domingo, 10 de julho de 2016

Virtudes e Defeitos , É permitido Repreender os Outros?


Josimar Fracassi

Queridos e amados irmãos, vamos por meio desse conversar sobre defeitos e virtudes, porque muitas vezes só vemos os defeitos dos nossos irmãos e não vemos suas virtudes, porque só damos valor aos defeitos?? Será que não temos defeitos, só os outros tem??

“Autoconhecendo-se, é mais fácil a alguém conhecer, com mais precisão, aqueles que se encontram à sua volta. Descobrindo as próprias deficiências, nasce-lhe tolerância para com os limites que encarceram outras pessoas na ignorância e na maneira rude de se apresentarem. Trabalhando o granito dos defeitos, tornasse-lhe fácil auxiliar a lapidação de arestas outras, que se encontram fora, em diferentes pessoas.” Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis


É notável como conseguimos ver, todos os dias, a todos os instantes, os defeitos alheios.

Dificilmente encontraremos alguém que não se mostre propenso a apontar erros e absurdos dos outros.

Muitos casamentos acabam porque marido e mulher passam a ver tanto os defeitos um do outro, que se esquecem que se uniram porque acreditavam se amar.

Amigos de infância, certo dia, se surpreendem a descobrir falhas de caráter um no outro. Desencantados se afastam, perdendo o tesouro precioso da amizade.

Colegas de trabalho culpam o outro por falhas que, em verdade, em muitos casos, é da equipe como um todo.

Foi observando esse quadro que alguém escreveu que os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás.

Na sacola da frente, estão colocadas as qualidades positivas, as virtudes de cada um. Na sacola de trás são guardados todos os defeitos, as paixões, as más qualidades do Espírito.

Por isso, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos presas em nosso peito.

Ao mesmo tempo, reparamos de forma impiedosa, nas costas do companheiro que está à frente, todos os defeitos que ele possui.

Assim nos julgamos melhores que ele, sem perceber que a pessoa andando atrás de nós, está pensando a mesma coisa a nosso respeito.

A imagem é significativa e nos remete à reflexão. Talvez seja muito importante que saiamos da fila indiana e passemos a andar ao lado do outro.

E, no relacionamento familiar, profissional, social em geral, que nos coloquemos de frente um para o outro. Aí veremos as virtudes nossas, que devem ser trabalhadas, para crescerem mais e também as virtudes do outro.

Com certeza nos surpreenderemos com as descobertas que faremos.

Haveremos de encontrar colegas de trabalho que supúnhamos orgulhosos, como profissionais conscientes, dispostos a estender as mãos e laborar em equipe.

Irmãos que acreditávamos extremamente egoístas, com capacidade de ceder o que possuam, a bem dos demais membros da família.

Pais e mães que eram tidos como distantes, em verdade estarem ávidos por um diálogo aberto e amigo.

Esposos e esposas que cultivavam amarguras, encontrarem um novo motivo para estarem juntos, redescobrindo os encantos dos dias primeiros do namoro.

*   *   *

A crítica só é válida quando serve para demonstrar erros graves que possam causar prejuízo para os outros ou quando sirva para auxiliar aquele a quem criticamos.

Portanto, resistir ao impulso de ressaltar as falhas dos outros, exercitando-nos em perceber o que eles tenham de positivo, é a meta que devemos alcançar.

Não esqueçamos de que se desejamos que o bem cresça e apareça, devemos divulgá-lo sempre.

Falar bem é fazer o bem. Apontar o belo é auxiliar outros a verem a beleza.

Na primeira delas é que vamos nos deter por agora, quando Kardec pergunta: - "Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?" Resposta - "Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido."
É bom lembrar que Jesus, tipo mais perfeito para servir de guia e modelo à Humanidade, enviado por Deus, como na primeira parte da resposta acima, jamais deixou de mostrar o erro nos quais os curados por Ele estavam inseridos, quando dizia: - "(...) de futuro não tornes a pecar". Mas, também, nunca repreendeu alguém com o intuito de desacreditá-lo junto à sociedade; ao contrário, como no caso da mulher surpreendida em adultério, disse: -"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." Fez, como está no final da resposta de S. Luís, que antes de julgarmos os outros, devemos verificar se esse julgamento não nos cabe também.
Sem dúvida alguma, a crítica irresponsável, o notar as imperfeições alheias, a maledicência fazem parte do cotidiano da grande massa da população terrena, fruto, ainda, das nossas imperfeições que nos acompanham há milênios. É uma anormalidade que com frequência praticamos como se fosse normal, já que automatizamos tais pensamentos, palavras e ações infelizes sem nos conscientizarmos do mal que proporcionamos aos nossos semelhantes. Vemos, com muita tristeza, como os meios de comunicação, nas suas mais variadas formas, se utilizam dessas prerrogativas infelizes, sabedoras de que coisas dessa natureza é que vendem e dão altos índices de audiência. O que mostra como ainda estamos atrasados moralmente.
Lemos outro dia, numa coluna de jornal, pequeno artigo que contava uma história mais ou menos assim: "Cada pessoa caminha na vida carregando duas sacolas, uma no peito e outra nas costas. Na do peito estão contidas as virtudes, e na das costas, os vícios. Cada um de nós só vê as costas dos que vão à frente, portanto, só os defeitos dos outros, esquecendo-nos de que os que vêm atrás de nós vêem os nossos defeitos também."
Atitudes dignas para com os semelhantes deveriam ser rotineiras e não fatos isolados que chegam a ser destacados como coisas extraordinárias.
Costumamos dizer em nossas palestras que cada pessoa deveria ter um disjuntor moral na língua, que desarmasse automaticamente, quando fôssemos falar mal de alguém e, assim, ficaríamos mudos, só retornando a voz quando fôssemos falar coisas boas daquela pessoa. Mas o disjuntor deveria ficar mesmo era no cérebro, para que toda vez que um pensamento infeliz com relação a uma pessoa surgisse, ele se desligasse e nós não indignificaríamos a ninguém. Esse disjuntor chama-se autocontrole sobre o que pensamos, para que não falemos ou ajamos em desfavor dos nossos semelhantes.
O Espiritismo nos mostra a necessidade da renovação pessoal na busca do ser integral, principalmente agora, nesta era da Humanidade, norteada pelo amor que deve unir a todas as criaturas.
Lutemos por corrigir os nossos defeitos e, como diz a parábola do Argueiro e da Trave no olho, retiremos primeiro as nossas imperfeições, para só depois vermos como poderemos "auxiliar" os outros a removerem as suas.

É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem? - ESE, links e slides

https://evangelhoespirita.wordpress.com/capitulos-1-a-27/cap-10-bem-aventurados-os-misericordiosos/instrucoes-dos-espiritos/iii-e-permitido-repreender-os-outros/






É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

"O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo X, itens 19 a 21"

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositor: Carlos Roberto
Rio de Janeiro
24/07/2002

Dirigente do Estudo:

Marcio Alves

Mensagem Introdutória:

ANTE O PRÓXIMO

Quando as circunstâncias nos ofereçam incompreensões ou acusações, em torno do próximo, busquemos examinar acontecimentos e pessoas com os olhos do Cristo. Imaginemo-nos de posse do senso divino, sem perder a noção de nossa reconhecida pequenez e a incomensurável grandeza daquele a quem nomeamos por nosso Mestre e Senhor.

Como teria visto Jesus a estreita espiritualidade do seu tempo, senão por gleba inculta que lhe cabia arrotear e semear? Como teria apreciado as críticas que lhe acompanharam a obra a não ser por tumulto necessário de opiniões, a fim de que a verdade prevalecesse?

Fossem quais fossem as crises, jamais perdia o mais alto padrão de serenidade, aproveitando o tempo para construir e situando no futuro a concretização dos seus luminosos objetivos.

Muitos viam em Zaqueu o avarento incorrigível; ele, no entanto, nele identificou o homem rico de nobre coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e beneficência. Em Bartimeu, a multidão enxergava o infortúnio de um cego; ele anotou os obstáculos de um doente, suscetível de ser curado para glorificar a bondade de Deus. Em Maria de Magdala, cuja personalidade apresentava a mulher obsidiada por sete espíritos infelizes, reconheceu a criatura decidida a renovar-se e que lhe seria, mais tarde, a mensageira da própria ressurreição.

Em Pedro, que o povo definia por discípulo frágil, a ponto de negá-lo três vezes, descobriu o amigo sincero que, convenientemente amadurecido na fé, lhe presidiria o apostolado em formação.

Múltiplos os óbices que se agigantam no caminho da fé, mas não permitas que eles te venham conduzir ao desânimo ou à negação.

Procura enumerá-los por fora, com as pupilas de Jesus, e encontrarás sublime compreensão a balsamizar-te por dentro. Feito isso, registraremos dificuldades e aflições, desgostos e contratempos, não ao modo de barreiras intransponíveis na senda de elevação espiritual e sim reconhecê-los-emos por necessidades justas e inevitáveis do campo de serviço em que fomos chamados a produzir, no bem da humanidade e de nós mesmos, aí trabalhando e abençoando como Jesus abençoou e trabalhou.

Emmanuel

Do Livro: Caridade

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: IDE

Oração Inicial:

<Moderador_> Senhor Jesus! Mais uma vez aqui nos encontramos para o estudo do Teu Evangelho de paz e de amor. Pedimos desde já que possamos estar amparados pelos benfeitores espirituais responsáveis por este trabalho e que os mesmos possam amparar e inspirar o nosso querido Carlos Roberto, que nos trará a sua palavra alegre e construtiva. Sendo assim, Mestre, que possa ser em Teu nome, mas acima de tudo em nome de Deus, que de nossa parte, possamos iniciar os estudos da noite de hoje!

Que assim seja!

Exposição:

<carlos_roberto> Queridos amigos, encarnados e desencarnados! É com muita satisfação que estamos aqui para trocarmos idéias a respeito de um tema tão profundo. Pedimos ao Meigo Nazareno que nos inspire de modo que o assunto possa ser bem aproveitado.

Encontramos como título geral da lição compreendida pelos itens 19 a 21 do capítulo X do Evangelho Segundo o Espiritismo, o seguinte : “É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?”

Estas perguntas nos dão o que pensar. Ora, temos ouvido falar que não devemos prestar atenção no argueiro que está na vista do outro, pois temos uma trave no nosso e não costumamos atentar para ela. Também temos sido aconselhados a não julgar para não sermos julgados.

Se mal compreendidas estas lições, teremos a idéia de que temos que ter uma visão do mundo onde não podemos reparar a presença do mal. Ora, a Doutrina Espírita prima, entre outras coisas, pelo bom senso. Não é solicitado aos espíritas

a atitudes de avestruzes, caras enfiadas no chão, como se possível fora ignorar a realidade do que nos envolve.

Não. Ao espírita é solicitado o cumprimento do seu papel normal como ser humano. Ele deve viver a realidade do mundo em que está, apenas aprendendo a ter a ótica do mais alto, a ótica de quem vislumbra que a vida não é só a vida material.

É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

Repreender o semelhante pode ser um mal ou um bem. Deixar de repreender também. Temos que levar em conta as circunstâncias que envolvem o fato repreensível, e principalmente o modo como se pretende fazer a reprimenda, com que intenção vai se externá-la.

Consideremos alguém que esteja tentando acertar num determinado setor do trabalho, no cumprimento de determinada tarefa. Se esta pessoa erra uma segunda ou terceira vez consecutiva, a nossa reprimenda pode ter o cunho de desestimula-la.

A substituição de qualquer forma de censura por um incentivo para o prosseguimento das tentativas almejando o sucesso, pode significar muito para aquela pessoa. Mas, considerando que a pessoa mereça a reprimenda, deve-se agir assim ou não?

O Novo Testamento nos recomenda que chamemos a pessoa em particular, e com ela nos entendamos longe dos olhos e ouvidos alheios. Se precisamos repreender, que o façamos, sob pena de, na omissão, não proporcionarmos o ensino que faria diferença na vida do outro.

Me recordo de uma história contada por um copeiro. Ele disse que a culpa dele ser copeiro era dos seus pais. Em seguida deixou bem claro, que ele não via nada demais em ser copeiro, apenas relacionava que estava naquela situação por causa dos pais e explicou.

A cada escola que era expulso, os pais se preocupavam em matriculá-lo em uma nova. Quando disse que não mais iria estudar, eles nada fizeram para impedir. E arrematou: se os meus pais tivessem me dado boas surras, hoje eu poderia estar numa situação bem melhor do que a que estou vivendo.

Se detemos o conhecimento e não dividimos, estamos nos omitindo. É importante que a nossa repreensão, tenha o cunho da educação, que ela vise a melhora do outro, e não o exponha aos olhos alheios, a menos que a sua atitude esteja representando um perigo para o meio social onde vive, ou seja, que derivada da atitude dele, muitas pessoas poderiam ser prejudicadas.

Educar com carinho mesclado com a energia necessária, é equilibradamente, auxiliar os outros a se equilibrarem por sua vez.

E quanto a notar as imperfeições de outrem? Aí está um ponto de reflexão muito precioso: "queimar etapas".

Quanto mais o espírito evolui, mais depressa se faz a evolução. É natural que seja assim. Na medida em que cresce a compreensão da vida, percebe-se que não se precisa passar por todas as experiências para apreender as lições daí decorrentes. Valoriza-se o se observar os caminhos que outros percorreram, para deles retirar o melhor proveito que a observação permitir.

Assim, vemos hoje em dia, pessoas que se interessam em iniciar um projeto comercial ou social, voluntário, gratuito, buscarem conhecer primeiro as vivências que outros já experimentaram, de forma a: - Não percorrerem as mesmas dificuldades que a experiência mostra que não redundarão em nada positivo ; - Executar os passos que levarão a obtenção do sucesso no que se deseja mais rapidamente.

Da mesma forma, podemos, em observando tudo e todos a nossa volta, nos furtarmos a muitas dores.

Cito o caso de uma amiga, que se via as voltas com um filho fascinado pelas facilidades materiais que o mundo das drogas oferecia aos envolvidos. Carrões, mulheres, festas, povoavam sua cabecinha , impedindo a compreensão dos conceitos ajuizados por parte dele, apesar de todos os esforços de sua dedicada mãe.

Ela, num crescendo de preocupação, decide, num dia bem cedo, sem avisá-lo previamente de sua intenção, levá-lo para passear.

Ele se deixou levar.

Ela foi para o presídio da Frei Caneca. Ele viu ao vivo e a cores, a realidade dos que estavam presos pelo envolvimento com o que o estava fascinando. Ele não mais se deixou perder-se em sonhos em torno do assunto.

O que ela fez? Queimou etapas.

Notar as imperfeições de outrem é fundamental, se o nosso objetivo é a nossa melhora.

Notar as imperfeições dos outros, visando falar com eles a respeito com carinho e respeito, sem transformar isto num processo obssessivo do tipo "Joãozinho que queria consertar o mundo", pode ser muito benéfico para quem recebe a orientação.

E a respeito de divulgar o mal cometido por outros?

Precisamos ter o bom senso para saber discernir, o mal que só prejudica o próprio autor, do mal que prejudica um grupo. É nosso dever proteger a coletividade.

Se temos notícia, conhecimento de que alguém vai colocar uma bomba num local público, é nosso dever, tornar o fato conhecido o suficiente para que possa ser evitada uma tragédia.

