segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Ninguém se retira



“Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? tu tens as palavras da vida eterna.” – (João, 6:68.)
A medida que o Mestre revelava novas características de sua doutrina de amor, os seguidores, então numerosos, penetravam mais vastos círculos no domínio da responsabilidade.
Muitos deles, em razão disso, receosos do dever que lhes caberia, afastaram-se, discretos, do cenáculo acolhedor de Cafarnaum.
O Cristo, entretanto, consciente das obrigações de ordem divina, longe de violar os princípios da liberdade, reuniu a pequena assembléia que restava e interrogou aos discípulos:
– Também vós quereis retirar-vos?
Foi nessa circunstância que Pedro emitiu a resposta sábia, para sempre gravada no edifício cristão.
Realmente, quem começa o serviço de espiritualidade superior com Jesus jamais sentirá emoções idênticas, a distância dEle. A sublime experiência, por vezes, pode ser interrompida, mas nunca aniquilada. Compelido em várias ocasiões por impositivos da zona física, o companheiro do Evangelho sofrerá acidentes espirituais submetendo-se a ligeiro estacionamento, contudo, não perderá definitivamente o caminho.
Quem comunga efetivamente no banquete da revelação cristã, em tempo algum olvidará o Mestre amoroso que lhe endereçou o convite.
Por este motivo, Simão Pedro perguntou com muita propriedade:
Senhor, para quem iremos nós?
É que o mundo permanece repleto de filósofos, cientistas e reformadores de toda espécie, sem dúvida respeitáveis pelas concepções humanas avançadas de que se fazem pregoeiros; na maioria das situações, todavia, não passam de meros expositores de palavras transitórias, com reflexos em experiências efêmeras. Cristo, porém, é o Salvador das almas e o Mestre dos corações e, com Ele, encontramos os roteiros da vida eterna.


Palavras da Vida Eterna


“Tu tens as palavras da vida eterna.” — Simão Pedro.
(João, capítulo 6, versículo 68.)

Rodeiam-te as palavras, em todas as fases da luta e em todos os ângulos do caminho:
- Frases respeitáveis que se referem aos teus deveres.
- Verbo amigo trazido por dedicações que te reanimam e consolam.
- Opiniões acerca de assuntos que te não dizem respeito.
- Sugestões de variadas origens.
- Preleções valiosas.
- Discursos vazios que os teus ouvidos lançam ao vento.

Palavras faladas... palavras escritas...
Dentre as expressões verbalistas articuladas ou silenciosas, junto das quais a tua mente se desenvolve, encontrarás, porém, as palavras da vida eterna.

Guarda teu coração à escuta.
Nascem do amor insondável do Cristo, como a água pura do seio imenso da Terra.
Muitas vezes te manténs despercebido e não lhes assinalas o aviso, o cântico, a lição e a beleza.
Vigia no mundo, isolado de ti mesmo, para que lhes não percas o sabor e a claridade.
- Exortam-te a considerar a grandeza de Deus e a viver de conformidade com as Suas Leis.
- Referem-se ao Planeta como sendo nosso lar e à Humanidade como sendo a nossa família.
- Revelam no amor o laço que nos une a todos.
- Indicam no trabalho o nosso roteiro de evolução e aperfeiçoamento.
- Descerram os horizontes divinos da vida e ensinam-nos a levantar os olhos para o mais alto e para o mais além.

Palavras, palavras, palavras..

Esquece aquelas que te incitam à inutilidade, aproveita quantas te mostram as obrigações justas e te ensinam a engrandecer a existência, mas não olvides as frases que te acordam para a luz e para o bem; elas podem penetrar o nosso coração, através de um amigo, de uma carta, de uma página ou de um livro, mas, no fundo, procedem sempre de Jesus, o Divino Amigo das Criaturas.
Retém contigo as palavras da vida eterna, porque são as santificadoras do espírito, na experiência de cada dia, e, sobretudo, o nosso seguro apoio mental nas horas difíceis das grandes renovações.

EMMANUEL
(Fonte Viva, 59, FCXavier, FEB)

O diabo



“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós, os doze? e um de vós é diabo.” – (João, 6:70.)

Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominando num inferno sem-fim.
Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas...
Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sombrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.
Daí concluirmos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade.
Satanás simbolizará então a força contrária ao bem.
Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior.
Grandes multidões mergulham em desesperanças seculares, porque não conseguiram ainda identificar semelhante verdade.
E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar: – “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?”

Do livro Pão Nosso - Emmanuel

LIÇÃO VIVA



Emmanuel

“Duro é este discurso; quem o pode ouvir”?
(JOÃO, 6:60.)

O Cristianismo é a suprema religião da Verdade e do Amor, convocando corações para a vida mais alta.
Em vista da religião traduzir religamento, é primordial voltarmo-nos para DEUS, tornarmos ao campo da Divindade.
Jesus apresentou a sua plataforma de princípios imortais. Rasgou os caminhos. Não enganou a ninguém, relativamente às dificuldades e obstáculos.
É necessário, esclareceu o Senhor, negarmos a vaidade própria, arrependermo-nos de nossos erros e convertermo-nos ao bem.
O Evangelista assinalou a observação de muitos dos discípulos: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir”?
Sim, efetivamente é indispensável romper com as alianças da queda e assinar o pacto da redenção. É imprescindível seguir nos caminhos d’Aquele que é a luz de nossa vida.
Para isso, as palavras brilhantes e os artifícios intelectuais não bastam. o problema é de “quem pode ouvir” a divina mensagem, compreendendo-a com o cristo e seguindo-lhe os passos.

Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


O PÃO DA VIDA – PARTE V - DESFECHO

João, 6:59-71

59. Estas coisas disse ele, ensinando na sinagoga de Cafarnaum.
60. Ouvindo isso, muitos de seus discípulos disseram: "Difícil é esse ensino, quem pode entendê-lo"? 
61. Mas sabendo Jesus em si mesmo que seus discípulos murmuravam disso, disse-lhes: "isso vos escandaliza?
62. Então se vísseis o filho do homem subir aonde estava antes! ...
63. O espírito é o que vivifica; a carne não aproveita nada: as palavras que eu vos disse são espírito e são vida.
64. Mas alguns há entre vós que não confiam". Pois Jesus conhecia desde o princípio os que não  confiavam, e quem o havia de entregar.
65. E falou: "Por isso eu vos disse, que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai não lhe for concedido".
66. Desde aí muitos de seus discípulos andaram para trás, e não andavam mais com ele.
67. Perguntou, então, Jesus aos doze: "Não quereis vós também retirar-vos"?
68. Respondeu-lhe Simão Pedro: "Senhor, para quem iremos? Tu tens palavras de vida imanente, 
69. e nós confiamos, e sabemos que tu és o santo de Deus".
70. Replicou-lhes Jesus: "Não vos escolhi eu a vós, os doze? E no entanto um de vós é adversário".
71. Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, um dos doze, porque era ele quem o havia de entregar.


59. A "sinagoga" de Cafarnaum era, provavelmente, a construída pelo centurião (Luc. 7:5), de quem Jesus curou o servo.
60. A frase "esse ensino é difícil" corresponde ao original skleròs estin hoútos ho lógos, literalmente:  "é duro esse ensino". Muito maior precisão existe na tradução de lógos por "ensino", que por "palavra". O sentido pode ser um e outro. O verbo "entender" nós o traduzimos de akoueín, que à letra é "ouvir".
61. Transliteramos skandalízei por "escandaliza", pois o sentido é precisamente esse, e a tradução ad sensum "tropeça" constituiria aqui impropriedade lógica.
62. "Subir" traduz anabaínô, que se opõe a katabaínô, vers , 33, 38, 42 e 58. "Onde estava primeiro" (hopou hên tò próteron), ou seja, regressou ao lugar onde primitivamente residia. Geralmente interpretado em relação a "ascensão".
63. O espírito (tò pneúma) é (esti) que vivifica (tò zôopoioún) ou seja, "produz vida"; a carne (he sárx) não aproveita nada (ouk ôpheleí oudén). "As palavras (tá rêmata não ho lógos) são espírito e são
vida” (pneúma esti kai zôê estin).
64. O verbo paradídômi, aqui no particípio futuro (só usado três vezes nos Evangelhos, aqui, em Luc. 22:49 e Mat. 27:49) significa literalmente "entregar", e só por extensão "trair". Parece-nos que Jesus se referia ao ato expresso da "entrega" que Judas Dele fez aos homens do Sinédrio.
65. "Não lhe for concedido", literalmente "não lhe for dado" (eàn mê hê de doménon autôi), expressão mais branda do que a do vers. 44, q. v.
66. "muitos de seus discípulos andaram para trás", literalmente, no original, polloí apêlthon tôn mathet
ôn autón eis tà opisô.
67. "aos doze", expressão usada aqui por João pela primeira vez.
68. "palavras de Vida Imanente", rêmata zôês aiôniou.
69. “O santo de Deus", ho hágios toú theoú, segundo os manuscritos Aleph, E, C*, L, D, W; melhor que "o Cristo, o Filho de Deus", segundo outros mss.
70. "Adversário", em grego diábolos (veja vol. 1).
71. O original traz Ioúdan, Símônos Iskariôtou e não Judas Iscariotes, filho de Simão. O nome do pai é
que se agregou como cognome do filho.


Terminada a "Aula de Sapiência", o evangelista dá conta do que se passou a seguir, relatando as  reações dos discípulos e dos doze, sem mais falar dos outros ouvintes.

59. Em primeiro lugar anota que "Jesus deu esse ensino na sinagoga de Cafarnaum", salientando o ambiente fechado e mais escolhido em que falou, como se quisesse sublinhar que não foi ao ar livre, de público.
60. Terminado o discurso, provavelmente já fora da sinagoga, formaram-se os grupos dos mais  chegados - os doze com os discípulos que habitualmente acompanhavam Jesus em suas pregações pelas aldeias - e passaram a comentar o que tinham ouvido. Alguns dos discípulos acharam os conceitos emitidos demais "duros", difíceis de ser entendidos pela razão, e portanto, inaceitáveis.
61. Já aqui, nesta roda mais íntima, ainda manifestando o Cristo, pergunta Jesus se o ensino ministrado os "escandalizou", isto é, se lhes foi uma "pedra de tropeço" no caminho evolutivo.
62. E numa exclamação que sobe de gradação quanto à pergunta anterior, diz com simplicidade: "se então visseis o filho do homem subir aonde estavas antes"! ... E nada mais. Há controvérsias sobre essa frase, querendo alguns se refira à crucificação. Mas quando Jesus fala da "suspensão" na cruz, usa o verbo hupsôthenai (ser suspenso, João, 3:14 e 12:32-34), e não, como aqui, anabaínein (subir). Além disso, na crucificação Jesus não "voltou ao lugar em que estava antes". A segunda interpretação, preferida pela maioria, diz que a frase se refere ao ato da "ascensão", afirmando que esse ato constituiria a prova de que a carne que Jesus daria a comer, não era a material, do corpo denso, mas a "espiritual" ("pneumática", cfr. 1 Cor. 15:40); então, quando eles vissem a ascensão, compreenderiam o ensino, que agora lhes parecia difícil.
Ambas as interpretações são fracas, diante da sublimidade da revelação feita. Entendemos a frase como uma confissão dos êxtases de Jesus (o Filho do homem), quando tinha os Contatos com o Pai. Daí Jesus retirar-se sempre Só, para orar, a fim de poder ter Seus Encontros Místicos sem testemunhas. 
Uma única vez, sabemos que os três mais evoluídos (Pedro, Tiago e João) assistiram à "Transfigura ção" que, no entanto, só foi revelada muito mais tarde, após a "ressurreição" (cfr. Mat. 17:19). E tratou-se apenas de uma elevação ao plano mental, e não de um êxtase (samadhi) de Esponsalício Místico na união com o Pai. Se nessa elevação, ao encontrar os Espíritos de Moisés e de Elias, a apar ência externa de Jesus foi tão maravilhosa, qual não seria a apresentada numa unificação com o Pai?

Nesse sentido, a frase de Jesus adquire valor pleno e real: vocês se escandalizam com o que o digo ... se então vissem a realização prática do que ensinei, vivida pelo Filho do Homem, pela personalidade de Jesus, que diriam? Porque nesses momentos de união, Ele subia à Divindade, à qual antes vivia permanentemente ligado.
63. E logo dá a chave para confirmar que nada do que disse se refere à carne física, à personalidade, mesmo após a desencarnação. Não se trata de "corpo", seja ele denso ou astral. A explicação é taxativa: "o que vivifica , é o Espírito, a carne não aproveita nada". Então, o Pão Vivo é o ESPÍRITO; Sua carne é o ESPÍRITO; o que temos que comer e saborear e beber é o ESPÍRITO. A carne para nada aproveita, de nada serve: é simples condensação transitória da energia, a qual, por sua vez, é o baixamento das vibrações do Espírito. Tudo o que o Cristo falou, "todas as palavras que eu vos disse", nesta aula (e também em qualquer outra ocasião), "são Espírito e são Vida", com o verbo repetido para evitar ambiguidade e más interpretações. Portanto, NÃO PODEM ser interpretadas à letra, mas só "em Espírito Verdadeiro" (cfr, João, 4:24), no plano espiritual místico mais elevado.
Não são, também. símbolos: constituem a mais concreta realidade, porque estão no plano da única realidade verdadeira: DEUS.

Então, é neste versículo que Jesus explica como devemos interpretar suas palavras neste e em qualquer outro ensinamento. Por que prendê-las a letra física, entendendo que Ele falou da carne material, embora "espiritualizada" depois do desencarne? Por que rebaixar o tom, o nível de Verdades tão sublimes, para atribuí-las a um rito - esse sim, simbólico? Conceito magnífico que jamais devemos
perder de vista: "O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita: as palavras, que eu vos disse, são Espírito e são Vida"!
64. E termina: "mas há alguns dentre vós que não confiam". E o evangelista comenta: "desde o  princípio Jesus conhecia os que não confiavam Nele, e inclusive quem O havia de entregar ao Sinédrio". Com a penetração psicológica própria de Seu nível evolutivo, Jesus percebia a vibração tô- nica fundamental de cada um, e portanto SABIA os que não estavam suficientemente amadurecidos para acompanhá-Lo.
65. É isso mesmo o que explica o Cristo: "essa foi a razão pela qual já vos disse, que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai, lhe não for concedido" Realmente, só pela "atração" (ou impulso interior) do Pai que em cada um reside, é que conseguimos evoluir até o Encontro com o Cristo. Se não respondermos ao apelo de Amor, como esse que o Cristo fez por intermédio de Jesus (e nos faz a nós mesmos diariamente) então, pior ainda, "andaremos para trás".

66. Realmente ocorreu: "muitos de Seus discípulos andaram para trás e não andavam mais com Ele". Fica estranha a tradução literal que fizemos, em lugar da tradução comum que vem sendo feita há séculos: "afastaram-se". Mas o sentido profundo em que entendemos o ensino do Cristo requer exatamente essa expressão "andaram para trás", isto é, regrediram espiritualmente, deixaram de estar em companhia do Cristo, para voltar a seguir "doutrinas de homens" (João, 5:41), ou, como é dito mais fortemente nos Provérbios (26:11): "Como o cão que volta ao seu vômito, assim é o tolo que rei0tera sua estultice", provérbio citado por Pedro (2 Pe. 2:21-22): "Melhor lhes fora não ter conhecido o caminho da Justiça, do que, depois de conhecê-lo, desviar-se do santo mandamento que lhes fora dado. Tem-lhes sucedido o que diz o verdadeiro provérbio: voltou o cão ao seu vômito; e a porca lavada tornou a revolver-se no lamaçal".
67. Diante dessa roação decepcionante para o Mestre, que sabia o que ensinava, o Cristo se volta para os doze escolhidos, indagando se também eles queriam retirar-se.


A quem incumbe a tarefa de instruir, não importa o número de seguidores nem os aplausos vazios. Quando mais elevado é o ensino, ele sabe que menos criaturas poderão compreendê-lo e acompanhá-lo, e não se assusta de ver periodicamente seu “grupo de estudos" esvaziar-se de muitos  elementos, e chegarem outros para substituí-los. Desses outros, ele já o sabe, muitos também se retirarão. E no fim da carreira, talvez ele tenha apenas um "pequeno pugilo" um "pequeno rebanho" (cfr. Luc. 12:32) em redor de si. Não importa. O que sobretudo importa é não trair o recado que traz para a humanidade. Aqueles que são trazidos pelo Pai, esses virão a ele. Os outros, que chegam motu proprio, por curiosidade; ou por ambição de conseguir "poderes"; ou pela vaidade de dizer-se seguidor ou amigo do pregador.
Tal, que é apreciado e admirado pela multidão; ou em busca de favores espirituais; ou, pior ainda, de   posições materiais, todos esses se retiram mais cedo ou mais tarde, desiludidos de não encontrar o que buscavam, ou então "escandalizados", quer com o ensino da verdade, quer, outras vezes, com a prática da verdade.
68-69 Pedro, sempre temperamental, o mais velho ao que parece do grupo dos doze, e porta-voz deles, designado mais tarde para ser "monitor" dos discípulos, toma a palavra num rasgo de confiança absoluta: "para quem iremos"? E a razão dessa atitude: "tens palavras de Vida Imanente", ou seja, em Tuas palavras encontramos realmente o segredo da Vida Divina em nós (prova de que havia bem compreendido o sentido profundo dado por Cristo, de que lhe havia ouvido o apelo, e que o Cristo Interno despertara em seu coração, com as palavras ouvidas através da boca de Jesus). E continua: "nós confiamos e sabemos que tu és o Santo de Deus", isto é, o Eleito de Deus, o Messias (cfr. Mat. 1:24 e João, 10:36). Pedro falava em nome de todos os doze, como representante dos emissários escolhidos por Jesus.

70. No entanto, o Cristo chama sua atenção, dizendo-lhe que as palavras de confiança que proferira, não correspondiam ao pensamento de "todos". Sim, "Ele escolhera os doze". Mas, não obstante, um deles Lhe era adversário. Adversário no sentido real: tinha uma "diferença" com seu Mestre. 
Talvez mais tarde saibamos a razão dessa "diferença". Mas o fato é que esse - chamemo-lo por enquanto de "ciúme" - fez que Judas o entregasse ao Sinédrio, revelando à soldadesca o local em que se encontrava, para que fosse preso às escondidas, evitando barulho do povo que O admirava.
Se Jesus encontrou entre os Seus escolhidos um adversário que O entregou aos inimigos que O mataram, por que queixar-nos de encontrar entre os que frequentam nossas rodas espirituais "adversários" muito mais mansos, que se limitam a falar contra nós, por interpretar mal nossas palavras ou nossos atos, ou, quando muito, a caluniar-nos? Agradeçamos ainda que sofremos tão pouco! Especialmente porque ainda temos a consolação de que nós não escolhemos nossos seguidores, fato que causou ainda mais profunda tristeza em Jesus.

71. O evangelista conclui o capítulo explicando que Jesus se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes,
o único dos doze que não era ga1ileu.











domingo, 9 de dezembro de 2012

Servir a Deus e a Mamon




INTRODUÇÃO.
Jesus nos deixou orientações para todos os setores da nossa vida, para que pudéssemos nos conduzir nesta caminhada evolutiva na terra, e com os esclarecimentos da doutrina, essas orientações se ampliam ainda mais.Neste capitulo Servir a Deus e a Mamon, fala sobre bens materiais. Jesus utilizou varias parábolas para exemplificar. O bom uso e o mau uso do dinheiro, o apego excessivo ao material, a utilidade da riqueza, as desigualdades, etc.
 PERGUNTAS AOS ESPÍRITOS
“712. Com que fim Deus fez atrativos os gozos dos bens materiais? 
— Para instigar o homem ao cumprimento da sua missão e também para prová-lo na tentação. 
712-a. Qual o objetivo dessa tentação? 
— Desenvolver a razão que deve preservá-lo dos excessos. 

Deus na sua infinita sabedoria colocou o atrativo do prazer na posse e no uso dos bens materiais, para estimularmos ao cumprimento da nossa missão. Para que o planeta possa evoluir é necessário que os seus habitantes se esforcem intelectualmente e fisicamente para progredir e também Deus quis prová-lo pela tentação, que o arrasta ao abuso, do qual a sua razão deve se esforçar para livrá-lo.

AS PARÁBOLAS
Salvação dos rico 
Quando Jesus disse ao jovem: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”.
Esclarecimento:
Ele não quis dizer que devemos nos livrar de tudo o que temos para entrar no reino de Deus. Foi para exemplificar que podemos ser honestos, não fazer mal a ninguém, não maldizer o próximo, não ser inconseqüente nem orgulhoso, respeitar seus pais e, ainda assim, não ter a verdadeira caridade, porque sua virtude não vai até o desapego dos bens materiais. Em outras palavras, que fora da caridade não há salvação.

Guardai-vos da Avareza: 
Um homem pede a Jesus que faça com que seu irmão divida seus bens com ele. Jesus diz a ele que não era sua função, e conta-lhe uma parábola. O campo de um homem rico tinha dado abundantes frutos e teve a idéia de fazer celeiros maiores para armazenar para que tivesse provisões para muitos anos, Jesus diz: Homem bobo que a morte pode vir buscá-lo e para quem ficará tudo isso que juntou?
Entendimento:
Duas lições:
• É comum as pessoas aproximarem-se do espiritismo para que os espíritos ofereçam soluções para seus problemas, favorecendo facilidades e privilégios. E não é esse o objetivo da doutrina.
• Quem amontoa coisas com certeza perderá pelo excesso ou irá se prender a eles, mas um dia, a vida o obrigará a deixar tudo o que acumulou. 

Jesus em casa de Zaqueu: 
Para escândalo de todos, principalmente de seus discípulos, ao chegar a Jericó, Jesus oferece-se para se hospedar em casa de Zaqueu, homem rico e ainda publicano; dois motivos bastante fortes para que o cobrador de impostos fosse o último dos habitantes daquele lugar onde Jesus se hospedaria, segundo entendimento da época. Pensava-se que os possuidores de bens materiais estavam irremediavelmente condenados ao sofrimento eterno, devido ao apego à matéria, considerada a fonte do mal. 
Mas Ele foi muito bem recebido por Zaqueu, que, feliz, após expor os benefícios que a sua fortuna proporcionava a várias famílias da região, propôs-se a distribuir parte de seus recursos financeiros e a ressarcir generosamente a aqueles que porventura houvesse prejudicado.
Esclarecimento
Allan Kardec afirma que “a riqueza é, sem dúvida, uma prova mais arriscada, mais perigosa que a miséria, em virtude das excitações e das tentações que oferece, da fascinação que exerce. É o supremo excitante do orgulho, o egoísmo e da vida sensual”.
A riqueza não é, em si, boa ou má. Mau, é o homem que dela abusa. A riqueza bem aproveitada traz muitos benefícios, gera empregos a muitas pessoas, realiza muitas obras para a melhoria do nosso planeta, Todo esse trabalho exige pesquisa, que desenvolve a inteligência, expande a capacidade humana de resolver problemas. Sem dúvida, é poderoso elemento de progresso. Por isso, cabe ao homem extrair dela todo o bem possível. 

