fez, já pagou a si mesmo. “Ao dares esmola ignore a tua mão esquerda o que
faz a direita.” (Mt 6:3).
A verdadeira beneficência é modesta e branda; socorre sem humilhar e ampara
sem ferir a dignidade de quem recebe. Beneficie seu irmão, mas nunca deixe vestígios
que possam ostentar sua caridade.

XIII - MÁGOAS E RANCORES

Procure esquecer aqueles que lhe prejudicaram, orando por eles. Guardar mágoa
e rancor em nossos corações é solver veneno lento, que mais cedo ou mais tarde nos
destruirá.
Todos nós estamos sujeitos à calúnia, maldade e a incompreensão das pessoas
que nos rodeiam. Se está sofrendo por algum mal que lhe fizeram, procure sinceramente
perdoar seu ofensor, retirando o quanto antes toda mágoa de seu coração.
Procure não revidar ataques e ofensas. Estamos todos envolvidos por um
processo evolucional e nesse decurso evolutivo, passamos por fases de egoísmo e
orgulho a fim de atingirmos mais tarde, as grandes virtudes da alma.
Não se deixe envenenar por pensamentos de ódio e rancor. Quando tais
pensamentos negativos surgem de nós mesmos formam uma atmosfera pesada,
enfermiça, que sempre nos atinge em primeiro lugar. A chave para nosso equilíbrio está
no perdão incondicional, pois ele abre o coração para a compreensão e a tolerância,
fatores fundamentais para a saúde física e mental.
O homem que ama sabe perdoar e sempre está pronto a compreender seu
ofensor, e por isso raramente se enferma.
O perdão é o grande antídoto para muitos dos desequilíbrios de nossas almas.
Nossos desafetos estão na maioria das vezes mostrando nossos erros,
possibilitando assim nossa evolução. Guarde seu coração de todo e qualquer sentimento
menos digno, na certeza de que se assim o fizer, estará preservando sua paz interna.

XIV - PACIÊNCIA E RESIGNAÇÃO NA ENFERMIDADE

Se está enfermo, procure manter-se numa atitude positiva de serenidade e calma.
Confie no Senhor todo poderoso. Por maiores que forem suas dores e aflições elas
passarão.
Todas às vezes que entramos em desequilíbrio com as leis de Deus, estamos
indiretamente provocando doenças e desequilíbrios em nosso corpo físico. Pense nisso eprocure manter-se em atitude positiva de pensamentos elevados, de amor e alegria
cristã.
Controle sua mente. Não é ela que depende da saúde do corpo e sim o corpo
sadio que depende da mente sadia.
Procure na prece a harmonização da paz interna, pois a alma que ora, estabelece
religação com a fonte original de tudo que existe.
Quando o espírito está completamente equilibrado, não há enfermidades que o
ataque. Cuide de sua mente para que a saúde reflita em seu corpo.
Procure falar o menos possível sobre os males, as dores e enfermidades. Quanto
mais falar e repisar sobre suas dificuldades, mais elas se acentuarão. Pense na saúde, na
alegria e na prosperidade, e sua vida tomará novos rumos.
É salutar termos também o entendimento de que nada nos acontece por acaso. A
doença nos proporciona o exercício da paciência, da resignação e da submissão à
vontade divina, tendo também função purificadora e redentora para nossas almas.
Muitas vezes a carne enfermiça é o remédio salutar para o espírito, que através
de experiências dolorosas, despertar-se-á para uma vida maior.
Não desanime diante de suas enfermidades. Tenha resignação e paciência. Será
através da dor que se libertará das vibrações grosseiras de desequilíbrios pretéritos.

XV - O SIGNIFICADO DO SOFRIMENTO

Seja forte e corajoso. Não se deixe vencer pela dor, pelas dificuldades, pela
doença. Procure entender o significado dos seus sofrimentos. Nunca se esqueça que é
filho de Deus e Ele não desampara nenhum de seus filhos.
Nossas dores, nossos tropeços, erros e problemas, no fundo são os maiores
agentes de nosso progresso. São testes que a Divina Providência coloca em nosso
caminho para aquilatar nossa capacidade de paciência e resignação.
Bendiga suas dificuldades. Através delas, aprendemos, esclarece-mos e
aumentamos nossa fé em Deus.
Ninguém progride sem luta, sem sofrimento, sem resignação. O sofrimento é
útil, bendito um elemento absolutamente necessário para nossa evolução. Se não
existisse a dor, nosso progresso seria infinitamente mais lento.
Francisco de Assis sempre se referia a dor como sua irmãzinha querida, porque
sabia do seu poder e utilidade. Paulo de Tarso sempre se referia em suas cartas aos
aguilhões que o machucavam e o faziam sofrer, mas como Francisco de Assis entendia
sua dor, e podia dizer inspirado: “Transbordo de júbilo no meio de todas as minhas a
tribulações” (II Co. 7:4).
Somos os comandantes de nossas vidas, por isso Deus nos dotou do livre arbítrio
e nossa evolução é uma conquista. A dor faz parte do processo de crescimento.
Nossos erros, dificuldades, dores e provações não são eternas, mas passageiras.
Eterna será, com certeza, a felicidade que nos aguarda.

XVI - NOSSOS REAIS INIMIGOS

Seja sempre indulgente, releve, perdoe e esqueça todo o mal que lhe fizeram.
Evite julgar seu próximo. Talvez ele não tenha o entendimento e a compreensão
que você já possui. Ao invés de julgá-lo, seja rigoroso no julgamento de seus próprios
atos e deixe a Deus o encargo de julgar seu semelhante. Não se esqueça que tem
necessidade da indulgência, porque também erra e não é perfeito.
A lei de Deus, que é de amor, nos impõe o dever de não só perdoar, mas, acima
de tudo, de auxiliar nossos inimigos, através da oração, de pensamentos fraternos e de
atos que nos ajudem a encontrar a felicidade.
Retribuir o mal com o bem nos traz saúde, paz e felicidade. O pensamento
malévolo cria uma corrente fluídica que nos impressiona penosamente e nos faz sofrer;
o benévolo, ao contrário, nos envolve num agradável bem-estar.
Quando Jesus nos aconselhou a amar até mesmo aos inimigos, não quis dizer
que devemos ter pelo inimigo a ternura que se tem para com um irmão ou amigo. Amar
aos inimigos é não lhes guardar ódio ou rancor ou desejo de vingança. É orar por eles e
estar sempre pronto à reconciliação.
Embora seja difícil, amar aos nossos inimigos, devemos nos esforçar para fazê-
lo. Se estamos empenhados em nossa melhora, em nossa reforma íntima, temos que
entender o inimigo, não como um malfeitor, pois através dele, estaremos testando
paciência, resignação e capacidade de perdoar.
São os inimigos que nos chamam a atenção sobre a montanha de erros e
dificuldades dos quais somos possuidores. Ao exaltarem nossas faltas, estão, pois, sem
que percebam, nos fazendo bem, pois dessa maneira estão propiciando nossa melhora.
Ao invés de inimigos são benfeitores. O amor aos inimigos representa uma das maiores
vitórias alcançadas contra o orgulho e o egoísmo.

XVII - EDUCAR É AMAR

A violência tem sido um dos mais lamentáveis e terríveis problemas que a
sociedade atual enfrenta.
Religiosos, pedagogos, mestres e sociólogos são unânimes, em afirmar que a
falência familiar é causada pela violência adquirida da “má-educação” de nossos filhos.
Teremos um mundo de fraternidade e paz quando orientarmos nossos filhos a
estabelecer em seus corações sentimentos elevados. A família é, pois, o alicerce moral
que cada cidadão necessita.
O lar, portanto, é a primeira escola. Aos pais, cabe a eles a sublime missão de
guiar seus filhos pelas veredas da educação moral e intelectual.
Pão, vestimenta e instrução são importantes. No entanto, mais importante que
tudo isso, é a educação moral, baseada em nossos exemplos, no aprendizado adquirido
nos cultos evangélicos semanais, e no encaminhamento bem cedo, de nossos filhos às
aulinhas de moral cristã.
Se observarmos o mundo atual em que vivemos, notaremos que ele não está
carente de homens cultos e eruditos, mas, sim, de homens bons, educados dentro dos
padrões dos quais Jesus nos ensinou. Saibamos, pois, educar nossos filhos à luz do
evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, ensinando-os a amar aos outros e não apenas a
si mesmos para que no futuro possam amar a todos indistintamente.A disciplina de nossas ações e as de nossos tutelados são importantes para que
tenhamos nossas emoções sob controle, porém, disciplina com equilíbrio, pois excesso
traduz violência, ao passo que ausência denota indiferença.
Esmurrar, bater, gritar, de nada servirão. Violência gera violência, por isso os
meios corretivos devem ser baseados no bom senso do diálogo e da amizade.
Nossos filhos são mais receptivos a palavra amiga que a brutalidade das
agressões verbais ou corporais.
De acordo com Allan Kardec: “educação é o conjunto de hábitos adquiridos”,
portanto, a renovação da humanidade só se processará com o exemplo dos pais. No lar o
exemplo será sempre a força mais convincente; nenhum pai terá força moral de bem
educar seus filhos se não der o bom exemplo de suas atitudes. Educar é amar, por isso
Pestalozzi não cansava de nos recomendar que: “O amor é o fundamento eterno da
educação”.

XVIII - O CULTIVO DO AMOR

A felicidade é a nossa maior aspiração.
Ser feliz é a nossa maior conquista. Constituir um lar, ter filhos, ser feliz, é
aspiração divina que praticamente todos almejamos. Está escrito em Gênesis (2:24):
“Deixará o homem seu pai e sua mãe, unir-se-á a sua mulher e serão ambos uma só
carne”.
Entretanto, no lar, nem tudo são flores, pois, segundo Chico Xavier, “o lar é
encontro de almas irmãs, beneficiadas ou prejudicadas por nós, no passado”. Por isso, o
casamento é, para alguns, inesgotável fonte de alegrias e prazer, enquanto para outros, é
motivo de angústias e tristezas.
O certo, porém é que o casamento será sempre conforme os esposos o façam.
As principais condições para que tenhamos harmonia doméstica é conseguida
com amor, compreensão e tolerância.
O amor é como uma plantinha que se não for bem cuidada, morre. Muitos casais
unidos por legítimos laços de afetividade, acabam vendo o amor fenecer por falta de
cuidado e atenção.
Abraçar, beijar, dormir de mãos dadas, dizer palavras carinhosas são adubos que
devemos usar sempre, para que a plantinha se conserve bonita e viçosa.
Amar envolve manifestações recíprocas de afeto. Não permita que seus
negócios, seus interesses pessoais e materiais deteriore sua ligação afetiva.
Por maiores que forem seus compromissos, obrigações e afazeres, tem que
produzir espaço para cultivar o amor.
Amar é conversar, sonhar, planejar e entender o ser amado. Amar é aceitar o ser
amado tal como ele é.
No jogo do amor não há adversários, os dois ganham ou ninguém ganha.
Amar é isso — querer o bem de alguém é permutar sentimentos elevados.
A sabedoria popular diz que amar é viver, pois: “os que amam vivem, os demais
são mortos que caminham”.

XIX - AMAR A NÓS MESMOS

Um dos grandes males que nos aflige é a sensação de incapacidade e
inferioridade que sentimos perante nós mesmos diante de uma dificuldade a ser
superada.
Alguns de nós deixamos ser acometidos pelo famoso complexo de inferioridade.
Não vou ser capaz! Será que vai dar certo? Será que vou dar conta? Será que
conseguirei?
São expressões que sempre bailam em nossos pensamentos e nos atrapalham
muito.
Temos que acreditar em nossas potencialidades, nos auto-aceitarmos e nos
estimarmos mais.
Jesus ditou sua lei maior recomendando-nos que o mesmo amor que temos por
nós, devemos também ter por nossos semelhantes. Logo, em momento, algum Jesus
condenou o amor a si mesmo. Muito pelo contrário, recomendou que o sentimento de
amor que a pessoa tem por si própria, de tão bom que é, também se estenda aos outros.
Amar a nós mesmos não é egoísmo não. O perigo está em não expandirmos esse
amor aos nossos semelhantes.
Temos que otimizar nossas vidas. A essência do otimismo é acreditarmos que
Deus é o nosso Pai amoroso. Nada de mal nos acontecerá se formos perseverantes. Se
tivermos fé inabalável e ilimitada tudo dará certo. Tudo nos será possível se tivermos fé
em nossas potencialidades e se acreditarmos nas palavras de Jesus: “Tudo é possível ao
homem que crê” (Mc 9:23).
Qualquer que seja o desafio que estivermos passando, não poderemos nos
permitir cair nas valas do desânimo e da descrença. Não há dificuldade ou problema
algum que não tenha solução, que possa ser maior que a capacidade de superação que
jaz no mais profundo do nosso ser.
Somos filhos de Deus, e como tal, temos que nos aceitar. Mas nunca
acomodemos com aquilo que somos. Sejamos a cada dia melhor do que fomos ontem.
Enfrentemos, todos os problemas e tribulações de nossa vida, na certeza de que
Jesus, nosso divino amigo, vai à nossa frente na subida de qualquer das montanhas que
tenhamos que escalar.

XX - QUEM AMA NÃO ADOECE

Seu corpo é o templo e a morada atual de seu espírito. Trate-o, pois com zelo e
carinho. Saúde é harmonia aliada às leis da natureza. Doença é desarmonia.
As moléstias correm por conta do abuso que o organismo faz das leis da
natureza. Abuso é moléstia, uso é saúde. Seja sóbrio na sua alimentação. Coma o
necessário.
Evite sobrecarregar seu organismo com excessos alimentares. A sobriedade e a
temperança são grandes virtudes, pois, é quase impossível uma alma nobre morar num
corpo viciado pela gula. Faça exercícios regulares, diariamente. Não fume e não use
drogas. Se beber o faça com moderação. Faça exercícios respiratórios evite ao máximo
o uso de remédios. Mas, lembre-se de que se a saúde do corpo é muito importante, não
o é menor a da alma. Toda enfermidade começa no espírito e termina também no
espírito. As moléstias, portanto, refletem a enfermidade da alma.As doenças no estado de evolução que nos encontramos são numerosas, porque
numerosas são nossas faltas e dificuldades. Além das desarmonias atuais, trazemos
inúmeras dificuldades do nosso sombrio passado. Tanto a enfermidade quanto a saúde
têm sua origem na mente, nas emoções, nos sentimentos e em todas as sensações da
criatura, como um ser vivo formado de corpo e alma. Em síntese, o mal viver, o mal
sentir, e o mal pensar, podem nos levar a quadros mórbidos dolorosos.
Quando nosso espírito está perfeitamente equilibrado, não há enfermidade que
nos ataquem.
Cuidemos de nossa mente para que nossa saúde se reflita em nosso corpo.
Somos o que pensamos, se insistirmos em pensar no mal, na dor, na doença, atrairemos
todos esses males para nós. Pensemos, pois na saúde, na alegria e na prosperidade e
nossas vidas tomarão novos rumos.
O amor é o grande antídoto contra todos os nossos males, pois se há uma
verdade é a de que: “quem ama, não adoece”.

XXI - O VALOR DA AMIZADE

Diz a sabedoria popular que: “quem tem um amigo tem um tesouro”.
Um provérbio árabe ensina que: “pode-se viver sem um irmão, mas não sem um
amigo”.
Realmente a amizade é algo necessário em nossas vidas, uma das maiores
manifestações de amor, esvaziamento e doação que podemos oferecer às pessoas que
amamos e que queremos bem.
Quando amamos sinceramente a um amigo, devemos fazê-lo sem nenhum
sentimento de posse. Nossa amizade deve ser sempre leal e desinteressada.
Normalmente, nosso amigo não é nosso parente, não tem nosso sangue e nem
nosso nome, é apenas aquela pessoa a quem muito queremos e nos afinamos.
Com ele, aprendemos amar, renunciando a todo desejo de posse. O verdadeiro
amigo é aquele que sempre está pronto a doar. O bom amigo se conhece na adversidade
através da palavra de conforto, do conselho e da mão amiga que sempre nos infunda
confiança e segurança.
Como é bom sentir que o amigo nos aceita como somos, sem críticas nem
censuras, e que, apesar de nossos erros e defeitos, estão sempre prontos a nos
compreender e a nos querer bem.
Doe sempre mais aos seus amigos demonstrando-lhes o valor da amizade, mas
nunca espere ser correspondido.
Lembre-se de Jesus que nos amou com fidelidade e sem limites, até mesmo
diante da fraqueza de Judas, relevou suas faltas e na hora do beijo supremo da traição,
ainda o considerou amigo.
Releve também as faltas e os erros de seus amigos e cultive sempre a amizade,
pois ela se assemelha a uma plantinha que precisa ser irrigada, adubada e tratada com
afeto e carinho.
O verdadeiro amigo é uma bênção divina, porque ele nos fortalece nas horas
difíceis, nos estimula e nos incentiva ao crescimento e ao progresso.
Cultivar, amizades sinceras é como amealhar, paz, alegria e progresso na senda
espiritual que nos aguarda.XXII - O SILÊNCIO É DE OURO
Somos efetivamente donos de nossos destinos e comandantes de nossas vidas.
Temos que tentar governar da melhor maneira nossos atos e ações.
O destempero de nossas palavras tem nos causado inúmeros problemas
espirituais. Uma palavra depois de proferida, possui um efeito devastador.
Tenhamos, pois muito cuidado com o que dizemos. Jesus nos alertou que o que
contamina o homem não é o que entra pela boca e sim o que dela sai: “porque a boca
fala do que está cheio o coração.” (Lc 6:45).
Um homem de poucas palavras dificilmente será leviano nas suas conversas,
pois sempre medirá suas palavras.
Os que muito falam tendem a realizar pouco. Se observarmos atentamente,
verificaremos que em todo grupo, sociedade ou reunião de pessoas, as que mais falam,
geralmente são as que menos fazem. Até mesmo o simbolismo de termos nascido com
dois ouvidos e apenas uma boca, nos ensina que devemos ouvir mais e falar menos.
Deus é infinitamente silencioso, e quanto mais o homem se aproxima de Deus,
mais silencioso ele se torna.
O ruído é dos homens, o silêncio é de Deus. Jesus era amante do silêncio,
gostava de lugares quietos e ermos onde sempre se refugiava para fazer suas preces e
meditações.
Nossa alma necessita de silêncio. Procuremos silenciar nossa voz interior para
que possamos ouvir a voz de Deus.
A palavra é de prata. O silêncio é de ouro. Nestas duas afirmações estão contidas
a sabedoria de milênios da evolução humana. Faça delas o seu lema de vida.
Montesquieu dizia que: “Aquele que fala irrefletidamente assemelha-se ao
caçador que dispara sem apontar”.
Para cada mal, há dois grandes remédios: o tempo e o silêncio.
O silêncio é sempre belo, e o homem que cala é mais belo que o homem que
fala.

XXIII - EQUILÍBRIO

Procure manter o equilíbrio. Sua saúde depende do equilíbrio e serenidade de
sua mente.
Evite aborrecimentos, brigas e contendas que desestruture seu íntimo trazendolhe dor, infelicidade e doença.
Se quiser, nenhum problema, situação desagradável, ou pessoa serão capazes de
roubar sua paz interior.
Não se impressione demasiadamente com o que as pessoas dizem a seu respeito.
Liberte-se da opinião dos outros como referencial de seu próprio valor. O valor
não pode se medido com base no que as outras pessoas pensam de você. Não se torne
pior nem melhor do que realmente é, pelo fato de alguém falar bem ou mal de você.
Siga a conduta ditada por sua consciência e não perca seu equilíbrio pela inveja,
maldade ou calúnia arremessada contra sua pessoa. Somente aqueles que conservam aserenidade em meio à ignorância, incompreensão e o tumulto da vida moderna
conseguem manter-se saudáveis.
Caminhe em frente, alegre e certo de que haverá de vencer, por maiores que
sejam as dificuldades do caminho. E nunca esqueça de que sua vitória depende de você.
Se perseverar no bem, amando e servindo a todos, perdoando e lutando por sua reforma,
e por aqueles que hoje lhe criticam, amanhã com certeza estarão lhe aplaudindo.
A felicidade que almeja não está fora de você. É necessário que a busque dentro
de si mesmo, pois a felicidade é Deus, e Deus habita em nós.

XXIV - PERDÃO PARA NÓS MESMOS

Se se sente infeliz, remoendo faltas pretéritas pensando não serem elas, dignas
do perdão de nosso Pai Celestial, é hora de começar a perdoar a si mesmo.
O Cristo nos concitou a amar ao próximo como a nós mesmos. Contudo o
perdão, é sentimento nobre, que abre nosso coração, pois é possuidor da chave de nossa
saúde física e mental.
No Evangelho, em Atos dos Apóstolos (7:30) está escrito: “Deus não leva em
conta os tempos da ignorância”. O próprio direito penal dos homens classifica e
penaliza os crimes dentro dos padrões intencionais ou doloso, passional ou ocasional.
Se assim age a justiça dos homens, por que pensar que o Poder Inteligente que nos rege,
julgar-nos-á sem levar em conta nosso tempo de ignorância? Somos muito mais
ignorantes do que maus, pois se não fora isto, Jesus ao expirar crucificado entre dois
ladrões, não teria suplicado: “Pai perdoai, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34).
Se todos tivéssemos a certeza de que tudo que semeamos tivéssemos
forçosamente que colher, nossas faltas seriam menores, tão quanto nossos sofrimentos.
Se vivemos num planeta de dor, de provas e expiações é devido à nossa
ignorância sobre as leis sábias e divinas que nos regem.
Mudemos nossas vidas e tudo mudará ao nosso redor. O que importa é nossa
atitude sincera de arrependimento, de querer mudar de rumo, esquecendo nosso passado
e seguindo à frente, rumo à nossa evolução.
Tenhamos fé na misericórdia divina, e reafirmemos dentro de nosso íntimo: “eu
perdôo, e me liberto de todo o meu passado sombrio”.
A perfeição absoluta não é própria de um planeta de provas e expiações como o
nosso, aliás, a exigência da perfeição é considerada uma das piores inimigas da criatura
humana.
Em Salmos (8:11), encontramos: “Tu és bom, Senhor, e perdoas”.
A desestima a nós próprios, nasce quando não nos aceitamos como somos.
Admitir e aceitar os outros como eles são, nos permite que eles nos admitem e
nos aceitem como somos.
É, portanto, na prática e no esforço do perdão para nossos inimigos é que
estamos rogando o perdão para nós mesmos.

