sábado, 19 de julho de 2014
Reino de Deus - Onde está
"... Olá, gostaria de saber o seguinte: Jesus disse que o Reino de Deus está dentro de nós, qual seria a localização do Reino de Deus em nós? Coração? Mente? E se está dentro de nós porque somos imperfeitos? Poderia ajudar nesta dúvida? Um forte e fraterno abraço! ......"
Prezada ___________, bom dia.
Esta afirmação de Jesus encontra-se no evangelho de Lucas, capítulo 17, versículo 21 e, como tudo que passa nas mãos dos homens, sofre alterações com a tradução; variando de "está dentro de vós" para "está entre vós" de acordo com a tradução; Para efeito de estudos sempre gosto de comparar algumas traduções da bíblia em exemplares que tenho comigo ou em um site muito bom: http://www.bibliaonline.com.br/
Embora a diferença de traduções que se apresente, gosto muito da tradução NVI - Nova Versão Internacional ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Vers%C3%A3o_Internacional) - que busca ser fiel ao hebraico, aramaico e grego antigos (mesmo sendo ainda um pouco tendenciosa). Então, na maioria das vezes, é esta a tradução que utilizo para estudar; e é a que vou utilizar para citar abaixo:
Lucas 1720 Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem de modo visível,
21 nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’; porque o Reino de Deus está entre vocês”.
Perceba que Jesus é extremamente claro em sua colocação: O reino de Deus não se apresenta de modo visível, sob uma forma material, orgânica ou inorgânica, sob um local ou dentro de uma construção, nem tampouco em um objeto ou órgão do corpo.
O reino de Deus está "entre" nós, que é diferente de "dentro de nós" - porque se fosse "dentro" realmente daria a impressão de termos um local específico/físico para guardá-lo - mas "entre" nós significa que está ao nosso redor e em tudo que vemos e percebemos; significa que está a nossa disposição para quando desejarmos e fizermos o esforço para adquirí-lo.
O espiritismo nos esclarece que o espírito é criado simples e ignorante com todas as suas potencialidades latentes e com a capacidade de se tornar perfeito através de seus esforços pessoais; como poderemos encontrar em "o livro dos espíritos questões 115, 1006, 121, 133, 776, 872;
A busca pelo reino de Deus é exatamente este processo de melhoria contínua.
O papa João Paulo II teve a oportunidade, se não me engano em 1996, de afirmar que o céu e o inferno são estados de espírito - estados de Alma; e assim tambem é o reino de Deus: um estado de harmonia e amor intenso e perene conosco e com o próximo.
Allan Kardec faz um estudo espetacular sobre este assunto no livro "o céu e o inferno" capítulo 3 da primeira parte; vale a pena uma lida para compreender melhor o assunto.
O "reino" é o estado que estão, ou estiveram, todas as grandas almas encarnadas/desencarnadas que habitaram a Terra. É a busca e aquisição da plenitude com a vida.
O Reino de Deus se constroi dentro de nós através da renuncia, esforço e amor que conseguimos interiorizar e exteriorizar em nossas vidas, exemplos e práticas diárias. É a nossa cota participação na paz, perdão, compreensão, amor que vão nos preenchendo de uma luz interior e nos saciando de sentimentos nobres, nos tornando cada vez mais felizes e plenos em nós mesmos.
Não existe um local destinado para ser o Reino de Deus - esta era a idéia dos antigos hebreus que desejavam uma "terra prometida" - o que existe é a construção da paz de espírito que precisamos através da caridade e amor que devemos ter para consco e com o próximo.
A questão 625 de "o livro dos espíritos" nos esclarece que Jesus é o nosso modelo a seguir e a 621 orienta que las leis de Deus estão escritas em nossa consciencia; portanto acredito que se colocarmos estes dois preceitos para funcionar como norte em nossas vidas, estaremos nos aproximando do tão desejado Reino de Deus.
Espero ter sido de alguma ajuda.
Leia Mais em: http://www.bomespirito.com/2012/03/reino-de-deus-onde-esta-perguntas-dos.html#ixzz37xLfuXv8
Obrigado pelo carinho e Paz Contigo
Encontro com Deus - Richard Simonetti
Dona Cidinha lia tranquila OEvangelho segundo o Espiritismo, no jardim do edifício de apartamentos
onde residia, quando uma moradora aproximou-se:
– Bom dia, dona Cidinha.
– Bom dia, minha filha.
– A senhora é espírita, não é mesmo?
– Sim, de todo coração. O Espiritismo é bênção de Deus em nossas vidas.
– Eu queria justamente perguntar-lhe a respeito de Deus. Sou católica e aos domingos tenho um encontro com o Senhor na missa. Como fazem os espíritas, se não frequentam a igreja?
– Estou surpresa! O seu Deus é tão limitado assim?
– Como?
– Se comparece perante os fiéis apenas na missa, e só para os católicos!…
– Como é o seu Deus?
– Não o meu. O nosso, minha filha! Deus é o Pai de todos nós, não apenas de católicos, mas de todos os religiosos e até de quem não tem religião. E não está dentro de uma igreja, mas em todo o Universo, em todas as manifestações da Natureza, nos mundos que se equilibram no espaço, na beleza das flores, no trinar dos pássaros, no sorriso da criança, na solicitude das mães…
– Como pode Deus estar presente em tudo? Ele não tem seus compromissos, governando o Universo?
– Você está imaginando Deus de maneira antropomórfica. Por isso tem dificuldade.
– Antropomórfica, que nome esquisito!
– É a concepção de Deus à imagem do homem, como se fosse um soberano a governar o Universo,
instalado num palácio celestial.
– Não é assim?
– Deus, minha querida é a Consciência Cósmica do Universo, a Mente Divina, presente em tudo e em
todos.
– Em todos? Também em nós?
– Sim, na intimidade de nossa consciência, a exprimir-se no ideal de servir, nas sementes de virtude, no anseio de aprender, nas dores de consciência pelo exercício do mal, ou na satisfação pelo Bem praticado. Tudo isso é Deus que nos fala, que nos orienta, que nos adverte, que nos chama, que
nos espera...
– E por que as pessoas não conseguem perceber a presença de Deus?
– Quando o fariseu perguntou a Jesus qual o mandamento maior da Lei, o que o Mestre respondeu?
– Isso eu sei. Jesus citou dois mandamentos: o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. E explicou que resumem tudo o que está no Velho Testamento.
– Muito bem, você está demonstrando conhecer o pensamento de Jesus. Quando estudamos o assunto, logo percebemos que esses dois mandamentos se completam. Impossível amar a Deus sem amar o próximo. Não há melhor maneira de demonstrar amor a um pai do que cuidando de seu filho.
– Agora entendo por que os espíritas empenham-se tanto em praticar a caridade. Seria uma ponte
para Deus?
– Perfeito, minha querida. O melhor altar para nos aproximarmos de Nosso Pai, independente de nossa concepção religiosa, é a caridade. Sempre que a exercitarmos perceberemos a presença de Deus em nossas vidas, proporcionando-nos a maior de todas as alegrias, aquela que decorre do dever cumprido.
***
Os teólogos criaram, ao longo do tempo, concepções dogmáticas, com ritos e rezas voltados para o culto exterior, sugerindo que Deus está no interior de sua igreja e que só ela levará os crentes ao Céu.
Afastaram-se do pensamento original de Jesus, que, despido de formalismos e firulas dogmáticas, nos ensina, com a simplicidade da sabedoria autêntica e a profundidade da verdade revelada, que o Reino de Deus deve ser encontrado na intimidade de nossas almas, como exprime em Lucas (17:21):
…o Reino está dentro de vós.
E mais: se pretendemos um encontro com o Senhor nesse reino íntimo é fundamental que observemos sua recomendação (Mateus, 7:12):
Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles…
O Reino dos Homens e o Reino de Deus
Palestras Doutrinárias:
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
Autor: José Queid Tufaile Huaixan
Textos a serem apresentados ao público através de cartaz ou lousa da casa espírita:
Segmento A
"Os homens cultos e inteligentes segundo o mundo, fazem geralmente tão elevada opinião sobre si mesmos e de sua própria superioridade, que consideram as coisas divinas indignas de sua atenção.
Tomando sua inteligência como medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo aprenderem, não podem admitir como possível aquilo que não compreendem".
(Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VII, item 2)
Segmento B
"E, se concordam em admitir a existência da Divindade, contestam-lhe um dos seus mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, convencidos de que são suficientes para bem governá-lo".
(Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VII, item 2)
Segmento C
"O que recebeu a semente no pedregulho é aquele que, ouvindo a palavra, logo a recebe com alegria, mas não tendo raiz em si, quando vem a tribulação por amor à palavra, logo se escandaliza".
(Evangelho segundo Mateus, Capítulo 13, versículos 18 a 21)
"O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo" - (Allan Kardec).
ESTRUTURAÇÃO DA PALESTRA
Composição: 3 segmentos.
Finalidade: Mostrar aos ouvintes que o orgulho prejudica o entendimento sobre as nobres funções da vida. Que as pessoas são naturalmente condicionadas a viverem distantes de Deus.
EXEMPLO DE COMENTÁRIOS
Segmento A:
"A sociedade dos homens vem lutando incessantemente para aperfeiçoar seus conhecimentos através da ciência. Podemos perceber que este esforço não tem sido em vão, pois a humanidade melhorou muito nos últimos vinte anos. Há países que já atingiram grande estágio de desenvolvimento científico e tecnológico, trazendo maior felicidade às pessoas que neles habitam. Mesmo no Brasil, uma nação considerada subdesenvolvida, temos tido uma melhora significativa nas condições gerais de vida, ainda que estejamos envoltos em vários problemas de ordem política e social. Mas, em contrapartida, encontram-se também, em quase todos os pontos do globo, lugares de grande pobreza material e intelectual, o que traz tristeza e sofrimento às pessoas.
Parece haver uma falta de conhecimento superior, que pudesse dar aos homens uma melhor compreensão daquilo que é a vida. É pouco o entendimento que se tem das Leis Naturais, ou seja, das Leis de Deus. A Doutrina Espírita é a mais perfeita revelação das Leis Naturais que se tem notícia. Por isso, serve de pólo orientador da Verdade. Não se quer dizer com isso, que as outras expressões religiosas não tenham relevante importância.
Todas as religiões que se fundamentam no Evangelho cumprem a tarefa determinada pelo Cristo: a de trazer esclarecimento evangélico aos que estivessem dominados pela ignorância. A diferença entre as seitas cristãs e o Espiritismo é que ele fala mais alto à inteligência e à razão.
É muito comum que nós, homens, por não compreendermos a Divindade, acabemos por negar seus ensinamentos. Ainda somos dominados pelo orgulho. O fato de termos conseguido um certo progresso social e tecnológico faz com que nos achemos suficientemente desenvolvidos para seguirmos sós. Eis o motivo de estarmos tão distantes de Deus na atualidade".
Segmento B:
"Existem pessoas que admitem a existência de Deus, mas somente num plano filosófico, não prático. Um dos maiores enganos das pessoas é o de acharem que a Divindade não age providencialmente para nos ajudar. É um Deus lá em cima e nós, aqui embaixo. Ora, essa idéia distorcida do Pai Celestial nos foi imposta pelas religiões convencionais e precisa ser modificada com urgência. Em primeiro lugar, temos que tirar de nosso coração a imagem de um Deus/Homem. Logo que falamos no Pai, nos vem o pensamento em torno de um homem velho de barbas brancas, sentado num trono lá no alto.
Deus é Espírito. Uma abstração, uma força natural, uma inteligência suprema, que está presente em todas as coisas. Portanto, Deus não está lá em cima. Mas aqui, junto de nós, interferindo nos acontecimentos do dia-a-dia, segundo o grande plano que tem para nossas vidas. Agir, pois, em comunhão, em harmonia com o Criador é a chave para se viver bem".
Segmento C:
"Encontramos pessoas que não conseguem realizar-se nem material, nem intelectualmente. E, às vezes, nem dão conta de uma mínima realização espiritual. Por causa disso, há quem acredite que Deus não ajuda todas as suas criaturas, favorecendo inclusive alguns.
Ora, não podemos deixar que as coisas que não compreendamos seja razão para nossa descrença. Se alguns conseguem e outros não, deve haver um motivo justo para isso. Esta passagem, onde Jesus fala da Parábola do Semeador, esclarece que nem todos possuem o mesmo grau de desenvolvimento espiritual e que os ensinamentos entram em cada um de forma diferente. As escolas do mundo são exemplo disso. Há alunos que aprendem mais facilmente as lições e outros possuem maiores dificuldades.
Nos centros espíritas, observamos muitas pessoas que ao conhecerem a Doutrina, logo se alegram. Mas, ao surgirem dificuldades através das provas a que todos estamos sujeitos, a criatura abandona a crença, escandalizando-se.
Essas atitudes são provenientes da imaturidade e da falta de entendimento claro daquilo que é o Espiritismo. Algumas pessoas pensam que a Doutrina Espírita vai resolver todos os seus problemas num passe de mágica. As coisas não se dão dessa forma. O Espiritismo facilita o esclarecimento das pessoas e as ajuda, por si mesmas, a saírem das dificuldades.
Não há mágica, mas um processo de conscientização. Conhecer a verdade e adquirirmos liberdade. Eis o caminho da fé e da salvação frente a ignorância".
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
Autor: José Queid Tufaile Huaixan
Textos a serem apresentados ao público através de cartaz ou lousa da casa espírita:
Segmento A
"Os homens cultos e inteligentes segundo o mundo, fazem geralmente tão elevada opinião sobre si mesmos e de sua própria superioridade, que consideram as coisas divinas indignas de sua atenção.
Tomando sua inteligência como medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo aprenderem, não podem admitir como possível aquilo que não compreendem".
(Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VII, item 2)
Segmento B
"E, se concordam em admitir a existência da Divindade, contestam-lhe um dos seus mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, convencidos de que são suficientes para bem governá-lo".
(Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo VII, item 2)
Segmento C
"O que recebeu a semente no pedregulho é aquele que, ouvindo a palavra, logo a recebe com alegria, mas não tendo raiz em si, quando vem a tribulação por amor à palavra, logo se escandaliza".
(Evangelho segundo Mateus, Capítulo 13, versículos 18 a 21)
"O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo" - (Allan Kardec).
ESTRUTURAÇÃO DA PALESTRA
Composição: 3 segmentos.
Finalidade: Mostrar aos ouvintes que o orgulho prejudica o entendimento sobre as nobres funções da vida. Que as pessoas são naturalmente condicionadas a viverem distantes de Deus.
EXEMPLO DE COMENTÁRIOS
Segmento A:
"A sociedade dos homens vem lutando incessantemente para aperfeiçoar seus conhecimentos através da ciência. Podemos perceber que este esforço não tem sido em vão, pois a humanidade melhorou muito nos últimos vinte anos. Há países que já atingiram grande estágio de desenvolvimento científico e tecnológico, trazendo maior felicidade às pessoas que neles habitam. Mesmo no Brasil, uma nação considerada subdesenvolvida, temos tido uma melhora significativa nas condições gerais de vida, ainda que estejamos envoltos em vários problemas de ordem política e social. Mas, em contrapartida, encontram-se também, em quase todos os pontos do globo, lugares de grande pobreza material e intelectual, o que traz tristeza e sofrimento às pessoas.
Parece haver uma falta de conhecimento superior, que pudesse dar aos homens uma melhor compreensão daquilo que é a vida. É pouco o entendimento que se tem das Leis Naturais, ou seja, das Leis de Deus. A Doutrina Espírita é a mais perfeita revelação das Leis Naturais que se tem notícia. Por isso, serve de pólo orientador da Verdade. Não se quer dizer com isso, que as outras expressões religiosas não tenham relevante importância.
Todas as religiões que se fundamentam no Evangelho cumprem a tarefa determinada pelo Cristo: a de trazer esclarecimento evangélico aos que estivessem dominados pela ignorância. A diferença entre as seitas cristãs e o Espiritismo é que ele fala mais alto à inteligência e à razão.
É muito comum que nós, homens, por não compreendermos a Divindade, acabemos por negar seus ensinamentos. Ainda somos dominados pelo orgulho. O fato de termos conseguido um certo progresso social e tecnológico faz com que nos achemos suficientemente desenvolvidos para seguirmos sós. Eis o motivo de estarmos tão distantes de Deus na atualidade".
Segmento B:
"Existem pessoas que admitem a existência de Deus, mas somente num plano filosófico, não prático. Um dos maiores enganos das pessoas é o de acharem que a Divindade não age providencialmente para nos ajudar. É um Deus lá em cima e nós, aqui embaixo. Ora, essa idéia distorcida do Pai Celestial nos foi imposta pelas religiões convencionais e precisa ser modificada com urgência. Em primeiro lugar, temos que tirar de nosso coração a imagem de um Deus/Homem. Logo que falamos no Pai, nos vem o pensamento em torno de um homem velho de barbas brancas, sentado num trono lá no alto.
Deus é Espírito. Uma abstração, uma força natural, uma inteligência suprema, que está presente em todas as coisas. Portanto, Deus não está lá em cima. Mas aqui, junto de nós, interferindo nos acontecimentos do dia-a-dia, segundo o grande plano que tem para nossas vidas. Agir, pois, em comunhão, em harmonia com o Criador é a chave para se viver bem".
Segmento C:
"Encontramos pessoas que não conseguem realizar-se nem material, nem intelectualmente. E, às vezes, nem dão conta de uma mínima realização espiritual. Por causa disso, há quem acredite que Deus não ajuda todas as suas criaturas, favorecendo inclusive alguns.
Ora, não podemos deixar que as coisas que não compreendamos seja razão para nossa descrença. Se alguns conseguem e outros não, deve haver um motivo justo para isso. Esta passagem, onde Jesus fala da Parábola do Semeador, esclarece que nem todos possuem o mesmo grau de desenvolvimento espiritual e que os ensinamentos entram em cada um de forma diferente. As escolas do mundo são exemplo disso. Há alunos que aprendem mais facilmente as lições e outros possuem maiores dificuldades.
Nos centros espíritas, observamos muitas pessoas que ao conhecerem a Doutrina, logo se alegram. Mas, ao surgirem dificuldades através das provas a que todos estamos sujeitos, a criatura abandona a crença, escandalizando-se.
Essas atitudes são provenientes da imaturidade e da falta de entendimento claro daquilo que é o Espiritismo. Algumas pessoas pensam que a Doutrina Espírita vai resolver todos os seus problemas num passe de mágica. As coisas não se dão dessa forma. O Espiritismo facilita o esclarecimento das pessoas e as ajuda, por si mesmas, a saírem das dificuldades.
Não há mágica, mas um processo de conscientização. Conhecer a verdade e adquirirmos liberdade. Eis o caminho da fé e da salvação frente a ignorância".
O Reino
O Reino
José Argemiro da Silveira
de Ribeirão Preto, SP
“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” - Jesus.
Em várias passagens do Evangelho Jesus acentua a importância do Reino de Deus, ou Reino dos Céus. Podemos considerar este ensino como sendo o tema central, a coluna mestra de sua Doutrina. “O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procurava pérolas preciosas; descobriu uma pérola de grande valor, foi vender tudo que possuía e a comprou”. Em outro lugar: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo”. J. Herculano Pires, grande filósofo e escritor espírita, escreveu um livro sobre “O Reino”, onde ele fala da tese do Reino. Diz ele: “A tese do Reino de Deus tem permanecido oculta nos Evangelhos, porque os homens insistem na tentativa de servir a dois senhores. Mas o anseio do Reino os arrasta cada vez mais à descoberta da tese”. Conquistar esse Reino significa o desabrochar das potencialidades do Espírito para compreender e viver de acordo com as Leis Divinas, ou seja, realizar a evolução espiritual. O Reino de Deus está em nós, afirmou o Mestre. Logo, para conquistá-lo não temos que buscá-lo fora, e sim trabalhar por despertar as potencialidades existentes em nosso íntimo. A medida que o ser evolui, passa a trabalhar para melhorar o meio em que vive.
Diz Herculano: “Para obtermos um verdadeiro mundo de luz é necessário acendermos a luz nas almas. Esse é o primeiro tema da tese do Reino. Mas, se o mundo é o reflexo do homem, esse reflexo também condiciona o homem. Não basta melhorar apenas o homem; é necessário trabalhar para melhorar o meio onde esse homem vive. Assim, o segundo tema da tese do Reino é a modificação do meio. Ao mesmo tempo que acendemos a luz nas almas, temos de fazê-la brilhar no meio social. As almas iluminadas iluminam a sociedade, mas a sociedade iluminada deve iluminar as almas. Não podemos nos esquecer dessa reciprocidade”. E cita José Ingenieros: “Num meio em que todos rastejam, é difícil alguém andar em pé”.
É preciso lutar para criar condições sociais adequadas ao aprimoramento do homem. Segundo Herculano, o terceiro tema da tese do Reino é o da escolaridade. “o Reino exige a preparação dos candidatos, exige escola, Os candidatos do Reino estão todos na escola da vida, mas é evidente que a maioria pertence às classes primárias”. A escola da vida são as tarefas confiadas a cada um; os deveres da profissão, da família, da vida social. Há sempre oportunidades para aprender e nos exercitarmos na vivência dos valores que nos levarão ao despertamento, a desenvolver as qualidades que estão em nós, ainda latentes. As religiões e escolas espiritualistas são processos pedagógicos, com seus diferentes métodos didáticos em desenvolvimento no Mundo. Muitas delas estão deturpadas, comprometidas com o homem velho de que falava Jesus, mas todas as criaturas humanas dispõem de recursos didáticos para auxiliarem os sistemas pedagógicos deficientes. Não só ensinar, mas acima de tudo dar o exemplo. Quem ensina aprende, e vice-versa. A escolaridade é então o processo da experiência.
O quarto tema da tese do Reino é a obrigatoriedade, afirma J. Herculano. “Esse tema nos mostra que as almas obedecem a leis morais, como os corpos obedecem a leis físicas. Umas e outras são leis de Deus que nos conduzem obrigatoriamente para o Reino”. A palavra “obrigatoriedade” pode causar alguma estranheza, considerando a afirmativa de Paulo que “onde há o Espírito do Cristo aí há liberdade”. Mas o mesmo Paulo afirmou: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. Deus nos dá o livre-arbítrio, podemos fazer opções, escolher caminhos. Tudo nos é permitido, mas somos responsáveis pelas nossas escolhas. Daí o alerta de que “nem tudo nos convém”. O livre-arbítrio não colide com as leis divinas, pois ele mesmo é parte da Lei. Enquanto não nos enquadrarmos na Lei, não agirmos de acordo com ela, não vamos adiante, não progredimos. Portanto, para o Espírito evoluir, construir o Reino de Deus no seus íntimo, terá obrigatoriamente que observar os princípios éticos, as leis morais, assim como os corpos obedecem as leis físicas. Sabemos que, no plano físico, as leis da Física, da Química, da Biologia, da Gravidade, etc. funcionam matematicamente, não se podendo burlá-las. O mesmo ocorre em relação às leis morais, às leis divinas, que vigoram no plano espiritual. Lei de causa e efeito, lei de evolução, de justiça, de amor, etc. Podemos agir em desacordo com a Lei, mas receberemos sempre resultados equivalentes às ações praticadas; somos responsáveis por tudo que fazemos.
Nesses quatro temas temos um roteiro para trabalhar a nossa evolução espiritual, ou seja, edificar, paulatinamente, o Reino dos Céus em nosso íntimo. Esta é a meta de nossas vidas, o caminho da felicidade que todos buscamos.
Bibliografia:
O Reino - José Herculano Pires - Editora EDICEL.
(Jornal Verdade e Luz Nº 168 de Janeiro de 2000)
José Argemiro da Silveira
de Ribeirão Preto, SP
“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” - Jesus.