Parábolas do talento: 
Essa é mais conhecida, um senhor vai viajar entrega dinheiro a cada um dos seus servos, para que cada um dispusesse da forma que bem entendesse, mas quando chegasse, eles deveriam prestar contas do que tinha feito com o que receberam, dois deles devolveram mais do que haviam recebido, demonstrando assim, que empregaram bem o dinheiro, e o outro por medo de perder, enterrou o dinheiro, e o senhor, não se mostrou nada satisfeito com mau uso empregado do seu dinheiro.
Entendimento
As aptidões e virtudes que se temos são os nossos talentos, são ferramentas com as quais devemos trabalhar para o nosso próprio bem e o bem geral de todos.
Todos possuem talentos para alguma coisa, para as artes, para a administração, para o esporte, para o comércio, para a política, para a religiosidade, para o ensino ou outros ramos quaisquer das atividades humanas. São todas ferramentas que, se bem utilizadas, multiplicam-se, em nós.
Produzem em âmbito geral: elevação de sentimentos nas artes, disciplina na administração, estímulos no esporte, fartura no comércio, justiça na política, elevação espiritual na religiosidade e capacitação no ensino. 
Por isso não devemos enterrar os talentos que recebemos, por medo, por preguiça, temos que colocá-los em pratica, para assim progredirmos, e melhorarmos ainda mais o que recebemos, e isso só conseguindo, através de esforços e muito trabalho.

“Disse-lhes o Senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei.”
Desse modo, considerando que pela Lei da Reencarnação o ser sempre progride, os ricos de hoje poderão receber no futuro novas incumbências de realizações que necessitem administradores experientes, bem assim, os que falharam em suas provas poderão ser convidados a se submeterem a novo estágio, renascendo como aprendizes, administrando poucos recursos que lhes serão concedidos como objeto de novo aprendizado.

DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS
811-“Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas”?
“Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.” 
811-a) “Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade. Que pensais a respeito?” 
“São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.”

É impraticável, portanto, a igualdade das riquezas entre os homens. Se toda a riqueza fosse igualitariamente distribuída, todos ficariam impossibilitados de realizações em favor da coletividade e utilizariam a pequena parte que lhes pertencessem apenas para si mesmo. Esse fato anularia a possibilidade de conviver com a experiência de caridade, e de desenvolver a razão que alerta para os abusos, e também a motivação, causando o estacionamento da evolução natural tanto do homem quanto do planeta.
Além disso, em pouco tempo, as aptidões e os caracteres individuais, fariam com que essa igualdade se desfizesse. Os mais aptos, os mais trabalhadores, os mais destemidos, os empreendedores, se diferenciaria dos demais, e com certeza iriam adquirir mais.

CONCLUSÃO:
Todos nós temos conhecimento da postura materialista que domina este mundo, isso se dá devido ao atraso espiritual da maioria dos espíritos que aqui habitam. Mas para aqueles que acreditam numa vida futura melhor, como Jesus nos disse; não podemos encarar a vida da mesma forma do que todos os homens.
Os Espíritos superiores nos alerta a termos domínio sobre o mundo material e não a sermos escravos dele, como ocorre largamente.

E resumindo o que aprendemos com as parábolas:
• Ter desapego as coisas materiais, aproveitá-las para o nosso bem e de todos, pois nada é nosso, tudo, ficará aqui quando partirmos.
• Tudo que se tem em excesso, e, é mal aproveitado se perde, se estraga, isso nos exalta a caridade, doemos aquilo que temos em excesso, e que às vezes nem utilizamos mais, pode ser útil a alguém.
• Lembremos que ter não é mal, mas que devemos dar uma utilidade boa a tudo, e não nos tornarmos egoístas e avarentos.
• E não enterremos nossos talentos, por medo ou por preguiça, para que possamos quando voltar, mostrar a Deus que utilizamos o máximo o que tínhamos, para fazer nossa parte e melhorar este mundo.

“O senhor não te identificará pelos tesouros que ajuntaste, pelas bênçãos que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico. Reconhecer-te-á pelo emprego dos teus dons, pelo valor de tuas realizações e pelas obras que deixaste, em torno dos próprios pés”.

Vale colocarmos limites nos excessos materiais; vale o sacrifício; vale a disciplina; vale o esforço em participar, na educação das crianças, na dos jovens, nas causas ecológicas, na defesa dos animais, vale a pena estarmos aqui, tudo vale a pena, para nos melhorar e ajudar este mundo, a também ficar melhor.

Que Jesus ilumine todos nós.

Palestra feita no Grupo Espírita Familia Cristã - 26/05/10

Emprego da riqueza e outras mensagens


Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI



11. Não podeis servir a Deus e a Mamon. Guardai bem isso em lembrança, vós, a quem o amor do ouro domina; vós, que venderíeis a alma para possuir tesouros, porque eles permitem vos eleveis acima dos outros homens e vos proporcionam os gozos das Paixões que vos escravizam. Não; não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, pois, sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, dai-vos pressa em alijar o jugo que vos oprime, porquanto Deus, justo e severo, vos dirá: Que fizeste, ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso móvel de boas obras exclusivamente o empregaste na tua satisfação pessoal.
Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai - nestas palavras: "Amai-vos uns aos outros", a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada a sua linha de proceder. Na caridade está, para as riquezas, o emprego que mais apraz a Deus. Não nos referimos, é claro, a essa caridade fria e egoísta, que consiste em a criatura espalhar ao seu derredor o supérfluo de uma existência dourada. Referimo-nos à caridade plena de amor, que procura a desgraça e a ergue, sem a humilhar. Rico!... dá do que te sobra; faze mais: dá um pouco do que te é necessário, porquanto o de que necessitas ainda é supérfluo. Mas, dá com sabedoria. Não repilas o que se queixa, com receio de que te engane; vai às origens do mal. Alivia, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. Difunde em torno de ti, como os socorros materiais, o amor de Deus, o amor do trabalho, o amor do próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca lhes faltará e que te trará grandes lucros: a das boas obras.
A riqueza da inteligência deves utilizá-la como a do ouro. Derrama em tomo de ti os tesouros da instrução; derrama sobre teus irmãos os tesouros do teu amor e eles frutificarão. - Cheverus. (Bordéus, 1861.)
12. Quando considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante preocupação de que é para vós objeto o bem-estar material, ao passo que tão pouca importância dais ao vosso aperfeiçoamento moral, a que pouco ou nenhum tempo consagrais e que, no entanto, é o que importa para a eternidade. Dir-se-ia, diante da atividade que desenvolveis, tratar-se de uma questão do mais alto interesse para a humanidade, quando não se trata, na maioria dos casos, senão de vos pordes em condições de satisfazer a necessidades exageradas, à vaidade, ou de vos entregardes a excessos. Que de penas, de amofinações, de tormentos cada um se impõe; que de noites de insônia, para aumentar haveres muitas vezes mais que suficientes! Por cúmulo de cegueira, freqüentemente se encontram pessoas, escravizadas a penosos trabalhos pelo amor imoderado da riqueza e dos gozos que ela proporciona, a se vangloriarem de viver uma existência dita de sacrifício e de mérito - como se trabalhassem para os outros e não para si mesmas!
Insensatos! Credes, então, realmente, que vos serão levados em conta os cuidados e os esforços que despendeis movidos pelo egoísmo, pela cupidez ou pelo orgulho, enquantonegligenciais do vosso futuro, bem como dos deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos os que gozam das vantagens da vida social? Unicamente no vosso corpo haveis pensado; seu bem-estar, seus prazeres foram o objeto exclusivo da vossa solicitude egoística.
Por ele, que morre, desprezastes o vosso Espírito, que viverá sempre. Por isso mesmo, esse senhor tão animado e acariciado se tornou o vosso tirano; ele manda sobre o vosso Espírito, que se lhe constituiu escravo. Seria essa a finalidade da existência que Deus vos outorgou? - Um Espírito Protetor. (Cracóvia, l861.)

Obras Subsidiárias:
ESTUDANDO O DINHEIRO
Emmanuel
Não é a autoridade que solapa a elevação da alma . É o abuso do poder
Não é a inteligência que destila o veneno intelectual. É a maldade com que a mobilizamos.
Não é o tesouro verbalístico que abre feridas naqueles que nos ouvem. É o modo com que arremessamos o estilete da palavra.
Não é a beleza da forma que gera o fel do desencanto. É a vaidade com que malbaratamos no desequilíbrio.
Assim também não é o dinheiro que nos condena aos processos da angústia. É a nossa maneira de empregá-lo, quando nos esquecemos de facilitar a corrente do progresso, através da ação diligente na fraternidade e do devotamento ao bem, com que nos cabe colaborar no engrandecimento do trabalho e da vida.
O ouro com Jesus é bálsamo na úlcera do enfermo, é gota de leite à criança desvalida, é remédio ao doente, é agasalho aos que tremem de frio, é socorro no lar sitiado pelo infortúnio, é assistência aos braços que suplicam atividade digna, é amparo aos animais e proteção à natureza.
O cofre forte nas garras da sovinice é metal enferrujado, suscitando a penúria, mas um vintém no serviço de Jesus pode converter-se em promissora sementeira de paz e felicidade.
Não amaldiçoes o dinheiro, instrumento passivo em tuas mãos. Faze-o servir contigo, sob a inspiração do Cristo, e todas as tuas possibilidades financeiras serão valiosos talentos em teu caminho, cooperando com teu esforço, na edificação do Reino de Deus.

Livro: DINHEIRO

A RIQUEZA (ESTA HISTÓRIA USAREI COMO REFERÊNCIA PRÁTICA)
Hilário Silva

Amélia Kauper, anciã, estava em sua tapera, nos arredores de Chesapeake Bay, no interior de Maryland, quando Craig Poter, um de seus muitos sobrinhos, foi observar-lhe a situação.
-Seu tio James - dizia ela ao parente, referindo-se ao marido desencarnado - desde que se fez médium, num templo espírita, deu aos necessitados tudo quanto pôde. Não deixou dividas, mas, depois do funeral, vim a saber que a nossa própria casa se achava hipotecada e fui constrangida, por isso, a entregar todos os nossos recursos aos credores...
-A senhora está. Arruinada, tia? - perguntou o moço.
-Estou com a roupa do corpo... - esclareceu a velhinha.
E designando antigo móvel:
- Mas, graças a Deus, tenho o meu tesouro no cofre.
O rapaz, que conhecera os tios nos bons tempos, quando possuíam preciosas reservas no Texas, pensou um minuto e deliberou, de súbito, que a tia o acompanhasse.
No dia imediato, a viúva Kauper, depois de entregar enorme mala ao sobrinho, entrou no jipe, carregando pequeno baú, carinhosamente.
Então, começou para ela uma vida nova.
Craig, que possuía sitio próspero na Virgínia, chamou Edward, seu irmão mais velho, cujas terras confinavam com as dele, trocaram idéias confidencialmente e concluíram que a estreita caixa de lata de que a tia jamais se distanciava deveria conter jóias riquíssimas... E combinaram entre si guardar a anciã, cuidadosamente.
Vieram familiares de longe, disputando a convivência da Sra. Kauper, mas Craig e Edward alegavam que “tia Amélia” estava fatigada, que médicos não lhe permitiam maior esforço...
Habitualmente à noite, um ou o outro espiava a velhinha, pelo buraco da fechadura, e viam-na segurando a vela acesa, a debruçar-se sobre o baú aberto, decerto fitando, através dos óculos, aquilo a que ela chamava “minha riqueza” ou “meu tesouro”. Assim viveu, ainda por mais nove anos, requestada por toda a família e tratada com respeitosa atenção por ambos o sobrinho que a mantinham, interessados...
Quando a morte quebrou semelhante situação conduzindo a viúva Kauper na direção de vida melhor, Craig e Edward trancaram-se no quarto que ela deixara, apossando-se do cobiçado baú; no entanto, ao abri-lo apenas encontraram dentro dele um antigo exemplar do Evangelho e, sobre o ensebado volume, o seguinte bilhete que lhes era dirigido pela tia desencarnada:
-Meus filhos, Deus os recompense pela caridade para comigo, mas tomem cuidado com vida na Terra...
E com a sua longa experiência do mundo, velhinha terminava com o versículo número dez capitulo seis da Primeira Epístola do apóstolo Para Timóteo:
“... Porque a paixão pelo dinheiro é a raiz de todos os males e, nessa cobiça, alguns desviaram da fé e se traspassaram a si mesmo com muitas dores.”
união da noite 10-7-65, em Nova Iorque, NY, EUA)

Do livro Entre Irmãos de Outras Terras. Psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

DINHEIRO, O SERVIDOR

Emmanuel
"Disse-lhes o Senhor: Bem está, bom e fiel servo.
Sobre o pouco toste fiel sobre muito te colocarei.
” JESUS - MATEUS, 25: 23.

“A pobreza é para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.” - Cap.16; 8.

O dinheiro é semelhante a alavanca suscetível de ser manejada para o bem ou para o mal.
Acorrentado ao poste da avareza, produz o azinhavre da sovinice, contudo, sob a inspiração do trabalho, é o lidador fiel que assegura os frutos do milharal e as paredes da escola, a cantiga do malho e a força da usina.
Atrelado ao carro do orgulho, é o estimulante do erro, mas, na luz da fraternidade, é o obreiro da renovação incessante, enriquecendo o solo e construindo a cidade, desdobrando os fios do atendimento e garantindo os valores da educação.
Aferrolhado no cofre da ambição desvairada, é o inimigo da evolução, todavia, endereçado à cultura, é o agente do progresso, auxiliando o homem a solucionar os enigmas da enfermidade e a resolver os problemas da fome, a compreender os mecanismos da natureza e a inflamar o esplendor da civilização que analisa a terra e vasculha o firmamento.
Detido na sombra do egoísmo, é o veneno que promove a secura do sentimento, no entanto, confiado à caridade, é o amigo prestimoso que desabotoa rosas de alegria no espinheiral da provação, alimentando pequeninos desamparados e sustentando mães esquecidas, levantando almas abatidas que o Infortúnio alanceia e Iluminando lares desditosos que a necessidade escurece.
Dinheiro! Repara o dinheiro! Dizem que ele é o responsável pelo transeunte que a embriaguez atira à calçada, pelo delinqüente escondido nas aventuras da noite, pelo irmão infeliz que anestesiou a consciência na cocaína e pela mão insensível que matou a criancinha no claustro materno, entretanto, por trás da garrafa e da arma delituosa, tanto quanto na retaguarda do entorpecente e do aborto, permanece a Inteligência humana, que escraviza a moeda à criminalidade e à loucura.
Contempla o dinheiro, pensando no suor e no sangue, na vigília e na aflição de todos aqueles que choraram e sofreram para ganhá-lo e vê-lo-ás por servidor da felicidade e do aprimoramento do mundo, a rogar em silêncio para que lhe ensines a realizar o bem que lhe cabe fazer.
Extraído do livro " O Livro da Esperança"

TOQUES DO DINHEIRO

A fortuna que eu conheço
Sem perigo que a degrade
É a que se entrega sem preço
Ao campo da caridade.

Lopes Filho


Finança que se arrecade
Nas melhores diretrizes
Não compra a felicidade
Mas socorre aos infelizes.

Jésus Gonçalves

Nas provações que trouxeste,
Lembra este aviso profundo:
Dinheiro na vida é um teste
Dos mais difíceis do mundo.

Lobo da Costa

O ouro é um poder violento
E, às vezes, mau companheiro...
Há muito arrependimento
Que se adquire a dinheiro.

Lulú Parola


Não busques o ouro de um salto,
Olha a estrada em que te levas.
Há ouro que vem do Alto
E há ouro que vem das trevas.

Cassimiro Cunha

Nunca te dês a paixão
Por vida forra e opulenta,
A fortuna é concessão
Com que Deus te experimenta.

Lucano Reis


Riqueza com luxo perto,
Sem serviço meritório.
Às vezes, é o meio certo
De viver em sanatório.

Quintino Cunha



Bendito seja o dinheiro,
Desde bilhões ao vintém,
Nas mãos fraternas que passam
Gerando a força do bem.

Oscar Batista

Riqueza até a medula?
Larga a mão disso, rapza!...
Onde o ouro se acumula
A provação vem atrás/

Jair Presente


Fortuna que não se engrila,
Qual força que não se arrasa,
É a consciência tranquila
E a paz por dentro de casa.

Cornélio Pires


À herança o moço se agarra,
Não tinha nada de seu;
Teve a grana, veio a farra,
Em seguida, enlouqueceu...

Augusto Cézar


Livro Rumos da Vida

DIANTE DE DEUS E DE CÉSAR

Emmanuel

Em nosso relacionamento habitual com César – simbolizando o governo político – não nos esqueçamos de que o mundo é de Deus e não de César, a fim de que não sejamos parasitas na organização social em que fomos chamados a viver.
Muitos se acreditam plenamente exonerados de quaisquer obrigações para com o poder administrativo da Terra, simplesmente porque, certo dia, pagaram à máquina governamental que os dirige os impostos de estilo, exigindo-lhes em troca serviços sacrificiais por longo tempo.
É justo não olvidar que somos de Deus e não de César e que César não dispõe de meios para substituir junto de nós a assistência de Deus.
Por isso mesmo, a Lei, expressando as determinações do Alto, conta com a nossa participação constante no bem, se nos propomos alcançar a vitória com progresso real.
Examinando o assunto nestes termos, ouçamos a voz do Senhor que nos fala na acústica da própria consciência e procuremos a execução de nossos deveres sem esperar que César nos visite com exigências ou aguilhões.
O trabalho é regulamento da vida e cultivemo-lo com diligência, utilizando os recursos de que dispomos na consolidação do melhor para todos os que nos cercam.
Auxiliar aos outros é recomendação do Céu e em razão disso, auxiliemos sempre, seja amparando a um companheiro infeliz, protegendo uma fonte ameaçada pela secura ou plantando uma árvore benfeitora que amanhã falará por nós à margem do caminho.
Todos prestaremos contas à Divina Providência quanto aos bens que nos são temporariamente emprestados e, sem qualquer constrangimento da autoridade humana, exercitemos a compreensão e a bondade, a paciência e a tolerância, o otimismo e a fé, apagando os incêndios da rebelião ou da crítica onde estiverem e estimulando, em toda parte, a plantação de valores suscetíveis de estabelecer a harmonia e a prosperidade em torno de nós.
Não vale dar a César algumas moedas por ano, cobrindo-o de acusações e reprovações, todos os dias.
Doemos a Deus o que é de Deus, oferecendo o melhor de nós mesmos, em favor dos outros e, desse modo, César estará realmente habilitado a amparar-nos e a servir-nos, hoje e sempre, em nome do Senhor.

Livro: DINHEIRO

Como atividades, elaborei uma carta enigmática com a seguinte frase do Evangelho Segundo o Espiritismo:
"Difunde em torno de ti, como os socorros materiais, o amor de Deus, o amor do trabalho, o amor do próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca lhes faltará e que te trará grandes lucros: a das boas obras."

 E também, as trovinhas lá de cima, selecionai algumas e fiz cartazes para que os jovens descubral qual é a rima.

Deus e Mamon - Gregório



Deus – do lat. Deus, pelo gr. Theos – é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Mamon - do lat. tardio mammona ou mammonas - significa dinheiro, riqueza, propriedades. Deriva de Mamon, Deus das riquezas da mitologia Síria e fenícia.

São Lucas, no cap. XVI, v. 13 do seu Evangelho, narra a passagem em que Jesus condena a riqueza nos seguintes termos: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque, ou odiará a um e amará ao outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir, ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon". Como há inúmeros textos evangélicos condenando a riqueza, tem-se a impressão de que o Cristianismo subestima a dimensão econômica do homem.

A Bíblia do Velho Testamento, por exemplo, faz uma apologia positiva da riqueza, dizendo que ela é aspiração humana e bênção divina. Já a Bíblia do Novo Testamento, principalmente com Jesus, abomina-a. Para compreendermos a mudança no eixo com relação à riqueza, convém raciocinarmos em termos dos elementos culturais da época de Jesus. No começo da era cristã, os romanos detinham o poder e abusavam de suas posses materiais. É nesse sentido que Jesus condena a riqueza, ou seja, sua má utilização, não a sua posse.

O homem tem anseio natural à aquisição de bens materiais. Deles provém a sua subsistência vital. Como é vital, acaba enfatizando-a, em detrimento dos bens espirituais. Observe os esforços infrutíferos do marxismo com relação ao fim da desigualdade dos bens possuídos e do direito de propriedade privada. A distribuição justa da riqueza é muito mais uma questão de reformulação interior do que de proibições estatais.

Allan Kardec, no cap. XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, traça-nos um roteiro seguro quanto ao uso da riqueza. Diz-nos que a riqueza é uma prova mais difícil do que a pobreza. Orienta-nos para aplicá-la na caridade, não a que estiola o necessitado, mas a que o ergue até o Pai Celestial. Enfim, mostra-nos que a verdadeira propriedade é a soma dos conhecimentos e qualidades morais armazenada em cada um de nós.

Optemos por servir a Deus. Somente assim ficaremos livres do jugo do Mamon, ou seja, da obsessão pela riqueza material.

Saõ Paulo, 30/07/1996

Leitura crítica do texto "Desigualdade das riquezas"



Apresentamos a seguir um exercício de leitura crítica do texto intitulado "Desigualdade das riquezas", escrito por Allan Kardec e constante no capítulo 16 do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Os trechos mais importantes para a análise estão grifados em vermelho e são seguidos por notas que constituem a própria leitura crítica.
Acreditamos que este tipo de leitura dos textos de Kardec e dos "Espíritos da codificação" é ainda pouco frequente na tradição intelectual espírita, do que resulta um reforço à postura dogmática de fundo religioso fortemente presente no movimento espírita.
Com relação ao texto particularmente escolhido, pensamos ser importante a tentativa de refutá-lo por ser uma opinião emitida por Kardec com implicações muito sérias no sentido de dar um suposto embasamento para opiniões socialmente conservadoras no seio do movimento espírita.
Ao leitor cabe julgar a validade dos argumentos aqui expostos.
Finalmente, cabe dizer que o que empreendemos foi apenas um exercício (até mesmo ainda em forma de esboço) de leitura crítica, certamente ainda repleto de lacunas. Por exemplo, seria muitíssimo importante dar um tratamento contextualizado historicamente às opiniões de Kardec. Por isso, não queremos que esta singela leitura de Kardec sirva como referência contundente para a definição do perfil social, político e filosófico do pedagogo lionês.


O Evangelho Segundo o Espiritismo

Capítulo 16 – Não se pode servir a Deus e a Mamon


DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS


A desigualdade das riquezas é um desses problemas que se procura em vão resolver, se não se considera senão a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que todos os homens não são igualmente ricos? Não o são por uma razão muito simples: é que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem moderados e previdentes para conservar[1]. Aliás, é um ponto matematicamente demonstrado que a fortuna, igualmente repartida, daria a cada qual uma parte mínima e insuficiente[2]; que, supondo-se essa repartição feita, o equilíbrio estaria rompido em pouco tempo, pela diversidade dos caracteres e das aptidões[3]; que, supondo-a possível e durável, cada um tendo apenas do que viver, isso seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o bem-estar da Humanidade[4]; que, supondo-se que ela desse a cada um o necessário, não haveria mais o aguilhão que compele às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis[5]. Se Deus a concentra em certos pontos[6], é porque daí ela se derrama em quantidade suficiente segundo as necessidades.
Admitindo isso, pergunta-se por que Deus a dá a pessoas incapazes para fazê-la frutificar para o bem de todos. Aí ainda está uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Dando ao homem o livre arbítrio, quis que ele alcançasse, por sua própria experiência, a distinção do bem e do mal, e que a prática do bem fosse o resultado dos seus esforços e da sua própria vontade. Ele não deve ser conduzido fatalmente, nem ao bem nem ao mal, sem o que não seria senão um instrumento passivo e irresponsável, como os animais. A fortuna é um meio de prová-lo moralmente; mas como, ao mesmo tempo, é um poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que ela fique muito tempo improdutiva e, por isso, a desloca incessantemente. Cada um deve possuí-la para experimentar servir-se dela, e provar o uso que dela sabe fazer; mas como há a impossibilidade material de que todos a tenham ao mesmo tempo; que, aliás, se todo mundo a possuísse, ninguém trabalharia e o aprimoramento do globo com isso sofreria, cada um a possui a seu turno: quem não a tem hoje, já a teve ou terá numa outra existência, e quem a tem agora, poderá não tê-la mais amanhã[7]. Há ricos e pobres porque Deus, sendo justo, cada um deve trabalhar a seu turno; a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação.