Como vemos, temos que ter cuidado com nossas palavras, porque elas podem rebaixar ou fortalecer.

Uma senhora - nos conta Hilário Silva ou Humberto de Campos, através do Chico Xavier -, estava muito preocupada com a língua da filha, sempre ferina. Apesar de todas as orientações da mãe, a filha não modificava seu jeito de se expressar, sempre encontrando meios e ocasiões para criticar e condenar.

Um dia, a mãe saiu cedo de casa com a filha pela mão, e a levou diante de um prédio em construção. A filha sem perceber o que a mãe intentava, olhava tudo curiosa.

Sua mãe, perguntou, atenta a reação da filha diante da pergunta:

"O que você vê minha filha?"

E a menina começou a descrever o grande movimento em favor do trabalho. Aqui uns assentavam tijolos. Outros viravam massa, outros mais carregavam carrinhos de massa, lá eram suspensos baldes, faziam-se medidas, enfim, uma grande atividade era desenvolvida.

A mãe, tomou a filha pelas mãos e a levou para um bairro distante, onde estava previsto um acontecimento que caía bem para os propósitos de ensino que ela tinha relativo à filha.A menina se viu frente a um prédio em processo de demolição.

Novamente a mãe perguntou o que a filha via.

E ela descreveu que um homem movimentava uma máquina, derrubando o prédio.

A mãe, então, alinhavou tudo o que havia acontecido até aquele momento. "Observe minha filha que, para construir, são necessárias muitas pessoas, muito trabalho, mas, para destruir, basta uma única.

Assim é com relação a forma que usamos nossas palavras. A boca constrói ou destrói, dependendo da direção que dermos aos nossos raciocínios, aos nossos sentimentos."

Aprendamos a bem direcionar os tesouros do nosso entendimento, de modo a caminharmos com mais segurança e rapidez na direção de uma vivência espiritual melhor.

Usemos de nossa inteligência para ampararmos o semelhante em sua caminhada, e ele nos agradecerá.

Oração Final:

<carlos_roberto> Querido Mestre Jesus, Te agradecemos pela oportunidade de conhecermos seu maravilhoso exemplo de trabalho no bem. Nos sentimos felizes por Você ter inspirado a tantos a seguir-Te o caminho, semeando o bem para a humanidade. Obrigado pela Doutrina Espírita, que está aí a nos mostrar que o que nos aguarda é a evolução, caminho para a perfeição. Nos sentimos gratos, por tantas oportunidades de consolar quem sofre, de esclarecer que ignora, de iluminar os caminhos de quem não sabe direito em que direção vai. Dentro deste espírito de gratidão, agradecendo sempre, Te pedimos permissão para encerrar o nosso trabalho desta noite.

Que Assim Seja!

Falar ou não falar

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)


Falar ou não falar


Eis uma questão muito delicada. Como agir diante de circunstâncias, fatos, posturas que denotem conduta inadequada? Quando devemos e como fazermos para chamar a atenção de alguém por comportamentos que comprometem a segurança e paz de outras criaturas, por exemplo? Ou de alguém que se rebela diante dos critérios de funcionamento de uma reunião ou instituição?

Há que se considerar que cada caso é um caso por si só. Há agravantes, atenuantes, características próprias e peculiaridades a cada situação que nunca permitem estabelecer-se uma receita pronta que resolva todas as ocorrências. Por isso recorramos à Doutrina Espírita.

O capítulo X de O Evangelho segundo o Espiritismo traz importante contribuição ao estudo do tema. Kardec o intitulou Bem-Aventurados Aqueles que são Misericordiosos, inserindo instruções dos Espíritos  sobre o perdão, a indulgência, reconciliação com os adversários e suas próprias análises, inclusive também sobre o ensino de Jesus do Não Julgueis.

Para análise e reflexão geral, porém, transcrevemos abaixo as instruções do Espírito São Luiz pertinentes à delicada questão e constantes do final do referido capítulo (os grifos são nossos):

“(...) É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

19. Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e, não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido. — S. Luís. (Paris, 1860.)

20. Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando daí nenhum proveito possa resultar para eles, uma vez que não sejam divulgadas? Tudo depende da intenção. Decerto, a ninguém é defeso ver o mal, quando ele existe. Fora mesmo inconveniente ver em toda a parte só o bem. Semelhante ilusão prejudicaria o progresso. O erro está no fazer-se que a observação redunde em detrimento do próximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião geral. Igualmente repreensível seria fazê-lo alguém apenas para dar expansão a um sentimento de malevolência e à satisfação de apanhar os outros em falta. Dá-se inteiramente o contrário quando, estendendo sobre o mal um véu, para que o público não o veja, aquele que note os defeitos do próximo o faça em seu proveito pessoal, isto é, para se exercitar em evitar o que reprova nos outros. Essa observação, em suma, não é proveitosa ao moralista? Como pintaria ele os defeitos humanos, se não estudasse os modelos? — S. Luís. (Paris, 1860.)

21. Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem? É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. — São Luís. (Paris, 1860.).”

Eis o grande desafio: perceber realmente essa observação final da instrução superior. Daí a própria instrução acima transcrita destacar: É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida.  A caridade bem compreendida engloba, conforme a entendia Jesus o perdão das ofensas, a benevolência para com todos e a indulgência para com as faltas alheias, conforme ensino da questão 886 de O Livro dos Espíritos, onde Kardec acrescenta como comentário pessoal: “(...) amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance e que gostaríamos nos fosse feito a nós mesmos. (...)”.

Por outro lado, o tema também é abordado na questão 903 de O Livro dos Espíritos:

“903. Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios? Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele. Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não vos possam aplicar estas palavras de Jesus: Vê o argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio”.

Portanto, haverá casos e casos, mas sempre a caridade deverá pautar nossas ações, ainda que para advertir, afastar ou orientar alguém. Muitas vezes nos depararemos com pessoas e situações que trarão prejuízos a muitos e o dever da caridade impõe nossa ação de Falar ao invés de Não falar. Porém, sem interferir no livre-arbítrio das criaturas. E, ao mesmo tempo, usando da indulgência, como ensinam os Bons Espíritos. Eis o desafio a nos ensinar...


É permitido repreender, notar as imperfeições e divulgar o mal de outrem?

É permitido repreender, notar as
imperfeições e divulgar o mal de
outrem?
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A - Conclusão do Estudo:
Antes de repreender alguém, verifiquemos se não praticamos o ato cencurado: a autoridade de censura está no exemplo do bem que dá aquele que censura. Enquanto a censura bem intencionada esclarece e orienta, o bom exemplo convence.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - Mesmo imbuídos de boa intenção e moderação, que outro fator devemos levar em conta ao censurar o procedimento do próximo?

Devemos primeiramente, verificar se não adotamos o mesmo procedimento que reprovamos no próximo. Senão, onde encontramos a força moral necessária para repreendê-lo?

Devemos tomar para nós os conselhos que dermos aos outros. Em termos de bons procedimentos, ninguém pode exigir de outrem, aquilo que não pratica.

2 - Que proveito devemos tirar para nós das imperfeições alheias?

Elas nos alertam para o dever de nos auto-avaliar, a fim de verificar o que temos a corrigir, antes de censurar os outros, sobretudo porque cada um tem o direito de agir como melhor lhe apraz.

"Precisamos nutrir o cérebro de pensamentos limpos, mas não está em nosso poder exigir que os semelhantes pensem como nós." (Emmanuel e André Luiz / livro: Estude e Viva. nº 22).

3 - Que outra maneira (indireta) existe de repreender o erro do próximo, sem alardear?

Podemos demonstrar, também, a nossa reprovação ante as imperfeições do próximo, e alertá-lo para isso, através do bom exemplo que possamos dar com o nosso proceder.

Enquanto a censura - bem intencionada - consegue esclarecer e orientar, o bom exemplo convence.


Indulgência


Francisco Muniz


Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga dos luminares da Terceira Revelação sobre qual noção tinha Jesus quanto à caridade. Em resposta, os Espíritos Superiores declinaram estes três preceitos: benevolência para com todos, indulgência para com as faltas alheias e perdão das ofensas. Como se vê, a indulgência é dos importantes tipos de caridade, constituindo em não reparar nos defeitos ou nos erros dos outros. Sendo ninguém perfeito e não havendo perfeição sobre a Terra, que direito terá alguém de cobrar um comportamento irreprochável de seu semelhante?
Se não temos o direito de exigir, também não devemos censurar a quem quer que seja. O que devemos entender, na verdade, é que cada um é livre para agir como sabe e pode, e que muitos de nós ainda não compreendemos o suficiente para nos portarmos de modo mais condizente com os conceitos de ética e moralidade. Por essa razão, o Cristo nos ensina a não julgar, a fim de que também não sejamos julgados, o que se dá com a mesma medida utilizada nos julgamentos feitos.
A indulgência, assim, é, de acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo (do mesmo Allan Kardec), uma daquelas recomendações do Cristo no sentido de usarmos de misericórdia para com os demais. Sua falta, ou melhor, sua inobservância, acarretará pesado ônus, posto que, conforme o aviso de Jesus, a cada um será dado de acordo com suas obras. Quer dizer: se ser misericordioso é o passaporte para se alcançar misericórdia, deixar de fazê-lo é escolher o caminho do desprezo, do qual a consciência se ressentirá tão fortemente quanto tenha sido sua indiferença para com a própria tarefa de autoaperfeiçoamento...

Indulgência e nós - Maria Dolores

Quando ofensas te visitem
Não revides, alma boa,
Ama, trabalha, perdoa,
Não penses mal de ninguém;
A pessoa humilha e fere
Quando não sabe o que custa
Fugir à lei nobre e justa
Com que Deus preserva o bem.

Aversão, cólera, insulto,
Inveja, impulso violento
Discórdia, ressentimento
Desespero e orgulho vão.
No fundo, somente expressam
Enfermidades da mente
Que esperam de toda gente
O amparo da compaixão.

Quando a injúria te ameace,
Age e constrói, serve e lida,
A gente guarda na vida
Somente aquilo que fez.
Todos estamos na escola,
Hoje, há quem erre e se gabe,
Amanhã, talvez... Quem sabe?
Chegue também nossa vez.

Na luz da indulgência - Emmanuel

 "E se ao que quiser pleitear contigo tirar-te o vestido, larga-lhe também a capa." JESUS, MATEUS,5: 40.


“Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor usará da Indulgência convosco, como de indulgência houverdes usado para com os outros.” - Cap.10, 17.

Anseias pela vitória do bem, contudo, acende a luz da indulgência para faze-lo com segurança.

Todos nós, espíritos imperfeitos, ainda arraigados ‘`a evolução da Terra, reclamamos concurso e compaixãouns dos outros, mas nem sempre sabemos por nos mesmos, quando surgimos necessitados de semelhantes recursos.

Em muitas circunstâncias, estamos cegos da reflexão, surdos do entendimento, paralíticos da: sensibilidade e anestesiados na memória sem perceber.

0 irmão da luta de ontem mostra-se hoje em plena abastança material, delirando na ambição desenfreada.

Certo, aspiras a vê-lo recambiado ao próprio equilíbrio, a fim de que o dinheiro lhe sirva de instrumento à, felicidade, no entanto, para isso, não comeces por censurar-lhe o procedimento- Usa a indulgência e renova-lhe o modo, de pensar e de ser.

0 amigo escalou a evidência pública, fazendo-se verdugo em nome da autoridade.

Queres garantir-lhe o reajuste para que o poder se lhe erija, em caminho de paz, entretanto, não te dês a isso, exibindo atitude condenatória.

Usa a clareando-lhe o raciocínio.

A jovem do teu convívio embriagou-se na ilusão, caindo em sucessivos abusos, a pretexto de mocidade.

Justo suspires por reintegrá-la no harmonioso desenvolvimento das próprias faculdades situando-a no rumo das experiências ,de natureza superior, todavia, por ajudá-la, não lhe reproves os sonhos.

Usa a indulgência e ampara-lhe. a meninice.

0 companheiro em provas amargas escorregou no desânimo e tombou em desespero.

Claro que anelas para ele o retorno A tranqüilidade, no entanto, não te entregues às criticas que lhe agravariam a irritação.

Usa a indulgência e oferece-lhe apoio.

0 Próprio Criador espera as criaturas, no transcurso do tempo tolerando-lhes as faltas, e encorajando-lhes as esperanças, embora lhes corrija todos os erros, através de leis eficientes e claras Indiscutivelmente, ninguém constrói nada de bom, sem responsabilidade e disciplina, advertência e firmeza, mas é imperioso considerar que toda boa obra roga auxílio a fim de aperfeiçoar-se.

Pensa no bem e faze o bem, contudo, é preciso recordar que o bem exigido pela força da violência gera males inúmeros em torno e desaparece da área luminosa do bem para converter-se no mal maior.

Indulgência - André Luiz

A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera das nossas experiências.
Circunstâncias diversas e principalmente as de indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se destaca a palavra impensada como forja de incompreensão, a instalar entrechoques.
Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios.
Sejamos indulgentes.
Se erramos, roguemos perdão.
Se outros erraram, perdoemos.
O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal para nós, amanhã.
A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo.
É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real.
Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra incoerência. Quem perdoa desconhece o remorso.
Ódio é fogo invisível na consciência.
O erro, por isso, não pede aversão, mas, entendimento.
O erro, nosso, requer a bondade alheia; erro de outrem, reclama a clemência nossa.
A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime.
E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e razões. Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à tarefa é a conseqüência inevitável de toda fuga ao dever.
Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo de perdoar.
Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da Verdade.
Você, amostra da Grande Prole de Deus, carece do amparo de todos e todos solicitam-lhe amparo.
Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que o espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos dignos e indignos à sua volta, o pintor, consciente, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida.

Indulgência permanente - Joanna

Escasseia, cada vez mais, no comportamento humano, a indulgência.

Relevante para o êxito da criatura em si mesma e em relação ao próximo, o pragmatismo negativo dos interesses imediatos vem, a pouco e pouco, desacreditando-a, deixando-a à margem.

Sem a indulgência no lar, diante das atitudes infelizes dos familiares ou em referência aos seus equívocos, instala-se a malquerença; na oficina de atividades comerciais, produz a desconfiança; no trato social propicia o desconforto moral e responde pelo competição destrutiva.. .

Tentando substituí-la, as criaturas imprevidentes colocam nos lábios a mordacidade no trato com o semelhante, a falsa superioridade, a ofensa freqüente, a hipocrisia em arremedos de tolerância.

A indulgência para com as faltas alheias é perfeita compreensão da própria fragilidade, a refletir-se no erro de outrem, entendendo que todos necessitam de oportunidade para recuperar-se, e facultando-a sem assumir rígido comportamento de censor ou injustificável postura de benfeitor.

A indulgência é um sentimento de humanidade que vige em todas as pessoas, aguardando desdobramento e vitalidade que somente o esforço de cada qual logra realizar.

É calma e natural, fraterna e gentil, brotando como linfa cristalina alcance do sedento.

Generosa, não guarda qualquer ressentimento, olvidando as ofensas a benefício do próprio agressor.

A indulgência é um ato de amor que se expande e de caridade que se realiza.

Mede-se a conquista moral de um homem pelo grau de indulgência que possui em relação aos limites e erros alheios.

Ninguém que jornadeie, no mundo, sem errar e que, por sua vez, não necessite da indulgência daqueles a quem magoa ou contra os quais se levanta.

