terça-feira, 27 de março de 2012

João Batista preferiu a Justiça Divina


Um minuto com Chico Xavier
Ano 5 - N° 246 - 5 de Fevereiro de 2012
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULAdepaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)


Apresenta-nos o livro de Reis, no velho Testamento, um interessante desafio do profeta Elias ao então rei de Israel, Acabe. Pediu Elias que fossem amontoadas duas pilhas de lenha seca e que os sacerdotes de Baal a acendessem pela força de seu Deus. Após mais de quatro horas de insucesso, o tempo se encerra. Então, o profeta, que era um notável médium de efeitos físicos, assume sua parte e em poucos minutos, após pedir ao Deus único, que havia sido abandonado pelas doze tribos por ordem do rei, as labaredas lambem toda a lenha.
Isso seria o suficiente para que aquelas tribos retomassem sua devoção ao verdadeiro Deus. Mas Elias, tomado provavelmente pela indignação do que via naquela época, quando todos os profetas do Deus único foram perseguidos até a morte, sendo ele o único sobrevivente, exige que Acabe, o rei, agora amedrontado, desse cabo da vida daqueles sacerdotes, o que imediatamente foi feito.
Eles foram levados para as margens do ribeirão Quison e todos os quatrocentos foram decapitados. (1º Livro de Reis, capítulos 17 e 18 – Velho Testamento.)
Em entrevista à Folha Espírita, para o livro “Lições de Sabedoria”, Fernando Worm perguntou a Chico Xavier se a decapitação de João Batista, a pedido de Salomé, filha de Herodíades, não seria consequência daquele ato de Elias, uma vez que o próprio Cristo afirmara ser João a reencarnação do profeta, enquanto descia o monte Tabor na companhia de alguns de seus discípulos.
Fernando Worm diz que, antes de Chico responder por escrito, ele fez um breve comentário:
Observe que após a morte de Batista, que entristeceu o Mestre, Jesus prefere não mais falar no Precursor. Por quê? Se João Batista tivesse se encomendado à Misericórdia Divina e não só à Sua Justiça é bem possível que outro teria sido o seu fim.
Todos nós, inferiores ou evoluídos, devemos invocar sempre a misericórdia, que é amor sublime.
E, então, Chico tomou de um lápis e começou a escrever:
Conforme ensinamentos da Espiritualidade Superior, sempre que estejamos em função da justiça devemos exercê-la com misericórdia. Cremos sinceramente que João Batista, o Precursor, era Elias reencarnado. O respeito devido ao Evangelho não nos permite anatomizar o problema da morte de João Batista. Mas perguntamos a nós mesmos, na intimidade de nossas orações, se ele não se teria exonerado do rigor do carma, caso agisse com misericórdia no exercício do que era considerado de justiça para a família de Herodes. É um ponto de minhas reflexões na veneração com que cultivo o amor pelos vultos inesquecíveis do Cristianismo.
 
(Do livro “Lições de Sabedoria”, livro editado pela Editora Jornalística Fé, de São Paulo, em 1996.)

A Prisão de Jõao - Marcelo de Oliveira Orsini



Esclarecendo o Evangelho
Mat. 14:3-5
3 – Herodes, pois, prendera João, o algemara e pusera no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe.
4 – Porque João lhe havia dito: "Não te é lícito tê-la".
5 – E embora Herodes quisesse matá-lo, temia o povo, porque este o tinha como profeta.
Mar. 6:17-20
17 – Porque o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe (pois Herodes se casara com ela),
18 – porque João lhe dizia: "Não te é lícito ter a mulher de teu irmão".
19 – E Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia.
20 – Porque Herodes temia João, sabendo que era homem justo e santo, e o protegia; e, ao ouvi-lo, ficava muito admirado e o escutava com satisfação.
Luc. 3:19-20
19 – Mas Herodes, o tetrarca, sendo repreendido por ele por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão, e por todas as maldades que Herodes fazia,
20 – acrescentou ainda sobre todas a de fazer encerrar a João no cárcere.

Os três evangelistas relatam-nos a causa principal da prisão do Batista. Revivamos abreviadamente a história, para melhor compreensão.

Herodes, o grande, por sua morte, dera a Judéia a Arquelau, com o título de etnarca; e legara com o título de tetrarca a Galiléia a Herodes Antipas e Traconítide a Filipe. Mas o velho Herodes tivera, da segunda esposa de nome Mariana, um filho, Herodes-Filipe, a quem nada coubera. No entanto, a este é que inicialmente Herodes destinara sua sucessão no trono; e para que o governo ficasse em família, o velho Herodes dera sua própria sobrinha Herodíades (então com 3 ou 4 anos), como esposa a Herodes-Filipe, tio dela, pois Herodíades era filha do irmão dele, Aristóbulo, que Herodes o grande tivera com a primeira esposa. Mais tarde, porém, mandou matar esta primeira esposa e seu filho Aristóbulo. Firmemos, então, que Filipe, marido de Herodíades, nada tinha que ver com Filipe tetrarca de Traconítide.

Herodes Antipas, bom político, para garantir-se o apoio de Aretas IV, rei árabe dos Nabateus, desposou a filha deste.

Bem mais tarde, Herodes Antipas fez uma viagem a Roma, durante a qual visitou seu irmão Herodes Filipe, o deserdado, que vivia como simples cidadão fora da palestina. Aí conheceu sua cunhada Herodíades, já então com cerca de 35 anos, e surgiu violenta paixão entre ambos. Ficou estabelecido que, ao regressar de Roma, após reassumir o governo da Galiléia, Herodíades iria a seu encontro, para viverem juntos, ocasião em que Antipas repudiaria sua mulher, a filha de Aretas. Esta, porém, veio a saber do que se tramava e, para evitar a humilhação do repúdio, escapou para Maquérus e daí para casa do pai. Aretas jurou vingar a honra da filha e, após alguma escaramuças, fez guerra aberta contra Antipas.

Por seu lado, sua união com Herodíades, sua sobrinha e cunhada causou escândalo entre os judeus, por constituir adultério (Êx. 20:14 e Lev. 18:20 e 20:10) além de incesto (Lev. 18:15). Ao chegar, Herodíades levava consigo sua filha que se chamava Salomé. Tudo acabou com a fragorosa derrota de Antipas diante do exército de Aretas, no ano 36.

Esclarecidos os fatos, voltemos ao texto.

Herodes Antipas, aborrecido com a advertência do Batista a respeito do escândalo que vinha de cima, prendeu-o e encarcerou-o algemado.

Josefo (loco citato) atribui a prisão de João a motivo político: a pregação do Batista podia levantar uma sedição dos israelitas, para derrubá-lo do trono. As razões alegadas por Josefo confirmam o que dizem os evangelistas, e completam as razões da violência do tratamento aplicado a João.

Para livrar-se de quem o preocupava, o mais fácil seria faze-lo morrer. Entretanto, essa violência poderia piorar a situação, pois o povo admirava o Batista como profeta, no melhor sentido da palavra, porque este nada temia e confrontara o soberano (pelo que refere Marcos) pessoalmente, "de cara". Não se sabe se, por acaso, Herodes foi imprudentemente a ele, ou se João se colocou no caminho por onde passaria o tetrarca.

Marcos acrescenta ainda que Herodíades o odiava; não ficara, pois, satisfeita com a simples prisão do Batista: queria sua morte. Todavia, Herodes queria evitar a morte de João e procurava protegê-lo, levando-o prisioneiro para onde quer que fosse, como preciosa carga sempre sob suas vistas. Aproveitando-se da proximidade, ouvia-o "com satisfação, ficando impressionado" com as palavras do precursor.

