sexta-feira, 26 de agosto de 2011

C e i f e i r o s



“Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.”
(Mateus, 9:37.)
O ensinamento aqui não se refere à colheita espiritual dos grandes períodos de renovação no tempo, mas sim à seara de consolações que o Evangelho
envolve em si mesmo.
Naquela hora permanecia em torno do Mestre a turba de corações desalentados e errantes que, segundo a narrativa de Mateus, se assemelhava a rebanho sem pastor. Eram fisionomias acabrunhadas e olhos súplices em penoso
abatimento.
Foi então que Jesus ergueu o símbolo da seara realmente grande, ladeada
porém de raros ceifeiros.
É que o Evangelho permanece no mundo por bendita messe celestial destinada a enriquecer o espírito humano, entretanto, a percentagem de criaturas dispostas ao trabalho da ceifa é muito reduzida. A maioria aguarda o trigo beneficiado ou o pão completo para a alimentação própria. Raríssimos são aqueles que
enfrentam os temporais, o rigor do trabalho e as perigosas surpresas que o esforço de colher reclama do trabalhador devotado e fiel.
Em razão disto, a multidão dos desesperados e desiludidos continua passando no mundo, em fileira crescente, através dos séculos.
Os abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de
tantos famintos que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si
o alimento da vida eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons
consumidores aprendam a ser também bons ceifeiros. l
(Do livro “Pão Nosso”, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, cap. 148, p. 307-308,
18. ed. FEB.)

A SEARA É GRANDE


A SEARA É GRANDE

"A seara é grande, mas os obreiros são poucos." (Lucas, 10.2)
Disse Jesus Cristo que a seara é grande, mas poucos são os obreiros, tendo então recomendado a todos que rogassem ao Senhor da messe, no sentido de enviar novos trabalhadores para a colheita.
Que gênero de obreiros o Mestre desejava que fossem enviados para a seara?
É indubitável que deveriam ser obreiros animosos e dotados do desejo de cooperar para maior desenvoltura das coisas de Deus. O Mestre não qualificou de qual religião, ou de qual setor esses trabalhadores deveriam vir, e onde deveriam ser enquadrados.
Os novos obreiros para a imensa seara poderiam vir do Espiritismo, do Catolicismo, do Protestantismo, ou do Judaísmo. Também poderiam ser os muçulmanos, os adventistas, os batistas ou os membros de qualquer religião, pois o objetivo básico de todas as religiões é o de conduzir para Deus as almas de todos os homens e mulheres que habitam este mundo.
O mais importante para poder trabalhar na messe é ser portador de boa vontade, de tolerância e, sobretudo, de amor.
Quando o Mestre asseverou que viera à Terra não para destruir as Leis, mas sim para dar-lhes cumprimento. Ele, obviamente, referiu-se às Leis morais e eternas, não dando muito apreço às Leis transitórias emanadas dos homens. Dessas últimas, Jesus destruiu grande parte, dentre elas as que se referiam às mulheres adúlteras, aos filhos rebeldes, para os quais eram recomendados os apedrejamentos, bem como a Lei que prescrevia a morte para os prisioneiros de guerra, e muitas outras.
As religiões também não foram criadas na Terra, para se destruírem, umas às outras, ou para exercerem supremacia. O sentido das religiões é de se entrelaçarem, silenciarem as suas rivalidades e não se sobrepujarem mutuamente. Pelo contrário, elas devem procurar irmanar-se, mesmo que suas estruturas doutrinárias sejam diversas.
Somente através do congraçamento e da tolerância mútua, as religiões poderão engrandecer-se na grande seara e assim corresponder às expectativas do Cristo, que queria, ardentemente, que o Pai enviasse novos trabalhadores para a messe.
Todas as religiões contam, entre os seus militantes, com elementos que se destacam em bondade e amor ao próximo. Basta que se perlustre as páginas das histórias de todas as religiões, para ver exemplos vivos de caridade, demonstrados por indivíduos a elas incorporados, os quais constituem verdadeiros Apóstolos sempre animados do propósito de disseminar o bem, os quais são portadores dos sentimentos de caridade e solidariedade cristãs.
Supliquemos ao nosso Pai Celestial que faça com que, do meio de todas as religiões, ressaltem criaturas de boa vontade que venham a transformar-se em autênticos trabalhadores da grande seara, propugnando pela finalidade superior de fazer com que sejam abreviados os dias, tão ambicionados por Jesus, quando haverá um só rebanho e um único Pastor.
Deduz-se das palavras de Jesus, contidas no capítulo 10, do Evangelho de Lucas, que o Mestre espera que o Pai Celestial atenda ao imperativo sublime de aumentar, cada vez mais, o número dos obreiros de boa vontade, integrando-os na Grande Seara que abarca todo o mundo.
Paulo A. Godoy

O DIRIGENTE NO TRABALHO ESPÍRITA



Francisco Rebouças



É, bastante comum no nosso movimento, encontrarmos à frente de algumas instituições espíritas, dirigentes absolutamente despreparados para exercerem tão sagrada função que requer antes de qualquer coisa, preparo adequado que só se obtém através de um estudo aprofundado da doutrina espírita, utilizando-se da codificação elaborada por Allan Kardec através dos ensinamentos dos Espíritos Superiores sob a orientação maior de Jesus.


Não mais se justifica em nossos dias, escolher para desempenhar tão sublime missão, alguém sem as necessárias características para a função, simplesmente por ser nosso amigo particular, nosso parente, por ser bonito, bem sucedido na vida material, por ser falante, por ter prestígio, etc. etc., é necessário antes de qualquer indicação nossa, uma reflexão sobre os efeitos que nossa escolha irresponsável poderá produzir de maléfico à causa maior que professamos e à casa que freqüentamos.