Deplora-se com razão o lamentável uso que certas pessoas fazem de sua fortuna, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e se pergunta se Deus é justo em dar a riqueza a tais pessoas. É certo que se o homem não tivesse senão uma só existência, nada justificaria essa repartição dos bens da Terra; mas se, em lugar de limitar a visão à vida presente, considerar-se o conjunto das existências, vê-se que tudo se equilibra com justiça[8]. O pobre, pois, não tem mais motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos, e os ricos não têm mais do que se glorificar pelo que possuem. Se dela abusam, não será nem com os decretos, nem com as leis suntuárias, que se remediará o mal; as leis podem, momentaneamente, mudar o exterior, mas não podem mudar o coração; por isso, elas não têm senão uma duração temporária, e são sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A fonte do mal está no egoísmo e no orgulho; os abusos de toda espécie cessarão por si mesmos quando os homens se regerem pela lei da caridade.




[1] Afirma-se que o rico torna-se rico pelo seu mérito – o mérito de ser inteligente, ativo e laborioso, enquanto os que não são ricos não o são por não possuírem este mérito. Que assim ocorra, apesar de ser possível, entretanto, não se dá de fato na imensa maioria dos casos. Isto porque, apesar da origem da riqueza estar no trabalho, isto não significa que a riqueza esteja nas mãos de quem de fato trabalha. Basta deter a propriedade dos meios de produção para contratar trabalho assalariado e assim a riqueza será produzida, sendo porém concentrada na pessoa detentora da propriedade dos meios de produção, enquanto aos que trabalham resta o salário, representando apenas uma parte da riqueza gerada. Neste caso, fica claro que o proprietário, ainda que não trabalhe – portanto não tendo o mérito de ser laborioso – torna-se rico, enquanto aquele que trabalha – e muito – não se torna rico, permanecendo pobre ou pertencente a uma classe média (no sentido de capacidade de consumo média). Vê-se, pois, a falha deste argumento baseado no mérito da inteligência, atividade e laboriosidade, já que, se fosse o mérito o fator decisivo na constituição da pessoa rica seria dentre a multidão trabalhadora do planeta que surgiriam os ricos – sendo aqueles que se destacassem pela inteligência e atividade, já que, de um modo geral, todos trabalham bastante.

[2] A fortuna, considerando-a como riqueza, não é um dado fixo, ela só existe enquanto há trabalho: sem trabalho a riqueza extinguir-se-ia. Assim uma grande parcela da riqueza igualmente distribuída teria necessariamente de ser investida em produção. Para manter-se esta divisão igualitarista o investimento teria de se dar na forma cooperativa (ou coletivista) da propriedade dos meios de produção para não haver a apropriação injustamente desigual – sem o mérito do trabalho – da riqueza produzida, conforme a explicação acima. (Ainda cabe o questionamento à absolutização do critério do mérito para o estabelecimento da distribuição da riqueza. Seria essa a forma ideal de justiça no que se refere ao problema em questão? E onde fica o lugar da fraternidade? Neste aspecto, parece relevante lembrar a diferença entre os princípios gerais reguladores do socialismo (ou fase inferior do comunismo) e do comunismo, com base na reflexão de Karl Marx: no socialismo, a definição saint-simoniana "a cada um conforme seu trabalho" (ainda limitado ao critério único do mérito, porém com aplicação substantiva), no comunismo, "de cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades"). Neste caso, supondo-se o pleno funcionamento das atividades produtivas, fica claro que haveria mais riqueza disponível para toda a população do que no caso da fortuna desigualmente repartida.

[3] Igualdade na distribuição da riqueza não significa apropriação absolutamente igual da riqueza. As diferenças de mérito, entretanto, devem ser equilibradas, por um dever de caridade (isto é, devemos trabalhar para o bem de todos, já que a constituição do pobre em decorrência da falta de mérito é punição e não simples conseqüência natural) para com o próximo (toda a humanidade) sem deixar de estimular a todos que façam o melhor possível com o propósito de contribuir com o bem geral. Trabalhar bem para produzir mais é o objetivo de todos não por interesse egoísta (ser apenas individualmente mais bem remunerado) e sim altruísta (melhor remuneração de todos - num sentido não monetário e sim de distribuição dos bens produzidos pela humanidade visando o melhor viver; objetivo para o qual o tempo disponível e as possibilidades de usufruto do tempo são cruciais). Formas de estímulo ao trabalho considerando o interesse particular (egoísta) acrescentado de mecanismos de redistribuição de renda (para evitar a concentração de riqueza, já que é sabido que a riqueza concentrada tende a perpetuar-se concentrada, impedindo outros de adquiri-la – é o mecanismo capitalista que tende aos monopólios) foram tentadas na ex-Iugoslávia do teoricamente socialismo autogestionário. Entretanto, isto não dispensa o estímulo, via educação moral, ao abandono do egoísmo, já que idealmente, numa sociedade altruísta, não necessitaríamos de estímulos particularistas para o bom desempenho das nossas funções na sociedade.

[4] A idéia de Kardec parece ser a de que é necessário um grande montante de capital (melhor seria pensarmos em termos de riqueza e não de capital, já que capital implica em relação de exploração do trabalho com extração de mais-valia) para a execução de grandes obras. Correto. Mas este montante de capital (ou simplesmente riqueza, numa sociedade socialista ou comunista) não precisa estar concentrado nas mãos de uma pessoa física. O Estado já é um exemplo alternativo claro de entidade extra-individual que utiliza um grande volume de riqueza para a execução de grandes obras em benefício da coletividade. As cooperativas são outro exemplo, já que estas podem crescer em volume de capital utilizado para a produção.

[5] Kardec supõe que as pessoas se acomodariam ao ter o necessário. Entretanto, na sua imensa maioria, as invenções que conduziram ao progresso material da sociedade partiram de pessoas que certamente tinham o necessário para viver, aliás, normalmente mais do que o necessário para a simples subsistência, já que a produção de conhecimento e a produção tecnológica exigem certas condições materiais que permitam que certas pessoas possam dedicar-se a essas atividades produtivas. O aguilhão – isto é, o incentivo – para este progresso não é a falta do necessário para muitas pessoas, já que em geral as tecnologias produzidas têm atendido antes e fundamentalmente às necessidades supérfluas da grande massa de consumidores – portanto, pessoas que já possuem o necessário (o fundamental para a sua subsistência) e assim podem utilizar a sua riqueza para o consumo do supérfluo. Aliás, o ideal seria que todos tivessem ao menos o necessário para nos dedicarmos ainda mais a descoberta e aos empreendimentos úteis à melhoria das condições de vida de toda a humanidade.

[6] Por que supor que Deus é o agente da concentração de riquezas? A riqueza concentra-se pelo simples fato de que quem já possui riqueza tem mais chances de vencer num mercado competitivo e assim acumular mais riqueza num movimento crescente de concentração de capital.

[7] Apesar de que toda a realidade social existente pode servir para alguma coisa no progresso individual e geral (qualquer experiência é, potencialmente, em última instância, útil) isto não significa que devamos “ler a realidade” como um “plano de Deus”. O mundo pode ser diferente. De resto, neste trecho novamente a falha do raciocínio é pensar que a riqueza distribuída seria pulverizada. Não: a riqueza pode e deve ser concentrada sob a propriedade coletiva (são várias as modalidades possíveis), visando exclusivamente ao benefício geral da humanidade, não permitindo o sistema social que alguns poucos possam concentrar essa riqueza individualmente podendo utilizá-la como bem entenderem, pois assim toda a sociedade acaba “refém” da sua decisão de bem ou mal utilizar a riqueza, além do que a sua apropriação fica sendo necessariamente injusta, já que os assalariados – isto é, os que recebem salário como remuneração pela venda de sua força de trabalho – não ganham integralmente por toda a riqueza por eles produzida (o trabalho não pago é que constitui o lucro do capitalista).

[8] Por tudo que já foi dito, parece claro que este é um argumento equivocado. A reencarnação permite sim que experimentemos diversas possibilidades de viver, entretanto a justiça divina não necessita que experimentemos a riqueza e a pobreza alternada e indefinidamente para manter o seu equilíbrio. Ao menos, parece-me, não há argumento seguro para se garantir a necessidade desse mecanismo para a nossa evolução. Em suma, nosso trabalho principal para a nossa evolução individual e coletiva é identificar o que está errado (em nós e na sociedade), ou o que está, de acordo com a nossa compreensão atual, longe do que idealizamos; para daí partir para a ação que promova a mudança rumo ao idealizado. Se estiver claro que a desigualdade das riquezas é um erro então devemos simplesmente buscar a igualdade (relativa) das riquezas, evidentemente pautando-nos em outros princípios éticos que também considerarmos corretos.

DEUS OU MAMON?


Por Leonardo Pereira*

"Não podeis servir a Deus e a Mamom; guardai bem isto, vós que sois dominados pelo amor do ouro, vós que venderíeis a alma para enriquecer, porque isso poderia elevar-vos acima dos outros e proporcionar-vos o gozo das paixões. Não, não podeis servir a Deus e a Mamon! Se sentirdes, portanto, vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apresse-vos em sacudir o jugo que vos esmaga, pois Deus, justo e severo, vos perguntará: Que fizeste ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Empregaste essa poderosa fonte das boas obras unicamente na tua satisfação pessoal?"(Mensagem de Cheverus [Bordéus, 1861] in item 11 "Emprego da Riqueza", Cap. XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Assim falava Jesus:“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou vai dedicar-se a um e desprezar o outro… Não podeis servir a Deus e a Mamon!” (Mateus, 6:24).

O lado sombra da alma que ignora as leis divinas aparece nesse diálogo de Jesus com os seus discípulos e demonstra o conhecimento do Mestre Nazareno com relação às misérias da alma humana.

O Meigo Rabi referia-se a um Deus de amor, justiça e caridade, que não aprisiona os homens em seus ensinos e suas leis, mesmo que estes estejam ainda tão próximas do ponto de partida - instintos e sensações - e tão distantes do ponto de chegada - o sentimento - que, no seu mais alto grau, é o amor por excelência.

O evangelista dá tanta importância a esses segredos do Coração do Mestre, que encaixa a narração dentro do Sermão da Montanha, o grande 'discurso' de Jesus, aberto com as Bem-Aventuranças.

Para um entendimento mais amplo da passagem acima citada, reportemo-nos a alguns fatos da história da religião cristã, destacando Evágrio do Ponto, ou Evágrio Pôntico, em grego Euagrios Pontikos (346 no Ponto - 399/400 no Egipto). "Escritor, asceta e monge cristão, Evágrio dirigiu-se ao Egito, a «Pátria dos Monges», a fim de ver a experiência desses homens no deserto, e acabou por se juntar a uma comunidade monástica do Baixo Egito. [...] Da sua vivência com os monges, traçou as principais doenças espirituais que os afligiam – os oito males do corpo; esta doutrina foi conhecida de João Cassiano, que a divulgou pelo Oriente; mais tarde, o Papa Gregório Magno também ouviu falar nela, e adaptou-a para o Ocidente como os sete pecados capitais e reduzindo de 8 para 7 – a saber a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça (à qual Evágrio chamara de acídia e tristeza)". (1)

Por fim, alguns teólogos colocaram ordem nos “pecados”, criando uma lista definitiva: Vaidade, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula, Luxúria. Mamon, esse 'deus', esse 'senhor', que também controla e domina os homens, aparece como um dos sete pecados capitais: “o demônio da avareza”, representado como uma ave de rapina.

Normalmente traduz-se 'Mamon' por 'dinheiro', mas o significado é mais extenso. O evangelista, escrevendo em grego, usou essa palavra, que é aramaica, justamente pela amplitude de sentido, estendendo-a a riqueza, dinheiro. Ou seja, não é simplesmente 'ter dinheiro' apenas, mas, principalmente, 'o uso' que dele se faz. 'Ter' ou 'deixar de ter' não é o que mais importa, mas saber, na posse ou não do 'metal sonante", como você se comporta? Continua sendo bom e justo?

Associado à idolatria como se fosse o nome de uma 'divindade', Mamon significa tudo aquilo que gera em nós o desejo de possuir, dominar, controlar coisas ou pessoas. Pode significar também o desejo de possuir e o sofrimento que dele advêm quando não se logra êxito. Tal coisa pode ocorrer no campo material e mental e/ou permanecer na esfera do pensamento, escravizando quem lhe dá curso. Por isso, possui-nos, domina-nos, controla-nos. É muito mais do que essa 'coisa' chamada dinheiro: é o 'sistema' e a maneira servil como ele nos domina. Que tem a ver com o mais fundo dos nossos desejos, do que procuramos primeiro e com o que pimeiro sonhamos. Está relacionado com os nossos impulsos egoístas, nossos apetites de poder sobre os outros e o domínio das situações, não importando o preço a pagar, que somos compelidos a quitar na esteira de nossas inúmeras existências, amargando, no cadinho da dor, personalidades apagadas e sofridas.

Mamon lembra servilismo. Comportando-se como um ídolo, 'o senhor do mundo e nosso dono', provoca-nos o desejo de dominar os outros. Na realidade, porém, a intenção é nos subjugar.

Mamon está presente onde estiver a criatura humana e suas imperfeições: no ambiente doméstico, no trabalho, na sociedade. Ele cria em nós a necessidade insubstituível de possuir cada vez mais, para que sejamos 'felizes', 'amados', 'aceitos', 'reconhecidos', 'conhecidos', 'superiores', ao mesmo tempo em que, para enfraquecer-nos, gera o medo permanente de perder a sua companhia, e, como consequência, uma inquietação cada vez maior pelo dia de amanhã, eivado de ansiedade, solidão, medo, egoísmo, vaidade, orgulho...

Mamon é o chamamento da matéria, do animal, do atavismo das crenças e costumes. Deus é o Amor libertário, que concede à criatura o livre-arbítrio, o direito de escolha de seus próprios caminhos, apenas acenando, vez ou outra, para indicar-lhe o rumo certo.

Qual, então, o melhor emprego da fortuna?

“Amai-vos uns aos outros”. Eis a solução do problema, o segredo da boa aplicação das riquezas, pois aquele que ama ao seu próximo já tem a sua conduta inteiramente traçada, porquanto a aplicação que agrada a Deus é a da Caridade.

O bom emprego da fortuna não se restringe ao simples usufruto dos bens, mas a eficiente aplicação de todos os talentos que recebemos na vida, em cada etapa reencarnatória: a riqueza, o conhecimento, a cultura, as aptidões, a família, os amigos. Na verdade, é o emprego dos meios de que dispomos para superarmos com resignação os campos da prova e da expiação, ou seja, compreensão da vida, exercício da inteligência para superar obstáculos e o uso dos talentos do espírito em favor de si mesmo e dos que o cercam, promovendo o Amor em toda parte.

Mas Jesus conhece a profundeza de nossas almas. Sabe das nossas dores, dos nossos desejos e prazeres. Por isso o ensinamento de que não se pode servir a dois senhores, dado que, agindo assim, estaremos divididos e não obteremos resultado eficiente.

Nosso amor é ainda incipiente, bruxuleante; teima em querer se apagar. É o amor em evolução, que precisa de cuidados especiais. Todos nós precisamos amar e ser amado. O amor é o principal alimento do Universo, o alimento do espírito imortal. É um sentimento capaz de apagar a multidão de enganos e promover a ascensão espiritual daquele que compreende o “amar” como fonte de evolução e progresso.

Sim, Jesus sabia e o sabe: “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. Não se pode servir a dois senhores.
* * *
(1) - Disponível em: http://pt.wikipedia.org/ . Acesso em: 10/maio/10.
* Leonardo Pereira é Designer gráfico, orador espírita e presidente do
Gelp. Grupo Espirita Lamartine Palhano Jr. - Goiabeiras - Vitória-ES
Imagem: www.google.com.  Acesso em: 10/maio/2010.
Formatação atualizada em 09.05.2012.

DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS: AS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIA


DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS:
AS PROVAS DA RIQUEZA E DA MISÉRIA
 A igualdade das riquezas não é possível: “(...) A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.(...)” (01)
 Os homens não são iguais. Uns são mais previdentes, outros menos.
 Uns mais egoístas, outros menos. Uns mais inteligentes, ativos e trabalhadores, outros
menos. Logo, se fosse “(...) a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela
mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo
estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e
durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos
os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade;
que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos
pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.
(...)” (04)
 Deus concedeu as provas da riqueza a uns, e da pobreza a outros, “(...) para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos
próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência.” (02)
 “Uma das provas mais difíceis é a da pobreza, quanto o é a da riqueza.
 Na primeira, pode sofrer o Espírito a tentação da revolta.
 Na segunda, a do abuso dos bens da vida, deturpando-lhes os augustos objetivos.(...)
 Espíritos realmente evoluídos, ou simplesmente esclarecidos sobre a Lei de Causa e
Efeito, podem solicitar a prova da pobreza, como oportunidade para o acrisolamento de qualidades ou a realização de tarefas.
 Algumas vezes, o mau uso da riqueza, em precedente existência, leva o Espírito a pedir a condição aposta, com o que espera ressarcir abusos cometidos e pôr-se a salvo de novas
tentações, para as quais não se sinta convenientemente forte. (...)
 O livre-arbítrio do homem pode levá-lo à pobreza, sem que se avoquem precedentes
espirituais, causas ligadas ao pretérito. (...)” (08). Como, por exemplo, a falta de estímulo
para enfrentar os problemas da vida, a preguiça, a imprevidência, que são fatores que podem
conduzir o homem ao estado de dificuldades econômicas.
ESDE
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Programa III
Unidade 8
Sub-unidade 3  “(...) A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação. (...)” (04)
 “Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem,
conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não
segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de
perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão. Sem dúvida. pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce riqueza constitui
uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. (...)” (05)
 Quando Jesus disse: “É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha,
que entrar um rico no reino dos céus” (MATEUS, 19:24; MARCOS, 10:25; LUCAS, 18:25)
estava se referindo aos males, às tentações a que a riqueza pode conduzir o homem. É errô-
neo interpretar que o rico não alcança a perfeição; não foi o que Jesus anunciou. “(...) Se a
riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao
homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual. (...)” (06)
 Pela riqueza pode o homem melhorar a situação material do Planeta onde vive, melhorar a produção através da relação entre os povos; criar maiores e melhores recursos sociais
através do estudo, pesquisa e trabalho. “(...) Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.” (07)
 A riqueza favorece as maiores tentações, por isso ser difícil ao rico o acesso ao reino
os céus, mas não impossível, pois ele dispõe de inúmeros meios de fazer o bem. “(...) Mas, é
justamente o que nem sempre faz. Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável. (...)“ (3) È por
esses fatos que a prova da riqueza, apesar de tão difícil quanto a da pobreza, é mais perigosa
para o progresso moral do homem.
*  *  * FONTES DE CONSULTAS
01 - KARDEC, Allan. Da Lei da Igualdade. In:_. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon
 Ribeiro. 76. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995, Perg. 811, pág. 378.
02 - Perg. 814, pág. 379.
03 - Perg. 816 e comentário. Págs. 379-380.
04 - Não Se Pode Servir a Deus e a Mamon. In:_. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
 Trad. de Guillon Ribeiro. 112. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1996. Item 8, págs. 259-260.
05 - Item 7, pág. 257.
06 - Item 7, pág. 258.
07 - Item 7, pág. 258.
08 - MARTINS PERALVA. Espiritismo e Pobreza. In:_. O Pensamento de Emmanuel. 5.
 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1994. Pág. 50.

Desigualdades Sociais



Filosofia Social Espírita: análise das desigualdades sociais e das riquezas


1. Desigualdades Sociais

Os homens, incrédulos da providência divina se debatem em idéias materialistas sobre muitos pontos, e, no caso das desigualdades sociais culpam da divindade pelos seus infortúnios no âmbito social. Mas um exame apurado de questão nos revela outra situação bem diferente: as desigualdades sociais são “obra do homem” e não de Deus. A Lei de Igualdade, que é uma lei natural não poderia ter uma contrária à ela, Deus não poderia ser contraditório em suas leis, por isso, a desigualdade das condições sociais é uma lei anti-natural e contingente.

Allan Kardec interpela os Espíritos Superiores sobre a contingência das desigualdades sociais, ao que eles responderam: “De eterno não há senão as leis de Deus. Cada dia, não a vedes diminuir pouco a pouco? Essa desigualdade desaparecerá juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, e não ficará senão a desigualdade de mérito. Um dia virá em que os membros da grande família filhos de Deus não se avaliarão pelo sangue mais ou menos puro. Não há senão o Espírito que é mais ou menos puro, e isso não depende da posição social”.

Todos os Espíritos têm o mesmo princípio e foram criados “simples e ignorantes”, então as desigualdades sociais não têm a sua gênese na origem dos Espíritos e sim no livre-arbítrio de que se serviram e as diferenças de aptidões oriundas da maior ou menor vivência do Espírito. Sobre isso, os Espíritos Superiores nos dizem: “Deus criou todos os Espíritos iguais, mas cada um deles, tem menor ou maior vivência e, por conseguinte, maior ou menor experiência. A diferença está no grau da sua experiência e da sua vontade, que é o livre-arbítrio: daí, uns se aperfeiçoam mais rapidamente e isso lhes dá aptidões diversas. A variedade das aptidões é necessária, a fim de que cada um possa concorrer aos objetivos da Providência no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais: o que um não faz, o outro faz. É assim que, cada um, tem um papel útil. Depois, todos os mundos sendo solidários uns com os outros, é preciso que os habitantes dos mundos superiores – e que, na maioria, foram criados antes do vosso -, venham aqui habitar para vos dar o exemplo”.

Urge compreendamos que, qualquer que seja a posição em que se achem situados, todos os homens são proletários da evolução e que a diversidade de funções no complexo social é tão indispensável à sua harmonia quanto as variadas finalidades dos órgãos o são ao equilíbrio de nosso organismo (As Leis Morais, Calligaris, pág. 138).

Muitos políticos, sociólogos, filósofos e pensadores de toda a ordem imaginam ser a igualdade absoluta uma boa resolução para sanar os problemas sociais, sobre isso, Emmanuel[1] aludi: “A concepção igualitária absoluta é um erro grave dos sociólogos, em qualquer departamento da vida. (...) Nessa questão existe uma igualdade absoluta de direitos dos homens perante Deus que concede a todos os seus filhos uma oportunidade igual nos tesouros inapreciáveis do tempo. Esses direitos são os da conquista da sabedoria e do amor, através da vida, pelo cumprimento do sagrado dever do trabalho e do esforço individual”.

Ainda sobre isso, Allan Kardec[2] pergunta aos Espíritos se a igualdade absoluta das riquezas sendo impossível, ocorre o mesmo com o bem-estar? E obteve a seguinte resposta: “Não, mas o bem-estar é relativo a seria possível a cada um, um dia, se todos o entendessem bem... porque o verdadeiro bem-estar consiste no emprego do tempo de acordo com a vontade, e não em trabalhos para os quais não se sente nenhum gosto. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. O equilíbrio existe em tudo, é o homem quem quer alterá-lo”.

2. Desigualdade das Riquezas

Mesmo a desigualdade das riquezas não sendo obra de Deus, por ser perfeito, ele tudo aproveita para a evolução dos Espíritos, permitindo-os reencarnar na riqueza ou na miséria “para provar a cada um de maneira diferente, aliás, (...) são os próprios Espíritos que escolheram essa prova e, freqüentemente, nela sucumbem”, explica o item 814 de O Livro dos Espíritos.

Muitos se enganam quando tomam ao pé da letra as seguintes palavras de Jesus: “É mais fácil um camelo[3] passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino dos céus[4]”, veremos que, conhecendo bem as paixões humanas Jesus sabia bem o que disse, mas, isso é mais um alerta do que um fato determinista.

