quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Esquecimento do passado

http://bibliadocaminho.com/ocaminho/Tematica/EE/Estudos/EsdePfM6R6.htm

CAUSAS DO ESQUECIMENTO DO PASSADO - PARTE II

CAUSAS DO ESQUECIMENTO DO PASSADO - PARTE II
Continuação do estudo anterior

O porque do esquecimento

Causas Físicas:

O esquecimento representa a diminuição do estado vibratório do Espírito, em contato com a matéria. Esse esquecimento é necessário.
           
Tomando um novo corpo, a alma tem necessidade de adaptar-se a esse instrumento. Precisa abandonar a bagagem dos seus vícios, dos seus defeitos, das suas lembranças nocivas, das suas vicissitudes nos pretéritos tenebrosos. Necessita de nova virgindade; um instrumento virgem lhe é então fornecido. Os neurônios desse novo cérebro fazem a função de aparelhos quebradores da luz; o sensório (parte do cérebro, que consideram como centro comum de todas as sensações) limita as percepções do Espírito. Sua consciência é apenas a parte emergente da sua consciência espiritual; seus sentidos constituem apenas o necessário à sua evolução no plano terrestre.
           
Daí a exigüidade das suas percepções visuais e auditivas, em relação ao número inconcebível de vibrações que o cercam.
           
Durante a reencarnação, a matéria cobre o perispírito com seu manto espesso; comprime, apaga-lhe as radiações.
Nos queixamos muitas vezes de não conseguirmos nos lembrar de todas as coisas que necessitamos no dia-a-dia: compromissos e obrigações com estudo, trabalho, família, amigos, horários a cumprir, desafios diários a enfrentar. Nossa memória às vezes não falha? Imaginemos então, se recordássemos de todas as nossas existências?

Causas Morais:

Quantas coisas que são obstáculos a nossa paz interna, que quiséramos eliminar da nossa existência atual ? Que seria pois, se nosso passado se desenrolasse sem cessar, com todos os pormenores, diante de nossa vista? A experiência nem sempre é adquirida de forma fácil, às vezes as provas são rudes, as expiações terríveis, e se os sofrimentos da vida parecem longos, penosos, que seriam, se aumentados com as lembranças dos sofrimentos passados?

Ex: Um homem honesto hoje, mas que deve este aprendizado aos rudes castigos que suportou por faltas que atualmente repugnariam sua consciência; gostaria de lembrar-se de ter sido enforcado ou preso por isso? A vergonha não o perseguiria sabendo que todos conhecem o seu passado de erros? Ele não seria cobrado, marginalizado pelo seu passado?
           
Temos disso uma prova atual:
         
 Um presidiário que tome a firme resolução de se tornar honesto; que ocorre em sua saída?
           
É repelido pela sociedade e essa repulsa, quase sempre o recoloca no vício.
           
Suponhamos, ao contrário, que todo o mundo ignore seus antecedentes... ele será bem acolhido.
           
Se ele próprio pudesse esquecer seu erro não seria por isso menos honesto e poderia andar de cabeça erguida ao invés de curvá-la sob a vergonha da recordação.
           
O homem, que vem a este mundo para agir, desenvolver as suas faculdades, conquistar novos méritos, deve olhar para frente e não para trás. Diante dele abre-se, cheio de esperanças e promessas, o futuro.
         
 A Lei Suprema, ordena-lhe que avance resolutamente e, para tornar-lhe a marcha mais fácil, para livrá-lo de todas as prisões, de todo peso, estende um véu sobre o seu passado.

Há uma grande curiosidade em se conhecer o passado. É possível ? É bom?

Integrado na vida corpórea, o Espírito perde momentaneamente a lembrança de suas existências anteriores. Tem às vezes uma vaga consciência, e elas podem mesmo lhe ser reveladas em certas circunstâncias. Mas isto não acontece senão pela vontade dos Espíritos Superiores, que o fazem espontaneamente, com um fim útil, e jamais para satisfazer uma curiosidade vã.
         
 A recordação das vidas anteriores só pode ser proveitosa ao Espírito bastante evoluvido, bastante senhor de si para suportar-lhe o peso sem fraquejar, com suficiente desapego das coisas humanas para contemplar com serenidade o espetáculo de sua história, reviver as dores que padeceu, as injustiças que sofreu, as traições dos que amou. É privilégio doloroso conhecer o passado dissipado, passado de sangue e lágrimas, e é também causa de torturas morais, de íntimas lacerações.
           
No romance mediúnico, "O Solar de Apolo" de Victor Hugo, um personagem indaga a mentora espiritual:
            —"Por que Deus não me puniu outrora, quando ainda me recordava dos crimes praticados, aplicando a justiça por mais severa que fosse, e não agora, que já estou deslembrado de todas as vilanias perpetradas numa era que se eclipsou da minha memória? Eis porque não me resigno: sofrer pelo que ignoro haver praticado num passado que não se pode investigar!
            —Meu amigo: um delinquente que hoje comete um crime, poderá horas após, adormecer profundamente e então esquecerá a perversidade praticada mas, nesse período, deixará de merecer as sanções da lei? Não, certamente. Digo-te mais: se nos lembrássemos de todos os crimes praticados nas inúmeras encarnações passadas, cujo resgate temos que empreender um dia, nenhum de nós poderia dormir ou viver normalmente, como é necessário. Convence-te do seguinte: o esquecimento é um favor que Deus nos faz em sua infinita misericórdia e não um castigo. Além disso, se não te lembras às vezes nem do que ias dizer, como queres te lembrar de fatos ocorridos há milênios? Estabelecer-se-ia em teu cérebro uma tal confusão que terias de ser recolhido a uma prisão de loucos. Que importa pois, que um indivíduo sofra sem saber porque, se o sofrimento lhe é duplamente benéfico: abrandando-lhe o coração e quitando-lhe as dívidas?
           
Edifiquemos o nosso porvir procedendo ilibadamente no presente. Quem se preocupa em demasia com o passado, perde as oportunidade presentes.

Mocidade Espírita Batuira
Maria Sueli Bertoldi Pereira
junho / 2003

ESQUECIMENTO DO PASSADO


 No processo evolutivo em que todo o universo está incluso, num dinamismo e mutações constantes, através de leis perfeitas e imutáveis, o Espírito humano caminha sempre, aprendendo e desenvolvendo-se.

Conhecer essas leis é necessário para saber-se quem se é, de onde veio, o que faz na Terra, para onde vai e como deve ir. Quanto mais o homem se aprofunda nessas questões, mais facilidade e segurança ganha nessa caminhada evolutiva para a conquista da perfeição e felicidade possíveis.

Uma dessas leis é a das vidas sucessivas em mundo materiais, a reencarnação, "o retorno do espírito ao corpo tantas vezes quantas se tornem necessárias para o autoburilamento, libertando-se das paixões e adquirindo experiências superiores, sublimando as expressões do instinto ao tempo em que desenvolve a inteligência e penetra nas potencialidades transcendentes da intuição".(l)

Nesse processo, acontece o esquecimento do passado.

O espírito, ao renascer, em um corpo pequenino e frágil, o mais indefeso dos recém-nascidos do reino animal, está deslembrado, na sua consciência, de todo o seu passado, embora ele esteja no seu inconsciente.

Esse esquecimento se dá por força do próprio processo reencarnatório, que se inicia no plano espiritual, continuando no físico. O espírito reencarnante passa por diversas fases: o preparo espiritual, a aproximação e a ligação fluídica com os pais, a redução do perispírito, a ligação com o ovo que acaba de formar-se, a junção, molécula por molécula do perispírito com o novo corpo, tudo isso levando o reencarnante a um estado de perturbação e semi-inconsiência, até que pelo poder crescente da força do fluido vital, o poder vibratório do perispírito diminui, de modo que o Espírito fica quase ou totalmente inconsciente por ocasião do nascimento. Dessa diminuição de amplitude do movimento fluídico do perispírito e aumento do poder do fluido vital, resulta o esquecimento do passado, isto é, não mais lembrar-se de sua vida no plano espiritual e das vidas passadas das quais tinha conhecimento antes do reencarne. (2)

Assim, ao despertar no plano material, a nova existência significa um renascimento real para o Espírito, como se fora um ser novo, a abrir-se a novos aprendizados, a mudanças de hábitos negativos para outros mais saudáveis. Daí a importância dos primeiros sete anos, tempo para a consolidação do processo, na educação da criança.(4)

A lei da reencarnação é uma prova da importância do meio ambiente para a evolução do Espírito.

Quais as causas que provocam o esquecimento do passado?

Segundo Leon Denis (3), existem causas fisiológicas e causas morais. A primeira está no próprio processo reencarnatório, já citado acima. Em um corpo novo, cérebro novo encontra-se o Espírito impossibilitado de lembrar-se e exprimir as recordações do passado.

Todavia, todas as experiências vividas estão arquivadas nele, através do perispírito, no inconsciente pré-anímico e anímico. A memória é a associação das idéias, dos fatos, dos conhecimentos. Uma vez que essa associação não está no cérebro, o fio da recordação se rompe, podendo reaparecer, vinda do inconsciente, em determinada situações.

O autor trata desse aspecto com muita riqueza de exemplos.

Quanto às causas morais, cita a necessidade desse esquecimento para o adiantamento do Espírito. Se não houvesse o esquecimento, sua evolução seria talvez impossível, porque os preconceitos de classe social, de raça, de idéias, toda sua herança mental seria entrave às transformações pelas quais deve passar, quanto mais viva estivesse no consciente de cada um.

Desde o berço, as idéias preconcebidas impediriam uma renovação. Em certos casos, o homem poderia sentir-se humilhado, em outros, orgulhoso de sua personalidade anterior e, por isso, teria dificuldade no exercício do livre arbítrio, o que traria perturbações aos relacionamentos com os outros.

O esquecimento, ao contrário, permite que tudo lhe seja novo: ambiente familiar e social, situação, pessoas, favorecendo aquisições de novos conhecimentos, de novos hábitos.

O novo ser, embora Espírito imortal e já muito vivido, surge então, como se fora, nos primeiros anos, uma página em branco, para receber novos escritos, novos aprendizados, através de novas experiências. É uma nova chance de melhorar-se, de perder sentimentos e hábitos negativos e começar a desenvolver novos, sadios e nobres.

Na questão 392, (4), os Espíritos disseram que pelo esquecimento do passado, o homem é mais ele mesmo, "ou seja, tem mais condição de agir mais livremente nas novas experiências, sem as amarras dos hábitos e preconceitos do passado. Apresenta-se com novas condições internas para usar seu livre arbítrio nas novas experiências".

Bezerra de Menezes (5), afirma que o esquecimento do passado é um respeito ao livre-arbítrio do homem, porque permite que ele o use mais livremente, segundo a boa ou má inclinação de seu espírito.

Mas será que não seria melhor, mais justo se o homem soubesse que a pessoa difícil com quem convive, foi sua vítima num passado, para que ele se esforçasse mais para ter paciência e procurasse transformar essa reação negativa em positiva? Não seria mais benéfica a lembrança do passado?

A reencarnação é um instrumento de evolução para o Espírito. Cada uma delas é um recomeço. Como recomeçar, tendo presente na mente os erros e culpas do passado? Como conviver com alguém a quem se amou e odiou por causa de traição?

A reencarnação não seria então, uma nova oportunidade, nem um recomeço, mas um continuar da mesma situação, num emaranhado de emoções, sentimentos e experiências desequilibradas e contraditórias.

