sexta-feira, 9 de maio de 2014

“Não vim para destruir as leis, mas para dar a elas cumprimento.” - Octávio Caúmo Serrano


“Não vim para destruir as leis, mas para dar a elas cumprimento.” - Jesus

No capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo - Não vim destruir a Lei -, Allan Kardec explica-nos o que ele denomina as três revelações, que são: Moisés, Jesus e o Espiritismo.
Trata-se de um breve relato da história religiosa recente da humanidade – por volta de três mil e trezentos anos –, pois até Jericó, a pequena cidade da Judéia, tem mais de nove mil anos.
Com que finalidade o Codificador falaria de Moisés, já que ele havia perdido a importância para os cristãos, com a vinda de Jesus? Embora afirme que não veio destruir a Lei, sabemos que Jesus deu a elas importantes retoques, especialmente desmistificando dogmas, costumes e rituais judeus que careciam de racionalidade.
A principal intenção do Mestre lionês, imaginamos, foi mostrar que a humanidade nunca está só. Recebe sempre o amparo de missionários à medida que pode compreendê-los, para que aprenda um pouco mais e avance no campo espiritual. Só depois de assimiladas essas lições o homem se qualifica a receber outras mais adiantadas.
Inicialmente temos que observar a cuidadosa programação envolvendo a vinda de Moisés ao mundo material. Ele foi preparado no Egito com diferentes estudos e depois seguiu para a Palestina, onde se casou com a filha de Jetro, um pastor de ovelhas, tendo aprendido com ele a sobreviver no deserto: esperar as codornizes migratórias cansadas caírem para alimentar-se; conhecer pelo som das pedras onde havia água e como transformar a água salobra em potável pela adição de plantas, entre outras lições.
Depois de anos aprendendo a vencer a hostilidade do lugar, voltou ao Egito para libertar os judeus. Aproveitou o conhecimento das marés do Mar Vermelho para passar com seu povo. Logo depois que o mar subiu os soldados foram tragados pelas águas, enquanto os judeus aproveitaram as armas e montarias que sobravam dos militares.
O plano espiritual precisava criar um lugar na Terra onde as lições divinas pudessem ser semeadas. A Palestina era o lugar ideal, pois os judeus já acreditavam num Deus único e imaterial e dali só haviam saído pelas dificuldades de sobrevivência.
É aí quando Moisés se sobressai. Conduzindo seiscentos mil homens mais mulheres e crianças, tem de criar uma legislação para organizar a vida das pessoas. Começa com as Pedras da Lei – Os Dez Mandamentos – e posteriormente organiza toda a legislação social que acabou por se tornar O Código dos Judeus – o Torá. As leis sociais passam a ser tratadas como Leis de Deus, porque assim Moisés teria mais credibilidade. A circuncisão e a lavagem das mãos – simples condições de higiene – tornaram-se leis divinas. Guardar o dia de sábado, para que depois de seis dias de trabalho as pessoas tivessem direito ao repouso, virou lei de Deus. A oferenda, que atendia ao poder clerical judaico, se transformou em Lei.
Diz Kardec que na lei mosaica há duas partes distintas: a lei de Deus e a lei civil ou disciplinar. A primeira, invariável, está contida nos dez mandamentos, enquanto que a segunda é mutável segundo as sociedades. Quanto à Lei de Deus, Jesus apenas consolidou os dez mandamentos numa síntese: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. “Esta é toda a Lei e os Profetas”, complementou.
Por isso, quando Jesus chegou e o estado judeu já existia na Palestina, precisou de habilidade para corrigir conceitos mosaicos e era sempre vigiado e censurado. Ao dizer que “o sábado era para o homem e não o homem para o sábado”; ou “o que faz mal é o que sai da boca do homem, não o que entra”, Ele ganhava sempre novos inimigos.
Com a vinda de Jesus inaugura-se a Era do Amor.
Certa vez um protestante perguntou a Chico Xavier o que era a Bíblia. Chico responde que um pastor, estudioso das escrituras, deveria saber melhor que ele, Chico, o que continha esse livro. Emmanuel, todavia, oferece-se para responder e diz: “O Velho Testamento é o grito agoniado da humanidade em busca do Senhor.” “E o Novo Testamento”, pergunta o religioso. “É a resposta do Céu”, complementa Emmanuel. Com isso fica claro que se temos Jesus não existe sentido, para nós cristãos, preocupar-nos com a Lei de Moisés, a não ser valorizá-lo como mais um entre os muitos missionários que prepararam os caminhos para a chegada daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ao tratar o Espiritismo como a terceira revelação e incluir em O Livro dos Espíritos, questão 625, que Jesus é o exemplar mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para servir-lhe de guia e modelo, Allan Kardec define que o Espiritismo é o cristianismo redivivo. Uma doutrina que veio restaurar os ensinamentos dados aos primeiros cristãos e que foram, ao longo do tempo, deturpados pela multiplicidade de igrejas, cada uma criando sua conveniente verdade, mas todas elas com claras intenções de construir impérios mais do que atender e orientar os fiéis que seguem suas doutrinas. Mentem, prometendo indulgências mediante pagamentos ao “Senhor”.
O Espiritismo restaura a pureza do cristianismo primitivo, curando, esclarecendo espíritos atrasados e divulgando as máximas de Jesus que nos concitam a amar-nos reciprocamente, sempre dando de graça tudo o que de graça recebemos, enfatizando que a cada um será dado de acordo com as suas obras.
Neste Natal, recebamos o Cristo em nossa casa, mas que seja Ele, o aniversariante do dia, o ganhador dos presentes; e que entre os melhores presentes que possamos ofertar-lhe esteja a nossa fé, aliada à solidariedade com todos os que dividem conosco a jornada desta encarnação.
Feliz Natal, sob as bênçãos de Jesus!

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