Em várias passagens do Evangelho Jesus acentua a importância do Reino de Deus, ou Reino dos Céus. Podemos considerar este ensino como sendo o tema central, a coluna mestra de sua Doutrina. “O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procurava pérolas preciosas; descobriu uma pérola de grande valor, foi vender tudo que possuía e a comprou”. Em outro lugar: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo”. J. Herculano Pires, grande filósofo e escritor espírita, escreveu um livro sobre “O Reino”, onde ele fala da tese do Reino. Diz ele: “A tese do Reino de Deus tem permanecido oculta nos Evangelhos, porque os homens insistem na tentativa de servir a dois senhores. Mas o anseio do Reino os arrasta cada vez mais à descoberta da tese”. Conquistar esse Reino significa o desabrochar das potencialidades do Espírito para compreender e viver de acordo com as Leis Divinas, ou seja, realizar a evolução espiritual. O Reino de Deus está em nós, afirmou o Mestre. Logo, para conquistá-lo não temos que buscá-lo fora, e sim trabalhar por despertar as potencialidades existentes em nosso íntimo. A medida que o ser evolui, passa a trabalhar para melhorar o meio em que vive.
Diz Herculano: “Para obtermos um verdadeiro mundo de luz é necessário acendermos a luz nas almas. Esse é o primeiro tema da tese do Reino. Mas, se o mundo é o reflexo do homem, esse reflexo também condiciona o homem. Não basta melhorar apenas o homem; é necessário trabalhar para melhorar o meio onde esse homem vive. Assim, o segundo tema da tese do Reino é a modificação do meio. Ao mesmo tempo que acendemos a luz nas almas, temos de fazê-la brilhar no meio social. As almas iluminadas iluminam a sociedade, mas a sociedade iluminada deve iluminar as almas. Não podemos nos esquecer dessa reciprocidade”. E cita José Ingenieros: “Num meio em que todos rastejam, é difícil alguém andar em pé”.
É preciso lutar para criar condições sociais adequadas ao aprimoramento do homem. Segundo Herculano, o terceiro tema da tese do Reino é o da escolaridade. “o Reino exige a preparação dos candidatos, exige escola, Os candidatos do Reino estão todos na escola da vida, mas é evidente que a maioria pertence às classes primárias”. A escola da vida são as tarefas confiadas a cada um; os deveres da profissão, da família, da vida social. Há sempre oportunidades para aprender e nos exercitarmos na vivência dos valores que nos levarão ao despertamento, a desenvolver as qualidades que estão em nós, ainda latentes. As religiões e escolas espiritualistas são processos pedagógicos, com seus diferentes métodos didáticos em desenvolvimento no Mundo. Muitas delas estão deturpadas, comprometidas com o homem velho de que falava Jesus, mas todas as criaturas humanas dispõem de recursos didáticos para auxiliarem os sistemas pedagógicos deficientes. Não só ensinar, mas acima de tudo dar o exemplo. Quem ensina aprende, e vice-versa. A escolaridade é então o processo da experiência.
O quarto tema da tese do Reino é a obrigatoriedade, afirma J. Herculano. “Esse tema nos mostra que as almas obedecem a leis morais, como os corpos obedecem a leis físicas. Umas e outras são leis de Deus que nos conduzem obrigatoriamente para o Reino”. A palavra “obrigatoriedade” pode causar alguma estranheza, considerando a afirmativa de Paulo que “onde há o Espírito do Cristo aí há liberdade”. Mas o mesmo Paulo afirmou: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. Deus nos dá o livre-arbítrio, podemos fazer opções, escolher caminhos. Tudo nos é permitido, mas somos responsáveis pelas nossas escolhas. Daí o alerta de que “nem tudo nos convém”. O livre-arbítrio não colide com as leis divinas, pois ele mesmo é parte da Lei. Enquanto não nos enquadrarmos na Lei, não agirmos de acordo com ela, não vamos adiante, não progredimos. Portanto, para o Espírito evoluir, construir o Reino de Deus no seus íntimo, terá obrigatoriamente que observar os princípios éticos, as leis morais, assim como os corpos obedecem as leis físicas. Sabemos que, no plano físico, as leis da Física, da Química, da Biologia, da Gravidade, etc. funcionam matematicamente, não se podendo burlá-las. O mesmo ocorre em relação às leis morais, às leis divinas, que vigoram no plano espiritual. Lei de causa e efeito, lei de evolução, de justiça, de amor, etc. Podemos agir em desacordo com a Lei, mas receberemos sempre resultados equivalentes às ações praticadas; somos responsáveis por tudo que fazemos.
Nesses quatro temas temos um roteiro para trabalhar a nossa evolução espiritual, ou seja, edificar, paulatinamente, o Reino dos Céus em nosso íntimo. Esta é a meta de nossas vidas, o caminho da felicidade que todos buscamos.
Bibliografia:
O Reino - José Herculano Pires - Editora EDICEL.
(Jornal Verdade e Luz Nº 168 de Janeiro de 2000)
O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO - Emmanuel
O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO
Muitas vezes, disse-nos o Senhor:
- “O Reino de Deus está próximo.”
Marcos 1:15
E até hoje milhares de criaturas aguardam-lhe a vinda, através de espetaculosos eventos exteriores.
Muitos esperam-no, por intermédio de cataclismos inomináveis e mentalizam telas fantasmagóricas, incompatíveis com a Divina Misericórdia que nos preside os destinos…
Trovões ribombando no firmamento…
Maremotos e terremotos…
Raios destruidores a se derramarem do céu…
Multidões amotinadas promovendo devastações e ruínas…
Fluidos comburentes na atmosfera, transformando-a em fogo devorador…
Bombas fulminantes aniquilando nações inteiras…
E contam, quase sempre, com o absurdo e com o fantástico, para que se sintam no portal da grande transformação.
Sem dúvida que semelhantes flagelos podem sobrevir a qualquer momento na experiência das criaturas e no campo da natureza, contudo, longe de significarem o Reino Divino apenas revelam imperativos de nova luta e com serviço mais áspero para quantos se enfileiram nos quadros evolutivos da Humanidade.
O Reino de Deus está próximo, sim, mas, antes de tudo, em nossa capacidade de construí-lo por dentro de nós, através do céu que possamos oferecer à alma do próximo.
Atendamos ao cumprimento do dever que a vida nos atribui, colaborando quanto possível pela vitória do bem a atender o amor que o Mestre nos legou e alcançaremos, com a urgência possível, o clima celestial para nós e para os outros.
É por isso que Jesus igualmente foi positivo e justo quando afirmou:
“Quando se vos disser o Reino de Deus permanece ali ou acolá não acrediteis, porque, em verdade, o Reino de Deus está dentro de vós.”
Emmanuel
Muitas vezes, disse-nos o Senhor:
- “O Reino de Deus está próximo.”
Marcos 1:15
E até hoje milhares de criaturas aguardam-lhe a vinda, através de espetaculosos eventos exteriores.
Muitos esperam-no, por intermédio de cataclismos inomináveis e mentalizam telas fantasmagóricas, incompatíveis com a Divina Misericórdia que nos preside os destinos…
Trovões ribombando no firmamento…
Maremotos e terremotos…
Raios destruidores a se derramarem do céu…
Multidões amotinadas promovendo devastações e ruínas…
Fluidos comburentes na atmosfera, transformando-a em fogo devorador…
Bombas fulminantes aniquilando nações inteiras…
E contam, quase sempre, com o absurdo e com o fantástico, para que se sintam no portal da grande transformação.
Sem dúvida que semelhantes flagelos podem sobrevir a qualquer momento na experiência das criaturas e no campo da natureza, contudo, longe de significarem o Reino Divino apenas revelam imperativos de nova luta e com serviço mais áspero para quantos se enfileiram nos quadros evolutivos da Humanidade.
O Reino de Deus está próximo, sim, mas, antes de tudo, em nossa capacidade de construí-lo por dentro de nós, através do céu que possamos oferecer à alma do próximo.
Atendamos ao cumprimento do dever que a vida nos atribui, colaborando quanto possível pela vitória do bem a atender o amor que o Mestre nos legou e alcançaremos, com a urgência possível, o clima celestial para nós e para os outros.
É por isso que Jesus igualmente foi positivo e justo quando afirmou:
“Quando se vos disser o Reino de Deus permanece ali ou acolá não acrediteis, porque, em verdade, o Reino de Deus está dentro de vós.”
Emmanuel
O reino de Deus
O reino de Deus
Você sabe o que quer dizer reino dos Céus? Ou reino de Deus?
Ao longo dos séculos, o conceito a propósito do reino de Deus ou reino dos Céus tem se modificado.
Antes de Cristo e até pouco tempo, algumas religiões prometiam aos seus fiéis um local bem alto, acima das nossas cabeças, destinado a ser a morada da alma depois desta vida. Ali a alma ficaria em contemplação, sem trabalho, estagnada.
Durante algum tempo se acreditou na existência de vários céus, uns sobre os outros, à semelhança de um edifício de apartamentos.
Segundo a opinião mais comum, havia sete céus. Por isso mesmo é que ainda hoje se ouve a expressão estar no sétimo céu, querendo expressar a mais pura alegria. A felicidade suprema.
Os muçulmanos acreditam na existência de nove céus. Em cada um deles os crentes têm a sua felicidade aumentada.
O astrônomo Ptolomeu contava onze céus. O último era o lugar da glória eterna e se chamava Empireu.
Jesus veio dar um novo conceito para o reino dos Céus. Ele disse: O reino dos céus não está aqui, nem ali, nem acolá, porque já está entre vós.
Comparou esse reino a um tesouro escondido num campo, a uma pérola de grande valor, ao grão de mostarda que se fez grande árvore e que aninhou em seus galhos as aves.
O grão de mostarda que um homem plantou representa a necessidade de cada um de nós de cultivar a decisão da reforma interior. Renovação íntima.
A pérola de grande valor ou o tesouro escondido simbolizam o interesse que devemos ter para nosso aprimoramento.
Aprimoramento que se faz devagar, lento, mas que deve ser preciso. O que equivale a dizer que cada dia devemos nos examinar e ir trabalhando uma virtude, até conseguir adquiri-la.
Uma boa tática é estabelecer um tempo para alcançar o que pretendemos. Por exemplo, num exame de consciência, descobrimos que não possuímos a virtude da paciência. Somos muito irritados, impacientes. Então estipulamos um tempo para trabalhar esta virtude. Uns seis meses, digamos.
Durante este tempo, todos os momentos em que estivermos a ponto de explodir, estourar, gritar, faremos o exercício da pausa, da reflexão, do silêncio.
Com certeza, mesmo assim, muitas vezes iremos estourar. Explodir. Mas não se deve desistir.
Após os seis meses, faremos um novo exame para descobrir se melhoramos e quanto. O quanto de paciência já conquistamos.
Aí nos daremos novo prazo e assim, pouco a pouco, iremos trabalhando a nossa intimidade.
Quando acreditarmos que estamos melhorando em um ponto, começaremos a burilar outro. Até chegarmos à tão falada e esperada renovação íntima.
O importante é fazer dia por dia a construção da nossa nova personalidade, do homem novo. Ir pedra por pedra construindo o edifício do mundo novo em nós.
Importante não é realizar coisas grandiosas. Importante é fazer pequenas coisas, todos os dias, e muito bem feitas.
Se pensarmos assim e nos esmerarmos, logo, logo o reino dos Céus, que não vem com aparências exteriores, se fará em nossos corações.
Exatamente como disse Jesus: O reino de Deus está dentro de vós.
Cabe-nos despertá-lo e permitir que cresça em nós.
* * *
Você sabia que Jesus comparou o reino dos Céus ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três porções de farinha, até que tudo levedou?
No Evangelho de Lucas é que encontramos tal comparação.
E você sabia que o fermento representa a Doutrina que Jesus nos deixou, o Cristianismo?
Em três milênios deve produzir seus frutos.
A Humanidade já viveu os dois primeiros milênios. O terceiro será decisivo. Nele, a Doutrina de Jesus deverá atingir a sua plenitude.
Pensemos nisso e façamos a nossa parte.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A parábola do reino dos Céus, do livro As maravilhosas parábolas de Jesus, de Paulo Alves Godoy, ed. Feesp.
Em 03.01.2012.
Você sabe o que quer dizer reino dos Céus? Ou reino de Deus?
Ao longo dos séculos, o conceito a propósito do reino de Deus ou reino dos Céus tem se modificado.
Antes de Cristo e até pouco tempo, algumas religiões prometiam aos seus fiéis um local bem alto, acima das nossas cabeças, destinado a ser a morada da alma depois desta vida. Ali a alma ficaria em contemplação, sem trabalho, estagnada.
Durante algum tempo se acreditou na existência de vários céus, uns sobre os outros, à semelhança de um edifício de apartamentos.
Segundo a opinião mais comum, havia sete céus. Por isso mesmo é que ainda hoje se ouve a expressão estar no sétimo céu, querendo expressar a mais pura alegria. A felicidade suprema.
Os muçulmanos acreditam na existência de nove céus. Em cada um deles os crentes têm a sua felicidade aumentada.
O astrônomo Ptolomeu contava onze céus. O último era o lugar da glória eterna e se chamava Empireu.
Jesus veio dar um novo conceito para o reino dos Céus. Ele disse: O reino dos céus não está aqui, nem ali, nem acolá, porque já está entre vós.
Comparou esse reino a um tesouro escondido num campo, a uma pérola de grande valor, ao grão de mostarda que se fez grande árvore e que aninhou em seus galhos as aves.
O grão de mostarda que um homem plantou representa a necessidade de cada um de nós de cultivar a decisão da reforma interior. Renovação íntima.
A pérola de grande valor ou o tesouro escondido simbolizam o interesse que devemos ter para nosso aprimoramento.
Aprimoramento que se faz devagar, lento, mas que deve ser preciso. O que equivale a dizer que cada dia devemos nos examinar e ir trabalhando uma virtude, até conseguir adquiri-la.
Uma boa tática é estabelecer um tempo para alcançar o que pretendemos. Por exemplo, num exame de consciência, descobrimos que não possuímos a virtude da paciência. Somos muito irritados, impacientes. Então estipulamos um tempo para trabalhar esta virtude. Uns seis meses, digamos.
Durante este tempo, todos os momentos em que estivermos a ponto de explodir, estourar, gritar, faremos o exercício da pausa, da reflexão, do silêncio.
Com certeza, mesmo assim, muitas vezes iremos estourar. Explodir. Mas não se deve desistir.
Após os seis meses, faremos um novo exame para descobrir se melhoramos e quanto. O quanto de paciência já conquistamos.
Aí nos daremos novo prazo e assim, pouco a pouco, iremos trabalhando a nossa intimidade.
Quando acreditarmos que estamos melhorando em um ponto, começaremos a burilar outro. Até chegarmos à tão falada e esperada renovação íntima.
O importante é fazer dia por dia a construção da nossa nova personalidade, do homem novo. Ir pedra por pedra construindo o edifício do mundo novo em nós.
Importante não é realizar coisas grandiosas. Importante é fazer pequenas coisas, todos os dias, e muito bem feitas.
Se pensarmos assim e nos esmerarmos, logo, logo o reino dos Céus, que não vem com aparências exteriores, se fará em nossos corações.
Exatamente como disse Jesus: O reino de Deus está dentro de vós.
Cabe-nos despertá-lo e permitir que cresça em nós.
* * *
Você sabia que Jesus comparou o reino dos Céus ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três porções de farinha, até que tudo levedou?
No Evangelho de Lucas é que encontramos tal comparação.
E você sabia que o fermento representa a Doutrina que Jesus nos deixou, o Cristianismo?
Em três milênios deve produzir seus frutos.
A Humanidade já viveu os dois primeiros milênios. O terceiro será decisivo. Nele, a Doutrina de Jesus deverá atingir a sua plenitude.
Pensemos nisso e façamos a nossa parte.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A parábola do reino dos Céus, do livro As maravilhosas parábolas de Jesus, de Paulo Alves Godoy, ed. Feesp.
Em 03.01.2012.
O Reino Deus
O Reino Deus
Tendo os fariseus perguntado a Jesus quando viria o reino de Deus, ele respondeu: O reino de Deus não vem com mostras exteriores. Por isso ninguém poderá dizer: ei-lo aqui, ou ei-lo acolá, pois o reino de Deus está dentro de vós.
Concluímos da resposta do Mestre que o reino de Deus está em nós próprios. Não obstante, é ele mesmo quem assim nos adverte: Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça; tudo o mais vos será dado por acréscimo. Como ? Buscar aquilo que está em nós? E depender dessa pesquisa todo o nosso bem?
A explicação nos é dada pela seguinte parábola: O reino de Deus é semelhante a um tesouro oculto no campo, que foi encontrado por um homem, o qual, movido de grande gozo, foi vender tudo que possuía e adquiriu aquele campo.
Agora podemos entender: o reino de Deus está em nosso Espírito mesmo, porém oculto e ignorado. Possuir e ignorar que possui, equivale a não possuir. Ter e não saber que tem, é como se não tivesse. Daí a necessidade de procurá-lo. E, pelo dizer da semelhança, é de inestimável valor esse tesouro ou reino de Deus. Tanto assim, que todo aquele que o descobre, coloca-o desde logo acima de tudo o mais. Este asserto é corroborado por outra parábola : O reino de Deus é semelhante a um negociante de pérolas que, encontrando uma de subido valor, foi vender tudo o que possuía e a comprou.
Já sabemos algo de importante sobre o caso. Mas, que será, afinal, o reino de Deus e que idéia devemos fazer desse tesouro oculto em nosso Espírito? O reino de Deus é o conjunto de energias e faculdades que jazem latentes em nossa alma. E' o reino da vida, da imortalidade e do poder, do qual só nos apercebemos depois que começamos a sentir em nós as vibrações da vida espiritual, cuja atividade se exerce através do amor e da justiça, empolgando nosso ser. Que é, de fato, o reino da força que tudo vence, nos diz este outro apólogo: O reino de Deus é semelhante a uma semente de mostarda, que um homem semeou no campo. Esta semente é, na verdade, a menor de todas; mas, depois de haver crescido, é a maior de todas as hortaliças, e se faz árvore, de sorte que as aves do céu fazem ninhos em seus ramos. Tal é como o Mestre revela a incomparável energia de ação e de expansão que se esconde no reino de Deus. E que essa ação se verifica através do sentimento da justiça, sabemos por esta admoestação do Senhor: Se a vossa justiça não for superior à dos escribas é fariseus, não possuireis o reino de Deus.
O roteiro, portanto, que conduz ao tesouro oculto é um só: o cumprimento do dever, a prática do bem, a conduta reta. "Nem todo o que me diz Senhor! Senhor! entrará no reino de Deus, mas somente aqueles que fizerem a vontade de meu Pai. Naquele dia, muitos me dirão: Senhor, em teu nome nós profetizamos, expelimos demônios e obramos maravilhas. Mas eu lhes direi abertamente: Não vos conheço; apartai-vos de mim, vós que vivestes na iniqüidade." E o Rei, então, dirá: Vinde, benditos de meu Pai; possuí como herança o reino que vos está destinado desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro, e me recolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo e preso, e me visitastes. Então, perguntarão os justos: Quando, Senhor, te vimos com tais necessidades e te assistimos? E o Rei retrucará:" Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes."
Sabemos então, já, o que é o reino de Deus, onde se oculta, e o que nos cumpre fazer para possuí-lo.
LIVRO: EM TORNO DO MESTRE
AUTOR: PEDRO DE CAMARGO – PSEUDÔNIMO VINICIUS
EDITORA: FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA - 6ª EDIÇÃO – BRASILIA – DF
ANO DE PUBLICAÇÃO: 1939 (PAG. 204 - 206).
Tendo os fariseus perguntado a Jesus quando viria o reino de Deus, ele respondeu: O reino de Deus não vem com mostras exteriores. Por isso ninguém poderá dizer: ei-lo aqui, ou ei-lo acolá, pois o reino de Deus está dentro de vós.
Concluímos da resposta do Mestre que o reino de Deus está em nós próprios. Não obstante, é ele mesmo quem assim nos adverte: Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça; tudo o mais vos será dado por acréscimo. Como ? Buscar aquilo que está em nós? E depender dessa pesquisa todo o nosso bem?
A explicação nos é dada pela seguinte parábola: O reino de Deus é semelhante a um tesouro oculto no campo, que foi encontrado por um homem, o qual, movido de grande gozo, foi vender tudo que possuía e adquiriu aquele campo.
Agora podemos entender: o reino de Deus está em nosso Espírito mesmo, porém oculto e ignorado. Possuir e ignorar que possui, equivale a não possuir. Ter e não saber que tem, é como se não tivesse. Daí a necessidade de procurá-lo. E, pelo dizer da semelhança, é de inestimável valor esse tesouro ou reino de Deus. Tanto assim, que todo aquele que o descobre, coloca-o desde logo acima de tudo o mais. Este asserto é corroborado por outra parábola : O reino de Deus é semelhante a um negociante de pérolas que, encontrando uma de subido valor, foi vender tudo o que possuía e a comprou.
Já sabemos algo de importante sobre o caso. Mas, que será, afinal, o reino de Deus e que idéia devemos fazer desse tesouro oculto em nosso Espírito? O reino de Deus é o conjunto de energias e faculdades que jazem latentes em nossa alma. E' o reino da vida, da imortalidade e do poder, do qual só nos apercebemos depois que começamos a sentir em nós as vibrações da vida espiritual, cuja atividade se exerce através do amor e da justiça, empolgando nosso ser. Que é, de fato, o reino da força que tudo vence, nos diz este outro apólogo: O reino de Deus é semelhante a uma semente de mostarda, que um homem semeou no campo. Esta semente é, na verdade, a menor de todas; mas, depois de haver crescido, é a maior de todas as hortaliças, e se faz árvore, de sorte que as aves do céu fazem ninhos em seus ramos. Tal é como o Mestre revela a incomparável energia de ação e de expansão que se esconde no reino de Deus. E que essa ação se verifica através do sentimento da justiça, sabemos por esta admoestação do Senhor: Se a vossa justiça não for superior à dos escribas é fariseus, não possuireis o reino de Deus.
O roteiro, portanto, que conduz ao tesouro oculto é um só: o cumprimento do dever, a prática do bem, a conduta reta. "Nem todo o que me diz Senhor! Senhor! entrará no reino de Deus, mas somente aqueles que fizerem a vontade de meu Pai. Naquele dia, muitos me dirão: Senhor, em teu nome nós profetizamos, expelimos demônios e obramos maravilhas. Mas eu lhes direi abertamente: Não vos conheço; apartai-vos de mim, vós que vivestes na iniqüidade." E o Rei, então, dirá: Vinde, benditos de meu Pai; possuí como herança o reino que vos está destinado desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro, e me recolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo e preso, e me visitastes. Então, perguntarão os justos: Quando, Senhor, te vimos com tais necessidades e te assistimos? E o Rei retrucará:" Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes."
Sabemos então, já, o que é o reino de Deus, onde se oculta, e o que nos cumpre fazer para possuí-lo.
LIVRO: EM TORNO DO MESTRE
AUTOR: PEDRO DE CAMARGO – PSEUDÔNIMO VINICIUS
EDITORA: FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA - 6ª EDIÇÃO – BRASILIA – DF
ANO DE PUBLICAÇÃO: 1939 (PAG. 204 - 206).
O reino de Deus, na visão do filósofo Herculano
MARIA ENY ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
Lins, SP (Brasil)
O reino de Deus, na visão do filósofo Herculano
A proclamação do reino
“O que pensa que o Reino está longe terá que andar muito para encontrá-lo, mas o que sabe que o Reino já está aqui mesmo, ao nosso lado, já o traz dentro de si. Ai, porém, do que pensar que o Reino já está nele e deixar de buscá-lo!" - Herculano Pires, (Ir. Saulo) no Aviso ao Leitor, que inicia o livro O REINO.