A indulgência pacifica o infrator, auxiliando-o a crescer em espírito e abre áreas de simpatia naquele que a proporciona.
Virtude do sentimento, a indulgência revela sabedoria da razão Agredido pela ignorância do poviléu, ou pela astúcia farisaica, ou pela covardia dos amigos, ou pela pusilanimidade de Pilatos, Jesus foi indulgente para com todos, não obstante jamais houvesse recebido ou necessitasse da indulgência de quem quer que fosse.

Lecionando o amor, toda a Sua vida é um hino à indulgência e uma oportunidade de redenção ao equivocado.

Sê, pois, tu também, indulgente em relação ao teu próximo, quão necessitado te encontras da indulgência dos outros assim como da Vida.

O SÁBIO E O ESCORPIÃO (A INDULGÊNCIA)

O SÁBIO E O ESCORPIÃO (A INDULGÊNCIA)

“Certa vez, na Índia, um sábio passava, com seu discípulo, à margem do Rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava. Ele então correu e, com a mão, retirou o bichinho e o trouxe à terra firme.
Naquele instante, o escorpião o picou... Dizem que é uma dor terrível... Inchou a mão do sábio.
Assim que ele o colocou no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água. E ele, com a mão já inchada, debaixo daquelas dores violentas, vai e o retira novamente.

E o discípulo a observar...
Numa terceira vez em que ele traz o escorpião, já com a mão bastante inchada e as dores violentas, ele o põe mais distante, em terra. Aí, o discípulo já não suporta mais aquilo e diz:
- Mestre, eu não estou entendendo... Este bicho... É a terceira vez que o senhor vai retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira. O senhor deve estar sofrendo dores terríveis!...
E ele, com a fisionomia plácida das almas que conhecem o segredo do bem, daqueles que já realmente conquistaram um território de amor e renúncia no coração, que têm a visão das verdades celestes, vira-se para o discípulo e diz:



Livro:  Um Minuto Com Chico Xavier
            José Antônio Vieira de Paula

INDULGÊNCIA

INDULGÊNCIA



De acordo com alguns dicionários a palavra indulgência significa:
Facilidade em perdoar os erros dos outros, clemência, tolerância,
indulto, perdão, bondade, misericórdia.

O Espiritismo adota a divisa “Fora da caridade não há salvação”.
Há nessa máxima, dois conceitos principais:
Salvação: Emmanuel (o consolador, nº 225): Temos de traduzir
o conceito de salvação por iluminação de si mesmo, a caminho
das mais elevadas aquisições e realizações no infinito.

O aprimoramento é tarefa individual de cada Espírito, tendo como
objetivo final a condição de Espírito perfeito. A evolução
é pessoal e intransferível – a cada um segundo suas obras.
Caridade: é composta por três virtudes: benevolência, indulgência
e perdão.

Objetivando obter o melhor conceito de caridade, na questão nº 886
de O livro dos Espíritos, Kardec indaga à espiritualidade superior
qual o verdadeiro sentido dessa palavra, segundo a entendia Jesus.
Obtém a seguinte resposta: “Benevolência para com todos, indulgência
para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

Assim, quando Jesus aconselha que não se julgue, o conselho não
parece ser em sentido absoluto, mas apenas a que não se
julgue com severidade.

A indulgência implica fazer um juízo suave das imperfeições
morais alheias.

É uma questão de valorizar o bem, em vez do mal.

Quando se fala em julgamento, logo vem à mente a famosa
frase de Jesus: “Não julgueis, para que não sejais julgados.”
(Mateus: 7:1).

Trata-se de uma medida prudente, tendo em mira a afirmação
de Jesus de que cada um será medido com a medida que
aplicar aos outros (Mateus: 7:2).

A respeito, o seguinte trecho de O Evangelho segundo o
Espiritismo: “Sede indulgentes com as faltas alheias,
quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade
senão as vossas próprias ações e o Senhor usará
de indulgência para convosco, como de indulgência
houverdes usado para com os outros”
(Capítulo X, item 17, primeira parte).

Nesse mesmo capítulo do Evangelho segundo o Espiritismo,
no item 16, há uma interessante dissertação de José,
Espírito Protetor, a respeito da indulgência. Ele afirma que
a indulgência não vê os defeitos de outrem, mas, se os vê,
evita falar deles. Ao contrário, oculta-os.

Ninguém gosta de ficar perto de uma pessoa severa, que só
percebe e valoriza os defeitos alheios. É desagradável sentir-se
criticado, não apreciado, sem falar que ter as próprias dificuldades
ressaltadas desanima, a ponto de muitas vezes surgir o raciocínio
de que nada mais há para fazer: é-se um caso perdido!

A indulgência, como componente da caridade, não é só a meta
(a libertação final, fruto da vivência perfeita), mas também o
caminho, ao viabilizar a fraternidade entre seres ainda imperfeitos,
mas que sonham com a perfeição e precisam se auxiliar em sua
caminhada.

Por que ser indulgente?


por Fabiola

in.dul.gên.cia

sf (lat indulgentia) 1 Qualidade de indulgente. 2 Clemência. 3Condescendência, tolerância. 4 Teol Remissão total ou parcial das penas relativas aos pecados. 5 Perdão. I. plenária:absolvição plena das penas temporais. (Michaelis – Moderno Dicionário da Língua Portuguesa)

Não devemos combater fogo com fogo. Jesus nos aconselhou a perdoar sempre. Este fato não se dá sem propósito plausível. Existe uma justificativa muito maior por trás deste ensinamento de desprendimento e de condescendência para as atitudes alheias.

Em primeiro lugar, não devemos fazer aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fosse feito. Se não gostamos de ser agredidos ou prejudicados, aqueles que cometem esses atos para conosco também não gostarão de receber uma retribuição no mesmo nível. Portanto, sendo agredido e agredindo, nos tornamos parte de um mecanismo vicioso de dor e sofrimento. O ódio instalado no coração é o amargo veneno que nos sufoca as aspirações mais nobres e nos nivela àqueles que nos agrediram. Haverá sempre, neste ciclo vicioso, alguém querendo se vingar da agressão recebida, sem pensar se fora justa ou não. O ódio faz cegar a razão e o instinto surge como que a proteger-nos das atitudes externas. Faz-se então uma união entre instinto e pensamento direcionado, aliando-se a agressividade aos planos de revide, geradores estes de sofrimentos dos mais atrozes não somente aos agressores e “vítimas”, como também à todos indivíduos indiretamente envolvidos.

A indulgência é uma característica das almas enobrecidas, daqueles indivíduos que já adquiriram conhecimentos intelecto-morais suficientes para discernir e concluir que qualquer ação de revide às ofensas ou às críticas se tornará o fermento que fará crescer o mal que fora gerado. Ela possui o mesmo efeito da água atirada ao fogo. Tem o dom de suavizar e de anular as atitudes e ações maléficas, não dando campo para que elas se propaguem.

Ser indulgente é demonstrar conhecimento das leis morais e de sua aplicabilidade. Ser indulgente é ser portador da compreensão das limitações do próximo e não estimular o seu lado negativo. Muito pelo contrário, a indulgência se torna o exemplo da reta e digna conduta que devemos ter nas mais variadas circunstâncias em que estivermos envolvidos.

Indulgência e perdão é a mesma coisa?

Só perdoa aquele que um dia se achou prejudicado ou se ofendeu com as atitudes alheias. Quando somos indulgentes, não chegamos a guardar nenhum rancor ou mágoa, consequentemente, não teremos nada a perdoar, pois nosso coração não registrou nenhuma “queixa” contra nosso semelhante.

Quais os benefícios de ser indulgente?

Primeiramente, ser indulgente é demonstrar superioridade moral e exercitar a caridade. Aquele que é indulgente compreende as limitações do semelhante e não se revolta, muito pelo contrário. Com suas atitudes, serve de exemplo de comportamento a todos que o testemunham.

O maior benefício que a indulgência fornece é a paz de espírito e a manutenção da harmonia.

Se eu tenho “estopim curto”, como posso praticar a indulgência?

Primeiramente fazendo a caridade para si mesmo. Somos ainda seres “doentes” e necessitamos de tratamento constante. As agressões externas servem para estimular nosso sistema de defesa, que vai se aperfeiçoando gradativamente, criando “anti-corpos” que nos imunizarão de futuras enfermidades psíquicas. Melhor explicando, nos atritos que sofremos no dia-a-dia, aprendemos como nos comportar e a reagir condignamente a cada ação externa. Se reagirmos mal, iremos agravar o quadro, mas se reagirmos corretamente, aprenderemos na prática o comportamento correto a ser adotado em determinada circunstância, que será colocado em prática toda vez que tal situação se repetir. Aqueles que ainda têm o “estopim curto” sofrerão com o retorno de suas ações prematuras até o ponto que certificarão a necessidade de retificar seu procedimento e melhorar-se intimamente. Quando isso ocorrer será sinal que a lição fora assimilada.

Tecer comentários sobre a vida alheia é falta de indulgência?

Completamente. Ainda somos muito orgulhosos para analisarmos primeiramente nossas ações e pensamentos antes de nos mirarmos nas atitudes alheias. Se voltássemos o olhar para dentro de nós, veríamos que existe material “deteriorado” suficiente para nos ocuparmos por longo tempo e não o teríamos para olhar os procedimentos de nossos semelhantes.

O que a falta de indulgência pode ocasionar?

Inimizades, dores e sofrimentos. Ao criticarmos o semelhante ou revidarmos, movemos as energias mais pesadas que existam dentro de nós e a despejamos. Toda ação contrária a bondade e ao amor gera sofrimento. Ser indulgente é ser sábio e benevolente. A sua falta ocasiona conflitos que poderiam ser facilmente evitados e gera desajustes que somente o “remédio homeopático” do tempo e da dor poderá curar.

Sendo indulgentes teremos a paz de consciência tão sonhada?

Em partes sim. Mas não basta apenas esse exercício. É necessário também o exercício do amor através da caridade, da benevolência, da fraternidade e do trabalho. Devemos ser perfeitos em nossas atitudes e produtivos em nossas ações para que a nossa consciência esteja afinada com os desígnios maiores com que fomos criados.

(Colaboração: Valdenir).

Treinamento de Indulgência


A indulgência é parte da caridade e jamais se preocupa com os maus atos alheios, a menos que seja para prestar um serviço, de forma que devemos passar a julgar os nossos próprios corações, os nossos próprios pensamentos e os nossos próprios atos, sem nos ocuparmos do que fazem os nossos irmãos, visto que mesmo aquele que julga em última instância desculpa frequentemente as faltas que condenamos, ou condena as que desculpamos.
A indulgência pode ser definida como bondade que desculpa o que é censurável ou importuno, no espiritismo buscamos mesmo ignorar o que é censurável e inoportuno. Na psicologia ser indulgente é preservar a nós mesmos de apontar nos outros os defeitos que nós também carregamos.
A indulgência junto a benevolência e o perdão das ofensas compõem a caridade e a caridade nos manda ser indulgentes, porque temos necessidade de indulgência. Ser indulgente é começar o processo de libertação da consciência de ciclos de dor que estamos nos impondo desnecessariamente.

Conhecimento e autoconhecimento
Para conseguirmos prosseguir nossa caminhada e aprendermos a ser indulgentes, recebemos auxílio dos irmãos que nos precederem nos ensinando o caminho e nos fazendo evoluir intelectualmente. A evolução intelectual pode auxiliar a evolução moral do homem à medida que nos faz compreender o bem e o mal, nos permitindo escolher.
Além do crescimento intelectual é necessário que desenvolvamos o conhecimento de nós mesmo. Santo Agostinho revelou que utilizava como técnica de autoconhecimento, interrogar a própria consciência, passando em revista o que fizera e se perguntando se não faltara a algum dever, se ninguém tinha o que se queixar dele. Como ele mesmo disse, ele se dirigia perguntas interrogando a sua consciência sobre o que tinha feito.
Além de buscar compreender o que fez Santo Agostinho se perguntava também qual era o objetivo da sua ação, sem se justificar, pois muitas vezes nós nos justificamos escondendo de nós mesmos as nossas verdadeiras intenções.
Diante da necessidade imperiosa de nos conhecermos para evoluirmos contamos também com a ferramenta psicológica. A psicologia uma defesa do nosso ego é a chamada projeção freudiana, um ato de apontar fora de nós os problemas que carregamos. Apontar em outro, projetar em outro nossos defeitos. Para Sigmund Freud essa projeção era tão forte e verdadeira que ele disse que "Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo", se referindo assim a projeção.
Uma outra conclusão que nos auxilia a nos conhecer, agora porém como grupo, é que nós podemos concluir que aqueles a quem desprezamos, condenamos, criticamos, não são tão diferentes de nós e que nós mesmos em algum momento, conforme a vida que tivéssemos tido, a criação que tivéssemos tido, as companhias que tivéssemos durante a vida, poderíamos estar nos comportando exatamente da mesma forma daqueles que excluímos.

Podemos ser indulgentes
Um estudo científico de 1960 demonstrou que as nossas decisões são tomadas inicialmente pelo inconsciente para depois vir para ao consciente, sendo assim, é natural recebermos o comando do inconsciente relacionado aos nossos hábitos condicionados ao longo das reencarnações passadas.
O conhecimento deste fato é importante para lembrarmos que devemos permanecer firmes sobre o que nós decidimos fazer da nossa vida. Se por exemplo decidimos fazer um regime e uma grande vontade de comer doces nos chega, devemos analisar essa sugestão vinda de nosso subconsciente e ao invés de justifica-la e comer doces devemos entende-la e manter a firmeza de nossa decisão, não comendo os doces.
Defina desde já como agirá quando o desejo de errar lhe vier a mente e aja conforme sabe que é certo.
Lembremo-nos que antes de renascermos muitos de nós estávamos em zonas de lamentações e sofrimentos, lutando contra adversários e contra a nossa própria consciência de culta, a nos cobrar nosso erros. A indulgência divina nos deu mais uma vez a chance de recomeçar e fazer diferente. Não desperdicemos essa chance, sermos indulgentes é importante etapa do caminho de PAZ.
Somos filhos abençoados de Deus, mas enquanto não formos indulgentes com os outros não atingiremos o caminho da PAZ.