XXV - PARENTES DIFÍCEIS

Procure compreender e perdoar incompreensões, ciúmes e a intolerância de
todos aqueles que a Divina Providência colocou sob o mesmo teto que o seu.
Nem sempre nossos parentes são nossos amigos. O grande sábio Salomão já
dizia que: “... há amigo mais chegado que um irmão” (Prov. 18:24).
A abençoada lei de amor e justiça, que é a reencarnação, nos proporciona quitar
débitos com os mesmos adversários de ontem, vivendo hoje conosco sob as mesmas
telhas na condição de pais, mães, filhos, irmãos e cunhados.
No lar, ao lado de almas queridas, encontramos também antigos desafetos, que a
sabedoria divina coloca ao nosso lado como oportunidade de reconciliação e resgate.
Diante do parente mais difícil, necessário se faz o exercício da compreensão, da
paciência e perdão.
“Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto
estais a caminho” (Mt 5:25) aconselhou Jesus.
Aproveite a oportunidade de caminharem juntos, pois talvez ao longo do
percurso, encontraremos o momento mais adequado e propício para esta reconciliação.
Emmanuel nos alerta que: “toda antipatia aparentemente a mais justa, deve
morrer para dar lugar à simpatia”.
Perdoe sempre, pois presos à carne só enxergamos uma face da moeda de nossas
existências. A outra face só nos será revelada quando estivermos no mundo espiritual.
Por isso, muitas vezes pensamos ser vítimas quando na realidade somos algozes.
Nunca esqueça que não tem os parentes que sonhou e sim aqueles que merecer.
Estamos situados na família certa junto das pessoas mais adequadas à nossa
evolução. Esforce-se, para amá-los, tendo para com eles, os nobres sentimentos do
perdão, da tolerância, da resignação e da paciência.

XXVI - ELES PROSSEGUEM VIVENDO

Por maior que seja sua dor, não desespere diante da partida daqueles entes
amados que lhe precederam na grande viagem, pois na verdade a morte não existe.
Se você perdeu um ente querido, não pense que tudo se acabou, ele vive como
nós, só que em outra dimensão.
A vida é eterna, alternando-se no plano físico e espiritual, de conformidade com
nossas necessidades evolutivas. De acordo com nosso Mestre, não encontraremos na
morte, nada mais do que vida e vida em abundância.
Um dia, mais cedo ou mais tarde, todos nós nos encontraremos na grandeza da
vida imortal.
Por isso, aceite com serenidade os desígnios de Deus e tenha certeza de que eles,
os chamados mortos, prosseguem vivendo e esperando por ti.
Esforça-se para encontrar resignação, pois o amor vence qualquer distância por
maior que seja.
É normal que cessados os primeiros momentos do impacto que a realidade lhe
impôs, se sinta como órfão, esmagado pela grande dor da saudosa ausência.
O seu coração pulsa desordenado e teme não suportar tão cruel sofrimento.
São justos seus sentimentos, entretanto, não deixe que eles lhe leve ao
descontrole e ao desequilíbrio, pois os chamados “mortos” também sofrem muito com o
destempero de nossas lágrimas. Da mesma forma que anelas por voltar a senti-los,
abraçá-los e acariciá-los, eles também o desejam. Não pense mais em termos de “adeus”e sim em até logo, e se quer homenageá-los, ore muito por eles, dedicando também
algumas horas de seu tempo em benefício aos que mais necessitam do seu amparo. Em
outra dimensão de vida, eles se sentirão felizes e ditosos percebendo seus esforços no
aprimoramento e na renovação de atos e atitudes.
Todos os homens na terra são chamados a este testemunho de um dia partirem
também. Pense nessa viagem e procure preparar-se para ela e aquieta o quanto possa seu
coração para enfrentar em paz a partida dos seus amores.
Hoje são eles, amanhã seremos nós.

XXVII - O QUE CONTAMINA O HOMEM

Tenha cuidado com o destempero de suas palavras. Uma frase dita com
ressentimento pode destruir.
Pense duas vezes antes de proferi-la. O desequilíbrio de nossas palavras pode
provocar verdadeiras tragédias que mais cedo ou mais tarde voltar-se-ão contra nós
mesmos.
Se estamos ressentidos, magoados ou aborrecidos com alguém, tenhamos
prudência de silenciarmos nosso desequilíbrio interno. Se não estamos em condições de
harmonizar-nos internamente, tenhamos o controle do silêncio.
Calar diante de um ataque denota sabedoria.
Alexandre Dumas gostava de dizer: “que para cada mal há dois remédios: o
tempo e o silêncio”.
Se soubermos silenciar no momento certo, talvez amanhã nosso ressentimento
estará superado.
Emmanuel nos aconselha a colocar um pouco de água na boca e não engoli-la
diante do adversário abusado. Quando estivermos a ponto de explodir diante de um
antagonista, ao invés do revide, providenciemos imediatamente um pouco d’água
conservando-a na boca.
O silêncio é uma grande força que podemos lançar mão quando estamos prestes
a ofender e magoar as pessoas. É uma força interna que poucos sabem usar.
Se tivermos força suficiente para silenciarmos após iniciada uma discussão,
sentiremos toda a grandeza de nossa ação.
O simbolismo de nascermos com dois ouvidos e apenas uma boca, nos diz da
necessidade de ouvirmos mais e falarmos menos. Diz a sabedoria popular que se a
“palavra é de prata, o silêncio é de ouro.” Nesta afirmação está contida a sabedoria de
milênios da evolução humana. Faça dela seu lema de vida.
Jesus também assim nos ensinou: “Ouvi e entendei: Não é o que entra pela boca
o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem.” (Mt
15:10-11)

XXVIII - VIVENDO PARA SERVIR

Se o sentimento de solidão invadir seu coração, e sentires só e abandonado, não
se desespere, procure na prece e na ação em prol de seus semelhantes o lenitivo para
suas aflições.
Lembre-se que solidão não é estar sozinho, e sim vazio de sentimentos nobres e
elevados. Ao invés de ficar reclamando que está abandonado, sem carinho e afeto,
procure entender e perdoar.
Feliz do homem que procura sua felicidade fazendo com que os outros sejam
felizes. O Cristo nos ensinou que é dando que se recebe. Então, que tal procurar oferecer
mais carinho e afeto às pessoas que lhe rodeia? Foi
Ele também que nos disse: “é mais bem aventurado dar do que receber” (At
20:35).
Procure aproximar-se mais aos corações de seus entes queridos, doando, amor,
compreensão e carinho. Fazer carícias, abraçar, beijar, elogiar, dizer palavras de
incentivo lhes farão bem. Não economize amor, afeto e carinho, pois a nossa felicidade
está em decorrência da felicidade que proporcionamos ao nosso próximo.
Pense mais em dar que em receber e lembre-se do Homem de Nazaré que disse
ter vindo ao mundo não para ser servido e sim para servir. (Mt 20:28).
Tente esquecer os problemas amando, compreendendo e ajudando.
Lembre-se de que somos filhos de Deus e o Cristão como ninguém, tem por
obrigação se compromissar cada vez mais com a alegria de servir.
Renove a cada manhã o seu compromisso com a alegria de viver, vivendo para
servir.
Ajude a todos sem esperar retribuição. Sempre ao chegar em casa, entre porta
adentro distribuindo alegria, beijos e abraços, pois esta atitude lhe ajudará esquecer e
superar problemas.
Saia de si mesmo e esteja pronto para exprimir bons sentimentos, pois a
afetividade é parte integrante de nossa saúde.
É sempre dando que haveremos de receber.

XXIX - SE ESTÁS SOFRENDO

Se está sofrendo, tenha confiança que todas as dores, por maiores que sejam,
passarão.
O sofrimento é difícil de ser suportado, no entanto, na fase evolutiva que nos
encontramos, é força que nos impulsiona aos páramos da luz.
Aceite as dores com humildade e resignação. Todos sofremos, uns mais, outros
menos. A história da humanidade é uma imensa cadeia de sofrimentos, tanto de ordem
física como de ordem moral.
Saiba, no entanto, sofrer e retire da dor tudo que ela possa lhe ensinar.
Ninguém sofre sem merecer. Se sofre muito é porque erra ou errou muito.
Nossos erros advém de nossa ignorância espiritual. O homem é muito mais
ignorante do que mau. O mal é conseqüência de nossa ignorância. Se todos
soubéssemos por que sofremos, o mundo seria mais ditoso.
Portanto, se o sofrimento bateu em sua porta, não se desespere, pois foi o Cristo
que disse: “bem aventurados são os que choram porque serão consolados” (Mt 5:4). O
espírito iluminado de São Francisco de Assis, referia-se a dor como uma irmã querida,
pois sabia que ela fazia parte de nossa libertação espiritual.Portanto, o sofrimento é útil, bendito, um elemento necessário à evolução
humana.
Se não existisse dor, nossa evolução seria infinitamente mais lenta.
Para que sua dor doa menos, procure conformar-se com ela, pois é através dela
que haverá de alcançar a libertação espiritual. Não se desespere nunca, diante de sua
dor.
Aceitar a dor com humildade não consiste em entronizá-la em seu coração pois
ela não é eterna e sim passageira. Eterna, será a felicidade que lhe aguarda. A dor por
isso deve ser enfrentada com muita calma e humildade quando surgir no cenário de
nossas vidas, para que não ressurja amanhã por causas idênticas.
Há grande verdade que nunca podemos esquecer: “o que plantamos temos que
colher”.
Paulo em sua carta aos Gálatas (6:7) afirma: “Não queiras errar; de Deus não se
zomba, porque aquilo que o homem semear isso também colherá”.

XXX - QUANDO MENOS ESPERAMOS

Por maiores que forem suas dificuldades e provações, mantenha-se calmo e
sereno. Confie em Deus que não desampara nenhum de seus filhos. Nenhuma dor é
eterna e, tudo, mais cedo ou mais tarde, passará. Nosso sofrimento começa a
desaparecer quando começamos a entender o significado da dor.
O estado de rebeldia e contrariedade em relação ao sofrimento agrava nossas
dores. Aceite tudo que lhe acontecer como vindo a seu favor e entenda que ninguém
sofre sem motivo.
Deus é nosso Pai sábio e amoroso e jamais nos enviará fardos mais pesados que
nossa capacidade de suportá-los.
A compreensão de que nada de mal nos acontece produz segurança interior.
Tenha compreensão e paciência diante das dificuldades surgidas.
André Luiz nos alerta dizendo: “a paciência em verdade é perseverar na
edificação do bem a despeito das arremetidas do mal e prosseguir corajosamente
cooperando com ela e junto dela, quando nos seja mais fácil desistir”.
Prossiga lutando por tudo aquilo que considera justo, honesto, verdadeiro e
confie que as tormentas passarão.
Jamais recue diante das dificuldades, pois elas são colocadas em nosso caminho
para testar nossa capacidade de superação. Se o momento nos exige paciência, lembrese de que Deus é paciência infinita.
Quando menos esperar as dores e dificuldades haverão passado, pois em um
minuto apenas a tormenta acalma, a dor passa, o auxílio vem, o amor parte, o ausente
chega e a vida muda.

XXXI - VIVAMOS O PRESENTE

Somos demasiadamente preocupados com o futuro. Essa preocupação com o dia
de amanhã traz apreensão, medo e insegurança. Preocupamos em demasia com contas a
pagar, com os negócios, com a saúde e com o que haveremos de comer, beber ou vestir.
Essas preocupações nos trazem ansiedade e sofremos com a expectativa do que
nos pode acontecer.
Através de pesquisas descobriu-se que de cada cem problemas com os quais nos
preocupamos, noventa e nove nunca acontecem. E quando acontecem há uma
intensidade bem menor do que foi imaginado.
Infelizmente somos pródigos em pensar e esperar sempre pelo pior.
Não vivamos, pois o dia de amanhã. O futuro a Deus pertence. Coloquemos
nossa segurança no momento presente. O hoje é a única coisa concreta que existe em
nossa vida. O amanhã é uma ilusão. Uma idéia do homem ansioso é quando viaja num
trem com uma mala bem pesada na cabeça. Ao invés de colocá-la no assoalho do vagão
teima em carregá-la. Desçamos as malas de nossas cabeças e nos empenhemos em viver
bem o presente para que sejamos felizes no futuro.
A ansiedade não resolve problema algum, ao contrário, o agrava.
O agora é o momento mais importante de nossas vidas. Jesus recomendou-nos
que: “A cada dia basta a sua preocupação” (Mt 6:34) e que: “Não vos preocupeis com a
vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem com vosso corpo, quanto ao que haveis
de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa?”(Mt
6:25).
Vivamos o presente da melhor maneira e entreguemos a Deus nossas angústias,
fobias e ansiedades futuras.

XXXII - CUIDADO COM OS PENSAMENTOS

O que somos é o resultado do que pensamos. Para nos sentir melhor temos que
pensar melhor. A mente faz a bondade e a maldade, a tristeza e a alegria, a riqueza e a
pobreza. O homem é o retrato do que pensa.
Se mudarmos nossos pensamentos, mudaremos a nós mesmos e o rumo de
nossas vidas.
Às vezes nos deprimimos porque estamos enviando sistematicamente
pensamentos negativos para nós próprios.
Entretanto, podemos aumentar maravilhosamente nossa saúde e felicidade,
controlando nossos pensamentos. Pensar corretamente é habilidade que se adquire e se
desenvolve.
William James, o pai da psicologia moderna afirmou: “A maior descoberta da
minha geração é que os seres humanos, alterando suas atitudes mentais (pensamentos),
podem alterar a própria vida”.
É certo, porém, que não é fácil evitar pensamentos negativos. Apesar disto,
podemos com esforço, policiá-los, e até mesmo, interrompê-los. Uma tática muito usada
é boicotar as mensagens negativas caso elas surjam, utilizando o controle de uma só
palavra: Pare!
Quando o pensamento mau começa a surgir, dizemos logo: Pare!
Uma vez afastados os maus pensamentos, teremos logo que substituí-los por
pensamentos positivos. Tenha sempre um pensamento previamente preparado.
Pense em algo agradável que lhe aconteceu.Temos que nos acostumar a criar o hábito de lembrar sempre do melhor que
temos em nós, do que realmente pretendemos ser, e sobretudo, lembrar-nos das coisas
que fizemos e que mereceram o elogio dos outros.
Não há maneira melhor de esquecermos nossos males que começarmos a
trabalhar em favor de nossos semelhantes.
Trabalhar ajuda muito nossa condição mental, pois envolvidos com o trabalho,
não temos tempo para vagar nossos pensamentos. Mente vazia é mente sujeita a
obsessão.
Vigiemos nossa mente e coloquemos o Cristo como o sol de nossas vidas.

XXXIII - O MAIOR TESOURO

Procure o quanto possa desapegar-se dos bens materiais, pois são verdadeiras
algemas que podem lhe trazer muita dor e sofrimento.
Viva com a certeza de que nada no mundo nos pertence. Quando daqui sairmos
nada levaremos a não ser o bem que proporcionarmos aos nossos semelhantes.
Quando partirmos, aqui deixaremos tudo, até mesmo nosso corpo. Nu entramos
no mundo e nu sairemos dele.
Somos apenas usufrutuários dos bens recebidos pela Providência Divina. O
usufrutuário é aquele que detém os poderes de usar e gozar de um bem imóvel não
sendo, porém, seu proprietário. Perante as leis cósmicas, tudo pertence a Deus e nada
nos pertence definitivamente, perfeitamente.
Ao partirmos desta vida, não poderemos levar nem mesmo um alfinete. Tudo
ficará aqui, porque nada nos pertence.
Mesmo em vida, ninguém poderá dizer que tem a propriedade eterna dos bens.
Quem garante o que nos sucederá no dia de amanhã?
Grandes fortunas se desmoronam de um dia para o outro.
Tenhamos cuidado também com os muitos elogios e lisonjas, pois na maioria
das vezes eles são dirigidos mais ao cargo que ocupamos do que à nossa pessoa.
É bom até mesmo desapegarmos demasiadamente das pessoas que amamos
muito, pois ao partirmos, sofreremos menos.
A verdade é que os homens não possuem como seu, nada, senão aquilo que
podem levar deste mundo.
Ao invés de ajuntar tesouros que a traça e a ferrugem consumirão, melhor seria
se ajuntássemos os tesouros das boas obras do bem que praticarmos em favor de nosso
próximo, porque essas riquezas, sim, nos acompanharão além-túmulo.
A alegria do bem que realizamos é o maior tesouro que podemos obter.

XXXIV - HARMONIZAÇÃO E SAÚDE

Dizem os psicanalistas que o homem totalmente sadio sob o ponto de vista físico
e psíquico, é quase uma utopia. Somos quase que todos na maioria, enfermos.
Nosso grande erro tem sido procurar apenas nas farmácias nossa saúde e
felicidade, esquecendo que a doença sempre nasce em nosso interior. As moléstias,portanto, refletem a enfermidade da alma. Um corpo saudável reflete atitudes corretas e
perfeitas da mente. Se alimentarmos nosso íntimo com pensamentos saudáveis de amor,
bondade e compreensão, dificilmente nos enfermaremos. A saúde é, pois a
harmonização do indivíduo para com as leis espirituais, que do mundo oculto atuam
sobre o plano físico.
Se maltratarmos nosso íntimo com pensamentos negativos de descrença de
medo, de raiva e vingança, estaremos propensos a adoecer. Por isso é muito comum o
aparecimento de inúmeros distúrbios orgânicos, quando passamos por contrariedades,
estresse ou ansiedade. Todas as vezes que entramos em desarmonia com as leis de Deus,
estamos indiretamente provocando doenças e desequilíbrios em nosso corpo somático.
O volume de ódio, cólera, ciúme, egoísmo, luxúria, cobiça que imprudentemente
acumulamos no nosso íntimo, são fatores preponderantes para o surgimento de
distúrbios orgânicos e psíquicos.
Vivamos, portanto, profilaticamente na certeza do preceito bíblico de que: “Se
procurarmos as coisas de Deus, tudo o mais (inclusive a saúde) nos será dado de
acréscimo.” (Pv. 8:17).
Nada é mais saudável para nosso corpo e mente que a luta que temos de realizar
em nós mesmos, para que possamos enterrar definitivamente o homem velho cheio de
aflições e dificuldades, a fim de surgir o homem novo pleno de amor e paz.
O caminho para essa transformação não está nos remédios e sim na observância
do código mais simples e perfeito que foi ditado aos homens, que é o Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo.

XXXV - CUIDADO COM O LINGUAJAR

Tenha muito cuidado com suas palavras, pois elas refletem seu íntimo. Evite o
palavreado chulo, grosseiro e pouco recomendável.
Lembre-se sempre que: “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6:45)
Tenha cuidado com o que fala, tanto no linguajar, quanto nas conversas pouco
edificantes que ferem, atacam e caluniam. Sem que percebamos, as palavras sempre
voltam contra nós mesmos.
O apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios (4:19) nos exorta equilíbrio no falar,
dizendo: “Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe e sim unicamente, a que for
boa para promover a edificação, para que dê graças aos que a ouvem.”
De todas as poderosas armas de destruição que o homem foi capaz de inventar, a
mais terrível e covarde, é a palavra. Quantos crimes e quantos lares já foram desfeitos
com nossa maledicência? Uma arma de fogo, uma bomba e um punhal, deixam rastros
de sangue. A palavra, no entanto, consegue destruir sem pistas.
Procure ver se você está utilizando bem essa arma. Todo o bem que se fala e que
se deseja a alguém, retorna multiplicado.
Guardar o equilíbrio das palavras é nosso dever e temos sempre que lutar por
consegui-lo.
Use sempre palavras positivas de estímulo e encorajamento para todos que
cruzarem seus caminhos.
Evite o linguajar não condizente com sua conduta de cristão.
Aceite os conselhos sábios do apóstolo dos gentios: “Não vos enganeis; as más
conversações corrompem os bons costumes.” (I Co 15:33).XXXVI - PENSAR PRIMEIRO
O primeiro dever de um homem é aprender a se conhecer e dominar-se dizia
Pitágoras: “Aprende, como uma das tuas primeiras obrigações, a dominar-te a ti
mesmo.” Temos que educar a nós mesmos, coordenar nossas idéias governar nossas
paixões. Para alcançarmos esse domínio sobre nós mesmos é imprescindível grande
esforço individual.
Jamais governaremos os outros se ainda não temos condições de nos governar.
O homem que sabe dominar seus nervos e seus sentimentos, acalmar sua
emotividade e dominar sua ira, deixa de ficar à mercê dos acontecimentos.
O homem que não tem controle dos seus atos e o domínio de seus pensamentos
está sujeito a encolerizar-se facilmente.
Tenha, cuidado e fuja o quanto possas da cólera, pois ela enfraquece a nossa
vontade e obscurece a nossa razão. Diz Massillou: “Consome mais forças, um excesso
de cólera do que oito horas de trabalho”.
O homem sábio domina suas próprias paixões, e nunca esquece das rédeas que
aprimoram sua conduta.
Pense primeiro, para só depois se expressar, evitando assim falar o que não se
deve. O homem que fala tudo o que vem à sua mente sem filtrar o pensamento é um tolo
e inconseqüente.
Venha o que vier aos nossos pensamentos, só poderemos nos expressar pela
palavra, após examinarmos as idéias selecionando os assuntos, a fim de que eles sirvam
de instrumentos de paz e alegria.
Buda sabiamente diz: “Tudo o que somos é resultado do pensamento. Se uma
pessoa fala mal e age com maus pensamentos, o sofrimento o segue como as rodas que
seguem os pés dos bois que puxam o carro. Se uma pessoa fala e age com bons
pensamentos, a felicidade o segue, como a sombra que nunca o abandona”.
Não se esqueça nunca desta verdade: “Somos os comandantes de nossas vidas e
os únicos criadores de tudo o que nos acontece, quer de bem, quer de mal”.
Pense primeiro para se expressar depois.