Lucas anota que prender o Batista foi mais uma maldade que Herodes acrescentou às numerosas outras que já havia realizado.

Deste episódio, podemos inferir que a animalidade ainda vigente nas criaturas não mede as conseqüências de seus atos: para satisfação de seus apetites, tudo sacrifica. E, embora admirando o intelecto iluminado pelas verdades que lhe chegam, prefere aprisioná-lo para poder agir livremente. Conhecem o caminho, mas escolhem atalhos escusos, "isolando" sua própria compreensão, prontos a destruí-lo para que o não atrapalhe. Ainda hoje é assim: a criatura vai à igreja, ao templo, ao centro, ouve as verdades, faz profissão de fé, toma resolução de aprimorar-se, mas... ao chegar a ocasião que lhe atiça os sentidos, "esmaga" o que aprendeu e dá largas aos instintos.

Marcelo de Oliveira Orsini

O Precursor


O Precursor

João, o Batista, foi quem iniciou pregações antes do Messias Prometido para preparar-lhe o caminho, de acordo com as profecias antigas, e conforme o próprio Jesus.
Primo de Jesus, nascendo seis meses antes, filho na velhice de Zacarias e Isabel. Tornou-se profeta na Judéia, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestres e vestindo-se de peles.
Pregava no deserto a eminente vinda do Messias prometido e incitava o povo ao arrependimento dos erros e à conversão para uma nova vida, que era iniciada por um ritual de mergulho nas águas do rio Jordão, que ficou conhecido como batismo pelas águas.
Foi com o batismo de João, e com o reconhecimento deste de que Jesus era o Messias Prometido, que o Mestre começou a sua vida pública de 3 anos até a sua crucificação.
João foi preso por Herodes Antipas, rei da Galiléia, a quem havia criticado por se casar de forma ilícita com a própria cunhada, Herodíades. O rei mandou decapitá-lo para agradar a enteada, filha de Herodíades, chamada Salomé.
Jesus, após a transfiguração, descendo do monte Tabor, fala sobre João Batista em Mateus, Cap. 17, versículos 10 a 13: "Os discípulos de Jesus lhe perguntaram: O que querem dizer os doutores da Lei, quando falam que Elias deve vir antes do Messias?". Jesus respondeu: "Elias vem para colocar tudo em ordem. Mas eu vos digo: Elias já veio, e eles não o reconheceram. Fizeram com ele tudo o que quiseram. E o Filho do Homem será maltratado por eles do mesmo modo. Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista".
Esta passagem, transcrita literalmente das escrituras sagradas, prova de um modo incontestável que João Batista era a reencarnação do profeta Elias, que tinha vivido 900 anos antes.

João Batista foi Elias reencarnado?



Benedito da Gama Monteiro
As profecias anunciam há muitos séculos, antes de Jesus, a vinda do precursor, o anjo do senhor, que viria investido de uma missão sublime, preparatória, de burilar os sentimentos, aparando as arestas internas para que os homens da época adquirissem as condições morais ideais para receberem os ensinamentos sublimes do Consolador que, como sementes, precisavam de um terreno fértil, limpo, saneado, de modo a encontrarem o ambiente apropriado as suas germinações.
A esse respeito, encontramos em Isaías (40:3):
"Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai na solidão as veredas do nosso Deus."
Esta profecia foi ratificada pôr Malaquias em 3:1:
"Eis que mando eu o meu anjo, e ele preparará o caminho diante da minha face. E imediatamente o Dominador que vós buscais, e o anjo do testamento que desejais, virá ao seu tempo.".
O Evangelista Mateus em 3:3, confirmou as profecias dizendo que João Batista era o anunciado pelo profeta Isaías :
"Voz do Senhor, endireitai as suas veredas."
Ainda em Mateus,(11:10,11 e14), Jesus falando sobre João Batista diz:
"Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho....".
E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir."
Vemos, depois da transfiguração de Jesus no alto do monte, quando aconteceu o fenômeno de ectoplasmia (materialização) de dois varões, Moisés e Elias, o diálogo entre os discípulos de Jesus que o interrogaram (Mateus, 17:10 a13):
    "(...) - Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?"
E Jesus, respondendo, disse-lhe: "Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; Mas digo-vos que Elias já veio e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem.". Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista." (sublinhei)
Como vimos nas duas citações, Jesus foi bem claro afirmando ser João Batista, Elias reencarnado, no que compreenderam muito bem os seus discípulos.
Em Lucas (1:16 e17) o anjo Gabriel falando a Zacarias de seu filho João Batista diz:
"E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus.
E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao senhor um povo bem disposto."(sublinhei)
Em outra passagem de Lucas, (1:76 a 79), Zacarias cheio do Espírito Santo, profetizando, fala de seu filho João Batista:
"E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados(...)".
A única argumentação contrária a tese reencarnatória de João Batista como Elias sai da própria boca de João Batista em João (1:19 a 23), respondendo às perguntas dos sacerdotes e levitas:
" (...) - Quem és tu? Disse João Batista: Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe: Então quem és? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não. Disseram pois. Quem és? Para que demos respostas àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.".
A resposta de João suscita algumas dúvidas:
Por que ele negou ser Elias, porém afirmou ser o Precursor, embora Jesus tenha afirmado que Elias viria primeiro para restaurar todas as coisas, ou seja, Elias viria como o precursor.(Mateus, 17:10 a 13).
Em conclusão, podemos raciocinar com três hipóteses:
1ª- João pôr questão de humildade não quis afirmar ser Elias, pôr sinal a mesma virtude demonstrada quando inicialmente recusou batizar Jesus, dizendo não ser digno, sequer, de carregar as alparcas do Mestre (Mateus, 3:11) e que Jesus é quem deveria batizá-lo (Mateus, 3:14);
2ª- Esquecimento do passado: Encontramos em o livro "O Evangelho segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, item 11, Cap. V: "Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimo inconveniente. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.
Freqüentemente , o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta; a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial."
Ao reencarnar, João Batista veio cumprir sublime missão, "a de preparar os caminhos do Senhor" em função de sua elevada evolução espiritual, tendo isso sido realçado pôr Jesus em Mateus (11:11):
"Em verdade vos digo que, entre os que de mulher tem nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista, mas aquele que é menor no reino dos céus é maior do que ele.".
Era evidente que Jesus estava se referindo a vida passada de João, quando foi Elias e que também veio desempenhar nobre missão e extrapolou seus direitos, ao vencer a aposta diante do Rei Acabe, no Monte Carmelo, provando que o Deus que libertou o povo Hebreu do jugo dos Egípcios, tendo como líder Moisés, o Deus único e verdadeiro, era mais poderoso que o Deus Baal, cujos adeptos em torno de 450 não conseguiram que este projetasse do céu, fogo para queimar a sua fogueira e o boi que estava assentado sobre a mesma cortado em pedaços, apesar dos insistentes apelos que fizeram. Na vez de Elias, o profeta do Senhor, após fervorosa súplica feita ao seu Deus, de imediato o fogo vindo como um raio queimou a sua fogueira e o seu boi. Ao vencer a aposta, Elias, não usando de clemência, exigiu junto ao Rei Acabe que os profetas de Baal fossem mortos, decapitando-os na torrente de Cison, conforme consta no Livro III Reis, (18:19 a 40).
João Batista, pôr essa infração ao 5o Mandamento da Lei de Deus que recomenda não matar, voltou para resgatar nas mesmas circunstâncias em que matou, sendo, portanto, decapitado, após solicitação de Salomé e sua mãe ao Rei Herodes (Hebreus, 14:3 a 11)
Ainda com referência ao esquecimento do passado, João Batista evidenciou que no seu caso, este foi parcial, tendo consciência, apenas intuitivamente, da missão que vinha desempenhar como precursor, porém o restante de sua vida como Elias ficou esquecido pelas razões referidas no livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo";
3ª- Ressurreição. Encontramos ainda no livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, Cap. IV, item 4, uma referência aos dogmas dos Judeus:
"...criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde de muito tempo dispersos e absorvidos.(...) João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado."
Eis porque o corpo de João Batista não podia ser o de Elias e daí a resposta de João Batista negando ser Elias. Porém, como afirmou o Anjo Gabriel, era o Espírito e virtude de Elias.