Sempre que releio alguma obra de Herculano Pires, fico pensando como faz falta o seu pensamento lúcido, poético, racional, filosófico, nos estudos das Casas Espíritas. Como seu estilo, embasado em sua veia literária, de uma beleza às vezes comovente e sempre elegante e profunda, ainda não foi superado por nenhum autor espírita!
Deteve-se, um grupo de estudos em que faço parte, na análise de seu livro O Reino em que ele assina Irmão Saulo, pseudônimo que utilizava em suas obras inspiradas. É um poema.
No entanto, quanta profundidade!
Os teólogos católicos, que criaram a Teologia da Libertação, lembram-nos de que a principal mensagem do Evangelho é a do REINO DE DEUS. Há no Evangelho mais de uma centena de passagens onde Jesus fala sobre o Reino. E apenas três ou quatro em que fala da Igreja, que para eles é a herdeira única do Cristo. O Livro dos Espíritos, mais de uma centena de anos antes dessa Teologia muito esclarecida, já nos dizia que esse é o objetivo do homem: Instaurar na Terra uma sociedade que seja a sonhada por Jesus em seu Evangelho, ou seja, O Reino de Deus. (Ver questão 1018 de O Livro dos Espíritos.) [1]
No capítulo A Proclamação do Reino, Pires cita Isaías, de cujas palavras Jesus se serve para anunciar, na modesta Sinagoga de Nazaré, que, na sua pessoa, aquelas palavras se cumpriam.
“O espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para proclamar a libertação dos cativos e a restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o Ano Aceitável ao Senhor." - Isaías, 6:1; 2 e Lc, 4:18.
É comum ouvirmos e lermos sobre o Reino de Deus em nós, e poucos se detêm, como Herculano, na análise dessa Proclamação. Ninguém sabe o que era para o judeu o Ano Aceitável ao Senhor.
Herculano explica isso no capítulo A PROCLAMAÇÃO.
Depois de nos dizer que Jesus se apresentou como pregoeiro (o que vem fazer o pregão de uma notícia ao povo), portanto, aquele que anunciava a Boa Nova. Ele vinha estabelecer o Ano Aceitável ao Senhor, especialmente aos pobres, explicando que viera libertar os cativos e restaurar a vista aos cegos, libertar os oprimidos. Herculano nos explica o que vem a ser o Ano Aceitável ao Senhor que Jesus anuncia ter vindo estabelecer.
O povo judeu, a cada 50 anos, proclamava esse quinquagésimo ano como o Ano Aceitável ao Senhor. Nesse ano, eram redistribuídas as terras, todos os trabalhadores do campo recebiam um pedaço de terra para ganhar seu sustento, as dívidas eram perdoadas, os cativos libertos. Essa proclamação não tem nada de comparativa, como querem alguns “homens de Deus”. Ela é real, porque, se conseguirmos a sua proposição, se for estabelecido na Terra, e esse ano aceitável ao Senhor, não a cada cinqüenta anos, mas, como maneira de se viver no mundo, teremos o que prevê a questão 1018 de O Livro dos Espíritos - o Reinado do Bem sobre a Terra.
Quando Jesus se anuncia como aquele que vem proclamar o estabelecimento do Reino de Deus, na Terra, ele não diz que vem reinar, ou que haveria um Rei que seria ele. Coloca-se tão-somente como o pregoeiro, aquele que anuncia que um Reinado se estabelece. É o Reino de Deus, ou dos Céus. Não é um reinado sobre os Espíritos, embora também o seja, mas ao dizer que esse Reino estabelecia para sempre o Ano Aceitável ao Senhor, sua fala denota os objetivos de mudança e renovação social que esse Reino dos Céus trará.
O Ano Aceitável ao Senhor era uma invenção do sacerdócio de Israel, com nítida ação social, evitando muitas revoltas contra a hipocrisia, a dominação cruel que era feita contra os povos hebreus. A cada cinquenta anos eram perdoadas as dívidas, redistribuídas as terras, libertados os cativos. O povo aprendia a esperar esse tempo e, paciente, não se revoltava. Ainda que a boca dos profetas denunciasse a injustiça e defendesse o povo de Israel contra seus próprios dirigentes, o povo tinha na existência do Ano Santo (ou aceitável) do Senhor, um motivo de esperança, para não se revoltar. Logo após a redistribuição e o perdão das dívidas, a pretensa igualdade era destruída rapidamente, pois o povo, sem tostão, sem quem os amparasse até que pudessem colher e vender, emprestava dinheiro dos mais abastados. Continuava a depender do dinheiro dos mais ricos para plantar, colher e vender. Assim, logo se endividavam e eram obrigados a entregar novamente as terras. Bastava uma colheita ruim, um pai de família que falecesse, ou ficasse doente, para que as terras mudassem novamente de mãos e as dívidas se amontoassem reduzindo o povo à miséria. A lei era tão injusta que diante de um juiz, a que fosse arrastado um devedor, tudo deveria entregar, até mesmo o manto, ficando reduzido tão só à túnica que lhe cobria a nudez.
No entanto, o Jovem Carpinteiro vem apregoar que Jeová estabelecia com ele, seu apregoador, o Reino de Deus, onde todos seriam justiçados e para sempre. É de admirar que depois dessa proclamação, os estudiosos da Lei, os companheiros de Nazaré, ouvindo Joshua de Nazaré sobre Isaías, se revoltassem? O Reino de Deus, esclarece nosso autor, não se fundamentava na injustiça, na ganância e no ódio, sob a maldição da violência.
É de se admirar que os galileus de Nazaré, saturados de rituais farisaicos, defendendo suas poucas ou maiores posses, ficassem revoltados? E mais ainda ficaram com as palavras seguintes de Jesus. O Evangelho nos conta que, revoltados, consideraram Jesus um feiticeiro, o agarraram e o arrastaram para fora. Tencionavam atirá-lo do lado esquerdo de Nazaré, onde perigosa escarpa de pedras e rochas pontiagudas, eriçados espinheiros levariam à morte quem de lá fosse lançado.
Herculano, com a característica beleza dos literatos, explica:
“Mas, quando tudo parecia perdido, os homens que o agarravam com mãos de ferro, viram que estavam enganados. Na verdade, haviam-se agarrado uns aos outros e, se não percebessem a tempo, se teriam arrojado pelo precipício abaixo. Pararam assustados à beira do abismo e suas pernas e seus braços tremiam de horror”.
Enquanto isso, o Jovem Carpinteiro, passando tranquilamente entre eles, descia a encosta em direção à cidade.
Assim, Jesus passou entre os homens e, até hoje, ao querer destruí-lo e ao Reino de Deus, apenas nos destruiremos a nós mesmos. O Reino foi instaurado e, se não conseguirmos ao longo dos séculos fazê-lo presente na sociedade dos homens, nos lançaremos no abismo.
[1] Resposta à questão 1018.
O bem reinará sobre a Terra, quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem os maus. (...) Mas os maus não a deixarão senão quando dela forem banidos o orgulho e o egoísmo.
menylins@terra.com.br
Lins, SP (Brasil)
O reino de Deus, na visão do filósofo Herculano
A proclamação do reino
“O que pensa que o Reino está longe terá que andar muito para encontrá-lo, mas o que sabe que o Reino já está aqui mesmo, ao nosso lado, já o traz dentro de si. Ai, porém, do que pensar que o Reino já está nele e deixar de buscá-lo!" - Herculano Pires, (Ir. Saulo) no Aviso ao Leitor, que inicia o livro O REINO.
Sempre que releio alguma obra de Herculano Pires, fico pensando como faz falta o seu pensamento lúcido, poético, racional, filosófico, nos estudos das Casas Espíritas. Como seu estilo, embasado em sua veia literária, de uma beleza às vezes comovente e sempre elegante e profunda, ainda não foi superado por nenhum autor espírita!
Deteve-se, um grupo de estudos em que faço parte, na análise de seu livro O Reino em que ele assina Irmão Saulo, pseudônimo que utilizava em suas obras inspiradas. É um poema.
No entanto, quanta profundidade!
Os teólogos católicos, que criaram a Teologia da Libertação, lembram-nos de que a principal mensagem do Evangelho é a do REINO DE DEUS. Há no Evangelho mais de uma centena de passagens onde Jesus fala sobre o Reino. E apenas três ou quatro em que fala da Igreja, que para eles é a herdeira única do Cristo. O Livro dos Espíritos, mais de uma centena de anos antes dessa Teologia muito esclarecida, já nos dizia que esse é o objetivo do homem: Instaurar na Terra uma sociedade que seja a sonhada por Jesus em seu Evangelho, ou seja, O Reino de Deus. (Ver questão 1018 de O Livro dos Espíritos.) [1]
No capítulo A Proclamação do Reino, Pires cita Isaías, de cujas palavras Jesus se serve para anunciar, na modesta Sinagoga de Nazaré, que, na sua pessoa, aquelas palavras se cumpriam.
“O espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para proclamar a libertação dos cativos e a restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o Ano Aceitável ao Senhor." - Isaías, 6:1; 2 e Lc, 4:18.
É comum ouvirmos e lermos sobre o Reino de Deus em nós, e poucos se detêm, como Herculano, na análise dessa Proclamação. Ninguém sabe o que era para o judeu o Ano Aceitável ao Senhor.
Herculano explica isso no capítulo A PROCLAMAÇÃO.
Depois de nos dizer que Jesus se apresentou como pregoeiro (o que vem fazer o pregão de uma notícia ao povo), portanto, aquele que anunciava a Boa Nova. Ele vinha estabelecer o Ano Aceitável ao Senhor, especialmente aos pobres, explicando que viera libertar os cativos e restaurar a vista aos cegos, libertar os oprimidos. Herculano nos explica o que vem a ser o Ano Aceitável ao Senhor que Jesus anuncia ter vindo estabelecer.
O povo judeu, a cada 50 anos, proclamava esse quinquagésimo ano como o Ano Aceitável ao Senhor. Nesse ano, eram redistribuídas as terras, todos os trabalhadores do campo recebiam um pedaço de terra para ganhar seu sustento, as dívidas eram perdoadas, os cativos libertos. Essa proclamação não tem nada de comparativa, como querem alguns “homens de Deus”. Ela é real, porque, se conseguirmos a sua proposição, se for estabelecido na Terra, e esse ano aceitável ao Senhor, não a cada cinqüenta anos, mas, como maneira de se viver no mundo, teremos o que prevê a questão 1018 de O Livro dos Espíritos - o Reinado do Bem sobre a Terra.
Quando Jesus se anuncia como aquele que vem proclamar o estabelecimento do Reino de Deus, na Terra, ele não diz que vem reinar, ou que haveria um Rei que seria ele. Coloca-se tão-somente como o pregoeiro, aquele que anuncia que um Reinado se estabelece. É o Reino de Deus, ou dos Céus. Não é um reinado sobre os Espíritos, embora também o seja, mas ao dizer que esse Reino estabelecia para sempre o Ano Aceitável ao Senhor, sua fala denota os objetivos de mudança e renovação social que esse Reino dos Céus trará.
O Ano Aceitável ao Senhor era uma invenção do sacerdócio de Israel, com nítida ação social, evitando muitas revoltas contra a hipocrisia, a dominação cruel que era feita contra os povos hebreus. A cada cinquenta anos eram perdoadas as dívidas, redistribuídas as terras, libertados os cativos. O povo aprendia a esperar esse tempo e, paciente, não se revoltava. Ainda que a boca dos profetas denunciasse a injustiça e defendesse o povo de Israel contra seus próprios dirigentes, o povo tinha na existência do Ano Santo (ou aceitável) do Senhor, um motivo de esperança, para não se revoltar. Logo após a redistribuição e o perdão das dívidas, a pretensa igualdade era destruída rapidamente, pois o povo, sem tostão, sem quem os amparasse até que pudessem colher e vender, emprestava dinheiro dos mais abastados. Continuava a depender do dinheiro dos mais ricos para plantar, colher e vender. Assim, logo se endividavam e eram obrigados a entregar novamente as terras. Bastava uma colheita ruim, um pai de família que falecesse, ou ficasse doente, para que as terras mudassem novamente de mãos e as dívidas se amontoassem reduzindo o povo à miséria. A lei era tão injusta que diante de um juiz, a que fosse arrastado um devedor, tudo deveria entregar, até mesmo o manto, ficando reduzido tão só à túnica que lhe cobria a nudez.
No entanto, o Jovem Carpinteiro vem apregoar que Jeová estabelecia com ele, seu apregoador, o Reino de Deus, onde todos seriam justiçados e para sempre. É de admirar que depois dessa proclamação, os estudiosos da Lei, os companheiros de Nazaré, ouvindo Joshua de Nazaré sobre Isaías, se revoltassem? O Reino de Deus, esclarece nosso autor, não se fundamentava na injustiça, na ganância e no ódio, sob a maldição da violência.
É de se admirar que os galileus de Nazaré, saturados de rituais farisaicos, defendendo suas poucas ou maiores posses, ficassem revoltados? E mais ainda ficaram com as palavras seguintes de Jesus. O Evangelho nos conta que, revoltados, consideraram Jesus um feiticeiro, o agarraram e o arrastaram para fora. Tencionavam atirá-lo do lado esquerdo de Nazaré, onde perigosa escarpa de pedras e rochas pontiagudas, eriçados espinheiros levariam à morte quem de lá fosse lançado.
Herculano, com a característica beleza dos literatos, explica:
“Mas, quando tudo parecia perdido, os homens que o agarravam com mãos de ferro, viram que estavam enganados. Na verdade, haviam-se agarrado uns aos outros e, se não percebessem a tempo, se teriam arrojado pelo precipício abaixo. Pararam assustados à beira do abismo e suas pernas e seus braços tremiam de horror”.
Enquanto isso, o Jovem Carpinteiro, passando tranquilamente entre eles, descia a encosta em direção à cidade.
Assim, Jesus passou entre os homens e, até hoje, ao querer destruí-lo e ao Reino de Deus, apenas nos destruiremos a nós mesmos. O Reino foi instaurado e, se não conseguirmos ao longo dos séculos fazê-lo presente na sociedade dos homens, nos lançaremos no abismo.
[1] Resposta à questão 1018.
O bem reinará sobre a Terra, quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem os maus. (...) Mas os maus não a deixarão senão quando dela forem banidos o orgulho e o egoísmo.
O reino de Deus que está em nós
POR CéLIA ELMY
Um homem do povo vivia uma vida sem esperanças, com grandes tribulações e sofrimentos. Um dia foi localizado por emissários do rei que o conduziram ao palácio real e ele foi investido na condição de herdeiro daquele reino. Imediatamente foi banhado e perfumado, vestido com roupas suntuosas. Calçaram-lhe os pés com sapatos finos e colocaram-lhe no dedo precioso anel, símbolo de sua condição real. Levado para conhecer o reino deslumbrou-se: como era belo, vasto e cheio de recursos! E isso tudo era seu, pois o rei tudo colocara a sua disposição.
Que diríamos nós se tal acontecesse conosco? Se fôssemos destacados de nossa condição de simples pessoas do povo e elevados à condição de herdeiros de um grande reino? “E se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”.1 “Ah, esse reino eu não quero, é depois da morte e eu não quero morrer tão cedo.” “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos”.2
Humm... Jesus diz que o Reino de Deus cresce, se desenvolve. Mas que reino seria esse? Onde ele está? “O Reino de Deus está dentro de vós.”3 E como é que eu faço pra tomar posse desse reino? É necessário empreender a grande viagem para dentro de si mesmo, o auto-conhecimento. “Ah, mas eu não quero mexer com isso não, se conhecer dá muito trabalho, tá bom assim.” Não está nada bom, a pessoa tem crises, vive mal humorada, descontente, triste e ansiosa... Mas como encarar o medo de se defrontar consigo mesma?
Qual a imagem que temos de nós mesmos? A nossa auto-imagem geralmente não é muito boa. Ela está fortemente tisnada pela montanha de nãos que ouvimos desde pequenos. Não fomos bons o bastante pra contentar a nossa mãe: “Não põe a mão aí!” “Não pode fazer isso.” Não queremos em absoluto dizer que criança não deva ter limite, mas alguns pais extrapolam. Não fomos bons o bastante para agradar nossos professores e achamos que valíamos pela nota que tirávamos. Os colegas também ajudavam a desconstruir essa imagem com apelidos e brincadeiras cruéis. E hoje achamos que não somos bons o bastante pra agradar nossa esposa, nossos filhos, nosso chefe. Sempre achamos que estamos devendo. Temos uma auto-rejeição muito forte que às vezes se camufla em orgulho e vaidade, mas lá no fundo temos medo de encarar nossa própria imagem no espelho. A cultura do pecado e da punição pelos nossos atos por Deus, que nos foi incutida há milênios, também não ajuda a melhorar nossa auto-imagem. Mas o que nos diz Jesus? “Sois deuses”4. “Em verdade vos digo: quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas”5. Mas como? “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”6. A verdade sobre nós mesmos, nossa origem divina, nossa potencialidade. Somos herdeiros do reino, o reino de Deus está dentro de nós. Precisamos tomar posse dele. “Ah, mas eu não tenho coragem de olhar dentro do porão da minha inconsciência, tenho medo de encontrar um esqueleto no armário. Tudo bem, pode ser que tenha um esqueleto no armário. Mas se aprofundarmos nossa visão, veremos que tem também um oásis. Um oásis verdejante de paz. Não seria bom encontrar um pouco de paz? Que preço pagaríamos pela nossa paz?
Todos nós temos dois lados, um lado sombra e um lado luz. É duro conviver com o nosso lado sombra, é difícil até mesmo admitir que temos um lado sombra caracterizado pelo lado obscuro da nossa personalidade, nossos defeitos, nossa dificuldade nos relacionamentos, mas a sombra tem uma característica: ela não é permanente, ela é temporária, ela se dissolve ao contato com a luz.
Qual o sentido da vida? Porque estamos encarnados? Para buscar a nossa iluminação. Através do auto-conhecimento vamos detectando quais os lados da nossa personalidade que precisam ser iluminados. E iluminados através do conhecimento: boas leituras, palestras, cursos, tudo isso devidamente aplicado através da vivência com os que convivem conosco.
Todas as qualidades jazem em germe dentro de nós. “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda...”, todas as nossas potencialidades, todo o projeto do que seremos: gênios, Einsteins, Mahatmas Gandhis, Madres Terezas, homens empreendedores e colecionadores de sucessos. Nós não somos o que estamos. Somos muito mais! Não é grandioso isso? Saber que tudo já está dentro de nós, nos pertence e apenas precisamos tomar posse? E o artífice do homem novo seremos nós mesmos. Somos a semente e somos o jardineiro. Somos os herdeiros. O reino nos pertence. “Sois deuses!”
1 Epístola de Paulo aos Romanos, 8:17.
2 Mateus, 13:31-32.
3 Lucas, 17:21.
4 João, 10:34.
5 João, 14:12.
6 João, 8:32.
Onde está o Reino de Deus?
Onde está o Reino de Deus?
“Meu reino não é deste mundo.” (Jesus)
No início era a sombra, a inconsciência, o instinto. Ao longo dos milênios, o Espírito, criado simples e ignorante, percorre caminhos tortuosos, dolorosos, eu diria, vivendo experiências que vão, paulatina e vagarosamente, despertando-o do sono profundo. Mesmo inconsciente, sente-se atraído por uma força libertadora que lhe proporcionará a saída de seu próprio casulo para o encontro com a luz. Ocorrem os primeiros raciocínios, que timidamente, vão se organizando, formando idéias, aumentando a capacidade de pensar, mas, acima de tudo, despertando a consciência e ampliando o discernimento e os sentimentos.
Essa mesma força, como efeito inevitável, vai modelando o Espírito para a ascensão, para a plenitude. A construção do reino divino, igualmente, foi iniciada a milhões de anos.
Quantos códigos de conduta foram inspirados para que as Leis Divinas fossem observadas? No Código de Hamurabi foram registrados os primeiros sinais de respeito pela vida e pelos seres humanos. Apesar do “olho por olho e dente por dente” inserto nas leis mosaicas, o Decálogo contém o fundamento básico do respeito que devemos ter em relação a Deus, à vida e aos seres, de um modo geral. Finalmente Jesus, quando veio à Terra, mesmo sabendo que a ignorância ainda era preponderante, propõe que fosse observada uma única lei, a Lei do Amor, para a conquista do Reino de Deus. Por outro lado, sabia igualmente que a criatura humana necessitaria viver e renascer muitas vezes até obter as condições adequadas para atingir a plenitude. Essa a razão de ser a Doutrina do Mestre toda baseada na vida futura.
Muitos desejaram seguir Jesus, embevecidos com as maravilhas daquele reino a que Ele se referia. As narrativas evangélicas são pródigas nesse sentido. O jovem rico queria seguí-lo, “mas”, ainda tinha alguns compromissos para resolver; outro, também queria seguí-lo, “mas”, tinha que sepultar seu pai; muitos outros o queriam como rei, “mas”, o abandonaram em momentos decisivos e dolorosos; muitos até hoje desejam seguí-lo, “mas”, os jogos de interesses do mundo atual, o apego demasiado à matéria, impedem tão importante decisão. Na verdade, é a “sombra”, o ego, o ser inferior na sua manifestação mais primitiva, que ainda necessita de mais experiências.
Desse modo, o Reino de Deus é uma construção interior, feita de perseverança, renúncia, dedicação e, acima de tudo, na autotransformação baseada em princípios divinos, éticos, morais, norteadores de conduta.
No Livro “Segue-me”, ditado por Emmanuel e psicografado por Chico Xavier, na lição chamada “Luz em Nossas Mãos”, comenta a pergunta nº 793, constante no Livro dos Espíritos: “por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa? diz-nos que: “Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. “Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.”
Assim, rememoremos a advertência do Cristo, quando nos afirma que o reino de Deus não vem até nós com as aparências exteriores, mas ele está dentro de nós, em nossos corações.
Martha Triandafelides Capelotto – Divulgadora do Espiritismo
“Meu reino não é deste mundo.” (Jesus)
No início era a sombra, a inconsciência, o instinto. Ao longo dos milênios, o Espírito, criado simples e ignorante, percorre caminhos tortuosos, dolorosos, eu diria, vivendo experiências que vão, paulatina e vagarosamente, despertando-o do sono profundo. Mesmo inconsciente, sente-se atraído por uma força libertadora que lhe proporcionará a saída de seu próprio casulo para o encontro com a luz. Ocorrem os primeiros raciocínios, que timidamente, vão se organizando, formando idéias, aumentando a capacidade de pensar, mas, acima de tudo, despertando a consciência e ampliando o discernimento e os sentimentos.
Essa mesma força, como efeito inevitável, vai modelando o Espírito para a ascensão, para a plenitude. A construção do reino divino, igualmente, foi iniciada a milhões de anos.
Quantos códigos de conduta foram inspirados para que as Leis Divinas fossem observadas? No Código de Hamurabi foram registrados os primeiros sinais de respeito pela vida e pelos seres humanos. Apesar do “olho por olho e dente por dente” inserto nas leis mosaicas, o Decálogo contém o fundamento básico do respeito que devemos ter em relação a Deus, à vida e aos seres, de um modo geral. Finalmente Jesus, quando veio à Terra, mesmo sabendo que a ignorância ainda era preponderante, propõe que fosse observada uma única lei, a Lei do Amor, para a conquista do Reino de Deus. Por outro lado, sabia igualmente que a criatura humana necessitaria viver e renascer muitas vezes até obter as condições adequadas para atingir a plenitude. Essa a razão de ser a Doutrina do Mestre toda baseada na vida futura.
Muitos desejaram seguir Jesus, embevecidos com as maravilhas daquele reino a que Ele se referia. As narrativas evangélicas são pródigas nesse sentido. O jovem rico queria seguí-lo, “mas”, ainda tinha alguns compromissos para resolver; outro, também queria seguí-lo, “mas”, tinha que sepultar seu pai; muitos outros o queriam como rei, “mas”, o abandonaram em momentos decisivos e dolorosos; muitos até hoje desejam seguí-lo, “mas”, os jogos de interesses do mundo atual, o apego demasiado à matéria, impedem tão importante decisão. Na verdade, é a “sombra”, o ego, o ser inferior na sua manifestação mais primitiva, que ainda necessita de mais experiências.