XXVII - “A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE”

Se está muito enfermo, não se desespere. Confie seus temores e aflições ao
Poder Supremo. Tenha fé inabalável e sem limites de que tudo vai dar certo.
Faça um exame profundo de sua própria pessoa, e encontrará no âmago de sua
personalidade, a resistência que o Criador ali colocou, quando lhe deu vida.
Sabia Ele muito bem que você teria de enfrentar diversas situações difíceis nesta
existência, e o criou à altura dessas dificuldades. Você é realmente mais resistente do
que supõe. Treine ver-se não como pessoa fraca e vacilante, mas sim, forte, controlada e
resoluta.
Diga sempre para si mesmo: “Deus me fez forte. Com a ajuda de Deus não sou
fraco, e sim, forte. Tenho o necessário para enfrentar o que vier”.Não pense em abandonar a vida, porque isto seria uma covardia vergonhosa de
sua parte.
Podemos perder tudo, menos a esperança. Trazemos dentro de nós, forças
interiores com extraordinário poder curativo. E a mobilização de tais forças, dependerá
muito da crença em nossos amigos espirituais e no nosso desejo interior de viver.
Na maioria das vezes, nós morremos de fato, quando decidimos morrer.
A sabedoria popular nos ensina que enquanto há vida, há esperança e nós temos
que acreditar que assim seja. Não está, por acaso, a história da medicina repleta de casos
“irremediavelmente perdidos”, que se recuperaram?
Lute, reaja e não se deixe vencer pelo pessimismo, aceitando de modo passivo o
que dizem os médicos. O pensamento positivo e a fé em Deus produzem, de fato,
resultados proveitosos por mais difíceis que possam parecer.
Lembre-se sempre das palavras do apóstolo dos gentios: “Tudo podemos
Naquele que nos conforta, tudo podemos Naquele que nos fortalece.” Tudo podemos
fazer com a ajuda de Cristo; pois Ele sempre nos dará as forças e o consolo de que
necessitamos.

XXXVIII - “PERDOANDO QUE SOMOS PERDOADOS”

Por maior que seja o mal que lhe proporcionem, nunca se sinta incapaz de
perdoar seu ofensor.
Se ainda não tem condições de esquecer o grande mal que lhe fizeram, pode por
outro lado, perdoar de coração.
Quando insistimos em não perdoar, o ódio e o rancor que enviamos ao nosso
adversário, nos atinge em primeiro lugar.
Quando perdoamos e amamos, somos envolvidos pelo amor, quando não
perdoamos e odiamos, somos envolvidos pelo ódio. É uma lei natural. Se semearmos
amor, colheremos amor, se semearmos ódio, colheremos ódio.
Na maioria das vezes, as pessoas que nos fazem mal, carregam pesados fardos e
inúmeros tormentos. Jesus do alto do Gólgota, entre dois ladrões, pede ao Pai, perdão
para seus ofensores, pois viam neles mais ignorância do que maldade. Diante da traição
de Judas, continua tendo-o como amigo. Quando Pedro lhe questiona se era lícito
perdoar sete vezes, responde: “Não sete, mas setenta vezes sete”. (Mt 18:22)
Se refletirmos bem, e fizermos um apurado exame de consciência, perceberemos
que erramos muito. Sendo assim, não temos muitos motivos em não perdoar.
Quem de nós está isento de erro, para poder levantar o dedo e acusar o próximo?
Jesus diante da pecadora que fora pega em flagrante adultério, disse aos
acusadores que, quem estivesse isento de faltas, que atirasse a primeira pedra.
Às vezes temos dificuldades de perdoar devido a grande dose de maldade,
violência ou sordidez cometidas contra nossa pessoa. Esquecer de alguém que nos fez
mal torna-se difícil, entretanto, perdoá-lo, é possível.
Podemos não esquecer do fato, mas, podemos perdoar, rezando e desejando todo
bem para nosso desafeto.
Quanto mais evoluído é o espírito, maior é sua capacidade de perdoar, pois
somente homens profundamente espirituais se sentem absolutamente inofensíveis.
O iluminado espírito Francisco de Assis diz em oração que: “É perdoando que
somos perdoados...”.

XXXIX - INGRATIDÃO

Procure sempre fazer o bem a todos que cruzarem teus caminhos.
Faça sempre o melhor em favor de seu próximo, sem esperar nenhuma
recompensa, nenhum reconhecimento.
Nunca se revolte contra os atos menos felizes dos companheiros de jornada que
retribuem com indiferença e orgulho o bem recebido. Fazer o bem esperando benefícios
é ser egoísta, pois o benefício desinteressado é o único agradável a Deus. Quem cobra
gratidão é mero vendedor de benefícios.
Aquele que procura na terra a recompensa do bem que faz, não a receberá no
mundo espiritual.
Deus permite que seja pago com a ingratidão para que possa alcançar a
perseverança em fazer o bem.
Os benefícios acabam por abrandar os mais duros corações e se forem
esquecidos neste mundo, jamais o serão no outro. Um benefício jamais se perde.
Faça o bem desinteressadamente sem se deixar desencorajar pelas decepções.
Seja grato a quem lhe beneficia, mas nunca exija gratidão a quem beneficiar.
Emmanuel diz: “Se o ingrato percebesse o fel da amargura que lhe invadirá,
mais tarde o coração, não perpetuaria o delito da indiferença”.
A ingratidão constitui doença da alma que poucos de nós pode considerar-se
imune.
Procure compreender seu próximo e não magoe aqueles que o beneficiou.
Os melindres e desentendimentos surgem sempre quando cobra-mos amizade,
respeito, consideração e compreensão daqueles que eventualmente beneficiamos.
Quem se doa em benefício de um filho, de um amigo, de um necessitado, jamais
deve pensar em retribuição.
Sirva sem perguntar, ampare com amor, socorra sem condições e estará
seguindo os passos de Jesus de Nazaré.
Já imaginou o que seria de nós se Jesus magoado com nossa ingratidão
resolvesse nos abandonar?
Sirva e esqueça os ingratos, que acabarão mais cedo ou mais tarde defrontandose com a própria consciência.

XL - A MORTE NÃO EXISTE

Não permita que o medo da morte estrague o restante de seus dias sobre a terra,
pois verdadeiramente a morte não existe. Morrer não é o fim. A morte significa apenas
mudança de plano de vida. Monteiro Lobato dizia: “quando morremos passamos do
estado sólido para o gasoso, mas continuamos a ser os mesmos”.
A nossa essência é espiritual. Com a morte, abandonamos o corpo físico, mas o
espírito continua sua jornada evolutiva em outra dimensão.
Morrer é fatalidade que nos aguarda e devemos esperar a morte com serenidade
e confiança, pois ela é degrau para a ascensão espiritual de todos nós.Depois da morte, continuaremos a ser o que já somos. A morte não nos fará nem
melhores, nem piores do que realmente somos.
Portanto, procure ser agora antes da morte, aquilo que deseja continuar sendo
depois dela.
Jesus deu-nos provas de que a vida continua depois da morte ao aparecer para
seus discípulos, após a crucificação por inúmeras vezes.
Os espíritos dos chamados mortos continuam em todos os quadrantes de nosso
orbe, demonstrando que realmente não morreram, mas sim partiram mais cedo do que
nós. Aparecem aos vivos, mandam mensagens escritas, aparecem em nossos sonhos,
falam aos nossos ouvidos testemunhando a continuidade da vida após a morte. Vários
médicos fizeram relatos de pacientes que passaram pela experiência de quase morte, que
aparentemente tinham morrido, mas instantes depois, voltaram ao corpo com
depoimentos sobre o outro lado da vida.
Viva como espíritos eternos e afaste definitivamente a idéia de que a morte é o
fim, e nada tema porque sabemos que continuamos vivos para sempre.
A dor é transitória, a doença também. Tudo está em processo de transformação.
Ninguém morre. A vida eterna já está sendo vivida por nós, porque a morte não
existe.

XLI - MULTIDÕES

Não se prenda às opiniões da multidão! As multidões são hipócritas e
interesseiras.
Lembre-se de que a mesma multidão que ovacionou Jesus na sua entrada
triunfante em Jerusalém, em menos de uma semana gritava a plenos pulmões: “Morra
Jesus de Nazaré, liberdade e vida para Barrabás! (Mt 27:20).
Viva sua vida de acordo com sua intuição e de acordo com as luzes que lhe
chegam do alto.
Libertemo-nos do referencial externo e não nos deixemos atingir interiormente
pelo julgamento das pessoas. Ao contrário, privilegiemos nossos próprios valores e não
aqueles que nos querem impor.
A multidão julga o lado exterior. Nosso íntimo só Deus conhece.
Jesus sempre esteve acompanhado de multidões surdas, interesseiras e egoístas,
que rodeavam-no na única esperança de curarem seus males físicos e espirituais.
Agradava-lhes apenas a perspectiva do “milagre”. A grande maioria não entendia sua
mensagem libertadora, que era muito mais dirigida a curar a paralisia de nossas almas
do que as enfermidades do nosso corpo.
Deus é nosso Pai, e como pai amoroso, não desampara nenhum de seus filhos.
Nos deu as condições e os meios para lutar e superar problemas.
Nossa felicidade e nossa libertação depende apenas de nossos atos e ações.
A paz que almejamos só virá quando libertarmos de nossas paixões e apego às
coisas materiais.
Ouçamos, portanto, Jesus de Nazaré e amemos sempre, não dando ouvidos nem
valor às opiniões da multidão, que tudo faz para que sejamos iguais a ela, sem
personalidade e sem opinião própria.
Amemos cada vez mais nosso próximo, mas não nos iludamos com as multidões
que são sempre surdas, interesseiras, incoerentes e egoístas.Enquanto a multidão prossegue gritando por Barrabás, Jesus continua a nos
esperar na grande tarefa que a só nós compete realizar: a de nossa transformação moral.

XLII - CONHECERMO-NOS

Allan Kardec, nosso emérito codificador, perguntou aos espíritos: “Qual o meio
mais prático eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida, e resistir ao
arrebatamento do mal?”.
Os benfeitores da humanidade responderam:
— Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”.
O caminho, portanto, para nossa harmonização é conhecermo-nos. A verdade é
que somos ilustres desconhecidos de nós mesmos. Não fazemos idéia de quem somos e
qual será nosso comportamento diante de determinada situação.
Pelo desconhecimento de nossos sentimentos, tomamos, algumas vezes, atitudes
equivocadas que nos fazem sofrer muito. Não temos o costume de nos avaliar, de
analisarmos profundamente nossa intimidade e nossos atos.
Um bom roteiro para uma auto-análise, seria tentarmos responder as seguintes
indagações:
1) Em que proporção consigo dominar meus instintos?
2) Em que grau, controlo minhas emoções e impulsos?
3) Em que medida me abandono aos excessos?
4) Como reajo ante frases ou palavras desagradáveis?
5) Sou vaidoso, orgulhoso, ciumento, rancoroso?
6) Tenho sempre feito mal a alguém com palavras, atos ou ações?
7) Gosto da maledicência?
8) Em que proporção estou contribuindo para o bem dos demais?
Afirmam nossos mentores espirituais, que reconhecer a própria situação interior,
já é sinal favorável de adiantamento, visto que nos conduz ao aperfeiçoamento moral.
Estamos sempre num grande conflito moral diante do que somos e o que
gostaríamos de ser. Se persistirmos, iremos notar que é difícil, mas não é impossível
avançar muitos passos.
Quando entendermos que vitoriosos seremos não por vencermos nossos
adversários e sim a nós mesmos, compreenderemos o estado de guerra intensivo a que
se referiu Jesus quando disse: “Não penseis que vim trazer paz a terra, não vim trazer a
paz, mas a espada” (Mt 10:34)
A guerra deve ser contra nossos vícios e paixões, contra os velhos hábitos e
sentimentos inferiores.

XLIII - COMANDANTES DE NOSSAS VIDAS

Creia sempre nesta verdade: Nossa felicidade ou infelicidade depende apenas de
nós mesmos. Nunca queira se colocar na condição de vítima, acusando, “Isso ou
aquilo”, “esse ou aquele”, por suas dores e desditas. Somos nós mesmos os responsáveis
por tudo de bom ou de ruim que acontece conosco. Somos comandantes de nossasvidas. Se insistirmos em fazer o mal, em pensar no mal, estaremos forçosamente
atraindo a dor, o mal e o sofrimento. Ao contrário, se nos esforçamos para fazer o bem e
procurar pensar sempre no bem, estaremos trazendo paz e felicidade para nossa vida.
Tudo nos será possível se tivermos fé inabalável em nossas potencialidades, se
acreditarmos nas palavras de Jesus que disse: “Tudo é possível ao homem que crê” (Mc
9:23).
Se estamos passando por uma grande dificuldade, por uma provação, por grande
tempestade em nossas vidas, não desanimemos jamais e sigamos em frente, confiando
que os horizontes logo se desanuviarão e o sol voltará a brilhar. Dores e provações são
provas que temos que submeter para testar nossa paciência, nossa fé e resignação.
Não há dificuldade que não tenha solução, que possa ser maior que a capacidade
de superação que jaz no mais profundo de nosso ser.
Felicidade, portanto, depende de nós, é opção pessoal.
Quando Jesus disse que: “O reino dos céus estava dentro de cada um de nós” (Lc
17:21), nos conscientizava da luta que nós, seus discípulos, temos que travar contra
nossas imperfeições.
Avance em direção a Jesus de Nazaré. Se dermos um passo, a espiritualidade
poderá nos dar um empurrão, mas se permanecermos de braços cruzados como meros
espectadores, nenhuma ajuda poderá nos ser concedida.
Se Deus nos deu a farinha, cabe-nos o esforço de fazer o pão. Se Deus nos deu a
vida, cabe-nos o esforço de dignificá-la.

LIV - VONTADE

Poucos em nossa sociedade são criticados pelo fato de fumar, beber, jogar, ou
ter suas aventuras sexuais ilícitas.
Nossa sociedade é por demais permissiva e tudo isso é tido como “costumes da
época”.
Quanto mais profano é o homem, mais alheio ele é aos perigos e às
conseqüências que esses hábitos nos acarretam.
Nossos jovens estão cada vez mais envolvidos com a problemática dos tóxicos,
levando-os às mais trágicas e dolorosas experiências, enquanto enriquecem as secretas
organizações que manipulam o submundo dos traficantes.
Condicionados como somos pela mídia, como poderemos reagir a tantos vícios e
a tanta permissividade? Qual o caminho para afastarmos definitivamente desses males?
Nossos amigos espirituais nos ensinam que para superarmos os defeitos mais
enraizados no nosso espírito, precisamos, sobretudo, fortalecer nossa vontade através do
nosso querer.
Nunca se convença de não ser capaz de fazer isto ou aquilo; nunca seja negativo
a ponto de afirmar que é impossível. Primeiro pense que é capaz, depois trate de tentar e
tentar de novo e, por fim, verificar que é mesmo capaz.
O princípio do querer é poder, é válido e viável até mesmo nas circunstâncias
mais difíceis. Tudo é possível ao homem que crê e que entra em comunhão com seu Pai
Celestial.
Ao contrário, quando imaginamos que não podemos fazer alguma coisa, estamos
já determinando que não iremos fazê-la; consequentemente essa tarefa ser-nos-á
impossível.Quando nossa vontade decide atingir um objetivo, força nosso corpo, nossa
mente e nosso espírito para o alvo escolhido.
Walter Doyle disse que: “Quando você se vê freqüentemente atingindo uma
meta em sua imaginação, começa a acreditar que pode atingi-la na vida real”.
Pensemos seriamente em abandonar logo o fumo, a bebida, o jogo, a gula e o
sexo desvairado, pois comparados com o orgulho, a vaidade, a inveja, a avareza, o ódio,
a vingança, o personalismo, a maledicência e a intolerância, são vícios fáceis de
desfazer. Mas não nos esqueçamos de que para vencermos nossos vícios e nossas más
tendências, necessitamos da mesma ferramenta, que é a “vontade”.
Por isso, Allan Kardec disse que: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral, pelos esforços que empreende em domar suas más inclinações”.

XLV - SER VELHO

Desde o dia que nascemos, envelhecemos progressivamente. Jamais
mantenhamos a idéia da velhice, porque quer queiramos ou não, a ela chegaremos
naturalmente. Não são os anos que nos envelhecem, mas sim a idéia de ficarmos velhos.
Há pessoas que são jovens aos oitenta anos e outros que são velhos aos quarenta.
A juventude ou velhice não fazem parte de um período de nossas vidas, e sim,
de um estado de espírito.
Não é por termos vivido um certo número de anos, que envelhecemos.
Envelhecemos quando perdemos o ideal, a alegria de viver e a alegria de amar.
A decisão de não sermos um velho infeliz, ajuda e muito a termos uma velhice
saudável.
A primeira idéia é não “desligar-se” do mundo e da vida, não a dando por
encerrada.
É preciso continuar aprendendo, acreditando, amando, sonhando e, portanto,
vivendo.
Procuremos um tipo de objetivo ou meta que dê sentido à nossa vida. Pode ser
um trabalho ou um hobby; ver crescer os netos; um livro que se pretenda escrever;
quadros que se deseje pintar; um curso a fazer; uma sonhada viagem; algo enfim que
confira interesse à nossa vida.
Manter, sobretudo acesa a busca e o desejo do prazer que a vida nos proporciona
para que nunca percamos o prazer de viver.
A velhice nunca pode por medo, entristecer o homem que crê que tem fé na
imortalidade de seu espírito e na sucessão de sua vida.
Ao invés do medo da velhice, usufruamos das vantagens que ela nos traz, quais
sejam: a tranqüilidade da missão cumprida, o alívio das responsabilidades de criar e
educar, a prazerosa sensação de ter testemunhado a vida acontecer e a sabedoria
adquirida com os anos vividos.
O velho de hoje será o jovem de amanhã, pois a verdade é que: “Nascemos,
vivemos, morremos, renascemos ainda, progredindo sempre sem cessar”.

XLVI - ALEGRIA E SAÚDE ESPIRITUAL

Um sorriso sincero e amigo vai bem em qualquer situação.
Quando sorrimos, estamos dando a alguém uma parcela de nós mesmos. Com
um bom sorriso, podemos viajar ao redor do mundo, fazendo amigos sem precisarmos
dos serviços de um intérprete. Um sorriso dado a garçons, porteiros, motoristas e
empregados podem fazer verdadeiros milagres.
Num mundo difícil como o que encontramos é importante estabelecermos a paz
e a cordialidade através da nossa alegria.
A alegria é saúde espiritual. Mesmo quando estamos sofrendo, é necessário
mantermos o sorriso. O sofrimento pode ser nosso, mas temos o dever de doarmos
alegria ao nosso próximo.
Há um ditado que diz: “o bom humor, faz sorrisos, os sorrisos fazem amigos e
os amigos valem mais que uma fortuna”.
Habituemo-nos a distribuir sorrisos a mãos cheias. Esforcemos para mantermos
nosso senso de bom humor em funcionamento em todas as ocasiões.
Assim fazendo, estaremos procurando fazer do mundo, um lugar mais alegre,
mais divertido, mais ensolarado.
Jesus nos pede: “reconcilie-se com o seu adversário enquanto estás a caminho”
(Mt 5:24).
Na verdade, não poderemos reconciliar com os outros sem que haja uma
reconciliação conosco mesmo.
Portanto, o que Jesus também está a nos solicitar é a pacificação de nós mesmos.
Temos que tentar modificar nosso mundo interno para que sejamos felizes.
É uma grande ilusão de nossa parte tentarmos consertar o mundo interno do
outro, descuidando do nosso.
Ninguém pode doar paz e levar alegria a outras pessoas se ainda não estabeleceu
dentro de si a paz e o compromisso com a alegria.
Paz e alegria vêm do nosso íntimo, do nosso interior. Jamais seremos felizes de
uma hora para outra se não estivermos dispostos a mudar nosso interior.
Quando mudarmos, o mundo ao nosso redor estará mudado.
A alegria é o nosso dever primordial, no desempenho de todos os deveres que a
vida nos assinala.