Bibliografia:

  1. Soares, Pe. Matos -"Bíblia Sagrada", 6ª ed. Edições Paulinas - São Paulo -30-6-1953;
  2. Almeida, João Ferreira de - "O Novo Testamento de N.S. Jesus--Cristo e o Livro dos Salmos"- Imprensa Bíblica Brasileira - Rio de Janeiro, 1986;
  3. Kardec, Allan- "O Evangelho segundo o Espiritismo",109ª ed. FEB/ 10-8-1994.
Obs.
Artigo publicado em Manaus, em O Mensageiro (FEA) de Dezembro de 1994; no Jornal Folha Popular de 09.l1.1994 e 06.01.1995 e no Rio de Janeiro em O Reformador (FEB) de Abril de 1995.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A MORTE DO BATISTA - Pastorino


Mat. 14;6-12

6 Chegado, porém, o aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou de público e agradou a Herodes.
7 Por isto este prometeu, sob juramento, dar-lhe o que ela pedisse.
8 E ela, instigada por sua mãe, disse: "Dá-me aqui num prato a cabeça de João o Batista".
9 O rei ficou entristecido, mas por causa de seus juramentos e também dos convidados, ordenou dar-lha;
10 e, mandando, decapitou João no cárcere.
11 E foi trazida sua cabeça num prato a dada à mocinha; e ela a levou a sua mãe.
12 Então vieram os discípulos dele, lavaram o corpo e o sepultaram; e, partindo eles foram dar a  notícia a Jesus

Marc. 6:21-29

21 E chegou um dia favorável, quando Herodes em seu aniversário natalício deu um banquete a seus
dignitários, aos comandantes militares e aos principais de Galiléia.
22 Tendo entrado a filha dessa Herodias, dançou e agradou a Herodes e a seus convidados. Então o
rei disse à mocinha: "pede-me o que quiseres e to darei".
23 E jurou-lhe: "eu to darei, ainda mesmo que me peças a metade de meu reino".
24 E ela saiu o perguntou a sua mãe: “Que devo pedir"? Esta respondeu: "A cabeça de João o
Batista".
25 Regressando logo depressa para o rei, diste.- "Quero que sem demora me dês, num prato, a cabeça de João Batista".
26 O rei ficou muito triste, mas por causa do juramento e também dos convidados não lha quis recusar.
27 Imediatamente o rei enviou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. Saindo, ele decapitou-o no cárcere,
28 e trouxe a cabeça dele num prato e a deu à mocinha; e a mocinha a deu a sua mãe,
29 Sabendo disto, vieram seus discípulos e lavaram o cadáver dele a o depositaram num túmulo.


A narrativa de Mateus segue-se à declaração feita em 14:5, onde é dito que era desejo de Herodes liqüidar o Batista; em Marcos a seqüência é a mesma; daí dizer-se que "chegou um dia favorável". O aniversário (no grego "koiné" a palavra  genesía substituíra  genethlia  para exprimir o aniversário natalício) de Herodes deve ter ocorrido em janeiro de 31, quando o tetrarca se achava em sua "villegiatura" de inverno, no castelo de Maquérus, justamente onde se encontrava detido o Batista.

[102] Herodes ofereceu um banquete, ao qual compareceram os que tinham interesse em agradarlhe: os dignitários da corte, os comandantes militares (romanos) e as principais figuras da alta sociedade galiléia. Já pelo final do banquete, todos um pouco "tocados" pelos abundantes e generosos vinhos servidos, aparece a dançar a filha "dessa" Herodíades (de que Marcos falara no vers. 19 e voltaria a citar no vers. 24). A apresentação deve ter causado sensação, já que só se dedicavam à dança as profissionais, de vida livre, jamais moças de família e, menos ainda, "princesas". Segundo Josefo (Ant. jud. 18, 5, 2), a mocinha se chamava Salomé e devia contar nessa época por volta de 15 anos. Esse autor narra a prisão e morte do Batista, dando-lhe motivo político (“ para evitar uma insurreição"), que bem pode ter sido a causa alegada perante o público. A dança agradou plenamente a todos, mas sobretudo a Herodes, tanto que este a convida a pedir o que quisesse, que ele lho daria, imitando o gesto de Assuero (cfr. Ester, 5:2-3,6 e 7:2). Acrescentou que lhe concederia mesmo a “ metade de seu reino", palavras vazias, pois nenhum reino possuía, já que seu "reinado" consistia apenas numa simples "tetrarquia", que ele administrava por concessão do Imperador romano.

A mocinha corre à mãe para aconselhar-se e, por instigação dela, solicita-lhe seja entregue "aqui e agora, num prato (estava num banquete!) a cabeça de João Batista. Quer sinceramente, quer por causa da presença dos convivas, o tetrarca demonstra entristecer-se, mas faz questão de cumprir sua promessa. Dá ordem .que o pedido seja imediatamente atendido. Um guarda (Marcos usa um termo latino,  spectator, transcrito em letras gregas) resolveu o problema e decapitou João no cárcere, trazendo de volta a cabeça num prato.

A mocinha de 15 anos pegou a bandeja com a macabra encomenda e, na maior naturalidade e calma, entregou-a à mãe, revelando com esse fato .possuir nervos de aço que suporíamos difícil hoje, se não conhecêssemos o entusiasmo fanático de tantas mocinhas hodiernas pelas lutas de "box" e de outras pancadarias selvagens. Jerônimo (Patrol. Lat. vol. 23 col. 488), talvez influenciado pela lenda de Fúlvia com Cícero, afirma que Herodíades puxou a língua inerte de João, nela espetando uma agulha de costurar.

Ao saber da notícia, os discípulos vêm apanhar o corpo de seu mestre, para dar-lhe sepultura, embora não se saiba em que lugar o tenham feito.

A decapitação de João Batista foi o resultado cármico de sua ação, quando se manifestava na personalidade de Elias; o Tesbita. Leia-se: "Disse Elias: agarrai os profetas de Baal: que nenhum deles escape!  Agarraram-nos. Elias fê-los descer à torrente de Kishon e ali os matou"(1º Reis, 18:40); a morte a eles dada foi exatamente a decapitação: "Referiu Ahab a Jezebel tudo o que Elias; havia feito e como matara todos os profetas à espada" (1º Reis, 19:1). Portanto, execução rígida da Lei de Causa e Efeito, confirmando as palavras de Jesus: "todos os que usam a espada, morrerão à espada" (Mat. 26:52); não nos esqueçamos de que essa Lei é afirmada em mais de 30 lugares do Antigo e Novo Testamentos, sobretudo com a fórmula: da cada um será dado conforme suas obras".