Embora as atividades executadas na seara espírita, sejam realizadas em sua grande maioria pelo trabalho voluntário, onde todos indistintamente, sentem-se chamados a prestar colaboração nos serviços de caridade, oferecidas pelas casas espíritas é indispensável que o dirigente procure capacitar o trabalhador antes de encaixá-lo num trabalho, procurando alertá-lo para as responsabilidades que está assumindo, para que esse trabalhador não mais proceda como tantos outros, que mais se assemelham a "turistas"; que agem sem regularidade ou assiduidade, que aparecem para trabalhar quando querem, como se estivessem fazendo um favor ao vir dar uma "mãozinha" no dia em que acham conveniente fazê-lo.


A Doutrina Espírita nos reformulou esses conceitos equivocados, quando nos incita a uma participação responsável, a uma conduta operante e a uma assiduidade que tornará a tarefa passível de ser realizada com êxito, e que pede acima de tudo que sejamos participativos, executando com prazer as nossas tarefas no auxílio ao necessitado de hoje.


Ser espírita, é também ter responsabilidade, pessoal, familiar, social, ser honesto nos propósitos de melhoria interior, procurando tirar proveito de mais esta oportunidade que a misericórdia divina nos está concedendo, de estudar, trabalhar e assumir tarefas, observando o fim útil de laborarmos com empenho no mundo material visando o nosso retorno à pátria espiritual em melhores condições íntimas do que quando aqui chegamos.


Outrora se acreditou que bastava a boa-vontade nos serviços a serem realizados aos desvalidos da sorte, que se encontram em situação de penúria moral ou física que tudo estaria resolvido. Embora seja a boa vontade, muitas vezes a alavanca que nos impulsiona ao encontro do outro, representando a nossa disposição em servir, para que a semeadura seja proveitosa e a colheita farta, é preciso que o trabalho de esclarecimento seja sedimentado na qualificação e conhecimento doutrinário.


O trabalhador da Seara Espírita precisa entender que sua participação nas atividades da Casa Espírita que freqüenta, não será uma realização apenas em proveito do outro, mas e principalmente em seu próprio benefício. É a grande oportunidade de começar o aprendizado de humildade, doação, permuta de experiências,renúncia e qualificação mútua.


Os problemas que aparecem, os atritos que surgem dentro das tarefas que participa, são os espinhos que ele deve aprender a transpor de maneira inteligente. Preciso é que esteja sempre disposto a reciclar seus conhecimentos, não se achando eternamente sabedor de tudo, entendendo que na vida tudo progride e que o trabalhador de qualquer atividade espírita ou não deve acompanhar a evolução da ciência em franco processo de desenvolvimento.


Precisa, também, entender que as atividades das quais toma parte, não são exclusividade sua e que por isso mesmo deve compartilhar suas idéias, seus conhecimentos, com seu semelhante, procurando uma convivência pacífica e harmoniosa com seus irmãos de ideal, contribuindo desse modo para um melhor desenvolvimento do trabalho, visando exclusivamente o êxito a que se destina, ou seja, o atendimento ao carente daquela atividade seja ela qual for, de cunho material ou espiritual.


Sua participação equilibrada na convivência com os outros que têm o mesmo objetivo, evitarão as lutas pelo poder dentro dessas atividades fortalecendo o ambiente vibratório do grupo, oferecendo oportunidade, para que todos participem de maneira proveitosa e responsável da estrutura organizacional da Instituição que freqüenta, entendendo que também precisa ser um afiado instrumento nas mãos dos abnegados trabalhadores da espiritualidade superior, alistando-se definitivamente como mais um soldado ativo no batalhão do exército do bem. Nesse aspecto, o estudo, a reflexão, a prece e o comprometimento com a atividade do Cristo tornam-se indispensáveis, para que o tarefeiro execute suas atividades desde as mais simples, até as mais complicadas e específicas, com esmero, competência e alegria.


O dirigente da casa espírita, é sempre visto como aquele que tem a responsabilidade maior e que por isso tem que assumir todas as falhas e se desdobrar para cobrir a irresponsabilidade dos outros dirigentes das tarefas da instituição, pois é ele o dirigente maior da casa e tem o dever de estar atento aos possíveis desajustes que venham a ocorrer em qualquer atividade ou tarefa sejam no âmbito administrativo ou religioso.


Deve proceder também no trabalho de conscientização dos demais trabalhadores para suas responsabilidades, e para isto tem ele que ter moral elevada, sedimentada no conhecimento da doutrina, elevado padrão moral, conduta exemplar, presença constante nos trabalhos desenvolvidos pela instituição, empenho na resolução dos problemas que lhe são apresentados, tornando-se exemplo para os demais tarefeiros da casa em que é o principal responsável, para não servir de chacota por não ter o devido preparo que dele se exige.


O posto de dirigente, não pode ser ocupado por quem não tenha a necessária estrutura que o cargo requisita, em termos de responsabilidade e competência, já não podem ser tolerados os despreparos de dirigentes e coordenadores que envergam sobre si a responsabilidade de presidir, conduzir, decidir rumos e encontrarem soluções para os desafios da missão.


Vivemos a repetir que a Seara é grande e os trabalhadores são poucos, que diminuto número de tarefeiros executam tarefas de muitos, só que a própria direção das casas espíritas na sua grande maioria não se preocupa em treinar pessoas para enviar aos departamentos que precisam não somente de tarefeiros, mais sim de trbalhadores preparados, falamos até mesmo no preparo daqueles que exercem a direção das tarefas e que se julgam donos absolutos das mesmas, abraçam tudo para si, sem estender oportunidades a quem quer que seja, dificultando a ação dos demais, não admitindo concorrentes, sem que o dirigente maior da casa, tome qualquer providência para sanar esse inconveniente, que tanto prejuízo causa ao bom desenvolvimento dos trabalhos.