XLVII - NÃO DESANIMES

Nunca desanimemos de caminhar rumo ao nosso aprimoramento. Se já estamos
sinceramente comprometidos com nossa evolução, sigamos à frente apesar dos
percalços e dificuldades da caminhada.
Se já detemos bons conhecimentos teóricos, mas ainda assim erramos muito, não
desanimemos jamais. É caindo, levantando e caminhando que chegaremos ao objetivo
do qual almejamos.
Procuremos compreender e amar cada vez mais nosso próximo, pois ele é a
ponte que nos liga à divindade. Perdoemos incondicionalmente a todos que cruzarem
nossos caminhos, mas não esqueçamos de perdoar também a nós mesmos.
Nosso passado deve ser esquecido, pois de posse do arado, não é bom olharmos
para trás. Perdoe o passado. Aprenda com ele e desapegue-se dele.
Caminhemos à frente mesmo caindo e por vezes errando.A direção é que importa e não a velocidade. Se estamos no caminho certo,
prossigamos nossa marcha.
Se perceber que está se tornando uma pessoa mais amorosa, mais tolerante, mais
caridosa e menos violenta, estará no caminho certo.
Todos nós podemos uma vez ou outra desviar de nossa caminhada seguindo
trilhas erradas, mas com confiança em Deus e orações, mais cedo do que imaginamos
encontraremos o caminho de volta.
Não se perturbe com dificuldades, espinhos e tempestades que por ventura
encontrares no caminho, pois essas dificuldades, serão provas que se enfrentadas com
fé, ajudarão à nossa evolução.
Podemos às vezes, ter a impressão que estamos dando dois passos à frente e um
para trás, mas é assim mesmo.
É isso o que acontece quando estamos encarnados e com a forma humana.
Nossa iluminação é processo lento e árduo, que requer disciplina, perseverança e
força de vontade. É mais do que natural que algumas vezes queiramos parar e desanimar
de vez em quando. Isto não significa regressão. Estamos descansando, tomando novas
forças para prosseguirmos.
Nosso progresso não é linear. Às vezes sentimos que progredimos muito em
alguns aspectos e ainda somos fracos e insipientes em outros. É importante não nos
exigirmos demais. Evolução não dá saltos.
Confiemos que Jesus vai à nossa frente torcendo por nossa vitória e sempre nos
esperando de braços abertos.

XLVIII - AO LADO DAS PESSOAS CERTAS

Não é por acaso, nem por coincidência que nascemos em nossas famílias. Não
estamos nunca ao lado das pessoas erradas.
Há razões para tudo, e não existem coincidências nas trilhas do destino.
Por isso é errôneo pensarmos que estamos casados com a pessoa errada ou que
não merecemos aquele filho mais problemático. Na maioria das vezes não temos os
esposos, esposas ou os filhos que sonhamos, mas sim os que merecemos.
No lar nem tudo são flores, pois como diz Chico Xavier, o lar é o cadinho das
provações, recanto e reencontro de almas irmãs, beneficiadas ou prejudicadas por nós
no passado.
Relacionamentos precisam de cuidados e atenção. Dedique tempo e energia ao
seu companheiro e aos seus filhos. Não caia na rotina. Renove o relacionamento através
de ações amorosas.
O casamento é como uma plantinha tenra, deve ser cuidada sempre e regada com
o carinho da afetividade.
Ajude seus filhos e seus parceiros a pensarem e realizarem seus planos de vida e
seus objetivos.
A harmonia doméstica é conseguida com amor, compreensão e tolerância.
Somos imensamente carentes de afeto e por isso todos nós precisamos dar e
receber amor.
Tenha muito cuidado com as discussões.
O desequilíbrio de nossas palavras podem provocar verdadeiras tragédias que
mais cedo ou mais tarde voltarão contra nós mesmos.Guardar o equilíbrio de nossas palavras é nosso dever. Não fale sem antes
refletir. É sempre mais seguro ficar em silencio, ouvindo e tentando compreender.
Nunca fale ou aja quando estiver com raiva. As palavras têm um efeito
duradouro e muito poder, não é fácil esquecê-las. Nunca fale sob efeito do álcool e de
emoções oriundas do ódio.
O que você fizer a partir do amor, a partir do seu coração, retornará a você dez
vezes multiplicado.

XLIX - MEDO DA MORTE

O medo da morte tem sido um grande mal que nos persegue desde que nos
entendemos por gente. A morte ainda é um grande tabu a nos amedrontar de tal maneira
que muitos atravessam a existência em pânico por ter um dia que enfrentá-la.
Quanto mais materializado é o homem, mais pavor sente da morte.
A nossa ignorância em compreendê-la tem sido a causa de sofrimentos
inimagináveis, desencadeadora de tragédias e de grande desconforto. O nosso apego às
coisas materiais e a educação cultural essencialmente materialista, tem sido a causa de
tantos temores.
O certo, é que um dia, todos teremos que morrer e nem por isso temos que nos
amedrontar. A morte para o cristão não deve ser entendida como o fim, o caos, a
desagregação total, pois a alma que é a nossa individualidade, é imortal. Temos ciência
de que o nosso corpo, mesmo quando bafejado pela saúde é um cárcere e os sofrimentos
que algumas vezes se experimentam no instante da morte, são um gozo para o espírito,
que vê chegar a termo seu exílio.
Portanto, não temos motivo algum para o pânico no momento do nosso
desencarne, principalmente se pautarmos nossa vida a favor do bem e do amor aos
nossos semelhantes.
Jesus sempre que se referia às pessoas sem fé, os chamava de mortos. Morto
para Jesus é a criatura árida de valores morais e espirituais, alguém que se ausentou
temporariamente da vida. A vida é eterna, alternando-se no plano físico e espiritual de
conformidade com nossas necessidades evolutivas.
Vivamos, portanto, cada dia como se fosse o último e nos preparemos com
confiança para esse acontecimento normal de nosso ciclo evolutivo.
Procuremos ao invés do medo, cultuar e seguir o Homem de Nazaré que
afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida e todo aquele que crê em mim mesmo que
morrer, viverá, e todo o que vive e crê em mim, ainda que morra, não perecerá”. ( Jo
11:25-26).
Preparemo-nos para a morte na certeza evangélica de que não encontraremos na
morte nada mais do que vida e vida em abundância.

L - ORANDO SEMPRE

A prece é tão necessária à alma como o alimento ao corpo. Quem utiliza a prece
constantemente, fica mais calmo, mais seguro e menos sujeito às forças desequilibrantes
por ligar-se às fontes cósmicas do poder supremo que é Deus.
Não existe prece sem resposta é o que informa André Luiz: “A prece, qualquer
que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde.”
Peçamos sempre, cada vez mais ao nosso Pai e nunca tenhamos vergonha ou
acanhamento ao pedir, pois foi a próprio Cristo que disse: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai,
e achareis; batei, e abrir-se-vos-á, pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e
a quem bate, abrir-se-lhe-á” (Mt 7:7-8).
Peçamos com absoluta certeza e seremos atendidos, pois Jesus não impôs
nenhuma condição para o atendimento, por parte de Deus, das solicitações feitas.
É necessário não duvidarmos de que vamos receber o que foi pedido.
Mantenhamo-nos na expectativa e na certeza de que o auxílio está chegando, e
que não nos faltará, pois, Ele disse também: “Tudo é possível aquele que crê” (Mc 9:23)
e: “Em verdade vos digo, se alguém disser a esta montanha, ergue-te e lança-te ao mar,
e não duvidar no coração, mas crer que o que diz se realiza assim, lhe acontecerá” (Mc
11:23).
Usemos em nossas preces a lei da fé que consiste na certeza de que tudo
podemos, se estamos harmonizados com Cristo.
Mantenhamos sempre o hábito da constância da prece, ligando-nos assim com
os espíritos superiores responsáveis pela execução da vontade divina. O apóstolo Paulo
nos exorta a: “Orar sem cessar” (Tess. 5:17), convidando-nos a criar um estado mental
de tal magnitude que nossos pensamentos estejam sempre emitindo uma vibração de
prece.
Não nos esqueçamos, porém, que apesar de Deus nos atender em todas as nossas
necessidades, nem sempre nossos pedidos coincidirão com aquilo que precisamos, uma
vez que somos atendidos conforme nossas carências reais e não, segundo o que
desejamos. Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade
para sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente
sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.
Oremos com fé e constância, na certeza de que tudo virá em nosso beneficio, até
mesmo aquilo que não coincidir com o que solicitamos.

XLI - PUREZA DE CONSCIÊNCIA

Sem que percebamos, somos invariavelmente testados em várias ocasiões de
nossas vidas.
Muitas vezes por um troco dado a mais, por uma carteira achada na rua, por um
objeto valioso encontrado numa mesa, num táxi, enfim, mil e uma situações que exigem
reflexão de nossa consciência.
Quantas vezes somos induzidos à desonestidade por pessoas inescrupulosas que
usando de mil artimanhas, nos induzem ao erro, solicitando-nos gorjetas e favores
escusos.
Entretanto, são nesses momentos, que o verdadeiro cristão precisa dar
testemunho de fidelidade e coerência com os ensinos de Jesus. Deixar-nos ser
corruptíveis é crime tão grave quanto o do corruptor. O corruptor não existiria se não
houvesse o homem corruptível.Não aceitemos insinuações desonestas que tendem retardar nosso progresso
espiritual.
Ao homem profano, esses pequenos problemas de consciência, não o aflige
tanto, quanto aflige o homem que está interessado na sua reforma, na sua melhora
interna. Nossa consciência é um grande tribunal, onde invariavelmente seremos bons
juizes, se pautarmos nossa vida pelos padrões da moralidade e da ética cristã. O que
parece excesso de zelo ou excesso de moralidade para o homem comum é ponto
fundamental de paz para o verdadeiro cristão.
Vivemos num mundo muito carente de valores éticos e morais. A maioria dos
homens quer ganhar a vida de qualquer maneira procurando sempre vantagem em tudo
que fazem. Não lhes interessam os meios, desde que cheguem aos fins.
Ao cristão importa, sobretudo, a paz de sua consciência, que é o juiz íntegro,
cuja toga não se macula, e cuja sentença ouve sempre, quer queira, quer não,
censurando sua conduta irregular.
No dizer do espírito Vítor Hugo: “A única ventura real que existe na terra, a
felicidade incorruptível que os bandidos não usurpam, e Deus valoriza, que o tempo não
destrói, e os vermes não corroem, é a pureza da consciência, é a satisfação íntima por
não haveres transgredido nenhum dos teus deveres morais, sociais e espirituais”.

LII - A PAZ ESTEJA CONVOSCO

Necessitamos imensamente de paz. Jesus sempre exortou-nos em consegui-la
através da vivenciação de sua doutrina: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo
14:27).
Tenhamos paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda
perturbam nossas existências.
Alimentando a guerra contra nossos semelhantes, nos perdemos nas trevas
exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Quando odiamos, desarvoramos longas sementeiras de amor construídas ao
longo de muitos anos. O ódio, a vingança e a maldade, são sentimentos muito comuns,
quando entramos em estado de guerra contra os semelhantes. É campo ideal para o
florescimento dos dois maiores cânceres que a humanidade possui: o orgulho e o
egoísmo.
Na invigilância de nossos atos, abrimos pesados carmas, pesadas dívidas que
deverão ser pagas futuramente com os aguilhões de tremendas dores e sacrifícios
impostos a nós, por mentes desequilibradas e enfermiças, através de dolorosos
processos obsessivos.
Amemo-nos, com a indumentária do amor e da caridade para defendermos nossa
estrutura psíquica de tais envolvimentos enfermiços.
Desistamos do ódio, do rancor e da maldade, trabalhando nosso interior para que
possamos viver em plenitude de paz. Substituamos toda e qualquer violência pela força
do espírito.
Substituir a força do espírito pelo espírito da força, é amealhar paz numa atitude
de tal confiança no amor e na justiça de Deus. Se tivermos de vencer alguém, que o seja
pelo amor, pela resistência pacífica, pela não violência, como nos sugeriu Gandhi.
De pedras nas mãos, de dedo em riste, jamais conseguiremos o bem que
desejamos.Emmanuel nos recorda que: “A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com
a lâmina voltada para baixo”.
Recordemos assim, que em se sacrificando sobre uma espada simbólica,
devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção de paz, com
felicidade e renovação.

LIII - CONHEÇE A TI MESMO

Entendamos de uma vez por todas que para que possamos melhorar, temos que
conhecer melhor a nós mesmos. Uma das frases que notabilizou o grande Sócrates foi:
“Conhece-te a ti mesmo”.
O conhecimento sobre nós mesmos e fator importante para nosso crescimento
interior.
A grande missão de Jesus foi sem dúvida, ajudar nosso progresso moral e a estar
em paz conosco e com nossos semelhantes.
Entretanto, para que possamos melhorar, é indispensável nos conhecermos e
sabemos que esta é uma tarefa difícil que requer sabedoria e esforço.
Precisamos constantemente nos analisar melhor, procurando saber quais são
nossas virtudes e quais são nossos defeitos, quais são nossas possibilidades e limitações
e o que deve e o que não deve ser mudado.
Com o próximo, através das relações humanas, aprendemos a identificar nossas
reações de comportamento e a discipliná-las.
A maior dificuldade que temos em nos conhecer, advém do nosso egoísmo, pois
normalmente preferimos um elogio falso a uma crítica construtiva.
Nossa tendência é de assumirmos o que é bom e atribuirmos aos outros o que é
ruim.
Fazemos muita questão em julgar e apontar erros do próximo, mas não temos
coragem de julgar a nós mesmos.
Allan Kardec na pergunta de número 919 em O Livro dos Espíritos, indaga qual
o meio mais correto de se conhecer, a si próprio, e o espírito Santo Agostinho nos
ensina: — “Fazei o que eu fazia quando vivi na terra: ao fim de cada dia interrogava a
minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo
se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever e se alguém não teria motivo para
se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim
necessitava de reforma”.
Habituemos a fazer perguntas claras e precisas à nossa consciência e seguir
Jesus de Nazaré, que aconselhou: “Amar ao próximo como a nós mesmo e fazer aos
outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem”.

LIV - ACEITANDO A MORTE

É natural que sintamos saudades e choremos nossos mortos queridos. Poucos
sofrimentos se comparam ao sentimento de um coração amargurado que um dia se
debruçou sobre o cadáver de um ente amado.Choremos, pois, nossos mortos sem nos deixar levar pelo desespero e pela
mágoa, porque os que acreditamos mortos estão mais vivos do que imaginamos. Eles
não partiram definitivamente, ao contrário, adentraram a porta da imortalidade para
viverem num espaço mais maravilhoso e sutil.
Retornaram apenas mais cedo do que nós.
Se estamos sofrendo com sua partida, eles também sofrem e se inquietam com
nosso desespero.
Tenhamos confiança e aceitemos a morte com paz e serenidade.
Sempre que podem, eles nos enviam mensagens dizendo as mesmas coisas: “Eu
te amo”. “Estou bem”. “Cuide-se, não sofra por mim.”
Convençamos que tudo que o Pai nos envia é para nosso bem, portanto, a morte
não é um mal, mas um bem para o homem.
Ghajali, famoso escritor persa, disse poeticamente: “Não chores os mortos, que a
vida não é mais do que a gaiola de onde os pássaros voaram”.
Libertos da carne somos espíritos livres, prontos para voar mais alto.
A morte é um fenômeno natural de natureza biológica e que nunca atinge a
essência do nosso ser que é o espírito.
Temos de nos familiarizar com ela, considerando-a com naturalidade, não a
transformando em tragédia ou em espetáculo inútil de desespero.
É necessário que nos preparemos para a morte, pois assim fazendo, estaremos
nos preparando para a vida em nova e mais grandiosa dimensão.
Coube ao apóstolo Paulo, explicar na 1ª Epístola aos Coríntios que temos corpo
material e corpo espiritual e que este corpo, o espiritual, é o corpo da ressurreição.
Há dois mil anos, Jesus de Nazaré, ensinou ao mundo, os princípios da educação
para a morte e enriqueceu seus ensinos com a exemplificação pessoal.
Exemplificou a própria imortalidade, ressuscitando em seu corpo espiritual.
Tenha confiança que num futuro mais próximo que imagina, estará junto dos
seus, comungando com eles os mesmos ideais de paz e fraternidade eterna.

LV - QUERENDO POSSUIR SEMPRE MAIS

O homem jamais será feliz por ser rico ou possuir muitos bens. Não é que ser
rico ou ter muitas coisas seja errado ou contrário às leis de Deus, mas o desejo de ter
sempre mais é que é prejudicial.
Enquanto pensarmos que quanto mais se tem é melhor, seremos infelizes por
estarmos escravizados à posse de bens materiais.
É interessante observarmos que a maioria das pessoas quando alcança um
objetivo material, começa a sonhar e a desejar insaciavelmente outro bem, às vezes de
maior valor.
Nunca estamos satisfeitos com o que temos e raras vezes agradecemos a Jesus a
bênção por tudo o que já possuímos. É lógico que temos sempre que trabalhar para
melhorar nossa vida e nossa condição social. É da lei de progresso que procuremos
melhorar sempre.
Entretanto, o que temos que evitar é de sermos possuídos por aquilo que sempre
estamos sonhando em possuir. Isso pode nos trazer frustração e infelicidade.
Aprendamos a dar mais valor à nossa verdadeira propriedade que consiste nos
bens da alma, que são a inteligência, os conhecimentos e as qualidades morais.O homem cristão sabe que se possuir somente bens materiais, não levará nada
consigo quando deixar o corpo físico.
Não tem, portanto a posse real desses bens materiais sendo por isso apenas
usufrutuário.
No plano espiritual, a moeda corrente é a caridade, ou seja, todo benefício
realizado em favor do próximo.
Pense nesta verdade: O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é
dado levar deste mundo, somente aquilo que o acompanhará quando deixar seu corpo
físico.
Uma propriedade só é legítima quando da sua aquisição, não resulta dano para
ninguém, pois contas nos serão pedidas de todo dinheiro mal ganho.
Que possamos trabalhar sem, contudo, deixarmos ser possuídos por esses bens
transitórios. Nunca esquecermos de que, no que concerne à soma de virtudes, pode o
operário ser mais rico que o príncipe.

LVI - É MAIS IMPORTANTE AMAR DO QUE SER AMADO

Diz a sabedoria popular que: “Os que amam vivem, os demais são mortos que
caminham”.
Realmente nada é mais grandioso, mais lindo, mais transcendental que o amor.
“Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” disse Jesus. (Jo 13:35)
Sem amor nada somos, pois o amor é infinito, só o amor é eterno. Todos nós
almejamos viver uma vida plena de amor.
Em vez de esperarmos que as pessoas nos ofereçam amor, é muito mais fácil
transformarmo-nos em fonte de amor.
O próprio Cristo nos ensinou que: “é mais bem aventurado dar, do que receber”,
(At 20:35).
Se nos sentimos abandonados, solitários e sem amor, experimentemos inverter
as coisas e ao invés de ficarmos frustrados com a falta de amor em nossas vidas,
experimentemos amar mais as pessoas que nos rodeiam.
Comecemos treinando, enviando pensamentos de amor para as pessoas e para
nós mesmos.
Abramos nossos corações para entendermos melhor as pessoas, sendo mais
bondosos, mais tolerantes, mais fraternos.
No doce sentimento do amor, renascerá sempre em nossos corações o
sentimento de fraternidade que nos faz ver em cada semelhante, um irmão.
Amemos cada vez mais apesar de nossas dores, de nossos problemas e de nossas
frustrações e iremos descobrir algo realmente transcendental: é muito mais importante
amar do que ser amado.
O amor que podemos doar pode ser controlado por nossos atos e ações
amorosas, já a recepção do amor, é algo que me foge ao controle.
Quando amo, o amor é minha própria recompensa.

XLVII - VIGIEMOS NOSSOS PENSAMENTOS

A natureza de nossos pensamentos é que determina nossa felicidade ou
infelicidade. Quando estou pensando bem, meus pensamentos são bons, quando penso
mal acontece o contrário e acabo sendo envolvido pelo mal.
Meus pensamentos estão intimamente relacionados com meus sentimentos. É
importante força de vontade e determinação para policiá-los. Pensamos
interminavelmente durante todo o dia e na maioria das vezes não percebemos que
estamos pensando.
É quase o que acontece com a nossa respiração, sabemos que respiramos sem
cessar, no entanto, não reparamos que estamos espirando quando por algum motivo a
respiração nos falta.
O pensamento funciona da mesma maneira, só que esquecer que estamos
pensando pode nos causar sérios contratempos e aborrecimentos. De uma hora para
outra podemos nos sentir infelizes, irritadiços, estressados, ciumentos. A razão disso é
que o pensamento sempre volta para nós, sob a forma de sentimentos.
A escolha, portanto, será sempre nossa. Com nossa mente criamos verdadeiros
monstros que nos perseguem e podem nos devorar. Com ela também criamos fantasias,
sonhos, céus, felicidade. Jamais nos tornaremos irritados sem ter tido pensamentos
irritantes, jamais faremos cenas de ciúmes sem antes termos tido pensamentos
ciumentos.
Quando nos sentirmos aborrecidos, melancólicos ou deprimidos, verificaremos
nossos pensamentos, pois o “mal pensar” poderá estar provocando esses maus
sentimentos.
Toda atenção é pouca para controlar nossa mente. Nosso pensamento negativo é
que transforma nossa vida para pior.
É bom também que não olvidemos que na fase evolutiva em que estamos,
nossos pensamentos podem ser influenciados por inimigos espirituais que ainda
comprazem em nos fazer mal.
Policiemos nossa mente e jamais nos esqueçamos do preceito evangélico do:
“Orai e vigiai” (Mt 26:41).