A INDULGÊNCIA

A INDULGÊNCIA

Com certeza você já deve ter ouvido muito falarem em indulgência, no meio cristão é uma palavra que é
frequentemente utilizada, como a dizer um dos predicados que devemos ter.
Pois bem e você sabe o que significa a indulgência, ou o ser indulgente?
Vejamos o que nos ensina o dicionário sobre esta palavra: Indulgência - in.dul.gên.cia - sf (lat indulgentia) 1 Qualidade de indulgente. 2 Clemência. 3 Condescendência, tolerância. 4 Remissão total ou parcial das penas relativas aos pecados. 5 Perdão. I. plenária: absolvição plena das penas temporais.
Creio que a melhor definição para esta palavra seria tolerância.
Ser indulgente é ser tolerante com os defeitos de nossos irmãos, é não ver esses defeitos, ou se vê-los não torná-los públicos, até por que temos também os nossos defeitos e não gostamos que sejam tornados  públicos, não é mesmo?
A indulgência nos é descrita pelos espíritos como um sentimento doce e fraternal que todos os homens devem alimentar para com os seus irmãos, mas são muito poucos os que fazem isso.
A pessoa que é indulgente procura ocultar os defeitos do seu próximo, procura antes,  destacar as qualidades deste, principalmente quando pessoas maldosas tentam acusar essas pessoas.
Os indulgentes jamais perdem seu tempo com as más atitudes dos outros, emitindo criticas, desabonando, antes seu desejo é somente interceder por aquela alma através da prece e de todo o bem que lhe possa fazer.
O indulgente ao invés de julgar os outros julga ao seu próprio coração, suas atitudes, ao invés de usar de severidade com o seu semelhante, usa-a com os próprios pensamentos, atos, contra si mesmo, pois sabe muito bem que também é impefeito.
Nos tornando indulgente teremos com certeza subido um degrau a mais em nossa escalada evolutiva, e teremos com certeza um débito a menos para administrarmos perante a Divindade.
Devemos sempre ter em nossa mente que aquele que julga em última instância, que conhece o íntimo de cada um dos nossos corações pode perdoar as faltas que nós apontamos nos outros, e condenar aquelas que desculpamos em nós.
Portanto busamos em nós a indulgência como a quem busca a pedra preciosa, o ouro no garimpo, pois com a indulgência seremos ricos, pois com ela ajuntaremos tesouros no céu, enquanto a indulgência atrai, acalma e ergue, a intolerância e o rigor desanima, afasta e irrita.
Meditemos sobre isso.


PJC

*

Adaptação de texto do Evangelho Segundo o Espiritismo
Capitulo X - item 15

A INDULGÊNCIA E A CARIDADE

 Bianca Pinheiro

O Apóstolo Paulo, muito antes do advento da Doutrina Espírita, já nos advertia para a importância da caridade, como podemos constatar na belíssima passagem existente na primeira epístola aos Coríntios, capítulo 13, quando diz: “Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.” Na questão 886 de “O Livro dos Espíritos”, se pergunta aos companheiros do plano extra-físico: “Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?” E a resposta dos Espíritos é direta e objetiva: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Indulgência é então um dos três pilares que sustentam a caridade e que deve ser objeto da nossa reflexão. No capítulo dez de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, os companheiros do Plano Maior esclarecem que a indulgência é a postura daquele que, dentre outras coisas, não vê os defeitos dos outros e, quando os vê, procura não evidenciá-los, não divulgá-los; não tem nos lábios censuras, mas sim conselhos edificantes e, preferencialmente, velados; vê primeiro os seus defeitos, ao invés de se preocupar com as imperfeições de seus companheiros; não propaga a maledicência, ao contrário, procura obstá-la com contra-argumentações firmes e cuidadosas. E acrescentam que aquele que pratica a indulgência é calmo, brando, pacífico, tolerante, compreensivo, paciente, pois vê no irmão, um Espírito em caminhada, um igual, um necessitado, assim como ele. Entende as faltas dos companheiros, como parte de um processo de aprendizado, no qual também se encontra inserido. É daí que retira a força para praticar a caridade através da indulgência, perdoando e auxiliando sempre que necessário, pois se reconhece também na posição daquele que, muitas vezes, precisa da compreensão e do perdão alheios. Todos temos arestas a aparar, vícios a transformar em virtudes e, por isso, a importância de praticarmos a indulgência, um dos pilares da caridade, fora da qual não conseguiremos desenvolver nossas potencialidades de filhos de Deus. Make Money Online : http://ow.ly/KNICZ

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A indulgência é Luz

A indulgência é Luz

A indulgência não é apenas a capacidade de conviver com as limitações alheias. É antes de tudo, um exercício de autoconsciência; é a busca da compreensão de si mesmo através do outro.

Pela dificuldade de aceitar-se, a pessoa tende a julgar e condenar tudo e todos que de alguma forma não vive como acredita ser o ideal.

O excessivo rigor em ressaltar as mazelas dos que vai encontrando pelo caminho, atesta que o denunciante traz na sua natureza espiritual desejos e anseios semelhantes àqueles que condena, apresentando postura puritana e hábil no próprio comportamento, com uma alma cheia de angustias, conflitos e incertezas, que necessita de urgente direcionamento.

O homem pleno é compreensivo e ponderado, pois que, não se vendo refletido nas imperfeições dos outros – embora ainda as possua – guarda a certeza de estar trabalhando para o seu crescimento, aceitando-se como é, aspirando ser melhor.

Quando se convive com os contrastes nos vários comportamentos humanos, aumentam-se as chances de avaliar, experimentar e identificar o progresso pessoal realizado e onde ainda existe a carência de melhoria.

Mais do que conviver em harmonia com todos, a indulgência é um aferidor de caráter, de valores. A maioria dos homens nobres de todos os tempos, ofereceu numerosas lições para o engrandecimento da humanidade, contudo, foi e é pelo grande coração, pela piedade e compaixão com que acolheram e acolhem o ser humano, que a caridade alcança o seu verdadeiro caráter, o de elevar os filhos de Deus a se reconhecerem como irmãos, que o são.

A INDULGÊNCIA É LUZ ACESA A ILUMINAR O PRÓPRIO CORAÇÃO.

Autor: Adelvair David;
Publicado no jornal “Folha Noroeste” da cidade de Jales-SP, em 20-06-09.


FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo

COMO PRATICAR A INDULGÊNCIA

COMO PRATICAR A INDULGÊNCIA


Para praticar a indulgência é preciso compreender, aceitar e dar a essa virtude o seu devido valor, como nos ensina o Espiritismo.

A indulgência é um sentimento de fraternidade, piedade, tolerância, benevolência e amor.

Como sentimento precisa ser cultivado pelo Espírito encarnado que exercita no mundo em que vivemos suas virtudes potencializadas.

Em assim sendo, para ser indulgente é necessário:

- Não ficar procurando os defeitos dos outros e, se os vê, evitar falar deles, divulgá-los; ao contrário, deve ocultá-los para evitar as malevolências e, se possível, atenuar a falta.

- Não fazer observações chocantes ou censura, e sim substituindo-as por bons conselhos e pacientes considerações com respeito e doçura.

Devemos ser severos para conosco e indulgentes para com os outros.

A prática da indulgência acalma, atrai, reergue, ao passo que o rigor desencoraja, irrita e afasta.

Quando perdoar aos seus irmãos, não os abandonem com seus erros e imperfeições; levai-lhes o amor ao mesmo tempo em que o perdão.

Lembremo-nos de que quando pedimos a Deus o perdão de nossas faltas somos perdoados, embora tenhamos que nos recompor diante delas.

Ofereçamos, portanto, ao irmão faltoso, as oportunidades para o seu reerguimento diante do bem e do aperfeiçoamento espiritual.

Se as imperfeições de uma pessoa não prejudicam senão a ela mesma, não há utilidade em fazer conhecê-las por outros; mas se podem causar prejuízos a outros é preferível alertar as possíveis vítimas.

Texto elaborado por Luiz Gonzaga Seraphim Ferreira – 15/03/2012
Consulta: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (Allan Kardec)

Caridade, a mãe da indulgência

Caridade, a mãe da indulgência

A Caridade é a mãe da indulgência, e a Humildade é o adubo que a faz crescer dentro de nossa prática diária. Se o arrependimento pode levar às lágrimas da mudança, só o trabalho no bem pode nos alterar as disposições íntimas e de fato nos trazer a cura espiritual de que tanto precisamos.

Cada dia, cada situação, cada irmão nosso que atravessa o caminho tem suas próprias dores, suas próprias limitações. Exatamente como nós. A nós cabe apenas e sempre o esforço sincero da ajuda ao semelhante, esquecendo do próprio ego. Isso fortalecerá tanto nosso Espírito em alegria que, ao esquecer de nós mesmos, alcançaremos a vitória no bem encontrando nosso verdadeiro eu e nosso Pai Eterno, em plena felicidade.

Não estejamos preocupados, portanto, com qualquer ação ferina voltada a nós outros. Quando estamos leves, tudo aquilo que vem passa e só serve como oportunidade de crescimento e auxílio, para que deixemos o nosso caminho e o de nossos semelhantes envoltos na luz e na beleza que Cristo Jesus nos ensinou com a prática da Caridade.

Estejam certos, espíritas e cristãos, de que servirão sempre e cada vez mais de modelo para aqueles que os cercam. E quanto mais professarem a verdade, mais serão julgados por vossos semelhantes pelo quanto a praticam.

Não tenham medo disso, porém. Já sabemos que somente a própria consciência é que julga. Se os outros nos julgam, devemos também ser indulgentes e compreender que só seremos perdoados por nós mesmos, e na mesma medida em que nós perdoarmos os outros.

Que a paz de Jesus esteja sempre em nosso coração, na certeza de que nosso caminho e nossa responsabilidade são nossos e de Deus, apenas.

Um abraço fraterno do irmão em Jesus,

Bezerra de Menezes

Mensagem psicodigitada pelo médium Francisco Madureira durante reunião mediúnica em São Paulo em 05/07/2011, após a leitura de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 10, Instruções dos Espíritos, item 2: “A Indulgência”

Você sabe o que é indulgência? Você é indulgente?

Veja melhor no site.

http://www.usepiracicaba.com.br/mensagens/492-voce-sabe-o-que-e-indulgencia-voce-e-indulgente


Você sabe o que é indulgência? Você é indulgente?

Mensagens
=MENSAGEM=
Segundo o dicionário, indulgência é: - Capacidade ou tendência para aceitar com tolerância as atitudes, o modo de ser dos outros. Complacência, tolerância, benevolência e clemência. Ou seja, antônimo de intolerância.
Nossa pergunta é: - Como esta nossa indulgência com nosso próximo? Seja com os nossos parentes ou não. Como esta nossa indulgência com aquele que fecha nosso carro na esquina? Com o patrão que atrasou o pagamento? Com aquela irmã que não ajuda na casa? Com o esposo ou esposa? Com o cunhado que ficou de pagar aquele dinheiro emprestado há um mês e ainda não pagou? Enfim, como esta nossa indulgência com as pessoas em nossa volta ou até mesmo com os distantes?
No Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo X Item 16, no terceiro parágrafo, França no ano de 1863, José nos aconselha assim:
“Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os outros. Pensai naquele que julga em última instância, que vê os secretos pensamentos de cada coração, e que, em conseqüência, desculpa freqüentemente as faltas que condenais, ou condena as que desculpais, porque conhece o móvel de todas as ações. Pensai que vós, que clamais tão alto: “anátema!”(maldição) talvez tenhais cometido faltas mais graves.”
Em 1862, João escreveu assim no item 17 deste mesmo capítulo do Evangelho:
“Sedes indulgentes para as faltas alheias, quaisquer que sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor usará de indulgência para convosco, como usastes para com os outros.”
No livro “Viver e Amar”, Joanna de Ângelis escreveu através de Divaldo P. Franco:
“A indulgência é um ato de amor que se expande e de caridade que se realiza. Mede-se a conquista moral de um homem pelo grau de indulgência que possui em relação aos limites e erros alheios.
Ninguém que jornadeie, no mundo, sem errar e que, por sua vez, não necessite da indulgência daqueles a quem magoa ou contra os quais se levanta.
A indulgência pacifica o infrator, auxiliando-o a crescer em espírito e abre áreas de simpatia naquele que a proporciona.
Virtude do sentimento, a indulgência revela sabedoria da razão.
Agredido pela ignorância do poviléu, ou pela astúcia farisaica, ou pela covardia dos amigos, ou pela pusilanimidade de Pilatos, Jesus foi indulgente para com todos, não obstante jamais houvesse recebido ou necessitasse da indulgência de quem quer que fosse. Lecionando o amor, toda a Sua vida é um hino à indulgência e uma oportunidade de redenção ao equivocado.
Sê, pois, tu também, indulgente em relação ao teu próximo, quão necessitado te encontras da indulgência dos outros assim como da Vida.”
André Luiz, o mesmo que descreveu sua experiência em “NOSSO LAR” (Filme em destaque nos cinemas brasileiros que no 5º dia chegou a um milhão de espectadores), descreveu a indulgência assim:
“A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera das nossas experiências. Circunstâncias diversas e principalmente as de indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se destaca a palavra impensada como forja de incompreensão, a instalar entrechoques. Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios. Sejamos indulgentes. Se errarmos, roguemos perdão. Se outros erraram, perdoemos.
O mal que desejamos para alguém, hoje, suscitará o mal para nós, amanhã. A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo.
É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real. Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra incoerência. Quem perdoa desconhece o remorso. Ódio é fogo invisível na consciência. O erro, nosso, requer a bondade alheia; erro de outrem, reclama a clemência nossa.
A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime.
E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e razões. Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à tarefa é a conseqüência inevitável de toda fuga ao dever.
Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo de perdoar.
Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da Verdade. Você, amostra da Grande Prole de Deus, carece do amparo de todos e todos solicitam-lhe o amparo. Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que se o espelho, inerte e frio, retrata os aspectos dignos e indignos à sua volta, o pintor, consciente e, buscando criar atividade superior, somente exteriorizam na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida.”
Tudo que aqui escrevemos sobre indulgência, foi baseado no maior exemplo de indulgência que já passou por aqui... JESUS! E coloquei o Espiritismo como referencia, porque é a Doutrina que mais explana, explica, e a que mais se aproxima do Evangelho e Ensinamentos do Mestre Jesus...
“Sedes indulgentes meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita.” (E.S.E.)
Família Boa Semana lhe deseja... BOA SEMANA!
Abraços de carinho...
Leonísio Antônio da Silva
msn: leonisio@boasemana.com.br
= PERGUNTA SOBRE ESPIRITUALIZAR-SE =
Escritor Fernando Worm pergunta ao Chico Xavier: - O que lhe ocorre dizer às pessoas que, embora se esforcem, não conseguem se espiritualizar porque se sentem cativas de remanescentes paixões ou fortes algemas emocionais?
Chico Xavier - Ainda quando nos sintamos encarcerados em idéias negativas que, às vezes, nos colocam em sintonia com inteligências encarnadas ou desencarnadas ainda presas a certos complexos de culpa, conseguiremos a própria liberação desses estados, claramente infelizes, se nos dispusermos com sinceridade a varar a concha do nosso próprio egoísmo, esquecendo, quanto ao aspecto desarmônico de nossa vida mental, para servir aos outros, especialmente àqueles que atravessam provações e problemas muito maiores do que os nossos.
abril de 1977
Livro: Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 22 Anos da Folha Espírita
Marlene Rossi Severino Nobre
FE Editora Jornalística
PARA MUDAR O MUNDO É PRECISO MUDAR A SI MESMO

A indulgência e a salvação

A indulgência e a salvação

Por Dineu de Paula

Espiritismo adota a divisa “Fora da caridade não há salvação”.  Há nessa máxima dois conceitos principais, cujo conteúdo é preciso desvendar: caridade e salvação.

Quanto ao conceito de salvação da alma, o Espírito Emmanuel, mediante a psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro O Consolador, questão nº 225, assim a enuncia: “Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos bastidores religiosos e filosóficos do mundo, temos de traduzir o conceito de salvação por iluminação de si mesmo, a caminho das mais elevadas aquisições e realizações no infinito.”

A conceituação não poderia ser mais feliz. Do conjunto da obra de Kardec, surge clara a ideia de que o aprimoramento é tarefa individual de cada Espírito, tendo como meta final a condição de Espírito puro. Os Espíritos mais elevados incentivam e auxiliam o progresso dos que seguem na retaguarda, mas cada qual ilumina e, pois, salva a si mesmo. A evolução é pessoal e intransferível – a cada um segundo suas obras.

