Mat. 8:18 e 23-27
18. Ora, vendo Jesus a multidão em redor de si, mandou
passar para a outra margem (do lago).
. . . . . . . . . . . . . . . . .
23. E entrando ele no barco,
acompanharam-no seus
discípulos.
24. Surgiu então no mar tão
grande agitação que as ondas cobriam o barco; mas
Jesus dormia.
25. Aproximando-se, os discí-
pulos o acordaram dizendo: "Salva-nos Senhor, que
perecemos"!
26. Ele lhes disse: "Por que
temeis, homens de pequena
fé'? Então erguendo-se, repreendeu os ventos e o mar,
e fez-se grande calmaria.
27. E os homens se maravilharam, dizendo: “Quem é
esse, que até os ventos e o
mar lhe obedecem"?
Marc. 4:35-41
35. Naquele dia, ao cair da tarde, lhes disse: "Passemos
para o outro lado (do
lago)".
36. Deixando eles a multidão,
levaram-no assim como estava no barco; e estavam
com eles outros barcos.
37. E levantou-se grande turbilhão de vento e as ondas
caíram no barco, de modo
que já se enchia.
38. E ele estava dormindo na
popa sobre o travesseiro; e
eles o acordaram e lhe perguntaram: "Mestre, não te
importas que pereçamos"?
39. Tendo ele acordado, repreendeu o vento e disse ao
mar: "Cala-te! Fica amordaçado"! E cessou o vento e
houve grande calmaria.
40. Então lhes perguntou: Por
que sois tão medrosos?
Como ainda não tendes
confiança"?
41. E eles, cheios de medo, diziam uns aos outros:
"Quem é este, que até o
vento e o mar lhe obedecem"?
Luc. 8:22-25
22. E aconteceu que, num daqueles dias, entrou num
barco com seus discípulos e
disse-lhes: "Passemos para
o outro lado do lago". E
partiram.
23. Enquanto eles navegavam,
ele adormeceu. E desabou
um turbilhão de vento sobre o lago e o barco se encheu e estavam em perigo.
24. Aproximando-se, despertaram-no, dizendo: "Mestre,
Mestre, perecemos"! Tendo
ele acordado, repreendeu o
vento e a fúria da água, e
cessaram, e houve calmaria.
25. Então lhes perguntou:
"Onde está vossa confian-
ça"? Eles, aterrorizados,
admiraram-se, dizendo uns
aos outros: "Quem é este,
afinal, que manda aos ventos e à água e eles lhe obedecem"?
Ao cair da tarde, já tendo terminado o ensino, Jesus ordena que se passe “para o outro lado". A frase
era suficiente, num país como a Palestina, dividido ao meio de norte a sul pelo rio Jordão e seus lagos
(Mar Morto e Lago de Genesaré, o qual, no domínio romano, passara a denominar-se Mar de Tiberíades), formando a faixa ocidental (Cisjordânia) e a oriental (Transjordânia).
O evangelista anota o pormenor de que Jesus foi "assim como estava", ou seja, não desceu à terra para
apanhar o manto, recomendável numa travessia do lago durante o frio da noite, a 200 metros abaixo do
nível do mar, onde as variações climáticas são bruscas.
O lugar de honra situava-se na popa, perto do leme, e o passageiro sentava-se geralmente num tapete
velho, apoiando-se num travesseiro de couro. Recostando-se, cansado - embora a elevação espiritual
extraordinária, possuía um corpo físico, e portanto estava sujeito ao cansaço - adormeceu para refazer
as células fatigadas pelo trabalho exaustivo dos últimos dias, sobretudo pelo magnetismo gasto nas
curas. Note-se que esta é a única vez em que os Evangelhos nos apontam Jesus a dormir.
O barco seguia normalmente sua rota para a margem oriental, quer impelida pelos remos, quer, mais
possivelmente, pela vela que aliviava os braços dos discípulos.
A agitação violenta das águas do Tiberíades, provocada por correntes de ar que descem pelo vale do
Jordão, são, ainda hoje, tão repentinas, que é difícil prevê-las. Marcos e Lucas a chamam lailaps, isto
é, um "turbilhão de vento".
Os barcos aprumam-se na crista das vagas de até dois metros, abatendo-se a seguir nos sorvedouros,
enquanto os vagalhões passam por cima do barco, "cobrindo-o" literalmente e perigosamente adernando-o. Não é incomum, porém, terminar como começou: rapidamente. Pelas palavras dos três evangelistas, é disso que se trata, e não propriamente de "tempestade" com chuvas e trovoadas. Era, pois, um
vendaval mais violento que os comuns, de modo a assustar os pescadores, tão acostumados ao seu
lago, que lhes dava o sustento.