[103] Aqui apresenta-se-nos um episódio chocante, mas pleno de ensinos.

No primeiro plano observa-se-nos o comportamento do homem involuído, ainda materializado,
que acredita bastar destruir o corpo de alguém (matá-lo) para libertar-se dele e de suas idéias.
julgamento primário, pois as idéias não morrem e nem sequer a criatura que continua bem viva,
somente perdendo seu veículo denso. Mas a ilusão de aniquilar "o inimigo" é total,' e satisfaz à
ignorância dos seres imaturos.
Aprofundando, verificamos que o homem encarnado (e o desencarnado também), quando
ainda materializado demais, quando ainda possua sua tônica no plano astral inferior (animal) das
emoções baixas e sensações violentas, dá extraordinário valor a tudo o que excite seus apetites mais
grosseiros, que se situam acima de qualquer prazer intelectual (nem se fala dos gozos espirituais ... ).
Observamos isso no exemplo de Herodes, que tanto se fascinou pela dança de Salomé, que estava
disposto a sacrificar até "metade de seu reino” , pelo prazer sensual que lhe causaram suas formas
físicas em movimentos luxuriosos.
Herodes é o símbolo da humanidade nesse estágio inferior de sensações físicas exacerbadas,
pelo qual todos nós passamos (e talvez ainda estejamos passando nos veículos pesados, sujeitos
mas rebeldes ao comando do Espírito, que tanta dificuldade encontra em manter-nos em nível mais
elevado).
No fato que comentamos, verificamos a ascendência do luxo falso (convite a dignitários e
autoridades transitórias, sem levar em conta o valor das individualidades), da gula (banquetes para
comemorar eventos alegres, só satisfeitos mediante sensações gustativas), da luxúria (dança sensual
excitante de apetites lúbricos) . Essa maneira de agir ainda é muito comum, não apenas "nos outros “ ,
mas em nós mesmos.
Levados pelas sensações e emoções descontroladas, somos muita vez arrastados a faltar no
setor de nossos deveres espirituais, para satisfazer aos apetites inferiores, a fim de agradar à nossa
vaidade, à nossa ambição, ao nosso apego a coisas e formas passageiras, mas que nos parecem
valiosíssimas e insubstituíveis. Sacrificamos, então, o Espírito à matéria, o Eu eterno às satisfações
do eu transitório, e "cortamos a cabeça" de nossa consciência, esperando silenciá-la para sempre.
Observarmos ainda, no episódio, que a filha (sensações) pede opinião a mãe (emoções) a
respeito do que deve escolher. Realmente são as emoções que governam as sensações e até toda a
personalidade imatura. São as emoções que causam os maiores descontroles em nossa vida. Elas
levaram Herodes a repudiar a filha de Aletes IV, por preferir Herodíades, conquistada a seu próprio
irmão consangüíneo; elas induziram a filha a perturbar a cabeça de Herodes por meio da dança; elas
pediram, como vingança, a cabeça de João Batista, sendo sempre obedecidas cega e imediatamente
pelas sensações (veja vol. 1, pág. 13, onde se diz que Herodes simboliza o duplo-etéríco mais o
corpo físico).
Olhando agora sob o prisma de João, verifiquemos o ensino que nos chega através do fato.
[104] Antes de tudo, a lição básica da realidade indiscutível da Lei de Causa e Eleito (carma).
Mas, sendo João o representante da personalidade iluminada ("o maior dentre os filhos de
mulher") nele encontramos representado o protótipo de todas as personalidades desse grau
evolutivo. O que se passou com o Batista é o que terá que suceder a todos nós.
Tendo ele aceito o "mergulho" (o encontro com "o Cristo"), que ale pregou e realizou às
margens do Jordão, viu-se, por isso mesmo, encarcerado no corpo de carne: reconheceu que sua
existência terrena não era a verdadeira vida, mas um cárcere, que tinha que ser destruído, para que
seu Espírito reconquistasse a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Reconhecendo-o, errou pela
libertação, sabendo de antemão que devia resgatar seus débitos passados.
O golpe de espada, que lhe destruiu o corpo físico, significou, portanto, a dupla, libertação de
seu Espírito: a do cárcere de seu corpo e o resgate cármico do erro cometido, quando ele se
manifestava através de personalidade de Elias. Nem todas as personalidades, porém, se libertarão
através de um golpe de espada física: muitos sofrerão golpes de companheiros, de amigos, de
esposos ou esposas, de filhos e pais, que virão cobrar as dívidas do passado, e que, por vezes,
fazem sofrer mais do que um seco e rápido talho de afiada espada. Convençamo-nos, entretanto, de
que, uma vez na prisão, "daí não sairemos sem haver pago até o último centavo" (Mat. 5:26).
Todavia, se dos resgates morais e materiais nos não podemos libertar sem efetuar o
pagamento, podemos colocar-nos fora do alcance deles, quando passarmos a viver unidos ao Cristo,
que nos dá Sua Paz, não a paz do mundo (cfr. João, 14:27); teremos a Paz Interna da tranqüilidade
absoluta no coração, embora nos assolem as tempestades e furacões de um mundo turbulento em
redor de nós, e até investindo contra nós; estaremos unidos ao Cristo "que dorme no fundo do barco
durante a ventania" (cfr. pág. 50), bastando que o despertemos, a fim de permanecermos a Seu lado.
Prosseguindo na meditação, verificamos que, com freqüência, o intelecto ou raciocínio ou
razão (João) é vencido totalmente pelos veículos inferiores.
Quantas vezes ocorre isso conosco: o corpo etérico e físico (Herodes) viciado na sede de
sensações fortes e inéditas, encontra ocasiões de desvio em movimentos desordenados e luxuriosos
(dança) de seus nervos excitados (Salomé) e começa a sentir-se dominado e vencido. Entra, então,
em entendimentos ilícitos, desejoso de satisfazer-se radicalmente até o fim, perguntando que deve
ele dar em troca de mais um prazer desregrado. Há, nesse ínterim, uma consulta à emoção
exacerbada (Herodíades), e esta opta pelo assassinato imediato e violento da razão (João Batista) a
fim de poder, com seu afastamento, ser atingido o objetivo visado.
Emoções e sensações jamais titubeiam, quando excitados pelos movimentos interiores (de
luxúria, de raiva, de ódio, e ciúme, de inveja, e de quaisquer outros desregramentos). jamais hesitam
em fazer silenciar o raciocínio, para dar vazão a seus instintos inferiores.
A difícil tarefa da evolução consiste exatamente em conseguir-se que o intelecto vença essas
fortes correntes baixas, dominando-as com a lógica do bom-senso e com a razão do Espírito.

JOÃO BATISTA, O PRECURSOR

9ª. AULA
JOÃO BATISTA, O PRECURSOR
ADVENTO DO MESSIAS

1 - PARTE A - JOÃO, O BATISTA. SUA VIDA E SUA MISSÃO COMO PRECURSOR

NASCIMENTO DE JOÃO BATISTA

(Lc 1:57-66)

Na importância transcendental do trabalho de Jesus na Terra, encontram-se ascendentes na assistência do Plano Superior, desde os Profetas Maiores e Menores, dos quais falam os teólogos, até o grande Precursor, a voz da verdade que clamou no deserto árido dos espíritos humanos conturbados.

Hoje, ainda, o Consolador; porta-voz do Senhor, testemunha fiel do Precursor, caminha pelos desertos da vida, sem descanso, oferecendo trabalho fraterno e evolução, amparando e fortalecendo os ensinamentos do Mestre.