Quando conquista o estado de pureza, o Espírito deixa de experimentar a influência da matéria e não tem mais de sofrer provas ou expiações. Realiza a vida eterna no seio de Deus, como seu mensageiro e ministro, no gozo de inalterável felicidade. Trata-se de um estado glorioso, inconcebível para quem dele ainda se acha distante.

A salvação, segundo essa concepção, constitui a meta para a qual todos os Espíritos foram criados, o seu maravilhoso destino final. Como condição de sua conquista, o Espiritismo estabelece a caridade. Tendo em mira que se trata de algo com o condão de afastar o sofrimento e produzir felicidade e plenitude, todos têm o maior interesse em entendê-la e praticá-la.

Objetivando obter o melhor conceito de caridade, na questão nº 886 de O livro dos Espíritos, Kardec indaga à espiritualidade superior qual o verdadeiro sentido dessa palavra, segundo a entendia Jesus. Obtém a seguinte resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

Como se vê, a caridade é composta por três virtudes: benevolência, indulgência e perdão. Considerando que o objeto deste trabalho cinge-se à indulgência, nele não serão abordadas as outras duas virtudes.

Consoante se infere da Codificação, a indulgência implica fazer um juízo suave das fissuras morais alheias, do que os outros fazem ou são e que parece errôneo. É uma questão de valorizar o bem, em vez do mal, e de temperar com uma certa doçura o próprio refletir sobre o semelhante.

Ela se liga diretamente ao raciocínio, ao modo como se processam no íntimo do homem as impressões que ele tem do outro, como ele julga as imperfeições alheias.

Quando se fala em julgamento, logo vem à mente a famosa frase de Jesus: “Não julgueis, para que não sejais julgados.” (Mateus: 7:1). Com base nessa assertiva, parece que todo e qualquer julgamento é um erro. Ocorre ser impossível viver tingue a raça humana no conjunto da criação e não parece desejável que se abdique dela, especialmente quando se tem em mente o caráter racional do Consolador prometido pelo Cristo, o Espiritismo. Assim, quando Jesus exorta a que não se julgue, a exortação não parece ser em sentido absoluto, mas apenas a que não se julgue de certa maneira (com severidade).

Essa interpretação nada tem de arbitrária e se revela coerente e possível em variadas outras passagens evangélicas. Por exemplo, no Sermão da Montanha, Jesus afirma a bem-aventurança dos que sofrem e choram. Ora, em um mundo de provas e expiações, como é a Terra, absolutamente todos sofrem e choram, em maior ou menor grau. Não se há de imaginar que sejam bem-aventurados os que sofrem entre murmúrios de revolta e blasfemando contra Deus. Bem-aventurado é quem sofre bem, com dignidade, sem revolta, e não todo e qualquer sofredor.

Então, não é interdito refletir sobre os equívocos alheios, em sentido absoluto. Aliás, na questão nº 629 de O livro dos Espíritos consta que “a moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. (…)”. Para distinguir o bem e o mal é preciso refletir sobre eles, mesmo quando presentes no proceder dos semelhantes. Essa análise pode impulsionar a evolução da criatura, ao discernir o que não lhe convém, inclusive pelas consequências verificadas na vida alheia. Na questão nº 635 de O livro dos Espíritos, está expresso que Deus deu a inteligência para o homem distinguir por si mesmo o bem do mal.

Nessa linha, no Capítulo X de O Evangelho segundo o Espiritismo, item nº 20, afirma-se: “(…), a ninguém é defeso ver o mal, quando ele existe. Fora mesmo inconveniente ver em toda a parte só o bem. Semelhante ilusão prejudicaria o progresso.”

Contudo, se não é defeso refletir a respeito das fissuras morais alheias, em um contexto cristão isso apenas pode dar-se sob o influxo da indulgência. Ela implica fazer um juízo suave, lançar um olhar generoso ao próximo. Em mundo ainda inferior, todos têm luz e sombra em seu íntimo, todos possuem virtudes e vícios. A indulgência pressupõe valorizar o bem em vez do mal, relevar os equívocos e compreender a fragilidade natural de todo ser humano.

Trata-se de uma medida prudente, tendo em mira a afirmação de Jesus de que cada um será medido com a medida que aplicar aos outros (Mateus: 7:2). Toda a lei divina encontra-se inscrita na consciência de cada ser, que funciona como juiz da própria conduta. Quem se habitua a analisar severamente os erros do próximo molda em seu íntimo um juiz implacável. Quando chegar a hora de prestar contas à Eterna Justiça, as medidas desse severíssimo censor é que lhe serão aplicadas. A respeito, o seguinte trecho de O Evangelho segundo o Espiritismo: “Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor usará de indulgência para convosco, como de indulgência houverdes usado para com os outros” (Capítulo X, item 17, primeira parte). Como ninguém suporta um olhar muito severo sobre suas fraquezas, importa treinar um olhar generoso sobre as fissuras morais alheias, até como medida de autopreservação.

Nesse mesmo capítulo do Evangelho segundo o Espiritismo, no item 16, há uma interessante dissertação de José, Espírito Protetor, a respeito da indulgência. Ele afirma que a indulgência não vê os defeitos de outrem, mas, se os vê, evita falar deles. Ao contrário, oculta-os. Se a malevolência os descobre, encontra escusa plausível e séria para eles, não uma visivelmente falsa, a fim de mais os evidenciar. Observa-se aí um genuíno esforço em valorizar o bem que há no próximo, perante si mesmo e perante terceiros. Faz-se efetiva opção de ver o semelhante de forma positiva, considerá-lo digno e valioso, malgrado seus problemas.

A mensagem também fala que a indulgência consiste em um sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos. A doçura remete à ideia de sabor agradável. O sentimento da indulgência é suave, saboroso, tranquilizador e fraterno, próprio de irmãos, de seres que se gostam, que se sentem ligados. Nada tem de amargor e de ásperas reprimendas.

É especialmente esclarecedor o último parágrafo da mensagem: “Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita.”

Trata-se de uma eloquente verdade, pois ninguém aprecia ficar perto de uma pessoa severa, que só percebe e valoriza os defeitos alheios. É desagradável sentir-se criticado, não apreciado, sem falar que ter as próprias dificuldades ressaltadas desanima, a ponto de muitas vezes surgir o raciocínio de que nada mais há para fazer: é-se um caso perdido!

Ao contrário, quando as virtudes de alguém são valorizadas, ele se considera digno e ganha forças para ser melhor e lutar contra suas fraquezas, que se tornam apenas um detalhe. A indulgência sacia a sede de compreensão e acalma o coração por vezes atormentado pela culpa. Ela atrai quem mais necessita de amparo e compreensão. E especialmente ergue em direção ao refazimento do caminho, à reparação dos erros praticados.

O esforço em ver o próximo de forma positiva torna mais fácil gostar dele e estabelecer vínculos de genuína fraternidade, na medida em que ninguém almeja ser amigo de réprobos, mas, sim, de criaturas dignas.

Pode-se concluir que a indulgência, além de se inserir no âmbito maior da salvação do Espírito, rumo ao seu angelical destino, também possui o condão de salvar os relacionamentos humanos, ao conduzi-los a um patamar saudável de auxílio e amparo mútuos. Ela salva o coração do homem da indiferença e da severidade.

A indulgência, como componente da caridade, não é só a meta (a libertação final, fruto da vivência perfeita), mas também o caminho, ao viabilizar a fraternidade entre seres ainda imperfeitos, mas que sonham com a perfeição e precisam se auxiliar em sua caminhada.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BÍBLIA. Português. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

2. EMMANUEL (Espírito) / Francisco Cândido Xavier. O Consolador. 25ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.

3.  KARDEC, Allan. Tradução de Guillon Ribeiro. O Evangelho segundo o Espiritismo. 3ª ed. especial. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005.

4. KARDEC, Allan. Tradução de Guillon Ribeiro. O livro dos Espíritos. 1ª ed. especial. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005.

Indulgência, a virtude da compreensão


IVOMAR SCHÜLER DA COSTA
ivomarcosta@gmail.com
Pelotas, RS (Brasil)

 
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Indulgência, a virtude
da compreensão


Sucedendo à benevolência, Kardec classifica a indulgência como a segunda virtude elementar da caridade .

Ao ler as obras fundamentais do Espiritismo encontram-se termos em que os significados por vezes se aproximam e por vezes se afastam, causando alguma confusão ao leitor menos atento ao processo sinonímico e diacrônico, dentro do campo semântico. Este é o caso de alguns utilizados nos evangelhos, bem como nas obras espíritas.  Perdão, indulgência e misericórdia aparecem muitas vezes em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Seriam eles sinônimos? Para que possamos entender e aplicar a caridade em toda a sua extensão, necessário se faz conhecer o sentido exato dos termos utilizados pelos luminares que em todos os tempos os revelaram a nós, como condição indispensável ao bom entendimento e à boa aplicação dos seus conselhos morais.

A caridade ainda é uma grande desconhecida; para que a sua prática seja fiel precisamos apreender o seu significado, a sua estrutura e composição. Kardec, com sua enorme capacidade intelectual, conseguiu sintetizar em apenas seis virtudes, classificadas como elementares, mais de dois mil anos de perquirições a respeito deste tema essencial para a humanidade.

A despeito de todo o cuidado que ele tomou na elaboração das obras básicas, buscando esclarecer com exatidão o significado dos termos utilizados, alguns ainda foram deixados para que a posteridade os estudasse e esclarecesse. Contando com o nosso interesse e capacidade de entendimento, e com a evolução dos métodos de interpretação, tendo em vista a impossibilidade material de escrever sobre cada mínimo detalhe, ele deixou-nos inúmeras pistas. Sem dúvida, ele sabia que os termos utilizados sofreriam alterações de sentido, assim tratou de organizar seus textos de maneira que a disposição destes oferecesse condições de serem de decodificados e seus sentidos exatos serem apreendidos pelos espíritas dos séculos vindouros. A questão de que tratamos é um destes casos.

Sendo a indulgência uma das virtudes elementares da caridade, para captar o sentido exato desta não podemos, em hipótese alguma, passar ao largo do entendimento daquela. Contudo, essa tarefa não é tão fácil como pode parecer à primeira vista. No decorrer dos séculos essa virtude essencial foi expressa por diversos termos, atendendo à necessidade dos tempos e da evolução da mente humana. Tudo isso leva os interessados na própria evolução a um esforço interpretativo no qual devem procurar as raízes semânticas para apreender o seu sentido exato, pois sem isso a prática da caridade restará enfraquecida, ou distorcida.

Comecemos notando que Kardec coloca uma das bem-aventuranças como título do capítulo X: Bem-aventurados os que são misericordiosos. No decorrer do capítulo vemos os evangelhos e os espíritos usarem termos como misericórdia, perdão e indulgência. Pela colocação dos termos na estrutura do capítulo, observamos que, apesar das fortes relações de sinonímia, existem perceptíveis diferenças de significado entre eles.

O posicionamento do termo misericórdia no título do capítulo nos indica que tem significado bem mais amplo do que os outros dois. Logo a seguir, no primeiro subtítulo temos “Perdoai, para que Deus vos perdoe” e depois em “Instrução dos Espíritos”, item 14, identificamos o termo “perdão” em “Perdão das ofensas”, e mais adiante “A indulgência”. Desta forma, entendemos que o sentimento de misericórdia abrange os outros dois, apesar disso causar certa confusão, já que no linguajar cotidiano costumamos utilizar ambos como sinônimos absolutos.

Vejamos as relações de sentido entre os termos utilizados. Em “Perdoai, para que Deus vos perdoe”, item 4, § 1º, Kardec diz que “Ela (a misericórdia) consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. [...]. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir.”, o que nos leva a entender que o perdão é um ato próprio da misericórdia.

Uma característica do perdão, que podemos inferir do texto, é que os espíritos que já atingiram as culminâncias da evolução não se sentem ofendidos pelas ações derivadas das imperfeições alheias. Portanto, somente precisa perdoar quem se sente ofendido, e estes são aqueles espíritos que ainda se encontram na luta pela conquista da superioridade moral. Decorre daí que a necessidade de perdoar é sempre relativa ao nível espiritual; um dia não necessitaremos mais perdoar.

No item 15, § 1º, ainda no subtítulo “Perdão da ofensas”, Paulo, o apóstolo, diz que “[...] o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de mais para serdes indulgentes [...]”, relacionando, desta forma, o perdão com a indulgência.

Além destas relações estabelecidas pelos espíritos, Kardec, como poliglota, deve ter percebido, devido às origens latinas do termo, que a relação entre eles é histórica e semântica. O termo indulgéntia era usado pelos romanos como sinônimo de outras palavras, tais como: remíssio, que significava quitação, remissão, perdão; relaxátio, ou seja, alívio, atenuação; absolútio, cujo sentido era o de dissolução ou absolvição; indúltum, ou mais especificamente, perdão. A palavra indúltum era usada no sentido de perdão dos tributos não pagos (remíssio tributi) ou de perdão das penas (remíssio poenae). Não pagar os tributos devidos a Cezar era um erro gravíssimo. Em determinadas épocas os imperadores concediam indultos, ou seja, perdão, àqueles que haviam sido condenados ou que não haviam pago seus impostos. O termo abolitio era algo parecido com uma anistia ou libertação dada durante festividades públicas, uma forma de libertação.

Um exemplo do sentido de termo sinônimo de indulgência é encontrado em “Atos dos apóstolos 24:23” . Paulo havia sido preso e conduzido à Cesareia. Lá, depois de ouvido pelo procurador Felix, o centurião encarregado da sua guarda recebeu instruções para tratá-lo com brandura, inclusive permitindo que recebesse a visita de amigos e que fosse ajudado por eles. O texto em latim diz: habére mitigatiónem. A ordem era para que o centurião amenizasse a severidade e, geralmente, a crueldade, com que os prisioneiros eram tratados pelo poder imperial. Neste caso a indulgência significou brandura, suavização do tratamento dispensado ao prisioneiro.

Originalmente o termo indulgência era muito amplo e abrigava vários significados e sinônimos, inclusive o de perdão. Este era apenas um caso específico dentro do campo semântico do termo indulgência. Portanto, não se deve entender e tratar indulgência e perdão como sinônimos exatos e absolutos.

De modo semelhante ao termo em latim, indulgência para os espíritos da codificação é também abrangente.

De acordo com José, Espírito protetor, no subtítulo “Indulgência”, item 16, ela consiste em a pessoa evitar conhecer intencionalmente os defeitos alheios, e se por acaso toma conhecimento deles não os divulga, a não ser em caso em que um grupo maior possa vir a ser ou estar sendo prejudicado. Mesmo assim procura atenuar as suas observações. Evitar críticas e censuras aos erros alheios faz parte da indulgência.

Ela seria muito simples caso se resumisse a isto. Existem situações em que é impossível fugir a crítica e a censura, em primeiro lugar porque somos dotados pela providência divina de faculdades intelectuais e morais próprias para o exercício do discernimento entre o bem o mal, portanto, sob pena de conivirmos com o erro, não devemos nos omitir. Quando somos obrigados pela força da situação a emitir pareceres sobre o comportamento alheio, os espíritos nos recomendam a brandura. No item 15 temos “[...] se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência?”; no item 16, § 4, é dito, “Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros” e no § 5, “Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima,a fasta, irrita.”; no 1º § do item 17, o espírito João, Bispo de Bordéus, nos recomenda: “Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações [...]”. O espírito Dufêtre, Bispo de Nevers, no item 18, § 1º recomenda: “[...], Sede severos convosco, indulgentes para com as fraquezas dos outros.”. No mesmo parágrafo ele diz que a indulgência consiste em cada um observar apenas superficialmente os defeitos de outrem, esforçando-se para fazer prevalecer os que há nele de bom e virtuoso.