Se a riqueza devesse ser um obstáculo absoluto à salvação daqueles que a possuem, assim como se poderia inferir de certas palavras de Jesus interpretadas segundo a letra e não segundo o Espírito, Deus, que a dispensa, teria colocado nas mãos de alguns um instrumento de perdição sem recursos, pensamento que repugna a razão. A riqueza, sem dúvida, é uma prova muito difícil, mais perigosa que a miséria pelos arrastamentos, as tentações que da e a fascinação que exerce; é o excitante supremo do orgulho (...) Mas do fato de tornar o caminho difícil, não se segue que o torne impossível, e não possa tornar-se um meio de salvação nas mãos daquele que dela sabe se servir, como certos venenos podem devolver a saúde, se são empregados a propósito e com discernimento (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec, cap. XVI, item 7).

Sobre as tentações a que o rico está exposto, Allan Kardec[5] perguntar aos Espíritos, se, por um lado ele não tem maiores meios para fazer o bem? A que os mesmo responderam: “É justamente isso o que sempre não faz. Ele se torna egoísta, orgulhoso e insaciável. Suas necessidades aumentam com sua fortuna, e crê não haver jamais o bastante só para ele”.

Allan Kardec[6] comenta: “A posição elevada neste mundo e a autoridade sobre seus semelhantes são provas tão grandes e tão difíceis quanto a miséria, porque, quanto mais se é rico e poderoso, mais se tem obrigações a cumprir e maiores são os meios para se fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação, e, o rico pelo uso que faz dos seus bens e do poder”.

A desigualdade das riquezas tem a sua origem no mesmo móvel que gerou todas as desigualdades sociais: o mau uso do livre-arbítrio e a imperfeição gerada pelo egoísmo.

A desigualdade das riquezas é um desses problemas que se tenta em vão resolver, se não se considera senão a vida atual. A primeira questão que se apresenta é essa: Por que todos os homens não são igualmente ricos? Não o são por uma razão muito simples: é que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem moderados e previdentes para conservar. Aliás, é um ponto matematicamente demonstrado que a fortuna, igualmente repartida, daria a cada qual uma parte mínima e insuficiente; que, supondo-se essa repartição feita, o equilíbrio estaria rompido em pouco tempo, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-se possível e durável, cada um tendo apenas com o que viver, isso seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o bem-estar da Humanidade; que, supondo-se que ela desse a cada um o necessário, não haveria mais o aguilhão que compele às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis (...) (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XVI, item 8).

O homem não possui de seu senão o que pode levar deste mundo. O que encontra ao chegar, e o que deixa ao sair, goza durante a sua permanência na Terra; mas, uma vez que é forçado a abandoná-lo, dele não tem senão o gozo e não a posse real. Que possui ele, pois? Nada daquilo que é para uso do corpo, tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais (...)[7]. Os bens da Terra pertencem a Deus, que os dispensa à sua vontade, e o homem deles não é senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente. Eles são tampouco a propriedade individual do homem, porque Deus, freqüentemente, frustra todas as previsões, e a fortuna escapa daquele que crê possuí-la pelos melhores títulos[8].

Não podeis servir a Deus e a Mamon; retende bem isto, vós a quem o amor ao ouro domina, vós que venderíeis vossa alma para possuir tesouros, porque eles podem vos elevar acima dos outros homens e vos dar as alegrias das paixões; não, não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, pois, sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apressai-vos em sacudir o jugo que vos oprime, porque Deus, justo e severo, vos dirá: Que fizeste, dispenseiro infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso móvel das boas obras, não fizeste servir senão à tua satisfação pessoal. Qual é, pois, o melhor emprego da fortuna? Procurai nestas palavras: “Amai-vos uns aos outros”, a solução do problema (...)[9].

Para aquele que se coloca, pelo pensamento na vida espiritual que é indefinida, a vida corporal não é mais que uma passagem, uma curta estação num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida não são mais que incidentes que recebe com paciência, porque sabe que não são senão de curta duração, e devem ser seguidos de um estado mais feliz (...)[10]. Aquele que, enfim, está compenetrado de sua essência como Espírito, vê as provas da riqueza e da miséria como simples obstáculos a serem cumpridos para o seu aperfeiçoamento.



[1]     O Consolador, Emmanuel, item 56.
[2]     O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 812.
[3]     Corda robusta fabricada com fibras vegetais.
[4]                    São Mateus, cap. XIX, v de 16 a 24.
[5]     O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 816.
[6]     O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, comentário ao item 816.
[7]     O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XVI, item 9.
[8]     O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XVI, item 10.
[9]     O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. XVI, item 11.
[10]    O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. II, item 5.