O esquecimento do passado é também uma necessidade da coletividade. A recordação de nossas vidas passadas estaria também ligada a do passado dos outros, o que perpetuaria os ódios, as discórdias entre inimigos e desafetos e os criminosos estariam marcados, não encontrando ambiente propício à sua reabilitação.(6).

Quiseram o amor e a misericórdia divina que toda reencarnação fosse uma nova vivência e o esquecimento do passado é a base, a condição sine-qua-non para viver-se, integralmente, a existência presente, em experiências novas, com pessoas já conhecidas, mas também fazendo novos relacionamentos, sem a preocupação de pagar dívidas (mesmo porque estão esquecidas), mas para aprender-se a amar e a servir com prazer, continuando seu desenvolvimento espiritual.

A evolução se faz, internamente, de dentro para fora e ela só pode acontecer com a renovação do sentir, do pensar, expressando-se em novas idéias, em novas atitudes, em novos hábitos.
       
Essa renovação só pode processar-se com o esquecimento do passado, benção da misericórdia e da justiça de Deus, que deu ao homem, para melhorar-se, a voz da consciência e as tendências instintivas que lhe são suficientes para indicar o que deve corrigir em si mesmo, e continuar seu desenvolvimento.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Outubro / 2004

Bibliografia:
1. Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis, cap. Reencarnação.
2. Missionários da Luz, André Luís, cap. XIII.
3. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Leon Denis, cap. XIV.
4. O livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução de Herculano Pires: questão 392, 382 e 383.
5. Estudos Filosóficos, Bezerra de Menezes, cap. XLI.
6. Depois da Morte, Leon Denis: Segunda parte, item XIV.

O provisório esquecimento do passado


Rogério Miguez


       É muito comum que os iniciantes no estudo da Doutrina Espírita, após tomarem conhecimento da lei das reencarnações, questionem qual a razão de esquecermos o que fizemos e o que fomos nas vidas passadas. Têm a impressão de que seria muito melhor se nos lembrássemos de tudo, argumentam, adicionando ainda que, com a ciência do que fizemos poderíamos melhor nos conduzir na vida atual e aproveitar as oportunidades presentes.
       Uma primeira abordagem que poderíamos fazer, bastante simplista, esclarecendo estes novos espíritas, é de que, se cremos em Deus, e Ele assim determinou, é que há nisso vantagem e sabedoria: é Lei de Deus, ponto final!
       Contudo, nada impede que tentemos entender e aprofundar o tema um pouco mais, pois isso nos ajuda a construir a fé que pode encarar a razão a qualquer momento. Entretanto, de modo a não criarmos uma expectativa muito grande neste aprofundamento da questão, podemos adiantar que o homem não pode, nem deve saber de tudo.
       A Doutrina nos ensina que, esquecido de seu passado, o homem é mais senhor de si, tem condição de melhor conduzir a própria vida.
       Esclarece ainda que, se lembrássemos de tudo, pode-se afirmar, não seria mais fácil lidar com as situações do dia a dia, muito pelo contrário, haveria perturbações nas relações sociais e mesmo dentro do ambiente familiar. Basta recordar que, frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, cercado de muitos com quem dividiu experiências no passado.
       Imaginemos lembrar que tiramos a vida de um familiar; fomos o responsável pela doença ou problema mental que nosso filho agora apresenta; levamos à morte milhares de pessoas; destruímos, queimamos e conquistamos pela força; semeamos o medo e a desgraça entre os povos. Não há dúvida de que se nos recordássemos desses feitos teríamos sentimentos nada tranquilizadores de vergonha, humilhação, remorso e acentuada culpa.
       Além disso, existiriam perseguições intermináveis por parte daqueles que ainda poderiam se sentir prejudicados por atos passados, lutas dificílimas se estabeleceriam, caso pudéssemos nos reconhecer inequivocamente.
       Mais ainda, o processo de educação dos pais seria altamente prejudicado. Imagine se um pai ou mãe, tentando dar bons conselhos e orientações a um filho, escutasse: “Meus pais, que história é essa de me dizerem o que fazer, alegando preocupação comigo!
       Ora, na vida passada vocês me abandonaram, não foi? Será que eu posso confiar em vocês nesta vida? Que garantias tenho de que o interesse de vocês agora é verdadeiro? O que mudou?”.
       A recordação das afeições especiais e de momentos positivos no passado poderia também favorecer e estreitar relacionamentos particulares, o que de igual modo não é o desejado na busca da construção da família universal. E se o oposto se desse, ou seja, quando inimigos se reconhecessem dentro de uma mesma família? haveria a ruptura imediata do grupo.
       Quantas vezes nos perguntamos em tantas situações: “Se eu tivesse de recomeçar, não faria mais o que fiz, certamente teria feito de modo diverso”. Existe mesmo o famoso ditado que diz: “Se arrependimento matasse!”. Nada a estranhar, uma vez que é a realidade em um mundo de provas e de expiações, habitado ainda por grande maioria de Espíritos muito distantes da perfeição. Apenas os orgulhosos não reconhecem os seus desvios das leis de Deus, não admitem que já se equivocaram em muitas ocasiões. Afinal, só não se equivoca quem é perfeito, estado evolutivo que ainda não alcançamos neste mundo.
       Como reagiríamos se lembrássemos dos nossos deslizes de vidas passadas com os executados na vida presente! Isso poderia levar muitos à loucura e desequilíbrios inimagináveis. O Espírito de evolução mediana, como todos nós, não consegue suportar tal pressão sobre si mesmo.
       Observando, por outro lado, feitos de destaque no passado, esses poderiam também fazer surgir ou reacender o tão indesejado orgulho, bem como a vaidade, traços de personalidade nada construtivos para quem necessita de um novo começo, de uma  nova vida.
       Observemos que, de modo geral, na vida presente, colocamos as faltas ou deslizes e os atos que nos comunicam certa vergonha e arrependimento, nos porões da consciência, alojando-os o mais fundo possível. É um mecanismo de defesa do Espírito, e o fazemos com tamanha intensidade que de ordinário o Espírito de fato se “esquece” temporariamente daquele ato infeliz. São necessárias certas técnicas para levá-lo a recordar do acontecido. Assim, tentamos fazer exatamente o que Deus faz natural e sabiamente, pois quem quer lembrar-se dos erros do passado e da vida presente? A razão de afirmarmos que o esquecimento é provisório reside no fato de que nos lembraremos das nossas vidas quando estivermos desencarnados. Sabe-se, contudo, que as lembranças não se apresentarão de imediato, com todos os detalhes de inúmeras vidas, mas irão clareando na medida em que estivermos preparados para ver-nos face a face com as nossas antigas personalidades.
       Lembremos mais uma vez que colocamos no porão da consciência, quando encarnados, os atos e situações que nos desgostam. Na vida espiritual há processo semelhante, embora seja o perispírito como que um imenso baú de memórias, conservando o registro de todos os nossos atos. Pela bondade de Deus, quando desencarnados, não acessaremos de imediato, na lucidez da consciência, tudo o que fizemos, visto que se tal acontecesse, nos desequilibraríamos intensamente, não nos esquecer-se do que fez o ex-detento aceitando como atores e partícipes de lances infelizes que certamente protagonizamos em diversas vidas regressas.
       É fato que existe a possibilidade de acessar algo do nosso passado quando estamos dormindo, pois, parcialmente liberto do corpo, o Espírito adquire certa lucidez que permite ter relances ou vislumbres de certos momentos do passado. Essas lembranças podem funcionar como avisos ao encarnado sobre certas condutas e posições que na vida presente experimenta e que não interessam no momento. Representam mais uma demonstração da bondade de Deus alertando-nos para seguir as leis morais.
       É de se observar que a sociedade comumente age, em relação aos seus ex-condenados, de modo contrário à lei de Deus. É raro esquecer-se do que fez o ex-detento e, por conta disto, não se lhe dá novas oportunidades. Deus não age assim e, como o seu amor é incondicional e imensurável, como nos deseja o melhor e que conquistemos a nossa perfeição, dá-nos esta bênção provisória de esquecermos o passado, possibilitando ainda a vivência de novas oportunidades, tantas quantas forem necessárias, para que de fato aprendamos o que é preciso aprender. Se nem sempre podemos nos honrar do nosso passado, melhor é esquecê-lo temporariamente.
       Todavia, chegará o tempo, e isto é certo, quando, pela força das nossas aquisições morais, da melhora ética em nossa conduta, passaremos a ter boas, excelentes lembranças do que fizemos, e nessa hora, então, será tudo alegria, felicidade. Teremos imenso prazer em recordar o que construímos de bom para nós mesmos e para o próximo. Poderemos manter as portas dos porões da consciência destrancadas, sem ferrolhos, uma vez que nada mais nos envergonhará, nada mais temeremos e nada nos incomodará.
       A certeza de um passado totalmente superado pelas boas obras será a nossa garantia de paz e tranquilidade interior.
       Nada obstante, na nossa situação atual, mais vale esquecer do que lembrar!

Reformador - Federação Espírita Brasileira - Ano 130 - Nº 2.197 - Abril 2012
Autor: Rogério Miguez

Fonte: O Reformador

Reencarnação e o Esquecimento do passado


http://www.espiritoimortal.com.br/reencarnacao-e-o-esquecimento-do-passado/

Esquecimento do Passado



Escrito por André de Paiva Salum


Princípio fundamental de várias doutrinas espiritualistas, dentre as quais o Espiritismo, a reencarnação é lei natural para todos os seres em evolução, até que conquistem a condição de espíritos puros e não mais necessitem habitar os mundos materiais. É mecanismo universal que serve de instrumento ao progresso, ao reajuste dos equívocos passados, à conquista de novos valores e de experiências enriquecedoras.

Diante de tal realidade, mesmo aceitando a reencarnação, muitos se perguntam por que não são lembradas as vivências pretéritas.

O espírito, que já viveu inumeráveis experiências reencarnatórias, quando inicia o processo de ingressar em novo corpo carnal, sofre gradual esquecimento do seu passado espiritual. Ao nascer no mundo físico, desperta para uma nova vida, com possibilidades de reescrever sua história, renovar os propósitos, sublimar os impulsos e educar os instintos remanescentes em sua intimidade.

O esquecimento do passado funciona como proteção aos seres ainda desprovidos de estrutura psíquica que lhes permitiria assimilar os conteúdos das vivências passadas sem se perturbarem; portanto recebem a bênção de não se lembrarem, durante a encarnação, do seu pretérito espiritual.

A lembrança indiscriminada das ocorrências do passado traria, no atual estágio evolutivo dos habitantes da Terra, distúrbios diversos ao psiquismo humano. Antigos desafetos seriam reconhecidos, dificultando imensamente o processo de reconciliação. Parentes e amigos sofreriam  constrangimentos ao se perceberem autores ou vítimas de crimes, infortúnios e demais comportamentos infelizes que houvessem protagonizado em encarnações pregressas. Pais e filhos, por exemplo, ao se reconhecerem como antigos cônjuges poderiam ter a harmonia familiar perturbada. Situações pretéritas de fama, poder ou riqueza despertariam ainda mais o orgulho e a vaidade nos seres ainda imaturos para viver além das ilusões do ego humano. Por outro lado, recordar experiências de miséria, dores e fracassos traria à tona sofrimentos desnecessários e dificilmente suportáveis. Atos infelizes do ontem viriam à memória, atraindo os seres desencarnados que delas  tenham participado, gerando quadros obsessivos de mais difícil solução do que os já existentes.