Desse modo, o Reino de Deus é uma construção interior, feita de perseverança, renúncia, dedicação e, acima de tudo, na autotransformação baseada em princípios divinos, éticos, morais, norteadores de conduta.
No Livro “Segue-me”, ditado por Emmanuel e psicografado por Chico Xavier, na lição chamada “Luz em Nossas Mãos”, comenta a pergunta nº 793, constante no Livro dos Espíritos: “por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa? diz-nos que: “Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. “Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.”
Assim, rememoremos a advertência do Cristo, quando nos afirma que o reino de Deus não vem até nós com as aparências exteriores, mas ele está dentro de nós, em nossos corações.
Martha Triandafelides Capelotto – Divulgadora do Espiritismo
sexta-feira, 18 de julho de 2014
SIMPLICIDADE E HUMILDADE
SIMPLICIDADE E HUMILDADE
Em algumas áreas do Espiritismo, especialmente entre os integrantes dos grupos que se julgam em maior sintonia com as descobertas mais recentes da ciência e da tecnologia, observa-se uma fascinação por todo e qualquer tipo de novidade. A simplicidade, uma das características mais marcantes de Jesus, parece desagradar a tais pessoas, que, por uma interpretação distorcida e equivocada do caráter progressivo da Doutrina, trazem para dentro dela, uma enormidade de absurdos e de extravagâncias decorrentes do modismo passageiro e inconseqüente. A pureza e a simplicidade dos primeiros tempos do Cristianismo, retomadas pelo Espiritismo, está cedendo lugar em nosso meio, em alguns casos, a uma série de procedimentos que não encontra o menor respaldo doutrinário. Servem no que diz respeito ao Espiritismo, para atrair público para as reuniões e para desviar as atenções para temas e assuntos que são estranhos à Doutrina Espírita.
As sessões de cromoterapia, regressão de memória e outras ramificações da chamada medicina alternativa, estão sendo indevidamente introduzidas e praticadas por alguns, de forma indiscriminada, na Casa Espírita. As dificuldades e problemas que esses procedimentos poderão acarretar para a Doutrina dos Espíritos são facilmente previsíveis, e, aqueles que persistirem nessa prática, estarão fatalmente sujeitos às conseqüências danosas de suas ações, em face da lei de “causa e efeito”.
Como se não bastassem tais inconvenientes, desponta agora, como grande inovação, o costume de se substituir a tradicional terminologia espírita, por uma outra mais consentânea com a tão reclamada modernidade. Trata-se de mais uma imposição do modismo fútil. Assim, fala-se já em fluidoterapia quando se faz alguma referência ao tradicional passe. Nesse modismo, dentro em breve, os médiuns passarão a ser chamados de fluidoterapeutas, e os locais do passe serão transformados em gabinetes destinados às sessões de fluidoterapia. Nesse modismo, os Centros Espíritas passariam a promover cursos específicos, formando os profissionais da terapia fluídica, e não haveria surpresa se estes devidamente diplomados e habilitados resolvessem se unir em torno de uma organização social, e mais ainda, cobrarem pelos seus serviços.
E ainda, como se isso não bastasse para descaracterizar a Doutrina, a mediunidade, dentro de pouco tempo, passaria a ser conhecida pelo nome científico de transcomunicação-interpessoal, integrando juntamente com a instrumental já existente, o Departamento de Transcomunicação, tudo, evidentemente, feito em função da modernidade do Espiritismo. Os que não concordassem com tais procedimentos, mantendo as normas tradicionais, seriam tidos à conta de superados e velhos. A permanecer essa inovação, em pouco tempo a simplicidade dos temas evangélicos-espíritas seria fatalmente substituída por pretensiosos e complicados assuntos, tendo em vista a necessidade de evolução e progresso reclamada por alguns inconformados seguidores da Doutrina dos Espíritos. Jesus, prevendo isso já nos advertia: “Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mais simples, por que estais ansiosos pelas outras?” Lucas C-12 v-26.
Tais tendências vêm ocorrendo no Espiritismo, devido ao entusiasmo excessivo de
alguns, pelas novidades introduzidas pela mídia. Isso não implica que devemos abrir mão das novas técnicas de comunicação e das conquistas do saber humano. Se tal ocorresse, estaria configurado um contra-senso e uma demonstração de atraso. O que não se pode admitir é que tudo que desponta como novo, moderno, aceito por alguns, ou por grupos restritos, de áreas também restritas, passe a integrar o quotidiano das instituições espíritas, em detrimento das posturas mais singelas adotadas pelo verdadeiro Cristianismo, de que o Espiritismo é o mais autêntico e legítimo sucessor. Cautela e prudência jamais poderão faltar a todo e qualquer empreendimento realizado pelo ser humano, assim já recomendava a velha sabedoria romana. Jesus, ao se referir à prática de Seus ensinamentos, recomendou igual procedimento aos seus seguidores.
Também a humildade, parece ser uma virtude que não é devidamente apreciada por alguns companheiros, principalmente pelos mais afoitos que não conseguiram ainda superar a fase inicial de encantamento com a Doutrina dos Espíritos. Sentem uma atração pela rapidez com o que acontece nas chamadas atividades assistenciais. Por outro lado, é comum encontrar-se no meio delas, as pessoas que se orgulham de, numa arrancada só, terem lido a Codificação e as obras complementares, julgando que, com essa atitude, terem as condições de profundos conhecedores da Doutrina, sem se darem conta da necessidade de assimilar os conceitos e a necessidade da modificação moral, da simplicidade e da humildade indicadas por Jesus.
Conquanto não se possa generalizar, condutas dessa espécie estão se tornando cada vez mais comuns, não só no que se refere às pessoas isoladamente, como também entre os componentes de algumas instituições, que se consideram como organizações, melhor estruturadas e superiores às demais. Nessas duas situações, o orgulho e a vaidade, mesmo que inconscientes, imperam soberanos e se constituem na causa principal desse tipo de comportamento. O único remédio nesses casos é o estudo a compreensão e a assimilação dos postulados evangélicos de simplicidade e humildade, visto que somente através de sua vivência, é que se conseguirá a eliminação dos defeitos, vícios e erros humanos que todos nós carregamos fruto do nosso atraso espiritual. Apesar de tal medicamento se achar ao alcance de todos nós, ele permanece desconhecido e pouco utilizado.
O Evangelho, como norma de conduta moral por excelência, continua sendo o grande desconhecido, e dessa situação até mesmo muitos espíritas não conseguem escapar. Ainda persiste o velho hábito de ignorar ou fingir ignorar as próprias limitações e imperfeições, e a necessidade de procurar na existência, praticar os ensinamentos evangélicos. A simples leitura da Codificação e de vários outros livros, não é suficiente para se dizer que o leitor conhece a Doutrina dos Espíritos, sem que a Doutrina tenha determinado a transformação moral indispensável à sua qualificação como verdadeiro espírita.
“Pois, se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas
outras”, disse Jesus. . .
Jc.
S.Luis, 20/02/2003
Em algumas áreas do Espiritismo, especialmente entre os integrantes dos grupos que se julgam em maior sintonia com as descobertas mais recentes da ciência e da tecnologia, observa-se uma fascinação por todo e qualquer tipo de novidade. A simplicidade, uma das características mais marcantes de Jesus, parece desagradar a tais pessoas, que, por uma interpretação distorcida e equivocada do caráter progressivo da Doutrina, trazem para dentro dela, uma enormidade de absurdos e de extravagâncias decorrentes do modismo passageiro e inconseqüente. A pureza e a simplicidade dos primeiros tempos do Cristianismo, retomadas pelo Espiritismo, está cedendo lugar em nosso meio, em alguns casos, a uma série de procedimentos que não encontra o menor respaldo doutrinário. Servem no que diz respeito ao Espiritismo, para atrair público para as reuniões e para desviar as atenções para temas e assuntos que são estranhos à Doutrina Espírita.
As sessões de cromoterapia, regressão de memória e outras ramificações da chamada medicina alternativa, estão sendo indevidamente introduzidas e praticadas por alguns, de forma indiscriminada, na Casa Espírita. As dificuldades e problemas que esses procedimentos poderão acarretar para a Doutrina dos Espíritos são facilmente previsíveis, e, aqueles que persistirem nessa prática, estarão fatalmente sujeitos às conseqüências danosas de suas ações, em face da lei de “causa e efeito”.
Como se não bastassem tais inconvenientes, desponta agora, como grande inovação, o costume de se substituir a tradicional terminologia espírita, por uma outra mais consentânea com a tão reclamada modernidade. Trata-se de mais uma imposição do modismo fútil. Assim, fala-se já em fluidoterapia quando se faz alguma referência ao tradicional passe. Nesse modismo, dentro em breve, os médiuns passarão a ser chamados de fluidoterapeutas, e os locais do passe serão transformados em gabinetes destinados às sessões de fluidoterapia. Nesse modismo, os Centros Espíritas passariam a promover cursos específicos, formando os profissionais da terapia fluídica, e não haveria surpresa se estes devidamente diplomados e habilitados resolvessem se unir em torno de uma organização social, e mais ainda, cobrarem pelos seus serviços.
E ainda, como se isso não bastasse para descaracterizar a Doutrina, a mediunidade, dentro de pouco tempo, passaria a ser conhecida pelo nome científico de transcomunicação-interpessoal, integrando juntamente com a instrumental já existente, o Departamento de Transcomunicação, tudo, evidentemente, feito em função da modernidade do Espiritismo. Os que não concordassem com tais procedimentos, mantendo as normas tradicionais, seriam tidos à conta de superados e velhos. A permanecer essa inovação, em pouco tempo a simplicidade dos temas evangélicos-espíritas seria fatalmente substituída por pretensiosos e complicados assuntos, tendo em vista a necessidade de evolução e progresso reclamada por alguns inconformados seguidores da Doutrina dos Espíritos. Jesus, prevendo isso já nos advertia: “Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mais simples, por que estais ansiosos pelas outras?” Lucas C-12 v-26.
Tais tendências vêm ocorrendo no Espiritismo, devido ao entusiasmo excessivo de
alguns, pelas novidades introduzidas pela mídia. Isso não implica que devemos abrir mão das novas técnicas de comunicação e das conquistas do saber humano. Se tal ocorresse, estaria configurado um contra-senso e uma demonstração de atraso. O que não se pode admitir é que tudo que desponta como novo, moderno, aceito por alguns, ou por grupos restritos, de áreas também restritas, passe a integrar o quotidiano das instituições espíritas, em detrimento das posturas mais singelas adotadas pelo verdadeiro Cristianismo, de que o Espiritismo é o mais autêntico e legítimo sucessor. Cautela e prudência jamais poderão faltar a todo e qualquer empreendimento realizado pelo ser humano, assim já recomendava a velha sabedoria romana. Jesus, ao se referir à prática de Seus ensinamentos, recomendou igual procedimento aos seus seguidores.
Também a humildade, parece ser uma virtude que não é devidamente apreciada por alguns companheiros, principalmente pelos mais afoitos que não conseguiram ainda superar a fase inicial de encantamento com a Doutrina dos Espíritos. Sentem uma atração pela rapidez com o que acontece nas chamadas atividades assistenciais. Por outro lado, é comum encontrar-se no meio delas, as pessoas que se orgulham de, numa arrancada só, terem lido a Codificação e as obras complementares, julgando que, com essa atitude, terem as condições de profundos conhecedores da Doutrina, sem se darem conta da necessidade de assimilar os conceitos e a necessidade da modificação moral, da simplicidade e da humildade indicadas por Jesus.
Conquanto não se possa generalizar, condutas dessa espécie estão se tornando cada vez mais comuns, não só no que se refere às pessoas isoladamente, como também entre os componentes de algumas instituições, que se consideram como organizações, melhor estruturadas e superiores às demais. Nessas duas situações, o orgulho e a vaidade, mesmo que inconscientes, imperam soberanos e se constituem na causa principal desse tipo de comportamento. O único remédio nesses casos é o estudo a compreensão e a assimilação dos postulados evangélicos de simplicidade e humildade, visto que somente através de sua vivência, é que se conseguirá a eliminação dos defeitos, vícios e erros humanos que todos nós carregamos fruto do nosso atraso espiritual. Apesar de tal medicamento se achar ao alcance de todos nós, ele permanece desconhecido e pouco utilizado.
O Evangelho, como norma de conduta moral por excelência, continua sendo o grande desconhecido, e dessa situação até mesmo muitos espíritas não conseguem escapar. Ainda persiste o velho hábito de ignorar ou fingir ignorar as próprias limitações e imperfeições, e a necessidade de procurar na existência, praticar os ensinamentos evangélicos. A simples leitura da Codificação e de vários outros livros, não é suficiente para se dizer que o leitor conhece a Doutrina dos Espíritos, sem que a Doutrina tenha determinado a transformação moral indispensável à sua qualificação como verdadeiro espírita.
“Pois, se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas
outras”, disse Jesus. . .
Jc.
S.Luis, 20/02/2003
Convite à simplicidade
Convite à simplicidade
“Considerai os lírios…” (Lucas: 12-27)
Complementos e atavios representam não poucas vezes dispensáveis adornos.
Como o excesso em uns é escassez noutros, onde abundam complexidades rareiam sensatez e equilíbrio.
O belo exterioriza-se em aura de harmonia e a força da beleza reside na discrição da simplicidade.
A sabedoria consiste em apresentar com simplicidade os mais complexos conceitos, utilizando-se de expressões fáceis.
Supõem muitas pessoas que as construções gongóricas, em que abundam verbetes inusuais, revelam conhecimento. Verdadeiramente tal comportamento reflete exibição de linguagem com prejuízo da clareza da informação.
A vida moderna, com as múltiplas facetas em que se apresenta, constringe o homem, tolhendo-lhe muito da espontaneidade, engendrando fugas psicológicas à realidade, que funcionam como drenos à emoção sobrecarregada de tensão e ansiedade.
Simples, pulcras, são todas as coisas de elevada grandeza e de alto sentido espiritual.
Os homens que se notabilizam nos diversos campos do conhecimento humano e se revelaram protótipos da beleza espiritual nas artes, na filosofia, mártires da fé e heróis da renúncia, se fizeram caracterizar e se engrandeceram através da simplicidade, envergando as vestes da humildade.
Os utilitaristas estão engajados nos grupos dos oportunistas e se mascaram com artifícios superficiais, impressionando pelo exterior, todavia, vazios de conteúdo e valor.
Vencem pela força incapazes de se vencerem a si mesmos.
Arrimados à petulância tornam-se violentos e sem qualidades morais legítimas preferem ser temidos por total impossibilidade de se fazerem amados.
Constituem as classes dominadoras, transitando pelos estreitos corredores de tormentosas frustrações, que não raro terminam na porta falsa do suicídio direto ou indireto.
Resguarda-te na simplicidade.
Evita as aparências fulgurantes e malsinadas.
Reflete na lição do Senhor em torno dos lírios do campo e sua beleza comovedora, insuperável, medrando a esmo, do lodo, exteriorizando aroma penetrante.
Ele próprio, Nosso Divino Senhor, cantando e vivendo as excelsas belezas do Reino Celeste, se utilizou da simplicidade de tal modo que o Seu Evangelho continua como um hino de luz tecido com as melodias inspiradas no povo simples e sofredor de todos os tempos.
Da obra “Convites da Vida”
Psicografado por Divaldo Pereira Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis
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“Considerai os lírios…” (Lucas: 12-27)
Complementos e atavios representam não poucas vezes dispensáveis adornos.
Como o excesso em uns é escassez noutros, onde abundam complexidades rareiam sensatez e equilíbrio.
O belo exterioriza-se em aura de harmonia e a força da beleza reside na discrição da simplicidade.
A sabedoria consiste em apresentar com simplicidade os mais complexos conceitos, utilizando-se de expressões fáceis.
Supõem muitas pessoas que as construções gongóricas, em que abundam verbetes inusuais, revelam conhecimento. Verdadeiramente tal comportamento reflete exibição de linguagem com prejuízo da clareza da informação.
A vida moderna, com as múltiplas facetas em que se apresenta, constringe o homem, tolhendo-lhe muito da espontaneidade, engendrando fugas psicológicas à realidade, que funcionam como drenos à emoção sobrecarregada de tensão e ansiedade.
Simples, pulcras, são todas as coisas de elevada grandeza e de alto sentido espiritual.
Os homens que se notabilizam nos diversos campos do conhecimento humano e se revelaram protótipos da beleza espiritual nas artes, na filosofia, mártires da fé e heróis da renúncia, se fizeram caracterizar e se engrandeceram através da simplicidade, envergando as vestes da humildade.
Os utilitaristas estão engajados nos grupos dos oportunistas e se mascaram com artifícios superficiais, impressionando pelo exterior, todavia, vazios de conteúdo e valor.
Vencem pela força incapazes de se vencerem a si mesmos.
Arrimados à petulância tornam-se violentos e sem qualidades morais legítimas preferem ser temidos por total impossibilidade de se fazerem amados.
Constituem as classes dominadoras, transitando pelos estreitos corredores de tormentosas frustrações, que não raro terminam na porta falsa do suicídio direto ou indireto.
Resguarda-te na simplicidade.
Evita as aparências fulgurantes e malsinadas.
Reflete na lição do Senhor em torno dos lírios do campo e sua beleza comovedora, insuperável, medrando a esmo, do lodo, exteriorizando aroma penetrante.
Ele próprio, Nosso Divino Senhor, cantando e vivendo as excelsas belezas do Reino Celeste, se utilizou da simplicidade de tal modo que o Seu Evangelho continua como um hino de luz tecido com as melodias inspiradas no povo simples e sofredor de todos os tempos.
Da obra “Convites da Vida”
Psicografado por Divaldo Pereira Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis
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Lição de simplicidade
Lição de simplicidade
No mês de dezembro recém-findo, passamos por uma experiência que nos mostrou a transformação que o Espiritismo bem vivenciado produz em seus adeptos, a simplicidade a que ele conduz aqueles que o sentem na alma. Fomos convidados a falar numa cidade do Paraná, num domingo à tarde, no encerramento das atividades do ano. Na estrada, uma chuva suave. Ao lá chegarmos, soubemos que uma chuva muito forte havia acabado de passar pelo local. O centro espírita, de grandes proporções, fica numa baixada. Chegamos meia hora antes e nos deparamos com um grande lamaçal. A lama tinha descido de uma área próxima e invadiu tudo ali, até no asfalto. Vimos a marca de água e barro marcando o muro, cerca de meio metro de altura. As pessoas que chegavam ficavam sem saber o que fazer. Deveria ser cancelado o evento? De longe, viam-se alguns voluntários com galochas nos pés tentando limpar o barro de dentro do local. Difícil tarefa! A lama estava demais!
Um dos confrades comentou que estava acostumado com estradas de sítios e que não ia atolar, ia entrar com o carro lá. Entramos com ele. Depois dele, tendo visto que era possível, as pessoas foram entrando. A dirigente, uma senhora afável e carinhosa, nos estendeu, no seu dizer, um “tapete vermelho”, para não sujarmos os pés, um pedaço de papelão grosso, que cumpriu bem o papel, pois os pés dela, de tênis, eram pura lama e os nossos, de sandália, não se sujaram nada, com a sua providência.
Os que chegavam eram dirigidos para o andar superior, pois no térreo, onde tudo estava preparado, era impossível. Todos estavam sujando os pés, alguns até o tornozelo, mas sorridentes, porque não desistiram. Montamos uma nova sala, com cerca de setenta cadeiras. Brincamos que aquilo estava sendo bom para quebrar qualquer formalidade. Uma das voluntárias, das mais ativas na limpeza ali, perguntou se nosso assunto seria a simplicidade, pois ela estava aprendendo naquele momento essa grande lição. Aproveitamos e abordamos esse tema.
Foi bom vermos todos com alegria, apesar dos percalços. Jesus ama a simplicidade e aquele grandioso centro espírita era um local de simplicidade naquele momento, com o é sempre. A grandiosidade da obra é evidente, mas seus trabalhadores demonstraram na atitude a grande fraternidade que ali reina.
Jerônimo Mendonça, o Gigante Deitado, há muitos anos, comunicou-se conosco através de uma médium de confiança, que estranhou vê-lo se aproximar de terno branco e os pés sujos de lama. “Ele está me dizendo”, disse ela, “que o verdadeiro cristão não deve temer sujar de lama os pés, no trabalho edificante do bem”. Aquilo nos fez ter certeza que era ele. A linguagem do Jerônimo e um fato de que, quando jovem, de terno branco, num sítio aonde estava indo fazer uma palestra, tomava o maior cuidado para não se sujar e caiu numa poça de lama, tendo que fazer a palestra com o terno enlameado.
O Espiritismo é Jesus conosco e Jesus é simplicidade. Jesus ama a simplicidade. Eram suas as palavras. Aquele que quiser ser meu discípulo seja aquele que mais ame. Aquele que quiser ser o maior seja o menor, o servo de todos. Exemplificou, ajoelhando-se diante dos discípulos e lavando-lhes os pés.
As pessoas que estiveram presentes no domingo em que falamos, demonstraram simplicidade. Ficaram serenas, alegres, sem reclamações com a situação e todas se ajudaram para que tudo desse certo. A simplicidade está nas atitudes. O centro é muito grande e bonito, mas vemos ações humildes e belas, trabalhos de amor ali.
A simplicidade caminha com a humildade, uma das virtudes mais preciosas e exemplificadas por Jesus desde a situação de seu nascimento. Numa manjedoura, entre animais. Poderia ter sido num trono dos mais poderosos da terra, mas preferiu nos mostrar que isso não é o mais importante, mas sim o amor.
O Espiritismo é Jesus conosco. Aproveitemos as lições. Tenhamos simplicidade e que os centros espíritas, por mais grandiosos que sejam, sejam simples, sem formalidades, amorosos, com trabalhos de fraternidade, onde tremule a bandeira de Kardec: igualdade, fraternidade, tolerância.
Jane Martins Vilela
Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/licao-de-simplicidade/#ixzz37r4m7lFF
No mês de dezembro recém-findo, passamos por uma experiência que nos mostrou a transformação que o Espiritismo bem vivenciado produz em seus adeptos, a simplicidade a que ele conduz aqueles que o sentem na alma. Fomos convidados a falar numa cidade do Paraná, num domingo à tarde, no encerramento das atividades do ano. Na estrada, uma chuva suave. Ao lá chegarmos, soubemos que uma chuva muito forte havia acabado de passar pelo local. O centro espírita, de grandes proporções, fica numa baixada. Chegamos meia hora antes e nos deparamos com um grande lamaçal. A lama tinha descido de uma área próxima e invadiu tudo ali, até no asfalto. Vimos a marca de água e barro marcando o muro, cerca de meio metro de altura. As pessoas que chegavam ficavam sem saber o que fazer. Deveria ser cancelado o evento? De longe, viam-se alguns voluntários com galochas nos pés tentando limpar o barro de dentro do local. Difícil tarefa! A lama estava demais!
Um dos confrades comentou que estava acostumado com estradas de sítios e que não ia atolar, ia entrar com o carro lá. Entramos com ele. Depois dele, tendo visto que era possível, as pessoas foram entrando. A dirigente, uma senhora afável e carinhosa, nos estendeu, no seu dizer, um “tapete vermelho”, para não sujarmos os pés, um pedaço de papelão grosso, que cumpriu bem o papel, pois os pés dela, de tênis, eram pura lama e os nossos, de sandália, não se sujaram nada, com a sua providência.