Explanação do capítulo 16 do ESE


1 - Salvação dos ricos - Itens 1 e 2
O principal escopo da missão de Jesus é libertar os seres humanos do jugo da escravidão da matéria e convencê-los que o objetivo primordial, acima de todas as coisas, são os esforços para
conquistar a vida eterna, isto é, a vida do puro Espírito, do Espírito que, completando o ciclo das
provas que foram necessárias ao progresso moral e de conhecimento, chega ao Supremo grau de
pureza, o que faculta a compreensão de Deus e o gozo eterno da vida Espiritual livre, que o leva
a aproximar-se cada vez mais do centro da Onipotência, sem igualar-se jamais à Divindade.
"Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.  Não podeis servir a Deus e a Mamon".  Os fariseus que eram
avarentos, ouvindo-Lhe todas estas coisas, zombavam Dele.
Jesus lhes disse:  - "Pondes grande cuidado em parecer justos aos humanos; mas Deus conhece
os vossos corações; pois, o que é elevado aos olhos dos humanos é abominação aos olhos de
Deus."  Lucas XVI, 13 a 15.
Falando a criaturas grosseiras, de natureza rebelde, de Espíritos endurecidos, Jesus tinha que lhes
dirigir fortes e enérgicas reprimendas, para conseguir tocá-los um pouco, impressionando-lhes a
imaginação.
As palavras de Jesus devem ser interpretadas segundo o espírito e não segundo a letra.
"Ninguém pode servir a Deus e a Mamon".
Mamon era uma divindade que os antigos assírios adoravam, um ídolo de prata e ouro, que representava as paixões humanas, com seu cortejo de vícios, o que explica o pensamento de Jesus
quando disse:  "Ninguém poderá servir a dois senhores".
De fato, não podemos viver a vida espiritual para as coisas de Deus, cedendo simultaneamente
aos desvarios da vida material mundana.
Em regra, o mundo dá apreço a coisas cobiçáveis, a riqueza e a glória, porque satisfazem ao cego
orgulho da criatura humana, enquanto Jesus ama os de Espírito humilde, aos simples e mansos
de coração.
A criatura deve aguardar que, pela vontade do Criador, se desenvolvam os predicados com que
haja de brilhar aos olhos de seus irmãos, mas deve esperar em atividade, no trabalho que Deus
sempre abençoa, e não na inércia, na ociosidade, na despreocupação.
Algumas pessoas têm a riqueza e o poder, e outras a miséria.  É para cada um uma prova, e os
próprios Espíritos, as vezes, as escolhem, porém muitas vezes sucumbem, não conseguindo realizá-las.
Tanto a riqueza como a pobreza são tarefas difíceis.  A pobreza provoca lamentação, e a riqueza
leva a excessos.
O rico sofre mais tribulações, porém tem mais meios de ajudar.  A posição elevada no mundo e a
autoridade são provas tão grandes e arriscadas quanto a miséria; porque, quanto mais o ser humano for rico e poderoso mais obrigações têm a cumprir, portanto, maiores são os meios que
dispõe para fazer o certo ou o errado.  Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo
uso que faz dos seus bens e do seu poder.
A riqueza e o poder despertam todas as paixões que nos prendem à matéria e nos distanciam da
jornada espiritual.
A existência presente, tanto para o pobre como para o rico, é mais um momento na eternidade da
vida espiritual.
Tanto os pobres como os ricos devem lembrar que a atual situação é efêmera:  Passará como passam e se sucedem as fases da Lua. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
MARLI APARECIDA HERGERSHEIMER
INTERPRETAÇÃO DAS LEITURAS
CAPÍTULO  XVI - NÃO  SE  PODE  SERVIR  A  DEUS  E  A  MAMON
2
Todos somos Espíritos encarnados submetidos em provas a vencer.  A Pátria é o Universo e nós
somos os companheiros eternos da estrada evolutiva.
Quando somos pobres, façamos jus às promessas da bem-aventurança, suportando a pobreza
com resignação e calma, aproveitando a situação em que nos encontramos para esmagar o nosso
orgulho e adoçar o nosso caráter.
Quando somos ricos, fujamos da sentença que; todo rico se perde na sua riqueza, elevemos o
nosso ideal acima das coisas mundanas.  Procuremos possuir certa casta  da riqueza que o ladrão
não rouba, a traça não rói e a morte não arrebata.
Aproveitemos os meios que ora dispomos, para exercer a beneficência.  Afrouxemos o cordão de
nossas bolsas.  Combatamos o egoísmo, porque ele é o nosso maior inimigo; instiga-nos a aumentar a nossa fortuna na Terra, cavando nossa ruína no além.
Pobres:  Sejam humildes e pacientes, sem baixezas, nem vilanias.
Ricos:  Sejam caritativos e bondosos, sem ostentação, nem vaidades.
Pobres e ricos devem se lembrar que, a pobreza e a riqueza são cadinhos por onde a Providência
faz passar os Espíritos, para os purificar e fazê-los, ao mesmo tempo, conhecerem a si próprios.
Deus conhece os pobres e ricos de agora, mas nós não nos conhecemos.  Saberemos quem somos, após a prova passada.  Aí lamentaremos se sucumbirmos e nos congratularemos em nosso
íntimo se vencermos.
Nem a riqueza e nem a pobreza conduzem-nos à elevação ou ao umbral; mas o modo como o
pobre recebe a dor e o rico aufere o prazer, é o que acarreta noutra vida, esta ou aquela consequência.
Tanto pobres como ricos devem refletir a maneira como recebem a prova de agora.  O agora passa célere.  Cada dia, ou cada hora, ou cada minuto que se escoa no tempo, é um passo dado em
demanda ao término desta jornada.
Servir a Deus e as riquezas?  Por que Jesus nos diz que não podemos servir aos dois?
Servir a Deus é fazer a entrega, despojando-se de todas as amarras que nos afastam Dele.  Para
isso não é preciso que nos tornemos mendigos.  Jesus nos alerta para não servirmos às riquezas,
porque ela faz prisioneiros àqueles que a veneram, como se fosse a causa mais importante da vida.  Lutando para adquiri-las, esquecem moral, dever e família.  Escravizados pela cobiça não
encontram tempo para Deus.
Tempo para servir a Deus não quer dizer visitas aos templos, nem recitar ladainhas.  Servi-Lo é
tornar amena a vida física e espiritual, daqueles que possuem menos do que nós.
Os que amam a Deus e desejam trabalhar na Sua vinha, fazem de cada irmão uma divindade, não
se importando com que ele seja rico ou pobre ou muito necessitado.  Vivem na riqueza porque
esta lhes pertence, mas amam e trabalham para Deus, fazendo da riqueza adquirida, um meio de
demonstrar a capacidade de humanos corretos.
"Vede as aves do céu:  Não semeiam, não ceifam, não enchem celeiros e, entretanto, Vosso Pai
Celestial as alimenta.  Não sois muito mais do que elas?".  Mateus, capítulo 24, vers., 26.
O Divino Mestre não pretendeu aconselhar ao ser humano que, para todas as suas necessidades
se entregue ao Criador; que deixe de cumprir a sua tarefa; que se despreocupe de toda previdência, negligenciando-se em precatar para os dias da velhice e invalidez.
Jamais Jesus daria esse conselho, porque no Seu ensino, a criatura humana, no vigor de sua idade, deve assegurar os grãos para a sua velhice.  Aconselha que o faça lealmente, com integridade, diante do Senhor, sem desperdiçar qualquer parcela, porque lhe cabe ajudar seus irmãos desvalidos ou inválidos, que não puderam colher mais do que algumas espigas para o seu sustento.
"Não vos inquieteis pelo dia de amanhã". CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
MARLI APARECIDA HERGERSHEIMER
INTERPRETAÇÃO DAS LEITURAS
CAPÍTULO  XVI - NÃO  SE  PODE  SERVIR  A  DEUS  E  A  MAMON
3
Isto quer dizer que, vivendo segundo os desígnios de Deus e trabalhando, como deve, para a sua
subsistência, deve a criatura humana estar sempre confiante de que a tudo mais, como for de justiça e conforme as necessidades espirituais, o Pai proverá.  E também quer dizer que, apesar de
ser mais previdente, não deve mostrar-se ambicioso, nem concentrar na acumulação de riquezas
todos os pensamentos e desejos.
Mesmo que trabalhando o ser humano se encontre na penúria, deve confiar-se ao Senhor que, sabendo o que convém a cada uma de suas criaturas, e que se permite tal situação, é porque ela representa prova necessária para depurar o Espírito e torná-lo digno do Criador.
Cientes que devemos estar, que nem as mínimas coisas somos capazes de fazer, então não podemos alimentar a pretensão de mudar os acontecimentos que decorrem da ação Divina.  Em todas
as circunstâncias nos cabe conformar-nos, certos de que tudo obedece à vontade de Deus, que só
ao nosso bem visa.
Não nos preocupemos com os cuidados e aflições que hajam de vir.  Entreguemo-nos confiantes
à misericórdia do Senhor, que não deixará de chamar os obreiros diligentes, no devido tempo,
para gozarem dos frutos dos seus labores.  Coragem, portanto, coragem, que esse tempo chegará.
Quando houvermos transposto a barreira que nos detém os passos, volveremos à nossa verdadeira pátria e de lá apreciaremos os progressos da humanidade, e cumprida estará integralmente a
revelação do Cristo.
Que assim seja!
(Alicerce da Fé)/(Nas Pegadas do Mestre)/(Elucidações Evangélicas) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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CAPÍTULO  XVI - NÃO  SE  PODE  SERVIR  A  DEUS  E  A  MAMON
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2 - Guardai-vos  da  Avareza - item 3.
PARÁBOLA  DO  AVARENTO
"As terras de um humano rico produziram muito fruto.  E ele discorria consigo:  Que hei de fazer, pois não tenho onde recolher os meus frutos?  E disse:  Farei isto:  derribarei os meus celeiros e os construirei maiores, e aí guardarei toda a colheita e os meus bens e direi ao meu Espírito:
Meu Espírito, tu tens muitos bens em depósito por longos anos; descansa, come e bebe e regalate.  Mas Deus disse-lhe:  Insensato, esta noite eles exigirão o teu Espírito; e as coisas que ajuntaste para quem serão?  Assim é aquele que entesoura para si e não é rico para com Deus".  Lucas, capítulo XII, vers. 16 a 21.
Quanto mais chegava perto o cumprimento da missão de Jesus na Terra, mais Ele intensificava o
Seu trabalho de difusão da Doutrina do Amor, da qual havia sido encarregado, pelo Supremo Senhor, de trazer à Terra.
Os escribas e fariseus já faziam planos para acabar com o Filho de Deus e aí, o Mestre iniciou
Suas parábolas que constituem um dos mais eloquentes capítulos do Novo Testamento.
A parábola do avarento é uma síntese maravilhosa do trágico fim de todos aqueles que não veem
a felicidade senão no dinheiro e são seus escravos incondicionais.  Para essa gente havendo dinheiro, há tudo.  Periclite a família, cambaleie a sociedade, que o mendigo arraste-se pelas vias
públicas, envergonhado e descomposto, chore e soluce o aflito, grite de dores o enfermo, o miserável ou o inválido sem pão e sem lar, nada comove esses corações de pedra, nada lhes demove,
nada consegue mudar ou desviar-lhes as vistas dos seus frutos, dos seus celeiros, do seu ouro!
São pessoas desumanas, diria até sem Espírito; pelo menos ignoram a existência, de si mesmos,
desse princípio imortal que deve constituir, para todos, o principal objeto de cuidados e de carinho.
A avareza é a véspera da mendicidade, ou seja, o fator da miséria.
Quantos miseráveis perambulam pelas praças, implorando o auxílio, e que nesta mesma existência ou em outra, foram ricos, sustentaram grandezas, tiveram celeiros transbordantes.
Quantos párias se arrastam pelas ruas, a bater de porta em porta, implorando uma esmola pelo
amor de Deus.
Qual a origem dessa situação penosa que atravessam e qual a causa desses sofrimentos?
A Avareza!  Ricos de dinheiro eram pobres para com Deus, porque, embora não lhes faltasse
tempo, nunca se dedicaram a Deus, nunca procuraram a Lei Divina, nunca pesquisaram o próprio
íntimo em busca de algo que existe, que sente, que quer e que não quer, que ama e que odeia,
que vê o passado, que, ao menos, teme o futuro; nunca buscaram saber se essa centelha de inteligência que lhes dá tanto amor ao ouro, tanta ganância pelos bens terrenos, poderá sobreviver a
esse corpo que, de uma hora para outra, cairá exânime, para ser entregue ao banquete dos vermes!
O que valem as riquezas efêmeras, sombras de felicidade que se esvaem, grandezas que desaparecem à primeira visita de uma enfermidade mortal!  O que valem celeiros repletos em presença
do ladrão da morte que chega em momento inesperado, e, até, quando nos julgamos em plena
mocidade e com ótima saúde!
Mísero avarento dos bens que Deus lhe confiou!  Pensou, porventura, que não tem que prestar
contas desse depósito?  Pensou que há de permanecer com você e servir para multiplicar, cada
vez mais a sua fortuna?
Em verdade afirmo que, o ouro se converterá em brasas a causticar a sua consciência! CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Em verdade digo que, o ouro se transformará em peias e algemas, resultante da ação nefasta que
teve, em detrimento dos que tinham fome, dos que tinham sede, dos enfermos desprezados, dos
pobres trabalhadores de quem explorou o trabalho!
Rico!  Movimente esse talento que o Senhor lhe concedeu!  Granjeie amigos com esse tesouro da
iniquidade, para que eles o auxiliem a entrar nos tabernáculos eternos!  Faça o certo e o bem; socorra o pobre; ampare o órfão; auxilie a viúva necessitada; cure o enfermo; como se ele fosse o
seu irmão ou filho; pague com generosidade o trabalhador que está a seu serviço.  Faça mais:
Compre livros e aproveite os momentos de ócio para se instruir, porque um rico ignorante é como um asno de sela dourada.  Ilustre o Espírito; faça para você tesouros e celeiros nos Céus,
aonde os vermes não chegam, os ladrões não alcançam, a morte não entra.
Lembre do avarento, cujo Espírito, na mesma noite em que fazia castelos no ar, foi chamado pelo
Senhor!
Avareza é a paixão que se apodera da criatura cuja preocupação consiste em acumular riquezas.
Ainda são muitas as pessoas que só cuidam das coisas da Terra e que não creem em Deus, na
elevação do imortal Espírito, na vida futura e que não tem no que se preocupar.  E quando menos
espera, se vê arrebatada pela morte, deixando tudo quanto acumulou durante a vida terrena, para
ser esbanjado pelos outros, que nada fizeram pela aquisição de tanta riqueza.
O ser humano devia compenetrar-se para combater a avareza, entendendo que se deve reunir tesouro para a vida eterna, e não juntar riquezas para uma vida efêmera, que apenas alguns anos
duram.
Esta lógica é naturalmente para aqueles que buscam o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que é o código da vida eterna e da moral divina, que desejam se tornar ricos em Deus, pela prática ininterrupta do amor e da caridade, pelo esforço constante de se libertar das influências materiais como:  A sensualidade, o orgulho, o egoísmo, a cupidez, a inveja etc.
Jesus não veio ao mundo para reinar sobre as coisas perecíveis da Terra, nem para dar aos seres
humanos leis materiais.  Sua missão constituiu, sobretudo, desprender da matéria humanos profundamente materializados, a fim de dar-lhes a visão e o gosto das coisas espirituais.
"Aquele que acumula sem cessar, e sem beneficiar ninguém, terá uma desculpa válida ao dizer
que ajunta para deixar aos herdeiros?  - É um compromisso com a consciência errada!".  Pergunta 900, Livro dos Espíritos.
O ser humano avaro é o egoísta que nega auxílio pecuniário a quem lhe bate à porta, desprezando a oportunidade de servir, e até mesmo de ouvir quem lhe venha pedir socorro.  Sua atenção
está centralizada na aquisição do dinheiro e nas diversas formas de enriquecimento.
A atmosfera vibratória do avarento é certamente obscura, densa.  Tem grande dificuldade em
sentir a inspiração que vem do Alto, em captar sugestões nobres em relação ao seu próximo.
Porém a ironia do destino causa-lhes os maiores impactos.  A queda é um grande sofrimento,
porque lhes tira o mais valioso:  O dinheiro!
A avareza se manifesta em diferentes gradações, que se refletem nas nossas preocupações diá-
rias, com maior ou menor intensidade.  A importância que damos aos nossos pertences e as inquietações que tantas vezes nos desequilibram, pelo fato de termos perdido esse ou aquele objeto
de maior estima, representam nosso apego a eles.
É uma forma de avareza não querer emprestar algumas de nossas quinquilharias, com receio de
perdê-las ou desgastá-las e também é um aspecto de ciúme.
A mania de guardar por tempo indeterminado, até mesmo sem usar, joias, roupas ou outros pertences pessoais, reagindo em dar a alguém que mais necessite, sem justificativas, caracteriza avareza. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Dos valores eternos, os aprendizes do Evangelho já apreenderam, que da avareza, não se tem nenhum benefício real, ela precisa ser identificada e combatida.
Como exemplo de desprendimento dos valores materiais, lembremos um episódio da vida do estimado benfeitor espiritual, Dr. Bezerra de Menezes.  - Certo dia, ao consultar no gabinete médico uma senhora de poucas posses, entregando-lhe o receituário, ouviu as suas lamentações, pois
não tinha condição suficiente para a compra dos remédios.  Então, o magnânimo médico, não
encontrando em seus bolsos o correspondente em moeda corrente, entregou à senhora o seu anel
de formatura, para que com ele obtivesse dinheiro que lhe permitisse medicar a criança doente
que trazia no colo.
Talvez ainda não consigamos ter a atitude do Dr. Bezerra de Menezes, mas vamos observando o
que temos de avareza e combatendo em nós este malefício, para mais tarde, ter atitudes benéficas
para o próximo e para nós mesmos.
Quanto mais aprendemos o Evangelho de Jesus, vamos descobrindo os nossos vícios e vamos
criando forças para combatê-los.
O Evangelho do Mestre é o caminho da vida eterna.
Não iremos ao Pai, sem entendê-lo e praticá-lo, porque o Divino Mestre veio trazê-lo a mando
do Pai Celestial, para que evoluíssemos na senda do bem.
E Jesus que é todo de misericórdia, nos recebe de braços abertos no Seu Evangelho!
(Manual prático do Espírita)/(Elucidações Evangélicas)/(Parábolas e Ensinos de Jesus) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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3 - Jesus em casa de Zaqueu - item 4.
Zaqueu é um astro que brilha no Evangelho.  É um Espírito de contato mais suave, que afaga o
Espírito quando recordamos essas figuras proeminentes da legenda Sagrada.  Basta lembrar que
foi na casa deste destemido chefe dos publicanos que Jesus encontrou fino acolhimento, e tão espontânea recepção espiritual, que passados quase dois mil anos, ainda nos comove numa alegria
santa, idêntica, talvez, àquela que Jesus sentiu, levando-O a pronunciar a nova felicitadora, que
se nos depara no trecho de Lucas:  "Hoje entrou a salvação nesta casa".
Os publicanos eram os arrematantes dos impostos públicos, designados pelos antigos romanos.
Eram cavalheiros romanos, que formavam companhias poderosas, destinadas a arrematar, por
certa quantia, a cobrança dos impostos nas províncias, pelo prazo de cinco anos.
Cada companhia tinha um nome especial, conforme a qualidade de imposto; assim havia:
- Decumani - cobrava os dízimos.
- Partitores - para as alfândegas.
- Pecuaru - para os pastos etc.
Estas companhias tinham sede em Roma e subdiretores e agentes em todas as províncias.  Os
publicanos abusavam com frequência dos seus direitos, exigindo dos contribuintes mais do que o
devido, e por isso, eram odiados pelo povo.  Os judeus, especialmente, tinham grande antipatia
pelos publicanos, não só porque estes exorbitavam a sua ação, como também porque consideravam o imposto taxado pelo domínio de Roma contrário à lei judaica.
E Allan Kardec escreve:  "Daí a aversão pelos publicanos de todas as classes, entre as quais se
encontram pessoas estimáveis, mas que, por motivo de suas funções, eram desprezadas, bem
como as pessoas de suas relações, sendo todos confundidos na mesma ordem".
Zaqueu, consequentemente, era mal visto por todos, porque estava incluído no juízo que se fazia
dos publicanos.  Entretanto, a passagem do Evangelho deixa transparecer ter sido um humano
correto, um humano de bem.
O prolóquio:  "Dize-me com quem andas que te direi os defeitos que tens", não vigorou para o
chefe dos publicanos, instalado em Jericó.  E se ele não tinha caráter reto até o seu encontro com
Jesus, a transformação momentânea por que passou, foi tão real que atingiu a transfiguração.
Maravilhamo-nos com a transfiguração de Jesus no Tabor, tendo ao seu lado Moisés e Elias como representantes da Lei e dos Profetas, a testemunhar a individualidade do Nazareno como
cumpridor e executor da Lei e sancionador dos profetas; e nos alegramos com a transfiguração
de Zaqueu em Jericó, tendo como executor Jesus e, como testemunhas, os profetas.
O chefe dos publicanos era dócil, manso de coração.  O Evangelho lembra o encontro de Jesus
com Zaqueu.  Baixo de estatura, o publicano subiu na árvore chamada sicômoro, e se fez alto,
para ver o Nazareno, escondido pela multidão:  Porém, alto de dignidade e de dinheiro, Zaqueu
faz-se novamente pequeno para alcançar pela elevação, - o reino dos Céus.
Enquanto não vira a Jesus, estava exaltado.  Exaltado em tamanho corpóreo (pois subira no sicômoro), exaltado em dignidade, exaltado em fortuna!
Basta o Mestre dar com os olhos nele, Zaqueu humilha-se - desce do sicômoro, desce das dignidades e desce do dourado altar em que havia se colocado.
- "Zaqueu, desce depressa, porque importa que eu fique hoje na tua casa", disse Jesus.
E Zaqueu desceu com toda a pressa que uma notícia de alegria produz, fazendo-nos descer quando estamos nas alturas:
- "Senhor, vou dar a metade de meus bens aos pobres, e, se em alguma coisa defraudei alguém,
lho restituirei quadruplicado", disse Zaqueu. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Bela lição!  Bela, porque vestida do exemplo.  Não é só a palavra que soa como bronze ou como
o címbalo; é o fato, é a ação que grava e inscreve com letras indeléveis a Doutrina que vigora.
Como são belas essas individualidades dos tempos idos, sempre memoráveis:  Paulo, Madalena,
Zaqueu!
Paulo cai fulminado na estrada de Damasco, e depondo as armas, renuncia a autoridade que tinha
para massacrar os discípulos do Cristianismo nascente, empunha a nova bandeira, e do tenebroso
Saulo, transforma-se em apóstolo, mensageiro da luz e da verdade.
Madalena enfrenta o Nazareno pela primeira vez e Lhe acompanha os passos, e de mulher mundana que era, não mais abandona o seu Benfeitor e Mestre.
Zaqueu sobe ao sicômoro, desce do sicômoro, abre gavetas, remexe cofres, desenterra haveres,
restitui o alheio com juros de quatrocentos por cento, e aos pobres e famintos enche de bens ao
ter a honra de uma simples visita Daquele que lhe havia trazido a luz da elevação!
Que quadros belíssimos, que ornamentos admiráveis, os quais, se passados para a tela dos cinemas, fariam reviver o poder da singular Doutrina que, nascida num estábulo e subjugada pela
cruz infamante, proclamou-se em ressurreições sucessivas, a mais lídima expressão da Palavra
de Deus!
Todos que ouviram Jesus, dizendo que ia hospedar-se na casa de Zaqueu, ficaram estupefatos,
por ser ele um publicano.  E quando Zaqueu se dispôs a repartir os seus bens, disse-lhe o Senhor:
- "Hoje a elevação entrou nesta casa, porque ele também é filho de Abraão.  Com efeito, o filho
do humano veio procurar e salvar o que estava perdido".
O diálogo simples revela grandes ensinamentos, que ainda estão despercebidos por muitos, mas
que destacam o ensinamento moral e o ensinamento espiritual.
O fato de Zaqueu procurar uma melhor maneira de ver Jesus, já revela predisposição à mudança
de atos, pois a simples presença do Rabi Galileu provocou profundas reflexões.  E a mudança de
Zaqueu já fazia parte dos objetivos do Mestre, tanto que, ao entrar em Jericó, percebe-o facilmente em cima de uma árvore, ansioso por um olhar, ao que Jesus corresponde, demonstrando
profundo conhecimento de psicologia transpessoal:  Levanta o olhar e a ele se dirige dizendo:
"Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa".
A palavra casa, neste caso, adquire nova conotação, visto que vem antecedido de uma afirmativa
verbal - pois hoje DEVO FICAR em tua casa.  Na frase, o verbo DEVO é aplicado no sentido de
certeza e não de hipótese.  Entendemos, com isso, que o Mestre se refere à casa mental de Zaqueu, pois a hospedagem que desejava Jesus não era apenas no lar físico, mas principalmente no
coração, a fim de que esse se modificasse.
Convém exaltar a imensa facilidade com que Jesus manipula os fluidos, pois se subentende que
Ele altera a psicosfera pessoal de Zaqueu, permitindo que compreenda a mensagem de natureza
espiritual na sua perfeita essência.
E ele entende, como se Jesus a propusesse:  "Desce depressa, pois hoje devo ficar em teu coração
para sempre".
O envolvimento fluídico é tão patente, que bastaram alguns momentos em contato com o Mestre
para que Zaqueu se modificasse moralmente, não apenas no compromisso de distribuir os bens
aos pobres e ao quádruplo pagar aos que devia, mas por despertar nele o sentimento de caridade
e desprendimento, levando-o a doar aos pobres a metade dos bens que lhe pertenciam.
A autoridade espiritual de Jesus se faz presente ao afirmar:  "A elevação entrou nesta casa, porque ele também é filho de Abraão".
Jesus veio salvar, isto é; mostrar como se elevar ao que estava perdido ou rebaixado.  No entanto, demonstra claramente que conhecia as mazelas que marcavam o caminho espiritual de Za-CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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queu, percebia nos seus pensamentos a vontade de mudar.  E se não fosse verdade, Jesus estaria
interferindo no livre arbítrio dele, modificando-o contra a sua vontade.
A receptividade de Zaqueu às sugestões do Mestre modifica instantaneamente o seu comportamento para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo, salvando aquela encarnação
e, por conseguinte, reformando-se pela conversão, através de atos e não de promessas.
A passagem de Zaqueu é de grande alcance e importância na condução de nossas ações.  Subir
no sicômoro representa a predisposição para a mudança, que funciona como agente facilitador da
reforma íntima, a reforma que se constitui no preparo da morada de nossos corações, onde com
certeza o Cristo pedirá pousada.
Pelo simples fato de estarmos aqui, nesta casa cristã, já estamos nos predispondo a conhecer os
ensinamentos do Mestre Jesus.
Como Zaqueu, vamos abrir a brecha para que o Cristo entre no nosso coração.
E que Ele permaneça sempre!
(Reformador - 01/97)/(O Espírito do Cristianismo) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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4 - Parábola do Rico e Lázaro - item 5.
Este ensino é a proclamação da caridade, que é imprescindível para todos.
O rico e o pobre Lázaro personificam a humanidade sempre rebelde aos ditames da Luz e da
Verdade.  O rico gozou no mundo e sofreu no espaço; Lázaro sofreu no mundo e gozou no espa-
ço.
Este rico que se vestia de púrpura e que todos os dias se regalava esplendidamente, é o símbolo
daqueles que querem tratar da vida do corpo e esquecem-se da vida do Espírito.  São os que buscam a felicidade no comer, no beber e no vestir; são os que se entregam a todos os gozos da matéria, são os egoístas que vivem unicamente para si, os orgulhosos que, entronados nos altares
das paixões vis, da vaidade, da soberba, não veem senão o que lhes pode saciar a sede dos prazeres, não cultivam senão a luxúria, que mata os sentimentos afetivos e anula os dotes do coração.
Nesta parábola, o rico representa a personificação dos que são escravos do reino do mundo, que
não veem mais do que o mundo material, esse paraíso perdido na degradação moral, que avilta
os Espíritos e atira aos erros dos vícios.
Jesus falava geralmente por parábolas; e esta lição que o Mestre ofereceu há mais de 2000 anos
aos povos da Palestina, e que consta no Evangelho de Lucas como um conselho salutar e memorável, nada mais é do que uma parábola; é um ensino alegórico e representativo do que se passa
no espaço, para afirmar a nossa vida além tumba, é uma consequência justa e equitativa da nossa
existência na Terra.
O rico passou toda a sua vida a se fartar esplendidamente, a desprezar os pobres, a desprezar a
Deus, a respeitar sua lei, a dar as costas à religião, a gozar e a folgar, mas, quando desencarnou,
não pode continuar a viver como vivia, vestindo-se de púrpura, comendo manjares, bebendo licores, porque no mundo dos Espíritos não há púrpuras, não há manjares, não há licores.  Ele já se
havia fartado com os prazeres da Terra, não podia fartar-se com os prazeres do Céu, porque não
os havia buscado, nem havia adquirido o tesouro com que se conquista as glórias celestes.
Lázaro representa os excluídos da sociedade terrena, aqueles; que mal podem chegar ao portão
dos grandes templos, os que não podem entrar nos palácios dourados, os que a sociedade despreza.