A indulgência, então, implica não em fechar a mente para a percepção dos erros alheios, o que seria negar e anular as capacidades de que fomos dotados, mas sim, apesar de vê-los, suavizar nossas críticas e censuras e, simultaneamente, destacar os aspectos positivos daqueles que os cometem. Ser indulgente é tratar com menos severidade os erros alheios do que os nossos.

A razão pela qual devemos desenvolver a indulgência está em nossa própria imperfeição. No § 1º do item 13, ao tratar da questão da autoridade para julgar e condenar os erros dos outros diz “‘Atire a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado’ disse Jesus. Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros [...]. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos.”. Embora sendo autoexplicativa, podemos acrescentar que ser indulgente requer profundo autoconhecimento.

Extraímos quatro conclusões do exposto. A primeira delas é que indulgência é mais ampla do que o perdão. Existe uma área de intersecção dos significados dos termos, em que ambos se confundem; a necessidade de perdoar é temporária, pois deixa de existir quando o espírito atinge o cume da evolução moral, ao passo que a indulgência permanece sempre e cada vez mais, porquanto o espírito evoluído terá sempre de se confrontar com as imperfeições daqueles que ainda palmilham as difíceis estradas da ascensão moral. Dessa forma, como segunda conclusão temos que a indulgência se expande na medida em que o perdão se encolhe, até este desaparecer.

A terceira conclusão refere-se à identidade entre indulgência e misericórdia. Este termo aparece no título do capítulo X, ao passo que o termo indulgência, Kardec o coloca como uma das virtudes elementares da caridade. Portanto, em decorrência da expansão da indulgência na medida em que evolui o espírito, chega um momento em que se identificam como uma só virtude, embora termos diferentes a denominem. Podemos representar a misericórdia como o circulo que contém dois outros círculos inscritos e secantes. Os dois círculos secantes são a indulgência e o perdão. No entanto, quando o espírito evolui a ponto de não precisar perdoar, resta apenas um circulo inscrito; na medida em que ele evolui o circulo que representa a indulgência cresce até se confundir totalmente com o circulo maior; misericórdia e indulgência se tornam dois termos que significam a mesma virtude.

Finalmente, a quarta conclusão é que a indulgência é a capacidade de compreender os erros cometidos por outrem, devido as suas fraquezas morais. A partir do reconhecimento da nossa própria imperfeição aumentamos nossa capacidade de compreender a imperfeição dos outros. Portanto, a indulgência é substancialmente uma virtude em que o espírito, a partir do autoconhecimento, passa a entender e a sentir compaixão pelos espíritos ainda imperfeitos. O espírito abandona o orgulho, ou seja, o sentimento de superioridade que alimenta em relação aos outros. Entende, sobretudo, que todos guardam dentro de si a capacidade de se melhorarem, e assim passa a ver os outros com olhos carregados de amor. Por isso a indulgência é a virtude da compreensão.

INDULGÊNCIA

Veja no site:

http://www.acasadoespiritismo.com.br/temas/indulgencia.htm

INDULGÊNCIA
BIBLIOGRAFIA
01- A agonia das religiões - pág. 29 02 - Encontro de paz - pág. 85(21)
03 - Estude e viva- pág. 188 04 - Estudos Espíritas - pág. 107
05 - Luz da esperança - pág. 58 06 - O Espírito da Verdade - pág. 25, 187, 231
07 - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. X, 16 08 - O exilado - pág. 194
09 - O Livro dos Espíritos - q 660, 886,888,903,916 10 - O martírio dos suicidas- pág. 162
11 - Religião dos Espíritos - pág. 207 12 - Revista espírita - 1863 - pág. 126
13 - Rumos libertadores - pág. 86 14 - Sexo e Evolução - pág. 89
15 - Indulgência - pág. 14 16 - Plantão da paz - pág. 18
17 - Trevo de idéias 18 - Florações Evangélicas - pág. 211
LEMBRETE: O NÚMERO DA PÁGINA PODE VARIAR DE ACORDO COM A EDIÇÃO DA OBRA CITADA.

INDULGÊNCIA – COMPILAÇÃO

OBSERVAÇÃO: NO ESPIRITISMO A PALAVRA QUE MELHOR REPRESENTA A "INDULGÊNCIA" É A "TOLERÂNCIA".

01 - A AGONIA DAS RELIGIÕES - J. HERCULANO PIRES - PÁG. 29

(..)O problema da religião no Espiritismo tem provocado discussões e controvérsias infindáveis, porque essa doutrina não se apresenta como religião no sentido comum do termo. Allan Kardec, discípulo de Pestalozzi, adotava a posição de seu mestre no tocante à classificação das religiões. Pestalozzi admitia a existência de três tipos de religião: a animal ou primitiva, a social e a espiritual. Mas recusava-se a chamar esta última de religião, dando-lhe a designação de moralidade. Isso porque a religião superior ou espiritual, segundo ele, só era professada individualmente pela criatura que superava o ser social e desenvolvia em si o ser moral. Kardec recusou-se a falar em Religião Espírita, sustentando que o Espiritismo é doutrina científica e filosófica, de consequências morais. Mas deu a essas consequências enorme importância ao considerar o Espiritismo como desenvolvimento histórico do Cristianismo, destinado a restabelecer a verdade dos princípios cristãos, deformados pelo processo natural de sincretismo-religioso que originou as igrejas cristãs.
Essa posição espírita manteve a doutrina e o movimento doutrinário em posição marginal no campo religioso. Para os espíritas, entretanto, a posição da doutrina não é marginal, mas superior, pois o Espiritismo representaria o cumprimento da profecia evangélica da Religião em espírito e verdade, que se desenvolveria sob a égide do próprio Cristo. A religião espírita não se organizou em forma de igreja, não admite sacramentos nem admitiu nenhuma forma de autoridade religiosa de tipo sacerdotal. Não há batismo, nem casamento religioso no Espiritismo, nem confissões ou indulgências. Todos esses formalismos são considerados como de origem pagã e judaica. Entende-se o batismo como rito de iniciação, que Jesus substituiu pelo batismo do espírito, sendo este considerado como a iniciação no conhecimento doutrinário, feita naturalmente pelo estudo da doutrina, sem nenhum ato ritual. Admite-se também que o batismo do espírito, segundo o texto do Livro de Atos dos Apóstolos sobre a visita de Pedro à casa do centurião Cornélius, no porto de Jope, pode completar-se, nos médiuns, quando se verifica espontaneamente, com o desenvolvimento da mediunidade.
Essa posição espírita no campo religioso causou numerosas dificuldades aos espíritas no tocante às relações de instituições doutrinárias com os poderes oficiais, particularmente para a declaração de religião em documentos oficiais, para o resguardo dos direitos escolares em face do ensino religioso, para a declaração de religião nos recenseamentos da população, até que medidas oficiais reconheceram esses direitos.

03 - ESTUDE E VIVA- EMMANUEL E ANDRÉ LUIZ - PÁG. 188 - ÍTEM 33 - Perdão e nós


Habitualmente, consideramos a necessidade do perdão apenas quando alvejados por ofensas de caráter público, no intercurso das quais recebemos tantos testemunhos de solidariedade, na esfera dos amigos, que nos demoramos hipnotizados pelas manifestações afetivas, a deixar-nos em mérito duvidoso . A ciência do perdão, todavia, tão indispensável ao equilíbrio, quanto o ar é imprescindível à existência, começa na compreensão e na bondade, perante os diminutos pesares do mundo íntimo. Não apenas desculpar todos os prejuízos e desvantagens, insultos e desconsiderações maiores que nos atinjam a pessoa, mas suportar com paciência e esquecer completamente, mesmo nos comentários mais simples, todas as pequeninas injustiças do cotidiano, como sejam:

- a observação maliciosa; - a referência pejorativa; - o apelo sem resposta; - a gentileza recusada; - o benefício esquecido; - o gesto áspero; - a voz agressiva; - a palavra impensada; - o sorriso escarnecedor; - o apontamento irônico; - a indiscrição comprometedora; - o conceito deprimente; - a acusação injusta; - a exigência descabida; - a omissão injustificável; - o comentário maledicente; - a desfeita inesperada; - o menosprezo em família; - a preterição sob qualquer aspecto; - o recado impiedoso... Não nos iludamos em matérias de indulgência.

Perdão não é recurso tão-somente aplicável nas grandes dores morais, à feição do traje a rigor, unicamente usado em horas de cerimônia. Todos somos suscetíveis de erro e, por isso mesmo, perdão é serviço de todo instante, mas, assim como o compositor não obtêm a sinfonia sem passar pelo solfejo, o perdão não existe, de nossa parte, ante os agravos grandes, se não aprendemos a relevar as indelicadezas pequenas.
Resignação e resistência: De fato, há que se estudar a resignação para que a paciência não venha a trazer resultados contraproducentes . Um lavrador suportará corajosamente aguaceiro e granizo na plantação, mas não se acomodará com gafanhoto e tiririca. Habitualmente, falamos em tolerância como quem procura esconderijo à própria ociosidade. Se nos refestelamos em conforto e vantagens imediatas, no império da materialidade passageira, que nos importam desconforto e desvantagens para os outros ? Esquecemo-nos de que o incêndio vizinho é ameaça de fogo em nossa casa e, de imprevisto, irrompem chamas junto de nós, comprometendo-nos a segurança e fulminando-nos a ilusória tranquilidade . Todos necessitamos ajustar a resignação no lugar certo.

Se a Lei nos apresenta um desastre inevitável, não é justo nos desmantelemos em gritaria e inconformação. É preciso decisão para tomar os remanescentes e reentretecê-los para o bem, no tear da vida. Se as circunstâncias revelam a incursão do tifo, não é compreensível cruzar os braços e deixar campo livre aos bacilos. Sempre aconselhável a revisão de nossas atitudes no setor da conformidade. Como reagimos diante do sofrimento e diante do mal? Se aceitamos penúria, detestando trabalho, nossa pobreza resulta de compulsório merecimento. Civilização significa trabalho contínuo contra a barbárie. Higiene expressa atividade infinitamente repetida contra a imundície.

Nos domínios da alma, todas as conquistas do ser, no rumo da sublimação, pedem harmonia com ação persistente para que se preservem. Paz pronta ao alarme. Construção do bem com dispositivo de segurança. Serenidade é constância operosa; esperança é ideal com serviço. Ninguém cultive resignação diante do mal declarado e removível, sob pena de agravá-lo e sofrer-lhe a clava mortífera. Estudemos resignação em Jesus-Cristo. A cruz do Mestre não é um símbolo de apassivamento à frente da astúcia e da crueldade e sim mensagem de resistência contra a mentira e a criminalidade mascaradas de religião, num protesto firme que perdura até hoje.

04 - ESTUDOS ESPÍRITAS - JOANNA DE ÂNGELIS - ÍTEM 13- PÁG. 107

TOLERÂNCIA: Conceito — A indulgência, a condescendência em relação a outrem, seja de referência às suas opiniões ou comportamento, ao direito de crer no que lhe aprouver, pautando as suas atitudes nas linhas que lhe pareçam mais compatíveis ao modo de ser, desde que não firam os sentimentos alheios, nem atentem contra as regras da dignidade humana ou do Estado, constitui a tolerância. Apanágio das almas nobres, medra em clima de elevada cultura e de sentimentos superiores, espraiando-se nas comunidades onde o progresso forja a dignidade e combate o obscurantismo, a tolerância é medida de enobrecimento a revelar valores morais e ascendência espiritual. Onde quer que um homem ou um povo lute pelas expressões da liberdade e da verdade, logo a tolerância se faz o florete com que esgrime na defesa das suas aspirações. Enfloresce no estóico e frutesce no santo. Sempre que triunfa, ao seu lado fenecem o fanatismo e a perseguição de qualquer matiz, ensejando campo para o entendimento pacífico, no qual os homens se revelam sem peias coarctadoras, sucumbindo sob os escombros das manobras infelizes que promovem.

Nem sempre compreendida, porque adversária da tirania e opositora da prepotência, é malevolamente confundida com a indiferença ou a cobardia moral. Supõem-na, os árbitros da arrogância, como acomodação conivente ou submissão servil, contra o que se rebelam, por exigirem subserviência total e desfalecimento das aspirações nobres naqueles que os devem atender. A tolerância, porém, jamais conive; antes oferece-se aos que a estimam e a exercitam com altos critérios de renovação íntima, paciência, humildade e coragem. Não se impondo, expõe com perseverança e conquista pela lógica da razão, auxiliando no amadurecimento do interlocutor ou do adversário que se lhe opõe, sem azedume ou precipitação. A muitos compraz vencer, esmagar, sobressair, embora os métodos infelizes impetrados e os ódios gerados. E vencer é tarefa de fácil consecução, desde que se pretenda triunfar sobre os outros. Multiplicam-se métodos da hediondez e da pusilanimidade, desde os que destroem o corpo aos que dilaceram a alma.

A urgente tarefa a que todos se devem atirar é a de vencer-se a si mesmo, sublimando as más tendências e mantendo vitória sobre as inclinações negativas e as paixões subalternas do espírito enfermo. A tolerância, pela argumentação em que se firma, convence quanto à necessidade de respeitar-se e amar-se, concedendo-se ao próximo o direito de fruir e experimentar tudo quanto se deseja para si próprio. Manifesta-se invariavelmente como boa disposição, mesmo em relação às idéias e pessoas que não são gradas. Acima da conivência, expressa segurança de opinião e firmeza de proceder.
Considerações — Raramente a História revela a presença da tolerância nos seus fastos. Sempre dominou a imposição política, filosófica e religiosa, através da qual pequenas minorias tidas como privilegiadas exigiram total subordinação aos seus postulados, raramente salutares ou benéficos para a coletividade. A seu turno, a intolerância, que se alia à covardia, foi a grande fomentadora de mártires e supliciados, nos múltiplos setores da vida, fazendo que irrigassem com o seu sangue as plântulas dos formosos ideais de que se fizeram apóstolos. No que se refere ao tolerantismo, a predominância da Igreja Católica, na Europa Meridional, durante toda a Idade Média, se impunha, impedindo qualquer liberdade de culto e exigindo ao poder civil a aplicação de medidas legais aos que considerava heréticos, culminando, normalmente, tais conchavos, na punição capital da vítima.

Com a Reforma surgiram os pródromos de um tolerantismo por parte do Estado, que desapareceria ao irromper das imposições do Protestantismo, repetindo os mesmos erros do Clero romano, no que redundaram a Contra-reforma e as lamentáveis guerras de religião dos séculos XVI e XVII, cujos lampejos infelizes vezes que outras reacendem labaredas destruidoras. A John Locke, o pai do Empirismo, deve-se a Carta sobre a Tolerância, iniciada em 1689, através da qual muitos pensadores se insurgiram, seguindo-lhe o exemplo, contra a ortodoxia religiosa. Posteriormente os enciclopedistas se rebelaram, preconizando o tolerantismo a nascer e fomentar a tríade que serviria de base para a Revolução Francesa de 1789, que, no entanto, descambou, igualmente, para a intolerância, a perseguição e os crimes contra os "direitos humanos", apesar de os haver gerado na madre dos ideais eloquentes das horas primeiras.