Os que chegavam eram dirigidos para o andar superior, pois no térreo, onde tudo estava preparado, era impossível. Todos estavam sujando os pés, alguns até o tornozelo, mas sorridentes, porque não desistiram. Montamos uma nova sala, com cerca de setenta cadeiras. Brincamos que aquilo estava sendo bom para quebrar qualquer formalidade. Uma das voluntárias, das mais ativas na limpeza ali, perguntou se nosso assunto seria a simplicidade, pois ela estava aprendendo naquele momento essa grande lição. Aproveitamos e abordamos esse tema.
Foi bom vermos todos com alegria, apesar dos percalços. Jesus ama a simplicidade e aquele grandioso centro espírita era um local de simplicidade naquele momento, com o é sempre. A grandiosidade da obra é evidente, mas seus trabalhadores demonstraram na atitude a grande fraternidade que ali reina.
Jerônimo Mendonça, o Gigante Deitado, há muitos anos, comunicou-se conosco através de uma médium de confiança, que estranhou vê-lo se aproximar de terno branco e os pés sujos de lama. “Ele está me dizendo”, disse ela, “que o verdadeiro cristão não deve temer sujar de lama os pés, no trabalho edificante do bem”. Aquilo nos fez ter certeza que era ele. A linguagem do Jerônimo e um fato de que, quando jovem, de terno branco, num sítio aonde estava indo fazer uma palestra, tomava o maior cuidado para não se sujar e caiu numa poça de lama, tendo que fazer a palestra com o terno enlameado.
O Espiritismo é Jesus conosco e Jesus é simplicidade. Jesus ama a simplicidade. Eram suas as palavras. Aquele que quiser ser meu discípulo seja aquele que mais ame. Aquele que quiser ser o maior seja o menor, o servo de todos. Exemplificou, ajoelhando-se diante dos discípulos e lavando-lhes os pés.
As pessoas que estiveram presentes no domingo em que falamos, demonstraram simplicidade. Ficaram serenas, alegres, sem reclamações com a situação e todas se ajudaram para que tudo desse certo. A simplicidade está nas atitudes. O centro é muito grande e bonito, mas vemos ações humildes e belas, trabalhos de amor ali.
A simplicidade caminha com a humildade, uma das virtudes mais preciosas e exemplificadas por Jesus desde a situação de seu nascimento. Numa manjedoura, entre animais. Poderia ter sido num trono dos mais poderosos da terra, mas preferiu nos mostrar que isso não é o mais importante, mas sim o amor.
O Espiritismo é Jesus conosco. Aproveitemos as lições. Tenhamos simplicidade e que os centros espíritas, por mais grandiosos que sejam, sejam simples, sem formalidades, amorosos, com trabalhos de fraternidade, onde tremule a bandeira de Kardec: igualdade, fraternidade, tolerância.
Jane Martins Vilela
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Viver com Simplicidade
Escrito por André de Paiva Salum
Vivemos numa época de intenso progresso tecnológico e apelo comercial, em que a cada dia surgem inúmeras opções para o consumo em todas as áreas da vida humana. As pessoas se veem induzidas a consumir cada vez mais, sem saberem até que ponto existe real necessidade do que adquirem.
A personalidade – nossa dimensão egóica – possui desejos insaciáveis, que quanto mais atendidos mais se ampliam, como bem sabemos. Se dermos livre curso aos desejos, nunca nos livraremos da ânsia de possuir sempre mais.
O grande apelo consumista que presenciamos funciona como uma hipnose, a qual aliena as pessoas e as afasta do autoencontro e da necessária jornada interior. A complexidade do mundo exterior parece desviar os seres de seu compromisso essencial de autotransformação. Funciona como distração que amortece temporariamente a consciência, afastando as pessoas dos níveis mais profundos da realidade.
Só existe o consumismo porque existe grande número de pessoas ávidas por consumir, centradas nas satisfações imediatistas das posses materiais. Seres humanos dominados por desejos e ansiedades, iludidos e desconectados da busca interior. O consumismo é expressão de uma sociedade inconsciente e inconsequente, a qual reflete os seres humanos que a constituem. As consequências são destrutivas para o ambiente, as relações humanas e a sociedade em geral.
Diante desse panorama cabe-nos questionar se é possível viver com simplicidade.
O ego, com seus desejos intermináveis e justificativas para tudo o que deseja e faz, complica a nossa vida. Também é da natureza do ego questionar, julgar e criticar tudo e todos, criando com isso inúmeros conflitos e embaraços desnecessários à existência. Ser dominado pelo ego constitui grande obstáculo a uma vida simples.
Temos criado, ao longo de inúmeras reencarnações, muitos fatos complicadores para nossa vida e destino. Através de atitudes e ações desequilibradas o ego estrutura uma densa camada de energias tão desnecessárias quanto perturbadoras. Por isso precisamos realizar um trabalho de limpeza psíquica, a fim de aliviarmos nossa mente das cargas que nos oprimem e complicam nossa jornada evolutiva. Libertar-nos dos vícios, por exemplo, contribui muito com essa limpeza e com a simplicidade.
Viver de forma simples não significa ser desleixado com a aparência nem desmerecer as coisas materiais, mas sim ter a consciência espiritual desperta e vigilante, usando o que for necessário sem apego nem ilusão de posse. É viver em harmonia com as dimensões profundas de si mesmo, o plano de consciência da alma. Mesmo se alguém, levado pelas circunstâncias, ocupar posição social de destaque, é possível viver interiormente de modo puro e despojado, cumprindo as tarefas externas como serviço ao bem comum.
A simplicidade pode ser vivida tanto na dimensão externa como na interior. É mais fácil ser simples em relação aos hábitos exteriores do que internamente, pois a mente simples é conquista que requer grande purificação espiritual. Carregada de condicionamentos, preconceitos, medos, desejos e ambições, a mente é incapaz de viver em estado de simplicidade. Através da vivência dos ensinamentos espirituais, consegue-se liberá-la de tais conteúdos indesejáveis.
Ao refletir sobre a vida dos grandes seres que têm passado pelo nosso planeta como instrutores espirituais, verificamos que todos viveram com muita simplicidade, independente do meio cultural a que pertenceram. Despojados das ilusões materiais, contentavam-se com o necessário, libertos de ambições e desejos do que lhes seria supérfluo e perturbador.
Para experimentarmos a simplicidade precisamos despertar e cultivar diversas virtudes, com as quais conseguiremos nos transformar para melhor. A vida simples revela, por si mesma, as virtudes que a propiciam.
A meditação e a prece muito favorecem a limpeza da mente, contribuindo para simplificá-la. Só uma mente purificada pode ser preenchida de sabedoria e amor.
A pessoa simples vive contente com o que tem. Não exige dos outros o que não podem dar; não cria expectativas que poderão não se cumprir; não nutre ambições que perturbam a paz; não alimenta discussões inúteis nem polêmicas desgastantes; não se inquieta pelo futuro nem se prende ao passado.
O caminho da simplicidade é fundamental para se despojar de tudo o que seja desnecessário, criando um espaço interior onde o essencial possa ser cultivado. Somente quando liberto do que ilude e escraviza o ser é que se pode avançar no caminho da plenitude espiritual.
O ser que vive na simplicidade é puro e se encanta com as pequenas coisas de cada dia, com a poesia da natureza, com um sorriso, um olhar amigo...
A pessoa simples é cordial, acessível e sincera, pois não perde tempo nem energia com discussões, melindres ou formalidades. Sabe utilizar-se do essencial e descartar o inútil. Dispensa elogios desnecessários e não dá ouvidos a críticas destrutivas.
Podemos dizer que viver com simplicidade:
é ser livre – quanto mais simples for a nossa vida mais livres seremos para expressar nosso potencial criativo e divino.
é ser puro e verdadeiro – a verdade é a transparência da alma que permite à essência brilhar.
é ser leve – a simplicidade nos despoja do peso de tudo o que não serve à jornada evolutiva, trazendo despreocupação.
é ser sábio – quanto mais sábio é um ser, mais simples é a sua vida.
O sábio, pela riqueza interior que possui, precisa de muito pouco do mundo externo. Compreende a diferença entre desejos e necessidades. Aprendeu a libertar-se gradativamente dos desejos pessoais e reduzir, tanto quanto possível, as próprias necessidades.
Viver com simplicidade não só contribui para a preservação do planeta e dos recursos naturais, como é imprescindível para a sustentabilidade da vida humana na Terra. Também favorece uma melhor distribuição dos bens aos mais necessitados, contribuindo para uma sociedade mais equânime e fraterna. Para isso, o necessário exercício do desapego ajuda os seres a se libertarem do egoísmo e conquistarem maior consciência.
Para vivermos no mundo renovado e mais feliz, precisamos simplificar as relações humanas, as leis, os hábitos, a mente, o coração... Esvaziar-nos da pequenez dos interesses egoístas para sentirmos e expressarmos a plenitude divina.
Vivemos numa época de intenso progresso tecnológico e apelo comercial, em que a cada dia surgem inúmeras opções para o consumo em todas as áreas da vida humana. As pessoas se veem induzidas a consumir cada vez mais, sem saberem até que ponto existe real necessidade do que adquirem.
A personalidade – nossa dimensão egóica – possui desejos insaciáveis, que quanto mais atendidos mais se ampliam, como bem sabemos. Se dermos livre curso aos desejos, nunca nos livraremos da ânsia de possuir sempre mais.
O grande apelo consumista que presenciamos funciona como uma hipnose, a qual aliena as pessoas e as afasta do autoencontro e da necessária jornada interior. A complexidade do mundo exterior parece desviar os seres de seu compromisso essencial de autotransformação. Funciona como distração que amortece temporariamente a consciência, afastando as pessoas dos níveis mais profundos da realidade.
Só existe o consumismo porque existe grande número de pessoas ávidas por consumir, centradas nas satisfações imediatistas das posses materiais. Seres humanos dominados por desejos e ansiedades, iludidos e desconectados da busca interior. O consumismo é expressão de uma sociedade inconsciente e inconsequente, a qual reflete os seres humanos que a constituem. As consequências são destrutivas para o ambiente, as relações humanas e a sociedade em geral.
Diante desse panorama cabe-nos questionar se é possível viver com simplicidade.
O ego, com seus desejos intermináveis e justificativas para tudo o que deseja e faz, complica a nossa vida. Também é da natureza do ego questionar, julgar e criticar tudo e todos, criando com isso inúmeros conflitos e embaraços desnecessários à existência. Ser dominado pelo ego constitui grande obstáculo a uma vida simples.
Temos criado, ao longo de inúmeras reencarnações, muitos fatos complicadores para nossa vida e destino. Através de atitudes e ações desequilibradas o ego estrutura uma densa camada de energias tão desnecessárias quanto perturbadoras. Por isso precisamos realizar um trabalho de limpeza psíquica, a fim de aliviarmos nossa mente das cargas que nos oprimem e complicam nossa jornada evolutiva. Libertar-nos dos vícios, por exemplo, contribui muito com essa limpeza e com a simplicidade.
Viver de forma simples não significa ser desleixado com a aparência nem desmerecer as coisas materiais, mas sim ter a consciência espiritual desperta e vigilante, usando o que for necessário sem apego nem ilusão de posse. É viver em harmonia com as dimensões profundas de si mesmo, o plano de consciência da alma. Mesmo se alguém, levado pelas circunstâncias, ocupar posição social de destaque, é possível viver interiormente de modo puro e despojado, cumprindo as tarefas externas como serviço ao bem comum.
A simplicidade pode ser vivida tanto na dimensão externa como na interior. É mais fácil ser simples em relação aos hábitos exteriores do que internamente, pois a mente simples é conquista que requer grande purificação espiritual. Carregada de condicionamentos, preconceitos, medos, desejos e ambições, a mente é incapaz de viver em estado de simplicidade. Através da vivência dos ensinamentos espirituais, consegue-se liberá-la de tais conteúdos indesejáveis.
Ao refletir sobre a vida dos grandes seres que têm passado pelo nosso planeta como instrutores espirituais, verificamos que todos viveram com muita simplicidade, independente do meio cultural a que pertenceram. Despojados das ilusões materiais, contentavam-se com o necessário, libertos de ambições e desejos do que lhes seria supérfluo e perturbador.
Para experimentarmos a simplicidade precisamos despertar e cultivar diversas virtudes, com as quais conseguiremos nos transformar para melhor. A vida simples revela, por si mesma, as virtudes que a propiciam.
A meditação e a prece muito favorecem a limpeza da mente, contribuindo para simplificá-la. Só uma mente purificada pode ser preenchida de sabedoria e amor.
A pessoa simples vive contente com o que tem. Não exige dos outros o que não podem dar; não cria expectativas que poderão não se cumprir; não nutre ambições que perturbam a paz; não alimenta discussões inúteis nem polêmicas desgastantes; não se inquieta pelo futuro nem se prende ao passado.
O caminho da simplicidade é fundamental para se despojar de tudo o que seja desnecessário, criando um espaço interior onde o essencial possa ser cultivado. Somente quando liberto do que ilude e escraviza o ser é que se pode avançar no caminho da plenitude espiritual.
O ser que vive na simplicidade é puro e se encanta com as pequenas coisas de cada dia, com a poesia da natureza, com um sorriso, um olhar amigo...
A pessoa simples é cordial, acessível e sincera, pois não perde tempo nem energia com discussões, melindres ou formalidades. Sabe utilizar-se do essencial e descartar o inútil. Dispensa elogios desnecessários e não dá ouvidos a críticas destrutivas.
Podemos dizer que viver com simplicidade:
é ser livre – quanto mais simples for a nossa vida mais livres seremos para expressar nosso potencial criativo e divino.
é ser puro e verdadeiro – a verdade é a transparência da alma que permite à essência brilhar.
é ser leve – a simplicidade nos despoja do peso de tudo o que não serve à jornada evolutiva, trazendo despreocupação.
é ser sábio – quanto mais sábio é um ser, mais simples é a sua vida.
O sábio, pela riqueza interior que possui, precisa de muito pouco do mundo externo. Compreende a diferença entre desejos e necessidades. Aprendeu a libertar-se gradativamente dos desejos pessoais e reduzir, tanto quanto possível, as próprias necessidades.
Viver com simplicidade não só contribui para a preservação do planeta e dos recursos naturais, como é imprescindível para a sustentabilidade da vida humana na Terra. Também favorece uma melhor distribuição dos bens aos mais necessitados, contribuindo para uma sociedade mais equânime e fraterna. Para isso, o necessário exercício do desapego ajuda os seres a se libertarem do egoísmo e conquistarem maior consciência.
Para vivermos no mundo renovado e mais feliz, precisamos simplificar as relações humanas, as leis, os hábitos, a mente, o coração... Esvaziar-nos da pequenez dos interesses egoístas para sentirmos e expressarmos a plenitude divina.
SIMPLICIDADE
SIMPLICIDADE
A vida de muitas criaturas, além de desvitalizada, é circunstanciada por miudezas dispensáveis, desperdiçada com detalhes desnecessários. A simplicidade traria enormes benefícios para elas, as tiraria do cativeiro dos valores estabelecidos pelas convenções arbitrárias, lhes clarearia a visão e lhes traria mais leveza e tranqüilidade existencial.
Acumular informações sem pensar, se atopetar de pertences, entulhar roupas e abarrotar a casa de coisas supérfluas é uma característica muito difundida na sociedade moderna.
À medida que novos elementos se somam aos bens físicos e intelectuais já adquiridos, passamos a alimentar a compulsão de armazenar ainda mais coisas, levando-nos a agir em função de uma suposta vantagem imediata, sem analisar as utilidades e conseqüências futuras dessa prática.
Muitos indivíduos, equivocadamente, associam simplicidade com pobreza, mas existe uma diferença fundamental.
A simplicidade é uma opção de vida tanto do rico como do pobre, enquanto que a pobreza é, por si só, a privação de valores morais, intelectuais e espirituais de um indivíduo, e não necessariamente, a falta de recursos materiais para a sua subsistência.
Quando nos livramos de tudo que é inútil e secundário, passamos a tomar consciência do que verdadeiramente temos e do que precisamos. Abrir mão dos trastes, de informações desnecessárias e de objetos em desuso exercita o desapego e facilita-nos a libertação dos ecos do passado. A partir disso, somam-se novas concepções, e as velhas mágoas, as culpas, os ressentimentos, os conflitos se dissipam, habilitando-nos a viver plenamente o momento presente.
Os homens simples se comunicam com sabedoria e humildade, enquanto que os complicados falam com presunção e pedantismo, são enfadonhos e prolixos, por que estão repletos de idéias ultrapassadas; contam e recontam seus discursos e mesmo assim parecem não dizer nada.
A simplicidade de alma induz o indivíduo a se expressar com clareza, segurança e objetividade. Capazes de elaborar idéias de forma lógica, coerente e harmoniosa, tais pessoas resumem tudo o que querem dizer por meio de expressões sintéticas.
Quem se apartou da simplicidade vive na futilidade dos seus pensamentos, com entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus pela sua ignorância, por isso coleciona coisas neuroticamente, acreditando numa ilusória segurança, mas esquecendo que não pode encontra-la fora de si mesmo, muito menos por trás de um amontoado de conceitos, informações, acessórios e pertences sem serventia.
Buda ensinava: se você não conseguir em si mesmo, onde irá buscar?
Muita coisa no mundo da erudição é tida como formação cultural, quando, na verdade, nada mais é do que entulho intelectual.
Aquele que ignora seu nível de necessidade legítimo, determinado por sua realidade profunda, vive sobrecarregado pelo peso da repressão sociocultural, se distancia da simplicidade e perde a própria identidade.
Muitas vezes, nossas agendas internas se abarrotam e entram em colapso com nossos ritmos interiores. Sentimo-nos exauridos porque estamos fora de sintonia com a simplicidade. Abrir mão de posses desnecessárias é ir ao encontro de uma vida pacífica e harmoniosa.
Muitas criaturas se abarrotam impensadamente das instruções obtidas nos jornais, na televisão, nas salas de aula, nos livros, como sendo verdades absolutas. Essas informações podem muito nos ajudar, desde que não as elejamos como a verdade. A verdade não está na conceituação das palavras ou textos que lemos, mas nas experiências que podemos ter com ela, e a partir dela.
As vozes inspirativas da alma são providas de síntese e simplicidade, que a Vida Providencial murmura em nossa intimidade.
A simplicidade consiste em não ficar distante do que é natural e espontâneo, uma vez que aqueles se afastam dela ficam com entendimento entenebrecido e alienados da vida de Deus.
UM MODO DE ENTENDER, UMA NOVA FORMA DE VIVER
Francisco do Espírito Santo Neto – Espírito Hammed
A vida de muitas criaturas, além de desvitalizada, é circunstanciada por miudezas dispensáveis, desperdiçada com detalhes desnecessários. A simplicidade traria enormes benefícios para elas, as tiraria do cativeiro dos valores estabelecidos pelas convenções arbitrárias, lhes clarearia a visão e lhes traria mais leveza e tranqüilidade existencial.
Acumular informações sem pensar, se atopetar de pertences, entulhar roupas e abarrotar a casa de coisas supérfluas é uma característica muito difundida na sociedade moderna.
À medida que novos elementos se somam aos bens físicos e intelectuais já adquiridos, passamos a alimentar a compulsão de armazenar ainda mais coisas, levando-nos a agir em função de uma suposta vantagem imediata, sem analisar as utilidades e conseqüências futuras dessa prática.
Muitos indivíduos, equivocadamente, associam simplicidade com pobreza, mas existe uma diferença fundamental.
A simplicidade é uma opção de vida tanto do rico como do pobre, enquanto que a pobreza é, por si só, a privação de valores morais, intelectuais e espirituais de um indivíduo, e não necessariamente, a falta de recursos materiais para a sua subsistência.
Quando nos livramos de tudo que é inútil e secundário, passamos a tomar consciência do que verdadeiramente temos e do que precisamos. Abrir mão dos trastes, de informações desnecessárias e de objetos em desuso exercita o desapego e facilita-nos a libertação dos ecos do passado. A partir disso, somam-se novas concepções, e as velhas mágoas, as culpas, os ressentimentos, os conflitos se dissipam, habilitando-nos a viver plenamente o momento presente.
Os homens simples se comunicam com sabedoria e humildade, enquanto que os complicados falam com presunção e pedantismo, são enfadonhos e prolixos, por que estão repletos de idéias ultrapassadas; contam e recontam seus discursos e mesmo assim parecem não dizer nada.
A simplicidade de alma induz o indivíduo a se expressar com clareza, segurança e objetividade. Capazes de elaborar idéias de forma lógica, coerente e harmoniosa, tais pessoas resumem tudo o que querem dizer por meio de expressões sintéticas.
Quem se apartou da simplicidade vive na futilidade dos seus pensamentos, com entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus pela sua ignorância, por isso coleciona coisas neuroticamente, acreditando numa ilusória segurança, mas esquecendo que não pode encontra-la fora de si mesmo, muito menos por trás de um amontoado de conceitos, informações, acessórios e pertences sem serventia.
Buda ensinava: se você não conseguir em si mesmo, onde irá buscar?
Muita coisa no mundo da erudição é tida como formação cultural, quando, na verdade, nada mais é do que entulho intelectual.
Aquele que ignora seu nível de necessidade legítimo, determinado por sua realidade profunda, vive sobrecarregado pelo peso da repressão sociocultural, se distancia da simplicidade e perde a própria identidade.
Muitas vezes, nossas agendas internas se abarrotam e entram em colapso com nossos ritmos interiores. Sentimo-nos exauridos porque estamos fora de sintonia com a simplicidade. Abrir mão de posses desnecessárias é ir ao encontro de uma vida pacífica e harmoniosa.
Muitas criaturas se abarrotam impensadamente das instruções obtidas nos jornais, na televisão, nas salas de aula, nos livros, como sendo verdades absolutas. Essas informações podem muito nos ajudar, desde que não as elejamos como a verdade. A verdade não está na conceituação das palavras ou textos que lemos, mas nas experiências que podemos ter com ela, e a partir dela.
As vozes inspirativas da alma são providas de síntese e simplicidade, que a Vida Providencial murmura em nossa intimidade.
A simplicidade consiste em não ficar distante do que é natural e espontâneo, uma vez que aqueles se afastam dela ficam com entendimento entenebrecido e alienados da vida de Deus.
UM MODO DE ENTENDER, UMA NOVA FORMA DE VIVER
Francisco do Espírito Santo Neto – Espírito Hammed
Simplicidade e Grandeza do Espiritismo
Simplicidade e Grandeza do Espiritismo
Autor: Orson Peter Carrara
A Doutrina Espírita, por seus fundamentos e desdobramentos próprios de seu conteúdo doutrinário, é grandiosa por várias razões. Entre elas, destacam-se os benefícios diretos do esclarecimento à mente humana, embasados na mais perfeita lógica e bom senso, além do conforto ao coração pelo consolo próprio da mensagem totalmente estruturada no Evangelho de Jesus.
Suas respostas aos extensos questionamentos humanos, todas construídas nas bases da ciência, da filosofia e da religião, aliás tríplice aspecto de seus fundamentos, atendem a todos os estágios do intelecto humano, desde que a pessoa se liberte de preconceitos e aceite estudar para conhecer ao menos, ainda que a título cultural, pois que a Doutrina Espírita deseja apenas ser conhecida, nunca imposta.
Suas bases inspiram o amor ao próximo, no amplo sentido da caridade, dispensam quaisquer formalismos ou rituais, convidam à fé racional e estimulam o auto-aprimoramento e o trabalho no bem como ferramentas de conquista do mérito da felicidade acessível a qualquer pessoa.
Por isso, estão distantes da prática espírita as manifestações de vaidade, da autopromoção, da imposição de idéias, dos abusos de qualquer espécie, da exploração da fé e mesmo a obtenção de quaisquer vantagens. E como agora a idéia espírita já encontra ampla aceitação no meio popular, surgem os perigos da infiltração de idéias e posicionamentos estranhos à simplicidade e grandeza da mensagem espírita.