LVIII - TUDO PASSA

Temos que convir que passamos por momentos muito difíceis em nossa jornada
terrena. Às vezes a vida se nos apresenta como um grande espinheiro, colocando em
prova nossa fé e paciência.
Momentos há em que tudo e todos estão contra nós, momentos de céu cinza,
carregados de nuvens negras e ameaçadoras. Tempestades de problemas nos envolvem e
nos exigem soluções rápidas e difíceis. A dor passa a ser nossa companheira de todas as
horas.
É, entretanto, na hora da tempestade que temos de segurar nas mãos de Deus,
nos entregando a Ele, pois conhece as dores e as mágoas que nos afligem. A vida jamais
coloca sobre nossos ombros uma carga que esteja acima de nossa capacidade de
resistência. São nestes momentos difíceis que surgem grandes oportunidades de
crescimento.
Entretanto, temos que ter a certeza de que tudo passa em nossas vidas.Tudo tem começo e fim. Se recordarmos, verificaremos que já passamos por
inúmeras experiências muito difíceis e superamos todas.
O espírito Emmanuel nos ensina que: “Dificuldades e lutas assemelham-se a
materiais didáticos na escola ou andaimes na construção; amealhada a cultura ou
levantado o edifício, desaparecem uns e outros”.
Assim também acontece com a alegria e o prazer. Cada emoção e humor que
vivenciamos passaram fugazes por nossas vidas. Na vida tudo passa tudo se dissolve.
Acolher esta verdade em nosso íntimo vai nos consolar e nos fazer muito bem.
Aprendamos a conviver com esses estados d’alma e veremos que após uma noite
longa surgirá um novo dia e o sol voltará a brilhar.
Um momento presente é sucedido por outro momento presente.
Se vivemos momentos prazerosos gostaríamos que eles nunca se fossem, se
experimentamos a dor, gostaríamos que ela se fosse imediatamente.
Estejamos, pois preparados para aceitar o inevitável e assim sofrermos menos.

LIX - RELIGIÕES

Somos, de uma maneira geral, imensamente egoístas em nossas convicções
religiosas.
Temos a péssima mania de rotular nossas idéias. Chegamos às vezes ao cúmulo
em dizer que uma pessoa é muito boa, mas infelizmente, não é de nossa religião. Parece
que ser verdadeiramente bom, só é possível se a pessoa comungar conosco as mesmas
afinidades religiosas.
Não há coisa mais errada que pensar que só nossos irmãos de doutrina serão
salvos. Ser bom num mundo tão carente de valores morais já é muito.
Tenhamos a certeza de que ao chegarmos ao mundo espiritual ninguém nos
perguntará se fomos ricos ou pobres, deste ou daquele país, desta ou daquela religião,
mas sim, se fomos bons ou maus. Essa será nossa única bagagem para essa viagem que
todos teremos que fazer. Não rotulemos o amor e a bondade as estreitezas de nossas
convicções religiosas.
O reino dos céus, não está dentro apenas dos corações espíritas, nem dos
católicos, nem dos protestantes, e sim, dentro daquele que ama que é bom, e por ser
bom, é feliz e por ser feliz, vive num estado de paz celestial.
Religiões há muitas, mas a consciência religiosa é uma só. O grande espírito
Buda disse: “Um homem que sustenta a verdade deve dizer: Esta é minha verdade, mas
por causa disso não se pode tirar a conclusão absoluta e dizer: “Só há esta verdade,
qualquer outra é falsa””.
Por isso o maior bem que podemos fazer a nós mesmos é amar a todos
indistintamente. Amar sem rótulos, sem preconceitos. Fazer o bem pelo amor ao bem,
amando sempre nosso próximo como a nós mesmos. Deus pode fazer tudo em nosso
benefício, mas, não pode ser bom em nosso lugar.
Ser bom é tarefa eminentemente individual, e ninguém nos poderá fazer bons
sem que queiramos.
Na atualidade ainda são destruídas nações devido à intolerância de grupos
religiosos radicais, que persistem em semear o medo e o pânico em nome do Cristo.
Nunca esqueçamos de que: “O reino de Deus não se toma de assalto e sim se
conquista pelas boas obras” (Lc 16:16).É, pois, religião, parcela de verdade, e verdade, é apenas o amor. O apóstolo
João iluminado disse: “Deus é amor e quem permanecer no amor, permanecerá em Deus
e Deus permanecerá nele” (I Jo. 4:16).

LX - AMORTECER AS CRÍTICAS

Evite o quanto puder a crítica, pois nenhum bem, essa prática nos trará.
Jesus nos ensinou que só fizéssemos aos outros, aquilo que gostaríamos que os
outros nos fizessem. Afinal, nenhum de nós gosta de ser criticado.
Quando criticados normalmente, defendemos com uma explosão de raiva ou
rancor. Somos algumas vezes completamente imobilizados pela mínima crítica que nos
defendemos como se estivéssemos numa batalha. Sentimos como atacados e nossa
reação é de contra atacar para nos defender.
Quando queremos defender contra atacando recebemos em primeiro lugar o
efeito deletério de nossa ira. Temos que ter forças para amortecer os efeitos da critica
dirigida à nossa pessoa.
Um exercício muito útil é concordar com a crítica que nos é dirigida.
Somente concordar pode nos fazer muito bem e satisfazer o desejo da outra
pessoa de expressar seu ponto de vista. Uma grande vantagem é oferecer-nos uma
oportunidade de nos analisar mais detidamente. Quem nos critica sempre diz algumas
verdades a nosso respeito.
Outra grande vantagem em não revidar é nos manter serenos, propiciando aquele
que nos ataca a mesma oportunidade.
É lógico que não devemos nos transformar em capachos, acreditando em tudo
que dizem a nosso respeito, destruindo assim, nossa auto-estima.
Entretanto, é muito importante manter nosso auto controle, nossa serenidade, por
isso o Cristo nos ensinou: “ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe
também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.” (Mt 5:40).
Treinemos a não reagir às criticas. Na verdade, reações negativas às criticas
convencem a pessoa sobre o que estamos fazendo e que ela tem razão a nosso respeito.
Aceitemo-las com humildade retirando delas tudo o que possa ser positivo para
nossa melhora.
É melhor ser criticado do que criticar.

XI - O DIA DA VIAGEM

Nenhuma verdade é tão certa como a de que todos nós um dia teremos que
retornar ao mundo espiritual.
Não temos idéia de quando isso acontecerá. Poderá ser hoje, amanhã, daqui a 10
ou 20 anos, mas a verdade é que todos nós um dia morreremos.
Temos que estar preparados para esse retorno em todos os dias do ano, para que
não sejamos surpreendidos e soframos com nosso desencarne. As escrituras nos alertam
que a morte é como um ladrão que não avisa o dia nem a hora que virá nos visitar.Infelizmente, na maioria das vezes, não estamos preparados para nossa volta e
agimos como se fôssemos viver aqui na terra eternamente. Por isso sempre adiamos
aquilo que sabemos que temos que fazer.
Será que em sã consciência podemos dizer que estamos preparados para realizar
essa grande viagem?
Não estaremos em falta com algum semelhante? Não nos falta algo a realizar?
Estamos realmente em paz com todos que nos cercam?
E quanto ao desapego, como estamos? Não esquecemos de que não possuímos
nada, senão aquilo que podemos levar deste mundo?
A alegria do bem que realizamos é o maior tesouro que podemos obter.
Vivamos cada dia como se fosse o último para que quando chegar o dia da
viagem estejamos com a consciência plena do dever cumprido.

LXII - APAZIGUANDO NOSSA MENTE

Num mundo violento e conturbado em que vivemos é extremamente importante
apaziguarmos nossa mente. A mente apaziguada é o alicerce da paz interior e paz
interior traduz-se por paz exterior. Paz com os que nos cercam.
Jesus adorava afastar-se do burburinho das cidades a procura de lugares ermos
para fazer suas orações e meditações.
Temos, por isso, aprender a silenciar nossa mente para que possamos ter mais
consciência da presença de Deus junto a nós. Nossa alma necessita de silêncio, pois esse
silêncio nos acalma, relaxa e nos faz bem.
Albert Einstein gostava de dizer que: “Pensava noventa e nove vezes e nada
descobria, deixava de pensar mergulhava em profundo silêncio e eis que a verdade se
lhe revelava.”, embora existam muitas técnicas para apaziguar a mente, como a
reflexão, a respiração profunda e a contemplação, a mais usada com regularidade é a
meditação. Com pouquíssimos minutos diários podemos treinar nossa mente a se
tranqüilizar e a se apaziguar.
A meditação nos ensina a acalmar dando-nos a experiência do relaxamento.
Há muitas formas diferentes de meditação. No entanto, ela implica o
esvaziamento da mente.
Meditação é um estado de não mente quando não temos mais pensamentos
movendo em nosso cérebro e desejos nos agitando, podemos dizer que estamos
totalmente silenciosos. Esse silêncio é meditação.
Normalmente a meditação deve ser feita num ambiente calmo. Feche seus olhos
e focalize sua atenção na respiração para dentro e para fora. À medida que os
pensamentos invadem sua mente, você gentilmente os dispensa e volta sua atenção para
a respiração. Faça isso repetidas vezes. Com o tempo treinará para manter sua atenção
em sua respiração, enquanto dispensa pensamentos indesejáveis.
Não desista. Alguns minutos diários dedicados a estes exercícios lhe transmitirá
grandes benefícios no futuro.

LXIII - SER BOM É SER FELIZ

É importante nos habituar a servir. Só pode amar realmente quem está disposto a
servir. Comecemos nosso dia perguntando a nós mesmos: Como e quem posso servir
hoje?
Temos milhares de maneiras de como podemos ajudar nossos semelhantes. Se
estamos dispostos e comprometidos a auxiliar, nossas oportunidades de serviço serão
infinitas.
Posso visitar um enfermo, um asilo, uma prisão, doar um livro, doar um cheque
para uma obra de caridade, ouvir alguém desabafar suas mágoas, ou ajudar um cego a
atravessar uma rua.
Servir não é apenas praticar grandes obras, é, sobretudo praticar atos pequenos,
discretos que acabam nos fazendo muito bem.
Há um ditado que diz: “Dar é sua própria recompensa.” É pura verdade.
Quando damos, estamos sempre recebendo. Quanto mais damos mais haveremos
de receber. Essa é uma lei divina tão certa como dois mais dois são quatro.
A caridade é também benevolência para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão às ofensas.
Silenciar as imperfeições e faltas alheias é também um modo de servir.
Quando estamos prontos para servir, a ajuda não deve se restringir apenas à
esmola e sim abranger todas as relações em que nos encontramos com os nossos
semelhantes, sejam eles inferiores, iguais ou superiores a nós.
Procuremos então praticar atos silenciosos e pequenos e jamais pensar em
retribuição. Façamos o bem pelo próprio bem, sem esperar nada em troca.
Sempre que agimos assim nos sentimos muito bem, pois ser bom é ser feliz.

LXIV - PASSADO

Procuremos esquecer nosso passado, pois como diz o ditado popular: “águas
passadas não movem moinhos”.
Sofrer, revivendo o passado, repisando erros e dificuldades de nada nos valerá.
Jesus nos disse que: “ninguém que tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto
para o reino de Deus.” (Lc 9:62).
Vivermos presos ao passado, sem produtividade e sem retirarmos benefícios das
lições vividas, de nada nos servirá.
Saulo perseguiu por muito tempo o cristianismo, entretanto, quando se
encontrou com o Cristo na estrada de Damasco, transformou-se por completo.
Para sepultar definitivamente seu passado, mudou até de nome vindo a se
chamar Paulo.
Deixou tudo pela causa do Cristo e passou a ser um dos mais importantes
divulgadores das mensagens do Mestre.
Acolheu em seu coração a novidade do evangelho dizendo: “Esquecendo-me do
que fica para trás, lanço-me para frente.” (FL, 3:13).
Libertemo-nos de nosso passado e de tudo aquilo que ficou velho e, que vem
atrapalhando nossa vida.
Sepultemos o homem velho, para que possa ressurgir um homem novo, um
homem crístico, harmonizado com Deus e consigo mesmo.Organizemos nossa mente para que estejamos abertos para o novo e às novas
situações. Libertemo-nos do passado porque assim teremos paz.
Por que então não deixar o passado para trás?
Renovemos e nos libertemos dos erros e equívocos de nosso pretérito delituoso.
Saibamos antes de tudo perdoar a nós mesmos. O momento presente é o mais propício e
o mais indicado para o nosso progresso.
Cada dia é uma nova oportunidade de renovação e progresso, pois rogamos ao
Cristo forças para nos libertarmos de tudo o que passou e disposição e bom ânimo para
recomeçarmos.

LXV - AGRESSÕES VERBAIS

Pondera dentro de seu coração e perceberá que a cólera nada soluciona, ao
contrário, altera a saúde e compromete sua vida. A sua irritação não soluciona problema
algum, o seu mau humor não modifica a vida. Cuidado com seus excessos de cólera. Já
pensou na mágoa profunda que sentiria se num acesso de arrebatamento cometesse um
ato que teria de arrepender-se por toda a vida?
Nossos impulsos de agressão brotam no nosso campo emocional quando
alimentamos o ódio, o rancor, os desejos de vingança e cólera.
Controlemos o quanto pudermos a agressividade diante das ofensas recebidas.
Ao invés do revide violento, (conseqüência da nossa condição ainda primitiva de reação
animal), refreemos nossas emoções. Silenciemos, controlando e atenuando as erupções
do vulcão que regurgita em impulsos de violência dentro de nosso íntimo. Saneemos
nossa atmosfera mental, afastando dos nossos pensamentos idéias de revide.
Alimentemos nossos pensamentos com idéias de tolerância, de perdão e renúncia.
Quando revidamos, emitimos ondas vibratórias densas na direção de quem nos
provocou, nos esquecendo, no entanto, que essas ondas maléficas nos atingem em
primeiro lugar.
Imantados nos envolvimentos magnéticos do ódio, podemos reproduzir ou
devolver agressões com palavras pronunciadas com intensa carga vibratória, em altos
sons de efeitos desequilibrados. São verdadeiros petardos explosivos que lançamos
àqueles que agredimos com nossa voz.
Quando não represamos de início a torrente de palavras que jorram
continuamente numa discussão, é mais difícil nos dominar depois.
Convenhamos que é muito desagradável e penoso o resultado de uma discussão,
após uma troca de ofensas.
Os contendores ficam pálidos e mudam de expressão, se desequilibram, tremem,
se envenenam mutuamente, permanecendo muito tempo nesse estado infeliz e
enfermiço.
Não estrague seu dia com gritarias e altas vozes. São maus costumes que em
nada ajudam.
Aprendamos com a Sabedoria Divina a perdoar e a nos controlar.
Controlar palavras que possam ser pronunciadas com resquícios de ódio e
rancor, é o grande desafio aos aprendizes do evangelho.LXVI - SUA SAÚDE
Cuide bem de sua saúde, pois ela é o valor mais importante da sua vida.
Você, somente você, é o responsável por sua saúde ou doença.
Nenhuma doença aparece sem causa. A causa é sempre a transgressão feita pelo
homem, das leis naturais e espirituais. Saúde é harmonia com as leis da natureza,
doença é desarmonia. As enfermidades nos predispõem para nossa infelicidade.
É impossível vivermos felizes se estamos doentes. Uma grande verdade que não
pode ser esquecida é a de que as doenças em geral são muito mais fáceis de prevenir do
que curar.
Alimentação correta sem excessos, exercícios periódicos como caminhadas, bom
sono, muita água, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas e não usar drogas são as
primeiras medidas para se conseguir saúde perfeita.
Entretanto, esses fatores, apesar de serem importantes, não são suficientes para
nos proporcionar a saúde integral. A Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) diz:
“Saúde é um estado de total bem-estar físico, mental e social e não meramente a
ausência de doença e enfermidade”.
Portanto, a nossa saúde é constituída por nós, diariamente, através das nossas
atitudes e ações. Nós somos os autores de nossa felicidade ou infelicidade. A felicidade
do homem depende do seu estado interno, de pensamentos, e não somente do seu estado
externo, isto é, de bens materiais. A verdadeira cura envolve corpo, mente e espírito.
Quando curarmos uma doença sem lidar com as questões emocionais e espirituais que a
cercam, ela se manifestará novamente.
Uma das causas da doença é a predisposição de nossa mente. Grande parte das
doenças são mentalmente criadas por nós. Mas, não se esqueça que a alma precisa de
uma alimentação saudável e poderá ser obtida através da leitura de bons livros, pela
prece, pelo exercício da caridade, mas, sobretudo, pelo exercício do amor.

LXVII - QUADROS MENTAIS

Já parou para meditar como está funcionando sua mente? Com que quadros
mentais você a tem guarnecido? Será que a tem alimentado com pensamentos de amor,
paz e felicidade?
Nossa mente é uma fonte geradora de bons ou maus sentimentos, é um
verdadeiro mundo de emissão e recepção. Fatalmente atraímos aquilo que estamos
emitindo. Se insistimos em pensar no mal, na desgraça e na dor sem que percebamos,
estamos atraindo-os para nós.
Eduquemos a nossa mente acostumando-a a expulsar todos os pensamentos
negativos que nos fazem sofrer. Depende de nós fixarmos nossa mente numa faixa
elevada de vibrações de amor, bondade e fraternidade para que só sejamos atingidos por
pensamentos idênticos.
Lembre-se que sua atitude mental é a causa e sua experiência, o efeito.
Nosso quadro mental determina nossa felicidade ou infelicidade. Somos o que
pensamos.Nossos medos, nossos temores habituais se alimentados, podem comunicar-se
com o subconsciente de nossos semelhantes. Habituemos, pois, a pensar somente no que
é bom, útil e agradável.
Vibre com amor, paz, beleza, perdão, saúde, união e bondade.
Deseje somente o bem a todos, até mesmo àqueles que se dizem seu inimigo.
Mentalize sempre que Deus é Pai Misericordioso e como Pai, jamais vai lhe
abandonar. Acredite que Deus é todo amor e por isso ele supre todas as suas
necessidades.
Deus não castiga ninguém. Somos nós que nos castigamos com a ignorância dos
maus pensamentos, que sempre geram más ações.
Expulse os maus pensamentos e procure equilibrar-se na serenidade que
favorecerá a harmonia ao seu derredor.

LXVIII - VOU DEIXAR DE FUMAR

Há uma conscientização cada vez mais crescente dos terríveis malefícios
provocados pelo ato de fumar. As estatísticas médicas são concordes em afirmar que o
cigarro é um grande e poderoso inimigo do homem. Está cientificamente comprovado
que entre oito fumantes, um certamente sofrerá de câncer, e ainda, a cada cigarro,
encurta-se a vida em quatorze minutos.
Doenças cardíacas como a angina, o enfarto, a hipertensão e a arteriosclerose
podem ser adquiridas pelo vício do fumo. A mulher é ainda mais sensível aos efeitos da
nicotina, principalmente na gravidez, quando a fumaça afeta a placenta, ocasionando
danos ao feto; contaminando o leite materno, provocando abortos, natimortos e fetos
prematuros. Há também casos de esterilidade acarretado pelo fumo. Em trabalhos
recentes, ficou comprovada a diminuição da capacidade visual dos fumantes em 26% ou
mais.
A ação tóxica afeta também as glândulas dificultando as funções orgânicas.
A libido, em ambos os sexos, é seriamente afetada e os índices de reprovação
escolar são bem maiores entre os fumantes do que nos não fumantes.
Para complicar esse quadro mórbido, sabe-se que o fumo do tabaco também
pode lesar os pulmões dos não fumantes. O fumo absorvido por um não fumante contém
quatro vezes mais monóxido de carbono do que o fumo inalado diretamente. O mesmo
ocorre com uma série de substâncias tóxicas do cigarro, como o breu e a nicotina.
Eis o motivo de haver proibições quanto ao uso de cigarros em ambientes
fechados.
As conseqüências do ato de fumar, não se restringem apenas às implicações
físicas, mas também, espirituais. O espírita que tem o hábito do estudo sabe que o
tabagismo é auto suicídio. Os efeitos nocivos do fumo transpõem os níveis puramente
físicos, atingindo também o perispírito ou corpo espiritual. O fumante também alimenta
o vício das entidades vampirizantes que aproximam-se dos mesmos para usufruir e
compartilhar das inalações inebriantes.
Deixar de fumar é um trabalho de reforma íntima. Por isso deve ser encarado de
frente, com coragem.
Há vários métodos que ensinam como deixar de fumar, porém, todos partem de
um pressuposto: a vontade. A vontade pode ser fortalecida por afirmações repetidas por
nós mesmos: “eu quero deixar de fumar”, “eu não tenho necessidade do fumo”, comJesus encontrarei o caminho e as forças necessárias para a superação desse mal. “Tudo
posso naquele que me ama e conforta”. Eu vou deixar de fumar.