Os Lázaros não são esses pobres orgulhosos do mundo, que não têm muitas vezes o que comer e
o que vestir, mas estão cobertos com a púrpura do orgulho; não é essa gente que não tem dinheiro, mas tem vaidade; não tem palácios, mas tem egoísmo; não tem jantares, mas tem prazeres nefastos.
Os pobres que Lázaro serviu de símbolo na parábola, são os que sofrem com resignação, são os
que desprezam os bens da Terra, porque buscam as coisas de Deus; são aqueles que se veem
usurpados daquilo que tem por direito na Terra, mas pacientes e resignados não se revoltam,
porque creem no futuro e esperam as dádivas que lhes estão reservadas por Deus.
Eles sabem, porque estudam, esperam e oram, que existe um Criador, um Pai Supremo, que lhes
dá o prêmio das suas vigílias, um salário pelos seus afazeres morais, uma luz para a sua orienta-
ção espiritual; e que esse prêmio, esse salário, essa luz, embora, às vezes, pareça tardar, não faltará, porque a justiça de Deus é infalível, é indefectível.
O rico e Lázaro - duas personalidades distintas, uma que gozou e a outra que sofreu, pelos padrões humanos; uma a quem nada faltava e a outra a quem tudo faltava, vão trocar as suas condi-
ções; vão mudar de cenário:  O mendigo vai para a abundância, e o rico é o que passa a mendigar.
Muitas vezes esse reverso de medalha acontece até na própria existência terrena. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Todos conhecemos uma medalha, uma moeda.  De um lado traz uma figura e do outro lado o seu
valor real.  Assim também acontece conosco.  Cada um de nós é uma medalha, uma moeda.  A
moeda vale segundo o câmbio corrente, assim também nós valemos de acordo com o câmbio espiritual, que taxa o valor dos Espíritos.
Os que só olham a efígie da moeda, não conhecem o valor do dinheiro, porque a efígie, o verso
da moeda, só traz uma figura, e esta nada vale.
Assim também os que olham o ser humano só pelas aparências, pelo exterior, não conhecem o
ser humano; porque o exterior do ser humano é a efígie da vaidade, do egoísmo e do orgulho.  O
que vale na moeda é o reverso; o que vale no ser humano é o interior, ou seja, o Espírito.
O rico trazia no verso a característica da efígie, mas depois que morreu, apurou-se o valor da
moeda, gravado no reverso, e esse valor não permitiu a entrada no Céu, ou seja, uma vida melhor
no mundo espiritual.
Ao pobre, que desde a sua existência na Terra, sabia o valor do reverso da moeda, esse sacrifício
lhe deu o valor de ser levado pelos anjos ao Seio de Abraão.
O julgamento de Deus é diferente do julgamento dos humanos!
Deus não se deixa levar pelo preconceito; Deus não se deixa levar pelo juízo humano.
Seio de Abraão é a liberdade do Espírito no espaço infinito.  Seio de Abraão é o mundo invisível
onde os Espíritos caminham livres de todas as peias, realizando sempre novas conquistas, fazendo novas descobertas, aprendendo novas verdades que os elevam em conhecimentos e moral, que
os elevam em felicidade.  Abraão foi o patriarca dos Hebreus, alta personalidade do Antigo Testamento, com fé inabalável, a ponto de quase sacrificar seu filho único - Isac, para obedecer as
ordens que havia recebido do Alto.  Era um crente sincero na imortalidade do Espírito; via o espaço semeado de Espíritos, conversava com os Espíritos, os que são chamamos de mortos, e vivia em relação contínua com o mundo dos Espíritos.
E para esse mundo é que foi Lázaro, que na Terra viveu aguilhoado pela dor, privado das delícias
do mundo, mas cria num Deus Supremo, que lhe concedera aquela existência de expiação e de
provas, para que reparasse os males de suas vidas passadas, em que havia se descuidado das coisas Divinas e só tratado dos gozos efêmeros.  Lázaro saldara a sua conta:  Ao sair da prisão corpórea tinha pagado o último ceitil de sua dívida, e reconquistara o reino da liberdade e da luz,
que Deus concede a todos que se submetem à Sua lei, aos Seus santos desígnios.
O Evangelho diz que o rico levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro e exclamou:  "Pai
Abraão, tenha compaixão de mim!".  E pede a Lázaro que molhe a ponta do seu dedo e refresque
a sua língua.  O rico queria água.  Tinha sede e essa sede não era a do corpo físico, era sede de
consolação, de esperança, de perdão.
Compreendeu que a causa das suas dores era a vida dissoluta que passara no mundo e a chama
viva do remorso abrasava a sua consciência.
Ele queria água, essa água da vida, essa água da salvação que Jesus havia dado à mulher da Samaria.
Ainda havia um grande abismo entre Lázaro e o rico, que só se preocupava com o corpo físico,
ao passo que Lázaro teve os olhos voltados para o Alto, e pagou suas dívidas materiais, conquistou fluidos espirituais para se elevar.
Apesar de estarem em faixas diferentes, Abraão ouvia a voz do rico e este ouvia a voz de Abra-
ão.  Comunicavam-se, pois havia necessidade do rico ser exortado para se regenerar mais tarde, e
como Lázaro, vir novamente ao mundo pagar a sua dívida e depois subir para o Seio de Abraão;
porque também ele era filho de Deus, e Deus não deixa nenhum filho Seu perecer. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Abraão disse-lhe:  "Filho lembra da tua vida e da vida de Lázaro", querendo dizer que deveria
voltar, com a vida corporal semelhante a de Lázaro, para sofrer as consequências do seu orgulho
e do seu egoísmo.  E foi então que o Espírito do rico, cheio de pobreza e sofrimento, lembrou-se
dos cinco irmãos que levavam a mesma vida física que ele na Terra, e replicou:  "Pai, eu Te rogo, então, que o mandes à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos, para os avisar, a fim de não
suceder virem também para este lugar de tormentos".
E Abraão lhe respondeu:  "Eles têm Moisés e os profetas.  E se eles não ouvem a Moisés e os
profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém entre os mortos".  Moisés
- é o caminho que precisam seguir, e os profetas são os médiuns, que pela influência dos Espíritos, diz o que se passa após a morte e o que se deve fazer aqui, para encontrar a luz.
Deus dá a liberdade a todos para buscarem a Sua lei; e àqueles que buscam, o Pai não dá o Espí-
rito por medida.  Está escrito  "Aquele que pede recebe; o que busca, encontra; e ao que bate, se
abre, porque o Pai não dá uma pedra para quem Lhe pede um pão, nem uma serpente a quem Lhe
pede um peixe".  Mateus, 7, 8.
Assim Deus respeita o livre arbítrio que concedeu a cada um.
Os Espíritos podem se comunicar e se manifestar aos encarnados, mas não podem obrigar, embora sejam eles portadores de grandes conhecimentos, a tomar posse desde já da felicidade futura!
O rico e Lázaro, ambos tiveram a sua oportunidade.  Lázaro aceitou com resignação a sua missão, e o rico esqueceu-se de suas obrigações, quando se viu cercado de tanto conforto.  Ambos
são filhos de Deus, por isso, o rico terá nova oportunidade, para consertar o que não fez numa
existência em que tivera muitas facilidades.
Sabemos que muitos ricos das coisas do mundo e muitos pobres que querem enriquecer com as
coisas do mundo, embora ouçam sobre as coisas divinas, não se convencem da necessidade de
buscá-las.  Dizem que é ilusão, tolice.
Por isso não foi permitido o aviso aos cinco irmãos do rico.
Ao ser humano que se quer convencer pela força, lhe acontecerá o que aconteceu com a cigarra
de La Fontaine:  "Cantou a sua vida, mas depois chorou a sua morte".  E há de voltar chorando
na outra vida para, com justa razão, cantar na imortalidade.
(Parábolas e Ensinos de Jesus) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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5 - Parábola dos Talentos - item 6.
Igualmente à Parábola dos Talentos, temos a Parábola das Minas.  A dos Talentos narrada por
Mateus e a das Minas narrada por Lucas.
- Um homem ilustre foi para um país longínquo, a fim de obter para si o governo e voltar.  Chamou dez servos, deu-lhes dez minas e disse:  Negociai até eu voltar.  Mas os seus concidadãos o
odiavam, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo que não queriam que ele os governasse.
Quando ele voltou e após ter tomado posse do governo, mandou chamar os servos.
Veio o primeiro, e disse:  "Senhor, tua mina rendeu dez".  Então o senhor lhe deu autoridade sobre dez cidades.
Veio o segundo, e disse:  "Senhor tua mina rendeu cinco".  Então o senhor lhe deu autoridade
sobre cinco cidades.
E veio outro dizendo:  "Senhor, eis a tua mina, eu a guardei, pois tinha medo de ti, porque tu és
severo, tiras o que não puseste e ceifas o que não semeastes".
Respondeu-lhe:  "Servo mau, pela tua boca te julgarei".  Sabes o que faço, por que não puseste o
meu dinheiro no banco?  E então na minha vinda teria exigido com juros.  E disse aos presentes:
Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem dez.
Responderam-lhe:  Senhor, este já tem dez.
"Declaro-vos que a todo que tem, dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será
tirado.  Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu governasse, trazei-os
aqui e matai-os diante de mim".  Lucas, capítulo XIX, vers. 11, 27.
Todos somos filhos de Deus; o Pai dos Espíritos reparte com todos igualmente os Seus dons; a
uns dá mais, a outros dá menos, sempre de acordo com a capacidade de cada um.  A uns dá dinheiro, a outros sabedoria, a outros dons espirituais e, finalmente, a outros concede todas essas
dádivas reunidas.
De modo que um tem cinco talentos, outro dois, outro um; ou então um tem dez, outro cinco, outro dois.
Para o Senhor não há privilégios nem exclusões; e se cada qual for consciente do que possui e
compenetrado dos seus deveres agisse de acordo com a Lei Divina, tenham certeza, que ninguém
teria razão de queixar-se da sorte ou reclamar a má situação em que se encontra.
Todo indivíduo no mundo é depositário de um talento ou duas minas.  Mesmo aqueles que se
julgam miseráveis e mendiga a caridade pública, se procurarem suas aptidões, que trazem ocultas
nos recônditos do Espírito, verão que não são tão desgraçados quanto se julgam.
Todos nós trazemos a este mundo talentos e minas para garantir a atual vida e a futura, porque o
mundo é apenas uma estância aonde viemos fazer aquisições, provisões para construirmos e
abastecermos a vida futura.
Observemos o mendigo que passa andrajoso e sujo, perguntemos sobre a sua vida, levemo-lo a
falar, pesquisemos suas qualidades e seus defeitos; penetremos no recesso do seu coração e de
seu cérebro; estudemo-lo físico, moral e espiritualmente; façamos a sua psicologia, e teremos
ocasião de ver nesta figura esquálida, monótona e às vezes, até repelente, qualidades superiores
às de muitos cidadãos que se ufanam nas praças, veremos nele, dons adormecidos, semelhantes
às minas escondidas na terra ou o talento atado a um lenço!
A parábola tem maior aplicação aos grandes, aos poderosos, aos doutos, aos sacerdotes e similares, que por se intitularem guias do povo, são merecedores de maior cobrança.
Há mais de dois mil anos, o Supremo Senhor enviou ao mundo o Seu Filho dileto e representante, cuja doutrina sábia, consoladora e ungida de amor, é a única capaz de salvar a humanidade. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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CAPÍTULO  XVI - NÃO  SE  PODE  SERVIR  A  DEUS  E  A  MAMON
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E o que observamos por toda parte?
Na esfera religiosa, como na esfera científica, o dolo, a má fé, a deturpação da verdade.
Nas guerras de 1914 e 1939, baniu-se dos Espíritos os princípios de fraternidade que o Cristo nos
legou, pois muitos lares ficaram na orfandade, cidades foram devastadas e a imoralidade se acentuou.
E onde estão os subsídios e os subsidiados; os servos, os talentos e as minas legados no Evangelho às gerações?
Nós, servos indolentes, cheios de preconceitos e temores humanos, ocultamos substanciosos ditames que nos foram doados, para ganhar meios de nos elevarmos, e por isso passamos por penosas existências de expiação e provas, até que, mais humildes, mais submissos à vontade divina, recebamos novo talento, nova mina, para começarmos a preparar o nosso bem-estar futuro.
Todos somos filhos de Deus:  O Pai reparte igualmente Suas dádivas entre todos os Seus filhos;
faz levantar o Sol para corretos e errados e descer as chuvas para justos e injustos; mas exige que
essas dádivas sejam acrescentadas por todos.
Os que obedecem aos Seus preceitos têm o mérito de suas obras; os que desobedecem, o demérito, e são responsáveis pela falta de observância de seus sagrados deveres.
O dinheiro não nos foi dado para volúpias, nem a sabedoria para estufar; assim como os dons espirituais não nos foram concedidos senão para serem proveitosos à fé, à esperança e à caridade.
Não devemos esbanjar a fortuna que nos foi concedida, nós, meros depositários, da qual teremos
de prestar severas contas.
Encaremos as parábolas sob o ponto de vista Espírita.
Elas dirigem-se justamente àqueles que tiveram a felicidade de receber os talentos e as minas dos
conhecimentos Espíritas.
Sabe-se que estes conhecimentos, quando corretos e bem entendidos e aplicados, são uma fonte
perene de felicidade e, ao contrário, quando erradamente entendidos e aplicados, são como setas
de remorsos cravados nas consciências desviadas do certo, do bem e da verdade.
Aqueles que recebem a Doutrina Espírita e ainda os dons espirituais, e os aplicam em proveito
próprio e alheio, com o fim especial de tornar conhecida a Palavra de Deus, são os que receberam dois e cinco talentos, cinco e dez minas, e quando chamados ao ajuste de contas, lhes será
dito:  "Servos bons e diligentes!  Fostes fiéis no pouco, também sereis no muito; confiar-vos-ei o
muito; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades, sobre cinco cidades", de
acordo, cada um, com os talentos e as minas que recebeu.
Aqueles que recebem a Doutrina e dons espirituais e não os observam, ou os aplicam errado e
mal, são semelhantes aos que enterram os talentos e as minas, ao invés de colocá-los no banco
para render juros.  Serão julgados e lhe serão tirados o pouco que têm, porque a todo o que tem,
dar-se-lhe-á e terá em abundância, e ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
Os talentos, as minas, são os conhecimentos que vamos adquirindo em cada existência, e quanto
mais conhecimentos nós temos, mais nos será pedido, pois teremos noção de nossas atitudes, de
nossos atos, para com Deus e o nosso próximo.  “A todo que tem, dar-se-lhe-á”; pois quanto
mais temos conhecimento dos ensinamentos de Jesus, mais devemos procurar obter conhecimentos, nos reformando intimamente, para galgar os degraus da evolução.
Aos que nada têm, até aquilo que têm, lhes será tirado.  A este que não tem conhecimento algum,
será necessário que vá a busca do saber, que sinta vontade de evoluir, então os seus talentos e as
suas minas começarão a aumentar.
Todos nós recebemos talentos ou minas a serem trabalhados e quantos de nós, por medo, enterramo-los, alegando não ter condições de fazê-los multiplicar.  E assim, passamos a vida toda, negligenciando os talentos a nós oferecidos.  Enquanto isso admiramos aqueles servos fiéis, que CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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tudo fazem para não deixar enterrado o que recebem do Senhor, os que enfrentam o desprezo do
mundo, as desavenças familiares, enfim, fazem de suas vidas um banco de providências divinas,
onde os banqueiros do Senhor os ajudam com o aumento dos juros.
Coitado daquele que, acovardado, diante do pavor de enfrentar as próprias deficiências, corre do
compromisso, alegando sempre imperfeição ou medo de ir contra o Senhor.  Este se compara ao
servo infiel, que enterrou o talento recebido e que, até este, foi-lhe retirado.  Afastando-se daqueles que tudo fazem para servir ao Senhor, sofrerá o ranger de dentes e a consciência acusando-o
de relapso, porque não teve o desejo de progredir, negligenciou e perdeu o pouco que adquirira.
E João, no capítulo XV, versículo 2, diz:  "Toda vara que não dá fruto em mim, ele a cortará, para que dê mais abundante fruto".
O ser degredado será levado para um planeta inferior à Terra, quando houver a separação do joio
e do trigo e lá aprenderá a dar frutos.
Felizes os que não guardam para si o talento recebido, mas multiplica-os, oferecendo a cada filho
de Deus o que Dele recebeu:  Amor.
E Jesus, está sempre disposto a nos oferecer amor, quando O procuramos sinceramente!
(Parábolas e Ensinos de Jesus)/(Alicerces da Fé) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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5 - Utilidade Providencial da Fortuna - item 7.
"Jesus olhando ao redor de si disse:  Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!  Os discípulos ficaram surpreendidos com estas palavras.  Mas Jesus tornou a dizer-lhes:
Filhos, quão difícil é entrar no reino de Deus os que confiam nas riquezas!  É mais fácil entrar
um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no Reino de Deus.  E eles ficaram
sobremaneira admirados, dizendo entre si:  Quem então pode ser salvo?  Jesus olhando para eles,
disse:  Aos humanos é impossível, mas a Deus não; porque a Deus tudo é possível".   Marcos,
capítulo X, vers. 23 -27.
Jesus falava por meio de parábolas, às vezes eram rudes, porque as pessoas daquela época entendiam assim, através dos exemplos.
O camelo a que Jesus se refere nesta parábola, não é o camelo animal, e sim uma corda.
Na lição do Evangelho está explicado que, a riqueza não é obstáculo à elevação de quem a possui, porque Deus, nosso Pai Bondoso, jamais a daria a alguém, para prejudicá-lo.  A riqueza é
uma prova como é a pobreza e, vai depender de quem vai usá-la.
Muitas vezes os Espíritos que vêm com maior soma de benefícios para o engrandecimento material, moral e espiritual de seus irmãos, esquecem da missão que vieram desempenhar.  O orgulho
é insuflado pelos bajuladores, pelos servis, que têm como deus a riqueza, transviam muitos Espí-
ritos, levando-os a rudes e penosas provações, pelo errado emprego da fortuna que, o Criador
lhes concedeu para o seu aperfeiçoamento e dos seus semelhantes.
Sabemos que a opulência tem as suas virtudes, os seus feitos gloriosos, mas são grandes os obstáculos que se acham na opulência.
O ser humano rico tem mais dificuldades a vencer que o pobre.  Além de tratar de si e dos seus,
além de procurar manter as exigências sociais, além de estudar e estudar muito porque dispõe de
mais tempo que o pobre, ainda lhe cabe o dever restrito de exercer a caridade, quer socorrendo os
necessitados do corpo físico, quer ensinando os ignorantes, dirigindo a todos as palavras de conforto, de coragem de resignação.
Deus não condena a riqueza e ninguém é condenado por ser rico.
"Como é difícil entrar um rico no Reino dos Céus!  É mais fácil  - disse Jesus, passar um camelo
pelo fundo de uma agulha do que um rico se salvar".
Esta sentença do Mestre vem em apoio das provas por que aqueles que pediram bens de fortuna
para prestarem benefícios ao seu próximo e progredirem rapidamente, pois através da fortuna
material deverão conquistar a fortuna imperecível que, os ladrões não roubam, as traças não
roem e a ferrugem não consome.
Aqueles que pediram a pobreza devem manter a coragem, a resignação, pois a verdadeira fortuna
é a que nos proporciona as virtudes que praticamos e das quais nos cercamos.
A condessa Paula, bela, jovem, rica e de estirpe ilustre, era perfeito modelo de qualidades intelectuais e morais.
Faleceu aos 36 anos de idade.  E as pessoas repetiam:  "Por que Deus retira tão cedo pessoas assim da Terra?".
Felizes aqueles que tornam abençoada a sua memória.  Ela era boa, meiga e indulgente, sempre
pronta a desculpar e atenuar o erro em lugar de aumentá-lo.
A simples ideia de que alguém pudesse experimentar uma privação, por sua causa, provocar-lheia um remorso de consciência.
A sua beneficência era inesgotável, mas não essa beneficência ostentosa; exercia a caridade de
coração e não provinda do amor de vanglórias.  Só Deus sabe as lágrimas que ela enxugou, os CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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desesperos que acalmou, pois essas práticas caridosas só tinham por testemunhas os infelizes que
socorreu.  Socorria com aquela delicadeza que eleva o moral em vez de o rebaixar.
Da sua estirpe e das altas funções do marido, decorriam-lhe onerosos encargos domésticos, que
não podia eximir-se; satisfazia plenamente as exigências de sua posição, sem avareza, fazia com
método, evitando desperdícios e superfluidades, que lhe bastava metade daquilo que a outrem
não bastaria.
Assim fazia com que da sua fortuna maior quinhão fosse facultado aos necessitados.  Destinava
uma parte da sua fortuna para a caridade, e conciliava seus deveres para com a sociedade e para
com os infortúnios.
Após doze anos de seu desencarne, um dos seus parentes iniciados no espiritismo, evocou-a.  E
ela disse:
- Tem razão, meu amigo, em pensar que sou feliz.  Na Terra estive entre os felizes, pois não me
lembro de haver aí experimentado um só desgosto real.  O que é, no entanto, essa felicidade
comparada àquela que desfruto aqui?
Não há nada na Terra que se compare às vastas regiões do espaço, matizadas pelas cores que tem
o arco-íris.  Nem as mais esplêndida festas terrenas, com os mais ricos paramentos, são comparadas as assembleias de Espíritos resplandecentes de brilho que as vistas dos humanos não suportariam.
Os concertos da Terra são monótonos perante os concertos harmoniosos, em relação a suave melodia que faz vibrar os fluidos do éter e as fibras do Espírito.
São insípidas as maiores alegrias comparadas à sensação inefável de felicidade como um eflúvio
benéfico, sem mistura de inquietação, de apreensão, de sofrimento.
Aqui tudo verte amor, confiança, sinceridade:  Por toda parte corações amantes, amigos por toda
parte!
Nem invejosos, nem ciumentos!  Este é o mundo em que me encontro, meu amigo, ao qual você
chegará infalivelmente se seguir o reto caminho da vida.
Tem cada um a sua missão a cumprir, seus protegidos a velar, amigos terrenos a visitar, mecanismos na Natureza a dirigir, Espíritos atormentados a consolar:  É o vai e vem de um mundo para o outro, reunindo-nos, separando-nos para novamente nos juntarmos.  Aqui ninguém tem tempo para enfadar-se, por um segundo que seja.
Atualmente a Terra é o magno assunto de nossas cogitações.  Há grande movimento entre os Espíritos.  Numerosas falanges aí fluem, a fim de auxiliarem o progresso e a evolução.
São nuvens de trabalhadores sob ordens de chefes experimentados.  É como se estivessem derrubando uma floresta, abatendo troncos seculares, arrancando suas raízes profundas, desbastando o
terreno; preparam a terra, semeiam; edificam novas cidades sobre as ruínas carunchosas de um
velho mundo.  Os Espíritos se reúnem em conferências e transmitem suas ordens por mensageiros, em todas as direções.
A Terra deve regenerar-se em dado tempo, pois os desígnios da providência se realizam e cada
um tem o seu papel.  Não sou simples espectadora, isto me envergonharia, já que todos trabalham.  Missão importante me é designada.
Não foi sem labores que alcancei a posição que ora ocupo na vida espiritual; fiquei ciente, que
não bastou a minha última existência, por mais meritória que ela pareça, não era por si só suficiente.  Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia
escolhido para fortalecer e me depurar espiritualmente; dessas provas tive a dita de triunfar, a
mais perigosa, a da fortuna e bem-estar material, um bem-estar sem sombras e desgostos.  Nessa
consistia o perigo.  Antes de tentar quis sentir-me forte para não sucumbir.  Deus, tendo em vista
as minhas boas intenções, concedeu-me a graça de Seu auxílio. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Muitos Espíritos, seduzidos pelas aparências, pressurosos, escolhem essa prova, mas, fracos para
afrontar-lhe os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua experiência.
Trabalhadores, eu estou nas vossas fileiras:  Eu, a dama nobre, ganhei como vós, o pão com o
suor do meu rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retemperou as forças
espirituais; do contrário, eu teria falido na última prova, o que me teria deixado para trás, na minha carreira.
Como eu tereis também a vossa prova de riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo.
E vós outros, ricos, tende sempre que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na
Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo Poderoso.
Não nos esqueçamos meus irmãos que, aqui na Terra, tudo nos é emprestado temporariamente,
para alcançarmos o nosso progresso.
No relato da Condessa, vimos que a fortuna não é um mal, e sim degrau para a evolução.
E somente aprendendo o Evangelho de Jesus, alcançaremos a paz.
"Ninguém vai ao Pai senão por mim".
(O Céu e o Inferno)/(Parábolas e Ensinos de Jesus) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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6 - Desigualdade das Riquezas - item 8.
Deus concedeu a riqueza e o poder a alguns e a miséria a outros, para provar cada um de uma
maneira diferente e bem se sabe que, muitas vezes, as provas são escolhidas pelos próprios Espí-
ritos, que muitas vezes sucumbem ao realizá-las.
Tanto a pobreza como a riqueza são provas difíceis.  A pobreza, a miséria, provoca a lamentação
contra a Providência Divina, e a riqueza leva a todos os excessos.
O rico dispõe de mais meios para fazer o certo e o bem, porém passa por mais tentações.  Expõese a ser egoísta, orgulhoso e insaciável; suas necessidades aumentam com a fortuna e julga não
ter o bastante para si mesmo.
A posição elevada no mundo e a autoridade sobre os semelhantes são provas tão grandes e arriscadas quanto a miséria; porque, quanto mais o ser humano for rico e poderoso, mais obrigações
têm a cumprir e maiores são os meios de que dispõe para fazer o certo e o errado.
Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo uso que faz de seus bens e do seu poder.
A riqueza e o poder despertam todas as paixões que nos prendem à matéria e nos distanciam da
perfeição espiritual.
Todas as criaturas humanas tendem para o mesmo fim e Deus fez as Suas leis para todos.  Por isso dizemos ou ouvimos frequentemente:  - o Sol brilha para todos.
Com isso dizemos e ouvimos uma grande verdade.
Todas as criaturas humanas são submetidas às mesmas leis naturais; todos nascem com a mesma
fragilidade, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo físico do rico se destrói como o do pobre.
Deus não concedeu superioridade natural a nenhuma criatura, nem pelo nascimento, nem pela
morte:  Todas as criaturas são iguais perante Ele.
Deus criou todos os Espíritos iguais, mas cada um deles viveu mais ou menos tempo espiritual e,
por conseguinte, realizou mais ou menos aquisições; a diferença está no grau de experiência e na
vontade, que é o livre-arbítrio:  Por isso uns se aperfeiçoam mais rapidamente, tendo aptidões diversas.
A mistura de aptidões é necessária, a fim de que cada um possa cumprir os desígnios da Providência Divina, nos limites do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais:  O que um
não faz, o outro faz, e é assim que cada um tem a sua função útil.  Por isso, que habitantes de outros orbes, superiores, na sua maioria criados antes de nós, vêm habitar aqui na Terra para nos
dar exemplos.
Se um Espírito de um orbe superior vier habitar um mundo inferior, ele conserva integralmente
suas aptidões, porque o Espírito, no que progrediu, não regride mais.  Ele pode escolher um envoltório mais rude ou uma situação precária, apenas para lhe servir de lição e ajudá-lo a progredir.
As nossas aptidões se relacionam com o grau de aperfeiçoamento a que chegamos.  Deus não nos
criou com desigualdades de faculdades, mas permite que os diferentes graus de desenvolvimento
se mantenham em contato, a fim de que os mais adiantados possam ajudar os mais atrasados a
progredir.  E também a fim de que as criaturas humanas necessitassem umas das outras, compreendendo a lei de caridade que as deve unir.
A desigualdade das condições sociais é obra do ser humano.  Somente as leis de Deus são eternas.  Essa desigualdade social desaparecerá juntamente com a predominância do orgulho e do
egoísmo, restando somente a desigualdade do mérito.  Chegará um dia em que a grande família
dos filhos de Deus só verão o Espírito puro e não o sangue mais ou menos puro.
Os que abusarem da superioridade social serão oprimidos, porque renascerão numa existência
