segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A PARÁBOLA DO SEMEADOR



Introdução – Conceito de Parábola:
Há dois mil anos, Jesus esteve conosco, trazendo lições para as multidões que o seguiam. Falou a seus discípulos, em certa ocasião: “Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis, por isso é que vos falo por parábolas. Mais tarde, porém, enviarvos-ei o Consolador, o Espírito da Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-los explicará todas”. (Jô, 14, e Jo, 16).

Que é uma Parábola? – É uma narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior. Pode ser considerada uma narração alegórica que encerra doutrina moral. Sendo que, alegoria é a exposição de um pensamento sob a forma figurada.

A Doutrina espírita vem trazer novos ensinamentos necessários ao nosso melhor entendimento sobre as lições em forma de parábolas, que Jesus nos trouxe.

“Jesus, sobre muitos os pontos se limitou a lançar o gérmen de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas idéias não poderiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano. A Ciência devia contribuir poderosamente para o aparecimento e desenvolvimento dessas idéias. Era preciso, pois, dar tempo à Ciência para progredir”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, item 4).

A Parábola do Semeador

“Naquele dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à borda do mar. E vieram para ele muitas gentes , de tal sorte que, entrando em uma barca, se assentou; e toda a gente estava em pé na ribeira.

E lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis aí que saiu o que semeia a semear. E quando semeava, uma parte das sementes caiu junto da estrada, e vieram as aves do céu, e comeram-na. Outra, porém, caiu em pedregulho, onde não tinha muita terra, e logo nasceu porque não tinha altura da terra.
Mas saindo o sol a queimou, e porque não tinha raiz, se secou. Outra igualmente caiu sobre os espinhos, e cresceram os espinhos, e estes a sufocaram. Outra enfim caiu em boa terra, e dava fruto, havendo grãos que rendiam a cento por um, outros a sessenta, outros a trinta. O que tem ouvidos de ouvir, ouça.
(Mateus, 13:1-9) “Ouvi, pois, vós outros, a parábola do semeador. Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a entende, vem o mau e arrebata o que se semeou no seu coração; este é o que recebeu a semente junto da estrada. E o recebeu a semente no pedregulho, é o que a palavra, e a recebe com alegria, mas como não tem raiz em si mesmo, chegando as angústias e perseguições, ofende-se. E o que foi semeado entre espinhos, este é o ouve a palavra, porém os cuidados deste mundo e o engano das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutuosa.
E o que recebeu a semente em boa terra, este é o que ouve a palavra e a entende, e dá fruto; e assim um dá cento, e outro sessenta, e outro trinta por um” (Mateus, 13:18-23).

“A parábola da semente representa perfeitamente as diversas maneiras pelas quais podemos aproveitar os ensinamentos do Evangelho. Quantas pessoas há, na verdade, para as quais eles não passam de letra morta, que, à semelhança das sementes caídas nas pedras, não produzem nenhum fruto!

“Outra aplicação, não menos justa, é a que se pode fazer às diferentes categorias de espíritas. Não nos oferece o símbolo dos que se apegam apenas aos fenômenos materiais, não tirando dos mesmos nenhuma conseqüência, pois que neles só vêem um objeto de curiosidade? Dos que só procuram o brilho das comunicações espíritas, interessando-se apenas enquanto satisfazem-lhes a imaginação, mas que após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes. Que acham muito bons os conselhos e os admiram, mas para aplicá-los aos outros e não a si mesmos. Desses, finalmente, para os quais essas instruções são como as sementes que caíram na boa terra e produzem frutos”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo).
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo
QUESTIONÁRIO
1 - O que é uma parábola?
2 - Por que Jesus muitas vezes falou por parábolas?
3 - Como se pode comparar as sementes da parábola às diferentes categorias de espíritas?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Parábola da Rede


Rodolfo Calligaris
"Finalmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede, que foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda a espécie. Depois de cheia, os pescadores puxaram-na, para a praia, e, sentados, puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes (Mateus, 13:47-50)”.
Em que pese à doutrina das Igrejas tidas por ortodoxas, que afirma seremos salvos ou condenados segundo aceitemos ou rejeitemos a Jesus Cristo, pessoalmente, como nosso Salvador, esta edificante parábola, a última de uma série de sete, proposta pelo Mestre a seus discípulos nos ensina, uma vez mais, que nossa aceitação ou rejeição no reino dos céus depende tão só e unicamente do cumprimento ou da negligência dos nossos deveres de amar e servir a Humanidade.
A simples crença ou incredulidade no poder de salvação pelo sangue do Cristo, em que essas Igrejas põem tanta ênfase, não têm a mínima influência na determinação de nossa sorte futura.
Admitido que assim fosse, a maioria da Humanidade estaria perdida, pois o Cristianismo só é conhecido e (mal) praticado por menos de um terço da população mundial.
A aceitação do Cristo como nosso redentor só tem eficácia quando se traduz em um esforço sincero e constante no sentido de reproduzir o espírito em nossa própria vida, ou seja, quando procuramos modelar o nosso caráter pelo seu, pautando nossa conduta pelas diretrizes do Evangelho.
Aliás, todo o Novo - Testamento está repleto de passagens que estabelecem categoricamente que o julgamento dos homens será baseado em seus feitos e não em sua fé.
A expressão "fim do mundo", usada pelo Mestre, não deve ser tomada em sentido absoluto, porquanto a Terra e todos os planetas do Universo são obras de Deus, e elas não foram feitas para morrer.
Significa, apenas, o fim deste ciclo evolutivo da Humanidade terrena, com o desaparecimento de todos os seus usos, costumes e instituições contrários à Moral e à Justiça.
E' o fim do mundo velho, com suas confusões, suas discórdias, seus convencionalismos, suas iniqüidades sociais, seus ódios, suas lutas armadas, e o advento de um mundo novo, sob a égide da verdade, do bom entendimento, da lisura de caráter, da equidade, do amor, da paz e da fraternidade universal.
Os anjos são os Mentores Espirituais deste planeta, que velam pelo seu destino, aos quais estará afeta a expulsão dos maus: os açambarcadores, os avarentos, os déspotas, os corruptores, os devassos, os desonestos, os exploradores, os hipócritas, os ladrões, os libertinos, os maldizentes, os orgulhosos, os sanguinários, enfim todos os que tenham feito mau uso de seu livre arbítrio e hajam malbaratado as inúmeras oportunidades que lhes foram concedidas (através das reencarnações) para a realização de seu progresso espiritual.
A rede representa a Lei de Amor, inscrita por Deus em todas as consciências, e os peixes de toda a espécie apanhados por ela são os homens de todas as raças e de todos os credos, que serão julgados de acordo com suas obras.
O texto é claríssimo nesse ponto não deixando margem a qualquer dubiedade: “... e puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins".
Quando, pois, o ciclo se fechar à sorte dos justos será passar a um plano "à direita do Cristo", plano que aqui será implantado no correr do terceiro milênio, constituído de almas cristãs, afeitas ao bem, onde fruirão de imperturbável felicidade; e a dos maus, a de serem lançados na "fornalha de fogo", símbolo dos mundos inferiores, de expiação e de provas, onde terão que se depurar, entre lágrimas e dores, até que mereçam acesso a uma esfera melhor.