É onde surge o exibicionismo ou a publicação de obras estranhas, com ideologias conflitantes com a pureza dos princípios espíritas, comprometendo a lógica e o bom senso tão bem expressos na genuína literatura espírita. É onde surgem o uso de termos exóticos, de difícil compreensão para o grande público, complicando a simplicidade dos ensinos. Eventos ou promoções inacessíveis à grande massa popular, distanciando o pensamento confortador de Jesus das angústias do povo... E mais os festivais de vaidades que humilham ou exigências descabidas, totalmente incoerentes com a simplicidade dos ensinos do amor trazidos pelo Mestre da Humanidade.
Mas é na literatura e na tribuna, talvez, sem contar as alfinetadas próprias do difícil relacionamento humano, que estamos nos comprometendo mais. É quando não simplificamos os ensinos e desejamos dar demonstrações intelectuais ao invés de nos preocuparmos com a clareza própria do Espiritismo. Temos que “mastigar” os ensinos para a mente popular, temos que fazer chegar a grandeza do Espiritismo no cotidiano das dificuldades que a pessoa está enfrentando para que possa superar seus dramas e angústias.
Ninguém nega, todavia, que há eventos, estudos e literatura específica que exigem mais qualificação e direcionamento específico.
Mas complicar algo tão simples e ao mesmo tempo grandioso, inventar teorias, preocupar-se com opiniões pessoais, desejar projetar-se através de teorias esdrúxulas, estranhas e incoerentes, já é outra coisa que situa-se muito distante da proposta de renovação e aprimoramento trazida pelo Espiritismo.
Que possamos despertar dessa letargia de uma concorrência que tenta sobrepor-se ao próprio Espiritismo para voltarmos a atenção devida e merecida à tarefa que mutuamente assumimos de honrar o conhecimento libertador da extraordinária Doutrina Espírita.
Livros ou teorias estranhas ao Espiritismo, que tentam impor idéias esdrúxulas?
Basta seguir o conselho de Erasto em O Livro dos Médiuns*: “(...) Desde que uma opinião nova se apresenta, por pouco que nos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica; o que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai ousadamente; vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira (...)”.
*capítulo XX, item 230
Autor: Orson Peter Carrara
A Doutrina Espírita, por seus fundamentos e desdobramentos próprios de seu conteúdo doutrinário, é grandiosa por várias razões. Entre elas, destacam-se os benefícios diretos do esclarecimento à mente humana, embasados na mais perfeita lógica e bom senso, além do conforto ao coração pelo consolo próprio da mensagem totalmente estruturada no Evangelho de Jesus.
Suas respostas aos extensos questionamentos humanos, todas construídas nas bases da ciência, da filosofia e da religião, aliás tríplice aspecto de seus fundamentos, atendem a todos os estágios do intelecto humano, desde que a pessoa se liberte de preconceitos e aceite estudar para conhecer ao menos, ainda que a título cultural, pois que a Doutrina Espírita deseja apenas ser conhecida, nunca imposta.
Suas bases inspiram o amor ao próximo, no amplo sentido da caridade, dispensam quaisquer formalismos ou rituais, convidam à fé racional e estimulam o auto-aprimoramento e o trabalho no bem como ferramentas de conquista do mérito da felicidade acessível a qualquer pessoa.
Por isso, estão distantes da prática espírita as manifestações de vaidade, da autopromoção, da imposição de idéias, dos abusos de qualquer espécie, da exploração da fé e mesmo a obtenção de quaisquer vantagens. E como agora a idéia espírita já encontra ampla aceitação no meio popular, surgem os perigos da infiltração de idéias e posicionamentos estranhos à simplicidade e grandeza da mensagem espírita.
É onde surge o exibicionismo ou a publicação de obras estranhas, com ideologias conflitantes com a pureza dos princípios espíritas, comprometendo a lógica e o bom senso tão bem expressos na genuína literatura espírita. É onde surgem o uso de termos exóticos, de difícil compreensão para o grande público, complicando a simplicidade dos ensinos. Eventos ou promoções inacessíveis à grande massa popular, distanciando o pensamento confortador de Jesus das angústias do povo... E mais os festivais de vaidades que humilham ou exigências descabidas, totalmente incoerentes com a simplicidade dos ensinos do amor trazidos pelo Mestre da Humanidade.
Mas é na literatura e na tribuna, talvez, sem contar as alfinetadas próprias do difícil relacionamento humano, que estamos nos comprometendo mais. É quando não simplificamos os ensinos e desejamos dar demonstrações intelectuais ao invés de nos preocuparmos com a clareza própria do Espiritismo. Temos que “mastigar” os ensinos para a mente popular, temos que fazer chegar a grandeza do Espiritismo no cotidiano das dificuldades que a pessoa está enfrentando para que possa superar seus dramas e angústias.
Ninguém nega, todavia, que há eventos, estudos e literatura específica que exigem mais qualificação e direcionamento específico.
Mas complicar algo tão simples e ao mesmo tempo grandioso, inventar teorias, preocupar-se com opiniões pessoais, desejar projetar-se através de teorias esdrúxulas, estranhas e incoerentes, já é outra coisa que situa-se muito distante da proposta de renovação e aprimoramento trazida pelo Espiritismo.
Que possamos despertar dessa letargia de uma concorrência que tenta sobrepor-se ao próprio Espiritismo para voltarmos a atenção devida e merecida à tarefa que mutuamente assumimos de honrar o conhecimento libertador da extraordinária Doutrina Espírita.
Livros ou teorias estranhas ao Espiritismo, que tentam impor idéias esdrúxulas?
Basta seguir o conselho de Erasto em O Livro dos Médiuns*: “(...) Desde que uma opinião nova se apresenta, por pouco que nos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica; o que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai ousadamente; vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira (...)”.
*capítulo XX, item 230
A opção da simplicidade
Muitas pessoas reclamam da correria de suas vidas.
Acham que têm compromissos demais e culpam a complexidade do mundo moderno.
Entretanto, inúmeras delas multiplicam suas tarefas sem real necessidade.
Viver com simplicidade é uma opção que se faz.
Muitas das coisas consideradas imprescindíveis à vida, na realidade, são supérfluas.
A rigor, enquanto buscam coisas, as criaturas se esquecem da vida em si.
Angustiadas por múltiplos compromissos, não refletem sobre sua realidade íntima.
Olvidam do que gostam, não pensam no que lhes traz paz, enquanto sufocam em buscas vãs.
De que adianta ganhar o mundo e perder-se a si próprio?
Se a criatura não tomar cuidado, ter e parecer podem tomar o lugar do ser.
Ninguém necessita trocar de carro constantemente, ter incontáveis sapatos, sair todo final de semana.
É possível reduzir a própria agitação, conter o consumismo e redescobrir a simplicidade.
O simples é aquele que não simula ser o que não é, que não dá demasiada importância a sua imagem, ao que os outros dizem ou pensam dele.
A pessoa simples não calcula os resultados de cada gesto, não tem artimanhas e nem segundas intenções.
Ela experiencia a alegria de ser, apenas.
Não se trata de levar uma vida inconsciente, mas de reencontrar a própria infância.
Mas uma infância como virtude, não como estágio da vida.
Uma infância que não se angustia com as dúvidas de quem ainda tem tudo por fazer e conhecer.
A simplicidade não ignora, apenas aprendeu a valorizar o essencial.
Os pequenos prazeres da vida, uma conversa interessante, olhar as estrelas, andar de mãos dadas, tomar sorvete...
Tudo isso compõe a simplicidade do existir.
Não é necessário ter muito dinheiro ou ser importante para ser feliz.
Mas é difícil ter felicidade sem tempo para fazer o que se gosta.
Não há nada de errado com o dinheiro ou o sucesso.
É bom e importante trabalhar, estudar e aperfeiçoar-se.
Progredir sempre é uma necessidade humana.
Mas isso não implica viver angustiado, enquanto se tenta dar cabo de infinitas atividades.
Se o preço do sucesso for ausência de paz, talvez ele não valha a pena.
As coisas sempre ficam para trás, mais cedo ou mais tarde.
Mas há tesouros imateriais que jamais se esgotam.
As amizades genuínas, um amor cultivado, a serenidade e a paz de espírito são alguns deles.
Preste atenção em como você gasta seu tempo.
Analise as coisas que valoriza e veja se muitas delas não são apenas um peso desnecessário em sua existência.
Experimente desapegar-se dos excessos.
Ao optar pela simplicidade, talvez redescubra a alegria de viver.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP.
Em 24.3.2014.
Retorno à simplicidade
SIMONE M. DE ALMEIDA PRADO
simone.aprado@yahoo.com
Orlândia, SP (Brasil)
Retorno à simplicidade
“Homens fracos, que compreendeis as trevas de vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina coloca entre vossas mãos para iluminar vosso caminho e vos conduzir, filhos perdidos, ao regaço do Pai.” (O Espírito de Verdade)
Quando Jesus veio ter conosco, trouxe consigo poderosa ferramenta de instrução: a simplicidade. Não poderia ser de outra forma. Na condição de Espírito puro, optou pela simplicidade desde o berço. Não nasceu entre os poderosos, não buscou títulos terrenos. Não exigiu aplausos ou cobrou impostos de gratidão e reconhecimento. Falava em tom pacífico, sereno, por vezes enérgico, franco, mas não menos caridoso ou desabrido. Mesmo usando de linguagem muitas vezes simbólica, Jesus não prescindiu da simplicidade nos atos e nas palavras. Consciente das inúmeras controvérsias que adviriam da letra humana, e compreendendo que a humanidade levaria séculos para assimilar a verdade de seus ensinamentos, o Mestre transmitiu a sabedoria divina de forma simples, na mais clara intenção de preservá-la pelos séculos porvindouros. A essência moral da mensagem evangélica prevaleceu e, no tempo certo, o Consolador prometido veio lembrar a beleza e a profundidade das palavras de vida eterna, demonstrando a realidade do Espírito imortal, sempre amparado pela Misericórdia Divina.
"Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”, disse o Mestre. O Espiritismo é a chave que abre novos e vastos horizontes, fazendo luz nas sombras, falando ao coração e à razão. Seu advento marcou o retorno à simplicidade e à pureza do Cristianismo primitivo, desfigurado por interpretações mitológicas e ilusórias práticas de dominação e poder.
“O Espiritismo não criou igrejas, não precisa de templos suntuosos e tribunas luxuosas com pregadores enfatuados. Não tem rituais, não dispensa bênçãos, não promete lugar celeste a ninguém, não confere honrarias em títulos ou diplomas especiais, não disputa regalias oficiais. Sua única missão é esclarecer, orientar, indicar o caminho da autenticidade humana e da verdade espiritual do homem. Se não compreendermos isso e nisso não nos integrarmos, estaremos sendo pedras de tropeço para os que desejam realmente evoluir, não por fora, mas por dentro.” (PIRES, J. H.)
"Estamos convencidos, segundo as afirmativas dos nossos Benfeitores Espirituais, que a mais elevada função da Doutrina Espírita é a de restaurar os ensinamentos de Jesus com as elucidações de Allan Kardec, para a felicidade real das criaturas." (XAVIER, F. C./EMMANUEL)
O Espiritismo esclarece e confirma que na pureza dos ensinamentos de Jesus encontramos o caminho, a Verdade e a vida. Segundo Kardec, o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são a mesma coisa. Como explicar então as estranhas práticas que temos aceitado, em nome do Espiritismo, e que vão de encontro à simplicidade adotada pelo Mestre? Por que permitir a introdução, nas casas espíritas, das chamadas terapias alternativas, sabendo que a casa espírita deve zelar pela pureza doutrinária, com vistas à transformação do ser humano de dentro para fora, e não o contrário?
Por qual motivo temos adotado métodos estranhos, advindos de outras crenças, nos trabalhos de desobsessão, ou aderindo a rituais e cerimônias com o fim de realizar casamentos entre adeptos da Doutrina, sabendo que tais posturas são totalmente incoerentes com a proposta espírita?
Por que temos esquecido de estudar as obras fundamentais de Allan Kardec para deitarmos os olhos em livros pobres no conteúdo e na forma, publicados sem qualquer cuidado e prudência, e muitas vezes em total desacordo com os conceitos espíritas?
Como justificar a exploração, o abuso e a vulgarização da mediunidade a pretexto de favorecer instituições de beneficência?
Praticamos o Espiritismo verdadeiro quando cobramos para divulgar a palavra evangélica, promovendo encontros e eventos dispendiosos, condicionando a participação dos ouvintes ao pagamento pelos benefícios espirituais que deverão receber? Onde a responsabilidade em manter acesa a chama do amor, da fé e da esperança, à maneira como nos foi passada pelo Mestre, a todos e ao alcance de todos?
Se o Consolador prometido nos relembra os ensinamentos de Jesus, pautados na simplicidade que ilumina e eleva o Espírito acima de todos os interesses puramente terrenos, como reconhecê-lo na ausência de clareza e naturalidade nas tribunas, ou ofertando a palavra apenas a um grupo seleto de intelectuais, em desarmonia com a maioria do auditório? A simplicidade que marcou o verdadeiro Cristianismo e que o Espiritismo incorpora e apresenta na sua feição de Evangelho redivivo precisa ser estendida a todos os atos relacionados à sua prática e divulgação, nos mais diversos setores da seara.
Se o que nos move, dentro dos princípios que abraçamos, é a caridade desinteressada, lembremos “que a boa intenção passará sem maior benefício, caso não se ligue à esfera da realidade imediata na ação reta”. (XAVIER, F. C.)
Jesus está no leme, mas o espírita assume grave compromisso perante sua consciência. "O patrimônio inestimável dos postulados espíritas está em nossas mãos." (VIEIRA, W.)
“(...) temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita (...) precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem intransigência e zelo sem fanatismo.” (XAVIER, F. C. /EMMANUEL e BARBOSA, E.)
Ontem, desvirtuamos o Cristianismo e arcamos com as consequências do nosso despreparo e imaturidade; hoje, nossa responsabilidade é bem maior: manter acesa a luz da Verdade, evitando que os velhos erros se repitam. Erros que atrasaram o progresso em muitos anos, por rejeitarem a simplicidade grandiosa exemplificada pelo Cristo.
Referências bibliográficas:
PIRES, J. H. Curso Dinâmico de Espiritismo. O Grande Desconhecido. Ed.: Paideia, São Paulo, SP, 2000, cap. IV;
Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo: Ed.: IDE, Araras, SP, 2010, cap. VI;
VIEIRA, W. Conduta Espírita. Ed.: FEB, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p. 63;
XAVIER, F. C./EMMANUEL. A Terra e o Semeador. Entrevistas. Ed.: IDE, Araras, SP, 2005, p.76;
XAVIER, F. C./EMMANUEL; BARBOSA, E. No mundo de Chico Xavier. Entrevistas. Ed.: IDE, Araras, SP, 2005, p. 95;
XAVIER, F. C. Pão Nosso, por Emmanuel. Ed.: FEB, Rio de Janeiro, RJ, 2009, lição 86.
simone.aprado@yahoo.com
Orlândia, SP (Brasil)
Retorno à simplicidade
“Homens fracos, que compreendeis as trevas de vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina coloca entre vossas mãos para iluminar vosso caminho e vos conduzir, filhos perdidos, ao regaço do Pai.” (O Espírito de Verdade)
Quando Jesus veio ter conosco, trouxe consigo poderosa ferramenta de instrução: a simplicidade. Não poderia ser de outra forma. Na condição de Espírito puro, optou pela simplicidade desde o berço. Não nasceu entre os poderosos, não buscou títulos terrenos. Não exigiu aplausos ou cobrou impostos de gratidão e reconhecimento. Falava em tom pacífico, sereno, por vezes enérgico, franco, mas não menos caridoso ou desabrido. Mesmo usando de linguagem muitas vezes simbólica, Jesus não prescindiu da simplicidade nos atos e nas palavras. Consciente das inúmeras controvérsias que adviriam da letra humana, e compreendendo que a humanidade levaria séculos para assimilar a verdade de seus ensinamentos, o Mestre transmitiu a sabedoria divina de forma simples, na mais clara intenção de preservá-la pelos séculos porvindouros. A essência moral da mensagem evangélica prevaleceu e, no tempo certo, o Consolador prometido veio lembrar a beleza e a profundidade das palavras de vida eterna, demonstrando a realidade do Espírito imortal, sempre amparado pela Misericórdia Divina.
"Que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”, disse o Mestre. O Espiritismo é a chave que abre novos e vastos horizontes, fazendo luz nas sombras, falando ao coração e à razão. Seu advento marcou o retorno à simplicidade e à pureza do Cristianismo primitivo, desfigurado por interpretações mitológicas e ilusórias práticas de dominação e poder.
“O Espiritismo não criou igrejas, não precisa de templos suntuosos e tribunas luxuosas com pregadores enfatuados. Não tem rituais, não dispensa bênçãos, não promete lugar celeste a ninguém, não confere honrarias em títulos ou diplomas especiais, não disputa regalias oficiais. Sua única missão é esclarecer, orientar, indicar o caminho da autenticidade humana e da verdade espiritual do homem. Se não compreendermos isso e nisso não nos integrarmos, estaremos sendo pedras de tropeço para os que desejam realmente evoluir, não por fora, mas por dentro.” (PIRES, J. H.)
"Estamos convencidos, segundo as afirmativas dos nossos Benfeitores Espirituais, que a mais elevada função da Doutrina Espírita é a de restaurar os ensinamentos de Jesus com as elucidações de Allan Kardec, para a felicidade real das criaturas." (XAVIER, F. C./EMMANUEL)
O Espiritismo esclarece e confirma que na pureza dos ensinamentos de Jesus encontramos o caminho, a Verdade e a vida. Segundo Kardec, o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são a mesma coisa. Como explicar então as estranhas práticas que temos aceitado, em nome do Espiritismo, e que vão de encontro à simplicidade adotada pelo Mestre? Por que permitir a introdução, nas casas espíritas, das chamadas terapias alternativas, sabendo que a casa espírita deve zelar pela pureza doutrinária, com vistas à transformação do ser humano de dentro para fora, e não o contrário?
Por qual motivo temos adotado métodos estranhos, advindos de outras crenças, nos trabalhos de desobsessão, ou aderindo a rituais e cerimônias com o fim de realizar casamentos entre adeptos da Doutrina, sabendo que tais posturas são totalmente incoerentes com a proposta espírita?
Por que temos esquecido de estudar as obras fundamentais de Allan Kardec para deitarmos os olhos em livros pobres no conteúdo e na forma, publicados sem qualquer cuidado e prudência, e muitas vezes em total desacordo com os conceitos espíritas?
Como justificar a exploração, o abuso e a vulgarização da mediunidade a pretexto de favorecer instituições de beneficência?
Praticamos o Espiritismo verdadeiro quando cobramos para divulgar a palavra evangélica, promovendo encontros e eventos dispendiosos, condicionando a participação dos ouvintes ao pagamento pelos benefícios espirituais que deverão receber? Onde a responsabilidade em manter acesa a chama do amor, da fé e da esperança, à maneira como nos foi passada pelo Mestre, a todos e ao alcance de todos?
Se o Consolador prometido nos relembra os ensinamentos de Jesus, pautados na simplicidade que ilumina e eleva o Espírito acima de todos os interesses puramente terrenos, como reconhecê-lo na ausência de clareza e naturalidade nas tribunas, ou ofertando a palavra apenas a um grupo seleto de intelectuais, em desarmonia com a maioria do auditório? A simplicidade que marcou o verdadeiro Cristianismo e que o Espiritismo incorpora e apresenta na sua feição de Evangelho redivivo precisa ser estendida a todos os atos relacionados à sua prática e divulgação, nos mais diversos setores da seara.
Se o que nos move, dentro dos princípios que abraçamos, é a caridade desinteressada, lembremos “que a boa intenção passará sem maior benefício, caso não se ligue à esfera da realidade imediata na ação reta”. (XAVIER, F. C.)
Jesus está no leme, mas o espírita assume grave compromisso perante sua consciência. "O patrimônio inestimável dos postulados espíritas está em nossas mãos." (VIEIRA, W.)
“(...) temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita (...) precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem intransigência e zelo sem fanatismo.” (XAVIER, F. C. /EMMANUEL e BARBOSA, E.)
Ontem, desvirtuamos o Cristianismo e arcamos com as consequências do nosso despreparo e imaturidade; hoje, nossa responsabilidade é bem maior: manter acesa a luz da Verdade, evitando que os velhos erros se repitam. Erros que atrasaram o progresso em muitos anos, por rejeitarem a simplicidade grandiosa exemplificada pelo Cristo.
Referências bibliográficas:
PIRES, J. H. Curso Dinâmico de Espiritismo. O Grande Desconhecido. Ed.: Paideia, São Paulo, SP, 2000, cap. IV;
Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo: Ed.: IDE, Araras, SP, 2010, cap. VI;
VIEIRA, W. Conduta Espírita. Ed.: FEB, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p. 63;
XAVIER, F. C./EMMANUEL. A Terra e o Semeador. Entrevistas. Ed.: IDE, Araras, SP, 2005, p.76;
XAVIER, F. C./EMMANUEL; BARBOSA, E. No mundo de Chico Xavier. Entrevistas. Ed.: IDE, Araras, SP, 2005, p. 95;
XAVIER, F. C. Pão Nosso, por Emmanuel. Ed.: FEB, Rio de Janeiro, RJ, 2009, lição 86.
Se não vos fizerdes como crianças… - Morel
“Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.” Mateus 18:3
Toda a nossa evolução como espíritos imortais, todos os nossos conhecimentos e experiências estão dentro de nós. Tudo o que já vivemos, tudo o que já passamos, nesta e em outras reencarnações, está dentro de nós. Faz parte do nosso arquivo espiritual.
Nessa trajetória milenar você já animou inúmeras personagens, já experimentou situações e condições as mais diversas. Mas em todas as suas reencarnações há períodos em que você se faz mais próximo de Deus. Me refiro à infância.
A criança sente mais e pensa menos. É maravilhoso saber, compreender através do intelecto. Dou muito valor ao conhecimento intelectual. Podemos, num esforço de inteligência, tentar compreender Deus. E até podemos alcançar isso, por alguns instantes, mesmo que muito imperfeitamente.
Mas é pretensão demais querer compreender Deus intelectualmente com os escassos conhecimentos que temos. Nos achamos muito adiantados por causa da nossa tecnologia, mas esquecemos que somos espíritos presos a um grãozinho azul num ponto discreto do Espaço. Não temos capacidade de compreender Deus. Mas podemos sentir Deus.
Nunca tentei convencer um ateu da existência de Deus. Se ele não quer ou não consegue compreender através do intelecto, que é a parte mais fácil e acessível, como querer que ele sinta Deus?
As crianças sentem Deus com mais facilidade. Não o concebem pelo intelecto, não formulam conceitos e teorias. Mas sentem que existem, e que fazem parte de algo muito grandioso e bom. As crianças ainda não se deixaram envolver em raciocínios, não se deixaram enredar em pensamentos complexos dos quais é difícil de sair.
Quanto mais nos intelectualizamos, mais é difícil deixar de pensar. E para sentir Deus é preciso não pensar. É preciso apenas sentir, apenas ser e sentir que se é. Porque Deus é, Deus não está. Nós estamos, nós somos transitórios em nosso ego. Quando nós sentimos Deus, nós somos com Ele. Nós estamos enquanto seres transitoriamente encarnados, animando um corpo físico associado a um nome. Mas quando nós sentimos Deus, somos parte dEle, Ele é em nós, então, deixamos de estar para ser.
Para sentir Deus devemos ser iguais às crianças. Deixar de lado a racionalização, a lógica, o intelecto, e apenas ser. Nossa bagagem milenar está dentro de cada um de nós. Inclusive a criança que somos.
A criança que você foi está em você. Você é a criança que você foi um dia. Você se desfez de algumas coisas, acrescentou outras, mas em essência você permanece sendo a mesma criança, aberta à Vida, receptiva e sensível.