Segurando-se nos bancos, chegaram até Jesus e o despertaram do sono, bastante pesado, a ponto de
não ter sentido a ventania. Após pequena repreensão aos discípulos pela falta de confiança manifestada, usando um termo que era corrente entre os rabinos e no linguajar de Jesus (oligÛpistoi), Jesus ergue-se e comanda aos ventos, em primeiro lugar, por serem a causa; e em seguida ao mar; e imediatamente fez-se acalmaria (em grego foi usado o termo técnico, galÈnÈ).
As ordens, citadas só por Marcos, são curtas. Ao vento: cala-te; ao mar, fica amordaçado. É difícil traduzir exatamente o termo grego pephimÙso, que é o imperativo perfeito passivo de phimÙo, tempo que
não possuímos nas línguas românticas, nem mesmo havia em latim.
Mesmo habituados a uma bonança relativamente rápida, o inesperado da cena ataranta os discípulos;
embora familiarizados com as curas e as desobsessões (também praticadas em larga escala pelos essê-
nios-terapeutas), não sabem explicar o poder de uma criatura humana sobre os elementos desencadeados em fúria, amainando-os de súbito. E vem-lhes a dúvida: "quem será, afinal, esse carpinteiro? Era
bom e compassivo, dominava as enfermidades e os espíritos, mas ... comandar assim a natureza? Isso
superava-lhes a capacidade de compreensão.
As interpretaÁıes mais comuns do trecho vÍm da antiguidade (cfr. Agostinho, Serm„o 68, Patrol. Lat
o, vol. 38 col. 424), de que a cena simboliza:
a) a igreja crist„ que, mesmo na tempestade, tem Cristo ao leme e, embora este pareÁa dormir, na
hora oportuna despertar· e salvar·;
b) a alma humana que, mesmo agitada pelas provaÁıes, n„o sucumbir· se recorrer a Cristo que nela
se encontra, embora no silÍncio do sono.
Outras aplicaÁıes ainda poderiam ser feitas, para situaÁıes semelhantes, mas o sentido profundo do
fato È o segundo, dado por Agostinho.
O espÌrito est· viajando no barco do corpo, atravessando o lago deste mundo com seus veÌculos (discÌpulos) e com frequÍncia repentinamente se levantam turbilhıes de vento que ameaÁam o naufr·gio
total. O Eu Profundo jaz adormecido na popa, deitado no travesseiro no imo do coraÁ„o. Quando,
entretanto, as circunst‚ncias se tornam desesperadoras, os veÌculos recorrem aos gritos ao Cristo
Interno - embora, muitas vezes, por ignor‚ncia, se voltem para fora, a fim de recorrer ao "santo" externo. No entanto, DEUS EM N”S est· atento a nossas necessidades e "sabe melhor do que nÛs aquilo
de que necessitamos" (cfr. Mat. 6:8) e socorre-nos sempre a tempo. E com direito, ao presenciar nossa afliÁ„o, nos repreende docemente: "por que Ès medroso? como ainda n„o tens confianÁa"?
Mas qu„o dificilmente se corrige o homem, adquirindo a impassibilidade da confianÁa inabal·vel de
quem SABE que CRISTO est· conosco, est· DENTRO DE N”S, e que vivemos a prÛpria vida Dele e
que, portanto, nenhum furac„o externo poder· atingir-nos!
Outra liÁ„o aÌ vemos ainda. Quando nosso EspÌrito se vÍ envolvido pelo vendaval das paixıes, originadas em nossos veÌculos inferiores; quando percebe, por exemplo, que as violentas emoÁıes de uma
paix„o ilÛgica o envolvem, prestes a fazÍ-lo soÁobrar, nenhum auxÌlio melhor pode ser-nos trazido: o
recurso ao Pai que em nÛs habita È o ˙nico que consegue acalmar as ondas de desejo desenfreado,
trazendo bonanÁa aos veÌculos etÈrico, astral e intelectual. O ensino È de profundo alcance e mostranos o caminho certo: ligaÁ„o com o Cristo Interno, fazendo-O ìdespertar" em nÛs, para que Ele, com
Sua palavra autorit·ria, faÁa cessar os desordenados e perturbadores Ìmpetos do tuf„o borrascoso
que esses corpos provocam, arriscando matar espiritualmente nosso "espÌrito", por fazÍ-lo afogar-se
em terrÌveis convulsıes de longos e penosos carmas.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Tempestade acalmada - Caibar
A TEMPESTADE ACALMADA
“E entrando Jesus na barca, seus discípulos acompanharam-no, e eis que se levantou no mar tão grande tempestade que as ondas cobriam a barca; mas Jesus dormia. Os discípulos, aproximando-se, acordaram-no dizendo: Salva-nos, Senhor, que perecemos. Ele lhes disse: Por que temeis, homens de pouca fé? Então erguendose, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. E todos se maravilharam dizendo: Que homem é este, que até o mar e os ventos lhe obedecem?”