PARÁBOLA DA REDE LANÇADA AO MAR


MATEUS, Cap. XIII, v. 47-52
Parábola da rede lançada ao mar
V. 47. O reino dos céus se assemelha também a uma rede de pescar que, lançada ao mar, apanha toda espécie de peixes. — 48. Quando fica cheia, os pescadores a puxam para bordo, onde, assentados, se põem a separá-los, deitando os bons nos vasos e lançando fora os maus. — 49. Assim será no fim do mundo: os anjos virão e separarão os maus do meio dos justos; — 50, e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá prantos e ranger de dentes. — 51. Haveis compreendido todas estas coisas? Eles responderam: Sim. — 52. Disse-lhes ele então: Todo escriba instruído acerca do reino dos céus se assemelha ao pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e coisas velhas.
N. 170. Não temos necessidade de vos explicar o símile da pesca. Facilmente compreendeis que se trata da escolha dos bons e do afastamento dos maus. Ele deve ser entendido, compreendido, explicado, em tudo e por tudo, do mesmo modo por que o foi a parábola do joio. Podeis notar que muitas palavras têm o mesmo sentido. Foram ditas a homens diferentes, muitas vezes em ocasiões diversas, mas sempre com o mesmo objetivo.
Compreendestes bem tudo isto? perguntou Jesus aos discípulos. "Sim", responderam-lhe.
Eles haviam compreendido a parábola da pesca tal como lhes foi apresentada, isto é: como uma imagem da escolha que, pouco a pouco, se iria fazendo entre os Espíritos, a fim de que, no momento determinado, já não houvesse muitos Espíritos rebeldes a afastar.
"Todo escriba", disse-lhes também Jesus, instruído acerca do que concerne ao reino dos céus, se assemelha ao pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e coisas velhas".
Por escriba designava Jesus o homem mais esclarecido do que as massas e encarregado de espalhar no meio delas as luzes contidas no tesouro da sua erudição e da sua inteligência.
Os escribas, vós o sabeis, eram, naquela época, os sábios, os eruditos. Espalhavam, ou melhor: tinham o dever de espalhar a luz; mas, não raro, a punham debaixo do alqueire.
Tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas aquele que se serve da ciência que recebeu dos tempos antigos para fortificar e, por assim dizer, tornar recomendável aquilo que ele quer fazer crido.
Assim, vós outros espíritas deveis, dentro dos limites da vossa instrução, das vossas faculdades, investigar as crônicas antigas, escrutar as lendas, desencavar os velhos manuscritos sepultados no fundo das bibliotecas seculares ou dos conventos avaros do que possuem — e, armados dos vetustos documentos que possuirdes, demonstrar aos tímidos, aos incrédulos, aos pseudo-sábios a autenticidade e a ancianidade da ciência que professais.

A Parábola da Pérola


Ao contrário do que muitas pessoas pensam, entender uma parábola e refletir sobre o seu conteúdo, exige acurado estudo, pesquisa dos costumes e linguagem da época e capacidade de discernimento desprovida de qualquer partidarismo religioso.
É primordial no estudo das parábolas, esclarecer-se quanto ao seu significado e vantagens. Portanto, é preciso estudar muito.

Therezinha de Oliveira, é uma estudiosa da Doutrina Espírita, notadamente do Evangelho de Jesus, pesquisadora, conferencista e autora. No livro Estudos Espíritas do Evangelho, publicado pela Editora EME, em seu capítulo 20, introduz o estudo sobre parábolas da seguinte forma:

"Que é uma parábola ?

Parábola é uma narração alegórica que encerra doutrina moral. É uma estória simbólica, comparativa, sob a qual se esconde uma verdade importante e que conclui pôr um preceito moral ou regra de conduta a ser seguida num caso determinado.

Suas vantagens

1) Interessa e impressiona mais e melhor aos ouvintes, pôr ser uma estória.

2) Facilita a compreensão mesmo de assuntos transcendentes, porque a comparação supre as deficiências intelectuais do ouvinte.

3) Mais fácil de reter e transmitir, porque o enredo da estória auxilia a associação de idéias (ajuda a fixar o ensino oral).

4) Permite dizer verdades que se outro modo não seriam escutadas nem toleradas, principalmente por pessoas de autoridade, porque é simbólica e o próprio ouvinte é que tira dela uma conclusão.

As parábolas do Velho Testamento

O ensino por parábolas já era conhecido dos hebreus que, como outros povos orientais, a empregavam muito.

No livro de Salmos (49 v.4), Davi fala: 'Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola; decifrarei o meu enigma na harpa'.

E no livro de Provérbios, Salomão comenta: 'e o entendido adquira habilidade para entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios' (1 v. 6).

As parábolas do Velho Testamento foram narradas por diversos autores.

No Novo Testamento, as parábolas que os evangelistas registram são todas de Jesus. Ele com freqüência as empregava, pelas vantagens que apresentam como ensino e o fazia de modo magistral (era um verdadeiro Mestre).

Usando os mais simples elementos do dia-a-dia do povo (situações e coisas comuns, conhecidas) conseguia plasmar imagens de grande poesia ou impacto, para levar a conclusões de elevada moral ou revelar algo da vida espiritual.

Diz Emmanuel que, falando em parábolas, Jesus 'evitava ferir fosse a quem fosse'. (livro Religião dos Espíritos, pág. "No Fenômeno Magnético".)"

As primeiras parábolas proferidas por Jesus foram num mesmo dia e à beira do mar da Galiléia, dentre elas a Parábola da Pérola, introduzindo as primeiras noções sobre a natureza do "reino dos céus", ou seja, sobre a vida espiritual.

Assim é que o evangelista Mateus, no capítulo 13, versículos 45 e 46, narra que:

"45 O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas finas.

46 Ao achar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra."

Em grande parte das parábolas que contou, Jesus falou em situações diferentes desse Reino que, semelhante as pedras preciosas do mundo material, buscadas pelos homens, possuía grande valor, tanto que quem o encontrasse venderia tudo o que tinha para adquiri-lo. Contudo, para perceber este tesouro, que não tem nada a ver com as coisas materiais, é preciso ter valores espirituais; é preciso ter desenvolvido o amadurecimento psicológico e entender claramente a finalidade da vida física e o que significa o mundo espiritual. É preciso questionar que valores, de fato, são perenes e insuscetíveis de serem corroídos pelas traças, destruídos pelo tempo.