em que eles sofrerão tudo o que fizeram os outros sofrer. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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A igualdade absoluta das riquezas é impossível, pois existe a diversidade das faculdades e dos
caracteres.  Porém o bem-estar é relativo e cada um pode gozá-lo, porque o bem-estar está no
emprego do tempo de acordo com a vontade e não em trabalhos pelos quais não se têm nenhum
gosto.  Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficará por fazer.  O equilí-
brio existe em tudo e é o ser humano quem o perturba.
E um dia todos se entenderão, quando praticarem a lei da justiça.
Há pessoas que caem na pobreza e na miséria por sua própria culpa.
A sociedade deve velar pela educação moral dos seus membros, porque é a má educação que falseia o critério dessas pessoas, em lugar de cortar-lhes as tentações perniciosas.
Enfim vemos que, tanto a pobreza e a riqueza, são provas dificílimas dadas ao Espírito, porque
vai depender da sua vontade de evoluir.  E tanto a riqueza, como a pobreza, leva o Espírito a
evolução.  E se passamos por elas, é para burilar o Espírito, esse diamante bruto.
Saibamos que não é somente o rico da parábola o grande devedor da vida.  Muitas vezes a fortuna é simplesmente um cárcere.
Há outros avarentos que devemos recordar em nossa viagem para a Luz maior:  Temos os sovinas da inteligência, que se ocultam nas floridas trincheiras da inércia; temos os abastados de saú-
de que desamparam os aflitos e doentes; temos os privilegiados de alegria que cerram a porta aos
tristes, isolando-se no oásis de prazer; temos os felizes de fé que procuram a solidão, a pretexto
de se preservarem contra o pecado; temos os expoentes da mocidade que menosprezam a velhice; temos os favorecidos da família terrestre, que esquecem os andarilhos da penúria que vagueiam sem lar.
Todos esses ricos, comuns de experiência, contraem pesados débitos para com a humanidade.
Não nos esqueçamos que o tesouro real da vida está no nosso coração.
Quem não pode doar algo de si mesmo, na boa vontade, no sorriso fraterno, tão pouco estenderá
as mãos recheadas de ouro, porque só o amor abre as portas da plenitude espiritual e semeia na
Terra a luz da verdadeira caridade, que extingue o erro e dissipa as trevas.
A pobreza é mera ficção.  Todos temos algo.  Todos podemos auxiliar.  Todos podemos servir.
E o Mestre Jesus disse:  "O maior na vida será sempre aquele que se fizer devotado servidor de
todos".
Em nosso relacionamento habitual com César  - simbolizando o governo político, não nos esque-
çamos de que o mundo é de Deus e não de César, para que não sejamos parasitas na organização
social em que fomos chamados a viver.
Muitos acreditam estarem exonerados de quaisquer obrigações para com o poder administrativo
da Terra, simplesmente porque pagaram seus impostos, achando que não devem fazer mais nada.
Então, não esqueçamos que somos de Deus e não de César, e que César não dispõe de meios para substituir junto de nós a assistência de Deus.
Por isso a Providência Divina conta com a nossa participação constante no certo e no bem, para
alcançarmos a vitória com o progresso real.
A voz do Senhor nos fala na acústica da própria consciência e procuremos executar aos nossos
deveres sem esperar que César nos visite com exigências ou aguilhões.
O trabalho é regulamento da vida e devemos cultivá-lo com diligência, utilizando os recursos
que dispomos para a melhoria de todos que nos cercam.
Auxiliar os outros é recomendação do Céu e em razão disso, auxiliemos sempre, seja amparando
um companheiro infeliz, protegendo uma fonte ameaçada pela secura ou plantando uma árvore
benfeitora que amanhã falará por nós à beira do caminho.
Todos prestaremos contas à Divina Providência quanto aos bens que nos foram emprestados
temporariamente, e sem nenhum constrangimento, exercitemos a compreensão e a tolerância, o CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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otimismo e a fé, apagando os incêndios da rebelião ou da crítica onde estiverem e estimulando,
em toda parte, a plantação de valores suscetíveis de estabelecer a harmonia e a prosperidade em
torno de nós.
De nada vale dar a César algumas moedas por ano, cobrindo-o de acusações e reprovações todos
os dias.
Doemos a Deus o que é de Deus, oferecendo o melhor de nós mesmos, em favor dos outros, e,
desse modo, César estará realmente habilitado a amparar-nos e a servir-nos, hoje e sempre, em
nome do Senhor.
Devemos nos empobrecer das ambições inferiores e adquirir a luz que nasce da sede da perfeição
espiritual.
Quem se empobrece de exigências da vida física, recebe os tesouros inapreciáveis do Espírito.
E Jesus, o Divino Amigo, estará sempre junto de nós, tanto na empreitada da reforma íntima como na ajuda ao próximo.
(O Livro dos Espíritos)/(Dinheiro - FCX - Emmanuel)CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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7 - A Verdadeira Propriedade - item 9.
É difícil estabelecer conceito exato de pobreza e riqueza.  A primeira significa falta ou carência,
enquanto a segunda nos dá o entendimento de abundância ou fartura.
Tanto uma quanto a outra dizem respeito a bens materiais ou morais.
A riqueza e a pobreza podem referir-se a povos, nações, e até mesmo a continentes ou simplesmente ao indivíduo.  Mas, nem só de pão vive o ser humano e, é inquestionável a existência de
riqueza e pobreza material, também existem em comum essas condições no mundo do ponto de
vista moral.  Assim, há criaturas ricas e pobres que não creem em Deus, na Sua existência.  As
primeiras são ricas de bens materiais, mas pobres de entendimento; as segundas são duplamente
carentes:  Nem riqueza material e nem moral.
Deus, por intermédio da Natureza, deu ao indivíduo todos os meios e recursos para a sua subsistência.  As dificuldades da criatura humana, onde quer que se encontre; são desafios para o seu
aprimoramento, a sua evolução.
Ao lado de modernos edifícios proliferam favelas populosas e degradantes.  Junto de elevados e
nobres ideais deparamos com pavorosas ruínas morais.  Há coletividades e até povos que se adiantam na conquista de bens e cultura, mas que são indigentes de fé.  O materialismo é a grande
chaga do mundo e faz o ser humano esquecer a existência do Espírito.  O egoísmo, que o materialismo entroniza no peito das pessoas, faz com que elas se esqueçam de apreciar a beleza da vida; como o sorriso da criança feliz correndo sobre a grama.  O materialismo embrutece o ser
humano ao buscar afastá-lo de Deus e incutir-lhe a ambição e a cobiça.
A humanidade já dispõe de suficiente experiência para compreender que o materialismo, além de
não resolver os problemas do mundo, agrava os do Espírito.  Ao negar a existência do Espírito,
procura destruir a liberdade, a esperança e a fé.  Desse modo, o Espírito ainda prisioneiro a bens
materiais, quando reencarnado, sente-se mais encarcerado.
Devemos considerar, com relação a bens, haveres e fortunas, que a igualdade absoluta é impossível, mas a desigualdade muito acentuada é altamente ultrajante ao ser humano.  Por isso mesmo, jamais devíamos esquecer que o direito à vida física não pode sofrer qualquer espécie de restrição e que o supérfluo para uns pode suprir muitas necessidades vitais de outros.
As leis de amor e fraternidade quando forem praticadas, no futuro, vão arredar do coração humano o egoísmo e o orgulho e, com eles, serão também afastados muitos tormentos do caminho.
A Doutrina Espírita vem abrir à criatura humana as oportunidades de se livrar de todos os empecilhos à sua evolução.  Também no que se refere à riqueza e a pobreza mostra-nos a solução para
as dificuldades decorrentes delas.
Tudo o que a riqueza nos proporciona para que esqueçamos os deveres para com o próximo, não
é culpa dela, e sim de quem dela abusa.  A riqueza é de grande utilidade quando se sabe aproveitá-la.  E se a riqueza só produzisse o erro, Deus não a poria na Terra, pois qual é o pai que deseja
o mal de seus filhos?
A riqueza é para conduzir o ser humano a produzir o certo e o bem, e se não é um elemento direto para o progresso moral, é sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual, pois
dá oportunidade de mais aprendizado e fornece oportunidades para os cientistas em suas pesquisas.
A pobreza é, para os que sofrem, a prova de paciência e de resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.
Portanto, os males não são decorrentes de uma ou de outra, mas do comportamento do ser humano em face delas. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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CAPÍTULO  XVI - NÃO  SE  PODE  SERVIR  A  DEUS  E  A  MAMON
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Não é por sabermos que a pobreza é prova de resignação, que devemos cruzar os braços, deixando que os nossos irmãos sofram, sabendo que podemos repartir algo do que temos.
Tanto na abastança ou na privação, estamos comprometidos com o amanhã, quando haveremos
de colher os frutos doces, ou amargos, que plantamos na lavoura correta, ou nos desfiladeiros do
erro.
Desse modo, há bens materiais e bens do Espírito.  Os materiais nós deixamos no mundo físico,
porque não podemos levá-los quando partimos daqui; os bens do Espírito nós os levamos, pois o
Espírito é imortal e como ele, os bens morais são imperecíveis e fazem a sua grandeza.  Mas os
ricos do mundo que fizerem errado uso de suas riquezas, arrastarão angústias e sofrimentos, enquanto os pobres que também forem abundantes em erros e delinquências, carrearão destruição e
pesadelos.
A humanidade compõe-se de pequena parcela que retém bens e fortunas, e de um enorme contingente em precárias condições de vida física e de uma população intermediária, também muito
numerosa, podendo ser incluída naqueles extremos.  Estabelecer limites entre todas é irrealizá-
vel.
Deus não condena nem uma e nem outra, pois, ambas são aprendizado, pois o Espírito, ora pode
encarnar como rico e ora pode encarnar como pobre.  Saber conviver com a condição em que se
reencarna é o seu livre-arbítrio.
A Doutrina Espírita vem para orientar e esclarecer todas as pessoas, em quaisquer condições ou
posições sociais, lançar luz sobre as consciências de todos, ao desvendar para cada um de nós a
existência de Deus e às Suas leis, do Espírito e da imortalidade, e de tudo o que nos relaciona
com o porvir.  Dilata, assim, os horizontes ao descortinar a eternidade e mostrar que o desencarne é o portal da vida real.
O corpo terrestre é valioso instrumento de formação da verdadeira riqueza.  Ele se notabiliza
como ferramenta essencial em nosso próprio favor, no fecundo campo da vida.
Temos o primoroso equipamento do cérebro.  Aprendamos a produzir pensamentos que enobre-
çam a estrada, conquistando o apreço e a estima dos semelhantes, em nosso próprio benefício.
Possuímos o tesouro dos olhos.  Vamos movimentá-los no serviço e nos estudos, provendo o Espírito dos mais amplos valores, no setor do conhecimento que nos aprimoramos.
Dispomos da felicidade dos ouvidos.  Empreguemo-los na aquisição de ensinamentos e palavras
edificantes que possam clarear o nosso futuro.
Contamos com a bênção da língua.  Usemo-la na máxima possibilidade, emitindo o verbo sadio,
e fraternal, que nos assegure a confiança e simpatia dos outros.
Retemos conosco o patrimônio dos braços.  Apliquemos na plantação do certo e do bem e surpreenderemos abundantes colheitas de prosperidade e alegria.
Guardemos conosco o cofre do coração.  Com ele estendamos os recursos para recolher da vida
os júbilos do amor, alicerce da ventura sonhada.
Nem sempre o corpo físico será uma cruz para a regeneração do Espírito.
Na maioria das circunstâncias é a ferramenta com que o Espírito pode talhar os mais altos destinos.
Não nos preocupemos com o problema da abastança ou da carência de utilidades materiais, porque a riqueza e pobreza, à frente da Lei Divina, muitas vezes, apenas significam oportunidades
de aperfeiçoamento e elevação.
Somente o trabalho sentido e vivido é capaz de gerar a verdadeira fortuna e acrescentá-la infinitamente e, por isso, amando a tarefa que o Senhor nos confiou, por mais inquietante e singela, CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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valhamos-nos do tempo para enriquecermos hoje de luz e amor, compreensão e merecimento, a
fim de que o tempo não nos encontre amanhã de coração fatigado e mãos vazias.
(O reformador - 11/96)/(Dinheiro - FCX - Emmanuel) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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8 - M., Espírito Protetor, Bruxelas, 1861 - item 10.
Neste capítulo do Evangelho, vimos que não há mal nenhum em possuir fortuna, desde que seja
adquirida de maneira lícita e se continue trabalhando pelo bem do próximo, gerando emprego,
pagando-se salário justo, distribuindo um pouco a favor dos mais carentes de alguma maneira,
pois será pedido prestação de contas de cada centavo em erro ganho e em erro pago.
Não se pode usar e abusar da riqueza sem ter que prestar contas, pois ao adquiri-la, Deus está
pedindo perseverança, justiça, vontade e esforço.  Porém, se usada errada, será causa de queda,
pois terá que se responder por todas as ações.
Há muito esforço que se faz para transmitir fortuna aos descendentes, mas se quem a recebe, não
está preparado para tê-la, não conseguirá administrá-la, perderá tudo, enquanto o que a usou com
sabedoria, não visando somente o seu proveito próprio, crescerá.  Por isso, veem-se grandes fortunas ruírem, pois os que as recebem não estão aptos para recebê-las, não sabem fazer o verdadeiro uso delas.
No mundo realmente existe os usurários, que são os agiotas, os avarentos, os sovinas, os mesquinhos, estes são os ricos infelizes, são os dilapidadores dos bens do povo, porque a movimentação
do dinheiro poderia incentivar o trabalho, atenuando as dificuldades dos mais infortunados.
Entretanto, temos fortunas de grandes beneméritos da humanidade, que estimulam as grandes
iniciativas em favor do bem público.  Transformam pântanos em parques industriais, onde milhares de criaturas ganham honestamente o pão da vida, e por isso merecem o nosso respeito.
Não se deve julgar ninguém, só Deus pode julgar as criaturas; sendo o planeta terrestre uma
abençoada escola de dor, que conduz à alegria e ao trabalho, que encaminha para felicidades com
Jesus, deve-se assinalar que, na carne, há quase totalidade de Espíritos com débitos pesados, com
as mais vastas obrigações, perante a obra de Deus, que é o país infinito dos Espíritos.
O Senhor das riquezas é o próprio Pai que criou o Universo, onde estão os bancos infalíveis e os
milionários que podem dispor eternamente dos seus bens.
As expressões cambiais do mundo terrestre são convenções que outras convenções modificam.
Basta, às vezes, um sopro leve das marés sociais, para que todos os quadros da riqueza humana
se transformem.
Dinheiro para gastar e dívida financeira para resgatar, são oportunidades que o Senhor de todas
as coisas oferece para que seja digno Dele.
O crédito exige a virtude da ponderação com a bondade esclarecida e o débito reclama a virtude
de paciência com o amor ao trabalho.
O capital do mundo não é um erro, apesar de serem raríssimos os seres humanos que conseguem
trabalhar sem este estímulo.
O capital continuará sendo um aguilhão, até que as criaturas entendam o divino prazer de servir.
Para os mais abastados; o capital tem constituído a preocupação bendita da responsabilidade, para a maioria dos seres humanos; o estímulo ao trabalho.
O capital é um recurso de sofrimento purificador, não somente para os que o possuem, mas para
quantos se esforcem para obtê-los.  É o meio pelo qual o amor de Deus opera sobre toda a estruturação da vida material no globo; sem a sua influência, as expressões evolutivas deixariam a desejar, mesmo porque, os Espíritos encarnados estão longe de compreender os valores legítimos
da vida.
Na Parábola do rico e Lázaro, o Espírito de Abraão, personifica a Providência Divina junto à Lá-
zaro redimido, porém não atendeu as súplicas do rico desventurado, sendo ele também filho de
Deus. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Será insensibilidade nos Espíritos gloriosos que já se redimiram das vicissitudes da existência
material?
Abraão e Lázaro viram no sofrimento do rico a misericórdia inesgotável do Pai Celestial que,
dos erros mais profundos, sabe extrair a água amargosa que há de curar o coração.
Ambos compreenderam que seria contrariar os desígnios de Deus, levar ao irmão torturado uma
água mentirosa que não lhe mataria a sede espiritual.
E o que pedia o rico ao Espírito de Abraão?
Rogava que Lázaro voltasse à Terra para dar a seus pais, a sua mulher, a seus filhos e irmãos as
verdades de Deus, a fim de que se salvassem.
Por que não lembrou de pedir essa difusão de verdades entre todas as criaturas?  Por que razão
somente pensou nos seus amados pelo sangue, quando todas as criaturas são irmãos e têm necessidade da paz de Deus, que é a água viva da redenção?
A solicitação do rico é muito semelhante à maioria das súplicas que partem dos caminhos escuros da Terra, filhas do egoísmo ambicioso, ou do malfadado espírito de preferência das criaturas,
orações que nunca chegam a Deus, porque se apagam no mesmo círculo de sombra e ignorância
em que foram geradas, pela insensatez dos seres humanos indiferentes.
A Terra ainda está cheia de heranças tristes, porque desconhece a grandeza do Cristo, por isso os
quadros sociais tão angustiosos da existência terrestre, por não meditar também na profunda Parábola do rico e Lázaro, isto é, nos ensinamentos de Jesus.
O grande problema em relação à riqueza é que ela exacerba as erradas paixões, desperta o orgulho e o egoísmo, os vícios radicais, causadores de todos os outros vícios humanos.  O que se deve condenar é o abuso da riqueza, resultado da imperfeição do Espírito que encarna para viver
essa prova, e não a riqueza em si mesma, porquanto se Deus permite que exista, é que ela faz
parte dos Seus próprios projetos pedagógicos em relação ao ser humano.
Como diz Allan Kardec:  A riqueza é, com razão, considerada elemento de progresso!
O maior obstáculo que se trilha no caminho espiritual não é a riqueza.  É, na verdade, o apego à
autoimagem, ao ego.
Precisa-se observar com honestidade a vida, enfrentar as fraquezas e problemas, amar a verdade,
ouvir o coração, enfim, trabalhar o íntimo honesta e inteligentemente, para ampliar a consciência
de si mesmo.
A própria Natureza apresenta preciosas lições.
Sucedem-se os anos com precisão matemática, mas os dias são sempre novos.
Dispondo, assim, de trezentos e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de
uma existência?
Deve-se guardar do passado o que for correto, bom e justo, mas não guardar do pretérito os detritos e sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento.
Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.
Se possível, não deixe para depois os laços de amor e paz que pode criar agora, em substituição
às pesadas algemas do desafeto.
Não é fácil dedicar o coração a favor daqueles que ferem.
Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a boa vontade, à benefício daqueles
que odeiam ou que ainda não compreendem.
Ficando na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, porém, tornandose sereno, mostrando disposição na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de cada um e em torno dos passos, a escura fermentação da guerra. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Alguém te magoa?  Reinicia o esforço da boa compreensão.
Alguém não te entende?  Persevera em demonstrar os intentos mais nobres.
Deixe-se viver cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem.
Não esqueça a assertiva do Mestre:  "Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino dos
Céus".
Renasça agora nos propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos
que te cercam e alcançando antecipadamente a vitória sobre ti mesmo no tempo...
Mais vale auxiliar, ainda hoje, do que ser auxiliado amanhã!
E o Mestre Jesus, está nos auxiliando sempre!
(Pontos e Contos - Irmão X)/(O Reformador - 11/92)/(O Reformador - 07/97) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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9 - Emprego da Fortuna - item 11.
"Não podeis servir a Deus e a Mamon".  Mateus, capítulo 6, vers. 6-24.
Mamon era uma divindade que os povos antigos adoravam, feita de ouro e prata, representando
mais ou menos o que representava Júpiter para os romanos, isto é, os vícios da humanidade com
todo o seu cortejo, explicando o pensamento de Jesus:  "Não podeis servir a dois senhores ao
mesmo tempo".  Ou servir a Deus, Criador e Pai, ou servir aos interesses do mundo.
Não é possível viver uma vida que agrade a Deus, praticando desregramentos que deixam uma
existência comprometida com vícios e paixões.
Não podemos ter no Espírito, ao mesmo tempo, o amor e o egoísmo; a caridade e a avareza; o
desprendimento e a cólera; a mansidão, que reflete humildade de Espírito com simplicidade de
coração e o orgulho; a atividade indispensável ao trabalho e a preguiça, a bondade para com todos e o gosto do assassínio e das violências, pois são comportamentos adversos.
Aquele que se consagra aos bens terrenos não tem como praticar o desprendimento que o progresso espiritual exige.
A era das divagações de pensamento passou.  Hoje, mais do que nunca, há a condição para se
conhecer o Criador do Universo.
O Mestre declarou no livro de Mateus (24-34) e no de Marcos (13-30):  "Que não passará esta
geração sem que todas estas coisas aconteçam".  E disse mais:  "O Céu  e a Terra passarão, mas
as minhas palavras não hão de passar".  E também profetizou João Batista:  "O machado está
posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bons frutos, é cortada e lançada ao fogo".  Mateus (3-10).
De Jesus até os nossos dias as gerações humanas têm sido inúmeras e, no entanto, as criaturas
humanas têm se comportado à vontade; mundana, viciosa e adulteramente, assassinando, roubando, pervertendo-se na prática de todos os erros possíveis e inimagináveis.
Não estamos referindo simplesmente aos pequeninos integrantes das massas populares, incultos,
apagados e débeis.  Estamos referindo aos que se orgulham de seus títulos, nomes e posição social, mas que também matam, que também roubam, que também mentem, que também praticam
a corrupção, e não têm o direito de alegar desconhecimento de Deus.
Haverá a hora do basta, porque todos serão levados a refletir, porque o Pai Celestial não privou
ninguém de consciência, e a geração que Jesus se referia é a dos Espíritos, que o Senhor do
mundo colocou sob a Sua tutela, e todos nós estamos incluídos, e a passagem para mundos melhores somente ocorrerá com a perfeição alcançada.
A árvore de que João Batista falava, diz respeito a qualquer das ovelhas do grande rebanho de
Cristo que, no momento da escolha, não tenha condição de permanecer entre as que não transviaram.  Para aqueles que tiverem olhos de ver, a grande separação do joio e do trigo já está acontecendo.
Este sofrido planeta está sendo promovido a mundo regenerador.  E as árvores que nele não quiseram produzir frutos bons não permanecerão, por tratar-se de uma presença perniciosa na nova
fase a ser desenvolvida na Terra.
Vamos indagar a nossa consciência; pois ninguém dela é privado:
- Teria Deus esquecido de insistir em Suas advertências?
- Não!  Reflitamos todos sob cada versículo, cada sentença do Sermão da Montanha e nos convenceremos de quanto o Mestre alertou para que ninguém se perdesse por falta de conhecimento.   CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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No entanto, já está a acontecer na Terra a repetição do exílio dos filhos de Capela, no exílio doloroso de um contingente quase inumerável de filhos deste astro do Universo.
Somos cristãos e estamos convictos de nossa fé.  Quanto ao que o Cristo espera de nós não há
razões para dúvidas no Espírito.
São milhares e milhares de páginas que já devem ser milhões, em ensinamentos, orientações elucidativas e advertências.  Nem mesmo o povo de Israel, que a si mesmo denominava Povo de
Deus, recebeu tanto.
Como nós temos procedido aos olhos de Deus, diante de tão valiosos ensinamentos?  Será que
estamos sendo sinceros com o Consolador prometido pelo Senhor, e que nos veio no tempo certo?
E para que não houvesse dúvida em nossos corações, fomos premiados com o Evangelho Segundo o Espiritismo, onde encontramos mensagens assinadas pelo Espírito de Verdade, no prefácio
do capítulo VI e no capítulo XX, neles carinhosamente nos trata como trabalhadores da última
hora.
Que queremos mais?
Será que podemos ter a tranquilidade de consciência que somente a Deus estamos servindo?
Já estamos unificados no espírito da Doutrina do Consolador, que está conosco há 140 anos?
Já nos foi possível, pelo menos, colocar no ponto mais alto o trabalho da fraternidade?
Que fizemos de nossos venturosos propósitos de humildade?  Ou esquecemos o sentido destas
palavras:  "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração".  Mateus  (11 - 29).
Reflitamos sobre quanta coisa estranha tem sido expelida, aqui, ali e em outros lugares, pelo nosso incontido intelectualismo, a causar perplexidade nas mentes ingênuas ou despreparadas, dificultando-lhes o entendimento das verdades de que o Consolador é veículo.
Estamos nos momentos mais propícios ao nosso efetivo e bom serviço a Deus.  Se ontem Jesus
falava a seres humanos de instintos grosseiros, que punham acima de tudo seus compromissos
mundanos com Mamon, hoje a Doutrina Espírita se dirige a seres humanos bem mais adiantados,
e não é possível que humanos assim, se deixem dominar pelo deus Mamon; da vaidade e do personalismo exacerbado.
Recordemos uma vez mais, a advertência prudente do apóstolo Paulo aos companheiros na assembleia de Corinto:  "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe, não caia!".  I Cor. (10 - 12).
Ninguém está impedido de ser rico, de desfrutar poderes diante do mundo, de conquistar aplausos por seus dons intelectuais, de participar dos banquetes que às sociedades mundanas tenham
conquistado.  O livre-arbítrio nos pertence.
Todavia, quando nos permitimos ser colocado a Serviço do Senhor, na condição de trabalhador
ou obreiros do Evangelho, temos que manter a postura de servidor de Deus, exemplificando prudência, abnegação, humildade e devotamento.
Esses quatro instrumentos, seguros e poderosos, ajudam muito a exercitar o Evangelho e manterse fiel ao compromisso com o Cristo.
Vivendo nessa fidelidade, jamais atentaremos contra o Cristianismo Redivivo que é; unir, integrar, recompor e fortalecer a grande falange do Consolador e nunca dispersar, confundir, atordoar aqueles que, embora sinceros, são incipientes ainda na Seara do Senhor.
Bem de vida!
Estar bem de vida é a aspiração mais generalizada de todo o mundo, conquistar um lugar ao Sol.
Todos se identificam quando pretendem melhorar de situação.
As mudanças para melhor fazem parte da ordem natural das coisas. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Somos seres humanos, isto é, seres pensantes, inteligentes, racionais.  Logo, temos os nossos
problemas e, dentro deles, as nossas aspirações.
O que não podemos é forçar situações para melhorar de vida física.  Não podemos disputar a
posse de grandes rendimentos, decorrentes de empregos rendosos, de posições vantajosas, de
cargos lucrativos, de negócios vultosos, sem nos inquirirmos se estamos preparados espiritualmente para entrar no seu usufruto, com lúcido discernimento das responsabilidades contraídas.
Muitas pessoas são proprietárias de grandes fortunas, porém gostariam de ser donos até mesmo
das nações de que são filhos e se fosse possível do planeta em que vivem.  E intelectualmente
bem dotadas, ofuscam as outras inteligências que existem.
Isto é buscar a infelicidade com as próprias mãos, pedindo o que não pode, desejando o que não
sabe, querendo o que não deve.
Será que pensam em Deus os que assim agem?   Acreditamos que não pensam nem em si mesmos, pois se o fizessem, não perderiam a honra para ganhar evidência, não sacrificariam a paz,
não trocariam o Céu interior pelo umbral das torturas morais.
De que nos serve sermos hoje, o que não podemos ser amanhã?   Possuirmos agora, o que nos será tirado amanhã?
Precisamos observar, se ao pensar em subir, não estamos descendo; ou se o melhor pretendido
não será, na realidade, o pior que nos sobrevirá.
Melhorarmo-nos de dentro para fora, interiormente, intimamente, é a questão, o ponto chave.