(Mateus, VIII, 23-27.)
A autoridade de Jesus é verdadeiramente universal.
Espírito Superior que preside os destinos do nosso planeta, conhece-lhe a natureza, bem como a atmosfera que o circunscreve, assim como os Espíritos que atuam nos elementos; é sabedor, portanto, de que todos os fenômenos sísmicos e atmosféricos são dirigidos por seres inteligentes encarregados das manifestações da Natureza.
O Mestre, contemplando o temporal que se desencadeara no Mar da Galiléia, deliberou fazê-lo cessar, a rogo de seus discípulos, e, para que estes não perigassem, ordenou que o mar se acalmasse e os ventos não prosseguissem na sua faina destruidora!
Está claro que Jesus não se dirigiu ao mar e aos ventos, mas, sim, aos Espíritos que agitavam a atmosfera e encapelavam as águas. O vento e o mar não poderiam compreender, para obedecer às ordens do Mestre.
Esses fenômenos obedecem sempre a uma causa e Jesus, atuando sobre a causa, fez cessar o efeito!
Ensina, também, esta passagem, que com a fé em Jesus podemos, se lhe rogarmos, obter a calma nas tempestades da vida.
A Nova Revelação, com seus fatos maravilhosos, vem pôr-nos a par de tantas coisas que a ignorância humana considerava milagres, mas que não são mais que produtos ou resultados da ação de Espíritos que, em redor de nós, trabalham constantemente.
Parábolas E Ensinos De Jesus
Cairbar Schutel
A TEMPESTADE ACALMADA
"REFORMA ÍNTIMA"
E disse-lhes naquele dia, ao cair da tarde: "Passemos para a outra margem". Deixando a multidão, eles o levaram, do modo como estava, no barco; e com ele havia outros barcos. Sobreveio então uma tempestade de vento, e as ondas se jogavam para dentro do barco, e o barco já estava se enchendo. Ele estava na popa, dormindo sobre sobre o travesseiro. Eles o acordam e dizem: "Mestre, não te importa que pereçamos?" Levantou-se, ele conjurou severamente o vento e disse ao mar: "Silêncio ! Quieto ! Logo o vento serenou, e houve grande bonança. Depois, ele perguntou: "Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?" Então ficaram com muito medo e diziam uns aos outros: "Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?" (Marcos 4:35-41).
A palavra "tempestade", empregada por alguns autores espirituais, costuma expressar o desequilíbrio do Espírito. Vejamos um exemplo de Batuíra: "Sob tempestades de ódio e lágrimas, desesperação e arrependimento, consciências culpadas ou entorpecidas vos oferecem o triste espetáculo da derrota interior a que foram atiradas pelo próprio desleixo." (Xavier, F.C. Grandes Vozes do Além, p.40).
Diante da vicissitudes da vida, necessitamos de clamar a Deus e a Jesus, pois sem a fé em Deus, sem a orientação do Evangelho, é difícil vencermos sozinhos certas emoções, certas dificuldades do caminho, que se assemelham a uma tempestade. Para enfrentarmos uma situação aflitiva, como o encontro com um endemoninhado, é importante que venhamos a vencer primeiramente as nossas tempestades interiores a se projetarem para o exterior através de nossas vibrações de ódio, desesperação...
Para levarmos o socorro espiritual aos outros, devemos pedir a Deus o próprio equilíbrio, pois só dessa forma podemos doar o melhor de nós mesmos aos Espíritos que se encontram em desequilíbrio. Os discípulos estavam entrando em uma região estranha, na qual deveriam evitar a crítica e o julgamento aos costumes locais, a fim de que a tempestade da adversidade pudesse ser vencida pelo amor, pela compreensão e tolerância.