O Espírito Joanna de Ângelis, no Livro Jesus e o Evangelho - À luz da psicologia profunda, no capítulo intitulado "O Reino", esclarece-nos que:

"(...).

Em momento nenhum levantou Sua voz para maldizer o mundo, para condená-lo; antes propunha respeito e consideração pela sua estrutura conforme Ele próprio se comportava, comedido e afável.

Mas que o Seu reino não era deste mundo transitório, relativo, material, é por definitivo, uma grande verdade. Ele viera para que os homens conhecessem a Realidade, que de origem pastoril e nômade, não tinham, ao tempo de Moisés, condição para entendê-la, necessitando antes do rigor de leis severas, a fim de comportar-se com equilíbrio após sucessivos períodos de escravidão, nos quais amolentaram o caráter, a conduta, a existência sem ideal de crescimento e dignificação.

Na visão da psicologia profunda, embora Ele se referisse às Esferas de onde procedia, o Seu reino também eram as paisagens e regiões do sentimento, onde se pudessem estabelecer as bases da fraternidade e o amor unisse todos os indivíduos como irmãos, conquista primordial para a travessia pela ponte metafísica do mundo terrestre para aquele que é de Deus e nos aguarda a todos.

(...)

Não foram poucos os indivíduos que desejavam instalar aquele reino por Ele anunciado no próprio coração. Fascinavam-se com a Sua eloqüência, com a lógica da proposta libertadora e logo recuavam, ante um mas, que abria condição para optar pelos interesses das paixões a que estavam acostumados, iludindo-se quanto a improváveis possibilidades de retornarem ao Seu convívio.

(...)

O mas, em relação a Jesus, é predomínio da sombra que paira nessa demorada infância psicológica dos indivíduos como pessoas e das massas como grupamentos. (...)."

Portanto, Jesus colocou ao alcance de todos que o quisessem, alcançar este reino de sabedoria e amor. Contudo, não os eximiu da luta, do trabalho de conquista deste tesouro que comporta todas as virtudes, os dons divinos que trazemos e que ainda não desenvolvemos por inúmeros motivos que, em verdade, apenas se constituem em pretextos para protelar o início desse processo de crescimento e amadurecimento espiritual.

No livro Até o Fim dos Tempos, o Espírito Amélia Rodrigues, em psicografia de Divaldo Pereira Franco, no capítulo intitulado "Ministério Desafiador", conta-nos que:

"(...)

O indispensável seria a harmonia interior, vinculada à irrestrita confiança em Deus, porquanto, no momento da eleição daquilo que deveriam preferir, nenhum apego os vinculasse aos haveres transitórios, que são acumulados e logo se tornam peso insuportável sobre os ombros frágeis das criaturas que perecem na sombra do corpo para ressurgirem na luz inapagável da imortalidade.

Ninguém pode ambicionar o reino de Deus disputando os valores terrestres que acumula com avidez insaciável, nem consegue harmonizar-se no ideal da fraternidade, se não realiza o equilíbrio interior para vitalizar os ideais soberanos da vida.

Somente quem se afeiçoa ao verdadeiro bem é capaz de transpor os obstáculos colocados pelo egoísmo, sentindo a lídima solidariedade apossar-se dos sentimentos e espraiar-se.

(...)."

Assim, a Parábola da Pérola contada por Jesus é, ainda hoje, um convite para que reflitamos sobre os verdadeiros valores, que se constituem em nosso tesouro, que nos direciona a vida. O que buscamos dessa oportunidade bendita de estar encarnado na Terra. Que tesouros, realmente, temos conquistado e acumulado: os da terra ou os do céu ? Em que medida estão estas conquistas? Vivemos só para trabalhar na aquisição de amplo patrimônio ou também disponibilizamos do nosso tempo para as conquistas do espírito?

O alerta de Jesus, nos ensinando sobre o verdadeiro tesouro, a pérola de grande valor, é extremamente atual. Já teremos conquistado as pérolas da paciência, da compreensão, da misericórdia, da caridade e do amor para com as criaturas, nossos irmãos de jornada?

São questões que devemos estar continuamente nos fazendo e respondendo, objetivando sempre caminhar para "a frente e para o alto."

Que Jesus nos ilumine e dê coragem para perseverarmos nessa busca árdua mas de grande plenitude interior.





Autor: Nadja Cruz de Abreu

Parábola do tesouro - meninas

“O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo que possuía e comprou aquele campo.” (Mateus, XIII, 44.)
O homem tem resumido a sua tarefa na Terra a procurar “tesouros”, a achar tesouros, a esconder tesouros, a vender o que possui para comprar campos que tenham tesouros.

Assim tem acontecido, assim está acontecendo.

Para que trabalha o homem, na Terra? Para que estuda? Para que luta, a ponto de matar o seu semelhante?

Para possuir tesouros!

Jesus, sabendo dos artifícios que o homem emprega na conquista dos tesouros,
fez do “tesouro escondido” uma parábola, comparando-o ao Reino dos Céus; fê-lo, naturalmente, para que os que recebessem esses conhecimentos, também empregassem todo o seu talento, todos os seus esforços, todo o seu trabalho, toda a sua atividade, todos os seus sacrifícios, na conquista desse outro “tesouro”, ao qual ele chamou imperecível, lembrando que “a traça e a ferrugem não o corrompem, e os ladrões não o roubam”.

O Reino dos Céus é um tesouro oculto ao mundo, porque os grandes, os nobres, os guias e os chefes de seitas religiosas não querem fazê-lo aparecer à Humanidade.

Mas, graças à Revelação, aos Ensinos Espíritas, aos Espíritos do Senhor, hoje é muito fácil ao homem achar esse tesouro. Mais difícil lhe pode ser, “vender o que tem e comprar o campo”, isto é, desembaraçar-se das suas velhas crenças, do egoísmo, do preconceito, do amor aos bens terrestres, para possuir os bens celestes.

Materializado como está, o homem prefere sempre os bens aparentes e perecíveis, porque os considera positivos; os bens reais e imperecíveis ele os julga abstratos.

A Parábola do Tesouro Escondido é significativa e digna de meditação: o homem terreno morre e fica sem seus bens; o homem espiritual permanece para a Vida Eterna e o tesouro do céu, que ele adquiriu é de sua posse permanente.

O Reino de Deus - Orson Peter


O jovem carpinteiro fundou um Reino. O maior e mais poderoso dos reinos, embora fosse pobre de valores materiais, pois aí está a diferença dos demais reinos. Todos sugerem acúmulo de bens. Este, porém, é um reino de valores interiores, protegidos contra todos os possíveis danos que possam destruí-lo. Quem o constrói dentro de si constrói para sempre.