O século XIX dilatou o conceito da tolerância, embora as lutas de opinião entre liberais e conservadores que, em controvérsias contínuas, pugnavam, os primeiros, pelo respeito às opiniões alheias, e os segundos, pela obediência como respeito às idéias políticas e religiosas predominantes. A pouco e pouco, à medida que o homem emerge da ignorância e sonha com o Infinito que o abraça, a tolerância atende-lhe a sede de crescimento e a ânsia de evolução.
Conclusão — Havendo surgido a Codificação do Espiritismo no meado do século XIX, quando a Religião Católica, em França, fazia parte do Estado e se impunha dominadora, os Espíritos Excelsos, pontificando nas leis de amor, fizeram que Allan Kardec estabelecesse como um dos postulados relevantes a tolerância, na qual a caridade haure sua limpidez e grandeza para ser a virtude por excelência. Tolerância, pois, sempre, porquanto, através dos seus ensinos, a fraternidade distende braços, enlaçando cordialmente toda a família humana.
ESTUDO E MEDITAÇÃO: "Que se deve pensar dos que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos "Merecem anátema! Ai deles! Serão, a seu turno, oprimidos: renascerão numa existência em que terão de sofrer tudo o que tiverem feito sofrer aos outros." (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 807.)
"Sustentai os fortes: animai-os à perseverança. Fortalecei os fracos, mostrando-lhes a bondade de Deus,que leva em conta o menor arrependimento; mostrai a todos o anjo da penitência estendendo suas brancas asas sobre as faltas dos humanos e velando-as assim aos olhares daquele que não pode tolerar o que é impuro. Compreendei todos a misericórdia infinita de vosso Pai e não esqueçais nunca de lhe dizer, pelos pensamentos, mas, sobretudo, pelos atos: "Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos hão ofendido." Compreendei bem o valor destas sublimes palavras, nas quais não somente a letra é admirável, mas principalmente o ensino que ela veste." (O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. X, item 17.)

06 - O ESPÍRITO DA VERDADE - ESPÍRITOS DIVERSOS - PÁG. 25, 187, 231

DEUS TE ABENÇOE - Cap. X — Item 16: Logo após fundar o Lar "Anália Franco", na cidade de São Manuel, no Estado de São Paulo, viu-se D. Clélia Rocha em sérias dificuldades para mantê-lo. Tentando angariar fundos de socorro, a abnegada senhora conduzia crianças, aqui e ali, em singelas atividades artísticas. Acordava almas. Comovia corações. E sustentava o laborioso período inicial da obra. Desembarcando, certa noite, em pequena cidade, foi alvo de injusta manifestação antiespírita. Apupos. Gritaria. Condenações. D. Clélia, com o auxílio de pessoas bondosas, protege as crianças. Em meio à confusão, vê que um moço robusto se aproxima e, marcando-lhe a cabeça, atira-lhe uma pedra. O golpe é violento. O sangue escorre. Mas a operosa servidora do bem procede como quem desconhece o agressor. Medica-se depois. Há espíritas devotados que surgem. D. Clélia demora-se por mais de uma semana, orando e servindo.

Acabava de atender a um doente em casa particular, quando entra senhora aflitíssima. É mãe. Tem o filho acamado com meningite e pede-lhe auxílio espiritual. D. Clélia não vacila. Corre ao encontro do enfermo e, surpreendida, encontra nele o jovem que a ferira. Febre alta. Inconsciência. A missionária desdobra-se em desvelo. Passes. Vigílias. Orações. Enfermagem carinhosa. Ao fim de seis dias, o doente está salvo. Reconhece-a envergonhado e, quando a sós, beija-lhe respeitosamente as mãos e pergunta: — A senhora me perdoa? Ela, contudo, disse apenas, com brandura: — Deus te abençoe, meu filho. Mas o exemplo não ficou sem fruto, porque o moço recuperado fez-se valoroso militante da Doutrina Espírita e, ainda hoje, onde se encontra é denodado batalhador do Evangelho.
Hilário Silva.

HISTÓRIA DE UM PÃO - Cap. XIII — Item 15: Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência. A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos. Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, jóias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança. Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos. E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...Todavia, entre estes encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.

Barsabás entregou-se às lágrimas, de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas...Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes. Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções. Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento. Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o ministro espiritual que velava no pórtico. Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou, sereno:

— Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra...— Ai de mim — soluçou o desventurado — eu jamais fiz o bem...— Em verdade — prosseguiu o informante — trazes contigo, em grandes sinais, o pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor. .. E apontou-lhe acanhada estrela que brilhava à feição de pequeno disco solar.— Há trinta e dois anos — disse, ainda, o instrutor— deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida. Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou: — Jonakim, o enjeitado? — Sim, ele mesmo — confirmou o missionário divino.

— Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas. E Barsabás acompanhou o tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, ao invés de elevar-se às Alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra. Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...Era Jonakim, aos quarenta de idade. Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar. Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis. Com a bênção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se. Irmão X

A REIVINDICAÇÃO - Gap. X — Item 17: Há muito aspirava Saturnino Peixoto ao interesse de algum homem público para favorecê-lo na abertura de certa estrada. Para isso, conversou, estudou, argumentou... Concluiu, por fim, que a pessoa indicada seria o deputado Otaviano, recém-eleito, homem ao qual se referiam todos da melhor maneira, pela atenção e carinho com que se dedicava à solução dos problemas da extensa região que representava. Depois de ouvir o escrivão da cidade, Saturnino redigiu longa carta-memorial, minudenciando a reivindicação. E ficou aguardando a resposta. Correram dias, semanas, meses. Nenhum aviso. Revoltado, Saturnino começou a exprobrar a conduta política do deputado que nem sequer lhe respondera à carta.

Sempre que se lembrava do assunto, criticava o político, censurando-o acremente, a envolver todos os homens públicos em condenação desabrida. Nada valiam ponderações da companheira, D. Estefânia, espírita convicta, que lhe pedia perdoar e esquecer. Transcorreram três anos, até que a solicitação caducou. Saturnino, obrigado a desistir da idéia, guardou, contudo, profundo ressentimento do legislador que terminava o mandato. Certo dia, porém, revolvia os guardados de velha prateleira no escritório, quando encontrou, surpreendido, entre livros e papéis relegados à traça, o memorial que escrevera ao deputado, dentro de envelope sobrescritado, selado e recoberto de pó. Saturnino se esquecera de enviar a carta...Hilário Silva

62 INDULGÊNCIA - Cap. X — Item 16
A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera da experiência. Circunstâncias diversas e principalmente as da indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se destaca a palavra impensada, como forja de incompreensão, a instalar entrechoques.

Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios. Sejamos indulgentes. Se erramos, roguemos perdão. Se outros erraram, perdoemos. O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal para nós, amanhã.

A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo. E assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real. Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra incoerência em si mesmo.

Quem perdoa, desconhece o remorso. Ódio é fogo invisível na consciência. O erro, por isso, não pede aversão, mas, entendimento. Erro nosso, requer a bondade alheia; erro de outrem, reclama a nossa clemência.

A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime. E, ante o erro, debalde se multiplicam justificações e razões. Antes de tudo, é preciso restaurar o trabalho em andamento, porque o retorno à tarefa é a consequência inevitável de toda fuga ao dever.

Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo de perdoar. Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da Verdade. Você, amostra da Grande Prole de Deus, carece do amparo de todos e todos lhe solicitam amparo.

Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que se o espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos dignos e indignos à sua volta, o pintor, consciente e respeitável, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida.
ANDRÉ Luiz

07 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - ALLAN KARDEC - CAP. X, 16; CAP. XIII, 15

CAPÍTULO X, ÍTEM 16 - A INDULGÊNCIA, PÁG. 134: A INDULGÊNCIA: JOSÉ - Espírito protetor, Bordeaux, 1863
16. Espíritas, queremos hoje falar-vos da indulgência, esse sentimento tão doce, tão fraternal, que todo homem deve ter para com os seus irmãos, mas que tão poucos praticam. A indulgência não vê os defeitos alheios, se os vê, evita comentá-los e divulgá-los. Oculta-os, pelo contrário, evitando que Se propaguem, e se a malevolência os descobre, tem sempre uma exculpa à mão para os disfarçar, mas uma desculpa plausível, séria, e não daquelas que, fingindo atenuar a falta, a fazem ressaltar com pérfida astúcia. A indulgência jamais se preocupa com os maus atos alheios, a menos que seja para prestar um serviço, mas ainda assim com o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, nem traz censuras nos lábios, mas apenas conselhos, quase sempre velados. Quando criticais, que dedução se deve tirar das vossas palavras? A de que vós, que censurais, não praticastes o que condenais, e valeis mais do que o culpado. Ó homens! Quando passareis a julgar os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos e os vossos próprios atos, sem vos ocupardes do que fazem os vossos irmãos? Quando fitareis os vossos olhos severos somente sobre vós mesmos? Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os outros. Pensai n'Aquele que julga em última instância, que vê os secretos pensamentos de cada coração, e que, em consequência, desculpa frequentemente as faltas que condenais, ou condena as que desculpais, porque conhece o móvel de todas as ações. Pensai que vós, que clamais tão alto: "Anátema!" talvez tenhais cometido faltas mais graves. Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita.

JOÃO - Bispo de Bordeaux, 1862: 17. Sede indulgentes para as faltas alheias, quaisquer que sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações, e o Senhor usará de indulgência para convosco, como usastes para com os outros. Sustentai os fortes: estimulai-os à perseverança; fortificai os fracos, mostrando-lhes a bondade de Deus, que leva em conta o menor arrependimento; mostrai a todos o anjo da contrição, estendendo suas brancas asas sobre as faltas humanas, e assim ocultando-as aos olhos daqueles que não podem ver o que é impuro. Compreendei toda a misericórdia infinita de vosso Pai, e nunca vos esqueçais de lhe dizer em pensamento, mas sobretudo pelas vossas ações: "Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos aos nossos ofensores." Compreendei bem o valor destas sublimes palavras; pois não são admiráveis apenas pela letra, mas também pelo espírito que elas encerram.

Que solicitais ao Senhor quando lhe pedis perdão? Somente o esquecimento de vossas faltas? Esquecimento que nada vos deixa pois se Deus se contentasse de esquecer as vossas faltas, não vos puniria, mas também não vos recompensaria. A recompensa não pode ser pelo bem que não se fez, e menos ainda pelo mal que se tenha feito, mesmo que esse mal fosse esquecido. Pedindo perdão para as vossas transgressões, pedis o favor de sua graça, para não cairdes de novo, e a força necessária para entrardes numa nova senda, numa senda de submissão e de amor, na qual podereis juntar a reparação ao arrependimento. Quando perdoardes aos vossos irmãos, não vos contenteis com estender o véu do esquecimento sobre as suas faltas.

Esse véu é quase sempre muito transparente aos vossos olhos. Acrescentai o amor ao vosso perdão, fazendo por eles o que pedis a vosso Pai Celeste que faça por vós. Substituí a cólera que mancha, pelo amor que purifica, Pregai pelo exemplo essa caridade ativa, infatigável, que Jesus vos ensinou. Pregai-a como Ele mesmo o fez por todo o tempo em que viveu na Terra, visível para os olhos do corpo, e como ainda prega, sem cessar, depois que se fez visível apenas para os olhos do espírito. Segui esse divino modelo, marchai sobre as suas pegadas: elas vos conduzirão ao refúgio onde encontrareis o descanso após a luta. Como Ele, tomai a vossa cruz e subi penosamente, mas corajosamente, o vosso calvário: no seu cume está a glorificação.

DUFÉTRE Bispo de Nevers, Bordeaux: 18. Queridos amigos, sede severos para vós mesmos e indulgentes para as fraquezas alheias. Essa é também uma forma de praticar a santa caridade, que bem poucos observam. Todos vós tendes más tendências a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar. Todos vós tendes um fardo mais ou menos pesado que alijar, para subir ao cume da montanha do progresso. Por que, pois, ser tão clarividentes quando se trata do próximo, e tão cegos quando se trata de vós mesmos? Quando deixareis de notar, no olho de vosso irmão, um argueiro que o fere, sem perceber a trave que vos cega e vos faz caminhar de queda em queda? Crede nos Espíritos, vossos irmãos. Todo homem, bastante orgulhoso para se julgar superior, em virtudes e méritos, aos seus irmãos encarnados, é insensato e culpado, e Deus o castigará, no dia da sua justiça. O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e consiste em não se verem superficialmente os defeitos alheios, mas em se procurar destacar o que há de bom e virtuoso no próximo.

Porque, se o coração humano é um abismo de corrupção, existem sempre, nos seus mais ocultos refolhos, os germes de alguns bons sentimentos, centelhas ardentes da essência espiritual. Espiritismo, Doutrina consoladora e bendita, felizes os que te conhecem e empregam proveitosamente os salutares ensinos dos Espíritos do Senhor! Para esses, o ensino é claro, e ao longo de todo o caminho eles podem ler estas palavras, que lhes indicam a maneira de atingir o alvo: caridade prática, caridade para o próximo como para si mesmo. Em uma palavra, caridade para com todos e amor de Deus sobre todas as coisas, porque o amor de Deus resume todos os deveres, e porque é impossível amar a Deus sem praticar a caridade, da qual Ele faz uma lei para todas as criaturas.

09 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC, QUESTÕES: 660, 886, 888, 903, 918, 947, 1009, CONCL. VII

Perg. 660. A prece torna o homem melhor? - Sim, porque aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir. É um socorro jamais recusado, quando o pedimos com sinceridade.
Perg. 66a. Como se explica que certas pessoas que oram muito sejam, apesar disso, de muito mau caráter, ciumentas, invejosas, implicantes, carentes de benevolência e de indulgência? Que sejam até mesmo viciosas? - O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas julgam que todo o mérito está na extensão da prece e fecham os olhos para os seus próprios defeitos. A prece é para elas uma ocupação, um emprego do tempo, mas não um estudo de si mesmas. Não é o remédio que é ineficaz, neste caso, mas a maneira de aplicá-lo.
Perg. 886. Qual é o verdadeiro sentido da palavra "caridade", como a entende Jesus? - Benevolência para com todos, INDULGÊNCIA para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.

Perg. 888. Que pensar da esmola? - O homem reduzido a pedir esmolas se degrada moral e fisicamente: se embrutece. Numa sociedade baseada na lei de Deus e na justiça, deve-se prover a vida do fraco sem humilhação para ele. Deve-se assegurar a existência dos que não podem trabalhar, sem deixá-los à mercê do acaso e da boa vontade.
Perg. 903. Há culpa em estudar os defeitos alheios? - Se é com o fito de criticar e divulgar, há muita culpa, porque isso é faltar com a caridade. Se é com intenção de proveito pessoal, para evitar aqueles defeitos, pode ser útil. Mas não se deve esquecer que a INDULGÊNCIA para com os defeitos alheios é uma das virtudes compreendidas na caridade. Antes de censurar as imperfeições dos outros, vede se não podem fazer o mesmo a vosso respeito. Tratai, pois, de possuir as qualidades contrárias aos defeitos que criticais nos outros. Esse é um meio de vos tornardes superior. Se os censurais por serem avarentos sede generosos; por serem orgulhosos, sede humildes e modestos; por serem duros, sede dóceis; por agirem com mesquinhez, sede grandes em todas as vossas ações. Em uma palavra, fazei de maneira que não vos possam aplicar aquelas palavras de Jesus: "Vede um argueiro no olho do vizinho e não vedes uma trave no vosso".