Não sei que idade você tem. Mas se você já se afastou um pouco da sua infância, fica mais fácil pra você analisar o que você pensava, o que você falava e o que você fazia quando era criança. Fica mais fácil pra você passar por cima das coisas que você não gostaria de ter feito e fez e das coisas que você gostaria de ter feito e não fez.
Você compreende a criança que você foi como se a criança fosse outra pessoa. E é mais fácil compreender e perdoar outra pessoa do que compreender e perdoar a si mesmo. Você lembra bem da criança que você foi? Dos seus medos e dos seus fracassos? Dos seus sonhos e das coisas que lhe faziam feliz? Você é uma criança que cresceu. Adquiriu conhecimentos, assumiu responsabilidades, mas continua, em essência, a mesma criança simples e sensível.
Ame a criança que você é. É muito mais fácil encontrar Deus na simplicidade da criança que você é do que na complexidade intelectual do adulto que você se tornou.
- See more at: http://www.espiritoimortal.com.br/se-nao-vos-fizerdes-como-criancas/#sthash.xE3EDZey.dpuf
Toda a nossa evolução como espíritos imortais, todos os nossos conhecimentos e experiências estão dentro de nós. Tudo o que já vivemos, tudo o que já passamos, nesta e em outras reencarnações, está dentro de nós. Faz parte do nosso arquivo espiritual.
Nessa trajetória milenar você já animou inúmeras personagens, já experimentou situações e condições as mais diversas. Mas em todas as suas reencarnações há períodos em que você se faz mais próximo de Deus. Me refiro à infância.
A criança sente mais e pensa menos. É maravilhoso saber, compreender através do intelecto. Dou muito valor ao conhecimento intelectual. Podemos, num esforço de inteligência, tentar compreender Deus. E até podemos alcançar isso, por alguns instantes, mesmo que muito imperfeitamente.
Mas é pretensão demais querer compreender Deus intelectualmente com os escassos conhecimentos que temos. Nos achamos muito adiantados por causa da nossa tecnologia, mas esquecemos que somos espíritos presos a um grãozinho azul num ponto discreto do Espaço. Não temos capacidade de compreender Deus. Mas podemos sentir Deus.
Nunca tentei convencer um ateu da existência de Deus. Se ele não quer ou não consegue compreender através do intelecto, que é a parte mais fácil e acessível, como querer que ele sinta Deus?
As crianças sentem Deus com mais facilidade. Não o concebem pelo intelecto, não formulam conceitos e teorias. Mas sentem que existem, e que fazem parte de algo muito grandioso e bom. As crianças ainda não se deixaram envolver em raciocínios, não se deixaram enredar em pensamentos complexos dos quais é difícil de sair.
Quanto mais nos intelectualizamos, mais é difícil deixar de pensar. E para sentir Deus é preciso não pensar. É preciso apenas sentir, apenas ser e sentir que se é. Porque Deus é, Deus não está. Nós estamos, nós somos transitórios em nosso ego. Quando nós sentimos Deus, nós somos com Ele. Nós estamos enquanto seres transitoriamente encarnados, animando um corpo físico associado a um nome. Mas quando nós sentimos Deus, somos parte dEle, Ele é em nós, então, deixamos de estar para ser.
Para sentir Deus devemos ser iguais às crianças. Deixar de lado a racionalização, a lógica, o intelecto, e apenas ser. Nossa bagagem milenar está dentro de cada um de nós. Inclusive a criança que somos.
A criança que você foi está em você. Você é a criança que você foi um dia. Você se desfez de algumas coisas, acrescentou outras, mas em essência você permanece sendo a mesma criança, aberta à Vida, receptiva e sensível.
Não sei que idade você tem. Mas se você já se afastou um pouco da sua infância, fica mais fácil pra você analisar o que você pensava, o que você falava e o que você fazia quando era criança. Fica mais fácil pra você passar por cima das coisas que você não gostaria de ter feito e fez e das coisas que você gostaria de ter feito e não fez.
Você compreende a criança que você foi como se a criança fosse outra pessoa. E é mais fácil compreender e perdoar outra pessoa do que compreender e perdoar a si mesmo. Você lembra bem da criança que você foi? Dos seus medos e dos seus fracassos? Dos seus sonhos e das coisas que lhe faziam feliz? Você é uma criança que cresceu. Adquiriu conhecimentos, assumiu responsabilidades, mas continua, em essência, a mesma criança simples e sensível.
Ame a criança que você é. É muito mais fácil encontrar Deus na simplicidade da criança que você é do que na complexidade intelectual do adulto que você se tornou.
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Bem-aventurados os Pobres de Espírito
Bem-aventurados os Pobres de Espírito
ESE, Capítulo VII
Estudo apresentado na Sociedade Espírita Irmão Francisco de Assis, Duas Barras, RJ, em 16 de abril de 2005
Renato Costa
Recordações
No poético e magnífico manual de vida que o Mestre nos legou, chamado pela tradição de “O Sermão da Montanha”, lembramos ter lido que, no elenco das bem-aventuranças, Jesus nos ensinou:
“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”
Acreditando estar ouvindo tal afirmação vinda de Jesus, nosso entendimento atual fica, de imediato, confuso. Sem aceitar a primeira impressão que ela nos dá, recorremos ao Aurélio e, no verbete próprio, lemos a seguinte definição para a expressão “pobre de espírito”:
Pobre de espírito. Pessoa simplória, ingênua, parva, tola.
“O que é isso?”, nos perguntamos, surpresos.? É evidente, para nós, que o Mestre dos Mestres não estaria a dizer que o Reino dos Céus pertence aos parvos, aos tolos ou ingênuos. Somos espíritas e, como tal, nada deve ser aceito por nós como chega aos nossos sentidos, sem que antes analisemos a informação percebida usando da razão e do bom-senso. Desse modo, se a informação que nos chega nos parece absurda, cabe a nós investigarmos mais aprofundadamente a questão até que o sentido se faça. Façamo-lo, pois, sem mais delongas..
O que diz a Codificação
O Capítulo VII de O Evangelho Segundo o Espiritismo leva o título que demos ao nosso estudo, isto é, “Bem-aventurados os pobres de espírito”.
Como era de se esperar, dados a lógica impecável e o bom-senso lapidar do Consolador, ele abre o capítulo com o tema “O que se deve entender por pobres de espírito”, iniciando seus comentários com as seguintes sábias palavras:
“A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos”.
e os concluindo com estas, não menos sábias:
“Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.”
A explicação de Kardec é clara e faz total sentido, dando às palavras de Jesus o caráter que se pode esperar delas. Fica, no entanto, a dúvida. Se Jesus quis se referir aos humildes de espírito e aos simples de coração, por que ele usou a expressão “pobres de espírito” e não outra mais adequada?
Mas ... será que Jesus usou mesmo a expressão “pobres de espírito”?
Para conferir se a expressão usada pelo Mestre foi mesmo “pobres de espírito”, consultamos três edições da Bíblia em Português e uma na sua versão em Francês. Vejamos o resultado de nossa consulta:
Recorremos, primeiramente, uma edição feita pela Enciclopédia Barsa de uma das Bíblias católicas mais utilizadas no Brasil, isto é, a tradução feita pelo padre Antônio Pereira de Figueiredo no século XVIII, com base na Vulgata Latina, tradução feita por Jerônimo no Século V. A outra tradução mais usada no Brasil é aquela feita pelo Padre Matos Soares, em 1930, igualmente a partir da Vulgata latina.
Como veremos abaixo, a fala de Jesus aparece transcrita nas traduções da Vulgata de forma idêntica a como aparece em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Essa constatação confirma o que era de se esperar, isto é, que a Bíblia em francês utilizada por Kardec era, também ela, uma tradução da Vulgata. Dizemos isso porque a comunidade católica, durante séculos, desde o Concílio de Trento, em 1546, até algum tempo após 1943, ano em que o Papa Pio XII liberou oficialmente que novas traduções fossem feitas a partir dos originais, só tinha à sua disposição para consulta e estudo a Vulgata ou traduções da Vulgata para suas línguas nativas. E o que será que diz a Vulgata?
“Bem aventurados os pobres de espírito: porque deles é o reino dos céus”
Jesus (Mt: 5.3)
A expressão “pobres de espírito” foi traduzida para o português como para vários outros idiomas, tendo como base a tradução do grego existente na Vulgata latina, feita por Jerônimo, no final do século IV, quando os manuscritos originais hoje disponíveis, mais antigos e confiáveis, ainda não haviam sido encontrados. Divulgada por séculos em toda a comunidade católica como a única versão aceita pela Igreja, a Vulgata acabou imprimindo na memória dos milhões de Espíritos que reencarnaram nas comunidades católicas ao longo desse imenso período, a lembrança de Jesus ter dito que o reino dos céus seria herdado pelos pobres de espírito. Não é por outro motivo que muitos estudos atuais sobre o tema, mesmo em meios espíritas, costumam manter a tradução proveniente da Vulgata latina, ignorando ser ela tida pelos estudiosos da Bíblia como das menos confiáveis.
A segunda Bíblia que consultamos foi uma edição em português, pela Editora Ave Maria, da tradução feita pelos Monges de Mardesous. Esta tradução foi feita para o francês a partir dos originais em hebraico e grego, tendo já contado com manuscritos descobertos mais recentemente. Foi publicada somente em 1957. Mais confiável, pelas razões expostas, que as traduções feitas a partir da Vulgata, veremos que ela dá um significado compreensível às palavras de Jesus:
“Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus!”
Jesus (Mt: 5.3)
Quem tem um coração de pobre são os humildes. E que os humildes venham a herdar o reino dos céus faz sentido, apesar de ainda nos parecer uma afirmação um tanto vaga para ter vindo do Mestre dos mestres. Afinal, um pobre pode ter o coração humilde externado no seu comportamento social, mas pode, por outro lado, ser revoltado com sua situação e, desse modo, não possuir humildade moral.
A terceira Bíblia consultada foi uma edição digital da chamada edição revisada de Almeida. A tradução para o português iniciada por João Ferreira de Almeida no século XVII não seguiu à Vulgata, pois o autor se havia convertido à fé protestante, tendo ele e seus sucessores se baseado nos originais em aramaico e grego disponíveis então. A chamada “edição revisada de João Ferreira de Almeida”, publicada em 1967, seguiu os melhores manuscritos originais hoje conhecidos, gozando, assim, de boa consideração pelos estudiosos atuais. A transcrição dela é a seguinte:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”
Jesus (Mt: 5.3)
A expressão “humildes de espírito” nos parece precisa, pois o adjetivo humilde, como vimos, pode ser entendido como acanhado, tímido, mas, quando ouvimos falar em “humilde de espírito”, sabemos que estamos falando de uma qualidade moral e não de um aspecto comportamental.
A Bíblia de Jerusalém, preparada a partir dos anos da segunda guerra e que teve sua primeira versão brasileira publicada em 1981 pela Editora Paulina, foi por nós consultada em sua versão revisada, editada em francês em 1973. Diz ela:
“Felizes os pobres em espírito, pois o reino dos céus a eles pertence”
O pobre em espírito certamente é humilde pois se sabe necessitando de ajuda para crescer. Mais que isso, ele sabe que a ajuda que necessita é espiritual pois é nesse aspecto que está sua pobreza. Resta certo, portanto, que ele ora a Deus e aos bons Espíritos suplicando tal ajuda ao mesmo tempo em que se esforça para enriquecer seu espírito com as virtudes das quais se vê carente.
Vejamos, finalmente, o que nos ensina o Professor Pastorino em A Sabedoria do Evangelho:
“Uma variedade imensa de traduções tem sido dada às palavras de Mateus ptôchoi tôi pnéumati. Vamos analisá-las. O primeiro elemento, ptóchos, significa, exatamente, ”aquele que caminha humilde a mendigar". Sua construção normal com acusativo de relação poderia significar o que costumam dar as traduções correntes: "mendigos (pobres, humildes) no (quanto ao) espírito".
Acontece, porém, que aí aparece construído com dativo. à semelhança de tapeinoús tôi pnéumati (Salmo 34: 18), "submissos ao Espírito"; ou zéôn tôi pnéumati (At. 18:25), "fervorosos para com Espírito"; ou hagía kai tôi sôrnati kaì tôi pnéumati (1 Cor. 7:34), "santos tanto para o corpo, como para com o espírito".
Após havermos considerando numerosas traduções, aceitamos a que propôs José de Oiticica, MENDIGOS DE ESPIRITO, por ser mais conforme ao original grego, e por ser a mais lógica e racional: pois realmente são felizes aqueles que mendigam o Espírito; aqueles que, algemados ainda no cárcere da carne, buscam espiritualizar-se por todos os meios ao seu alcance, pedem, imploram, mendigam esse Espírito que neles reside, mas que tão oculto se acha.”
Humildes de espírito, hunldes em espírito ou mendigos de espírito são traduções que levam, em nossa opinião, ao mesmo entendimento, pois aquele que é humilde de espírito ou em espírito sabe-se no início da jornada e tem consciência da ajuda que precisa da Espiritualidade, a ela recorrendo com freqüência em suas preces.
O que Jesus quis nos ensinar, portanto, é que o reino dos céus, aquele estado que está no mais íntimo do nosso ser e que nós, no mais das vezes, desconhecemos, só será atingido pelos humildes que, com paciência e perseverança buscam as coisas do espírito, procurando, a cada dia, sem cessar, ser um pouco melhores que no dia anterior, aceitando as expiações e provações por que passam como lições a serem aprendidas, jamais se revoltando contra a vida ou contra Deus e constantemente orando à Espiritualidade Maior para que os ajude nessa empreitada.
Como podemos ver, mesmo com a tradução precária que Kardec tinha nas mãos, o Codificador soube, inspirado pela falange de Espíritos de escol, liderada por Jesus, utilizar a razão e o bom-senso para captar a verdadeira mensagem do Mestre.
Os Dois Caminhos da Humildade
Sabemos, da Codificação, que o Espírito necessita evoluir em Conhecimento e Bondade para alcançar a perfeição.
A evolução predominante em uma das sendas evolutivas, com descaso pela outra, causa distorção, não sendo dela que estamos falando. Espíritos que evoluem em conhecimento, negligenciando a bondade, revelam-se como os grandes líderes das trevas que tanto mal fazem à humanidade antes de se darem conta de sua distorção evolutiva e tomarem o caminho do bem. Espíritos que ignoram a necessidade de conhecimento, julgando que, para evoluírem, só precisam ser bons, ignoram oportunidades preciosas de praticar o bem por serem incapazes de identificá-las, devido à sua falta de conhecimento, até que, frustrados pelo pouco que logram realizar, aceitam instruir-se, compreendendo que o conhecimento é necessário para melhor praticar a bondade para com o próximo.
Por outro lado, é de se esperar que, aquele que evoluiu notadamente em conhecimento, mas sem deixar de evoluir em bondade, demonstre a mesma humildade que aquele outro que tenha evoluído de forma destacada na senda da bondade, tampouco deixando de evoluir em conhecimento. Vejamos se é assim que acontece.
A Humildade na Senda do Conhecimento
Sócrates, o grande pensador grego da antiguidade, nos legou o ensinamento:
“O sábio é aquele que sabe que nada sabe”.
A humildade é uma característica de quem estuda muito, pois aquele que estuda pouco e fica satisfeito, o faz por julgar que tudo sabe, ao passo que quem deseja realmente entender um campo do saber, jamais para de estudá-lo por perceber que, quanto mais o estuda, mais se lhe abre a compreensão do quanto ainda falta estudar.
Isaac Newton é considerado o Pai da Física Moderna. Incluído pela história entre os grandes Gênios da Humanidade, quando, uma vez, o cobriam de elogios pela sua obra, ele afirmou:
“Se pude ver mais longe é porque me ergui sobre os ombros de gigantes.”
A humildade refletida por essa frase de Newton está no entendimento de que ninguém, sozinho, descobre coisa alguma, inventa nada, cria o que quer que seja. Toda conquista do saber humano é uma obra coletiva, uns partindo de onde outros pararam e parando onde outros irão começar.
Albert Einstein, inquestionavelmente, o maior gênio do século XX, era, segundo aqueles que o conheceram, totalmente imune a louvores, ofensas, sucessos ou fracassos. Nada disso, que tanto abala a maioria dos homens, tinha significado algum para o seu estado emocional.
A humildade de Einstein nos ensina que devemos nos manter imperturbáveis quando em busca do saber, conscientes de que, sempre que erramos, poderemos, mais tarde, reparar o erro e ir e frente e que, sempre que nos elogiam ou nos ofendem, isso em nada irá alterar para melhor ou para pior nossas chances de obter sucesso se nos dedicarmos a tal.
Em seu exemplar de 12 de dezembro de 2004, o periódico americano “The New York Times” trouxe a público uma entrevista com o Professor Stephen Hawking. Nessa entrevista, uma pergunta feita ao notável físico inglês merece especial atenção para o proveito de nosso estudo.
“Como podemos saber se o senhor se qualifica como um físico genial, como invariavelmente o descrevem?”, perguntou a entrevistadora.
Ao que o Prof. Hawking respondeu:
“A mídia tem necessidade de super-heróis na ciência, como em todas as esferas da vida, mas o que existe, na verdade, é uma faixa contínua de habilidades, sem qualquer linha divisória clara.”
Aqui, vemos outro aspecto da humildade na senda do conhecimento. Não existem gênios, pessoas medianas e indivíduos parvos. A estratificação da raça humana em classes é necessária para nossa melhor compreensão, mas não corresponde à realidade. Uma faixa contínua de habilidades, sim. Com humildade devemos perceber que, se somos muito bons em uma área do conhecimento, nada sabemos de uma outra que, por certo, é dominada por outra pessoa. Logo, nem nós nem a outra pessoa somos gênios, apenas pontos discretos num imenso mapa de saber onde se espalha toda a humanidade.
A Humildade na Senda da Bondade
Uma vez, orando fervorosamente defronte a um crucifixo na velha capela abandonada de São Damião, na cidade de Assis, Francisco ouviu a exortação de Jesus:
“Francisco, não vês que a minha casa está em ruínas? Restaurá-a para mim!”.
Em sua humildade, aquele grande Espírito pensou que o Mestre se referia à capela abandonada onde ele estava a orar e, de pronto, com suas próprias mãos, começou a restaurá-la. Na verdade, Jesus se referia à Igreja como instituição, convertida que se tinha em uma sociedade política e militar, tendo abandonado por completo os ensinamentos que Ele nos havia trazido. Ao longo dos anos seguintes, Francisco se engajou de corpo e alma na tarefa de trazer essa Igreja de volta ao rumo certo. Mas o fez desposando-se da pobreza, sempre humilde, sabendo ser a cada instante, como Jesus nos havia ensinado:
“... aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos”.
A Humildade Conquistada em Um e no Outro Caminho São Excludentes?
A separação que fizemos entre a humildade conquistada no caminho do conhecimento e aquela conquistada no caminho da bondade tem o propósito, exclusivamente, didático. Ë inconcebível que um Espírito de grande adiantamento intelectual, que tenha chegado ao estágio de ser humilde em relação ao seu conhecimento, se ufane de atos de bondade que porventura pratique. Do mesmo modo, é impensável que um Espírito seja capaz de um imenso amor pelo semelhante sem disto se jactar e, ao mesmo tempo, se envaideça do seu conhecimento em alguma área do saber.
A corroborar o que acabamos de dizer, veremos, analisando os homens da ciência citados mais acima, que os três demonstraram evolução moral e entendimento das questões espirituais, ingredientes suficientes para os sabermos humildes na senda da bondade.
Segundo registra a história, Newton, na fase mais criativa de sua produção científica, teve sua atenção voltada para as questões espirituais. Rejeitando os ensinamentos religiosos de então, pesquisou obras teológicas antigas e a alquimia em busca de uma exegese bíblica que fizesse sentido para o seu gênio inquiridor. Tornou-se um unitariano, reedição inglesa do século XVIII do arianismo, doutrina que negava a Trindade, pregando a unicidade de Deus, e que havia sido condenada pelo Concílio de Nicéia, no ano de 325. Como podemos ver, Newton tinha preocupações de ordem espiritual. Ao longo de sua vida, ele fez o melhor que pode para conciliar seu conhecimento científico com o entendimento das coisas espirituais, para tanto indo buscar, na sabedoria antiga, valores que a religião dita do Cristo há muito havia abandonado.
Einstein procurou Deus na natureza que, com tanto amor, ele estudou. Para ele, Deus se expressava na natureza através de suas leis. Einstein acreditava em Deus como a alma do Universo, sendo, por isso, julgado ateu por muitos de seus contemporâneos, acostumados ao deus pessoal que cuida de cada uma de nossas necessidades pessoais. Quão próximo é esse entendimento de Einstein daquele expresso pela resposta à primeira questão de O Livro dos Espíritos!
Uma frase magistral de Einstein precisa ser analisada neste estudo. Disse ele uma vez: “Deus resiste aos soberbos mas dá Sua graça aos humildes.” Quanta sabedoria nessa frase! A experiência pessoal de cada um de nós já nos deve ter mostrado que, quando nos ensoberbamos, julgando que o sucesso nos será certo, devido à nossa capacidade intelectual e dedicação, ele nos escapa, enquanto que, nas ocasiões em que nos fizemos humildes e, além de darmos tudo de nós, oramos pela ajuda divina, o sucesso nos vem sem demora.
Na mesma entrevista citada mais acima, a repórter do New York Times perguntou a Stephen Hawkin:
Você acredita em Deus?
Ao que Stephen Hawking respondeu:
Eu não acredito em um Deus pessoal.
O Prof. Hawkin, como maioria dos cientistas, sobretudo os físicos, é um agnóstico. Isso não impede, no entanto, que quando ele pondera sobre Deus fora da sua atividade científica, ele o faça utilizando seu raciocínio e o faz, como se vê, negando a possibilidade de um Deus pessoal e mostrando, assim, estar em total sintonia com o entendimento espírita nessa questão. Afinal, como nos ensinaram os Espíritos, Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primária de Todas as Coisas. Nada pode ser tão diferente de um Deus pessoal, não é mesmo?
Para quem tem dificuldade em ver o adiantamento moral do Professor Hawking, basta conhecer sua figura imóvel e contorcida, sentado em uma cadeira de rodas e falando através de um sintetizador de voz. Acometido de uma doença neurológica chamada de esclerose lateral amiotrópica, quando ainda na faculdade, Hawking conta em suas biografias que se sentiu feliz por ter escolhido física teórica como campo de estudo, o que não lhe requereria qualquer esforço físico. Sempre bem humorado e extremamente produtivo como pesquisador, Hawking é uma demonstração viva de que como é possível superar as limitações do corpo físico e ter uma vida plena, cumprindo a missão que se traz ao mundo.
Para melhor entendermos o porque de a humildade intelectual e a humildade moral estarem sempre juntas, é bom recorrermos a O Livro dos Espíritos. Na Questão 780, Kardec perguntou aos Espíritos:
780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
ao que os Espíritos responderam:
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”
Continuou o Codificador:
a) Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
Tendo esclarecido os Espíritos:
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
Por último Kardec quis saber:
b) Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais instruídos os mais pervertidos também?
Tendo os Espíritos respondido:
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.”
Quem se revela humilde na senda do saber já avançou bastante moralmente para perseguir o progresso na senda da bondade e o faz com a humildade já conquistada.
A conquista da humildade é, portanto, o ponto de equilíbrio entre a inteligência e a moral.
Jesus, Humilde em Espírito por Excelência
Contam os evangelhos canônicos (Mc 10, 17 e Lu 18, 18) que, em dada ocasião, aproximou-se um jovem de Jesus e perguntou:
“Bom Mestre, o que é preciso que eu faça para adquirir a vida eterna?”
Ao que o Mestre respondeu:
“Por que me chamais bom? Só Deus é bom.”
Jesus foi o exemplo maior de humildade. De Si nunca disse nem mais nem menos do que realmente era.