João Batista era filho de Zacarias, um sacerdote da Judéia, e de Isabel (Elizabeth), parente próxima de Maria, mãe de Jesus.

"E eram ambos justos perante Deus" (Lc 1:5-6). Segundo o testemunho, o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João "com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lc 1:11-19). Isabel era estéril e de idade avançada, então Zacarias duvidou do aviso do Anjo e, por isso, ficou mudo por uns tempos.

Esse anúncio foi solenemente feito no Templo de Jerusalém, em dia em que era Zacarias quem fazia as oferendas.

Quando completou-se o tempo (Lc 1:57), Isabel deu à luz um filho; Zacarias, cheio de júbilo, disse que se chamaria João e, imediatamente, recomeçou a falar, louvando a Deus (o Cântico de Zacarias: Lc 1:67-79).

"E a mão do Senhor estava com João" (Lc 1: 66).

João cresceu cheio de virtudes, morrendo seus pais, pensa-se que passou a viver em um santuário essênio, sendo iniciado em seus ensinamentos. Mas, os manuscritos de Qumrã não se referem a ele.

Pelo testemunho de Jesus, João Batista foi Elias, Profeta maior, em vida anterior (Mateus, 11:14-15 e 17:10-12).

A PREGAÇÃO. (Lc 3:7-18)

Às margens do Rio Jordão, em Betânia, João Batista prega que "toda carne é como erva (vida efêmera) e toda a sua beleza, como as flores do campo (fenecem e caem), mas a palavra de Deus subsiste eternamente".

João alertava para a vinda próxima do Messias e insistia no preparo da Penitência, através do Batismo e do arrependimento (Mt 3: 11).

"Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas ... ". Para o refazimento espiritual é necessário endireitar os caminhos morais, aprimorando os impulsos mentais com humildade e paciência.

Ao ver muitos saduceus e fariseus procurá-lo, clamava, "Raça de viboras quem vos ensinou a fugir da ira futura (reação da vida)? Produzi frutos dignos de arrependimento, advertindo que o arrependimento para ser sincero e válido deve ser profundo e profícuo, sofrido e renovado. A fé sem, boas obras é morta".

Anunciava a Jesus, dizendo: "Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas alpercatas não sou digno de desatar; Ele vos batizará com o espirito e com o fogo" (Mt 3:11; Lc 3:16).

Seu batismo tinha o significado de um compromisso de mudança interior de vida (Reforma Intima).

Em sua pregação resumia, como Jesus mais tarde, a obra fraterna: (quem tem duas túnicas) reparta com o que não tem e quem tiver alimentos, faça o mesmo" (Lc 3: 11).

- "A ninguém tratai mal, nem defraudeis", significando a máxima de Jesus "fazei ao próximo o que quereis que vos façam".

- Tudo o que se faz é supervalorizado, em virtude dos interesses terrenos. O orgulho, a vaidade e o egoismo adornam a cabeça dos vendilhões da paz. A insatisfação é o alimento dos desajustados de si mesmos.

- O homem firme sabe o que deve fazer na busca da sua evolução material e espiritual, aproveitando o esforço nas oportunidades e iniciativas, com dignidade e respeito pelos semelhantes.

- Todos estes eram preceitos conhecidos e seguidos pelos Essênios.

O BATISMO DE JESUS E O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA (Lc 3:21-22; Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Jo 1:32-34)

No tempo certo, Jesus desceu da Galiléia ao Rio Jordão, onde estava João Batista. Este ao vê-lo, disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do Mundo" (Jo 1:29), e não queria batizá-lo por não se achar digno disso. Jesus porém respondeu: "Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir a justiça" (as profecias).

Jesus se submete ao batismo como um acontecimento que objetivava identificar a sua personalidade, assumindo, então o seu ministério messiânico em cumprimento da justiça perfeita de Deus: justiça com misericórdia.

"É necessário que ele cresça e eu diminua" (Jo 3: 30). Fazendo-se pequeno e humilde o homem é atraído pela grandeza do coração manso e meigo de Jesus. Quanto mais elevado o homem construir o santuário do Pai em seu coração, mais será atraído e absorvido por forças espiritualizantes.

Quanto mais a mensagem de Jesus crescer no coração do homem, mais ele terá diminuído os defeitos que dormitam em sua alma, crescendo assim na qualidade dos sentimentos e da inteligência como HOMEM NOVO LIGADO AO CRISTO.

PRISÃO E EXECUÇÃO

(Mt 14:1-13; Mc 6:14-29; Lc 3:19-20)

A missão de João termina com seu encarceramento, por ordem de Herodes, o tetrarca, por causa de sua mulher, Herodíades, antes mulher de seu irmão Felipe, que havia sido assassinado por este Herodes.

Herodíades usa de um estratagema e instrui sua filha para que, ao dançar para Herodes no dia de seu aniversário, lhe pedisse a cabeça de João Batista. Herodes não pôde furtar-se, porque havia já prometido o que ela pedisse e mandou degolar João no cárcere (Mt 14:10; Lc 9:9).

João Batista foi classificado por Jesus como "o MAIOR, DENTRE os NASCIDOS DE "MULHER" e "MAIOR QUE PROFETA" (Mt 11:9-11).

BIBLIOGRAFIA

O NOVO TESTAMENTO, na Bíblia

O REDENTOR - caps. 7 a IO, 14, 16 a 24 - Edgard Armond

BOA NOVA - cap. 2 - Humberto de Campos (Espírito)

CAMINHO, VERDADE E VIDA - lições 16 e 27 - Emmanuel

VINHA DE LUZ -lições 19, 76 e 85 - Emmanuel

PÃO NOSSO - lições 5 e 90 - Emmanuel

FONTE VIVA -lição 18 - Emmanuel

EVANGELHO DOS HUMILDES - cap. III - Eliseu Rigonatti

ELIAS - JOÃO BATISTA: UM CASO DE REENCARNAÇÃO



As escrituras deixam claro que o conceito de reencarnação era ensinado ao povo, apesar das diversas traduções terem deturpado os tentos.

Por Laylla Toledo
Elias foi um dos profetas referidos no Velho Testamento que viveu no século IX a.C. Não há livro na Bíblia escrito por ele, mas existem referências a seu respeito em diversos autores como Terceiro Livro dos Reis (Cap. 17) e Quarto Livro dos Reis (Cap. 1), Juizes e Malaquias.

Ele viveu ao tempo do Rei Acab e da rainha Jezabel, com quem esteve em constante oposição, por causa do culto que era promovido ao deus pagão Baal.

É considerado servo intrépide do Javismo (termo que vem de Javé ou Jeová, Deus segundo os hebreus), apesar do excessivo rigor e das atrocidades que ele praticou. Dentre essas, destaca-se aquela que fez descer fogo do céu e queimar um capitão juntamente com seus cinqüenta comandados, quando este foi buscá-lo por ordem do rei Acab.

O mesmo fato se repetiu com uma segunda brigada (um capitão e mais os seus cinqüenta soldados), assim como a mortandade dos 450 sacerdotes de Baal, que os fez passar pelo fio da espada, junto ao ribeiro de Quison (3° Reis, 18:40). Tem-se no total um saldo de 552 mortos.

A volta do Profeta Elias foi prevista por Malaquias: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor” (4:5).



A VIDA DE JOÃO BATISTA

João Batista era primo de Jesus, filho de Isabel e Zacarias. Levou uma vida muito austera. Abstendo-se de bens e prazeres, vivendo unicamente para o ministério do bem, convocando o povo ao arrependimento dos pecados e a se prepararem para receber o Redentor.