Perg. 918. Por que sinais se pode reconhecer no homem o progresso real que deve elevar o seu Espírito na hierarquia espírita? — O Espírito prova a sua elevação quando todos os atos da sua vida corpórea constituem a prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual. O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, : amor e de caridade na sua mais completa pureza. Se interroga sua consciência sobre os atos praticados, perguntará se não violou essa lei, : não cometeu nenhum mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém vê de se queixar dele, enfim, se fez para os outros tudo o que gostaria ie os outros lhe fizessem. O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, e sacrifica seu interesse pela justiça. Ele é bom, humano e benevolente para com todos, porque vê mãos em todos os homens, sem exceção de raças ou de crenças. Se Deus lhe deu o poder e a riqueza, olha essas coisas como um depósito do qual deve usar para o bem, e disso não se envaidece porque ibe que Deus, que lhas deu, também poderá retirá-las. Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, trata-os com bondade e benevolência porque são iguais perante Deus; usa de sua autoridade para lhes erguer a moral e não para os esmagar com o seu orgulho. É indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que ele esmo tem necessidade de indulgência e se recorda destas palavras do risto: "Que aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra".

Perg. 947. O homem que se vê às voltas com a necessidade e se deixa morrer de desespero pode ser considerado como suicida? - É um suicida, mas os que causaram o suicídio ou que o poderiam impedir são os mais culpáveis que ele, a quem a INDULGÊNCIA espera. Não acrediteis, porém, que seja inteiramente absolvido se lhe faltou a firmeza e a perseverança e se não fez uso de toda a sua inteligência para sair das dificuldades. Infeliz dele, sobretudo, se o seu desespero é filho do orgulho; quero dizer, se é desses homens em quem o orgulho paralisa os recursos da inteligência e que se envergonhariam se tivessem de dever a existência ao trabalho das próprias mãos, preferindo morrer de fome a descer do que chamam a sua posição social! Não há cem vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em enfrentar a crítica de um mundo fútil e egoísta, que tem boa vontade para aqueles a quem nada falta, e que vos volta as costas quando dele necessitais? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é uma coisa estúpida, porque ele não se importará com isso.

Perg. 1009. Segundo isso, as penas impostas jamais seriam eternas?— Consultai o vosso bom senso, a vossa razão e perguntai se uma condenação perpétua, em consequência de alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração da vida, mesmo que seja de cem anos, em relação à eternidade? Eternidade! Compreendeis bem essa palavra? Sofrimento, torturas sem fim e sem esperança, apenas por algumas faltas! Não repugna ao vosso próprio critério semelhante pensamento? Que os antigos tivessem visto contradição em se lhe atribuir a bondade infinita e a vingança compreende-se; na sua ignorância emprestaram à divindade as paixões dos homens. Mas não é esse o Deus dos cristãos, que coloca o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas no plano das primeiras virtudes; poderia Ele mesmo não ter as qualidades que exige como um dever? Não há contradição em se lhe atribuir a bondade infinita e a vingança infinita? Dizeis que antes de tudo Ele é justo e que o homem não compreende a sua justiça. Mas a justiça não exclui a bondade e Deus não seria bom se destinasse às penas horríveis e perpétuas a maioria de suas criaturas. Poderia fazer da justiça uma obrigação para os seus filhos, se não lhes desse os meios de compreender? Aliás, não é sublime a justiça unida à bondade, que faz a duração das penas depender dos esforços do culpado para se melhorar? Nisto se encontra a verdade do preceito: "A cada um segundo as suas obras".

11 - RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS - EMMANUEL -CAMPANHA NA CAMPANHA - PÁG. 207

Reunião pública de 23-10-59: Questão n° 886: «Campanha», além de outros significados na sinonímica, pode também figuradamente expressar «esforço para conseguir alguma coisa». Possuímos, desse modo, campanhas múltiplas no terreno da solidariedade, como simples dever; todas, porém, rogando a campanha da indulgência, no âmago de si mesmas. Ouçamos, assim, o que nos diz semelhante campanha íntima. • Ajuda a construir o templo de tua fé, mas não creias que os outros devam crer conforme crês. Ergue um lar que recolha os infortunados da via pública; entretanto, não expulses do coração as vítimas do mal, para que o mal não as aniquile. Agasalha a epiderme desnuda do companheiro; todavia, não exponhas a vida do próximo às rajadas mortíferas da censura. Estende o prato reconfortante ao faminto; contudo, não te falte apoio moral para os sedentos de compreensão. Presta serviço aos irmãos do caminho, mas não lhes cobres favores especiais. • Realmente, em quaisquer campanhas de redenção, não te despreocupes da campanha da indulgência na campanha a que te afeições.

Traze a cadeira de rodas à necessidade do paralítico; no entanto, não deixes de levantar os caídos em desapreço. Indulgência exprime «entendimento» e «entendimento» quer dizer «simpatia fraterna». Protege os obsidiados como puderes, mas desculpa incondicionalmente os amigos perturbados da própria rota, quando te compliquem a experiência. Dá remédio aos enfermos; entretanto, não negues algum bálsamo de esperança aos corações tombados no vício. Ampara a criança menosprezada; contudo, não a escravizes à tua exigência. Promove a pregação da virtude; no entanto, atende ao culto incessante da gentileza para com todos, começando da própria casa. Jesus, entre os homens, partilhou campanhas diversas, inclusive aquelas do amor pelos inimigos e da oração pelos que perseguem e caluniam. Entretanto, fosse na tolerância aos sarcasmos da rua ou no perdão aos ingratos, em momento algum se esqueceu da própria consagração à campanha da bênção.

15 - INDULGÊNCIA - EMMANUEL - PÁG. 14

Concedeu-te o Senhor: O berço em que nasceste. O ar em que respiras. O lar que te abençoa. O sol que te ilumina. O corpo em que estagias. O passo equilibrado. A escola que te auxilia. A lição que te acolhe. O amigo que te ampara. O pão que te alimenta. A fonte que te acalma. A ação que te renova. A fé que te sustenta. O afeto que te nutre. A flor que te consola. A estrela que te inspira. A idéia e o sentimento. A bondade e a alegria. O trabalho e o repouso. A oração e a esperança. Ante a Eterna Indulgência, Com que o Céu te acompanha. Sê também complacente, E usa a misericórdia, Para que a Paz Divina, Permaneça contigo, À maneira de luz, Que te guarde hoje e sempre. Ainda que tudo te pareça na atualidade terrestre, sombra e derrota, cadeia e desalento, ergue a Deus o teu coração em forma de prece e roga-lhe forças para fazer luz e confiança onde a treva e o desespero dominam, porque se ontem foi o tempo de nossa morte na queda, hoje é o dia de nossa abençoada ressurreição.

As almas, no fundo, são semelhantes às plantas no campo imenso da vida. Repara, desse modo, o que produzes. Corações isolados na sensibilidade egoística, receando dissabores no relacionamento com o próximo, parecem cardos amargosos na terra seca. Verbos maledicentes que encontram motivo para a crítica destruidora, nos menores acontecimentos de cada dia, simbolizam a urtiga brava, sempre disposta a ferir.

Inteligências ruidosas na reiterada exposição de nobres ideais que nunca realizam, lembram arbustos ricos de folhagens, que jamais se confiam à frutescência. Companheiros ociosos e entediados da luta humana, em fuga das elevadas obrigações que o mundo lhes assinala, oferecem pontos de contato com o cipó absorvente que, enlaçado a outras plantas, lhes suga a vitalidade e lhes furta a existência.

Almas em sofrimento constante que sabem cultivar a fé e a esperança, ofertando a quem passa os melhores testemunhos de amor e coragem são roseiras abençoadas, produzindo flores de paz e alegria, sobre os espinheiros terrestres. Espíritos generosos e amigos, que buscam a intimidade com a luz da compreensão e do serviço, apresentam similaridade com as copas opulentas, sempre habilitadas a socorrer quem lhe procura o regaço acolhedor, com a sombra refrigerante ou com o fruto nutriente.

Irmãos prestimosos parecem valiosas plantas medicinais, cuja essência consegue curar inquietações e feridas. Espíritos benevolentes e sábios, no apoio incessante à Humanidade, surgem por troncos veneráveis, de que o homem retira a madeira de lei para o lar que lhe serve de berço e templo, escola e moradia. Observa o que fazes. Por tuas demonstrações e exemplos no recanto em que o Senhor te situou, o mundo conhecer-te-á, de perto, e abençoará ou corrigirá tua vida.

16 - PLANTÃO DA PAZ. - EMMANUEL - PÁG. 18

TOLERÂNCIA

Tolerância é caminho de paz. Não julgues esse ou aquele companheiro ignorante ou desinformado, porquanto, se aprendeste a ouvir, já sabes compreender. Diante de criaturas que te enderecem qualquer agressão, conversa com naturalidade, sem palavras de revide que possam desapontar o interlocutor.

Perante qualquer ofensa, não percas o sorriso fraternal e articula alguma frase, capaz de devolver o ofensor à tranquilidade. Nos empecilhos da existência, tolera os obstáculos sem rebeldia e eles se te farão facilmente removíveis. No serviço profissional, suporta com paciência o colega difícil, e, aos poucos, em te observando a calma e a prudência, ele mesmo transformará para melhor as próprias disposições.

Em família, tolera os parentes menos simpáticos e, com os teus exemplos de abnegação, conquistarás de todos, eles a bênção da simpatia. No trânsito público, não passes recibo aos palavrões que alguém te dirija e evitarás discussões de consequências imprevisíveis.

Nos aborrecimentos e provações que te surgem, a cada dia, suporta com humildade as ocorrências suscetíveis de ferir-te, e a tolerância se te fará a trilha de acesso à felicidade, de vez que aceitarás todos os companheiros do mundo na condição de filhos de Deus e nossos próprios irmãos.

17 - TREVO DE IDÉIAS - EMMANUEL - PÁG. 71

TOLERÂNCIA

O trabalho edifica. A solidariedade aperfeiçoa. A tolerância eleva. Trabalhando, melhoraremos a nós mesmos. Solidarizando-nos, enriqueceremos o mundo. Tolerando-nos engrandeceremos a vida.

Para trabalhar, com êxito, é necessário obedecer a lei. Para solidarizar-nos, com proveito, é indispensável compreender o bem e cultivá-lo. Para tolerar-nos, em sentido construtivo, é imprescindível amar.

Em vista disso, o Mestre dos Mestres, há quase dois milênios, afirmou para o mundo: "Meu Pai trabalha, até hoje, e eu trabalho também". Estarei convosco até o fim dos séculos. Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei". Solidarizemo-nos, beneficiando. Toleremo-nos, amando sempre.

Vinculada aos fundamentos da Verdade, a sublime trilogia de Allan Kardec é plataforma permanente, em nossos círculos doutrinários, constituindo lema substancial que não pode empalidecer.

18 - FLORAÇÕES EVANGÉLICAS - JOANNA DE ÂNGELIS - PÁG. 211

TOLERÂNCIA E FRATERNIDADE

O ser querido desertou do lar, vencido pela fragilidade das forças ainda impregnadas de alta dose de animalidade; todavia, acusa-te, fazendo-te responsável pela sua fuga. Sê tolerante e conserva-te fraterno em relação ao evadido. O amigo dedicado de ontem não deseja mais a tua lealdade e sai, arremetendo diatribes que te maceram. Sustenta a tolerância e mantém a fraternidade pensando nele.

O beneficiário da tua bondade, navegando em situação de bonança, esquece as tuas dádivas e faz-se soberbo, masinando o teu nome. Acautela-te na tolerância e reserva-lhe a fraternidade. A tuas palavras de advertência, tocadas no mais nobre desejo de acertar, são agora transformadas por antigos comparsas que se fizeram teus adversários, em açoutes que te alcançam. Continua tolerante e dissemina a fraternidade.

Os convidados pela tua lição de sacrifício a participarem do banquete de luz e vida do Evangelho, apontam-te mil débitos, e sofres. Porfia na tolerância e trabalha pela fraternidade. Divulgas o bem por amor do bem, tentanto viver o bem que fazes disso, não faltam as agressões ao bem que fazes e desafios por parte daqueles que supões beneficiar.

Confia na tolerância e aciona a fraternidade... Tolerância e fraternidade sempre. Em toda e qualquer circunstância essas duas armas cristãs, da "não-violência", pode operar milagres. Talvez aqueles a quem as ofertas, recusem-na momentaneamente, todavia, ser-te-ão benéficas utilizá-las, já que elas restaurarão tua paz, se a perdeste, ou manterão tua tranquilidade, se a conservas.

"Bem-aventurado aquele que sofre a tentação porque, quando for aprovado receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam" - conforme ensinou o apóstolo Tiago, na sua Epístola universal, Capítulo um, versículo doze. A tentação, por isso mesmo, possui as suas raízes no cerne daquele que é tentado, e como é natural, reponta frequentamente, ensejando-lhe a nobre batalha da própria redenção.

Viajores de muitas experiências malogradas, somos a soma das nossas dívidas em operação de resgate. Cada ensejo depurador é bênção impostergável. Ora, se alguém nos fere ou magoa, nos acusa ou abandona, com fundamentos injusto, tentando nossa fraqueza ao revide ou à deserção do combate, mantenhamos tolerância para com ele - o instrumento inconsciente da Lei - e sejamos fraternos, facultando-lhe retornar com a certeza de ser recebido pelo nosso coração.

A sombra é geratriz de equívocos como o erro é matriz de tormentos íntimos naquele que o pratica. A punição mais severa, portanto, para o transviado é o despertar da consciência, hoje ou amanhã. Jesus convocou-nos ao amor incondicional e ao perdão das ofensas, e Allan Kardec, o discípulo fiel, na tríade que formulou, situou a tolerância como uma das bases da felicidade humana, sendo a fraternidade, dessa forma, o espelho onde se pode refletir a alma do amor, em todas as circunstâncias e lugares.

Tolerância e fraternidade, como roteiros para a harmonia que buscamos, são lições vivas de entendimento humano, nos deveres que esposamos à luz do Cristianismo Redivivo.

Pois o filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. Marcos: 10-45.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Cap. XVII - ítem 3.

LEMBRETE:

1° - É a indulgência a expressão de um sentimento delicadíssimo de reta justiça (...). (...) A indulgência é, portanto, uma dívida de amor, que toda criatura humana precisa satisfazer todas as vezes que se encontre diante de irmãos seus que incorram em delito, falta ou defeito. Angel Aguarod

2° - A indulgência, portanto, não consiste em fechar os olhos ante as faltas do próximo, para não as ver; mas, em reconhecer essas faltas, para colocar sobre elas um sudário de piedade, impregnado de amor. (...) a indulgência é filha da bondade e a bondade exige em todas as ocasiões que a criatura faça o bem ao seu semelhante (...) Angel Aguarod

3° - (...) a indulgência é um sentimento doce que faz esquecer as faltas e os defeitos do nosso próximo (...) Manoel P. Miranda

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