Apresentando-se na Sinagoga, perante seu povo, declarou Ter vindo em nome do Pai para anunciar e implantar o Reino de Deus no coração dos homens. Comparou este Reino ao grão de mostarda, ao fermento, a um tesouro escondido, a uma pérola, a uma rede para peixes e ao trigo que cresce no meio do joio... Seu Reino fundamenta-se em tres alicerces: Deus, Amor e Justiça. Ora, se já compreendemos que Deus é Amor conforme ensinou o evangelista, vamos estudar seu desdobramento: amor e justiça.

Em O Livro dos Espíritos, questão 875, pode-se buscar a definição de justiça – que deixo ao leitor pesquisar. Já em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XI e em seus desdobramentos e subtítulos, poderemos encontrar o que é o amor, seus efeitos, uso e prática.

Para o estudioso mais atento, há comentários muito edificantes de Emmanuel em seus livros Caminho, Verdade e Vida (capítulo 107) e Vinha de Luz (capítulo 177) e ainda a resposta à questão 673 de O Livro dos Espíritos, embora não se refira ao assunto, traz comentário importante sobre esta postura para implantação do Reino de Deus nos corações.

A questão toda, como apresenta Neio Lúcio no livro Jesus no Lar, capítulo 36, é que se cada um estivesse vigilante da própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso. O mais intricado problema do mundo, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas atividades alheias. Enquanto cogitamos de responsabilidades que competem aos outros, as nossas viverão esquecidas.

É que o Reino de Deus é uma construção interior, com valores reais das virtudes que precisam ser conquistadas a custo do esforço próprio. E isto exige coragem, determinação, perseverança.

Desde já precisamos nos apressar em desligar o criticador e parar com os hábitos da achologia, onde muitos acham isto ou aquilo, mas consideram ser dever do outro fazer. Achamos, damos opiniões e palpites, mas deixamos de fazer o que nos compete. O Reino de Deus se inicia no coração do homem, com os valores da bondade e da fraternidade. Quando destruímos uma idéia ou temos postura pessimista, estamos criando o reino da descrença, da crítica e por aí afora.

Para alcançar o Reino de Deus no coração, quatro condições são essenciais: a)libertação pelo auto-conhecimento; b)humildade para perceber nossas imperfeições; c)persistência no bem; d)crescimento espiritual. Todos conquistas do esforço próprio, que exigem no mínimo iniciativa que deve ser acompanhada pela perseverança.

Em seu livro, Parábolas e Ensinos de Jesus, Cairbar Schutel comenta no capítulo A palavra de vida eterna, que a imortalidade é a luz da vida; ela é a alma da nossa alma; a esperança da nossa fé; e a mãe do nosso amor. Sem imortalidade não pode haver alma, sem alma não há esperança, fé, amor; e sem esperança, fé e amor tudo desaparece de nossas vistas: família, sociedade, religião, Deus!



A imortalidade é a base, o alicerce, a rocha viva ... E recomenda: Urge, pois, que busquemos, primeiramente, a imortalidade, para crermos firmemente na palavra de Jesus. Urge que estudemos a imortalidade, que conversemos com a imortalidade, que ouçamos a imortalidade com seus substanciosos ensinos, a fim de, firmes e resolutos, orientarmos a nossa vida, regularmos os nossos atos na senda religiosa que nos foi traçada.

Sem aprofundamento percebe-se com clareza os efeitos da incredulidade no mundo, ou até da ausência de interesse na busca de informações e estudos sobre a questão. Aí estão os difíceis quadros sociais a desafiar o homem. E mais interessante que este implantar do Reino dos Céus no coração, como propôs Jesus modifica o ambiente, as circunstâncias ao redor, favorecendo a todos com a harmonia e paz que lhe é próprio.

A própria vivência interior deste Reino, ajuda a modificar o panorama exterior. Já imaginou o leitor quando cada habitante do planeta esforçar-se por esta vivência? Teremos o mundo modificado, como desejamos.

Fácil? Não! Individualmente já é um grande desafio, imagine coletivamente falando, com a diversidade de estágios evolutivos que vivemos. Mas é a única alternativa para a construção da paz interior e social, que tanto almejamos.

O reino de Deus que está em nós



Um homem do povo vivia uma vida sem esperanças, com grandes tribulações e sofrimentos. Um dia foi localizado por emissários do rei que o conduziram ao palácio real e ele foi investido na condição de herdeiro daquele reino. Imediatamente foi banhado e perfumado, vestido com roupas suntuosas. Calçaram-lhe os pés com sapatos finos e colocaram-lhe no dedo precioso anel, símbolo de sua condição real. Levado para conhecer o reino deslumbrou-se: como era belo, vasto e cheio de recursos! E isso tudo era seu, pois o rei tudo colocara a sua disposição.
Que diríamos nós se tal acontecesse conosco? Se fôssemos destacados de nossa condição de simples pessoas do povo e elevados à condição de herdeiros de um grande reino? “E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”.1 “Ah, esse reino eu não quero, é depois da morte e eu não quero morrer tão cedo.” “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos”.2
Humm... Jesus diz que o Reino de Deus cresce, se desenvolve. Mas que reino seria esse? Onde ele está? “O Reino de Deus está dentro de vós.”3 E como é que eu faço pra tomar posse desse reino? É necessário empreender a grande viagem para dentro de si mesmo, o auto-conhecimento. “Ah, mas eu não quero mexer com isso não, se conhecer dá muito trabalho, tá bom assim.” Não está nada bom, a pessoa tem crises, vive mal humorada, descontente, triste e ansiosa... Mas como encarar o medo de se defrontar consigo mesma?
Qual a imagem que temos de nós mesmos? A nossa auto-imagem geralmente não é muito boa. Ela está fortemente tisnada pela montanha de nãos que ouvimos desde pequenos. Não fomos bons o bastante pra contentar a nossa mãe: “Não põe a mão aí!” “Não pode fazer isso.” Não queremos em absoluto dizer que criança não deva ter limite, mas alguns pais extrapolam. Não fomos bons o bastante para agradar nossos professores e achamos que valíamos pela nota que tirávamos. Os colegas também ajudavam a desconstruir essa imagem com apelidos e brincadeiras cruéis. E hoje achamos que não somos bons o bastante pra agradar nossa esposa, nossos filhos, nosso chefe. Sempre achamos que estamos devendo. Temos uma auto-rejeição muito forte que às vezes se camufla em orgulho e vaidade, mas lá no fundo temos medo de encarar nossa própria imagem no espelho. A cultura do pecado e da punição pelos nossos atos por Deus, que nos foi incutida há milênios, também não ajuda a melhorar nossa auto-imagem. Mas o que nos diz Jesus? “Sois deuses”4. “Em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas”5. Mas como? “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”6. A verdade sobre nós mesmos, nossa origem divina, nossa potencialidade. Somos herdeiros do reino, o reino de Deus está dentro de nós. Precisamos tomar posse dele. “Ah, mas eu não tenho coragem de olhar dentro do porão da minha inconsciência, tenho medo de encontrar um esqueleto no armário. Tudo bem, pode ser que tenha um esqueleto no armário. Mas se aprofundarmos nossa visão, veremos que tem também um oásis. Um oásis verdejante de paz. Não seria bom encontrar um pouco de paz? Que preço pagaríamos pela nossa paz?
Todos nós temos dois lados, um lado sombra e um lado luz. É duro conviver com o nosso lado sombra, é difícil até mesmo admitir que temos um lado sombra caracterizado pelo lado obscuro da nossa personalidade, nossos defeitos, nossa dificuldade nos relacionamentos, mas a sombra tem uma característica: ela não é permanente, ela é temporária, ela se dissolve ao contato com a luz.
Qual o sentido da vida? Porque estamos encarnados? Para buscar a nossa iluminação. Através do auto-conhecimento vamos detectando quais os lados da nossa personalidade que precisam ser iluminados. E iluminados através do conhecimento: boas leituras, palestras, cursos, tudo isso devidamente aplicado através da vivência com os que convivem conosco.
Todas as qualidades jazem em germe dentro de nós. “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda...”, todas as nossas potencialidades, todo o projeto do que seremos: gênios, Einsteins, Mahatmas Gandhis, Madres Terezas, homens empreendedores e colecionadores de sucessos. Nós não somos o que estamos. Somos muito mais! Não é grandioso isso? Saber que tudo já está dentro de nós, nos pertence e apenas precisamos tomar posse? E o artífice do homem novo seremos nós mesmos. Somos a semente e somos o jardineiro. Somos os herdeiros. O reino nos pertence. “Sois deuses!”