LXIX - MELANCOLIA

Estados melancólicos são muito comuns no estágio evolutivo em que nos
encontramos. A melancolia sempre se manifesta nas profundezas de nosso íntimo e de
nossos sentimentos. Sabemos que não nos encontramos pela primeira vez na Terra, já
que vivemos aqui em outras épocas, vestindo outras roupagens, convivendo com muitas
pessoas que hoje ainda nos rodeiam.
Viajantes que somos da eternidade, trazemos muitos traumas e impressões das
inúmeras existências vivenciadas por nós, em nosso pretérito.
Sem que percebamos, nosso passado ainda fala alto em nosso íntimo e pode, por
isso, nos influenciar negativamente. Portanto é comum que nos sintamos tristes,
nostálgicos, saudosos de algo que ainda não sabemos explicar. Temos que nos precaver
quando percebermos que estamos mergulhados nesses estados depressivos e
melancólicos.
Reajamos, pois, diante dessas tristezas inexplicáveis e estados de abatimentos
íntimo que não percebemos e que nos direcionam a processos depressivos dolorosos.
Esforcemo-nos para mudar nosso clima mental, através de uma boa leitura, da
prece e principalmente do policiamento de nossas atitudes.
Nestes momentos depressivos quando inconscientemente mergulhamos no
passado, espíritos infelizes aproveitam-se de nosso abatimento para nos envolver em
dolorosos processos obsessivos.
Os principais antídotos contra esses processos melancólicos e depressivos,
encontramos no evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O trabalho em favor do nosso próximo, nossa persistência no bem somados ao
esforço de reforma íntima com a renovação de nossas atitudes, serão fortes maneiras de
nos precavermos contra esses estados d’alma que muito nos fazem sofrer.
Não permitamos, que a angústia, a tristeza, a agressividade e a ansiedade
comandem nossa mente. Reajamos com todas as nossas forças para expulsarmos a
melancolia da nossa alma com as luzes advindas da vivenciação evangélica.

LXX - OTIMISMO SEMPRE

Seja otimista procurando sempre ser positivo em seus pensamentos, atos e ações.
A ciência moderna prova que o homem otimista tem uma perspectiva maior de vida do
que a do homem pessimista.
Lute com todas as forças para subir na vida e tenha confiança que o melhor
sempre acontecerá a você.
Tudo é possível ao homem que crê. Viver é lutar, querer é poder.
Jamais permita que o pessimismo e idéias negativas tomem conta de sua mente.
Evite expressões como: “Não vai dar certo”; “A tendência é piorar”, Não vai dar tempo”
ou “A desonestidade sempre vence”.Deus nos ajuda na medida em que nos esforçamos na busca do que precisamos.
Tudo ocorrerá em nosso favor se trabalharmos com confiança, fé e humildade.
Esforcemo-nos em busca do que necessitamos, uma vez que a ajuda de Deus só ocorre
para quem trabalha e se empenha na procura do desejado. O próprio Cristo nos ensinou
que: buscando, acharemos; pedindo obteremos e batendo se abrirá.
Tenhamos cuidado com nossa mente, pois se insistimos em ver só o lado ruim e
negativo das coisas e pessoas, acabaremos atraindo-as para nós.
É a lei da atração. Se pensarmos no mal, ele acabará nos atingindo, se vibrarmos
no bem, forçosamente ele nos envolverá.
O pessimista vê tudo pelo lado negativo das coisas. Ele sempre espera pelo pior.
O otimista, ao contrário, vê a vida com os olhos do bem, do amor e da esperança.
Tenhamos a certeza de que tudo dará certo, que o melhor virá se estivermos
harmonizados com Cristo e nada de mal nos acontecerá.
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31).

LXXI - VINGANÇA

Guardar ou manter em nós ressentimentos, mágoas e o desejo do revide, é
condenável, pois esses sentimentos são próprios de um coração irado e rancoroso. A
vingança é condenável em qualquer situação que ela ocorra, pois é um sentimento
contrário à prescrição do Cristo: “perdoai aos vossos inimigos”. (Mt. 5:44)
A vingança se manifesta em nosso íntimo como reação de um coração ressentido
pelo ódio e que guarda mágoa de uma ofensa recebida.
Jesus nos aconselhou o perdão “não sete vezes, mas setenta vezes sete.” (Mt
17:28) Prescreveu também o amor aos nossos inimigos. A vingança torna-se contrária à
lei de Deus que é toda de amor.
Quando estamos ressentidos e magoados com alguém, começamos a percorrer
uma perigosa estrada de ódio, que é fruto de nossa condição de espíritos inferiores.
Quando nos vem à mente o sentimento de vingança já estamos sendo movidos
pelo ódio. E quem odeia fere a si próprio em primeiro lugar.
O homem orgulhoso, inspirado no que ele convencionou chamar de sentimento
de honra e da dignidade, entende que ninguém pode tolerar uma afronta sem se rebaixar.
Para o homem orgulhoso: “Não é bom levar ofensas para casa”.
Libertemo-nos dos sentimentos de vingança, empreendendo todos os nossos
esforços para que se desenvolva dentro de nosso íntimo o amor, a bondade e a
tolerância, buscando no evangelho e na prece, o amparo e inspiração para nos
libertarmos do mal.
Fazer justiça compete unicamente a Deus, pois a justiça divina dispõe de
recursos que dispensam nossa atuação.
Aquele que perdoa é bem visto aos olhos de Deus e se torna por isso, merecedor
também do seu perdão.
O vingador é alguém que carrega pesado fardo de dores, do qual só se libertará
quando iniciar a prática do perdão.
Sigamos o Cristo que escarnecido e apupado, cuspido, esbofeteado, ultrajado e
crucificado na cruz da ignomínia, foi capaz de uma reação: o perdão. Ele não teria
passado à posteridade, como um ser divino, modelo de perfeição e de amor, se em meioà escalada do Gólgota, houvesse insurgido contra seus algozes e sobre eles exercido o
direito de vingança.

LXXII - EVIDÊNCIAS

O homem sábio não procura evidências. Trabalha em silêncio e confia sempre
em seu trabalho. Sabe que quanto mais exposto à visão alheia, mais se tornará alvo do
ciúme, do despeito e da inveja. Trabalha incansavelmente em favor do seu próximo.
Faça o bem e terá paz e equilíbrio. Contudo não procure chamar para si as atenções e
louvores dos homens.
Temos que convir que no estágio evolutivo em que estamos somos sujeitos ao
ciúme e a inveja dos que nos cercam. As pesadas vibrações dos homens invejosos e
despeitados, mesmo que não nos façam mal, poderão haurir nossas forças no trabalho de
nos defendermos.
O homem sensato sabe que o bem mais agradável a Deus é aquele feito em
silêncio e sem ostentação.
“Não saiba sua mão esquerda, o que faz a direita” (Mt 6:3) nos aconselhou o
Homem de Nazaré.
No nosso coração existem dois sentimentos que nos impelem à execução de
nossos atos e ações: a humildade e o orgulho. A humildade é o sentimento que leva o
homem a praticar o bem pelo bem, sem esperar outra recompensa, a não ser a satisfação
íntima do bem realizado.
O orgulho é o sentimento que leva o homem a praticar o bem por ostentação.
Ajamos sem alarde e sem propagandas de tal maneira que nem mesmo os mais
íntimos tomem conhecimento de nossas boas ações. Deixemos que nossa luz brilhe não
para que possamos ser exaltados ou com o objetivo de sermos vistos. Por isso, Jesus
disse: “Aqueles que fazem o bem com ostentação já receberam sua recompensa” (Mt
6:2), pois, com efeito, aquele que procura sua glorificação na terra pelo bem que fez, já
pagou a si mesmo. Deus não lhe deve mais nada; não lhe resta a receber senão a punição
de seu orgulho.

LXXIII - SUICIDAR-SE NÃO!

Fugir da vida não vai resolver seus problemas. O suicídio representa enorme
delito aos olhos de Deus. É a supremacia das infelicidades que atingem um espírito. No
dizer de nosso insigne Codificador: “O suicida é qual o prisioneiro que se evade da
prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo é mais severamente tratado. O
mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em
desgraças maiores”.
Sair de uma aflição para entrar no desespero de sofrimentos atrozes e
inimagináveis, de nada valerão. Sem que percebamos por nossa invigilância, deixamos
arrastar por processos obsessivos cruéis que pouco a pouco minam nossas forças com
um estado de alienação que nos leva a tentar contra nossa própria vida.A revolta contra nossas provações, a incredulidade, a dúvida quanto ao futuro, e
as idéias materialistas são as principais causas desse mal.
O candidato ao suicídio não pensa com equilíbrio e não se dá conta dos males
que o seu gesto vai proporcionar a si e àqueles que o ama. Sem capacidade de
discernimento, esquece que o tempo e a providência divina equacionam sempre todos os
problemas.
Não há dor que o ser humano não consiga suportar. Através da calma, da
resignação profunda, da fé em Deus e da fé no futuro é que conseguiremos a serenidade,
que é o melhor preservativo contra a idéia de nossa auto-destruição.
Nossos sofrimentos são passageiros e ao invés de serem uma desgraça, constitui
a oportunidade que Deus nos oferece para corrigir nossos erros.
Na fé encontramos o remédio seguro do sofrimento. Ela nos permite ver que as
maiores dores de hoje são o prenúncio da felicidade que nos aguarda amanhã. Aquele
que crê, é forte pelo remédio da fé e aquele que duvida é punido pelas angústias das
aflições.

LXXIV - PEDI E A VÓS SERÁ DADO

Tenhamos fé, quaisquer que sejam nossas dificuldades. Se estamos
harmonizados com o Poder Supremo que é nosso Pai Celestial, não temos nada, a temer.
Quem nos acusará se nosso advogado é o próprio Deus? Se Deus está conosco, quem
estará contra nós?
Se estamos em comunhão com a divindade, nossos adversários cairão na própria
armadilha que prepararam.
A confiança em Deus e em nós mesmos é a maior força que possuímos em nosso
íntimo.
Nas escrituras o profeta Isaías sabiamente nos ensinou: “Ao meu lado está
aquele que me defende” (Is 50:9).
Se cumprirmos a nossa obrigação fazendo nossa parte, nada de mal nos
acontecerá. Deus é nosso Pai e como pai bom e generoso que é, reserva sempre o
melhor para seus filhos.
Nossa maior defesa são nossos atos e atitudes sempre voltados para o bem.
Se estamos com medo e preocupados com o futuro, se nossa vida corre perigo,
voltemos nossas súplicas ao Criador e Ele virá em nosso socorro.
Se tudo parece estar perdido à nossa volta, ainda assim, tenhamos à certeza que
se pedirmos com fé, Deus atuará em nós em resposta à nossa oração, ao nosso desejo e
ao nosso pensamento.
Nestes momentos difíceis e cruciais de nossas vidas, Ele jamais nos abandonará,
jamais deixará de ouvir nossas súplicas. Pedi e então receberá. Não tenha medo em
pedir, nem seja econômico no modo de rogar, pois como disse Jesus: “Pedi e obtereis;
procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe, quem
procura, acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á” (Mt 7:7-12).

LXXV - INVEJA

Vivemos num planeta de imensas dificuldades e por isso, às vezes, nosso
egoísmo é mais forte que nossa razão.
Tenhamos, pois, cuidado com alguns sentimentos que podem nos trazer
dissabores. A inveja é um deles. Esse sentimento é definido nos dicionários como:
“desgosto, mortificação, pesar causado pela propriedade ou êxito de outrem,
acompanhado do desejo violento de possuir os mesmos bens”.
Temos muitas dificuldades em aceitar que em nossos corações ainda existem
sentimentos tão pequenos e mesquinhos como o da inveja, mas temos que convir que no
estágio evolutivo em que vivemos se não nos auto policiarmos, estaremos sempre
querendo apagar as luzes de nossos semelhantes. Esforcemo-nos para banir a inveja de
nossos corações, pois a inveja é um sentimento antagônico ao amor. Nunca nos
esqueçamos de que: quem tem luz própria não precisa apagar a luz de ninguém.
Sentimos inveja das pessoas que nos substituem melhor do que nós mesmos o
fazemos. Inveja dos que trabalham menos do que nós e, no entanto recebem mais.
Inveja dos que exercem uma função melhor do que a nossa. Inveja do carro que
gostaríamos de ter e não temos. Enfim, infelizmente ainda invejamos muito uns aos
outros. Podemos dizer que a inveja é filha do orgulho. E o orgulho é o nosso maior
inimigo, e pior, disfarçado de amigo.
Por isto, às vezes, não é fácil identificá-lo. É, pois, a inveja, geradora de
calúnias, desarmonias, deslealdade e ambição. Administra ódios, estimula guerras. É
inimiga de todo aquele que lhe faz o bem.
O invejoso, ao pedir um favor, cerca-se de atenções, mas atendido, afasta-se
logo e alega que apenas lhe pagaram pelo muito que deviam. O poeta português Luiz
Vaz de Camões já dizia que: “Onde há inveja não pode haver amizade”.
Cuidemos do nosso viver e deixemos a vida do próximo em paz. Só Deus sabe
como é ela em sua intimidade.
Lutemos para a harmonização de nossos sentimentos, procurando nos sentir
felizes com a alegria do nosso próximo, aceitando a superioridade do nosso semelhante
e sempre que possível, incentivando-o ao crescimento constante.
Fugir da inveja não significa não senti-la. Reconhecer sua força a atuar por
dentro, do ainda desconhecido mundo íntimo, é sinal de maturidade.
Procuremos em Cristo encontrar recursos elevados e força moral necessária para
vencer a inveja, pois no dizer de André Luiz: “O grande guerreiro será sempre o que
vencer a si mesmo.”.

LXXVI - SOLIDARIEDADE E COMPREENSÃO

Tenhamos sempre muita misericórdia com os enfermos, principalmente com os
doentes segregados pela sociedade. Abandonados pela família, discriminados, odiados
pelos homens maus. Os enfermos, como os portadores da AIDS, carregam hoje a
mesma cruz, o mesmo estigma e a mesma repulsa que levavam os leprosos dos templos
bíblicos.
A AIDS é uma doença absolutamente trágica não pelo seu quadro patológico,
mas pela segregação, pelo pânico, pelo medo de contrai-la. Somado a isso, vem a parte
moral, para aprofundar o problema.Ninguém quer ser parente de um aidético. Poucos são capazes de lhe fazer um
afago, dar-lhe carinho, afeto, compreensão.
O homem profano, muito orgulhoso e egoísta, perde inúmeras oportunidades de
praticar a verdadeira beneficência, compadecendo-se de enfermos tão carentes de amor
e solidariedade.
Sejamos, portanto, solidários e compreensivos com esses discriminados, pois
amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que desejamos a nós mesmos. Tal o sentido
dessas palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como irmãos”. (Jo 15:12).
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas todas às relações em
que nos encontramos com nossos semelhantes, sejam eles inferiores, iguais ou
superiores a nós. Ela nos prescreve à indulgência porque dela precisamos. O espírito
iluminado Vicente de Paulo nos disse que: “A caridade é a virtude fundamental, que
deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas”. Ser caridoso, portanto, é também
sentir toda a satisfação que a prática do bem nos oferece. Quem ama é o primeiro a
receber todo o benefício do amor.
Quando toda a humanidade estiver convicta dessa grande verdade de que: “é
dando que receberemos”, este planeta será diferente, pois todos serão envolvidos pelo
sentimento de amor e caridade.

XXVII - JUSTIÇA DAS PROVAÇÕES

Não se desespere diante das dificuldades. Nossas aflições têm uma causa justa,
pois derivam da justiça divina. Colhemos aquilo que plantarmos.
Ninguém padece sem justa razão, pois Deus não permitiria.
O homem é herança de si mesmo, portanto, se é escravo do ontem é dono do
amanhã.
Aceitemos nossas provações sem revoltas e reclamações. Sendo Deus a suprema
justiça, não permitiria que alguém sofresse sem merecer. Portanto, se alguém sofre,
justa há de ser a causa de seu sofrimento e somente a preexistência do espírito pode
explicar a desigualdade na repartição do bem e do mal entre os homens.
Jesus, no seu maravilhoso Sermão da Montanha, prometeu que: “Bem
aventurados serão os que choram porque serão consolados” (Mt 5:4).
Os consolados serão os que sofrem suas provações com resignação e paciência.
Aqueles que sofrem, se revoltam e se desesperam, não terão o consolo de nosso Mestre.
Estejamos prontos para construirmos um lindo futuro através das nossas ações
atuais. Faça o bem de todas as formas, perdoe seus inimigos e desafetos, ame o seu
semelhante.
Quando Jesus disse: “Vos sois felizes, vós que agora chorais, porque rireis”(Lc
6:21).
Ele se referia à vida futura, pois somente nesta vida, podem efetuar-se as
compensações que nosso Mestre promete aos aflitos da terra.
Então na condição de espíritos, sem as constrições do corpo físico e as
limitações da vida material, experimentaremos satisfações que nem as maiores alegrias
terrenas se lhes poderão assemelhar.
Nunca nos esqueçamos de que Deus é nosso Pai soberano e justo e se é bom e
justo, não agiria nunca por capricho e nem com parcialidade. As vicissitudes da vidapossuem uma causa e uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa. Entendamos
essa verdade de uma vez por todas.

LXXVIII - VIGIAR

Assim como na Física existe o princípio de que: “Toda ação provoca uma reação
igual e oposta”, assim também acontece no aspecto psíquico e emocional de nosso ser.
Toda reação, ou melhor, violação das leis de amor provoca uma reação
conseqüencial. Essa reação é chamada de lei, de carma por alguns; de retorno ou de
ação e reação por outros. O certo é que, o que semearmos haveremos de colher. Nosso
livre arbítrio permite que semeemos livremente, no entanto, nos obriga à colheita.
Sempre que semearmos o mal colheremos o mal, se no entanto semearmos o
bem colheremos o bem. Diz um ditado que: “todo o mal praticado, vem a cavalo e o
remorso na garupa, tanto quanto a sombra é inseparável do corpo”. O homem é, pois
herança de si mesmo por isso o apóstolo Paulo asseverou inspirado: “Não vos enganeis:
de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear isso também ceifará”. (Ef 6:7).
Muitas vezes agimos como crianças espirituais, acreditando em prêmios e
castigos divinos. Na verdade, Deus não recompensa nem castiga ninguém. Ele apenas
criou leis perfeitas e imutáveis que governam os universos.
Com o nosso proceder é que vamos direcionar o caminho de nossas vidas.
Nosso carma será positivo ou negativo de acordo com a natureza positiva ou
negativa de nossas ações. É lógico que se não fizermos higiene bucal, certamente
aumentarão muito as possibilidades de termos problemas dentários. Se abusarmos de
alimentos gordurosos e de açúcar engordaremos muito. Se fumarmos teremos câncer,
problemas circulatórios e cardíacos.
Então não poderemos culpar a cárie, a gordura, o açúcar e o cigarro. Mas se por
outro lado semear o bem haveremos de colher o bem.
O sentido evangélico do termo: “vigiar” não é somente manter-se acordado,
observar, manter atento; é também discernir, comparar, escolher o melhor.
Nossa felicidade é uma conquista e por isso temos que ser vigilantes, escolhendo
sempre o melhor, não nos deixando seduzir pelos prazeres e facilidades terrenas. A
bondade de Deus nos concede a liberdade de nossos atos e ações, entretanto, Paulo em I
Coríntios 6:12 nos adverte: “Todas as cousas me são lícitas, mas nem todas me
convém”. Se realmente estamos comprometidos com nossa evolução espiritual, temos
que traçar planos corretos para alcançá-la. O que tem determinado à infelicidade de
muitos é a falta de objetivos e falta de roteiro, de rumo e, sobretudo, de vigilância.
Infelizmente a maioria dos que habitam nosso orbe querem apenas comer, beber,
dormir e reproduzir, deixando-se levar pela lei do menor esforço.
Temos que trabalhar nosso interior. É necessário força e esforço para as
mudanças. Toda transformação requer fibra e determinação. Por isso nosso insigne
codificador nos alertou: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação
moral, pelos esforços que empreende em domar suas más inclinações”.

LXXIX - FIM DO MUNDO

Com o advento do terceiro milênio aumentaram as profecias catastróficas do fim
do mundo que tendiam a assustar cada vez mais as pessoas.
Avolumaram-se artigos, conferências e opiniões sobre essa transição que
passaria nosso planeta.
A ignorância, mãe de muitas superstições, faz chover previsões do catastrofismo
apocalíptico ou juízo final, para que a terra se transformasse rapidamente no paraíso dos
eleitos. Há até os que afirmam que já se aproxima da terra um planeta que ao chegar
próximo do nosso orbe verticará o eixo da terra, não deixando pedra sobre pedra.
Muitas dessas previsões catastróficas sobre o “final dos tempos” já se fizeram e
logicamente foram desmoralizadas no devido tempo, mas não sem antes promoverem
alguns distúrbios e apreensões.
É lógico que de acordo com a lei de destruição, um dia a terra realmente se
extinguirá. O nosso planeta, sendo mantido pela energia que se desprende do sol e que
este astro aos poucos vai perdendo massa, é certo que um dia ele perderá a sua
capacidade de promover e manter a vida e o equilíbrio vital sucumbindo exaurido. Isso,
porém, somente vigerá daqui a alguns bilhões de anos.
No item número 267 de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec enfatiza que os
espíritos superiores nunca determinam data para tais acontecimentos.
A doutrina espírita nos ensina que o progresso se processa de acordo com as leis
imutáveis criadas por Deus e que a terra não terá de transformar-se através de
cataclismos que aniquile de súbito uma geração.
A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo sem
que haja mudança alguma na ordem natural das coisas. Uma parte dos espíritos que
encarnavam na terra deixarão de fazê-lo e aí não mais tornarão a encarnar. Em cada
criança que nascer, em vez de um espírito inclinado ao mal, que, antes nela encarnaria,
virá um espírito mais adiantado e propenso ao bem.
É preciso, pois que acreditemos que Deus é sabedoria suprema e jamais
destruiria nada por vingança.
Numa lenda hilariante, conta-se que um pai, ao encontrar sua filha namorando
de maneira inconveniente no sofá da sala, tomou esta severa decisão: queimou o sofá.
Seria um gesto idêntico, se Deus destruísse as coisas do mundo só por que seus
filhos estão procedendo de maneira errada.
Precisa o homem convencer-se de que as mudanças que nosso Pai Celestial
espera de nós são as mudanças no campo do sentimento e das emoções, da ética e da
moral. Se houver a mudança do homem, o mundo também mudará.
Sobre esse controvertido assunto, assim se expressa Allan Kardec no seu livro A
Gênese: “O que haverá é, pois o fim do mundo velho, do mundo governado pelos
preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela
cupidez e por todas as paixões pecaminosas”.
Esforcemo-nos para que essas transformações aconteçam no nosso íntimo para
que possamos merecer continuar vivendo neste orbe.