Chamado de “O Precursor”, vestia-se de peles e alimentava-se de mel e animais silvestres e verberava intimoratamente os atos de degradação humana, fosse em que nível fosse. Por esta razão, caiu na antipatia de Herodíades, acusada por ele pela sua união ilícita com o cunhado, o rei Herodes, irmão de Filipe (Marcos 6:17).



A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA

A identificação dos dois personagens como sendo o mesmo espírito está bem claro nas escrituras. O retorno de Elias foi anunciado pelo anjo Gabriel: “[...] o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; e tua mulher Isabel te dará a luz um filho, e por-lhe-ás o nome de João. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; e irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

Outra passagem que assinala a identificação do profeta como sendo o próprio João Batista é quando os apóstolos Pedro, Tiago e João perguntaram a Jesus, após a Transfiguração, sobre a volta de Elias: “Por que, pois, os escribas dizem que é preciso que Elias venha antes? Mas Jesus lhes respondeu: é verdade que Elias deve vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio, e não o conheceram, mas trataram como lhes aprouve. É assim que eles farão sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João Batista que lhes havia falado”. (Mateus 17:10)

Aqui se trata da reencarnação de Elias na figura de João, explicação esta vista pelos apóstolos com muita naturalidade, justamente por estarem familiarizados com a realidade da reencarnação e esta fazer parte de sua crença religiosa, o judaísmo.

As palavras de Jesus confirmam tal fato em Mateus, referindo-se a João como o próprio Elias (espírito): “E, desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus adquire-se à força, e os violentos arrebatam-no. Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. E, se vós o quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir. O que tem ouvidos para ouvir, ouça” (11:12).

A violência da lei mosaica ordenava o extermínio dos infiéis para ganhar a terra prometida – Paraíso dos Hebreus, por isso a citação “o reino dos céus adquire-se à força”. No período de Jesus, a nova lei estabelecia que, para se ganhar o reino dos céus o trajeto deveria ser outro – o da caridade e da doçura.



ELIAS VOLTA COMO JOÃO BATISTA

Quando Jesus disse que Elias já teria vindo e que ninguém o reconheceu, muitos interpretam que João era inspirado por Elias e não que era o próprio profeta. Mas essa identificação dos dois personagens sendo a mesma pessoa mostra também um outro aspecto, a Lei de Causa e Efeito. Na figura de Elias, mesmo falando em nome de Deus, ele cometeu alguns excessos e violências em sua época. Posteriormente, o seu espírito veio na figura de João Batista para preparar o povo para receber as palavras do Messias. Entretanto, pelo fato de ter cometido os excessos em sua vida anterior, veio resgatar parte de seus débitos sofrendo a decapitação por ordem de Herodes, a pedido de Salomé, que o agradou numa apresentação de dança, manobrada ardilosamente pela sua mãe, Herodíades.

Note-se a analogia das circunstâncias: na ocasião em que era conhecido como Elias, enfrentou a rainha Jezabel, tendo-a vencido pelos poderes, matando os sacerdotes e suprimindo o culto ao deus Baal. Na segunda ocasião, já como João Batista, ele é morto por maquinação também de uma rainha.

O conceito de reencarnação fazia parte das crenças judaicas. Esse conhecimento dos judeus só foi ampliado no momento em que Jesus trouxe-lhes mais informações sobre o processo reencarnatório. No diálogo entre Nicodemos e o Mestre podemos observar a atenção dada ao assunto: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor; porque ninguém poderia fazer os milagres que fazeis, se Deus não estivesse com ele. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Nicodemos lhe disse: Como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez? Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer de água e de Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não vos espanteis do que eu vos disse, que é preciso que nasçais de novo. O Espírito sopra onde quer, e ouvis sua voz, mas não sabeis de onde ele vem e para onde ele vai. Ocorre o mesmo com todo o homem que é nascido do Espírito. Nicodemos lhe respondeu: Como isso pode se dar? Jesus lhe disse: Que! Sois mestre em Israel e ignorais essas coisas? Em verdade, em verdade vos digo que não dizemos senão o que sabemos, e que não testemunhamos senão, o que vimos; e, entretanto, vós não recebeis nosso testemunho. Mas se não me credes quando vos fato das coisas da Terra, como me crereis quando vos falar das coisas do céu?” (João 3:2-12).

Como nota de esclarecimento, é preciso identificar o significado da palavra água no texto. O renascimento “de água” e “de espírito” é nada mais do que a retomada da experiência física, cuja constituição é eminentemente líquida. Portanto, o renascer de água é reencarnar e o renascer de espírito é evoluir, progredir moralmente.



ERROS DE TRADUÇÃO: NEGLIGENCIA

O prof.. Carlos Juliano Torres Pastorino (19101980), Docente do Colégio Pedro II e catedrático da Universidade Federal de Brasília, diplomado em Teologia e Filosofia pelo Colégio Internacional Santo Antônio Maria Zaccaria, em Roma, era um exímio latinista, helenista e poliglota. De acordo com os conhecimentos do Prof. Pastorino, freqüentemente são traduzidos por “ressuscitar” os verbos gregos egeírô (estar acordado, despertar) e anístêmi (tornar a ficar de pé, regressar), e que este último, encerra um sentido em geral negligenciado pelos tradutores: o de reencarnar. As Escrituras não falam em “ressurreição dos corpos” ou “da carne”, mas em anástasis ek ton nekrõn, ou seja, “ressurreição dos mortos”. De posse destes esclarecimentos oferecidos por uma autoridade lingüística, torna-se relativamente fácil identificarmos os sentidos negligenciados propositadamente pelos tradutores modernos. A ressurreição ocorre com os mortos e não com os corpos.

Na Epístola aos Hebreus (11:35), onde se lê: “Mulheres receberam os seus mortos pela ressurreição”, vemos que são as “mulheres” e não os homens, pois elas é que podem gerar em seus ventres os corpos destinados à reencarnação, ao ressurgimento dos espíritos “mortos” no mundo físico.

Os gregos acreditavam na existência do Hades (lugar dos mortos), de onde as almas retornavam para a vida, denominando este fenômeno como “palingênese” (palinggenesia: novo nascimento). Assim como os gregos, os hebreus também acreditavam que as almas dos mortos voltavam à vida, que do Sheot elas retornavam ao mundo da matéria, conhecido como “anástasis” (do verbo anístêmi, composto de ana: ´para cima´, ´de novo´ ou ´para trás´; e ístêmr. ´estar de pé´. Ou seja: tornar a ficar de pé, regressar), expressão traduzida por “ressurreição”. Está escrito: “O Senhor é o que tira a vida e a dá: faz descer ao sheol e faz tornar a subir dele.” (1 Sm 2:6). Apesar de tentarem alterar o significado do texto, traduzindo inúmeras vezes “Sheol” por “sepultura”, para os mais atentos, se buscarmos a origem das palavras, veremos que a mensagem é clara quanto a afirmação: regressar do Sheol, regressar do mundo dos mortos.

A palavra Sheol é hebraica, e designa o lugar para onde iam todos após a morte: tanto os justos como os injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mortos, uma divisão para os justos, e outra para os injustos, separados por um “abismo intransponível” (Lc 16.26). O lugar dos justos era de felicidade, prazer e segurança. Já o lugar dos ímpios era medonho, ignífero (onde há fogo), cheio de dores, sofrimentos, estando todos perfeitamente conscientes.