1 Epístola de Paulo aos Romanos, 8:17.
2 Mateus, 13:31-32.
3 Lucas, 17:21.
4 João, 10:34.
5 João, 14:12.
6 João, 8:32.

O Reino de Deus


Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Notícias Históricas. 4. Fundação do Reino de Deus. 5. Alguns Textos Evangélicos. 6. Ter ou Ser?: 6.1. A Importância da Diferença entre Ter e Ser; 6.2. Ensinamento dos Grandes Pensadores; 6.3. Experiência Cotidiana. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Teologia, o Reino de Deus é tema central da pregação de Jesus. Ele ocupa lugar de destaque em várias de suas parábolas - principalmente o grão de mostarda - , a menor das sementes que, depois de plantada, dará a maior das árvores. Assim, o objetivo deste estudo, à semelhança do grão de mostarda, é enaltecer o desenvolvimento das potencialidades interiores de cada um de nós, a fim de que nos tornemos árvores frondosas em virtude e sabedoria.

2. CONCEITO

Reino - 1) Nação ou Estado governado por um rei ou uma rainha. 2) Domínio longínquo pertencente ao rei.
Reino dos Céus/Deus
Catolicismo: realidade misteriosa cuja natureza só Jesus pode dar a conhecer.
Espiritismo: estado de felicidade proporcional ao grau de perfeição adquirida; materialização da felicidade dos bem-aventurados; obra divina no coração dos homens; estado de sublimação da alma, criado por ela própria, através de reencarnações incessantes. (Espiritismo de A a Z, FEB)

3. NOTÍCIAS HISTÓRICAS

O conceito de Reino de Deus vem do Antigo Testamento:
  1. desde a época da instalação de Israel em Canaã, Iavé é reconhecido como seu Rei e mais tarde como rei de todas as nações;
  2. dado o regime monárquico de Israel, a realeza humana passa a ser considerada como uma participação da de Iavé, o rei davídico, sentado no trono régio do Senhor, como seu representante;
  3. as infidelidades dos reis denunciados pelos profetas e sobretudo a queda da monarquia favoreceram a espiritualização do tema e contribuíram para que se pensasse na realização do reino de deus nos fins dos tempos. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura)
No Novo Testamento, observamos:
  1. os judeus nos tempos de Cristo entenderam-no como um reino messiânico, isto é, uma nova era em que Iavé, Deus de Israel e Deus do mundo, tendo triunfado dos seus inimigos que eram também os do povo eleito, havia de implantar o seu reinado no universo graças ao estabelecimento da supremacia política e religiosa desse povo.
  2. Jesus, porém, interpretou-o de forma diferente, ou seja, sem o caráter de nacionalismo, reservado somente aos descendentes de Abraão. Evocava, por assim dizer, a grande esperança na vida futura e a transcendência pelo qual importava sacrificar tudo na terra, inclusive a própria vida. Para ele, não é apenas esse reino futuro de justiça definitiva, mas posto ao alcance de todas as boas vontades no combate ao mal. Isento de seitas, referia-se à construção do reino de Deus dentro dos próprios corações. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

4. FUNDAÇÃO DO REINO DE DEUS

João Batista, o precursor do mestre, dizia: "Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus"... "Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo". (Mateus, 3, 2 a 11)
O Espírito Irmão X, no capítulo 3, do livro Boa Nova, dá-nos uma idéia da implantação do reino de Deus feita por Jesus.
Estando Jesus sentado nas adjacências do Templo, em Jerusalém, Hanã, sacerdote, dirigiu-se a ele e lhe perguntou:
- "Galileu, que fazes na cidade?
- Passo por Jerusalém, buscando a fundação do Reino de Deus! - exclamou o Cristo, com modesta nobreza.
- Reino de Deus? - tornou o sacerdote com acentuada ironia. - E que pensas tu venha a ser isso?
- Esse Reino é obra divina no coração dos homens! - esclareceu Jesus, com grande serenidade.
- Obra divina em tuas mãos? - revidou Hanã, com uma gargalhada de desprezo".
Continuando a conversa, perguntou-lhe sobre quem os ajudaria e como levaria a cabo tamanho empreendimento. Jesus sempre respondia com firmeza e tranqüilidade.
Daí a algum tempo, na cercanias de Cafarnaum, dirigiu-se a um grupo de alegres pescadores, convidando-os a pescar homens.