LXXX - SEXO COM RESPONSABILIDADE

O momento atual pelo qual passa nosso orbe é preocupante, pois os valores
morais sofrem constantes ataques da cultura materialista que defende o amor livretrazendo assim idéias falsas que fazem nossos jovens confundirem desejo sexual, com
amor. Outras correntes materialistas afirmam que reprimir o desejo sexual contraria a
natureza do ser humano.
Outros paises até mesmo incentivam o abuso da sexualidade, a título de fazerem
seus filhos homens com H maiúsculo. Através desses equívocos, surgem os desastres
das angústias afetivas, das separações, da infidelidade, do aborto, dos crimes e
obsessões.
Cabe aos pais orientar e esclarecer seus filhos quanto aos questionamentos e
dúvidas que surgem a respeito da sexualidade, mantendo sempre com os mesmos, clima
de amizade e confiança favorecedores do diálogo.
Nunca esperar que eles perguntem, mas, transmita as informações. Melhor será
perceber o momento correto para passar tais esclarecimentos, tendo-se o cuidado de não
abandoná-los à liberdade sem limites.
É necessário orientarmos nossos filhos de que sexo exige responsabilidade.
Esclarecê-lo sobre as leis divinas de causa e efeito, estimular-lhes a pureza de intenções,
dizer-lhes que atração sexual sem amor sincero é paixão passageira; iluminar-lhes o
cérebro e o coração com as luzes do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que
preceitua que, quando prejudicamos alguém estamos realmente ferindo nossa própria
consciência.
A educação, portanto, é a chave da renovação sexual dos jovens, pois o caminho
seguro da conduta sexual correta está na renovação dos valores morais através da
educação de todos nós.
O sexo é força divina e criadora, nada tendo de pecaminoso e imoral quando
realizado entre duas pessoas responsáveis que se amam. O problema do sexo não é
apenas da saciedade, pois se assim fosse, as pessoas “saciadas” seriam todas felizes.
Emmanuel nos ensina que: Em torno do sexo será justo sintetizarmos todas as
digressões nas seguintes normas:
- não proibição, mas educação;
- não abstinência imposta, mas emprego digno;
- não indisciplina, mas controle;
- não impulso livre, mas responsabilidade.
Portanto, auxiliemos nossos filhos em seus problemas sexuais afetivos, sem
rigores ou proibições, direcionando-os ao Evangelho que preconiza amar ao próximo
como a nós mesmos e a fazer para os outros o que gostaríamos que os outros nos
fizessem.

LXXXI - JESUS NOS NOSSOS LARES

Vivemos num mundo difícil, numa época de conturbação e esvaziamento de
valores espirituais. A violência, os vícios, o desregramento e a sexualidade
irresponsável vêm causando inúmeros malefícios à nossa sociedade.
Levados por essa onda de desequilíbrio e em defesa de nossos filhos, tentamos
impor erroneamente disciplina rigorosa de proibições e horários, policiando e
monitorando todos os passos de nossos jovens. Levados por esse desvario dominante,
esquecemos do diálogo, do amor e da tolerância. Nada conseguiremos através de
imposições severas e violentas.O grande educador Pestalozzi dizia com propriedade que: “O amor deve ser o
fundamento eterno da educação.” Nada será melhor do que o diálogo, fazendo-se
urgente o retorno de Jesus aos nossos lares.
Não podemos prender nossos filhos em casa, porque está frio ou chovendo.
Melhor será dar-lhes agasalho, capa e guarda-chuva. É tolice tentar proibi-los a
ter contato com o mal que assola o mundo. O essencial é prepará-los para enfrentar o
mundo com suas forças capazes de vencer as dificuldades e problemas que perturbam
nosso planeta. Amigos espirituais estão sempre nos orientando sobre a importância da
educação fundamentada nos valores éticos e morais ensinados por Jesus de Nazaré.
Excesso de rigor e de proibições podem desenvolver em nossos filhos a rebeldia,
levando-os a fazer muito mais do que aquilo que se procura evitar, tornando-os também
extremamente dependentes, incapazes de se tornarem adultos responsáveis.
Devemos então procurar educá-los oferecendo recursos que lhes permitam
exercitar uma conduta evangélica e equilibrada. Dentre esse, situaremos um dos mais
importantes, o Culto no Lar, prática que consiste na reunião da família em dia e hora
certos para juntos lerem e comentarem passagens evangélicas. É algo muito simples que
tem trazido inúmeros resultados. O culto no lar tem se constituído uma verdadeira
escola de preparação para o esforço terrestre de melhoria de nosso orbe. Através dele,
reunimos a família em torno de um objetivo comum, onde todos conversam, trocam
idéias, falam de seus problemas e se auto-ajudam, sob a proteção de Jesus e de seus
prepostos espirituais. Nesses instantes sublimes, abrimos as portas de nossos lares para
que amigos espirituais nos ofereçam bênçãos de ajuda e conforto, afastando más
influências e inspirando nossos corações. Quantos nos dias aflitos de hoje, podem
usufruir dessa doce felicidade? Façamos, portanto, como cristãos, retornar com
urgência, Jesus, ao aconchego de nossos dias.

LXXXII - NOSSO ANJO GUARDIÃO

Definitivamente ninguém está só neste planeta de provas e expiações. A
bondade de Deus nos faz co-partícipe de seus planos e diretrizes. E assim o faz pelas
almas que já se elevaram acima das paixões humanas.
Todos nós possuímos um anjo da guarda que são seres espirituais que, segundo a
tradição cristã, tem a missão de proteger os homens. Eles estão presentes em todas as
culturas sob várias denominações: gênios, fadas, deuses, protetores, guias, sempre
empenhados em prestar assistência aos seus tutelados. Na pergunta de número 495 de O
Livro dos Espíritos assim responde a espiritualidade a respeito desses seres: “Cada anjo
da guarda tem o seu protegido pelo qual vela, como o pai pelo filho. Alegra-se quando o
vê no bom caminho; sofre, quando ele lhe despreza os conselhos”.
O anjo da guarda não é ser que já foi criado por Deus em estado de perfeição.
Ele é espírito como nós que passou pelas mesmas vicissitudes e conseguiu superá-las.
Por isso a bondade de Deus o colocou ao nosso lado para nos ajudar a transpor nossos
obstáculos. Ele é devotado amigo a quem sempre poderemos recorrer nos momentos de
tristeza e dificuldade. O seu nome não nos importa. Ele simplesmente quer nos ajudar e
nos ajudam quando queremos ser ajudados.
Geralmente, o anjo da guarda é alguém ligado ao nosso coração.
Entretanto, é bom que não esqueçamos que ele está perto de nós e nos inspira a
razão direta de nossa ligação com os valores espirituais e inversa ao nosso apego aosvícios e paixões materiais. Aproxima-se quando cultivamos o bem e a verdade. Afastase quando nos comprometemos com o mal e a mentira.
Para que possamos colher plenamente os benefícios do contato com esses
amigos espirituais, se faz necessário que façamos nossa parte. Isto está bem claro na
máxima enfatizada por Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Ajuda-te
que o céu te ajudará”.
Se dirijo um automóvel de forma imprudente, meu mentor não me tomará a
direção, evitando que meu carro caia no abismo.
Nunca esqueçamos de nos dirigir ao nosso mentor espiritual pelo menos uma
vez ao dia.
No perigo, na dor, na dificuldade e na doença, roguemos: “Espíritos bem
amados, anjos guardiães que com permissão de Deus, pela sua infinita misericórdia,
velais sobre os homens, sede nossos protetores nas provas da vida terrena. Dai-nos
força, coragem e resignação; inspirai-nos tudo o que é bom, detende-nos no declive do
mal; fazei sintamos que um amigo devotado está ao nosso lado que vê nossos
sofrimentos e partilha das nossas alegrias”.

LXXXIII - CONSCIÊNCIA CULPADA

Cuidemos de que o arrependimento não perturbe e atrapalhe nossa vida. Se
temos a consciência de que fizemos algo errado, de que prejudicamos alguém, peçamos
perdão a Deus e prossigamos nossa caminhada procurando reparar as faltas e
esforçando-nos para errar menos.
O que passou é passado e como diz o ditado: “águas passadas não movem
moinhos”.
A consciência culpada implica em grande dor moral, tão profunda quanto a
natureza de nossas faltas e o grau de nossa maturidade. Quanto mais evoluído é o
espírito mais ele sofre ao avaliar a extensão de suas faltas e os prejuízos de que por
ventura, tenha causado.
Nossa consciência é um grande tribunal, onde invariavelmente seremos bons
juizes se pautarmos nossa vida pelos padrões da moralidade e da ética cristã. O que
parece excesso de zelo ou excesso de moralidade para o homem profano, é ponto
fundamental de paz para o verdadeiro cristão.
O arrependimento não redime. É fundamental que o mal seja reparado. Por isso
a atitude de todo cristão que está comprometido com sua reforma íntima é: primeiro,
perdoar a si mesmo, depois reformar atitudes procurando reparar as faltas cometidas.
Para o verdadeiro cristão o arrependimento é marcado por grandes e profundas
transformações que o impulsionará rumo ao seu progresso e a sua evolução.
Paulo de Tarso, perseguidor implacável dos cristãos, experimentou o despertar
de sua consciência às portas de Damasco transformando-se num dos vultos mais
expressivos do cristianismo após seu encontro com o Cristo.
Madalena, iludida pelos prazeres do mundo, e sob o domínio de cruéis
perseguidores espirituais, se transforma numa das figuras exponenciais da Boa Nova,
convertendo-se em ardorosa seguidora de Jesus, acumulando méritos suficientes para
ser ela própria a mensageira da ressurreição.
Esqueçamos de nossos erros passados e renovemo-nos dia-a-dia sepultando o
homem velho cheio de faltas e de ressentimentos, transformando-nos em um homemnovo harmonizado com a mensagem renovadora dos evangelhos de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Afastemos o quanto nos for possível da infelicidade e da amargura com o
preparo dos campos interiores do nosso coração. Amemos cada vez mais o nosso
próximo fazendo para ele o que gostaríamos que ele nos fizesse.
Perdoemos incondicionalmente a todos, orando também por aqueles que nos
perseguem e nos caluniam.
Nos esforcemos o quanto pudermos para sermos bons e caridosos e ouçamos os
apelos de André Luiz: “Ho! Amigos da Terra Quantos de vós podereis evitar o caminho
da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes
antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade antes que a verdade vos
surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.”

LXXXIV - CORPO E ESPÍRITO

Hoje em dia a valorização do corpo físico é quase consenso entre as pessoas.
Felizmente, é cada vez maior o número de pessoas que se entregam às atividades físicas
como as caminhadas e alongamentos, às flexões e práticas esportivas, como um todo.
São horas e horas dedicadas a ginásticas, à bicicleta ergométrica, às caminhadas, ao
levantamento de peso, etc.
Sabemos por experiência própria que todo trabalho em favor do emagrecimento
ou modelagem física, exige muito esforço e determinação. É necessário suar muito para
melhorar nossa condição física.
Claro que todo esse esforço e todos esses exercícios são bons, pois além dos
benefícios já citados, nos ajudam a controlar o estresse e manter a mente sã e um corpo
sadio. O corpo é o templo do espírito e por isso merece todo nosso respeito e carinho.
Entretanto, não podemos esquecer de outra beleza que é nossa alma, uma jóia de
elevada e sublime importância. E como a alma reside dentro do organismo físico,
concluímos que ele é o estojo agasalhando jóia de incalculável valor espiritual. O corpo
é o porta-jóias onde a alma se encontra.
Então, uma pergunta se impõe e deve ser respondida com a maior sinceridade:
“De que maneira estamos tratando o nosso corpo estojo onde a alma se abriga?”.
É importante observarmos como o temos alimentado, se estamos concedendo a
ele o descanso necessário. Será que não o estamos intoxicando, obrigando-o a aceitar
vícios que o desgastam? Será que não estamos mortificando-o através de pensamentos
desordenados? E quanto a essa verdadeira jóia que é nossa alma e que também necessita
de nossos cuidados? Se cuidamos do porta-jóias, temos com mais razão de cuidar da
jóia que é nossa alma, pois ela é a beleza espiritual.
Muitas pessoas ainda ignoram que somos espíritos também. Acham que somos
apenas o corpo físico, esquecendo-se de nossa realidade espiritual. Assim, como
alimentação, higiene, remédios, exercícios físicos, nosso espírito também necessita de
atenção. Pela prece se estabelece nossa comunhão com Deus. Nosso espírito alimenta-se
de energias positivas e, portanto, revigorantes.
A veneranda Joanna de Ângelis, pelas mãos de Divaldo Franco, chegou a
escrever que nosso espírito precisa bem mais de oração do que nosso corpo de
alimentação. O Culto do Evangelho no Lar é outra luz maravilhosa que temos em mãos
para nosso enriquecimento espiritual.Outro recurso maravilhoso para o fortalecimento do espírito é a leitura
edificante. O livro espírita é bênção em nossas vidas. Quantos esclarecimentos e quanta
consolação obtemos desses tesouros.
Para completar, nossa ginástica espiritual, nada é tão saudável e salutar para
nossos espíritos que o trabalho em favor do próximo.
Oração e trabalho são as asas inseparáveis do nosso fortalecimento espiritual.
Cuidemos com muito esmero e carinho tanto do nosso corpo, como do nosso espírito,
para que possamos refletir toda a beleza física e espiritual que nos foi concedida pelo
Criador.

LXXXV - HIGIENE MENTAL

Quando pensamos melhor, agimos melhor e gozamos de mais saúde e, portanto,
somos mais felizes. Até os nossos sentidos atuam melhor. A medicina moderna
descobriu que a memória se aguça sobremaneira e a tensão mental se desfaz quando
acalentamos pensamentos agradáveis. Nosso estômago, fígado, coração e todos os
nossos órgãos internos funcionam melhor quando estamos alegres.
Pesquisas recentes demonstram, que, de modo geral, o homem de negócios feliz
e prazenteiro, inclinado a ver “o lado bom das coisas” tem mais sucesso que o
pessimista.
A higiene mental é a chave do sucesso.
Há pessoas que não se preocupam com o modo de pensar e por isso sofrem
muito. Grande é a responsabilidade por nossos pensamentos a respeito de nossos
semelhantes e de nós mesmos.
A vida decorre linda, feliz e venturosa quando cultivamos pensamentos elevados
e positivos.
Se observarmos atentamente, veremos que na maioria das vezes, um pensamento
negativo e inseguro foge sempre ao nosso controle, formando uma incontrolável onda
mental sempre crescente.
Você já reparou como se sente infeliz e deprimido quando se deixa envolver por
maus pensamentos? E já observou também que os detalhes o aborrece, deixando-o pior
e mais agitado? Quando estes maus pensamentos surgirem preste atenção no que está
acontecendo em sua mente antes que comecem a formar uma onda negativa. Quanto
mais rápido você se perceber construindo a bola de neve mental, mais fácil será
interrompê-la.
Paulo Coelho nos conta que: Um sujeito está dirigindo um luxuoso Mercedes
Bens quando o pneu fura. Ao tentar trocá-lo, descobre que falta uma ferramenta: o
macaco.
“Bem, vou até a primeira casa e peço um emprestado”, pensa, enquanto caminha
em busca de ajuda. “Talvez o sujeito vendo o meu carro queira me cobrar algo pelo
macaco” – diz para si mesmo. “Um carro como este, e eu precisando de macaco. Ele vai
cobrar-me dez dólares. Não, talvez cobre cinqüenta, porque sabe que preciso do
macaco. Ele vai se aproveitar, talvez cobre cem dólares”. E na medida que anda, o preço
vai subindo. Quando chega até a casa, o dono abre a porta e o sujeito grita: — Você é
um ladrão! Um macaco não vale tanto! Pode ficar com ele!
Qual de nós pode dizer que nunca se comportou desta maneira?É necessário, portanto, que pela energia de nossa vontade controlemos
habitualmente nossos pensamentos, tornando nossa mente um reservatório de energias
superiores. Cortemos o mal pela raiz e digamos para nós mesmos: Pára!
E logo após, substituamos o mau pensamento por um mais feliz e agradável.
A higiene mental é a fonte da saúde, da paz e do bem-estar.

LXXXVI - MUITA PRECE PARA NOSSOS DESAFETOS

Jesus sempre nos concitou a responder o mal com o bem porque sabia que
através do pensamento ligamo-nos uns aos outros. Quando somos submetidos a estados
de excitação emocional tais como: paixão, raiva, ódio etc., estes estados ensejam sempre
uma ligação mental forte entre os que estejam participando deles.
A mágoa é um exemplo de sentimento que nos deprime física e psiquicamente.
Quanto mais nos lembrarmos com amargura e ressentimento dos malefícios,
emitimos vibrações inibidoras que repercutem sobre o nosso organismo, prejudicandolhe a normalidade das funções.
O sistema nervoso em desequilíbrio passa a emitir impulsos destrutivos sobre os
demais sistemas e aparelhos afetando-nos a saúde e perturbando a paz interior. O ódio
tem a mesma força de ligação do amor. Quando odiamos alguém estamos em
permanente comunicação com o ser odiado, permutando fluídos tóxicos e destruidores.
Como no campo psíquico, os afins se atraem. É preciso cortar a sintonia
negativa estabelecida com nossos desafetos. Orar pelos que nos fazem mal, sendo uma
das formas de fazer-lhes o bem, significa interromper qualquer ligação negativa, por
isso Jesus nos convida a orar por aqueles que nos difamam e nos perseguem: “A vós
que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam,
bendizei aos que vos amaldiçoam, orai pelos que vos difamam.” (Lc 6:27-28).
A vibração positiva da prece em favor dos que nos querem mal age sobre o
psiquismo de nosso desafeto, colaborando assim para que saiam dessa situação,
influenciando seu inconsciente de forma favorável a nosso respeito.
Está provado que o ódio, a raiva, a mágoa e o ressentimento causam doenças
graves em nosso corpo somático. A medicina moderna já descobriu que existe uma
relação estreita entre nosso estado emocional e o surgimento de inúmeras patologias de
difícil cura. Não podemos esquecer também de orar pelos nossos inimigos espirituais e
por nossos obsessores, porque eles se enquadram nas recomendações do Cristo.
Sejamos mais sábios e inteligentes. Não guardemos ódio nem rancor que
poderão desestruturar nosso íntimo. Ao invés de ódio, amor, tolerância, compreensão; e
sobretudo, muita prece, não apenas para nossos amigos mas também para nossos
desafetos.

LXXXVII - O CAMINHO DE NOSSA HARMONIZAÇÃO

Na questão 919 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga dos instrutores
que orientaram sua obra: “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de
melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?”Um sábio da antigüidade vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo”
Sócrates estava certo, mas, como é ainda difícil a tarefa de nos conhecermos!
O dever do espírita cristão é tornar-se progressivamente melhor. A finalidade do
espiritismo é ajudar o homem em seu progresso moral para que ele seja feliz consigo
mesmo e com os outros. Não foi outra a finalidade da missão de Jesus. Mas, para que o
homem possa melhorar-se moralmente, ele precisa se conhecer.
Precisa saber de suas virtudes e defeitos, suas possibilidades e limitações, o que
deve e o que não deve mudar.
Entretanto as pessoas se acovardam diante de tais atitudes. Preferem bisbilhotar
a vida alheia, condenam os outros a estudar e a julgar a si mesmas. Em geral, as pessoas
querem se parecer virtuosas, boas, honestas. Ficam inconformadas quando alguém lhes
aponta um defeito, o que demonstra que não são tão virtuosas assim. Preferem um
elogio falso a uma crítica verdadeira. A nossa tendência é de assumir o que é bom e
atribuir aos outros o que é ruim.
Quando agimos com acerto, procuramos aos quatro ventos nossa vitória; quando
é o outro quem acerta, não damos tanta importância ao fato e preferimos comentar que
ele não fez nada demais.
Quando erramos, corremos para encobrir ou disfarçar para que o erro não
apareça, quando o erro aparece, então procuramos sempre justificar; mas quando é o
outro quem erra, levantamos a voz para acusá-lo, criticá-lo e até mesmo feri-lo
moralmente.
Se estamos realmente interessados em melhorar, temos que mudar nossas
atitudes. É importante estarmos em constante exame com nosso íntimo.
Façamos a guisa de nos conhecermos melhor, algumas perguntas a nós mesmos:
“Sentes que está mais calmo, afável e compreensivo?” “Conquistou a paz dentro de
casa?” “Colabora com euforia na seara do Senhor?” “Traz o Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo mais vivo nas atitudes?” “Anda um pouco mais livre do anseio de
influência e de posses terrestre?” “Seus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes
tão conhecidos somente por você, estão presentemente mais raros?” “Dissipou antigos
desafetos e aversões?” “Estuda mais profundamente a doutrina que professa?” “Entende
melhor a função da dor?” “Usa mais intensamente os pronomes ‘nós’, ‘nosso’, e ‘nossa’
e menos os determinativos ‘eu’, ‘meu’ e ‘minha’?”.
Tudo caminha. Tudo evolui. Confiramos sinceramente nosso rendimento
individual com o Cristo. Interroga com consciência quanto à utilidade que vem dando
ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfruta na vida diária. Faça isto
agora enquanto se vale do corpo humano, pois, quando passar para o lado de lá, talvez
seja mais difícil.