É providencial que não haja a lembrança do passado, pois tal medida é necessária e muito benéfica ao espírito em nova imersão na matéria. Rememorações inoportunas seriam um obstáculo à plena experiência do aqui e agora. O esquecimento propicia maior espaço psíquico para as vivências do presente e permite que o ser se concentre melhor nos propósitos atuais.

Nos casos em que seja necessária e útil a recordação de existências pregressas, tal ocorre naturalmente, através de lembranças espontâneas, ou mesmo induzidas sutilmente por desencarnados habilitados. Também pode ocorrer através de informações mediúnicas, desde que sérias e responsáveis, com expressa autorização dos guias espirituais e sob a orientação dos mesmos. As lembranças podem ocorrer durante o sono, sob assistência dos orientadores desencarnados. Nesses casos o conteúdo rememorado é percebido, ao despertar, na forma de sonhos.

Muitos espíritos desencarnados, pela limitada condição evolutiva ou devido a perturbações íntimas, não se lembram de existências passadas. O simples fato de desencarnar não confere a ninguém o poder de conhecer o passado mais ou menos longínquo. Somente aos seres mais depurados e desenvolvidos em sabedoria e amor é facultada a incursão mais profunda no pretérito, sempre com finalidade evolutiva. Às vezes é necessário ao desencarnado um tempo de adaptação ao mundo espiritual e às novas circunstâncias da vida após a morte para que o espírito tenha acesso aos arquivos do seu passado. Tudo segue os sábios desígnios superiores de amor e justiça.

Existe, dentre as psicoterapias contemporâneas de abordagem transpessoal, a terapia de vivências passadas (TVP), que trabalha com regressão de memória para ter acesso a conteúdos conflitivos de encarnações pregressas ou de períodos entre as encarnações, e assim procurar resolvê-los. Essa abordagem, quando escolhida, deve ser feita por psicoterapeuta especializado e, mesmo assim, com restrições e cuidados, pelos perigos potenciais da eclosão de conteúdos psíquicos conflituosos do passado. A regressão corretamente conduzida é parte de um processo psicoterapêutico mais amplo. Essa terapia, embora se baseie numa visão espiritualista e reencarnacionista, não faz parte das práticas doutrinárias do Espiritismo, exceto nos casos de desobsessão em que seja necessário esclarecer aos envolvidos – encarnado e desencarnado – as origens do conflito atual. Consciente das responsabilidades que tem, o espírita normalmente não precisa conhecer detalhes do passado para saber os aspectos de si mesmo que precisam ser transformados. As tendências, condutas e hábitos do presente revelam o que foi cultivado no pretérito e ainda se manifesta na personalidade atual, aguardando a educação adequada.

Os seres mais evoluídos, por haverem conquistado os tesouros interiores de sabedoria, amor e pureza, podem recorrer à memória transpessoal, que guarda os arquivos de todas as experiências vividas nos longos caminhos da evolução. Condição ainda rara entre os habitantes do nosso planeta, é regra geral nos mundos e planos superiores.

Os ensinamentos espíritas esclarecem os mecanismos da reencarnação e os motivos do esquecimento temporário do passado, incentivando os seres a buscarem, no presente, a única oportunidade real de se transformarem e, se ainda não o fizeram, de plantarem no solo da vida as sementes da felicidade que colherão no futuro.

Se existem fatos e situações da existência atual dos quais é melhor se esquecer, em benefício da própria paz, tanto mais em relação ao passado reencarnatório, cuja lembrança inoportuna traria sérios prejuízos ao equilíbrio e à vivência presente. Muitas vezes precisamos nos esquecer do passado, desta como de outras existências, para estarmos inteiramente no agora, em que nos é possível viver e agir plenamente na construção de um destino mais feliz.

Esquecimento do Passado

 Não consigo explicar a mim mesmo como pode o homem aproveitar da experiência adquirida em suas anteriores existências, quando não se lembra delas, pois que, desde que lhe falta essa reminiscência, cada existência é para ele qual se fora a primeira; deste modo, está sempre a recomeçar.

Suponhamos que cada dia, ao despertar, perdemos a memória de tudo quanto fizemos no dia anterior; quando chegássemos aos setenta anos, não estaríamos mais adiantados do que aos dez; ao passo que recordando as nossas faltas, inaptidões e punições que disso nos provieram, esforçar-nos-emos por evitá-las.

Para me servir da comparação que fizestes do homem, na Terra, com o aluno de um colégio, eu não compreendo como este poderia aproveitar as lições da quarta classe, não se lembrando do que aprendeu na anterior.

Essas soluções de continuidade na vida do Espírito interrompem todas as relações e fazem dele, de alguma sorte, uma entidade nova; do que podemos concluir que os nossos pensamentos morrem com cada uma das nossas existências, para renascer em outra, sem consciência do que fomos; é uma espécie de aniquilamento.

Allan Kardec — De pergunta em pergunta, levar-me-eis a fazer um curso completo de Espiritismo; todas as objeções que apresentais são naturais em quem ainda nada conhece, mas que, mediante estudo sério, pode encontrar-lhes respostas muito mais explícitas do que as que posso dar em sumária explicação que, por certo, deve sempre ir provocando novas questões.

Tudo se encadeia no Espiritismo, e, quando se toma o conjunto, vê-se que seus princípios emanam uns dos outros, servindo-se mutuamente de apoio; e, então, o que parecia uma anomalia, contrária à justiça e à sabedoria de Deus, se torna natural e vem confirmar essa justiça e essa sabedoria. Tal é o problema do esquecimento do passado, que se prende a outras questões de não menor importância e, por isso, não farei aqui senão tocar levemente o assunto.

Se em cada uma de suas existências um véu esconde o passado do Espírito, com isso nada perde ele das suas aquisições, apenas esquece o modo por que as conquistou.

Servindo-me ainda da comparação supra com o aluno, direi que pouco importa saber onde, como, com que professores ele estudou as matérias de uma classe, uma vez que as saiba, quando passa para a classe seguinte. Se os castigos o tornaram laborioso e dócil, que lhe importa saber quando foi castigado por preguiçoso e insubordinado?

É assim que, reencarnando, o homem traz por intuição e como idéias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade. Digo em moralidade porque, se no curso de uma existência ele se melhorou, se soube tirar proveito das lições da experiência, se tornará melhor quando voltar; seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais firmeza; longe de ter de recomeçar tudo, ele possui um fundo que vai sempre crescendo e sobre o qual se apóia para fazer maiores conquistas.

A segunda parte da vossa objeção, relativa ao aniquilamento do pensamento, não tem base mais segura, porque esse olvido só se dá durante a vida corporal; uma vez terminada ela, o Espírito recobra a lembrança do seu passado; então poderá julgar do caminho que seguiu e do que lhe resta ainda fazer; de modo que não há essa solução de continuidade em sua vida espiritual, que é a vida normal do Espírito. Esse esquecimento temporário é um benefício da Providência; a experiência só se adquire, muitas vezes, por provas rudes e terríveis expiações, cuja recordação seria muito penosa e viria aumentar as angústias e tribulações da vida presente.

Se os sofrimentos da vida parecem longos, que seria se a ele se juntasse a lembrança do passado?

Vós, por exemplo, meu amigo, sois hoje um homem de bem, mas talvez devais isso aos rudes castigos que recebestes pelos malefícios que hoje vos repugnariam à consciência; ser-vos-ia agradável a lembrança de ter sido outrora enforcado por vossa maldade? Não vos perseguiria a vergonha de saber que o mundo não ignorava o mal que tínheis feito? Que vos importa o que fizestes e o que sofrestes para expiar, quando hoje sois um homem estimável? Aos olhos do mundo, sois um homem novo, e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado. Livre da reminiscência de um passado importuno, viveis com mais liberdade; é para vós um novo ponto de partida; vossas dívidas anteriores estão pagas, cumprindo-vos ter cuidado de não contrair outras.

Quantos homens desejariam assim poder, durante a vida, lançar um véu sobre os seus primeiros anos! Quantos, ao chegar ao termo de sua carreira, não têm dito: “Se eu tivesse de recomeçar, não faria mais o que fiz!”

Pois bem, o que eles não podem fazer nesta mesma vida, fá-lo-ão em outra; em uma nova existência, seu Espírito trará, em estado de intuição, as boas resoluções que tiver tomado. É assim que se efetua gradualmente o progresso da humanidade.

Suponhamos ainda — o que é um caso muito comum — que, em vossas relações, em vossa família mesmo se encontre um indivíduo que vos deu outrora muitos motivos de queixa, que talvez vos arruinou, ou desonrou em outra existência, e que, Espírito arrependido, veio encarnar-se em vosso meio, ligar-se a vós pelos laços de família, a fim de reparar suas faltas para convosco, por seu devotamento e afeição; não vos acharíeis mutuamente na mais embaraçosa posição, se ambos vos lembrásseis de vossas passadas inimizades? Em vez de se extinguirem, os ódios se eternizariam.

Disso resulta que a reminiscência do passado perturbaria as relações sociais e seria um tropeço ao progresso. Quereis uma prova?

Supondo que um indivíduo condenado às galés tome a firme resolução de tornar-se um homem de bem, que acontece quando ele termina o cumprimento da pena? A sociedade o repele, e essa repulsa o lança de novo nos braços do vício. Se, porém, todos desconhecessem os seus antecedentes, ele seria bem acolhido; e, se ele mesmo os esquecesse, poderia ser honesto e andar de cabeça erguida, em vez de ser obrigado a curvá-la sob o peso da vergonha do que não pode olvidar.

Isto está em perfeita concordância com a doutrina dos Espíritos, a respeito dos mundos superiores ao nosso planeta, nos quais, só reinando o bem, a lembrança do passado nada tem de penosa; eis por que seus habitantes se recordam da sua existência precedente, como nós nos recordamos hoje do que ontem fizemos.

Quanto à lembrança do que fizeram em mundos inferiores, ela produz neles a impressão de um mau sonho.

Extraído da obra “O que é o Espiritismo”, de Allan Kardec. Editora FEB – Federação Espírita Brasileira.

Esquecimento do passado

Esquecimento do passado

3
NOV
Esquecimento do Passado



Em seu texto sobre lembranças passadas, WW diz :



“Lembranças passadas”

 “E, para terminar esse assunto, imagine duas pessoas, inimigas mortais, sentadas uma ao lado da outra num cinema, escuro. Uma não reconhece a outra. Então, comentam o filme amistosamente. Mas, quando a luz se acende, elas se reconhecem, e fazem o quê? Puxam as armas e partem pra briga! Ou seja, uma “reconciliação” aparente, realizada quando uma não reconhecia a outra, nenhuma validade tem. E seria exatamente o mesmo que ocorreria se as pessoas se reencarnassem em “famílias inimigas”: não teria validade REAL nenhuma, para reconciliação.Afinal, reconciliar DE QUÊ, se não se lembram?”



Deus nos coloca na mesma família, para “apararmos as arestas”, que sobraram de outras existências. Geralmente, conseguimos fazer isto, através do amor.



Mas, em algumas vezes, isto não acontece, ocorrendo muitas desavenças entre os familiares. Estes, terão que voltar  numa nova encarnação e recomeçar.





Em O Livro dos Espíritos – Parte 2ª – Cap. VII – Da Volta do Espírito à Vida Corporal, os Espíritos explicam porque, normalmente,esquecemos as vidas passadas.





Esquecimento do passado



392 Por que o Espírito encarnado perde a lembrança de seu passado?

– O homem não pode nem deve saber tudo. Deus em Sua sabedoria quer assim.

Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria deslumbrado, como aquele que passa sem transição do escuro para a luz.

O esquecimento do passado o faz sentir-se mais senhor de si.



393 Como o homem pode ser responsável por atos e reparar faltas das quais não tem consciência?

Como pode aproveitar a experiência adquirida em existências caídas no esquecimento?

Poderia se conceber que as adversidades da vida fossem para ele uma lição ao se lembrar do que as originou; mas, a partir do momento que não se lembra, cada existência é para ele como a primeira e está, assim, sempre recomeçando. Como conciliar isso com a justiça de Deus?



– A cada nova existência o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem do mal.

Onde estaria o mérito, ao se lembrar de todo o passado?

Quando o Espírito volta à sua vida primitiva (a vida espírita), toda sua vida passada se desenrola diante dele;

vê as faltas que cometeu e que são a causa de seu sofrimento e o que poderia impedi-lo de cometê-las.



Compreende que a posição que lhe foi dada foi justa e procura então uma nova existência em que poderia reparar aquela que acabou.

Escolhe provas parecidas com as que passou ou as lutas que acredita serem úteis para o seu adiantamento, e pede a Espíritos Superiores para ajudá-lo nessa nova tarefa que empreende, porque sabe que o Espírito que lhe será dado por guia nessa nova existência procurará fazê-lo reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das que cometeu.



Essa mesma intuição é o pensamento, o desejo maldoso que freqüentemente vos aparece e ao qual resistis instintivamente, atribuindo a maior parte das vezes essa resistência aos princípios recebidos de vossos pais, enquanto é a voz da consciência que vos fala.

Essa voz é a lembrança do passado, que vos adverte para não recair nas faltas que já cometestes.

O Espírito, ao entrar nessa nova existência, se suporta essas provas com coragem e resiste, eleva-se e sobe na hierarquia dos Espíritos, quando volta para o meio deles.



☼ Se não temos, durante a vida corporal, uma lembrança precisa do que fomos e do que fizemos de bem ou mal em existências anteriores, temos a intuição disso, e nossas tendências instintivas são uma lembrança do nosso passado, às quais nossa consciência, que é o desejo que concebemos de não mais cometer as mesmas faltas, nos adverte para resistir.



395 Podemos ter algumas revelações de nossas existências anteriores?

– Nem sempre. Muitos sabem, entretanto, o que foram e o que fizeram;

se fosse permitido dizer abertamente, fariam singulares revelações sobre o passado.



396 Certas pessoas acreditam ter uma vaga lembrança de um passado desconhecido que se apresenta a elas como a imagem passageira de um sonho, que se procura, em vão, reter. Essa idéia é apenas ilusão?

– Algumas vezes é real; mas muitas vezes é também ilusão contra a qual é preciso ficar atento, porque pode ser o efeito de uma imaginação super-excitada.



397 Nas existências de natureza mais elevadas que a nossa, a lembrança das existências anteriores é mais precisa?

– Sim; à medida que o corpo se torna menos material, as lembranças se revelam com mais exatidão.

A lembrança do passado é mais clara para os que habitam mundos de uma ordem superior.



398 Pelo estudo de suas tendências instintivas, que são uma recordação do passado, o homem pode conhecer os erros que cometeu?

– Sem dúvida, até certo ponto; mas é preciso se dar conta da melhora que pôde se operar no Espírito e as resoluções que ele tomou na vida espiritual.

A existência atual pode ser bem melhor que a precedente.



398 a Ela pode ser pior? Ou seja, o homem pode cometer numa existência faltas que não cometeu em existências precedentes?

– Isso depende de seu adiantamento; se não resistir às provas, pode ser levado a novas faltas, que são conseqüência da posição que escolheu. Mas, em geral, essas faltas mostram antes um estado estacionário do que retrógrado,

porque o Espírito pode avançar ou estacionar, mas nunca retroceder.



399 Os acontecimentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, uma expiação pelas faltas passadas e provas que visam ao futuro. Pode-se dizer que da natureza dessas situações se possa deduzir o gênero da existência anterior?

– Muito freqüentemente, uma vez que cada um é punido pelos erros que cometeu;

entretanto, não deve ser isso uma regra absoluta.

As tendências instintivas são a melhor indicação, visto que as provas pelas quais o Espírito passa se referem tanto ao futuro quanto ao passado.



Mateus 16 : 27 - Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme as suas obras.



Romanos 14 : 12 – Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.



II Coríntios 5 : 10 – Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.



☼ Alcançado o fim marcado pela Providência para sua vida na espiritualidade, o próprio Espírito escolhe as provas às quais quer se submeter para acelerar seu adiantamento, ou seja, o gênero de existência que acredita ser o mais apropriado para lhe fornecer esses meios e cujas provas estão sempre em relação com as faltas que deve expiar.

Se triunfa, se eleva; se fracassa, deve recomeçar.



O Espírito sempre desfruta de seu livre-arbítrio.

É em virtude dessa liberdade que escolhe as provas da vida corporal.

Uma vez encarnado, delibera o que fará ou não e escolhe entre o bem e o mal.

Negar ao homem o livre-arbítrio seria reduzi-lo à condição de uma máquina.



Ao entrar na vida corporal, o Espírito perde, momentaneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as ocultasse;

entretanto, às vezes, tem uma vaga consciência disso e elas podem até mesmo lhe ser reveladas em algumas circunstâncias.

Mas é apenas pela vontade dos Espíritos Superiores que o fazem espontaneamente, com um objetivo útil e nunca para satisfazer uma curiosidade vã.



As existências futuras não podem ser reveladas em nenhum caso, porque dependem da maneira que se cumpra a existência atual e da escolha que o Espírito virá a fazer.



O esquecimento das faltas cometidas não é um obstáculo ao melhoramento do Espírito porque, se não tem uma lembrança precisa disso, o conhecimento que teve delas quando estava na espiritualidade e o compromisso que assumiu para repará-las o guiam pela intuição e lhe dão o pensamento de resistir ao mal;

esse pensamento é a voz da consciência, sendo auxiliado pelos Espíritos Superiores que o assistem, se escuta as boas inspirações que sugerem.



Se o homem não conhece os atos que cometeu em suas existências anteriores, pode sempre saber de que faltas tornou-se culpado e qual era seu caráter dominante.

Basta estudar a si mesmo e julgar o que foi não pelo que é, mas por suas tendências.



As contrariedades e os reveses da vida corporal são, ao mesmo tempo, uma expiação pelas faltas passadas e provas para o futuro.

Elas nos purificam e elevam, se as suportamos com resignação e sem reclamar.



A natureza dessas alternâncias da vida e das provas que suportamos pode também nos esclarecer sobre o que fomos e o que fizemos, como aqui na Terra julgamos os atos de um culpado pelo castigo que a lei lhe impõe.



Assim, o orgulhoso será castigado em seu orgulho pela humilhação de uma existência subalterna;

o mau rico e o avaro, pela miséria;

aquele que foi duro para com os outros sofrerá, por sua vez, durezas;

o tirano, escravidão;

o mau filho, pela ingratidão de seus filhos;

o preguiçoso, por um trabalho forçado, etc.





O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. V – Bem- aventurados os aflitos – item 11 - Esquecimento do Passado, também nos traz ensinamentos sobre este assunto.



Esquecimento do passado



11. Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores.

Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem.

Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes.



Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio.

Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.



Freqüentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito.



Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.



Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.



Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida.

Pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal.



Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará.



As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações.



Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea.

Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado;

nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.



E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores;

sabe por que sofre e que sofre com justiça.



A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação.

Mas, na falta de uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar.



No livro  Evangelho no Lar para crianças de 8 a 80 anos – do Espírito Meimei – psicografado por Miltes Carvalho Bonna – ed. Petit – cap. 27, Meimei nos traz uma boa explanação sobre o assunto :



Esquecimento do passado é a medida salutar !



“Se Deus julgou conveniente lançar um véu sobre o passado, é porque isso deve ser útil.” (O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 , item 11).



DEUS DÁ ao espírito encarnado a voz da consciência e as tendências instintivas.



Com a voz da consciência em ação, o homem alerta-se com todos os percalços que encontrará na escolha deste ou daquele caminho. Do mesmo modo, ele traz gravadas as tendências instintivas, que o levam a tomar determinadas decisões.



A encarnação é um ponto de partida para o espírito iniciar uma jornada de esforço e trabalho para sua redenção.



O esquecimento do passado nos capacita a iniciar nossa trajetória terrena sem mágoas ou dissensões, possibilitando-nos partir para a formação de um clima emocional novo.



Encontraremos, nos companheiros, os afins e os não-afins do passado. O esquecimento da vida anterior possibilita a aproximação da vítima do algoz, sem que haja a lembrança das más ações cometidas por ambos.



“O esquecimento só existe durante a vida corpórea”. Ao retornar ao mundo espiritual, lentamente o espírito vai assenhorando-se dos fatos anteriormente vividos, à medida que isso venha a beneficiar-lhe o crescimento espiritual, ao analisar o porquê das aflições terrenas.



Também no estado de afastamento do corpo físico durante o sono, pode-se, nessa interrupção momentânea da vida corpórea, reviver fatos de encarnações anteriores, os quais serão tomados como sonhos.





Como foi visto antes, algumas pessoas ( principalmente, crianças) se recordam de vidas passadas. Entre vários vídeos da Internet, escolhi estes dois.



Aqui estão dois vídeos sobre Reencarnação.



http://www.youtube.com/watch?v=W88qROTklHo&feature=related



http://www.youtube.com/watch?v=_1843VxTLjo



O Esquecimento do Passado

O Esquecimento do Passado
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
Autor: José Queid Tufaile Huaixan
Textos a serem apresentados ao público através de cartaz ou lousa da casa espírita:

Segmento A
Por que o Espírito encarnado perde a lembrança do passado?

"O homem nem pode, nem deve saber tudo. Deus assim o quer, na sua sabedoria. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que passa do escuro para a luz. Pelo esquecimento do passado, ele é mais ele mesmo".
(O Livro dos Espíritos, questão 392)

"Se Deus considerou conveniente lançar um véu sobre o passado, é que isto deve ser útil".
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo X, item 11)

Segmento B
A lembrança do passado é prejudicial:

- Em certos casos, ela poderia humilhar-nos estranhamente, ou então exaltar o nosso orgulho.

- Poderia dificultar o exercício no nosso livre-arbítrio.

- Traria perturbações inevitáveis às relações sociais.

ESTRUTURAÇÃO DA PALESTRA
Composição: 2 segmentos.

Finalidade: Explicar às pessoas os motivos pelos quais elas não se lembram das outras encarnações que tiveram.

EXEMPLO DE COMENTÁRIOS
Segmento A:
"Allan Kardec, quando preparava O Livro dos Espíritos, questionou as entidades desencarnadas sobre os motivos pelos quais as pessoas que estão encarnadas, vivendo na matéria, não se recordam de outras vidas. Responderam que o homem nem pode, nem deve saber de tudo.
Nossa capacidade de suportar fatos desagradáveis é muito pequena. Não queremos com isso dizer que as nossas vidas passadas foram só de coisas ruins, mas há fatos nessas existências que poderiam nos trazer transtornos psicológicos profundos. Por que saber deles?
Alguns espíritas curiosos querem saber o que foram nas existências passadas. Mas não devemos nos preocupar com isso. Há coisas mais importantes com que se ocupar. Se, em algum momento, Deus quiser que nos lembremos de algum fato ligado a outras encarnações, essa lembrança nos virá naturalmente.
Esquecendo-nos do que fomos, podemos agir mais livremente. Se nos recordássemos de outras vidas, certamente isso influenciaria nosso comportamento e atitudes. Por este motivo, a sabedoria divina nos faz esquecer as lembranças".