E porque isso ainda acontece em nosso movimento Espírita?, exatamente pela falta de dirigentes qualificados, que por não possuírem acurado conhecimento da doutrina, não são capazes de dividir adequadamente as tarefas de acordo com a aptidão demonstrada por cada indivíduo para esse mister; por não investi-lo de responsabilidade em tudo que for fazer para que se empenhe na realização das tarefas com amor e alegria; por não alertarem ao indivíduo que a tarefa não é exclusividade de ninguém; por não prepararem com carinho e atenção os futuros dirigentes da casa das quais são hoje os maiores responsáveis; por não entenderem que ninguém é eterno e que serão responsabilizados na espiritualidade pelos futuros fracassos das casas que dirigem, em virtude de sua negligência no preparo de seus sucessores; em fim, por não serem portadores da devida competência para tomarem todas as necessárias precauções na busca de uma salutar convivência de todos os tarefeiros visando o crescimento e o sucesso das atividades, construindo dessa forma um futuro seguro e promissor para a instituição.


Por isso, meus queridos irmãos e amigos, na escolha dos nossos dirigentes é, preciso que tenhamos o devido cuidado de escolher com responsabilidade os companheiros de lide espírita para o exercício de comando das nossas instituições espíritas, para que não nos tornemos indiretamente responsáveis pelo mau desempenho das atividades em nossas casas religiosas, e também não venhamos a nos arrepender tardiamente, de uma escolha impensada irrefletida, irresponsável, pois a tarefa espírita cristã não comporta improvisos, o dirigente limitado, despreparado, será o primeiro entrave de que a instituição terá que se livrar.




O crescimento do espiritismo no mundo, está na dependência do que fizermos com ele, se o utilizarmos adequadamente, como nos ensinaram os imortais da vida maior, por certo mais cedo estaremos recebendo os benefícios de sua implantação no coração do nosso semelhante, ajudando desta maneira na transformação moral do nosso planeta para que ele possa galgar o próximo degrau na escada do progresso alcançando o patamar de planeta de regeneração, a que todos nós tanto almejamos.










texto - http://terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo994.html


imagem - oconsolador.com.br

segunda-feira, 22 de agosto de 2011





JESUS PERCORRE A GALILÉIA

JESUS PERCORRE A GALILÉIA

Mat. 9:35-38

35 Jesus circunvagava por todas as
cidades e aldeias deles, ensinando na
sinagoga deles, pregando a boa-nova
do reino o curando todas as doenças
e enfermidades.
36 E, vendo ele as turbas, se comovia de
compaixão por elas, porque estavam
escorchadas e arrasadas, como
ovelhas que não têm pastor.
37 Então disse a seus discípulos: "Na
verdade a seara é grande, mas os
trabalhadores são poucos;
38 rogai, pois, ao Senhor da seara, que
envie trabalhadores para sua seara".

Marc. 6:6b
6b ...Ele perambulava pelas aldeias
circunvizinhas, ensinando


Ao sair de Nazaré, depois de atravessar a multidão enfurecida que repentinamente emudecera
ao vê-Lo voltar-se e sair calmamente, Jesus se reúne à Sua comitiva, que ficara de fora, e
empreende um giro pelas aldeias vizinhas, ensinando nas sinagogas.
Mateus conserva-nos a impressão que Jesus tivera das massas populares dos lugares por
onde passara. São trechos de conversas amigáveis, mantidas durante a marcha na poeira das
estradas. O Mestre via a população como "ovelhas sem pastor", desorientada pela falta de mestres
seguros que as alimentassem com a Verdade Divina. Então, "se compadeceu" ( esplagchnísthê, que
exprime a compaixão profunda que chega até as entranhas, comovendo emocionalmente ); e a razão
dada é que os humildes estavam "escorchados" (eskulménoi, ou seja, com a pele arrancada) e
"arrasados' (errimménoi, isto é, jogados ao chão, lançados por terra) -
[76] Anota, então, o ensino dado aos discípulos: "a seara é grande, mas os trabalhadores são
poucos: pedi ao Senhor da seara que envie mais trabalhadores".
É o que até hoje vemos: a massa abandonada por falta de verdadeiros pastores, de qualquer
agrupamento religioso: dirigentes espíritas, pastores evangélicos, sacerdotes católicos, suâmis
orientais, rabinos israelitas, numa palavra todos os pregadores de espiritualismo, pensam mais em si,
em seus interesses. no domínio político e até na exploração financeira de suas ovelhas, do que no
Amor que se sacrifica e se dá desinteressadamente. Além disso, o próprio ensino ministrado por
todos é puramente teórico, sem o calor do exemplo vivido com esquecimento de si e de seus
interesses, e que teria o dom de fazer frutificar e amadurecer as palavras proferidas. Até hoje as
ovelhas estão sem pastores, porque os verdadeiros e desinteressados são pouquíssimos e não
chegam para atender às necessidades prementes e inadiáveis e substanciais.
Todos os que se sintam inflamados de Amor pelos pequenos abandonados (de qualquer idade
física, porque  falamos da infância  "espiritual"), são  convidados a  orar ao  Pai  para.  com suas
vibrações mentais e sua ação, propiciarem ambiente favorável à reencarnação em massa dos
mestres de grande evolução.
O aviso serve para despertar as individualidades que, de modo geral, não querem cuidar
desses problemas mais materiais. Teoricamente caberia a todos os que atingiram esse grau,
oferecer-se como "médiuns de materialização" para a vinda desses espíritos missionários, realizando,
em prece, os contatos físicos indispensáveis à formação de seus corpos purificados.
No entanto, justamente os que mais mergulham na espiritualidade, menos querem pensar
nesses problemas físicos de sexo. E os missionários permanecem aguardando oportunidades de
encarnação que não chegam ou, se o conseguem, é em ambientes precários de famílias humildes,
complicadas por dificuldades financeiras e culturais
Lógico que todos temos que, primeiramente, receber aqueles que a nós estão carmicamente
ligados. Mas ao atingirmos determinados graus evolutivos, a via torna-se mais acessível. A prece que
pode fazer que cheguem missionários para a seara de pouco valerá, se não for coadjuvada pela ação
efetiva de propiciar os meios para a encarnação deles. E neste ponto esbarram os homens - máxime
os mais evoluídos - nas barreiras dos preconceitos humanos. Quanto mais espiritualizado, mais seSabedoria do Evangelho     Dr. Carlos Tôrres Pastorino
Volume 3 pág. 49/126
vêem cerceados pelos falatórios e pela condenação das criaturas, que lhes constrangem a liberdade
de agir.
Se alguém é considerado "mestre" ou “ líder" religioso e realiza qualquer união com o objetivo
de permitir a descida de um espírito desse alto teor vibratório, todos os que se dizem seus sequazes
e discípulos o abandonam, porque só compreendem o que está dentro das "leis" criadas pelos
homens, julgando imoral o que tiver sido realizado fora do "casamento legal".
Dessa forma, a força de Vida que busca fazer evoluir a humanidade se vê coagida a não agir, e
os seareiros continuam poucos, insuficientes para o serviço.
Quando terá a humanidade bastante evolução para compreender o problema e saber
solucioná-lo, sem que se sinta amarrada pelas convenções e preconceitos? Quando chegar esse dia,
os missionários poderão descer numerosos, premiando assim a coragem e o desassombro dos
homens de boa-vontade, que obedecem mais às leis divinas que às humanas.