LXXXVIII - MUDANDO DE RUMO

Vivemos em meio a muitas dificuldades. Há muitas pessoas enfermas dos
nervos, do estômago, do fígado e de inúmeras outras patologias.
Aflições, dores e amarguras nos cercam por todos os lados. Dores físicas e
morais nos assolam constantemente. Todos, neste mundo de provas e expiações, sofrem.
O sofrimento é conseqüência da atitude mental e aflitiva que adotamos frente aos
problemas que nos afligem. O mal e o bem estão em nossos pensamentos. Se
soubéssemos que a maioria de nossas doenças advém desses estados mentais mórbidose pessimistas, tentaríamos uma mudança de atitudes. Se ao invés de culparmos nossos
pais, parentes ou amigos por nossos problemas e nos conscientizássemos de que somos
os grandes culpados por tudo que nos acontece, certamente estaríamos melhores. O
certo é que ninguém nos poderá fazer infelizes, sem nosso consentimento. Temos em
mãos o comando da nossa vida de nossos atos e atitudes. Se quisermos podemos mudar
o destino mudando nossa vida e nossa maneira de pensar.
Se os outros podem, nós podemos também. Quantas pessoas tristes deprimidas e
infelizes conseguiram superar suas atribulações através do querer, da mudança de rumos
e de atitudes?
O grande Platão dizia que: “Os grandes nos parecem muito grandes porque nós
os observamos de joelhos”.
Quando uma criatura humana está imbuída de um forte desejo de mudança, tudo
lhe será possível e viável.
Mudança de atitudes é opção pessoal e independe das pessoas que nos cercam. A
felicidade está sempre ao nosso alcance, bastando apenas nosso esforço e determinação
para consegui-la. Felicidade é luta, conquista e muito esforço próprio.
Aquele que tem fé deposita sua confiança em Deus mais do que em si mesmo,
pois sabe que é um simples instrumento da vontade de Deus e nada pode sem ele.
Por isso, o apóstolo Paulo gostava de dizer: “Tudo podemos naquele que nos
conforta” (Fp 4:13). Nada é pois impossível ao homem que crê.
O desejo ardente, a confiança e a fé são forças infalíveis. Na maioria das vezes
foram nós mesmos quando no mundo espiritual que escolhemos nossas provações
atuais. Na condição de encarnados infelizmente só podemos ver uma face da moeda. A
fé é o remédio certo para o sofrimento. Quem duvida é logo possuído pela aflição. A fé
se diz da confiança que se tem no cumprimento de um compromisso assumido, da
certeza de se atingir um fim, uma meta. Fé é certeza intuitiva da existência de Deus.
Entendamos de uma vez por todas que as circunstâncias que nos cercam, mesmo
as mais ásperas, são a vontade do Criador em nosso favor.
Nenhum pai dá um escorpião a um filho que pede pão.
Não cai uma folha de uma árvore sem a vontade de nosso Pai Celestial.
Somos filhos de Deus e, portanto filhos do amor. Precisamos mudar destruindo a
ignorância que existe em nós e se queremos melhorar nosso Pai nos apoiará.
“Tudo é possível ao homem que crê” (Mc 9:25)

LXXXIX - INFLUÊNCIAS

Na questão de número 459 de O Livro dos Espíritos, os mentores que assistiam
Allan Kardec nos fornecem a notícia de que os espíritos influem tanto em nossos atos e
em nossos pensamentos que frequentemente são eles que nos dirigem. Portanto, todos
nós na fase evolutiva em que nos situamos, estamos sujeitos a essa influenciação
espiritual, muito mais do que podemos imaginar. O apóstolo Paulo dizia que: “temos a
nos rodear uma grande nuvem de testemunhas” (Hb 12:1) Desde as culturas mais
remotas, encontramos referências à influência exercida por seres invisíveis que ora nos
ajudam, ora nos prejudicam.
Sabemos que esses invisíveis são espíritos que agem em conformidade com suas
tendências e desejos.Somos como ondas de rádio e sempre nos sintonizamos na freqüência que
escolhemos. A lei da afinidade preponderá esta relação.
Normalmente esses seres participam de nossas experiências, tomam partido em
nossas querelas, influem em nossas decisões, e os fazem pelos condutos de nossos
pensamentos, convivendo conosco sem que o saibamos, já que muitas idéias, desejos e
iniciativas são filhas de suas sugestões.
Temos, portanto, de vigiar incessantemente nossos atos e pensamentos,
procurando sempre pautar nossas vidas em favor do bem e do amor aos nossos
semelhantes.
Ao agirmos como cristãos estaremos nos precavendo dos dissabores das más
companhias, resguardando assim nossa casa mental contra malfeitores e desocupados do
além.
É comum, em nossas Casas Espíritas, inúmeras pessoas serem informadas de
que seus problemas, dores e aflições estejam relacionados à presença desses inimigos
invisíveis que sempre os assediam, buscando desforras na maioria das vezes, por
situações pretéritas.
A morte física desses inimigos não nos alivia de suas vinganças e perseguições
além túmulo. O provérbio; “morto o animal, morto o veneno” não é verdadeiro, nesses
casos.
A chamada obsessão que nada mais é que o domínio exercido por estes espíritos
sobre os homens se dá devido ao nosso descuido. Quando nos deixamos levar por suas
más sugestões, abrindo nossa guarda por pensamentos e atitudes menos dignas, esses
inimigos ocultos invadem nossa casa mental e nos atormenta incessantemente.
Quando estamos vazios de idéias superiores com auto-estima baixa e vazios de
motivação existencial, esses inimigos aparecem sorrateiramente nos trazendo muita dor
e sofrimento.
Certa feita, Chico Xavier preocupado com a nefasta influência destes
verdadeiros “hóspedes” de nossa casa mental, perguntou ao espírito Emmanuel qual
seria os melhores antídotos para nos precaver desse verdadeiro flagelo, e a resposta de
Emmanuel foi conclusiva: “Trabalho, prece e renovação”. O trabalho é realmente de
suma importância, pois com ele ocupamos nossa mente. A prece nos eleva e nos
protege, e a renovação advém da mudança de rumos e atitudes que nos impulsionam
rumo à nossa evolução.
Pratiquemos o bem! Façamos aos nossos semelhantes o que gostaríamos que ele
nos fizessem e confiemos em Deus, colocando nossas vidas em suas mãos, conscientes
de que Ele sempre nos confia o melhor.

XC - BOA VONTADE

Quando Jesus nasceu em Belém, os mensageiros espirituais o saudaram com a
frase “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2:14).
O homem de boa vontade é bênção para si e para todos que o rodeiam, pois o
maior bem que podemos fazer a nós mesmos, é fazer bem aos nossos semelhantes.
Fazer o bem, sem esperar nenhuma recompensa.
Aquele que serve com boa vontade, pelo prazer de ser útil, encontrará em si
mesmo mil recursos de progresso e elevação. A grande verdade é que só seremos felizes
se estivermos imbuídos dos propósitos de amar e servir.Quando o homem desperta para os reais valores da vida, ele sente maior prazer
em dar do que receber. Quem é realmente bom não se julga merecedor de algum prêmio
somente por fazer o bem. Ele sabe que ser bom é ser feliz, pois ser feliz é conseqüência
natural do ser bom. Em Atos dos Apóstolos (20:35) está escrito: “É mais bem
aventurado dar do que receber.”
Quem pouco recebe é quem pouco dá. Essa é também lei divina que podemos
chamar de conseqüencial. A capacidade de receber está na relação com a capacidade de
dar.
Plantemos sementes de amor e bondade, sem nos preocuparmos com os
resultados futuros.
O beneficiado tem a obrigação de ser grato, mas o benfeitor não tem o direito de
esperar gratidão.
Boa vontade é tudo o que realmente é feito de coração, sem segundas intenções.
Vejamos algumas receitas e sugestões ao alcance de todos nós.
· Doar um prato de alimento a quem sofre em penúria;
· Entregar uma peça de roupa aos que gemem de frio;
· Oferecer um livro nobilitante;
· Conter a irritação;
· Evitar a palavra inconveniente;
· Ceder lugar num coletivo a uma gestante ou a pessoa idosa;
· Emprestar algo a quem precisa;
· Atravessar um cego na rua;
· Ajudar a carregar embrulhos;
· Assegurar dois minutos de prosa consoladora aos doentes;
· Remover espontaneamente um perigo na via pública.
Na base de uma ação por dia, teremos o crédito de trezentos e sessenta e cinco
boas ações por ano. Se aumentarmos as boas ações diariamente, em breve tempo
teremos dificuldades em relacionar a extensão dos bens proporcionados. E nunca nos
esqueçamos que a verdadeira caridade não depende dos bens materiais, pois, é feita,
sobretudo, pelo coração. O sublime da caridade é realizá-la com o esforço de nossas
forças. Dar algo de nós é mais sublime que doar algo que nos pertença. Só pode amar
realmente, quem está disposto a servir, por isso o Cristo nos ensinou: “Quem nasceu o
maior seja o menor de todos” (Lc 22:26) ou “o filho do homem não veio para ser
servido e sim para servir” (Mt 20: 28).
Entretanto, não nos esqueçamos também do inverso, pois todo o mal que aos
outros fizermos, duplamente estaremos fazendo a nós pois ninguém pode fazer o mal ao
próximo, sem fazer mal a si mesmo.

XCI - IMORTALIDADE

Desde a idade remota os homens tinham idéias ou intuições sobre a imortalidade
da alma. Povos indígenas tinham o costume de colocarem armas e utensílios no túmulo,
numa possível referência a continuação da vida.
Embora a imortalidade da alma tenha sido ensinada através dos tempos por
todas as doutrinas espiritualistas, coube ao Espiritismo, não só confirmar esta evidência
como através de fatos, comprovar sua realidade.Assim é que o Espiritismo vem oferecendo desde sua codificação ensejo a todos
que desejem certificar-se da imortalidade. O desdobramento da personalidade humana,
comprovado através de testemunhos indiscutíveis.
Aparições espontâneas, os desdobramentos conscientes, materializações,
fenômenos de incorporação, voz direta, psicografia, psicometria, sonhos e intuições são
provas de que a vida futura não é mais um simples artigo de fé, uma hipótese.
A imortalidade da alma é uma das mais importantes revelações para a
humanidade, pois através dela, nos asseguramos da realidade do futuro e da certeza de
que um dia, através de nossos esforços, atingiremos a perfeição a que todos nós estamos
destinados.
Por isto o Cristo iluminado nos disse: “Vós sois deuses” (Jo 10:34) e “nenhuma
de minhas ovelhas se perderá” (Jo 18:9).
Quanto a imortalidade de nossa alma, o Cristo foi mais claro ainda quando disse:
“Eu sou a ressurreição e a vida e todo aquele que crê em mim mesmo que morrer viverá,
e todo aquele que crê em mim não perecerá”(Jo 11:25).
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes
aqueles que podem fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10:28).
Portanto, para o verdadeiro cristão, a morte nada tem de apavorante e não é mais
a porta do nada, mas a porta da libertação que abre ao homem reformado à entrada de
uma nova morada de felicidade e paz.
Se quisermos desfrutar de equilíbrio e paz no plano extra-físico em nossas
existências futuras, é indispensável alicerçar nossos atos e ações no amor cósmico e
universal ensinado pelo Homem de Nazaré. A edificação do amor em nossos corações é
o único roteiro capaz de nos conduzir à perfeição espiritual a que nos destinamos. Não é
bastante apenas crer na imortalidade da alma, inadiável é a luta que temos que travar
dentro de nós mesmos procurando vencer nossos erros, vícios e defeitos.
A idéia clara e precisa que temos da imortalidade nos dá a fé inabalável para o
futuro.
A nossa vida corporal passa a ser apenas uma passagem, uma curta estação neste
planeta de provas e expiações! As dores e vicissitudes são passageiras, porque o
determinismo de nossa evolução nos dirigirá a um estado de mais felicidade e ventura.
Reformemos o quanto antes nossas vidas, afogando definitivamente o homem
velho cheio de erros e defeitos, para que possa ressurgir um homem novo e feliz,
harmonizado com o Cristo e com seu evangelho.
“Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á, e quem perder sua vida
por minha causa achá-la-á. Pois, o que aproveita ao homem ganhar o mundo, se perder
sua alma?” (Mt 16:25-26).

XCII - PROBLEMAS E PROVAÇÕES

Enquanto estivermos encarnados estaremos às voltas com dificuldades e lutas.
Abençoemos os problemas e as provas que a infinita sabedoria nos proporciona que visa
o nosso aprimoramento.
Evitemos choros e lamentações. Todo lamento debilita nossas forças internas,
necessárias para superar nossas dificuldades. Se mudarmos nossa atitude mental
veremos que com valentia, venceremos às vicissitudes adversas que a vida nos impõem.Notaremos surpresos que os obstáculos que antes achávamos insuperáveis não são tão
grandes como pensávamos.
O problema é mantermos uma atitude mental positiva de triunfador.
Acreditemos em nossa força interior e tenhamos fé que Deus é nosso Pai e por
isso jamais nos abandonará, por mais difícil que seja nossa provação.
Provas e problemas foram feitos para serem resolvidas com fé, empenho e muita
determinação.
Façamos nossas, as palavras do apóstolo Paulo: “Tudo podemos naquele que nos
conforta, tudo podemos naquele que nos fortalece.” (Fp 4:13).
Aceitemos sem desfalecimento nossas provações, confiando nas forças divinas
que jamais nos abandonarão.
Temos consciência que o planeta que nos acolhe é local de expiação e dor e que
a dor nos purifica e nos eleva quando a aceitamos sem revoltas.
Dores e sofrimentos devem ser aceitos com calma, resignação e até com certa
alegria. A dor é o caminho mais alto para nossa ascensão e o modo mais seguro para
nos afastar das futilidades e veleidades humanas.
O Cristão verdadeiro deve encarar a existência material como um curso de
provas de toda a espécie, tanto físicas quanto morais.
Não peçamos ao nosso Pai Celestial o afastamento da dor. Roguemos forças
para suportá-las. É mais sensato não solicitar o desaparecimento das pedras do nosso
caminho e sim, a maneira de como nos livrarmos delas.
Jesus quando solicitava ao Pai favores em prol dos seus discípulos, assim
rogava: “Não peço que os tireis do mundo, mas que os livreis do mal” (Jo 17:15).
Aceitemos nossos sofrimentos sem revoltas e sem desespero, mas os aceitemos
com resignação e paciência, pois, assim como chegaram, um dia, também partirão.
Lutemos sempre por nosso melhoramento moral, estudando, e sobretudo,
procurando vivenciar os ensinos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e não nos
esquecermos que, na maioria das vezes, fomos nós que escolhemos as provações atuais.
O Pai jamais abandona qualquer um de seus filhos. O que hoje nos esmaga e nos
parece uma calamidade insuportável, se diluirá em poucos dias ou até em poucas horas.
Com Jesus, todas, as dores e tormentas passarão e todas as lágrimas se secarão.
Se tivermos fé, veremos então que essas dores transformar-se-ão em cicatrizes e essas
cicatrizes serão luzes a iluminar nossos caminhos.

XCIII - MISERICÓRDIA

No magistral Sermão da Montanha Jesus falou às multidões: “Bem aventurados
os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5:7).
Ser misericordioso é compadecer-se da miséria alheia, ou seja, ter compaixão
pela miséria de nossos semelhantes. A misericórdia atesta ausência de egoísmo, pois
reflete a compreensão e o entendimento de que todos nós estamos em pleno processo
evolutivo e, por isso, sujeito a erros. Todos somos filhos de um Pai que é todo bondade
e misericórdia sendo sua misericórdia, infinita que acoberta tudo que foi por Ele criado.
Se quisermos seguir os ensinamentos de Jesus e fazer deles um roteiro para
nossas vidas, que exercitemos a legítima misericórdia que consiste em compadecermos
dos irmãos de jornada, apiedando-nos seja através das formas da indigência, doabandono da enfermidade, e da miséria espiritual caracterizadas pelas inúmeras falhas
do comportamento humano.
Ser misericordioso é condoer-se pelos irmãos que perambulam nas ruas a cata de
um molambo ou de um pedaço de pão. É apiedar-se das crianças esquálidas e famintas
que sem teto e educação são enjeitadas nos becos da vida e escorraçadas do nosso
convívio.
É ter compaixão e sensibilizar-se à vista dos sofredores que a AIDS, o pênfigo, o
câncer, a lepra e inúmeras outras enfermidades de curso doloroso os estão arruinando.
Ser misericordioso é nos suportarmos mutuamente. É relevarmos os defeitos
daqueles que nos rodeiam. É renunciarmos a todo e qualquer desejo de vingança. Não
guardarmos quaisquer ressentimentos, estando sempre prontos e dispostos a ajudar e
servir aos que mais necessitam de nosso amparo. É condoer-nos da dor de nosso
semelhante, procurando fazer algo prático para minorá-la.
A indulgência não vê os defeitos alheios e se os vê, evita comentá-los e divulgá-
los.
Somos imensamente carentes de misericórdia devido à fase evolutiva em que
vivemos. Nossos erros e fraquezas ainda são enormes e por isso precisamos exercê-la
em favor de todos os que cruzam nossos caminhos, pois Jesus nos ensinou darmos as
mãos e repartirmos o pão com nossos semelhantes. É dando que haveremos de receber.
Entretanto, é necessário que essa doação seja exercida com total
desprendimento, sem esperarmos recompensas, reconhecimento, ou gratidão daquele
que foi beneficiado. Se o beneficiado tem a obrigação de ser grato, o benfeitor não tem
o direito de esperar gratidão.
Façamos o bem pelo próprio bem, pois assim nos ensinou Jesus de Nazaré.

XCIV - O CRISTÃO PERANTE O EVANGELHO

Estamos ainda muito longe da união integral com Jesus. Somos, na maioria,
ainda ignorantes quanto às coisas espirituais. Por esta razão o mundo atual é um rosário
de sofrimentos. Nossa ignorância nos leva à dor que é um apanágio do planeta que
vivemos. Sofremos porque erramos muito e erramos muito pelo total desconhecimento
que a maioria de nós tem das verdades transcendentais que regem o equilíbrio de nossas
vidas. Relutamos ainda em acreditar na lei de ação e reação que coordena nossa
existência.
Ainda temos dificuldades de entender que quando fazemos mal ao nosso
semelhante é a nós que estamos fazendo ou se destruímos a natureza, sem o
percebermos, estamos colaborando para a destruição do planeta em que vivemos.
Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (Jo 8:32); esta
verdade proclamada pelo Mestre é síntese dos ensinamentos do evangelho. Não é
necessário apenas o conhecimento teórico dessas verdades, pois a melhor evangelização
é feita com a força de nossos exemplos.
Existe um grande abismo entre a verdade decorada e a verdade exemplificada,
por isso o espírito Emmanuel nos lembra que: “as palavras convencem, os exemplos
arrastam”.
Inúmeros cristãos dirigem-se à suas igrejas vestido de terno e levando a bíblia
debaixo dos braços. Outros chegam a decorar parte substancial dos ensinamentoscontidos nos livros de Deus, mas poucos, no entanto, esforçam-se por vivenciá-los em
seus corações.
A atitude do verdadeiro cristão perante o Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo será em primeiro lugar, conhecê-lo e posteriormente, vivenciá-lo.
Conhecê-lo sem vivenciá-lo pode ser muito danoso a nós e ao aprendizado de
quem nos rodeia. Fariseus e publicanos foram muito criticados por Jesus, pois
conheciam a lei e não as colocavam em prática. Foram por isso chamados de túmulos
caiados, brancos e limpos por fora e sujos por dentro.
Sejamos, portanto, mais autênticos quanto aos procedimentos e lutemos sempre
para corrigirmos erros e defeitos sem a pretensão de sermos santos porque ainda
estamos longe da perfeição.
Allan Kardec inspirado nos alertou: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela
sua transformação moral, pelos esforços que empreende em domar suas más
inclinações.”
Tenhamos muito cuidado com brigas e dissensões de fundo religioso, pois nossa
doutrina nos ensina que toda crença é respeitada quando é sincera e nos conduz à prática
do bem. As crenças reprováveis são as que conduzem ao mal. Desde os tempos de Jesus
as multidões eram interesseiras e só seguiam o Mestre para se beneficiarem de seus
poderes curadores. Passados dois mil anos nosso comportamento infelizmente é o
mesmo. A grande maioria nunca entendeu sua mensagem libertadora, por isso a história
da humanidade é uma imensa cadeia de sofrimentos.
Harmonizemos nossos sentimentos com a mensagem de Jesus conhecendo-a,
mas sobretudo, vivenciando-a.