Segmento B:
"Suponhamos que o passado fosse revelado a uma mulher. Que ela soubesse que numa encarnação ela tivesse sido uma pessoa de má índole, que houvesse prejudicado muito os outros por vontade própria. Como é que ela agiria hoje perante seus pais, seu marido ou filhos, se todas essas pessoas fossem ligadas a seu passado delituoso? É claro que ficaria humilhada.
Tudo o que fosse fazer, seria influenciado por causa desse conhecimento. Assim, o esquecimento do passado é para ela um benefício e facilita o seu livre-arbítrio, fazendo com que a nova oportunidade de vida possa ter todas as chances de êxito. Não se quer afirmar que suas más tendências vão ser esquecidas. Mas, desconhecendo o passado, elas poderão ser mais facilmente dominadas.
Imaginemos agora, um favelado que lembrasse que fôra um soberano importante no passado. Como é que ele iria aceitar estar encarnado numa favela? Não se encheria de revolta? Tudo indica que sim!
O passado certamente nos será revelado quando do nosso regresso à Espiritualidade. No entanto, isso só será feito na medida em que tivermos condições psicológicas para suportarmos esse passado.
Preocupemo-nos, pois, em conhecermos nossas más inclinações e a trabalharmos por dominá-las. Esta é um das principais funções da vida na Terra. Se analisarmos com sinceridade nossas tendências ruins certamente teremos uma idéia do que fomos em vidas passadas. Isso basta. Resta trabalhar para extirpá-las".

Esquecimento do passado - Palestra


http://www.z1on.com/watch/u8qg-6towo

Justificativas do esquecimento do passado

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)


Justificativas do esquecimento do passado


Apresentamos nesta edição o tema no 83 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.

Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate

1. Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?

2. Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?

3. Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

4. A reminiscência das existências anteriores perturbaria ou melhoraria as relações sociais?

5. Existem razões de ordem científica para que o Espírito, ao reencarnar-se, esqueça o seu passado?

Texto para leitura

Nossas tendências instintivas são uma reminiscência do passado
1. O esquecimento do passado, que é considerado a mais séria objeção oposta à lei de reencarnação, dá ensejo aos seus antagonistas de proporem indagações como estas:

·                 Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?

·                 Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?

·                 Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

2. Allan Kardec dá-nos em “O Livro dos Espíritos”, em linguagem clara e concludente, uma explicação lógica e uma resposta convincente às referidas indagações.

3. Não temos durante a existência corpórea, reconhece Kardec, lembrança exata do que fomos e do que fizemos nas anteriores existências, mas possuímos disso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. Não fossem a nossa consciência e a vontade que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, seria difícil resistir a tais pendores.

4. A aptidão para essa ou aquela profissão, a maior ou menor facilidade nessa ou naquela disciplina, as inclinações interiores – eis elementos que não teriam justificativa se não existisse a reencarnação. Com efeito, se a alma fosse realmente criada junto com o corpo da criança, as pessoas deveriam revelar igual talento e idênticas predileções, mas não é isso que vemos. Os que têm filhos sabem muito bem quão diferentes eles são, conquanto criados no mesmo ambiente e recebendo os mesmos estímulos.

O esquecimento do passado atesta a bondade do Criador

5. No esquecimento das existências anteriores, sobretudo quando foram amarguradas, há efetivamente algo de providencial e que atesta a bondade e a sabedoria do Criador. Tal como se dá com os sentenciados a longas penas, todos nós desejamos apagar da memória os delitos cometidos e felizes ficamos quando a sociedade não os conhece ou os relega ao esquecimento.

6. A razão desse desejo é fácil de explicar. Freqüentemente – ensina o Espiritismo – renascemos no mesmo meio em que já vivemos e estabelecemos de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenhamos feito. Se reconhecêssemos nelas criaturas a quem odiamos, talvez o ódio despertasse outra vez em nosso íntimo, e ainda que tal não ocorresse, sentir-nos-íamos humilhados na presença daquelas a quem houvéssemos prejudicado ou ofendido.

7. É preciso ter em conta ainda um outro dado: o esquecimento do passado ocorre apenas durante a existência corpórea. Volvendo à vida espiritual, mesmo que não recobremos de imediato a lembrança das existências passadas, readquirimos informações suficientes que nos situem perante as pessoas do nosso círculo. Não existe, portanto, esquecimento, mas tão-somente uma interrupção temporária das nossas recordações. Livres da reminiscência de um passado certamente importuno, podemos viver com mais liberdade, como se déssemos início a uma nova história.

8. Suponhamos ainda que, em nossas relações, em nossa família mesma, se encontre um indivíduo que nos deu, outrora, motivos reais de queixa, que talvez nos tenha arruinado ou desonrado, e que, arrependido, reencarnou-se em nosso meio, a fim de reparar suas faltas. Se nós e ele lembrássemos as peripécias do passado, ficaríamos na mais embaraçosa posição, que em nada contribuiria para a renovação das atitudes.

9. Basta essa ordem de raciocínios para entendermos que a reminiscência das existências anteriores perturbaria as relações sociais e constituiria um tropeço real à marcha do progresso.

Há razões de ordem científica que explicam o esquecimento do passado

10. Léon Denis e Gabriel Delanne dão-nos as razões de ordem científica pelas quais as lembranças do passado não podem ocorrer ao se dar a nova encarnação do Espírito.

11. Segundo Denis, em conseqüência da diminuição do seu estado vibratório, o Espírito, cada vez que toma posse de um corpo novo, de um cérebro virgem, acha-se na impossibilidade de exprimir as recordações acumuladas em suas vidas precedentes.

12. Delanne esclarece que o perispírito toma, ao encarnar, um movimento vibratório bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser atingido.

13. Podemos, pois, concluir em poucas linhas:

·                 O esquecimento do passado e, por conseguinte, das faltas cometidas não lhes atenua as conseqüências.

·                 O conhecimento delas seria, porém, um fardo insuportável e uma causa de desânimo para muitas pessoas.

·                 Se a recordação do passado fosse geral, isso concorreria para a perpetuação dos ressentimentos e dos ódios.

·                 A existência terrestre é, algumas vezes, difícil de suportar, e o seria ainda mais se, ao cortejo dos nossos males atuais, acrescentássemos a memória dos sofrimentos e dos equívocos passados.

Respostas às questões propostas
1. Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?

R.: O esquecimento do passado se dá graças à bondade e à sabedoria do Criador. Tal como ocorre com os sentenciados a longas penas, todos nós desejamos apagar da memória os delitos cometidos e felizes ficamos quando a sociedade não os conhece ou os relega ao esquecimento. Como freqüentemente renascemos no mesmo meio em que já vivemos e estabelecemos de novo relações com as mesmas pessoas, apagar momentaneamente a recordação dos nossos atos concorre de maneira extraordinária para o estabelecimento de novas relações com as referidas pessoas, fato que seria muito difícil em face da lembrança viva de ocorrências desagradáveis havidas no passado.

2. Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?

R.: Se não temos durante a existência corpórea lembrança do que fomos e do que fizemos nas anteriores existências, possuímos disso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. A aptidão para essa ou aquela profissão, a maior ou menor facilidade nessa ou naquela disciplina, as inclinações interiores – eis elementos que não teriam justificativa se não existisse a reencarnação.

3. Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

R.: Aparentemente sim, mas o conhecimento acumulado, as experiências vividas, o aprendizado realizado no passado dão-nos uma base a partir da qual as aptidões e o talento se manifestam. Os pais sabem muito bem quão diferentes são seus filhos, conquanto criados no mesmo ambiente e recebendo os mesmos estímulos. Enquanto uns avançam no estudo e muitas vezes superam os próprios professores, há os que apresentam dificuldades enormes no aprendizado, o que demonstra que trazem bagagens diferentes, tanto no campo intelectual quanto no campo moral.

4. A reminiscência das existências anteriores perturbaria ou melhoraria as relações sociais?

R.: Se em nossas relações, e mesmo em nossa família, houver um indivíduo que nos deu, outrora, motivos reais de queixa, que talvez nos tenha arruinado ou desonrado, e que, arrependido, reencarnou-se em nosso meio, a fim de reparar suas faltas, é evidente que a lembrança do passado em nada contribuirá para a renovação de nossas atitudes. Igual raciocínio aplica-se na situação oposta, quando nós, por hipótese, tenhamos sido o verdugo de nossos próprios familiares. Basta essa ordem de raciocínios para entendermos que a reminiscência das existências anteriores perturbaria as relações sociais e constituiria um tropeço real à marcha do progresso.

5. Existem razões de ordem científica para que o Espírito, ao reencarnar-se, esqueça o seu passado?

R.: Sim. Léon Denis e Gabriel Delanne falam disso em suas obras. Segundo Denis, em conseqüência da diminuição do seu estado vibratório, o Espírito, cada vez que toma posse de um corpo novo, de um cérebro virgem, acha-se na impossibilidade de exprimir as recordações acumuladas em suas vidas precedentes. Delanne esclarece que o perispírito toma, ao encarnar, um movimento vibratório bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser atingido. Eis fatores que constituem impedimento real a que a lembrança das existências passadas se torne possível.


Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 392 a 394.

O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo V, item 11.

O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, pp. 114, 116 e 117.

A Reencarnação, de Gabriel Delanne, págs. 305 e 306.

A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, pág. 175.

Depois da Morte, de Léon Denis, págs. 145 e 146.

O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis, pág. 182.

Roteiro para o ESE - fontes 14 a 26

Roteiro Sistematizado para o ESE - Fontes Complementares

14 - Motivos de resignação


DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA

Emmanuel

Procuras segurança e paz.
Preservando, porém, o próprio equilíbrio, não deixes de auxiliar-te,
proporcionando aos outros auxílio que podes doar de ti mesmo.
Nunca te admitas em tamanho cansaço que não possas trabalhar, um tanto mais, em
benefício daqueles que te compartilham a vida.
Irradia compreensão e serenidade, nobres palavras e notícias edificantes.
Onde te sintas com o direito de reclamar, ao invés disso, busca extinguir os
obstáculos existentes, para que os problemas e conflitos se façam diminuídos ou superados.
Se algo deves esclarecer em determinada situação nebulosa, aguarda o momento
justo, em que te expliques sem o fogo da discussão.
Nas áreas de atrito, nas quais te envolvas, quanto se te faça possível, transfigura-te
na escora da harmonização, imunizando a ti mesmo e aos demais contra discórdia e
ressentimento.
Coloca vida e alegria nas menores manifestações, seja num simples sorriso ou num
aperto de mão.
Cultiva o hábito de servir sempre, fazendo o melhor na faixa de experiência em
que te vejas.
45E mesmo que a desencarnação de um ente amado te ensombre o mundo íntimo,
quanto puderes, converte a saudade em oração de esperança porque a dor não apenas te
desgasta o coração, mas espanca igualmente a criatura querida, conduzida a outras dimensões.
Aflição habitualmente se define por excesso de carga inútil – nos mecanismos de
nossas resistências, determinando o curto-circuito em nossas melhores forças.
O equilíbrio geral é a soma do esforço conjugado de quantos lhe desfrutam as
vantagens e os benefícios.
Doemos a cooperação que os outros esperam de nós, na garantia do sistema de
segurança e paz, em que se nos levantam os alicerces da felicidade comum e guardemos a
certeza de que a nossa omissão será sempre um ponto de ruptura em nós mesmos, agravando

as nossas próprias inquietações.