JESUS EM NAZARÉ ( 71 – 74 )


JESUS EM NAZARÉ ( 71 – 74 )
( Sábado, 21 de outubro do ano 29 D.C. )
Mat. 13:54-58
54 E chegando a sua aldeia, ensinava a eles
na sinagoga deles, de modo que se
admiravam e diziam: 'Donde lhe vem
esta sabedoria e esses poderes?
55 Não é este o filho do carpinteiro? Sua
mãe não se chama Maria e seus irmãos
não são Tiago, José, Simão e Judas?
56 E não vivem entre nós todas as suas
irmãs? Donde lhe vem, pois, isso tudo?"
57 E ele lhes era uma pedra de tropeço. Mas
disse-lhes Jesus: "Um profeta só é
desprezado em sua terra e em sua
casa".
58 E não exerceu ali muitos poderes, por
causa da incredulidade deles.
Marc. 6:1-6a
1 Jesus saiu dali e foi para sua aldeia, e
seus discípulos o acompanharam.
2 Chegando o sábado, começou a
ensinar na sinagoga; e muitos ao
ouvi-lo, se admiravam, dizendo:
"Donde lhe vêm estas coisas? Que
sabedoria é essa que lhe é dada? E
que significam esses poderes
operados por sua mão?
3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria,
irmão de Tiago, de José, de Judas e
de Simão? e suas irmãs não estão
aqui entre nós"? E ele lhes era pedra
de tropeço.
4 Então Jesus lhes disse: "Um Profeta só
é desprezado em sua terra, entre
seus parentes e em sua cata".
5 E não conseguia exercer ali nenhum
poder, a não ser que pos as mãos
sobre alguns enfermo e os curou .
6 E admirava-se, por causa da
incredulidade deles.
Luc. 4:22b-30
22 b E perguntaram: "não é este o filho de
José"?
23 E ele lhes diste: "Certamente aplicareis a
mim este provérbio: "Médico, cura-te a ti
mesmo", o que ouvistes ter sido feito
em Cafarnaum, faze-o também aqui, em
tua terra".
24 Diste mais: "Em verdade vos digo, que
nenhum profeta é aceito em sua terra";
[72]          25 mas, sem dúvida, digo-vos que muitas
viúvas havia nos dias de Elias em Israel,
quando o céu se fechou por três anos e
seis meses, de forma que houve grande
fome em toda a região;
26 mas Elias não foi enviado a nenhuma
delas, a não ser a uma moça viúva, em
Sarepta de Sidon;
27 e muitos leprosos havia no tempo de
Eliseu, o profeta, em Israel, mas nenhum
deles foi limpo, a não ser Naaman, o
sírio".
28 Tendo ouvido estas coisas, eles ficaram
cheios de raiva na sinagoga.
29 E, levantando-se, o expulsaram para fora
e o levaram até um precipício na
montanha em que estava construída a
cidade deles, para lançá-lo abaixo.
30 Ele, porém, passando pelo meio deles,
foi embora.
.
João, 4:44
44 E o próprio Jesus atestou que um
profeta não recebe honra em sua
própria forraSabedoria do Evangelho     Dr. Carlos Tôrres Pastorino
Volume 3 pág. 46/126
Em Marcos encontramos a seqüência cronológica De lá, sai Jesus para sua. aldeia nativa.,
Nazaré, aonde deve ter chegado no fim do ano 29 (sábado, 21 de outubro?). Com Ele seguem seus
discípulos e comitiva, pois não foi para visitar parentes, mas para divulgar a Boa-Nova.
Nazaré fica a cerca de 50 quilômetros de Cafarnaum, e Jesus já passara por lá ao dirigir-se
para fixar residência numa cidade mais importante, em maio/junho desse mesmo ano (veja vol. 2
o
  ,
pág. 47 e cfr. Mat. 4:13 e Luc. 4: 16-22a).
Neste trecho, Lucas se afasta de Mateus e Marcos. Vejamos primeiro estes dois.
Repetindo o que fizera na primeira visita, aguarda o sábado para, na sinagoga local, falar ao
povo. Nesta segunda visita não estamos informados do texto comentado por Jesus. A verdade é que
Suas palavras e os fatos prodigiosos que Dele se narraram, operados em Cafarnaum por Ele
(literalmente: dià tou cheirôn autou, "por meio das mãos dele"), suscitavam uma série de indagações.
Os nazarenos sabiam que Ele era de condição modesta (Marcos, "carpinteiro", téktôn; Mateus, "filho
de carpinteiro” tou téktonos). Sabiam que "sua mãe se chama Maria" (com o verbo no presente do
indicativo, indicando que ela ainda se achava encarnada entre eles) . Sabiam que tinha quatro
irmãos, cujos nomes são citados: Tiago (o menor) considerado "uma das colunas da comunidade de
discípulos" (cfr. Gál. 1: 19; 2:9, 12; Art. 12:17; 15:13; 21:18 e Flávio Josefo, Ant. Jud. 20, 11, 1), autor
de uma epístola, chefe do grupo de Jerusalém até sua morte em 62);  José; Judas (denominado
"Tadeu", outro dos discípulos) e Simão (que não sabemos se terá sido o chamado “ Zelotes", também
discípulo de Jesus). Das irmãs não são citados os nomes, mas deviam ser várias, por causa do
adjetivo empregado: "todas as suas irmãs” .
Dado esse conhecimento de Sua origem, de Sua família e de Sua educação, os nazarenos se
perguntaram como teria Ele conseguido tamanha cultura e de que modo teria obtido os poderes de
dominar a natureza. Diante do conhecimento, não podia ser o Messias, cuja origem deveria ser
desconhecida (cfr. João 7:27). Então a própria figura de Jesus fê-los "tropeçar" na incredulidade e
desconfiança.
[73] Jesus cita um provérbio, aproveitando o ensejo para demonstrar a seus discípulos,
contemporâneos e posteriores, que jamais pensassem em conquistar para sua crença os familiares e
conterrâneos: "o profeta só não recebe honra em sua cidade, entre seus parentes e em sua família".
Sêneca tem a mesma opinião: vile habetur quod domi est (De Benel 3,3): "o que está no lar é julgado
vil".
Dessa maneira, a não ser alguns enfermos a quem curou com Seus passes (imposição das
mãos), nada mais PÔDE fazer, por falta de fé dos compatriotas. Sem a receptividade indispensável
da fé, "que é a substância da coisa desejada (Hebr. 11: 1 ) e portanto forma o "vácuo" que atrai os
fluidos magnéticos, qualquer irradiação se perde no ar, não adere, escorrega pela superfície sem
conseguir penetrar na criatura, qual ocorre com a água numa superfície impermeabilizada. Marcos é
explícito, quando afirma que Jesus NÃO CONSEGUIU; o que para nós é de suma importância para
ensinar-nos a não desanimar quando também não conseguimos realizar determinados efeitos