5. ALGUNS TEXTOS EVANGÉLICOS

"Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça." (Mateus, 6, 33)
Muitos procuram o evangelho para a realização dos próprios caprichos: mandar e fazer-se obedecer, ter privilégios... Raros aceitam a condição do discipulado. Querem ser favoritos de Deus. Busquemos, sim, em primeiro lugar a vontade Deus. (Vinha de Luz, 18)
"O reino de Deus não vem com aparência exterior." (Lucas, 17, 20)
Lembremo-nos de que a prática do proselitismo é, muitas vezes, prejudicial aos elevados projetos de realização. Por que apresentar pompas e números vaidosamente, nos grupos de fé? A realização divina começará no íntimo de cada um. No corpo que se vai, a maioria pode ver apenas a carne. Por que constrangê-lo a ver o Espírito se ainda não é a sua hora? (Caminho Verdade e Vida, 107)
"O Reino de Deus está no meio de Vós." (Lucas, 17, 21)
Nem nas obras sem fé que se reduzem a pedra e pó. Nem na fé sem obras que é estagnação da alma. Nem no movimento sem ideal de elevação que é cansaço vazio. Nem no ideal de elevação sem movimento que é ociosidade brilhante. Nem exigência a todo o instante. Nem desculpa sem fim. A edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, esforço, aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária. (Vinha de Luz,177)
"Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus." (João, 3, 3)
Conservemos do passado apenas o que for bom e justo, belo e nobre. Cada hora na atualidade pode ser o reajustamento de uma atitude. Alguém nos magoa? Reiniciemos o esforço da boa compreensão. Alguém não nos entende? Perseveremos em demonstrar os nossos intuitos mais nobres. (Fonte Viva, 56)
"Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no Reino dos Céus." (Mateus, 5, 20)
Os escribas e fariseus não eram criminosos, cumpriam os seus deveres, respeitavam as leis, jejuavam, pagavam impostos... Adoravam o eterno Pai, mas não vacilavam em humilhar o irmão de jornada. O cristão não surgiu na Terra para circunscrever-se à casinhola da personalidade, mas para transformar vidas e aperfeiçoá-las com a própria existência. (Vinha de Luz, 161)
"E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus." (Lucas, 9, 62)
Por que Jesus usou o símbolo do arado? É pesado, demanda esforços, provoca suor, fere a terra... Contudo, depois chegam semeaduras e colheitas, pães e pratos e celeiros guarnecidos. (Pão Nosso, 3)

6. TER OU SER?

6.1. A IMPORTÂNCIA DA DIFERENÇA ENTRE TER E SER

Ter é uma função normal de nossa vida: ter casa, ter parentes, consumir etc. Como, porém, descortinar uma alternativa entre ter e ser, se temos a impressão de que a própria essência de ser é ter: de que se alguém nada tem, não é?

6.2. ENSINAMENTO DOS GRANDES PENSADORES

Buda ensinava que, para chegarmos ao mais elevado estádio do desenvolvimento humano, não devemos ansiar pelas posses.
Jesus ensinava que devíamos perder a própria vida para salvá-la.
Mestre Eckhart ensinava que ter nada e tornar-se aberto e "vazio", e não colocar o eu no centro, é condição para conseguir riqueza e robustez espiritual.
Marx ensinava que o luxo é tanto um mal como a miséria, e que nosso ideal deve consistir em ser muito, e não ter muito.

6.3. EXPERIÊNCIA COTIDIANA

Estudante - No modo ter é memorizar e passar de ano: no modo ser, é raciocinar junto com o professor.
Fé - No modo ter é a posse de uma resposta àquilo para o que não se tem qualquer prova racional; no modo ser, é uma orientação íntima, uma atitude. Seria preferível dizer estar na fé em vez de ter fé.
Amor - No modo ter implica confinamento, aprisionamento ou controle do objeto que se "ama"; no modo ser, liberdade, ajuda mútua, crescimento. O namoro geralmente é modo ser, enquanto o casamento pode tornar-se modo ter, pois se cada um pode querer exercer domínio sobre o outro. Observe que a palavra "cair de amor" é de uso incorreto, porque amar é uma atividade criativa, pois só se poder estar em amor ou andar no amor; não se pode cair no amor, porque cair denota passividade. (Fromm, 1977)

7. CONCLUSÃO

O reino de Deus não é um lugar circunscrito, mas "obra divina no coração dos homens", ou seja, a edificação da sabedoria e a conquista do amor, através do trabalho incessante na prática do bem. É o desapego aos bens materiais, o perdão às ofensas dos inimigos, enfim, é a lembrança das Leis Divinas ou Naturais, gravadas por Deus em nossa consciência. Nesse sentido, todo o esforço despendido em auxiliar o próximo, em silenciar uma crítica, em pensar duas vezes antes de querelar com o vizinho assume papel relevante na prática da perfeição.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

  • Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.
  • EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.
  • FROMM, E. Ter ou Ser? Rio de Janeiro, Zahar, 1977.
  • Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.
  • XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
  • XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1973.
  • XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, s.d.p.
  • XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977
  • XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1971.

Jesus e o Reino dos Céus


Jesus respondeu-lhes: O reino de Deus não tem aparência. Ninguém dirá: "Ei-lo aqui", ou "ei-lo ali" porque o Reino de Deus está dentro de vós.

Lucas, 17;21
Assim como não definiu um Reino dos Céus materialmente, de forma circunscrita, como um "lugar", Jesus também não o fez relativamente ao Inferno, ou ao Purgatório, aos quais nem se referiu, de todo.
O Reino dos Céus aparece-nos como um estado de bem-aventurança. Quanto às imagens habitualmente apontadas no Novo Testamento como lugares de perdição ("lago de fogo e enxofre", "lugar de choro e ranger de dentes", etc.), será credível que alguém possa ser eternamente feliz no Reino dos Céus sabendo que familiares e amigos sofrem no Inferno eternamente???
Mais: será credível que Deus, infinitamente Justo e Bom, permita tal aberração? Jesus alertou para as más consequências dos maus actos, mas foram os homens que elevaram esse aviso ao requinte de sadismo que habitualmente constitui o Inferno na visão das religiões cristãs!