O   REMÉDIO   JUSTO

Emmanuel

 -Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.”
- JESUS - MATEUS, 5: 4.
 “Por estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, come prelúdio da cura.” Cap. V, 12.
 Perguntas, muitas vezes, pela presença dos espíritos guardiões, quando tudo indica, que forcas contrárias às tuas noções de segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.
 Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas.
 Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas? Como não puderam prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades? Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações que amam verdadeiramente na Terra.
 Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vicio, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.
 Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os rebentos, do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.
 Escuta as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos,evitando –se -lhes a queda, em fossas mais profundas de delinqüência.
 Perquire o pensamento dos filhos afetuosos,ao carregarem, esmagados de dor, ospais endividados em doenças infecto –contagiosas, na direção.
o das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.
 Todos eles trocam as frases de as frases de carinho e os dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.
 Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse alguém permaneça no olvido, por parte dos benfeitores espirituais que lhe seguem a marcha.
 0 amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.
 Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.
 Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.
Extraído do livro " O Livro da Esperança" - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

AMOR  ONIPOTENTE
 E - Cap. V - Item 12
Na hora atribulada de crise, em que as circunstâncias te prostraram a alma na provação, muitos acreditaram que não mais te levantarias, no entanto quando as trevas se adensavam, em torno, descobriste ignoto clarão que te impeliu à trilha da esperança, laureada de sol.
Na cela da enfermidade, muitos admitiram que nada mais te faltava senão aceitar o lance da morte, contudo, nos instantes extremos, mãos intangíveis te afagaram as células fatigadas, renovando-lhes o calor, para que não deixasses em meio o serviço que te assinala a presença na Terra.
No clima da tentação, muitos concordaram em que apenas te restava a decadência definitiva, todavia, nos derradeiros centímetros da margem barrenta que te inclinava ao despenhadeiro, manifestou-se em braço oculto que te deteve.
Na vala da queda a que te arrojaste, irrefletidamente, muitos te julgaram para sempre em desprezo publico, entretanto, ao respirares, no cairel da loucura, recolheste íntimo apoio, que te guardou o coração, refazendo-te a vida.
°°°
Na tapera da solidão a que te relegaram os entes mais queridos, muitos te supuseram em supremo abandono, mas no último sorvo do pranto que te parecia inestancável, experimentaste inexplicável arrimo, induzindo-te a buscar outros afetos que passaram a enobrecer-te.
°°°
No turbilhão das dificuldades que te envolvam o dia, pensa em Deus, o Amor Onipresente, que não nos desampara.
Por mais aflitiva seja a dor, trará Ele bálsamo que consola; por mais obscuro o problema, dará caminho certo à justa solução.
Ainda assim, não te afoites em personalizá-lo ou defini-lo. Baste-nos a palavra de Jesus que nô-lo revelou como sendo Nosso Pai.
Sobretudo, não te importe se alguém lhe nega a existência enquanto se lhe abrilhantam as palavras nas aparências do mundo, quando pudeste encontrá-lo, dentro do coração, nos momentos de angústia.
É natural seja assim. Quando a noite aparece, é que os olhos dos homens conseguem divisar o esplendor das estrelas.
(De “Opinião Espírita”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz)

COM  VOCÊ  MESMO

André Luiz
(cap. VI- Item 7 do Evangelho segundo o Espiritismo)
Meu amigo, você clama contra as dificuldades do mundo, mas será que você já pensou nas facilidades em suas mãos ?
Observemos:
Você concorre, em tempo determinado, para exonerar-se da multa legal, com expressiva taxa de consumo de luz e força elétricas; todavia, a usina solar que lhe fornece claridade, calor e vida, nem é assinalada comumente pela sua memória ...
Você salda, periodicamente, largas contas relativas ao gasto de água encanada; no entanto, nem se lembra da gratuidade da água das chuvas e das fontes a enriquecer-lhe os dias ...
Você estipendia na feira, com apreciáveis somas, todo gênero alimentício que lhe atenda ao paladar; contudo, o oxigênio - elemento mais importante a sustentar-lhe o organismo - é utilizado em seu sangue sem pesar-lhe no orçamento com qualquer preocupação ...
Você resgata com a loja novos débitos, cada vez que renova o guarda-roupa, e, apesar disso, nunca inventariou os bens que deve ao Corpo de carne a resguardar-lhe o Espírito ...
Você remunera o profissional especializado pela adaptação de um só dente artificial: entretanto, nada despendeu para obter a dentadura natural completa...
Você compra a drágea medicamentosa para leve dor de cabeça; todavia, recebe de graça a faculdade de articular, instante a instante, os mais complicados pensamentos...
Você gasta quantias inestimáveis para assistir a esse ou aquele espetáculo esportivo ou à exibição de um filme; contudo, guarda sem sacrifício algum a possibilidade de contemplar o solo cheio de flores e o Céu faiscante de estrelas ...
Você paga para ouvir simples melodia de um conjunto orquestral; no entanto, ouve diariamente a divina musica da natureza, sem consumir vintém...
Você desembolsa importâncias enormes para adquirir passagens e indenizar hospedarias, sempre que se desloca de casa; não obstante,passa-lhe despercebido o prêmio vultoso que recebeu com o próprio ingresso na romagem terrestre...
Não desespere e nem se lastime ...
Atendamos à realidade, compreendendo que alegria e a esperança, expressando créditos infinitos de Deus, são os motivos básicos da vida a erguer-se, cada momento por sinfonia maravilhosa.
Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


 
RENASCER  E  REMORRER
Lins de Vasconcelos
Cap. V - Item 12 - ESE
Usufruímos na Espiritualidade o continente sem limites de onde viemos; no Universo Físico, o mar sem praias em que navegamos de quando em quando, e, na Vida Eterna, o abismo sem fundo em que desfrutamos as magnificências divinas.
No trajeto multimilenário de nossas experiências, aprendemos, entre sucessivos transes de nascimento e desencarnação, a alegria de viver, descobrindo e reconhecendo a necessidade e a compensação do sofrimento, sempre forjado por nossas próprias faltas.
Já renascemos e remorremos milhões de vezes, contraindo e saldando obrigações, assinalando a excelsitude da Providência e o valor inapreciável da humildade, para saber, enfim, que toda revolta humana é absurda e impotente.
Se as lutas do burilamento moral não têm unidade de medida, a ação do amor é infinita na solução de todos os problemas e na medicação de todas as dores.
Tolera com paciência as inevitáveis, mas breves provas de agora, para que te rejubiles depois.
Nos compromissos espirituais, todos encontramos solvibilidade através do esforço próprio, aproveitemos a bênção da dor na amortização dos débitos seculares que nos ferreteiam as almas, perseverando resignadamente no posto de sentinelas do bem, até que o Senhor mande render-nos com a transformação pela morte.
Sempre trazemos dívidas de lágrimas uns para com os outros.
Vive, assim, em paz com todos, principalmente junto aos irmãos com os quais a tua vida se entrecomunica a cada instante, legando, por testamento e fortuna, atos de amor e exemplos de fé, no fortalecimento dos espíritos de amigos e descendentes.
Se há facilidade para remorrer, há dificuldades para renascer. As portas dos cemitérios jamais se fecham; contudo, as portas da reencarnação só se abrem com a senha do mérito haurido nas edificações incessantes da caridade.
As dores iguais criam os ideais semelhantes.
Auxiliemo-nos mutuamente.
O Evangelho - o livro luz da evolução - é o nosso apoio. Busquemos a Jesus, lembrando-nos de que o lamento maior, o desesperado clamor dos clamores, que poderia ter partido de seus lábios, na potência de mil ecos dolorosos, jamais chegou a existir.
Do livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Waldo Vieira.
15 - O Suicídio e a Loucura

Suicidas no Céu e Inferno - Kardec

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/ci/ci-2-05.html

À Frente do Desespero
Dias há nos quais tens a impressão de que mesmo a luz do sol parece débil, sem que consiga fulgir nos panoramas do teu caminho. Tudo são inquietações e ansiedades que pareciam vencidas e que retornam como fantasmas ameaçadoras, gerando clima de sofrimento interior.

Nessas ocasiões, tudo corre mal. Acontecem insucessos imprevistos e contrariedades surgem de muitas nonadas que se amontoam, transformando-se em óbice cruel de difícil transposição.

Surgem aflições em família que navegava em águas de paz, repontam problemas de conjuntura grave em amigos que te buscam socorros imediatos e, como se não bastassem, a enfermidade chega e se assenhoreia da frágil esperança que, então, se faz fugidia.

Nessa roda-viva, gritas interiormente por paz e sentes indescritível necessidade de repouso. A morte se te afigura uma bênção capaz de liberar-te de tantas dores!...

Refaze, porém, a observação.

Tudo são testemunhos necessários à fortaleza espiritual, indispensável à fixação dos valores transcendentes.

Não fora isso, porém, todas essas abençoadas oportunidades de resgate, e a vida calma amolentaria o teu caráter, conspirando contra a paz porvindoura, por adiar o instante em que ela se instalaria no teu imo.

Quando tudo corre bem em volta de nós e de referência a nós, não nos dói a dor alheia nem nos aflige a aflição do próximo. Perdemos a percepção para as coisas sutis da vida espiritual, a mais importante, e desse modo nos desviamos da rota redentora.

*

Não te agastes, pois, com os acontecimentos afligentes que independem de ti.

A família segue adiante, a amor muda de domicílio, a doença desaparece, a contrariedade se dilui, a agressão desiste, a inquietude se acalma se souberes permanecer sereno ante toda dor que te chegue, enquanto no círculo de fé sublimas aspirações e retificas conceitos.

Continua fiel no posto, operário anônimo do bem de todos, e espera.

Os ingratos que se acreditaram capazes de te esquecer lembrar-se-ão e possivelmente volverão: os amigos que te deixaram, os amores que te não corresponderam, aqueles que te não quiseram compreender, quantos zombaram da tua fraqueza e ridicularizaram tua dor envolta nos tecidos da humildade, os que investiram contra os teu anelos voltarão, tornarão sim, pois ninguém atinge a plenitude da montanha sem a vitória pelo vale que necessita vencido.

Tem calma! Silencia a revolta!

Refugia-te na palavra clarificadora do Evangelho consolador e enxuga tuas lágrimas com as suas lições. Dos seus textos extrai o licor da vitalidade e tece com as mãos da esperança a grinalda de paz para o coração lanhado e sofrido. Se conseguires afogar todas as penas na oração de refazimento, sairás do colóquio da prece restaurado, e descobrirás que, apesar de tudo acontecer em dias que tais, Jesus luze intimamente nas províncias do teu espírito. Poderás, então, confiar e seguir firme, certo da perene vitória do amor.

FRANCO, Divaldo Pereira. Lampadário Espírita. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. FEB.