Não podemos esquecer o socorro prestado por alguns espíritas ou por pessoas de outras religiões, que gozam de uma condição moral e espiritual melhor, aos Espíritos encarnados ou desencarnados, quando, desdobrados durante o sono, acompanham os mentores espirituais às regiões umbralinas. Os discípulos de Jesus nos revelam uma certa ignorância em relação às realidades espiritual e material de cada um. Alguns deles eram pescadores, mas não eram detentores de todos os conhecimentos práticos para melhor desempenho das suas funções.
Vemos que eles tiveram medo de perecer no mar por causa da tempestade. Acordaram Jesus, dizendo-lhe: "Mestre, não te importa que pereçamos?" E Jesus, para acalmar a tempestade, disse: "Silêncio ! Quieto!" Para nós vencermos as tempestades exteriores e interiores, precisamos silenciar-nos, aquietar-nos. Assim, evitamos o enxame dos maus pensamentos e consequentemente o desequilíbrio, a ligação com os maus Espíritos.
Devemos silenciar os nossos desejos, os nossos anseios, para nos alçarmos aos céus, ao reino da paz. Porque certos desejos são fonte de desequilíbrio e agentes de tempestade. A FÉ EM DEUS nos proporciona a calma e a paciência diante dos problemas da vida. Mas a fé, parece-nos, depende, em parte, do conhecimento adquirido. Quanto mais conhecimentos temos sobre alguma coisa, mais seguros sentimos em relação a essa coisa e mais ousados somos.
Assim é também a confiança em determinadas pessoas. Quanto mais conhecimento e firmeza uma pessoa demonstra, mais confiamos nela. Quanto mais fé tivermos em Deus, mais seguros e ousados sentiremos para realizar as nossas obras. Os discípulos nos dão uma grande lição quando demonstram sua ignorância sobre algumas coisas e suas limitações. Precisamos estar conscientes da nossas limitações para nos superarmos a cada dia. Por mais conhecimentos que venhamos a ter, bem como habilidades, somos ainda pessoas carentes de outros conhecimentos e habilidades.
Quem é convencido dos seus conhecimentos e das suas habilidades pode ficar exposto a vexames. Assim, devemos cumprir os nossos deveres e aprender e sempre, e não cruzar os braços e exigir uma atenção especial de Deus, de Jesus e dos guias espirituais. Nessa passagem, Jesus nos ensina que, dormindo, nós entramos em contato com o plano espiritual e que, se estivermos preparados, podemos auxiliar aqueles que se encontram em desequilíbrio espiritual. O sono não é só refazimento físico mas é também um experiência sobre a vida e a morte.
Para alguns cristãos, a tempestade poderia ter sido provocada pelos demônios,com o objetivo de impedir que Jesus salvasse o endemoninhado geraseno. De acordo com os teólogos medievais, o demônio podia provocar ventanias e tempestades de raios. Mas os cristãos no tempo de Marcos não pensavam da mesma forma. Procedentes do paganismo, eles admiravam Jesus pelo fato de acharem que Zeus e Ísis eram os responsáveis pelos acontecimentos naturais e atmosféricos. Zeus, da sua alta morada, reinava sobre o mundo e provia as necessidades dos homens, agindo como um rei soberano.
Era o deus do raio e do trovão e foi primeiramente o deus das chuvas e das nuvens de tempestade, passando a ser responsável pela justiça. Assim, era o protetor dos necessitados, dos estrangeiros, dos fracos e desamparados, além de zelar pelos fortes. Os ventos da tempestade e as grandes vagas do mar erguiam-se ao seu comando. Zeus, o "dono da chuva", era quem garantia a fertilidade dos campos. Tinha um caráter quase universal a crença num deus que tornasse possível a fecundidade da Terra. Esse deus era dotado "de uma presciência e de uma sabedoria infinitas", bem como era responsável pelas leis morais estabelecidas por ele durante a sua passagem pela terra. Zelava pelo cumprimento das leis e fulminava aqueles que lhe eram contrários.
Os Ventos eram considerados entidades de origem divina, filhos dos deuses. Seu rei era Éolo, que os prendia dentro de uma caverna. Apesar de ser um deus, Éolo não tinha o direito de desencadear uma tempestade, sem o consentimento de Zeus, nem de fazer os Ventos voltarem à sua morada. Ísis é a personificação feminina do Divino. A grande deusa responsável pela agricultura, pela navegação, pelos ventos, rios, mar e por outras coisas mais. Era grande curandeira e feiticeira, podendo libertar os que estivessem presos.