Parábola da rede



“Finalmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede, que foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda a espécie.
Depois de cheia, os pescadores puxaram-na para a praia, e, sentados, puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins.
Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes.” (Mat. 13:47-50) Em que pese à doutrina das Igrejas tidas por ortodoxas, que afirma seremos salvos ou condenados segundo aceitemos ou rejeitemos a Jesus Cristo, pessoalmente, como nosso Sal­vador, esta edificante parábola — a última de uma série de sete, proposta pelo Mestre a seus discípulos — nos ensina, uma vez mais, que nossa aceitação ou rejeição no reino dos céus depende tão só e unicamente do cumprimento ou da negligência dos nossos deveres de amar e servir a Humanidade.
A simples crença ou incredulidade no po­der de salvação pelo sangue do Cristo, em que essas Igrejas põem tanta ênfase, não têm a mínima influência na determinação de nossa sorte futura.
Admitido que assim fosse, a maioria da Humanidade estaria perdida, pois o Cristia­nismo só é conhecido e (mal) praticado por menos de um terço da população mundial.
A aceitação do Cristo como nosso redentor só tem eficácia quando se traduz em um esforço sincero e constante no sentido de reproduzir-lhe o espírito em nossa própria vida, ou seja, quando procurarmos modelar o nosso caráter pelo seu, pautando nossa conduta pelas dire­trizes do Evangelho.
Aliás, todo o Novo Testamento está reple­to de passagens que estabelecem categoricamente que o julgamento dos homens será ba­seado em seus feitos e não em sua fé.
A expressão “fim do mundo”, usada pelo Mestre, não deve ser tomada em sentido abso­luto, porquanto a Terra e todos os planetas do Universo são obras de Deus, e elas não foram feitas para morrer.
Significa, apenas, o fim deste ciclo evolu­tivo da Humanidade terrena, com o desapare­cimento de todos os seus usos, costumes e ins­tituições contrários à Moral e à Justiça.
É o fim do mundo velho, com suas confu­sões, suas discórdias, seus convencionalismos, suas iniqüidades sociais, seus ódios, suas lutas armadas, e o advento de um mundo novo, sob a égide da verdade, do bom entendimento, da lisura de caráter, da eqüidade, do amor, da paz e da fraternidade universal.
Os anjos são os Mentores Espirituais deste planeta; que velam pelo seu destino, aos quais estará afeta a expulsão dos maus: os açambar­cadores, os avarentos, os déspotas, os corrup­tores, os devassos, os desonestos, os explora­dores, os hipócritas, os ladrões, os libertinos, os maldizentes, os orgulhosos, os sanguinários, enfim todos os que tenham feito mau uso de seu livre arbítrio e hajam malbaratado as inú­meras oportunidades que lhes foram concedidas (através das reencarnações) para a realização de seu progresso espiritual.
A rede representa a Lei de Amor, inscrita por Deus em todas as consciências, e os peixes de toda a espécie apanhados por ela são os homens de todas as raças e de todos os credos, que serão julgados de acordo com as suas obras.
O texto é claríssimo nesse ponto, não dei­xando margem a qualquer dubiedade: “ e puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins.
Quando, pois, o ciclo se fechar, a sorte dos justos será passar a um plano “à direita do Cristo”, plano que aqui será implantado no correr do terceiro milênio, constituído de almas cristãs, afeitas ao bem, onde fruirão de imper­turbável felicidade; e a dos maus, a de serem lançados na “fornalha de fogo”, símbolo dos mundos inferiores, de expiação e de provas, onde terão que se depurar, entre lágrimas e dores, até que mereçam acesso a uma esfera melhor.

Parábolas do tesouro escondido e da pérola



“O reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo.
É semelhante, ainda, a um negociante que buscava boas pérolas, e, tendo achado uma de grande valor, foi vender tudo o que possuía e a comprou.” (Mat. 13:44-46)
Nestas duas parábolas tão singelas quão expressivas, Jesus compara o reino dos céus a “um tesouro oculto no campo” e a “uma pérola de grande valor”, dizendo que aquele que tem a ventura de achá-los, é tomado de tal gozo que não titubeia em dispor de todos os seus haveres para adquiri-los.
Esse tesouro ou essa pérola, é bem de ver-se, não é senão a alma humana. “O reino dos céus está dentro de vós”, dissera de outra feita o Divino Mestre, deixando bem claro que o reino celestial significa, não um lugar no espaço, mas algo que se verifica no íntimo de cada um.
Geralmente, procura o homem edificar a felicidade sobre as posses materiais, a ascen­dência social, a fama ou a saúde, mas estas coisas são precárias e incertas, pois podem du­rar, no máximo, uma existência, enquanto um terremoto, uma enchente, um incêndio, os aza­res da fortuna, uns micróbios em seu sangue ou determinado humor em seus fluidos orgâni­cos não as arruinarem por completo.
Jazem ocultas, a milhões de criaturas, coisas mais belas e grandiosas: os bens espi­rituais, que são, aliás, os únicos valores reais e duradouros, ante os quais aquilo tudo pouco ou quase nada importa.
Possuir esses bens espirituais, as virtudes cristãs, é conquistar o reino dos céus, porque o conhecimento e o amor de Deus nos fazem desfrutar tal estado de paz e de alegria que nada e ninguém conseguirá destruir ou per­turbar.
Por isso, como diz a parábola, quando al­guém “descobre” no campo de si mesmo esse tesouro de tão subido valor, que é a própria alma, e a sabe imortal, e fadada a alcançar o mais excelso destino: sua integração à única Realidade Absoluta — Deus! — todas as ilu­sões da materialidade, todas as gloriosas do mundo, e até mesmo o bem-estar do corpo fí­sico, se tornam de somenos importância. En­tão, cheio de júbilo, sabendo que a felicidade verdadeira depende, não daquilo que se tem, mas daquilo que se é, vai “vender tudo o que possui”, isto é, desprender-se das pseudo-pro­priedades e distinções terrenas, para cuidar precipuamente do enriquecimento de sua Cons­ciência Espiritual, a mais preciosa das pérolas, cuja posse vale o sacrifício de todos os bens de menos valor, de tudo aquilo que considerava importante e valioso em sua vida.

*

Não se entenda, o que seria errôneo, que a posse dos valores espirituais seja incompa­tível com a posse das coisas materiais. Não.
O que se quer salientar é que para o nosso progresso espiritual faz-se mister vivermos mais intensa e sinceramente em função dos ideais superiores, dedicando-lhes maior atenção do que às aquisições materiais, que devem cons­tituir-se apenas um meio de realizarmos os nossos objetivos, e não um fim em si mesmo.
Quem se disponha a assim proceder, so­brepondo os interesses da alma a quaisquer outros, não deve temer que lhe venha a faltar o necessário à subsistência, porquanto Jesus nos assevera, no seu Evangelho, que, “se bus­carmos primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, todas as outras coisas nos serão dadas de acréscimo”.

Parábola da Rede



"Finalmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede, que foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda a espécie. Depois de cheia, os pescadores puxaram-na, para a praia, e, sentados, puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes (Mateus, 13:47-50)”.


Em que pese à doutrina das Igrejas tidas por ortodoxas, que afirma seremos salvos ou condenados segundo aceitemos ou rejeitemos a Jesus Cristo, pessoalmente, como nosso Salvador, esta edificante parábola, a última de uma série de sete, proposta pelo Mestre a seus discípulos nos ensina, uma vez mais, que nossa aceitação ou rejeição no reino dos céus depende tão só e unicamente do cumprimento ou da negligência dos nossos deveres de amar e servir a Humanidade.