benéficos em certas pessoas. Uma advertência para admoestar-nos: nem tente!
Nota ainda Marcos que Jesus "se admirou" da falta da fé, da incredulidade deles, dos quais
provavelmente esperava (como todos nós esperamos dos familiares) maior compreensão e mais fé,
provocada exatamente pelo velho conhecimento e pela antiga amizade de companheiros de infância,
aos quais mais do que a ninguém, desejamos ajudar a fazer subir.
Inegavelmente a lição é profunda e eficaz.
Lucas relata essa visita em termos diferentes, talvez porque longe dos acontecimentos e sem
ligação pessoal com os nazarenos, não tenha tido receio de relatar fatos mais graves.
Começa salientando que o próprio Jesus percebe a descrença deles e lê o pensamento que
eles não haviam ousado proferir em voz alta: "Certamente me direis: médico, cura-te a ti mesmo, e
faze aqui o que fizeste em favor de Cafarnaum ( eis tên Kapharnaoum )” .
Dito isto, responde com outro provérbio: "nenhum profeta é aceito em sua pátria” . E para
confirmá-lo cita dois exemplos extraídos da própria Escritura. Refere-se a primeiro a Elias que, (cfr. 1º
Reis, 17:8 e seguintes) perseguido pelos seus na grande fome que durou três anos (Lucas: três anos
e seis meses), não pôde atender a ninguém, mas renovou a provisão de azeite e farinha de uma
viúva de Sarepta, ao sul de Sidon. O outro refere-se a Eliseu, quando curou de lepra o sírio Naaman
(2º Reis, 5: 1 e seguintes), embora não tenha curado nenhum leproso na Samaria.
Essas palavras causam tumulto na sinagoga, provocado pelo despeito que se torna raiva
contra o insolente que, além de nada fazer, diz que só beneficiará outras cidades. Levantou-se a
multidão e expulsou-o aos empurrões da sinagoga, levando-O para "um precipício na montanha emSabedoria do Evangelho     Dr. Carlos Tôrres Pastorino
Volume 3 pág. 47/126
que estava construída a cidade". Não é necessário supor, como diz a tradição, que se tratava do
rochedo de Esdrelon, que fica a 3 km de Nazaré. Não. Qualquer altitude de 3 a 4 metros dava para,
após jogá-lo em baixo, poder liqüidá-lo pela lapidação.
Entretanto, a calma de Jesus em Sua tranqüila dignidade fez que Ele se voltasse sereno,
passasse no meio deles, sem que eles conseguissem mover um dedo contra Ele: num silêncio
constrangedor, eles O vêem retirar-se. Para quem tivesse boa-vontade, o simples fato de haver Jesus
passado pelo meio deles, silenciando a multidão enfurecida, bastaria para demonstrar o “ sinal" que
eles haviam desejado.
[74] A quem lê o evangelho de Lucas de seguida, não deve estranhar o fato de que ele tenha
reunido numa só narrativa as duas visitas de Jesus a Nazaré. Na primeira, Ele se declara
categoricamente o Messias, tendo reservado para seus conterrâneos a primeira revelação explícita, e
com isso conquista-lhes a benevolência. Cerca de quatro meses após, Jesus vai colher o resultado
de Sua declaração anterior; mas o ciúme causado pelo ministério realizado fora da pequenina aldeia
suscita-lhes a má-vontade, que chega ao despeito e à raiva. Lucas, de modo geral, gosta de terminar
uma narrativa no mesmo local, mesmo que para isso tenha que unir dois pormenores afastados no
tempo.
Todas as vezes que uma criatura dá o salto da personalidade para a individualidade, ela se vê
a braços com sérios problemas em seu círculo de parentesco e de amizades. Daí a quase
necessidade de o indivíduo afastar-se de casa, para poder dar cumprimento às tarefas que lhe
competem. Em casa não é recebido: "veio para o que era seu, e os seus não O receberam"; no
entanto os de fora da casa consangüínea, "todos os que O recebem e crêem em Seu nome, a esses
Ele dá o direito de se tornarem filhos de Deus” embora "não tenham nascido do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem” porque "nasceram de Deus" (cfr. João, 1:11-13). Os
mais afins a nós espiritualmente, sempre os encontramos fora do círculo doméstico.
Lição que precisamos ter sempre diante dos olhos, para não desanimarmos ao ver que,
exatamente os que mais são ligados a nós pela convivência, esses é que mais nos repelem, e até
muitas vezes nos perseguem e caluniam, porque demos mais atenção aos “ outros" do que a eles ...
São trazidos argumentos de "direitos adquiridos" pelos laços do sangue, pela afeição mais
antiga, e todos tropeçam naquele que pode elevá-los na evolução, mas que "não o consegue" pela
falta de fé da parte deles.
O próprio Jesus "se admira da incredulidade deles", dizendo-nos com isso que o mesmo há de
ocorrer com todos os que seguissem Seu exemplo. Os franceses dizem, com razão, "qu'il n'y a pas
de grand homme pour son valet de charnbre", trazendo para o cotidiano o que dissera Jesus: "Só na
própria terra o profeta não é honrado."
Em outro sentido mais restrito, encontramos que os piores inimigos do homem são seus
parentes mais íntimos e mais próximos, ou seja, seus veículos inferiores. Quando o Espírito descobre
os altos cimos espirituais e quer escapar à personalidade, negando-a, os mais ferrenhos opositores
são seu intelecto que duvida, suas emoções que o arrastam para fora de si, suas sensações que
reclamam maior bem estar e comodismo, seu corpo que pesa tristemente numa sonolência que corta
qualquer meditação.
Diante do próprio eu pequenino, o Eu Maior se vê rejeitado, negado e até, se possível, expulso,
pois é julgado qual intruso que busca destronar o vaidoso e personalista eu de suas ilusões
efêmeras.
Num e noutro caso, aquele que souber vencer os percalços e óbices, amando o Cristo mais
que sua personalidade (cfr. Mat. 10:37) e que souber perseverar até o fim (cfr. Mat. 10:22), esse
obterá a vida imanente. Mas caso se deixe envolver por esses laços asfixiantes que escravizam a
criatura, não obterá a liberdade gloriosa dos filhos de Deus (cfr. Rom. 8:21).
Fomos avisados com clareza, sem ambages; cabe a nós agora a decisão...