Seu culto era realizado no início da primavera, quando cessavam as tempestades. Apuleio registrou na sua obra O Asno de Ouro: "O dia que nascerá desta noite foi sempre em todos os tempos, por um piedoso costume,colocado sob a invocação do meu nome. Nesse dia, acalmam-se as tempestades de inverno, não tem mais vagalhões o mar, nem tempestades, torna-se o oceano navegável". Essas são as palavras de Ísis a Lúcio, quando, em sonho, ela se manifestou a ele e o início nos seus mistérios. Daí que a admiração dos discípulos de Jesus era bastante natural, porque ele realizava obras dos dois principais deuses da época: Zeus e Ísis.
Além do mais, Jesus revelava uma lei moral superior à dos referidos deuses. Assim, aqueles que conheciam bem os deuses pagãos ficavam admirados e perguntavam: "Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?". Marcos responde a essa pergunta no início de seu evangelho, ao considerar Jesus Cristo como Filho de Deus. As pessoas comuns não poderiam compreender e aceitar que um homem tivesse o poder sobre a natureza, uma vez que esse poder pertencia a alguns deuses. Somente o Filho de Deus poderia realizar tais obras.
Não podemos esquecer o seguinte: "O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus Bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: "Vinde a mim, todos vós que sofreis". (Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo, p.93). A Doutrina Espírita nos explica que o feito de Jesus não tem nada de sobrenatural. Como Espírito Superior, ele conhecia os fenômenos naturais e atmosféricos. Sabendo que esses fenômenos "são dirigidos por seres inteligentes encarregados das manifestações da Natureza".
Ele se dirigiu "aos Espíritos que agitavam a atmosfera e encapelavam as águas", e a tempestade foi acalmada (Cairbar Schutel, Parábolas e Ensinos de Jesus, p.168). Um outro aspecto importante é a tempestade como um índice de tempo, indicando o final do inverno e a proximidade da primavera. Segundo autora espiritual Amélia Rodrigues: "O mês de Kislev, portador das tempestades, é também o mensageiro da fartura, carreador dos ventos perfumados e leves". (Divaldo Franco, Primícias do Reino, p.137).
Kislev (também kisleu e quisleu) era o nono mês do calendário hebreu, correspondendo aos meses de novembro-dezembro do calendário moderno. Era o mês da estação da semeadura e da festa da Dedicação. É interessante notar que, no Evangelho de Marcos, a passagem da tempestade acalmada vem logo após a "Parábola do Semeador", a "Parábola da semente que germina por si só" e a "Parábola do grão de mostarda". Seria uma alusão à semeadura? O semeador saiu a semear.. Após passar pelas aldeias da Galiléia, Jesus se dirigiu para o outro lado do lago.
No Antigo Egito, como em outras regiões, o ano novo significava um novo ciclo agrícola com o início da estação de cultivo. O ano novo começava na primavera, quando eram realizados os festivais dedicados aos mistérios da criação. A relação entre a fertilidade agrícola e os mortos era bastante comum. Os mortos protegiam as sementes lançadas na terra. "Semelhantes às sementes enterradas na matriz telúrica, os mortos esperam o seu regresso à vida sob uma nova forma" (Eliade, M. Tratado de História das Religiões, p.283). No ano novo acontecia uma regeneração da sociedade e do tempo com a regeneração "da força ativa da vegetação".
No fim do ano velho e no início do ano novo, ocorriam purificações, iniciações nos mistérios relativos à deusa Deméter (a Legisladora), expulsão dos demônios e do mal da cidade; procissões de mascarados representavam os mortos, que eram recepcionados, festejados e encaminhados para fora da cidade. Na Grécia, durante a realização dos Mistérios de Elêusis, porcos eram sacrificados às deusas gregas Deméter, da agricultura, e sua filha Perséfone, rainha do reino dos mortos. Em algumas regiões, alguém podia servir de "bode expiatório", sendo espancado e depois expulso da cidade.
Ademar Trindade Cruz - Jornal Espírita, fevereiro/04.
Depois da tempestade vem a bonança
Restos de uma embarcação do século I encontrada próxima às margens do Lago de Genesaré.
É possível que seja o tipo de embarcação utilizada por pescadores nos tempos de Jesus.
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas narram uma passagem que ficou conhecida como "A tempestade acalmada". Para mantermos fidelidade à narrativa, transcrevemos o trecho do evangelho segundo Lucas, capítulo 8, versículos 22 a 25:
"Num daqueles dias Ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse Ele: 'Passemos à outra margem do lago'. E eles partiram. Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo. Aproximaram-se Dele então e o despertaram com este grito: 'Mestre, Mestre! nós estamos perecendo!'. Levantou-se Ele e ordenou aos ventos e à fúria das águas que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança. Perguntou-lhes, então: 'Onde está a vossa fé?'. Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: 'Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?'.