Em muitas das passagens bíblicas, as inúmeras referências ao Sheol possuem imperfeições na sua tradução. Certas versões em português traduzem a designação hebraica por sepultura e outros termos afins, como inferno (Dt 32.22; 2 Sm 22.6; Jó 11.8; 26.6; 5116.10), o que traz confusão. (Gn 37.35; Nm 16.30,33; Já 17.16;11.8; SI 30.3; 86.13;139.8; Pv 9.18; 15.24; Is 14.9; 38.18-32; Ez 31.15,17; Am 9.12).

A expressão grega “palinggenesia” (palingênese), segundo o Prof. Pastorino, era o termo técnico da reencarnação entre os gregos. No entanto, São Jerônimo, geralmente, o traduzia por regeneração.

Já a palavra “ressurreição” é a tradução da expressão grega “anastasis” originária do verbo “anistemi”, que significa tornar a ficar de pé, mas também “regressar”.

A palavra “reencarnação” não se encontra nas escrituras, mas na cultura judaico-cristã. Entre eles havia o conceito de ressurreição, que é justamente o que chamamos hoje de “reencarnação”.

O conceito reencarnacionista foi dissimulado nos textos bíblicos ao longo dos séculos, alterando-se com isso, o seu conteúdo. Referências do século II d.C., onde Orígenes, um dos pais da Igreja, comenta que: “Presentemente, é manifesto que grandes foram os desvios sofridos petas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias.” Portanto, a intenção de distorcer o conteúdo bíblico já vem de longa data.

Se nos dedicarmos ao estudo profundo dos fatos, veremos que tudo é uma questão de resgate do verdadeiro sentido das palavras, que assumiram significados diversos no decorrer do tempo. Através da pesquisa etmológica, sem dúvida, chegaremos à verdade original dos textos.



O RETORNO DO CRISTIANISMO PURO

O início do Cristianismo, conhecido como Cristianismo primitivo, trazia em si uma pureza doutrinária, sendo recente a passagem do Cristo peta região. Mas o Cristianismo sofreu uma transformação no momento em que se tornou a religião oficial do Império Romano. A mistura de costumes politeístas (crença de vários deuses) com o Cristianismo puro inaugurou o Catolicismo. Este evento modificou os costumes cristãos e introduziu hábitos de cultura politeísta, surgindo rituais que não existiam até então.

O conceito de reencarnação, como meio pela qual a alma se redimi por si só, significava a falência do poder político e religioso da Igreja. Por este motivo, começou a considerar-se todos os seguidores da idéia da reencarnação como criminosos passíveis de pena de morte a partir do ano de 553 d. C., no Concílio de Constantinopla.

Assim, a tradução dos textos evangélicos primitivos e a confecção do Novo Testamento (Vulgata Latina) buscaram eliminar qualquer informação que se reportasse ao conceito de sobrevivência de alma e o seu retorno a um novo corpo, para uma nova existência.

Por se tratar de um obstáculo aos interesses de alguns, este importante ensinamento deixou de fazer parte das celebrações cristãs e dos cultos da Igreja. Mas o assunto em foco reapareceu muito tempo depois, com toda a sua força e transparência através dos fenômenos das Irmãs Fox em 1848, e com a publicação da obra O Livro dos Espíritos, em 1857.

Portanto, a idéia da reencarnação sempre esteve presente no cristianismo primitivo dos tempos apostólicos, e algum tempo depois, na pureza dos ensinos cristãos contidos nas comunicações reveladas pelo espiritismo. Os elementos básicos como a caridade, o amor ao próximo e a reencarnação são semelhanças facilmente observáveis entre os dois. Sendo este o principal motivo que identifica o espiritismo como sendo o Cristianismo Redivivo.

A reencarnação é fato, e negá-la não é suficiente para justificar e manter o atual sistema religioso. Até a Ciência, recentemente, dá provas de que a vida não termina com a morte do corpo, mas que continua em outra dimensão. A divulgação da verdade depende de nós – os caminheiros redivivos.

(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 24, páginas 48-52)