O Ano Aceitável do Senhor - Richard Simonetti



Texto retirado do site do autor 

Lucas, 4:16-30

O termo sinagoga significa literalmente reunião.
Era o local onde se congregavam os judeus para orar e estudar os textos sagrados – o Torá, conhecido também como a Lei, atribuído a Moisés, composto pelos cinco primeiros livros do Velho Testamento (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) e os Profetas.
Situavam-se, essencialmente, como centros da vida social e cultural.
Funcionavam como biblioteca, escola, tribunal…
O edifício tinha forma retangular. À entrada, uma grande porta central, ladeada de duas menores. A assembléia ficava voltada para a arca sagrada que guardava os rolos do Torá e dos Profetas.

***

No salão havia, geralmente, três fileiras de bancos.
Os homens ocupavam a parte do meio.
As mulheres ficavam nas laterais, separadas, sem direito a participação. Acontecia em todos os setores da vida judaica. A mulher não passava de obscura serva.
Essa tendência caracterizou também o Cristianismo.
O próprio apóstolo Paulo, não obstante seu espírito indômito, renovador, não se furtou a esse comportamento preconceituoso, tanto que na Primeira Epístola aos Coríntios (14:34-35) proclama:

– Conservem-se as mulheres caladas na igreja, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem a seus maridos, porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.

Um amigo gracejava dizendo que foi puro sadismo de Paulo impedir que as nobres representantes do sexo feminino exercitassem sua maior vocação.
Perguntava:
– Haverá tortura maior para uma mulher do que proibi-la de falar?
Talvez o apóstolo apenas quisesse evitar que o tititi das laterais perturbasse a reunião…


***

No fundo, sobre a plataforma, ficava a arca onde se guardavam as escrituras sagradas.
À frente o púlpito. Nele os textos escolhidos para a leitura do dia. Utilizavam-se pergaminhos feitos com pele de ovelha, cabra ou outro animal puro, não carnívoro.
Cada livro do Torá ou dos Profetas tinha seu próprio pergaminho.
Entre o armário santo e o púlpito ficavam as cadeiras de honra, voltadas para os fiéis, onde se sentavam os membros mais importantes da comunidade.
Eram os disputados primeiros lugares. Seriam motivo dos comentários de Jesus, referindo-se à preocupação de destaque que caracterizava muita gente.
O chefe da sinagoga, chamado presidente ou príncipe, dirigia as reuniões. O culto era celebrado pela manhã, geralmente no dia consagrado ao Senhor, o sábado.
Um dos presentes fazia a leitura. Seguiam-se explicações e sermões do presidente ou pessoa designada. Havia também troca de idéias em torno do tema abordado.
Era um sistema democrático. Visitantes podiam fazer uso da palavra.

***

Jesus esteve várias vezes nas sinagogas, dialogando com os dirigentes e a assembléia. Nelas operou prodígios e curas.
Regressando da Samaria, foi à sinagoga em Nazaré, cidade onde residira até o início de seu apostolado.
Convidado a fazer a leitura, apresentaram-lhe o livro de Isaías, um dos grandes profetas judeus, que oito séculos antes previra a vinda do Messias.
Jesus levantou-se, desenrolou o pergaminho, e leu (Isaías 61:1-2):

– O Espírito do Senhor está sobre mim. Ungiu-me para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação dos cativos, restauração da vista aos cegos e para por em liberdade os oprimidos e proclamar o ano aceitável do Senhor.