Veja o livro Após a tempestade de Joanna, mensagem "Suicídio"

Veja o livro Luz Viva de Joanna a mensagem Loucura Suicida

SUICÍDIO

Emmanuel
Reunião pública de 3-7-59
Questão n­ 957

No suicídio intencional, sem as atenuantes da moléstia ou da ignorância, há que considerar não somente o problema da infração ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura comete contra si mesma, através da premeditação mais profunda, com remorso mais amplo.
Atormentada de dor, a consciência desperta no nível de sombra a quês e precipitou, suportando compulsoriamente as companhias que elegeu para si própria, pelo tempo indispensável à justa renovação.
Contudo, os resultados não se circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque sugerem os desequilíbrios conseqüentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em existências próximas.
É assim que após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições.
Ser-nos-á fácil, desse modo, identificá-lo, no berço em que repontam, entremostrando a expiação a que se acolhem.
Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as dificuldades endocrínicas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas águas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimental desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa.
Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma.
Junto de semelhantes quadros de provação regenerativa, funciona a ciência médica por missionária da redenção, conseguindo ajudar e melhorar os enfermos de conformidade com os créditos morais que atingiram ou segundo o merecimento de que disponham.
Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprenda a crescer para a luz e a viver para o amor, ante a floria de Deus.

(De "Religião dos Espíritos", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

Do Consolador - Emmanuel

154 — Quais as primeiras impressões dos que desencarnam por suicídio?
— A primeira decepção que os aguarda é a realidade da vida que se não extingue com as transições da morte do corpo físico, vida essa agravada por tormentos pavorosos, em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia.
Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio, sentem as impressões terríveis do tóxico que lhes aniquilou as energias, a perfuração do cérebro pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia de desertar da vida, a passagem das águas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido.
De todos os desvios da vida humana o suicídio é, talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia.

PRESIDIÁRIOS  DA  ALMA

Emmanuel

Quando os companheiros em aflição se aproximem de ti, compadece-te deles, antes de ouvi-los.
Acolhe-os na condição de presidiários da alma, a suportarem conflitos íntimos que talvez desconheças.
Prisioneiros do sofrimento: será essa designação provavelmente a mais adequada para definir a condição dos que buscam socorro, situados nas últimas raias da resistência ao desespero!...
*
Este enlaçou-se aos problemas da culpa quando se supunha conquistando a felicidade e ignora como reaver a tranquilidade perdida; aquele recusou a provação em que se redimiria e algemou-se a compromissos difíceis de resgatar; outro desperdiçou força e tempo, caindo nas malhas do desgaste orgânico que lhe exige cuidado e conformação; aquele outro tem o espírito encadeado ao frio de um túmulo em que se lhe guardam as derradeiras lembranças de um ente amado!...
Encontrarás os desencorajados e os tristes, os encarcerados em desânimo e azedume e ainda aqueles outros que a rebeldia trancafiou em celas de angústia, a te pedirem amparo e libertação!...
A nenhum desconsideres nem firas com advertências inoportunas.
Recordemos que ninguém se arroja em vulcões de pranto simplesmente porque o deseje.
Os que te cercam, implorando socorro, habitual-mente já lutaram o bastante para se conscientizarem quanto à própria situação.
Constrói a ponte da misericórdia entre a fé que te ilumina e a dor dos irmãos que te apresentam o co-ração ferido e dá-lhes o braço salvador a fim de que se transfiram da treva para a luz.
Quantos se tresmalharam nas estradas do mundo, tantas vezes ludibriados por eles mesmos, não precisam tanto da interferência baseada em nossos recursos de austeridade e conhecimento.
Eles todos esperam de nós, acima de tudo, um gesto de simpatia e urna bênção de amor.

16 - O Mal e o Remédio


terça-feira, 26 de agosto de 2014

ESQUECIMENTO do Passado


Muitos de nós gostaríamos de saber quem fomos, em outras vidas…

Teríamos sido reis ou rainhas, ricos, cultos, poderosos?
Teríamos liderado exércitos, feito grandes descobertas da civilização?
Teríamos vivido grandes amores, passionais, apaixonados?

Possivelmente sim, em algumas oportunidades encarnatórias vivenciamos situações parecidas. Mas avaliando superficialmente como a humanidade se divide hoje, menos ricos que pobres, mais ignorantes que cultos, menos bons que maus, podemos vislumbrar que estamos mais para ter sido cúmplices de crimes, ter passado e feito passar fome, dor e sofrimento, do que vivido o que nossos sonhos idealizam.

Deus é sábio. RECORDAR O PASSADO só nos traria INCONVENIENTES, muitos deles graves, pois tenderíamos à humilhação ou à exaltação do orgulho.

A recordação entravaria nosso LIVRE-ARBÍTRIO e acarretaria sérias perturbações nas relações.

Explicando…

O Espírito restabelece relações com as pessoas, retoma relações interrompidas na matéria pela morte, reencontrando afetos e desafetos.

Se reconhecesse a quem odiou no passado, poderia o ódio lhe despertar outra vez.
Se soubesse a quem ofendeu, sentiria humilhação em presença destes.
Se vislumbrasse quem lhe traiu, jamais aprenderia a confiar.
Se recordasse quem lhe abandonou, jamais lhe daria a oportunidade de fazer diferente.

E assim por diante.
Em contrapartida…

Se soubesse que o mendigo foi um filho, alimentá-lo-ia por obrigação, não só por amor.
Se lembrasse que a criança a adotar foi um inimigo, poderia desprezar a oportunidade redentora.
Se confirmasse que a futura esposa o traiu, jamais casaria e não tentaria recomeçar…

Perderíamos assim maravilhosas chances de aprender a amar incondicionalmente.

Para evoluir, Deus nos deu o que necessitamos:
CONSCIÊNCIA e TENDÊNCIAS INSTINTIVAS.

Priva-nos do prejudicial.

Na CONSCIÊNCIA estão gravadas as leis divinas (ou naturais), e através das constantes chamadas à realidade, que partem dela, sabemos definir o certo do errado, o bem do mal.

As TENDÊNCIAS INSTINTIVAS nos possibilitam saber onde podemos errar, e por conseqüência onde já erramos e deve ser nosso alvo de reforma íntima.

Para estudar o capítulo completo de onde se originou este post, clique:   O Livro dos Espíritos - Parte II - Retorno À Vida Corporal - Esquecimento do Passado.

Muita LUZ!

By…

Vania Loir@ Vasconcelos

Esquecimento do Passado


http://cursodeespiritismo.blogspot.com.br/2012/06/esquecimento-do-passado_720.html

Esquecimento do Passado

http://www.redeamigoespirita.com.br/video/esquecimento-do-passado?xg_source=activity

ESQUECIMENTO DO PASSADO

ESQUECIMENTO DO PASSADO

“Havendo Deus entendido de lançar um véu
 sobre o passado, é que nisso há vantagem.”
O ESE, cap. V, item 11

Vez por outra, recomendações de Jesus, de Kardec e de Benfeitores Espirituais são deixadas de lado em favor de posicionamentos pessoais apaixonados. Alguns poderão dizer que não se trata de palpite de encarnados, vez que em mensagem recebida por médium conhecido e, recentemente, em mais de um livro psicografado, foi feita a afirmação a respeito da volta de Kardec na pessoa de Chico Xavier. No caso do famoso médium, a recomendação, em epígrafe, se aplica por inteiro. Se houvesse interesse do Mundo Maior em que fosse revelado o seu passado, os Espíritos poderiam já tê-lo feito no momento oportuno. Mas, qual seria o objetivo de tal revelação? Em que aumentaria a credibilidade do médium ou da mensagem espírita? Há muitos encarnados e desencarnados que gostam de controvérsias. Tão logo desaparece uma, providenciam outra.

Nesse particular, lembramos palavras de Emmanuel a respeito de outras “revelações” levadas a efeito por Espíritos, na questão de o Mestre ter vivido entre os Essênios, afirmativa que o Benfeitor nega: “As próprias esferas mais próximas da Terra, que por força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos espíritos desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas.” (A Caminho da Luz, cap. 12).

E o que dizer da “Saudação de Allan Kardec”, psicografada por Júlio César Grandi Ribeiro, na noite de 2 de janeiro de 1984, na comemoração do centenário da Federação Espírita Brasileira e da transferência de sua sede para Brasília, conforme publicado no “Reformador” de março de 1984? Bem, aqueles que quiserem continuar argumentando, sabemos que poderão dizer o Chico poderia ter deixado seu veículo físico em Uberaba, possivelmente psicografando àquela hora – era uma segunda-feira – e ter ido a Brasília, fazendo toda uma revolução psicológica em si mesmo, a fim de apresentar-se como Kardec... É fácil conciliar a figura viril de João Huss e Kardec, mas torna-se difícil ver esse mesmo Espírito apresentar-se como Francisco Cândido Xavier. Seria assim tão fácil para um Espírito fazer essa verdadeira revolução psicológica de um momento para outro? Tome-se como exemplo o desempenho de Elias, que se repete em João Batista, alguns séculos depois.

Outro assunto controverso é o de André Luiz ter sido Carlos Chagas, como querem alguns, agora reforçados em suas convicções por “revelações”, trazidas por Espíritos desocupados, através de médiuns invigilantes. Neste caso, o assunto toma caráter mais grave, diante do fato de o famoso cientista ainda ter descendentes encarnados.

Mas, não bastasse o apelo ao bom-senso, seria fácil verificar dados: Não é difícil calcular a época da desencarnação de André Luiz, tomando-se por base suas conversas com Lísias: “Talvez não saiba ainda que sua permanência nas esferas inferiores durou mais de oito anos consecutivos.” (N.L., pág. 47). Em agosto 1939, André Luiz ouvia Lísias, que lhe falava sobre a iminência da Segunda Guerra Mundial (N.L., pág. 132). Daí pode-se deduzir que já estivesse desencarnado há, pelo menos, nove anos, vez que já estava perfeitamente sadio. Por esse cálculo, ele deveria ter desencarnado, no máximo, em 1930. Carlos Chagas desencarnou a 8 de novembro de 1934, aos 55 anos de idade. Deve-se notar que André Luiz deve ter recebido o título de médico por volta dos 25 anos, logo, se clinicou durante 15 anos, desencarnou com pouco mais de 40. André Luiz declara que deixou na Terra um filho e duas filhas. Carlos Chagas, dois filhos. Será que as informações contidas na obra “Nosso Lar” não são verdadeiras?

Além do mais, André Luiz fica perfeitamente caracterizado como clínico, médico de consultório, pelas palavras de Clarêncio: “(...) nos quinze anos de sua clínica, também proporcionou receituário a mais de seis mil necessitados. Verbalmente pede qualquer gênero de tarefa; mas, no fundo, sente falta dos seus clientes, do seu gabinete, da paisagem de serviço com que o Senhor honrou sua personalidade na Terra.” (N.L., pág. 81). Será que Clarêncio teria cometido engano ao dizer isso?

Nessa referência ao seu trabalho na Terra, nada que pudesse identificá-lo com o eminente cientista: pesquisador, bacteriologista e sanitarista, que foi Carlos Chagas, que se dedicou à bacteriologia desde os seus tempos de estudante. Cientista reconhecido mundialmente, foi professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; recebeu o título Magister Honoris Causa das Universidades de Harvard e de Paris; pertenceu às academias científicas de Nova Iorque, Paris e Lima; foi premiado com medalha de ouro pela Universidade de Hamburgo (Prêmio Kummel); passou dois anos viajando pelo vale amazônico, levantando a carta epidemiológica da região; à frente de campanha profilática, erradicou a malária na cidade de Santos; foi Diretor do Instituto Oswaldo Cruz de 1917 a 1934, quando desencarnou. (Grande Enciclopédia Delta Larousse).