Bem de vida está, não propriamente quem melhora de situação material e, sim, o que melhora a
si mesmo, enriquecendo-se de virtudes, agigantando-se nos valores do Espírito.
Ser um humano correto e de bem na vida  - situação definida para consecução definitiva do verdadeiro objetivo de nossa destinação eterna.  Está é a causa e a meta de nossa permanência na
crosta planetária e à qual devemos estar atentos e de todo empenhados em conquistar.
Conquistemos o Reino de Deus dentro de nós e tudo mais nos será acrescentado.
O grande tesouro da vida está na paz interior, e só a temos, seguindo os passos do Mestre Jesus.
E aqui estamos para seguir às Suas pegadas.
Muita paz a todos!
(O Reformador - 03/97)/(O Reformador - 08/97) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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10 - Um Espírito Protetor - Cracóvia, 1861 - item 12.
Em nossa vida precisamos constantemente fazer escolhas.  A nossa dificuldade é que nem sempre conseguimos discernir os caminhos que se abrem à nossa frente.  O conhecimento espírita
pode nos ajudar bastante nesses momentos de dúvidas e incertezas diante do futuro, mas, às vezes, o nosso conhecimento dos princípios básicos do Espiritismo é superficial para termos uma
análise da encruzilhada que nos encontramos.  Então, precisamos refletir sobre estes conhecimentos, meditar como aplicá-los em nossa vida, tendo o senso crítico para observar nossas atitudes e reações, identificando nossos motivos interiores.
Muitas vezes tomamos a decisão que precisamos tomar, porque ela define a nossa filosofia de
vida, mas não temos consciência que já fizemos a escolha.  Continuamos pela vida agindo e reagindo, sem fazer uma autoanálise, para perceber que, muitas vezes, não estamos trilhando o caminho mais viável para o alcance dos nossos objetivos, que consideramos válidos em vista das
informações colocadas ao nosso alcance pela Doutrina que abraçamos.  Estamos falando da decisão básica que devemos tomar quanto aos dois caminhos que a vida nos apresenta:  O material e
o espiritual.
O caminho material é a escolha mais imediata e geradora de posição social, conforto, bem-estar
físico.  Aí, traçamos nossas metas, considerando habilidades intelectuais e profissionais que precisamos adquirir, e aceitamos as regras de uma sociedade competitiva.  Dedicamos nossas horas
somente para obtenção do que está colocado em nossa mente, achando imprescindível à felicidade, armazenando mais, sem pensar nas carências à nossa frente, no futuro incerto.  A violência e
a enfermidade são imprevistos que nos ameaçam, projetando sombras sobre a nossa aparente
tranquilidade.
Na corrida, atrás de tantos afazeres materiais, nosso dia fica totalmente preenchido, sobrando
pouco espaço interior, para considerar o vazio que começa a se instalar dentro de nós, gerando
insatisfação.  E, muitas vezes, quando essa sensação começa a nos incomodar, procuramos preenchê-lo com aquisições de bens materiais.  Consumimos o nosso tempo de lazer diante da televisão; em espetáculos que atendem aos nossos sentidos; com bebidas; buscando novos parceiros.
A Doutrina Espírita nos mostra que esse caminho não nos trás a felicidade almejada.  A alegria
presente nele é aparente, efêmera, e deixa atrás de si uma estranha sensação, amarga, de frustra-
ção, aprisionando-nos num círculo vicioso e difícil de ser identificado e corrigido.  Consumimos
preciosas reservas de energia nisso e nos surpreendemos depois com doenças, acidentes imprevistos ou conflitos íntimos:  interfamiliares ou sociais, aos quais não estávamos buscando.  Pelo
conhecimento espírita aprendemos que, a qualquer tempo de nossas vidas podemos alterar os
rumos, escolhendo o caminho espiritual.
Escolher o caminho espiritual não significa renunciar a tudo que seja material.  A Doutrina Espí-
rita não prega o abandono do mundo, a reclusão e a clausura; o adepto do espiritismo, ao contrá-
rio, precisa estar presente na sociedade, vivendo conforme a realidade em que se inseriu ao reencarnar, para mais uma experiência de aprendizagem na Terra.  A escolha desse caminho determina novas prioridades, motiva atitudes diferentes, diante das circunstâncias e do próximo, gerando um novo modo de estar no mundo.
A intuição ganha espaço novo na nossa economia psíquica, trazendo subsídios às decisões que
precisamos tomar no dia a dia, ampliando nossa capacidade de discernir e de fazer opções, diante
dos problemas do cotidiano.  Esse caminho dá significado à nossa vida, preenche o vazio interior
e nos direciona a obter conquistas reais do Espírito. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Alertados pelo conhecimento espírita, buscamos o caminho espiritual, porém há expectativas que
não se realizam, porque as coisas não mudam da noite para o dia, os nossos problemas não são
eliminados e não teremos saúde e energia inesgotáveis.  E se essas coisas miraculosas não acontecem, voltamos atrás, ficamos confusos, sem saber no que acreditar.
A tentativa de percorrer os dois caminhos:  Espiritual e Material, pode acontecer.  Queremos servir a Deus e a Mamon, isto é; desejamos os benefícios do caminho espiritual, mas recusamos
abrir mão da comodidade, do conforto e dos prazeres que o caminho material proporciona, mas a
tentativa de conciliar os dois caminhos trás o conflito interior, e ficamos como aquele moço do
Evangelho, em Mateus, capítulo 19, vers. 16 a 24, que perguntou a Jesus o que deveria fazer para
ganhar o Reino dos Céus.  Jesus informou-lhe a necessidade de guardar os mandamentos.  Ele
respondeu que já o fazia.  O Mestre considerou que ele precisava de abnegação e renúncia dos
bens materiais, afirmando:  "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e
terás um tesouro no Céu.  Depois, vem e segue-me".
Pela narrativa do Evangelho, sabemos que o rapaz entristeceu-se com a resposta, porque possuía
muitos haveres.  Ele estava dividido entre a vontade de trilhar o caminho espiritual e a dificuldade de abandonar o que o mundo lhe proporcionava.  Assim ficamos muitas vezes, mas precisamos insistir no caminho espiritual, apesar dos obstáculos.
A atitude do rapaz rico motivou a célebre afirmação de Jesus, de que é mais fácil um camelo
passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus.  Camelo nesse caso,
não é um animal, e sim uma corda, ou um caminho muito estreito, como labirinto.  Essa passagem gera interpretações extremadas, pois muitos consideram os bens materiais a causa da perturbação do Espírito, porém isso não é verdadeiro, pois o ser humano precisa desse estímulo para
consagrar-se ao trabalho necessário à melhoria das condições do Planeta.  O trabalho humano
contribui para o saneamento do ambiente, desenvolve a produção de alimentos, determina o
aperfeiçoamento da indústria, minora os sofrimentos físicos, decorrentes das enfermidades.  Para
dar conta dessas atividades, a Ciência é chamada a ampliar os conhecimentos, a criar novas tecnologias, aumentando a eficiência e a segurança do trabalho humano.  Tudo isso é progresso e
evolução.
O grande problema é que a riqueza exalta as erradas paixões, desperta o orgulho e o egoísmo.  O
que se deve condenar é o abuso da riqueza, resultado da imperfeição do Espírito que encarna para viver essa prova, e não a riqueza em si mesma. E Deus permite que ela exista, porque ela faz
parte dos Seus projetos pedagógicos em relação ao ser humano.  E Allan Kardec nos diz que a
riqueza é, com razão, elemento de progresso.
A riqueza não é o maior obstáculo que trilhamos.  É o apego a ela e ainda não nos conscientizamos desse apego.  Precisamos observar com honestidade nossa vida, enfrentar nossas fraquezas e
problemas, amar a verdade, ouvir nosso coração, seguir as verdades descobertas na experiência,
trabalhar o íntimo honesta e inteligentemente, para ampliar nossa consciência de nós mesmos.
E para alcançar nossa consciência de nós mesmos, precisamos:
1 - Sair do nevoeiro dos sonhos do futuro ou da recordação do passado;
2 - Desistir do romantismo emocional;
3 - Analisar os próprios pensamentos e examinar os acontecimentos da própria vida.
Esses itens nos dizem que devemos enfrentar cada situação conscientemente, pois que é uma das
melhores maneiras de assumirmos as nossas responsabilidades.
Para trilhar o caminho espiritual, precisamos buscar os ensinamentos básicos que estão dentro
dos nossos corações, porque a lei divina está inscrita em nossa própria consciência.  Devemos CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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parar de desperdiçar a vida física, sonhando e cobiçando prazeres fora de nós mesmos, impedindo-nos de conhecer nossos sentimentos íntimos.
A sabedoria oriental nos diz:  "Há rochas no oceano que vêm sendo cobertas de água há milhares
de anos; em seu interior, todavia, elas continuam secas".  É fácil interpretar:  As rochas somos
nós mesmos com os corações fechados, sem deixar penetrar nada no nosso interior, permanecendo secos.
A insensibilidade para responder aos apelos amorosos de Jesus é que nos amarra ao desapontamento em que nos encontramos.
Podemos quebrar esse ciclo, renunciando aos apegos e as ganâncias.  Pelo conhecimento espírita,
podemos entender uma forma nova de vida, colocando as coisas materiais em seu devido lugar,
tranquilizando assim o nosso coração, permitindo que ele se abra aos sentimentos mais sutis.
Jesus ofereceu-nos o Seu jugo e o Seu fardo:  "Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.  Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando
e humilde de coração e achareis repouso para os Espíritos, pois é suave o meu jugo e leve o meu
fardo".  Mateus, capítulo 11, vers. 28 a 30.
Temos preferido o caminho mais difícil das amarras do mundo, recusando-nos ao jugo suave e
ao fardo leve, pois negamo-nos a observar a lei do amor que Ele nos ensinou.  O Espiritismo
vem, nos tempos atuais, reiterar o convite de Jesus, pelos esclarecimentos que nos possibilitam
alcançar a fé e a esperança, que podem gerar fraternidade.  Estamos, mais uma vez, diante da encruzilhada da vida que nos propõe seguir em paz ou continuar na angústia.  O primeiro caminho
sugere-nos a disciplina do dever, mas nos acena com a possibilidade da conquista serena de nós
mesmos; o segundo nos oferta alegrias fáceis, ocultando-nos a dor que fatalmente nos alcançará
cedo ou mais tarde.
Para que lado se inclina a nossa vontade?
Essa decisão é pessoal e intransferível, e dela depende o nosso amanhã.
Pensemos, e que Jesus nos ilumine nesse pensar!
(O Reformador - 07/97) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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11 - Fénelon - Alger - 1860. - item 13.
"Não junteis tesouros na Terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e os ladrões os desenterram e roubam, mas acumulai para vós tesouros no Céu, onde não os consomem a ferrugem nem
a traça, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam, porque, onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração".  Mateus, capítulo 6, vers. 19 a 21.
Jesus dizia estas parábolas aos judeus, porque a ganância era obsedante, esqueciam a religião.
Hoje a situação não é muito diferente.  As riquezas exercem influência fascinante na vida física
das criaturas humanas, sufocando o que há de mais nobre e belo, abstraindo-se por completo das
coisas celestiais.
Jesus não condena as riquezas.  O que Ele recomenda é que não se escravizem por ela, nem faça
de sua posse a finalidade exclusiva da existência terrena, pois são transitórias, e não se deve torturar ao deixá-las.
Quando o Mestre Jesus diz:  "Ajuntai tesouros no Céu", é para que se desenvolva as corretas e
boas qualidades do Espírito:  A caridade, a justiça, a misericórdia, a tolerância, enfim; o amor
fraterno para com todos, pois é nisto que consistem as riquezas imperecíveis, que são realmente
do ser humano, que a traça e a ferrugem não podem corromper, nenhum incêndio ou inundação
pode destruir, e ladrão algum pode arrebatar.
A riqueza, quando utilizada de conformidade com a vontade divina, é o mais poderoso recurso
para ativar a evolução e o bem-estar da humanidade, pois dá serviço aos que dele precisam e
contribui para o desenvolvimento da inteligência humana, através das artes e ciências.
Se a riqueza fosse repartida igualmente com todas as criaturas, diz Kardec, cada um, supondo ter
com que viver sem trabalhar, procuraria eximir-se dele, resultando daí o mal de todos, pela paralisação do progresso e pela falta dos elementos indispensáveis à existência.
Deus concede a riqueza a número limitado, para que administrem com critério e integridade, fazendo chegar aos demais o bastante para cobrir as suas necessidades.
A riqueza é ainda um meio que Deus faculta aos seus detentores para que melhor aprendam a
discernir o certo do errado e, pratiquem o certo em grande escala, em proveito da coletividade e
de seu próprio progresso espiritual.
Não sendo possível que todos a usem ao mesmo tempo, cada um a possuirá por sua vez.  Quem
não a possui hoje, já a teve, ou virá a tê-la em outra encarnação, e quem a possui agora, poderá
não a ter amanhã.
Se tivéssemos uma única existência, não haveria explicações para essa divisão dos bens; porém,
vivemos muitas e muitas vezes, e sob esta luz de verdade está o equilíbrio da justiça divina.
Há muitas queixas do errado uso da riqueza e do poder que alguns fazem, chegando a duvidar da
Sabedoria Suprema que conduz todas as coisas, esquecendo que ninguém zomba impunemente
das leis de Deus.
Ai daqueles que, possuindo fortuna, não a põem em movimento, deixando de proporcionar trabalho ao povo!
Ai daqueles que, possuindo haveres em abundância, só pensam em aumentá-los, aumentá-los
sempre, sem atender os que, premidos pela necessidade, imploram um pouco mais de pão!
Ai daqueles que, vivendo na opulência, só pensam nas suas satisfações pessoais, sem se lembrarem dos que sofrem de fome, de frio, e não têm lugar onde possam repousar o corpo físico, exaustos e combalidos pela velhice ou pela enfermidade! CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Então se aplica a sentença de Jesus:  "É preciso que haja escândalo; ai daqueles, porém, por causa de quem vier o escândalo", o que significa:  "É preciso que haja sofrimento, porque é através
de um cadinho de dor que se depura o sentimento”.  Ai daqueles que o provocam!  Ai daqueles
que o semeiam!  A morte para estes, não será a paz e nem a bênção do Céu.  Será o desassossego.  Desassossego da própria consciência; do egoísmo e da falta de sensibilidade.
Atormentados pelo tribunal da consciência, haverá necessidade de se dirigirem a Deus, implorando-Lhe por misericórdia, por uma nova oportunidade.
Por isso, não invejem os ricos e poderosos da Terra.
Se a pobreza é a prova da paciência e da resignação, a riqueza  constitui a prova do altruísmo e
da caridade  - bem mais difícil de vencer!
Certa vez, um cavaleiro de França, ausentou-se do seu domicílio, indo à Itália para resolver questão política.
Trazia consigo o propósito central de servir ao Senhor.
Inesperadamente surgiu a sua frente ulceroso mendigo a estender-lhe as mãos descarnadas e sú-
plices.
Quem seria semelhante infeliz a vaguear sem rumo?  Sem fixá-lo, atirou-lhe a bolsa farta.
O nobre cavaleiro voltou ao lar, menos afortunado nos negócios, deixou, de novo, a casa.  Ia para
a Espanha, em missão de eclesiásticos amigos, aos quais de devotava.
No mesmo lugar, estava outro infortunado pedinte, com os braços em rogativa.
Intrigado, retirou do grande saco de viagem pequeno brilhante, e arremessou-o ao triste caminheiro que parecia devorá-lo com o olhar.
E menos feliz no círculo de suas finanças, necessitou viajar pela Inglaterra, onde desejava solucionar vários problemas, alusivos à organização doméstica.
E no mesmo lugar, é surpreendido pelo amargurado leproso, cuja velha petição se ergue no ar.
O cavaleiro arranca do chapéu estimada joia e projeta-a sobre o romeiro, orgulhosamente.
Decorridos alguns meses, segue para porto distante, em busca de precioso empréstimo, porque
sua economia estava ameaçada de colapso fatal, e com precisão, no mesmo lugar, é interpelado
pelo mendigo e cujas mãos, em chagas, voltam-se ansiosas para ele.
Extremamente dedicado à caridade, não hesita.  Despe fino manto e entrega-o de longe, receando
contato.
Após um ano, indo à Paris invocar socorro de autoridades, no lugar de sempre é defrontado pelo
mesmo Lázaro, de feição dolorida, que lhe repete a mesma súplica.
O castelão lhe atira um gorro de alto preço, sem pausar o galope em que seguia.
Passam-se os dias.  E com festança representará os seus na cruzada com que se pretendia libertar
os lugares santos.
E no mesmo ângulo da estrada o mendigo o aguardava e lhe dirige com voz ainda mais triste.
O ilustre cavaleiro dá-lhe, então, um rico cesto de alimentos, sem dar-lhe a mínima atenção.
Na Palestina, combalido e separado de seus compatriotas, por anos a fio, padeceu miséria e vexame, ataques e humilhações, até que um dia, parecendo um fantasma, retorna ao lar, que não o
reconhece.
Houve a falsa notícia de sua morte, a esposa depressa o substituiu, e seus filhos, revoltados, soltaram os cães contra ele, que o dilaceraram cruelmente, sem piedade.  E o pranto lhe escorria dos
olhos semimortos.
Procurou velhas afeições, sofreu repugnância e sarcasmo.  Interpretado como louco, o exfidalgo, ausentou-se, em definitivo, a passos vacilantes...
Seguir para onde?  O mundo era pequeno demais para conter-lhe a dor.  Avançava, penosamente,
quando encontrou o mendigo. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Relembrou a passada grandeza, e voltou-se para si mesmo, como se estivesse buscando alguma
coisa para dar.
Pela primeira vez, contemplou o infeliz, cruzando com ele o angustiado olhar e sentiu, que, aquele homem, chagado e sozinho, devia ser seu irmão.
Abriu os braços e caminhou para ele, tocado de simpatia, como se quisesse dar-lhe o calor do
próprio sangue.  Foi, então, que, recolhido no regaço do companheiro que considerava leproso,
dele ouviu as sublimes palavras:
- Vem a mim!  Eu sou Jesus, teu amigo.  Quem me procura no serviço ao próximo, mais cedo me
encontra...  Enquanto me buscavas à distância, eu te aguardava aqui, tão perto!  Agradeço o ouro,
as joias, o manto, o agasalho e o pão que me deste, mas há muitos anos te estendia os braços, esperando teu próprio coração!
O antigo cavaleiro nada mais viu senão vasta senda de luz entre a Terra e o Céu...
Mas, no outro dia, quando os semeadores regressavam as lides do campo, sob a claridade da aurora, tropeçaram no orvalhado do caminho com um cadáver!
O cavaleiro estava morto!
Somente depois de muito sofrimento o cavaleiro encontrou Jesus, e Ele o tempo todo estava por
perto.  Poderia ter minorado os seus sofrimentos, pois quando fazia a caridade, deveria abrir o
seu coração.
Lutou, correu atrás das riquezas, esquecendo-se que a maior riqueza estava com ele:  o amor!
Todavia, o Mestre o aguardou, e no momento do seu maior sofrimento, abriu os olhos e conseguiu enxergá-lo, e Este imediatamente o abraçou.
Jesus, de várias maneiras se apresenta a nós.  Será que temos olhos para vê-Lo?  Será que em algum momento paramos para observá-Lo?
Não tardemos ao nosso encontro com Ele, como fez o cavaleiro.  Vamos depressa ao Seu encontro:  Amando o nosso próximo; fazendo o certo e o bem; tendo paciência e compreensão; sendo
honestos e amando a verdade; retirando os errados pensamentos e as mágoas de nós; enfim, nos
modificando a cada dia; tendo a consciência em paz.  Então estaremos caminhando ao Seu encontro e prontos para mais cedo do que esperávamos receber Seu abraço de amor!
(Contos e Apólogos - Irmão X)/(O Sermão da Montanha - R. Caligaris) CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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12 - Desprendimento dos bens terrenos
- Lacordaire - Constantina - Argélia - 1863 - item 14.
"Preparai-vos tesouros no Céu, onde não há ferrugem nem traças que os possam destruir, onde
não há ladrões que os desenterrem e roubem".  Mateus, capítulo 6, vers. 20.
Isto é uma reflexão do Evangelho de Jesus, o Cristo de Deus.  Aprendendo no espírito do Evangelho, estamos objetivando, definitivamente, nossa reforma interior, e vamos refletindo sobre a
importância do conhecimento de nós mesmos.
Temos a necessidade do desenvolvimento racional da humildade, sem a qual seria difícil a aquisição de determinados atributos psíquicos, indispensáveis na conquista da verdadeira fé alicerçada na razão.
No conhecimento do Evangelho temos que nos conscientizar de uma conduta formal e espiritual
que nos permita um paulatino, mas irreversível, desprendimento das coisas deste mundo material.
Prestemos bem atenção:  Desprendimento não quer dizer abandono, ou pouco caso das coisas
que nos são necessárias enquanto permanecemos encarnados neste planeta.
No passado, admitiu-se que se desprender alguém das coisas materiais, era entregar-se a uma situação de extrema pobreza ou a práticas de isolacionismo, em que o candidato a santo abandonava amigos e familiares para residir num eremitério.
Repetimos mais uma vez que:  Não temos que lembrar da "letra que mata" e sim do “espírito que
vivifica”.
Entendamos desprendimento como desapego a bens, a objetos supérfluos, e, às vezes, até pessoas.  Dizemos desapego e não abandono.  Determinados bens são importantes enquanto úteis ao
progresso.
Para entender do Evangelho deve-se deixar o Espírito livre de influenciações negativas quando
tiver de adentrar a vida espiritual, o que de modo algum é possível numa existência de apego a
objetos e interesses materiais.
Antes da passagem de Jesus Cristo:  O nosso orbe era bastante obscuro, parecia um cárcere sem
luz e de atmosfera impura.
A pouco e pouco, o Espírito rebelde foi se adaptando às sombras e aos parcos recursos para sobrevivência, e nossa primeira preocupação foi a de apossamento das coisas ao nosso alcance.
Desta forma, foi fácil o desenvolvimento interior do vírus nocivo do egoísmo, que ainda escraviza e vilipendia a humanidade em nossos dias.
Dois tipos de personalidades foram percebidos, de início, no sombrio cenário:  Os possessivos  -
tudo para eles, só para eles e destruindo a quem lhes atrapalhasse a ganância; e os mais ou menos
desprendidos  - dotados de algum sentimento de fraternidade, então de temperamento menos
agressivo.
Ao mesmo tempo, havia uma grande massa de indiferentes dos que não agiam, dos ociosos, dos
bajuladores, dos criminosos comuns, dos que iam se anulando nos vícios do roubo, da cobiça, da
falsidade etc.
Esse era o cenário que o Messias anunciado pelos profetas iria deparar.  Era essa a ribalta sombria em que, possivelmente, nos encontrávamos um dia...
Será que mudou o cenário do mundo hoje?
Sim, porque o Cristo de Deus veio trazer luz para os corações.  Jesus já pensava no futuro, por
isso deixou o Seu Evangelho.  A preocupação Dele não era o somente com o ser humano atrasado e tosco, e ainda brutalizado daquele tempo.  Sua suprema preocupação era com toda uma ge-CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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ração integrada pelos seres humanos daquela época e de todos os milênios que se seguiriam na
esteira infinita do tempo.
Jesus quando fazia exortação diante do quadro de dores perante os humanos disse:  "em verdade
vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.  O Céu e a Terra
passarão, mas as minhas palavras não hão de passar".  E foram registradas por Mateus, capítulo
24, vers. 34 e 35.
A elevação é um processo.  Não é um acontecimento acidental ou uma graça que, de repente,
ocorre ao Pai Celestial conceder à alguém.
A revelação Espírita nos mostra que, o Cristo de Deus se referia não a uma geração de humanos,
mas a uma geração de Espíritos, abrangendo a toda a humanidade deste planeta, encarnada e desencarnada, em processo de evolução, de ontem, de hoje e dos milênios que estão por vir.
E numa outra ocasião, em Mateus, capítulo 17, vers., 17, Ele assim se expressou:  "Oh, geração
incrédula e perversa!  Até quando estarei convosco, e até quando vos sofrerei?". Claro que Jesus
não se referia aos humanos imaturos e embrutecidos daquela época, mas a todas as ovelhas que o
Pai colocara sob a Sua tutela, ao constituí-Lo governador e Cristo de nosso planeta, e enquanto
persistisse a nossa ignorância moral e espiritual.
Nossa conduta atual deve ser de muita preocupação com o certo e o bem, com a nossa posição de
obreiros do Senhor, divulgando a Doutrina-Luz.  Estamos vivendo a hora do desafio, ou seja, da
aplicação de todo o conhecimento adquirido através do Evangelho de Jesus.
Precisamos nos desprender do orgulho e da vaidade, antes de tudo.  É assim a conduta do seguidor de Jesus.  Convém que nos desprendamos dos nossos hábitos negativos, começando pelo desapego das coisas materiais perecíveis, que nos estimulam hábitos que se incrustam na personalidade e geram sentimentos errados que nos perturbarão, no além, a paz e a felicidade espirituais.
Não nos preocupemos com o joio, que um suposto adversário lançou no meio do trigal e sim
com as áreas reservadas ao certo e ao bem.
Sabemos que precisamos nos reformar, quando encontramos o Evangelho de Jesus.
O que é reforma íntima?  O próprio nome já indica.  Reformar é formar de novo.  Reconstruir.
Nas passagens evangélicas, existe uma personagem que se reveste de grandeza, quando conhecemos sua trajetória junto aos companheiros de Jesus.
Sensível e abnegada, buscou a reforma íntima e se tornou o exemplo da transformação moral que
a cristandade conheceu.  Distante, seguiu o Cristo passo a passo, enfrentando preconceitos e intolerância de seus companheiros de jornada.  Espírito nobre, ela carregava junto de si o fardo, com
o peso de suas próprias atitudes.  E sabia dos problemas que teria de enfrentar, quando a hora do
Mestre chegasse...
Do instante que tomou conhecimento do Mestre Jesus, suas esperanças de vida renovaram.
Escutou-O dizer ao moço rico para repartir tudo com os pobres...
Esteve presente quando Ele curou a muitos dos infelicitados.
Na calada da noite, junto a sua serva fiel, venceu a barreira dos preconceitos procurando-O na
casa de Simão e O mestre curou-a.
Em outra ocasião, também na casa de Simão, lava os pés de Jesus com lágrimas e os balsamiza
com perfumes, dando ensejo a mais um belíssimo ensinamento do Mestre.
Repartiu tudo o que tinha com os pobres e passou a fazer parte da comunidade do Caminho.
Quantos de nós conhecemos o Mestre Jesus e damos a volta por cima como Maria, a de Magdala.  Quantos de nós colocamos os ensinamentos de Jesus como prioridade em nossa existência?
Todos os dias o Mestre nos chama.
Os chamados são tantos e de todas as partes.
Mas, para largar tudo e segui-Lo, há uma grande distância. CENTRO  ESPÍRITA  ANDRÉ  LUIZ
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Para segui-Lo é preciso fazer como Maria de Magdala:  Colocar para fora todas as nossas imperfeições e renovar-nos intimamente.  Não basta procurar os templos religiosos, agirmos como os
fariseus, que mostravam aquilo que não viviam.
Não basta cuidar do que entra pela boca.  Necessário se faz darmos uma boa introspectiva no
nosso íntimo, verificarmos como estamos e o que fazemos quando lembramos do "Sede Perfeitos" diante do fermento da maledicência, do egoísmo, do orgulho, da procura desregrada dos
prazeres fáceis, da inveja, do ciúme, que tão bem sabemos levedar...
Sigamos o exemplo de Maria de Magdala.  Quando Jesus pediu, ela deixou para trás uma vida fí-
sica de facilidades e buscou a "Porta Estreita", e, corajosa, entregou-se ao Mestre como uma valorosa guerreira e venceu suas batalhas.
Jesus a livrou dos Espíritos obsessores que a seguiam, e era preciso que ela cuidasse para que
eles não voltassem.
Saibamos seguir o chamado do Mestre.
Espelhemo-nos no exemplo radiante dessa mulher, que de tão grande, foi a escolhida de Jesus
para a sua primeira aparição, ao invés dos apóstolos amados.
Sejamos como ela, exemplos de amor à causa do Cristo, e livremo-nos dos empecilhos que nos
buscam, vestidos com a capa das nossas imperfeições.
Jesus somente nos pede que tenhamos boa vontade, para conseguirmos a nossa reforma íntima.
Vamos analisando os nossos defeitos, procurando melhorar a cada dia.
E a cada boa vontade nossa, o Mestre Amado, estará junto de nós, auxiliando, dando-nos forças
para continuarmos.
(O Reformador - 06/97)
FIM

Fonte:

http://bvespirita.com/Explana%C3%A7%C3%A3o%20do%20Evangelho%20Segundo%20o%20Espiritismo%20-%20Cap%C3%ADtulo%20XVI%20(Marli%20Aparecida%20Hergersheimer).pdf