Foi um dos momentos mais marcantes da história cristã.
Dera-se, finalmente, o encontro da anunciação com o anunciado.
O mensageiro revelava-se.
A profecia sobre o Messias era lida pelo próprio Messias.


***

Se ficarmos na apreciação literal, as predições de Isaías não fazem sentido.
Jesus não libertou nenhum preso…
Não se limitou a curar cegos…
Não livrou o povo judeu do jugo romano…
Para entender o profeta é preciso atentar ao sentido simbólico de sua proclamação.

A pior prisão não tem grades.
Está em nosso íntimo, quando perdemos o rumo da existência, sob a tutela de carcereiros terríveis:

• a depressão, que inibe a vontade de viver…
• o ódio, que aniquila a paz…
• a dúvida, que destrói a crença…
• a revolta que mata a esperança…

Jesus nos ajuda a arrombar suas portas com a dinâmica do Evangelho, anulando:

• a depressão, com o esforço do bem…
• o ódio, com a força do perdão…
• a dúvida, com os valores da fé…
• a revolta, com a bênção da aceitação…

A pior cegueira é da alma.
Não vemos por onde andamos e entramos por desvios perigosos de ilusão, perseguindo realizações efêmeras do homem perecível, sem considerar as necessidades do Espírito eterno.
Jesus abre nossos olhos.
Com ele aprendemos que a existência humana é uma jornada para Deus.
Para seguirmos com segurança faz-se indispensável iluminar os caminhos com os valores do Bem e da Verdade, admiravelmente sintetizados nas lições evangélicas.

A pior tirania é a compulsão.
Algo que nos domina, que nos oprime…
Todo viciado tende a ser um compulsivo, envolvendo-se num comportamento comprometedor. Não vacila em burlar os regulamentos. Coloca em risco a saúde e a segurança de outras pessoas para satisfazer-se.
Impedidos de acender seus cigarros nas viagens aéreas, fumistas procuram os sanitários, onde também é proibido. Não raro danificam os censores de fumaça para não serem descobertos. Um incêndio somente será detectado quando se alastrar irremediavelmente.
Algo pior ocorre com drogas como e heroína e a cocaína. Assaltantes que chocam a opinião pública pelos requintes de crueldade, não vacilam em matar para conseguir o dinheiro necessário à sustentação do vício.
E há os chamados vícios morais, como a maledicência, a mentira, o palavrão, a luxuria, a pornografia, compulsões que produzem estragos no psiquismo humano.
Esses desvios não serão vencidos enquanto não nos dispusermos a aplicar o Evangelho, nossa carta de alforria espiritual, cultivando a palavra justa, o pensamento puro, a ação disciplinada.

***

Após a leitura, Jesus anunciou:

– Cumpriram-se hoje as afirmativas destas escrituras.

A reação da assembléia foi de espanto. E diziam, entre si.

– Mas não é esse o filho de José… – como se fosse impossível o filho de um carpinteiro fazer aquela proclamação.
Jesus lhes respondeu:

– Sem dúvida, me recordareis este provérbio: “Médico, cura-te a ti mesmo. Faze na tua terra as grandes obras que, segundo ouvimos falar, fizeste em outros lugares”. Mas, em verdade, vos afirmo que nenhum profeta é aceito na sua Terra. Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel, ao tempo de Elias, quando o Céu se fechou durante três anos e seis meses e grande fome assolou toda a Terra; entretanto, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma que era viúva em Sarepta de Sídon. Havia, também, muitos leprosos em Israel, ao tempo do profeta Eliseu, e, no entanto, nenhum ficou limpo senão Naamã, que era da Síria.

A estranheza dos habitantes de Nazaré foi bem humana.
Difícil aceitar uma posição de destaque para alguém com quem convivemos, que conhecemos desde as limitações da infância, cujas virtudes ignorávamos.
Pode ferir o nosso ego.

A inveja sempre se aborrece com o sucesso dos que lhe são próximos.

Por isso Jesus proclamou que nenhum profeta opera prodígios em sua terra. E citou dois exemplos, contidos nas escrituras, em que uma viúva e um leproso, que não eram judeus, foram beneficiados por Elias e Eliseu.
A viúva era de Sarepta, uma pequena cidade nas proximidades de Sídon (hoje no Líbano). Segundo o relato no livro Reis (17:8-24), a região passava por grande seca. Elias foi inspirado por Jeová a procurá-la. Não era judia. No entanto foi beneficiada com dois prodígios. Primeiro uma panela mágica onde nunca faltava alimento; depois a cura de seu filho, dado como morto.
O leproso era Naamã, chefe do exército da Síria, como está em 2 Reis (5:1-14). Eliseu lhe recomendou que mergulhasse sete vezes nas águas do Jordão. Naamã cumpriu a orientação e curou-se. Cheio de júbilo quis recompensar seu benfeitor, que se recusou terminantemente a receber qualquer presente.
Eliseu era a figura típica do profeta de sua época, austero, inflexível, mas temperamental, capaz de inacreditáveis sanções como a que imporia a Geazi, seu discípulo.
Geazi acompanhou Naamã.
Bem à moda do falso religioso, inventou uma história de suposto benefício a filhos da região e recebeu talentos de prata, que guardou para si.
Ao ter conhecimento do que acontecera Eliseu amaldiçoou Geazi, dizendo-lhe que a lepra de Naamã o atingiria, bem como à sua descendência, para sempre.
O episódio termina com Geazi retirando-se, já leproso.
Faltava compreensão aos profetas de Israel, sempre dispostos a evocar a ira divina sobre aqueles que não observavam sua orientação.
Jesus ensinava diferente. Revelava um deus compassivo, um pai generoso, não um intransigente vingador.
Importante ressaltar que ao citar Isaias, na leitura da sinagoga, Jesus leu apenas parte do versículo dois:

…a apregoar o ano aceitável do Senhor…

Omitiu a seqüência:

… e o dia da vingança de nosso Deus…

Não obstante seus elevados dotes espirituais Isaias também não conseguiu superar as limitações de seu tempo e as tendências belicosas do povo judeu.
A vingança é sempre um ato de insanidade, não raro estúpido, absurdo, como fez Eliseu com seu discípulo.