É de se ver que a novidade anima tanto, a ponto de esses que se põem a propalá-la se esquecem das palavras de Emmanuel, ao apresentar André Luiz, no prefácio do livro “Nosso Lar”: “Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção. Por vezes o anonimato é filho do legítimo entendimento e do legítimo amor (...). É por isso que não podemos apresentar o médico terrestre e autor humano, mas sim o novo amigo e irmão na eternidade.” E tudo indica que o anonimato não decorreu de decisão pessoal de Emmanuel, diante do que se lê na obra “Voltei”, no final do cap. 2: “... o esforço dele é impessoal e reflete a cooperação indireta de muitos benfeitores nossos que respiram em esferas mais elevadas.”

Diante disso, seria de se perguntar: Quem determinou fosse suspenso o anonimato? O que mudou no cenário terrestre para que fosse revelada a identidade de André Luiz? Qual o benefício dessa pretensa revelação, a não ser o de provocar discussões estéreis? Em que essas “revelações” contribuem para o esclarecimento das pessoas?

Não seria melhor ocuparmos nosso tempo em reuniões mediúnicas destinadas a esclarecer irmãos que sofrem? O Espiritismo não tem como bandeira a caridade? Caridade para com desencarnados sofredores, para com crianças que carecem de orientação espírita através da evangelização.
José Passini
Juiz de Fora MG
passinijose@yahoo.com.br

Por que perde o Espírito encarnado a lembrança de seu passado?:

Por que perde o Espírito encarnado a lembrança de seu passado?:

"Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido de seu passado, ele é mais senhor de si." (Questão 392 de "O Livro dos Espíritos" – Allan Kardec – FEB) Gil Restani de Andrade

Dentre os obstáculos interpostos para a compreensão, o entendimento e a aceitação da reencarnação como a verdade inelutável que é, encontra-se o questionamento feito com freqüência sobre o fato de não nos lembrarmos das vidas anteriores.

Vários e numerosos são os argumentos explicativos sobre essa deliberação divina para cada retorno à vida carnal, podendo-se citar, do ponto de vista científico:

· O restringimento do Perispírito no processo reencarnatório;
· O estado de perturbação que acompanha o Espírito reencarnante;
· A imaturidade das células no sistema nervoso central, nos primeiros anos de vida.

O momento exato do reencarne ocorre quando da fecundação do óvulo feminino pelo gameta masculino, mas, precedendo esse momento tão especial, onde a atuação divina se faz presente, muitas outras ações são necessárias, no Plano Espiritual.

No livro "Missionários da Luz" (André Luiz/Francisco Cândido Xavier), tais providências são descritas de forma magistral, no episódio que trata da reencarnação de Segismundo. A ligação fluídica do reencarnante com os futuros pais implica na perda dos pontos de contato com os vínculos que consolidou na esfera espiritual: alimentação diferenciada, novos hábitos e outros elementos, dos quais "é necessário que se desfaça, para penetrar, com êxito, a corrente da vida carnal."

Por interveniência da Espiritualidade, atuando através de poderosa carga magnética, é procedida uma redução do corpo perispirítico do reencarnante, até que sua forma se assemelhe à de uma criança. Os Espíritos induzem a vontade do reencarnante, através de mensagens de incentivo: "Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem!" Esse fato corresponde à morte física carnal, com todas as suas características de perturbação.

O Instrutor Alexandre expõe, comparando:

"A enfermidade mortal, para o homem terreno, não deixa, em certo sentido, de ser prolongada operação redutiva, libertando por fim a alma, desembaraçando-a dos laços fisiológicos." Necessário se diga que o procedimento de restringimento do Perispírito não é o mesmo em todos os processos reencarnatórios: "Há companheiros de grande elevação que, ao voltarem à esfera mais densa em apostolado de serviço e iluminação, quase dispensam o nosso concurso. Outros irmãos nossos, contudo, procedentes de zonas inferiores, necessitam de operação mais complexa que a exercida no caso de Segismundo."

O iluminado mentor Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier, no livro "Religião dos Espíritos", oferece novas luzes sobre estes tópicos: "Encetando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, a criatura recebe, desse modo, implementos cerebrais, no domínio das energias físicas, e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em pesada letargia, muito tempo antes de acolher-se ao abrigo materno.

Na melhor das hipóteses, quando desfruta de grande atividade mental nas esferas superiores, só é compelida ao sono, relativamente profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos de tenra instrumentação fisiológica dos encarnados, tempo que se lhes reaviva a experiência terrestre. Temos, assim, mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, a estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização do Espírito, as quais, acrescidas às consequências dos fenômenos naturais de restringimento do corpo espiritual, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações do passado, para que se alivie a mente na direção de novas conquistas."

No livro "O Pensamento de Emmanuel", do estimado irmão Martins Peralva, lê-se, no Capítulo 20: "Com o encolhimento do veículo perispiritual – operação redutiva, por ação magnética – submete-se o Espírito às limitações corporais, como que, praticamente, enclausura-se na libré física, alterando-se-lhe, em conseqüência, o movimento vibratório do Perispírito."

Do ponto de vista moral, o Codificador Allan Kardec enumera as principais razões para o olvido do passado:

· As perturbações da vida contingente,  no lar e na sociedade:

Se o reencarnante reconhecesse as pessoas a que havia odiado, talvez o ódio reaparecesse, sendo certo que ficaria humilhado perante quem houvesse ofendido. Importa acrescentar que o reencarne, normalmente, ocorre dentro do mesmo círculo de relacionamento da vida anterior.

Como seria a vida de relação entre pai e filho, se aquele reconhecesse no filho seu assassino de antanho? No livro "Nosso Lar"(André Luiz/Francisco Cândido Xavier), a senhora mãe de André Luiz comunica-lhe que deverá partir para nova reencarnação, quando então será, novamente, esposa de Laerte, seu pai carnal, o qual, no Plano Espiritual, achava-se em zona trevosa, ainda magnetizado, em termos obsidiantes, a duas entidades femininas, suas amantes na última vida física; dizia mais: que receberia as duas entidades como suas filhas queridas, na vida carnal futura. Ora, sem o esquecimento do passado, como seria o relacionamento dessas criaturas, na vida de relação na Terra?

· O maior mérito em praticar o bem e exercitar o livre-arbítrio:

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (Capítulo V – item 11) encontramos: "Deus nos deu, para nos melhorarmos, justamente o que necessitamos e nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas. O homem traz ao nascer, aquilo que adquiriu. Ele nasce exatamente como se fez. Cada existência é para ele um novo ponto de partida."

Léon Denis, em "O Grande Enigma", lembra-nos a citação evangélica: "Infeliz aquele que, pondo a mão na charrua, olhar para trás."

Efetivamente, neste mundo de provas e expiações, onde o peso das dificuldades, às vezes, verga a maior vontade, se fossem somados os equívocos do passado, a criatura não poderia cuidar de seu progresso, tendo um óbice muito forte à sua evolução. Quantas ocorrências desta vida somos levados a esquecer, propositadamente, para liberar nossa vontade para agir.

Neste caso, o esquecimento é fator de estímulo ao progresso. Com muito mais razão, é justo que seja promovido o esquecimento das vidas anteriores, onde os erros, possivelmente, serão tão mais marcantes. Ainda no livro "Nosso Lar", já especificado, o Espírito de D. Laura informa a André Luiz que fora-lhe permitido o acesso, no Ministério do Esclarecimento, ao registro de suas anteriores reencarnações, até o limite de 300 anos, porque mais do que isso, não suportaria.

Como nos afirma Léon Denis, em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor"(FEB):

"É necessário a ignorância do passado para que toda a atividade do homem se consagre ao presente e ao futuro, para que se submeta à lei do esforço e se conforme com as condições do meio em que renasce."

· Recordações humilhantes e orgulhosas:

Diz Léon Denis, em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor": "Todos os criminosos da História, reencarnados para expiar, seriam desmascarados; as vergonhas, as traições, as perfídias, as iniquidades de todos os séculos seriam de novo assoalhadas à nossa vista." - Com que proveito? Em caso de termos tido uma vida de grandes realizações no bem, tais fatos não funcionariam como impeditivos à nossa evolução, isto no caso de não nos debruçarmos no orgulho por termos tido tal comportamento? Teríamos de ser ainda melhores na nova vida.

Em "Obras Póstumas", Allan Kardec faz excelente observação, a respeito, no item "O Caminho da Vida": "Que proveito pode o homem tirar de suas existências anteriores, para melhorar-se, dado que ele não se lembra das faltas que haja cometido. O Espiritismo responde, primeiro, que a lembrança de existências desgraçadas, juntando-se às misérias da vida presente, ainda mais penosa tornaria esta última. Desse modo, poupou Deus às suas criaturas um acréscimo de sofrimentos. Se assim não fosse, qual não seria a nossa humilhação, ao pensarmos no que já fôramos? Para o nosso melhoramento, aquela recordação seria inútil. Durante cada existência, sempre damos alguns passos para a frente, adquirimos algumas qualidades e nos despojamos de algumas imperfeições. Cada uma das tais existências é, portanto, um novo ponto de partida, em que somos qual nos houvermos feito, em que nos tomamos pelo que somos, sem nos preocuparmos como que tenhamos sido."

· Os preconceitos raciais, sociais, religiosos, etc.:

Prevalecem em nosso mundo os preconceitos. Imagine-se as criaturas tendo lembranças de terem sido integrantes de famílias nobres ou extremamente humildes, de terem sido de famílias tradicionais de certos credos religiosos, etc. Na Índia, por exemplo, ainda predominam os conceitos de casta. Como viveriam, sabendo que, em vida anterior, integraram tal ou qual casta, inferior ou superior? E alguém que, tendo sido judeu em uma vida, tenha renascido como palestino?

No livro "Renúncia" (Emmanuel/Francisco Cândido Xavier), encontramos uma frase lapidar, que encerra toda uma filosofia a respeito do esquecimento das vidas passadas: "Sem a paz do esquecimento transitório, talvez a Terra deixasse de ser uma escola abençoada para ser um ninho abominável de ódios perpétuos."

Entretanto, a Codificação Espírita nos leciona que examinando as nossas aptidões e inclinações, podemos inferir de nosso passado e buscar elementos para nossa reestruturação moral e intelectual. Mais: não é somente após a morte que o Espírito terá recordações de suas outras existências. Muitas vezes, quando Deus julga útil, permite que o Espírito, durante o desdobramento natural do sono, tenha lembranças fragmentárias de outras encarnações. Mesmo não recordando totalmente delas ao acordar, as manterá no campo psíquico sob a forma de reflexos e condicionamentos positivos, que, nos momentos de dúvida, podem ser preciosos elementos de auxílio na tomada de decisões corretas.

São as "Reminiscências Construtivas", de que nos informa Martins Peralva, em "O Pensamento de Emmanuel", concluindo: "Embora vagas, ou talvez por isso mesmo, constituem incentivo e sustentação para o Espírito em nova experiência, considerando-se que representavam valiosa ponte entre o Ontem e o Hoje, na áspera caminhada para o Amanhã."

Bibliografia:
Denis, Léon – "O Grande Enigma"- FEB
Kardec, Allan – "Obras Póstumas"- FEB
Kardec, Allan – "O Livro dos Espíritos" – FEB
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – "Renúncia"- FEB
André Luiz/Francisco Cândido Xavier – "Nosso Lar"- FEB
Kardec, Allan – "O Evangelho Segundo o Espiritismo"- FEB
Peralva, José Martins – "O Pensamento de Emmanuel"- FEB
Denis, Léon – "O Problema do Ser, do Destino e da Dor"- FEB
André Luiz/Francisco Cândido Xavier – "Missionários da Luz" – FEB
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier - "Religião dos Espíritos"- FEB

Publicado em REFORMADOR de abril/2004

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