Essa passagem, como todas as demais narradas nos evangelhos, embora se refira a um fenômeno de ordem material, apresenta valiosos ensinamentos quando buscamos analisar seu sentido moral e espiritual. É o que faremos a seguir.
Num daqueles dias Ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse Ele: 'Passemos à outra margem do lago'. E eles partiram.
Jesus sempre preside nossas ações, quando voltadas para a prática do bem. No caso dessa passagem, Ele e os discípulos se dirigiam a outro vilarejo às margens do Lago para que Jesus pudesse levar Seus ensinamentos e Suas bençãos à outras pessoas. Isso nos ensina que sempre poderemos contar com a assistência espiritual superior quando nos propomos a estender o bem ao próximo e que essa oportunidade nos é concedida sempre pelo Alto. Dependerá, portanto, de nós mesmos, aproveitá-la ou não.
Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo.
Se Jesus realmente adormeceu ou não, é fato irrelevante. O que importa é o sentido oculto desse fato. Jesus adormecer significa que, após ter encaminhado os discípulos para a travessia do Lago e eles terem concordado, o Mestre os deixa por sua própria conta, já que eram eles que comandavam a embarcação. Que sentido maravilhoso! O Mestre nos concede a oportunidade e nos deixa à vontade para conduzirmos nossa existência (no caso, representada, figuradamente, pela barca no mar alto), respeitando nosso livre-arbítrio, deixando-nos à vontade para nossas escolhas e decisões. Ele não nos abandona; o controle material é nosso mas o controle espiritual é Dele. Apenas nos deixa a tarefa que nos cabe, mesmo sabendo que as 'tempestades' virão.
Aproximaram-se Dele então e o despertaram com este grito: 'Mestre, Mestre! nós estamos perecendo!'
Sem dúvida, só nos lembramos de recorrer à proteção divina quando estamos atravessando momentos de perigo ou de intensas aflições, no caso, representadas pela tempestade e pela forte ventania. Ainda alimentados pela ilusão do privilégio pessoal, gritamos por Jesus, fazendo "barulho" através de preces desesperadas e descontroladas, esperando, com essas atitudes, que Ele nos ouça. Fazemos questão de destacar que estamos sofrendo intensamente, que nossa dor é a mais importante, para que Ele logo nos atenda...
Levantou-se Ele e ordenou aos ventos e à fúria das águas que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança.
Mesmo sabendo da nossa falta de confiança, Jesus não deixa de nos atender. E somente Ele possui poder para mobilizar todos os recursos necessários, materiais e espirituais, para acalmar nosso sofrimento. Nada acontece sem a permissão divina, assim como nenhum Espírito Benfeitor poderá atuar a nosso favor se não tiver a intercessão e a concessão de Jesus. Esse fato também nos ensina de que não adianta recorrermos às intercessões humanas, já que todos temos nossa tempestade individual a vencer.
Perguntou-lhes, então: 'Onde está a vossa fé?'.
Após a intensidade de nossas aflições se amenizar, é que nos damos conta de que nos faltou confiança. Mais calmos e equilibrados, verificamos que não ficamos sem a assistência divina; envergonhados e admirados, nos conscientizamos de que faltou fé. Não somente fé na providência divina mas também fé em nós mesmos. É o momento de saber se estamos colocando nossa fé mais nos homens do que em Jesus.
Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: 'Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?'.
No tempo em que esse fato aconteceu, Jesus ainda era um grande enigma para os discípulos. Conviviam há pouco tempo com Ele; ainda não sabiam exatamente quem Ele era, qual o seu objetivo, qual a sua evolução espiritual. Infelizmente, isso ainda acontece. Ficamos admirados quando as nuvens de dores passam e a tranquilidade retorna em nossa vida, maravilhados com o imenso poder divino... Jesus ainda é desconhecido para a Humanidade... Mas Ele nos conhece e sabe o quanto nos falta aprender em matéria de fé e confiança...
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Durante as tempestades e ventanias que sacodem nossa vida, quando achamos que não iremos aguentar, que estamos navegando sem direção, sem saber o que fazer, lembremo-nos dessa pergunta de Jesus - 'Onde está a vossa fé?' . Guardemos a certeza de que, nas tempestades da vida, nossa existência não é "um barquinho remando sem remo e sem luz". Temos e podemos contar sempre com a proteção de Jesus!
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