***

A franqueza de Jesus chocou seus conterrâneos que, segundo a narrativa do evangelista Lucas, o expulsaram da cidade. Cogitaram até de atirá-lo num abismo.
Mas não era chegado o tempo de sacrifício.
A mensagem do Reino ainda não fora anunciada.
Por isso, nada puderam fazer contra ele.
Jesus continuou a anunciar o ano aceitável do Senhor, o tempo abençoado em que se iniciava a pregação do Reino.
Individualmente, todos haveremos de ter um ano sagrado.

O grande ano, o ano aceitável de nossa existência como Espíritos imortais, será aquele em que aderirmos às diretrizes de Jesus, dispondo-nos à vivência plena do Evangelho!

Livro "Levanta-te!"
Editora CEAC - Bauru
Dados biográficos
Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935.
Filho de Francisco Simonetti e Adélia M. Simonetti. Casado com Tânia Regina M. S. Simonetti.
Tem quatro filhos: Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana.
Participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social.
Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades.
É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita".
Funcionário aposentado do Banco do Brasil, vem percorrendo todos os Estados brasileiros e alguns países em palestras de divulgação da Doutrina Espírita.
Outras inforções: www.richardsimonetti.com.br

VALORES IMPERECÍVEIS


VALORES IMPERECÍVEIS

"E A NENHUMA DELAS FOI ENVIADO ELIAS, SENÃO A SAREPTA DE SÍDON, A UMA MULHER VIÚVA". (LUCAS, 4:26)
Os Evangelhos de Jesus Cristo são altamente consoladores. Em cada página perlustrada deparamos com novos preceitos vivificantes, preceitos esses com destinação certa e com elevado potencial para equação dos múltiplos problemas que assolam a Humanidade, ainda que eles sejam dos mais angustiantes.

Muitos homens, ao serem submetidos a penosos processos expiatórios, tão peculiares à vida terrena, blasfemam e atribuem seus males a desvios da justiça divina. Analisando tudo por um prisma bitolado, julgam que Deus agiu com inconcebível falta de equidade: enquanto cumulou a uns com riquezas, saúde e felicidade, submeteu outros a toda sorte de penúrias e dores, fazendo com que a prosperidade material seja propícia a muita gente de má índole, enquanto criaturas boas e altamente virtuosas passam por negras tribulações, encontrando a adversidade a cada passo.

A lei da Reencamação tem a solução para todas essas anomalias, e o Cristo nos dá a resposta nos versículos 25 a 27, do capítulo 4, do Evangelho de Lucas:— Existiam muitas viúvas na Terra, no tempo do profeta Elias, quando houve grande crise e fome, mas Deus enviou o seu emissário apenas a uma pobre viúva residente na cidade de Sarepta de Sidon, curando-lhe o filho e provendo-Ihe meios de subsistência (I Reis, 17:8-24).


— Havia muitos leprosos em Israel, no tempo de Eliseu, no entanto, o profeta foi enviado para curar apenas a um estrangeiro, procedente da Síria, cujo nome era Naaman, livrando-o da temível enfermidade (II Reis, 5:1-19). — Muitas mulheres pecadoras habitavam Israel, quando do advento de Jesus, no entanto, ele apenas foi ao encontro de Maria Madalena e Maria de Betânia.

— Vários publicamos residiam na Judéia no tempo de Jesus Cristo, entretanto, o Mestre apenas procurou Mateus e Zaqueu, a fim de encaminhá-los na senda do bem, ensinando-os a viverem realmente os preceitos evangélicos.

Obviamente não ocorreu qualquer sorte de favoritismo por parte desses emissários do Alto, mas, tão-somente o atendimento de pessoas qualificadas, as quais, após longos aprendizados em vidas anteriores, faziam jus a essas dádivas, uma vez que eram Espíritos predispostos à reforma interior.

O Espiritismo nos ensina que ninguém sofre sem que exista uma causa anterior, ou melhor, que não existe efeito sem causa. Pessoas que acumularam tesouros no Céu, onde os ladrões não roubam nem as traças corroem, poderão desfrutar dos benefícios desses tesouros sempre que deles necessitarem. Isso levou Jesus Cristo a sentenciar, de forma bastante judiciosa:

— Quem muito amou, muito será amado;
— Àquele que muito tem, muito mais lhe será acrescentado;
— Muito será perdoado a quem muito amou;
— A quem buscar o Reino de Deus, tudo lhe será (concedido;
— Onde existir a boa obra, ali haverá a recompensa.

A viúva de Sarepta de Sidon, e o leproso Naaman, obviamente possuíam esse tesouro nos Céus, conquistado em existências pretéritas, por isso o socorro do Alto veio sob a forma de sustentação e de cura para duas pessoas que eram merecedoras desses benefícios. O mesmo não sucedeu com outras milhares de viúvas e leprosos que viviam na mesma época.

Muitos enfermos existiam em Israel na época de Jesus, entretanto, pode-se contar as poucas curas materiais operadas por seu intermédio, narradas nas páginas dos Evangelhos. De uma feita o Mestre, cercado por uma verdadeira multidão de sofredores de todos os matizes, curou apenas uma pobre mulher que há doze anos sofria penosa hemorragia (Lucas, 8:43-47).

Essas curas e socorros do Alto, praticados assim como autênticos atos de favoritismo, seriam realmente injustos se examinados à luz da aberrante teoria da unicidade das vidas físicas. Tornam-se, porém, lógicos e equitativos quando analisados pelo prisma da lei da Reencarnação.

Através das vidas sucessivas, os Espíritos que palmilham o terreno da evolução poderão acumular bens espirituais que se tornarão autênticos socorros no desenrolar de qualquer existência, nos momentos mais agudos, quando eles realmente se tornam mais necessários.
Paulo A. Godoy