A simples crença ou incredulidade no poder de salvação pelo sangue do Cristo, em que essas Igrejas põem tanta ênfase, não têm a mínima influência na determinação de nossa sorte futura.

Admitido que assim fosse, a maioria da Humanidade estaria perdida, pois o Cristianismo só é conhecido e (mal) praticado por menos de um terço da população mundial.

A aceitação do Cristo como nosso redentor só tem eficácia quando se traduz em um esforço sincero e constante no sentido de reproduzir o espírito em nossa própria vida, ou seja, quando procuramos modelar o nosso caráter pelo seu, pautando nossa conduta pelas diretrizes do Evangelho.

Aliás, todo o Novo - Testamento está repleto de passagens que estabelecem categoricamente que o julgamento dos homens será baseado em seus feitos e não em sua fé.

A expressão "fim do mundo", usada pelo Mestre, não deve ser tomada em sentido absoluto, porquanto a Terra e todos os planetas do Universo são obras de Deus, e elas não foram feitas para morrer.

Significa, apenas, o fim deste ciclo evolutivo da Humanidade terrena, com o desaparecimento de todos os seus usos, costumes e instituições contrários à Moral e à Justiça.

E' o fim do mundo velho, com suas confusões, suas discórdias, seus convencionalismos, suas iniqüidades sociais, seus ódios, suas lutas armadas, e o advento de um mundo novo, sob a égide da verdade, do bom entendimento, da lisura de caráter, da equidade, do amor, da paz e da fraternidade universal.

Os anjos são os Mentores Espirituais deste planeta, que velam pelo seu destino, aos quais estará afeta a expulsão dos maus: os açambarcadores, os avarentos, os déspotas, os corruptores, os devassos, os desonestos, os exploradores, os hipócritas, os ladrões, os libertinos, os maldizentes, os orgulhosos, os sanguinários, enfim todos os que tenham feito mau uso de seu livre arbítrio e hajam malbaratado as inúmeras oportunidades que lhes foram concedidas (através das reencarnações) para a realização de seu progresso espiritual.

A rede representa a Lei de Amor, inscrita por Deus em todas as consciências, e os peixes de toda a espécie apanhados por ela são os homens de todas as raças e de todos os credos, que serão julgados de acordo com suas obras.

O texto é claríssimo nesse ponto não deixando margem a qualquer dubiedade: “... e puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins".

Quando, pois, o ciclo se fechar à sorte dos justos será passar a um plano "à direita do Cristo", plano que aqui será implantado no correr do terceiro milênio, constituído de almas cristãs, afeitas ao bem, onde fruirão de imperturbável felicidade; e a dos maus, a de serem lançados na "fornalha de fogo", símbolo dos mundos inferiores, de expiação e de provas, onde terão que se depurar, entre lágrimas e dores, até que mereçam acesso a uma esfera melhor. 

(autor: Rodolfo Calligaris)

Parábola do Tesouro Escondido e da Pérola




"O reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo. É semelhante, ainda, a um negociante que buscava boas pérolas, e, tendo achado uma de grande valor, foi vender tudo o que possuía e a comprou”. (Mateus, 13:44-46).



Nestas duas parábolas tão singelas quão expressivas, Jesus compara o reino dos céus a "um tesouro oculto no campo" e a "uma pérola de grande valor", dizendo que aquele que tem a ventura de achá-los, é tomado de tal gozo que não titubeia em dispor de todos os seus haveres para adquiri-los.

Esse tesouro ou essa pérola é bem de ver-se, não é senão a alma humana. "O reino dos céus está, dentro de vós", dissera de outra feita o Divino Mestre, deixando bem claro que o reino celestial significa, não um lugar no espaço, mas algo que se verifica no íntimo de cada um.

Geralmente, procura o homem edificar a felicidade sobre as posses materiais, a ascendência social, a fama ou a saúde, mas estas coisas são precárias e incertas, pois pode durar, no máximo, uma existência, quando um terremoto, uma enchente, um incêndio, os azares da fortuna, uns micróbios em seu sangue ou determinado humor em seus fluidos orgânicos não as arruínam por completo.

Jazem ocultas, a milhões de criaturas, coisas mais belas e grandiosas: os bens espirituais, que são, aliás, os únicos valores reais e duradouros, ante os quais aquilo tudo pouco ou quase nada importa.

Possuir esse bem espiritual, a virtude cristã é conquistar o reino dos céus, porque o conhecimento e o amor de Deus nos fazem desfrutar tal estado de paz e de alegria que nada e ninguém conseguirá destruir ou perturbar.

Por isso, como diz a parábola, quando alguém "descobre" no campo de si mesmo esse tesouro de tão subido valor, que é a própria alma, e a sabe imortal, e fadada a alcançar o mais excelso destino: sua integração à única Realidade Absoluta - Deus! - todas as ilusões da materialidade, todas as glorias do mundo, e até mesmo o bem-estar do corpo físico, se tornam de somenos importância. Então, cheio de júbilo, sabendo que a felicidade verdadeira depende, não daquilo que se tem, mas daquilo que se é, vai "vender tudo o que possui", isto é, desprende-se das pseudopropriedades e distinções terrenas, para cuidar principalmente do enriquecimento de sua consciência espiritual, a mais preciosa das pérolas, cuja posse vale o sacrifício de todos os bens de menos valor, de tudo aquilo que considerava importante e valioso em sua vida.

Não se entenda, o que seria errôneo, que a posse dos valores espirituais seja incompatível com a posse das coisas materiais. Não. O que se quer salientar é que para o nosso progresso espiritual faz-se mister vivermos mais intensa e sinceramente em função dos ideais superiores, dedicando-lhes maior atenção do que às aquisições materiais, que devem constituir-se apenas um meio de realizarmos os nossos objetivos, e não um fim em si mesmo.

(Quem se disponha a assim proceder, sobrepondo os interesses da alma a quaisquer outros, não deve temer que lhe venha a faltar o necessário à subsistência, porquanto Jesus nos assevera, no seu Evangelho, que, "se buscarmos primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, tocadas das outras coisas nos serão dadas de acréscimo”).

Por menor que nos pareça vale a pena sacrificar todos os tesouros da terra para a conquista do Reino de Deus que nos é tão próximo (in e não ex).

Tem muito rico que sabe usar os tesouros materiais para alçar ao reino, assim como há muito pobre que além de não serem humildes não usam de forma inteligente a pobreza, para crescer.

Rico é quem se satisfaz com menos, mas isto não significa acomodação e muito menos que riqueza é sinônimo de salvação com nos fizeram crer no passado. 

(autor: Rodolfo Calligaris)