O Batismo de Jesus


Amílcar Del Chiaro Filho

Capítulo IV - O Batismo de Jesus - A Tentação no Deserto

João, o Batista (o que mergulha) apareceu na Judéia como um profeta popular anunciando a próxima vinda do Messias. De aparência rústica, vestindo desconfortáveis roupas de couro de camelo, vivia no deserto, alimentando-se frugalmente.
Ele profligava os vícios da sociedade judaica, chamando os homens ao arrependimento. Quando perguntavam se ele era o Messias, respondia que não, mas era a voz que clama no deserto, e veio para endireitar os caminhos do Senhor. Após mim, dizia ele, virá aquele de quem não sou digno de desatar as correias das sandálias.
Os judeus sabiam, pois estava escrito, que antes da vinda do Messias, viria o Profeta Elias, que não morreu, mas foi arrebatado ao céu num carro de fogo, segundo a crença dos judeus.
A importância de João, o Batista, avulta para o Espiritismo, porque Jesus afirmou que ele era Elias. Sendo Elias, só poderia ser reencarnado, porque o episódio do carro de fogo, foi simbólico, não temos nenhuma dúvida. Se ficar provada a reencarnação de um espírito, estará provada a reencarnação de todos.
Apenas como curiosidade, mas sem afirmar ou negar, lembramos que muitos espíritas do final do século XIX - e início do século XX - acreditavam que Allan Kardec era a reencarnação de João, o Batista e conseqüentemente, de Elias.
O Evangelista Lucas afirma que Jesus e João eram primos, mas quando eles se encontraram à margem do Jordão, no momento em que Jesus quis ser batizado, João não o reconheceu, e o que chamou a atenção do Batista, foi o halo de espiritualidade que emanava do moço galileu, ou segundo outros autores, as suas vestes de iniciado essênio. Carlos Torres Pastorino diz que João reconheceu sim, a Jesus, e por isso se recusou a batizá-lo, afirmando que ele é que deveria ser batizado pelo Messias. Jesus disse a ele que por ora deveria ser assim. Na verdade Jesus precisava ser apresentado publicamente à nação, pois ali estavam, além do povo, algumas autoridades, espiões do Templo, militares romanos e espiões de Poncio Pilato e Herodes.
Alguns estudiosos consideram que João era essênio, e que o Batismo era uma cópia das abluções rituais destes. Outros autores afirmam que João foi buscar a inspiração para o Batismo na seita pagã dos Baptas, cujos sacerdotes banhavam-se com água perfumada, antes de oficiar os rituais dedicado à deusa Cotito, a deusa da torpeza.
Segundo Edouard Schuré, no livro Os Grandes Iniciados, João não era iniciado essênio, mas profeta popular que pregava a vinda do Messias como vingador e justiceiro, e muitos dos seus seguidores estavam dispostos a pegar em armas contra os romanos.
O Batismo, ou Mergulho, tinha o significado de uma nova disposição de vida, o arrependimento dos erros cometidos, , preparo para uma nova sociedade que deveria ser instalada com o Messias. João batizava somente adultos.
Como já falamos, João era de personalidade forte e atacava com duras palavras os fariseus e os saduceus, chamando-os de hipócritas e raça de víboras. Para ser batizado era preciso que o candidato se arrependesse dos seus pecados e se dispusesse a mudar de vida.
Existe uma controvérsia se João foi ou não essênio. Jonh Drane, autor do livro, Jesus, Schuré, acham que não. Carlos Torres Pastorino afirma que sim. Há, também, uma suposição não confirmada, que ele foi adotado, quando ainda criança pela comunidade do Quinram, comunidade essênia, localizada no mesmo deserto onde João viveu e pregou.
Durante o Batismo de Jesus, teria acontecido fenômenos mediúnicos, como a aparição de um espírito em forma de pomba, e a voz, que disse: Este é o meu filho amado, em quem coloco todo a minha complacência. Este episódio provoca algumas dúvidas: havia muitas pessoas junto à margem do Jordão onde João batizava, se aparecesse um espírito ou se ouvisse uma voz no espaço, haveria, certamente, uma comoção e até pânico. Acreditamos que se houve essas manifestações, foi no íntimo de João, no seu psiquismo.
Mesmo assim, pouco tempo depois, já no cárcere, João manda dois discípulos perguntar a Jesus se ele era o Messias ou se deveriam esperar outro. Comentaremos este passo no momento adequado.
As personalidades de João e Jesus eram bem diferentes. João era duro, implacável. Falava de castigos, punições, proibia, condenava largamente. Jesus era manso, pronto a perdoar. Não condenou Madalena, nem a mulher que lavou seus pés com as suas lágrimas. Convivia com ladrões, publicanos e com pecadores.
É importante ressaltar que João dizia: Eu vos batizo com água, porém, após mm virá aquele que vos batizará com o fogo e o espírito.
Retiramos a palavra santo, porque não existe no mundo, nenhum documento antigo sobre Jesus, que tenha a palavra "santo" adjetivando a palavra espírito. Foi Jerônimo, ou São Jerônimo, autor da Vulgata Latina, que acrescentou Santo depois de Espírito. Pinheiro Martins afirma que as escrituras diziam espírito bom.
Para os espíritas a morte de João, (reencarnação de Elias), por degolamento, foi o resgate do ato do antigo Profeta, ao ordenar a morte de 400 sacerdotes do deus Baal.
Carlos Torres Pastorino, tem uma interessante interpretação para este fato. Diz ele, que as crianças degoladas por ordem de Herodes, o Grande, foram os judeus que obedeceram a incitação de Elias para matar os sacerdotes. Argumenta que foram degolados ainda crianças porque tinham menos responsabilidades. João foi supliciado adulto, porque foi o incitador, o mentor da crueldade.
Os nomes Fariseu e Saduceu aparecerá muitas vezes neste nosso estudo, portanto, vamos defini-los agora: Fariseus = separados - Eram cerca de 6.000 ao tempo de Jesus. Obedeciam rigorosamente a lei. Evitavam os impuros e acreditavam na sobrevivência da alma e na ressurreição. Tornaram-se detalhistas e hipócritas. Saduceus = de Sadoc, sacerdote do tempo de David. Era mais um partido político do que religioso. Eles formaram, 200 anos a.C. , um Conselho que dirigia toda a nação judaica. Um século depois os Fariseus conseguiram se introduzir nesse Senado, que passou a chamar-se Sinédrio.
Os Fariseus eram adversários dos Saduceus, porque estes, para não perder seus cargos, submetiam-se servilmente aos dominadores estrangeiros. Os Saduceus não acreditavam na sobrevivência da alma, nem nos anjos, e admitiam somente a lei escritas, recusando a tradição oral.
Quando João foi questionado pelos sacerdotes, que enviaram mensageiros para perguntar se ele era o Cristo, ou um profeta, ou Elias, a resposta foi não. Isto faz o deleite dos adversários da reencarnação, porém, era natural que ele não soubesse ter sido Elias, pois, como todos, ele passou pelo processo do esquecimento. Contudo, Jesus muito superior a João, sabia claramente que ele foi Elias. Cabe neste passo, as palavras de Crishna a Ajurna, no Bagava-gita: Tanto eu como vós, temos tido vários nascimentos. Os meus, só de mim são conhecidos, porém vós, nem mesmo os vossos conheceis.
Lembremos da afirmativa de Jesus, QUE, DOS NASCIDOS DE MULHER, João é o maior, mas o menor no Reino dos Céus é maior que ele. Filho de Deus, Filho do homem, e filho de mulher são graus iniciáticos. João, como nascido de mulher, ainda tinha dívidas para com o planeta, e muito a aprender.
Outro fator que precisa ser levado em conta, é que João até poderia saber que fora Elias, mas respondeu de acordo com a pergunta: Tu é Elias? Não. Sou João. Ele foi Elias em outra reencarnação. Agora era João.
Após o Batismo Jesus retirou-se para o deserto, onde, segundo o Evangelho, permaneceu em jejum e orações durante 40 dias.
Carlos Torres Pastorino e Schuré nos dão uma interpretação esotérica, ou oculta, para essa passagem das tentações. Nenhum dos dois aceitam que o diabo, como ser real, tenha realmente tentado a Jesus. Pastorino coloca que foi a luta entre a individualidade e a personalidade, matéria contra o espírito. Diz Pastorino: após o mergulho na água (líquido anminiótico), o espírito é levado ao deserto (aos embates da Terra), para ficar em contato com as feras (homens ferozes, involuídos, pequenos, atrasados, egoístas). Talvez, até aí, Jesus não soubesse que era o Messias, ou como cumpriria a sua missão.
Contudo, é em Jonh Drane, no livro, Jesus, que encontramos belíssima explicação, aliás, parecida com a de Schuré, porém, menos metafórica, mais simples.
Jesus sabia que tinha três modos de cumprir a sua missão, sem envolver-se com o sofrimento, porém, sabia também, que aquelas não eram a vontade do Pai.
A primeira proposta, ou tentação, era fazer da Judéia uma nação rica, onde não existisse fome ou pobreza, onde não faltasse o pão para ninguém, e as necessidades de cada um seriam satisfeitas. Pedras se transformariam em pão, isto é, a produção de alimentos seria muito grande. Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra saída da boca de Deus. Disse uma voz dentro do seu coração.
A segunda tentação seria atirar-se do pináculo do Templo, no meio do povo, sem ferir-se. Isto seria uma prova de que era o escolhido. Os judeus tinham o hábito de pedir sinais. Havia uma velha profecia no Antigo Testamento, que o Messias apareceria de repente, e de forma dramática no Templo. Jesus rejeitou a idéia, porque dentro dele uma voz voltou a se fazer ouvir: Não tentarás o Senhor teu Deus.
O terceiro modo era o mais sedutor, por ser o que a maioria dos judeus queria. Eles esperavam um Messias político. Eles acreditavam que o governo da Terra seria entregue aos judeus. A tentação seria: adora-me e te entregarei todos os reinos, todas as nações do mundo. O adora-me, logicamente se refere adorar o poder, o mando. Mas a voz soou mais uma vez em seu coração: Somente Deus deve ser adorado.
É pena que a visão aguda de Jonh Drane, não evitou que ele visse um demônio real como tentador.
Mas vamos arrematar com uma colocação belíssima de Edouard Schuré, no livro, Os Grandes Iniciados:
- Por que sinal vencerei?
- Pelo sinal do Filho do Homem.
- Mostra-me esse sinal.
Então, uma constelação brilhante surgiu no horizonte. Ela tinha quatro estrelas em forma de cruz. O galileu reconheceu o sinal das antigas iniciações, familiar ao Egito e conservada pelos essênios.
Depois, um monte emergiu na planície. Era um monte despido de vegetação, nele havia três cruzes fincadas, e o moço galileu reconheceu-se crucificado na cruz do meio. Esta era a vontade do Pai, o sacrifício pessoal para deixar o exemplo.