Quando afirmou, conforme relata João, “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 14, 11) ou “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim.” (Jo 14, 14), nada falava além da verdade que tão bem conhecemos. A quantos milhões de anos Jesus tem cuidado de nós, jamais abandonando a uma só de suas amadas ovelhas? Mais do que o sofrimento no Gólgota, é essa dedicação contínua por nós que mostra o quanto Jesus tem dado a vida por nós. E quem tem dúvida de que Jesus, ao longo desse tempo imenso, conhece a cada um de nós na mais profunda intimidade?
Quando Jesus disse “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...” (Jo 14,6) , cada atributo desses reflete a mais pura verdade. Jesus é, de fato, o caminho, sendo por todos sabido que quem segue os Seus passos chegará mais cedo à perfeição. É, sem dúvida, a verdade, uma vez que nada que saiu de Sua boca jamais deixou de representar a verdade em sua mais pura essência. É, sem sombra de dúvida, a vida, a verdadeira vida, pois seu exemplo nos mostra como estar neste mundo sem a ele pertencer, como aproveitar ao máximo o nosso potencial de “vivos”, no entender profundo do termo, representando aqueles que despertaram para o sentido da existência. Tudo o que Jesus disse de si foi exatamente o que Ele é, sem aumentar nem diminuir nada.
Espírito de imensa envergadura, responsável maior pelo nosso orbe e pela humanidade terrena, Jesus poderia ter escolhido nascer em berço de ouro, filho, talvez, do poderoso imperador romano. No entanto, preferiu nascer em um estábulo, na simplicidade de uma classe humilde e em uma nação dominada.
Questionado pelos poderosos da época quanto ao fato de se misturar com os excluídos, chamados de pecadores por aqueles que se julgavam sem culpa, o Mestre replicava “Os sãos não precisam de médicos e, sim, os doentes.” (Mt 9,12; Mc 2, 17 e Lu 5, 31). Quando queriam, ora endeusá-lo, ora condená-lo pelos notáveis prodígios que fazia, Ele apenas respondia que as obras que fazia era o Pai que fazia através d’Ele, exortando-nos a fazer obras iguais ou até maiores, como relata João (Jo 14, 12).
Toda a vida de Jesus entre nós foi uma aula de humildade. Jesus poderia ter sido rei na Terra, mas Ele não tinha vindo para isso. Poderia ter sido um grande rabino de seu tempo, o maior de todos, mas não era essa a missão a que se tinha proposto. Poderia ter sido um mago, respeitado e temido por todos, mas tal não era a sua natureza.
Quanto mais evoluído um Espírito menos ele valoriza seu estágio evolutivo diante dos homens, pois, ao evoluir, todos os sentimentos ligados ao ego vão sendo abandonados.
Aquele que se Eleva será Rebaixado
Tendo esclarecido o que o Mestre queria dizer por Pobres de Espírito no sermão das Bem-aventuranças, Kardec apresenta, na seqüência de O Evangelho Segundo o Espiritismo, três passagens, que abaixo transcrevemos, realçando a mensagem que devemos fixar:
Por essa ocasião, os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram:“Quem é o maior no reino dos céus?” - Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu: “Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos céus. - Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no reino dos céus - e aquele que recebe em meu nome a uma criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe.” (Mateus, XVIII, 1 a 5.)
Então, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou dele com seus dois filhos e o adorou, dando a entender que lhe queria pedir alguma coisa. - Disse-lhe ele: “Que queres?” “Manda, disse ela, que estes meus dois filhos tenham assento no teu reino, um à sua direita e o outro à sua esquerda.” - Mas, Jesus respondeu, “Não sabes o que pedes; podeis vós ambos beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: Podemos.” - Jesus lhes replicou: “É certo que bebereis o cálice que eu beber; mas, pelo que respeita a vos sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me cabe a mim vo-lo conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tem preparado.” - Ouvindo isso, os dez outros apóstolos se encheram de indignação contra os dois irmãos. - Jesus, chamando-os para perto de si, lhes disse: “Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes os tratam com império. - Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; - do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.” (Mateus, XX, 20 a 28)
Jesus entrou em dia de sábado na casa de um dos principais fariseus para aí fazer a sua refeição. Os que lá estavam o observaram. - Então, notando que os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola, dizendo: “Quando fordes convidados para bodas, não tomeis o primeiro lugar, para que não suceda que, havendo entre os convidados uma pessoa mais considerada do que vós, aquele que vos haja convidado venha a dizer-vos: dai o vosso lugar a este, e vos vejais constrangidos a ocupar, cheios de vergonha, o último lugar. - Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu amigo, venha mais para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os que estiverem convosco à mesa; - porquanto todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado." (Lucas, XIV, 1 e 7 a 11.)
Como o reino dos céus não se encontra ali ou acolá, mas no mais íntimo de nós, ser grande no reino dos céus não significa uma posição de destaque em relação aos outros, um parâmetro com que possamos nos avaliar melhores ou maiores que alguma outra pessoa. Ser grande no reino dos céus é uma vitória íntima que relaciona, entre os inimigos derrotados, o orgulho, a vaidade, a inveja, o desdém e todos os sentimentos negativos que nos fazem avaliar os outros com base em nós mesmos e a nós mesmos com base nos demais.
A busca humilde do reino dos céus exige disciplina e força de vontade. Assim, a postura que assumimos diante dos outros deve ser objeto constante de nossa vigilância. A postura que temos em lugar público, em nosso lar ou no movimento espírita deve ser a de humilde servidor. Se isso nos é difícil assumir no íntimo, que, pelo menos, nos esforcemos para que tal seja nosso comportamento exterior. De tanto nos disciplinarmos para não externar emoções negativas, elas aos poucos vão desaparecendo do nosso psiquismo. Sim, porque a vaidade e o orgulho se alimentam de elogios, agradecimentos efusivos, comemorações. Quando não externamos vaidade, quando não deixamos transparecer o prazer que nos dão os elogios, as outras pessoas, aos poucos, deixam de nos louvar as qualidades e, em persistindo nossa determinação, com o tempo, nosso sentimento se vai modificando para melhor.
Podemos estar com o coração inflado de orgulho pelos nossos feitos, mas, já que nossos sentimentos se encontram camuflados em um corpo físico, saibamos usar dessa facilidade para não externarmos nossas emoções. Mantenhamos o rosto sereno perante elogios que se nos dirijam, evitando responder com agradecimentos efusivos ou contestações veementes, que, no fundo, somente realçam o que foi dito por aquele que nos enalteceu. Se, em qualquer ocasião formos elogiados, saibamos sorrir discretamente, fazer uma pequena mesura com a cabeça ou algum outro gesto sutil que demonstre educação, simpatia, mas não revele concordância com o que foi dito e deixe claro que a manifestação não nos perturbou.
Podemos nos considerar importantes pela nossa posição na sociedade, mas saibamos ser gentis e prestativos para com quem quer que seja, principalmente, porém, para com aqueles que a sociedade vê como párias, destituídos, estropiados. O adiantamento moral de um indivíduo não se revela em sua indumentária, na sua profissão ou na educação que possui. Sejamos servos de todos, dos que nos são superiores na vida social, dos que nos são subordinados e daqueles outros com que travamos contato ao longo da existência. Servir com humildade não é baixar a cabeça, estar todo o tempo a olhar para o chão, sentar sempre no canto mais escuro e frio de uma sala. Não, servir com humildade é manter a cabeça erguida, mas sem jamais olhar os outros de cima para baixo. Servir com humildade é olhar nos olhos de todos com serenidade, sejam eles os poderosos do mundo ou os mais humildes rejeitados e, ma medida de nossas possibilidades, tudo fazermos para ajudá-los em sua senda evolutiva. Servir com humildade é sentar, sempre que possível, perto de um irmão ou irmã que precise de nosso apoio, seja na forma de um ouvido amigo a escutar suas lamentações e a lhe aconselhar no que for possível, seja na de um companheiro silencioso, em prece compenetrada enviando vibrações de amor para lhe acalmar a mente confusa.
Toda vez que prestarmos um serviço fraterno a quem quer que seja, se, no íntimo, nosso coração aceitar o agradecimento sincero da boca do beneficiado, que nossas palavras e a expressão de nosso rosto não traiam essa nossa fraqueza e saibamos, sabedores da vontade do Pai, retrucar com simplicidade: “somos nós que agradecemos pela oportunidade de sermos úteis”. Martelemos esse entendimento em nossa mente até que ela ali se fixe, pois ele reflete a mais pura realidade. Cada pessoa que, aparentemente, necessita de nossa ajuda, está, na realidade, a nos ajudar, pois é ajudando a quem necessita que resgatamos nossas dívidas para com a harmonia do Universo.
No movimento espírita não procuremos um lugar de honra. Quem fica na memória do povo não é aquele alto dirigente de grande instituição, mas, antes, o outro, humilde trabalhador da seara de Jesus. Não estamos falando em tese, estamos? Aprendamos com o passado para sabermos evitar a repetição de nossos erros. Lembremo-nos sempre do que Jesus nos ensinou:
“aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e,
aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo”
Mistérios Ocultos aos Doutos e aos Prudentes
Disse, então, Jesus estas palavras: "Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos." (Mateus, XI, 25.)
Na seqüência de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec interpreta as palavras de Jesus na passagem acima transcrita, identificando os doutos e prudentes da fala do Mestre com os “orgulhosos, envaidecidos do seu saber mundano, os quais se julgam prudentes porque negam e tratam a Deus de igual para igual, quando não se recusam a admiti-lo, porquanto, na antigüidade, douto era sinônimo de sábio”.
Mais adiante, ele, também, associa aos doutos da fala de Jesus, os incrédulos, que exigem provas das propostas espíritas do modo que lhes convém, jamais descendo do pedestal a que se alçam para, humildemente, investigar os fatos e concluírem por eles mesmos o que não aceitam quando proveniente do raciocínio alheio. Julgam estarem corretos pelo fato de assunto de tal importância demandar prudência. Como se sermos prudentes significasse tudo fazermos segundo nossos critérios, tomando os mesmos como infalíveis e aplicáveis a quaisquer problemas.
Sejam, portanto, os que se recusam por completo a considerar as questões espíritas ou aqueles que apenas concedem considerá-las segundo seus critérios de análise, todos podem ser relacionados com os doutos e prudentes da fala do Mestre. Não é a verdade que se esconde deles mas antes eles que, não aceitando a verdade quando a mesma é proclamada por outros, tampouco procuram investigar o que é afirmado, em postura orgulhosa que lhes fecha os olhos ao saber.
No mundo atual ainda encontramos as duas espécies de posturas mencionadas. Entre os primeiros estão, por exemplo, os que se põem a provocar os espíritas perguntando o porque de não se demonstrar os fatos mediúnicos naTV. Por mais que se lhes explique que os Espíritos sérios não se prestam a espetáculos, convidando-os a investigar os fenômenos onde o mesmo habitualmente ocorre, fingem que nada ouvem, repisando cansativamente na mesma tecla. No segundo grupo vemos certos autoproclamados investigadores da parapsicologia, que montam experiências segundo suas próprias idéias com o intuito de provar que os fatos espíritas são uma fraude. Ora, mesmo em se aceitando que tais experiências sejam honestas, devemos ponderar quanto ao tipo de Espírito que se prestará a tais experiências. Serão Espíritos interessados na evolução humana? Pelas conclusões a que tais pesquisadores chegam, acreditamos que não. Afinal, se levarmos ao pé da letra tais conclusões, tudo o que podemos aceitar como válido é matéria, algo que a própria ciência já aceita não corresponder à realidade.
Como pudemos ver em nosso estudo das duas sendas da humildade, os verdadeiros sábios são humildes. Então, que sábios são esses a quem a verdade é ocultada? Uma breve leitura da Escala Espírita nos fornece a resposta a essa indagação. Na Oitava Classe da Terceira Ordem (Espíritos Imperfeitos), encontramos:
Espíritos Pseudo-Sábios - Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se.
Bibliografia
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PASTORINO, Carlos Torres. A Sabedoria do Evangelho. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1965.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996.
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KFOURI, Lúcia Amaral. Um Homem chamado Einstein. In Tribuna Espírita, Ano XX!!, no 123, Jan/Fev 2005. João Pessoa.
ZENGO, Zakeu A. A Bíblia é Confiável, apesar de Tudo. Obtido de http://www.zzengo.hpg.ig.com.br/biblia_ciencia.htm em 13 de março de 2005.
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Bíblia Sagrada. Tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Barsa, 1967.
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Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986
Versões da Bíblia. Obtido de http://www.pilb.hpg.ig.com.br/versoesBiblias.htm em 13 de março de 2005.
ESE, Capítulo VII
Estudo apresentado na Sociedade Espírita Irmão Francisco de Assis, Duas Barras, RJ, em 16 de abril de 2005
Renato Costa
Recordações
No poético e magnífico manual de vida que o Mestre nos legou, chamado pela tradição de “O Sermão da Montanha”, lembramos ter lido que, no elenco das bem-aventuranças, Jesus nos ensinou:
“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”
Acreditando estar ouvindo tal afirmação vinda de Jesus, nosso entendimento atual fica, de imediato, confuso. Sem aceitar a primeira impressão que ela nos dá, recorremos ao Aurélio e, no verbete próprio, lemos a seguinte definição para a expressão “pobre de espírito”:
Pobre de espírito. Pessoa simplória, ingênua, parva, tola.
“O que é isso?”, nos perguntamos, surpresos.? É evidente, para nós, que o Mestre dos Mestres não estaria a dizer que o Reino dos Céus pertence aos parvos, aos tolos ou ingênuos. Somos espíritas e, como tal, nada deve ser aceito por nós como chega aos nossos sentidos, sem que antes analisemos a informação percebida usando da razão e do bom-senso. Desse modo, se a informação que nos chega nos parece absurda, cabe a nós investigarmos mais aprofundadamente a questão até que o sentido se faça. Façamo-lo, pois, sem mais delongas..
O que diz a Codificação
O Capítulo VII de O Evangelho Segundo o Espiritismo leva o título que demos ao nosso estudo, isto é, “Bem-aventurados os pobres de espírito”.
Como era de se esperar, dados a lógica impecável e o bom-senso lapidar do Consolador, ele abre o capítulo com o tema “O que se deve entender por pobres de espírito”, iniciando seus comentários com as seguintes sábias palavras:
“A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos”.
e os concluindo com estas, não menos sábias:
“Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.”
A explicação de Kardec é clara e faz total sentido, dando às palavras de Jesus o caráter que se pode esperar delas. Fica, no entanto, a dúvida. Se Jesus quis se referir aos humildes de espírito e aos simples de coração, por que ele usou a expressão “pobres de espírito” e não outra mais adequada?
Mas ... será que Jesus usou mesmo a expressão “pobres de espírito”?
Para conferir se a expressão usada pelo Mestre foi mesmo “pobres de espírito”, consultamos três edições da Bíblia em Português e uma na sua versão em Francês. Vejamos o resultado de nossa consulta:
Recorremos, primeiramente, uma edição feita pela Enciclopédia Barsa de uma das Bíblias católicas mais utilizadas no Brasil, isto é, a tradução feita pelo padre Antônio Pereira de Figueiredo no século XVIII, com base na Vulgata Latina, tradução feita por Jerônimo no Século V. A outra tradução mais usada no Brasil é aquela feita pelo Padre Matos Soares, em 1930, igualmente a partir da Vulgata latina.
Como veremos abaixo, a fala de Jesus aparece transcrita nas traduções da Vulgata de forma idêntica a como aparece em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Essa constatação confirma o que era de se esperar, isto é, que a Bíblia em francês utilizada por Kardec era, também ela, uma tradução da Vulgata. Dizemos isso porque a comunidade católica, durante séculos, desde o Concílio de Trento, em 1546, até algum tempo após 1943, ano em que o Papa Pio XII liberou oficialmente que novas traduções fossem feitas a partir dos originais, só tinha à sua disposição para consulta e estudo a Vulgata ou traduções da Vulgata para suas línguas nativas. E o que será que diz a Vulgata?
“Bem aventurados os pobres de espírito: porque deles é o reino dos céus”
Jesus (Mt: 5.3)
A expressão “pobres de espírito” foi traduzida para o português como para vários outros idiomas, tendo como base a tradução do grego existente na Vulgata latina, feita por Jerônimo, no final do século IV, quando os manuscritos originais hoje disponíveis, mais antigos e confiáveis, ainda não haviam sido encontrados. Divulgada por séculos em toda a comunidade católica como a única versão aceita pela Igreja, a Vulgata acabou imprimindo na memória dos milhões de Espíritos que reencarnaram nas comunidades católicas ao longo desse imenso período, a lembrança de Jesus ter dito que o reino dos céus seria herdado pelos pobres de espírito. Não é por outro motivo que muitos estudos atuais sobre o tema, mesmo em meios espíritas, costumam manter a tradução proveniente da Vulgata latina, ignorando ser ela tida pelos estudiosos da Bíblia como das menos confiáveis.
A segunda Bíblia que consultamos foi uma edição em português, pela Editora Ave Maria, da tradução feita pelos Monges de Mardesous. Esta tradução foi feita para o francês a partir dos originais em hebraico e grego, tendo já contado com manuscritos descobertos mais recentemente. Foi publicada somente em 1957. Mais confiável, pelas razões expostas, que as traduções feitas a partir da Vulgata, veremos que ela dá um significado compreensível às palavras de Jesus:
“Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus!”
Jesus (Mt: 5.3)
Quem tem um coração de pobre são os humildes. E que os humildes venham a herdar o reino dos céus faz sentido, apesar de ainda nos parecer uma afirmação um tanto vaga para ter vindo do Mestre dos mestres. Afinal, um pobre pode ter o coração humilde externado no seu comportamento social, mas pode, por outro lado, ser revoltado com sua situação e, desse modo, não possuir humildade moral.
A terceira Bíblia consultada foi uma edição digital da chamada edição revisada de Almeida. A tradução para o português iniciada por João Ferreira de Almeida no século XVII não seguiu à Vulgata, pois o autor se havia convertido à fé protestante, tendo ele e seus sucessores se baseado nos originais em aramaico e grego disponíveis então. A chamada “edição revisada de João Ferreira de Almeida”, publicada em 1967, seguiu os melhores manuscritos originais hoje conhecidos, gozando, assim, de boa consideração pelos estudiosos atuais. A transcrição dela é a seguinte:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”
Jesus (Mt: 5.3)
A expressão “humildes de espírito” nos parece precisa, pois o adjetivo humilde, como vimos, pode ser entendido como acanhado, tímido, mas, quando ouvimos falar em “humilde de espírito”, sabemos que estamos falando de uma qualidade moral e não de um aspecto comportamental.
A Bíblia de Jerusalém, preparada a partir dos anos da segunda guerra e que teve sua primeira versão brasileira publicada em 1981 pela Editora Paulina, foi por nós consultada em sua versão revisada, editada em francês em 1973. Diz ela:
“Felizes os pobres em espírito, pois o reino dos céus a eles pertence”
O pobre em espírito certamente é humilde pois se sabe necessitando de ajuda para crescer. Mais que isso, ele sabe que a ajuda que necessita é espiritual pois é nesse aspecto que está sua pobreza. Resta certo, portanto, que ele ora a Deus e aos bons Espíritos suplicando tal ajuda ao mesmo tempo em que se esforça para enriquecer seu espírito com as virtudes das quais se vê carente.
Vejamos, finalmente, o que nos ensina o Professor Pastorino em A Sabedoria do Evangelho:
“Uma variedade imensa de traduções tem sido dada às palavras de Mateus ptôchoi tôi pnéumati. Vamos analisá-las. O primeiro elemento, ptóchos, significa, exatamente, ”aquele que caminha humilde a mendigar". Sua construção normal com acusativo de relação poderia significar o que costumam dar as traduções correntes: "mendigos (pobres, humildes) no (quanto ao) espírito".
Acontece, porém, que aí aparece construído com dativo. à semelhança de tapeinoús tôi pnéumati (Salmo 34: 18), "submissos ao Espírito"; ou zéôn tôi pnéumati (At. 18:25), "fervorosos para com Espírito"; ou hagía kai tôi sôrnati kaì tôi pnéumati (1 Cor. 7:34), "santos tanto para o corpo, como para com o espírito".
Após havermos considerando numerosas traduções, aceitamos a que propôs José de Oiticica, MENDIGOS DE ESPIRITO, por ser mais conforme ao original grego, e por ser a mais lógica e racional: pois realmente são felizes aqueles que mendigam o Espírito; aqueles que, algemados ainda no cárcere da carne, buscam espiritualizar-se por todos os meios ao seu alcance, pedem, imploram, mendigam esse Espírito que neles reside, mas que tão oculto se acha.”
Humildes de espírito, hunldes em espírito ou mendigos de espírito são traduções que levam, em nossa opinião, ao mesmo entendimento, pois aquele que é humilde de espírito ou em espírito sabe-se no início da jornada e tem consciência da ajuda que precisa da Espiritualidade, a ela recorrendo com freqüência em suas preces.
O que Jesus quis nos ensinar, portanto, é que o reino dos céus, aquele estado que está no mais íntimo do nosso ser e que nós, no mais das vezes, desconhecemos, só será atingido pelos humildes que, com paciência e perseverança buscam as coisas do espírito, procurando, a cada dia, sem cessar, ser um pouco melhores que no dia anterior, aceitando as expiações e provações por que passam como lições a serem aprendidas, jamais se revoltando contra a vida ou contra Deus e constantemente orando à Espiritualidade Maior para que os ajude nessa empreitada.
Como podemos ver, mesmo com a tradução precária que Kardec tinha nas mãos, o Codificador soube, inspirado pela falange de Espíritos de escol, liderada por Jesus, utilizar a razão e o bom-senso para captar a verdadeira mensagem do Mestre.
Os Dois Caminhos da Humildade
Sabemos, da Codificação, que o Espírito necessita evoluir em Conhecimento e Bondade para alcançar a perfeição.
A evolução predominante em uma das sendas evolutivas, com descaso pela outra, causa distorção, não sendo dela que estamos falando. Espíritos que evoluem em conhecimento, negligenciando a bondade, revelam-se como os grandes líderes das trevas que tanto mal fazem à humanidade antes de se darem conta de sua distorção evolutiva e tomarem o caminho do bem. Espíritos que ignoram a necessidade de conhecimento, julgando que, para evoluírem, só precisam ser bons, ignoram oportunidades preciosas de praticar o bem por serem incapazes de identificá-las, devido à sua falta de conhecimento, até que, frustrados pelo pouco que logram realizar, aceitam instruir-se, compreendendo que o conhecimento é necessário para melhor praticar a bondade para com o próximo.
Por outro lado, é de se esperar que, aquele que evoluiu notadamente em conhecimento, mas sem deixar de evoluir em bondade, demonstre a mesma humildade que aquele outro que tenha evoluído de forma destacada na senda da bondade, tampouco deixando de evoluir em conhecimento. Vejamos se é assim que acontece.
A Humildade na Senda do Conhecimento
Sócrates, o grande pensador grego da antiguidade, nos legou o ensinamento:
“O sábio é aquele que sabe que nada sabe”.
A humildade é uma característica de quem estuda muito, pois aquele que estuda pouco e fica satisfeito, o faz por julgar que tudo sabe, ao passo que quem deseja realmente entender um campo do saber, jamais para de estudá-lo por perceber que, quanto mais o estuda, mais se lhe abre a compreensão do quanto ainda falta estudar.
Isaac Newton é considerado o Pai da Física Moderna. Incluído pela história entre os grandes Gênios da Humanidade, quando, uma vez, o cobriam de elogios pela sua obra, ele afirmou:
“Se pude ver mais longe é porque me ergui sobre os ombros de gigantes.”
A humildade refletida por essa frase de Newton está no entendimento de que ninguém, sozinho, descobre coisa alguma, inventa nada, cria o que quer que seja. Toda conquista do saber humano é uma obra coletiva, uns partindo de onde outros pararam e parando onde outros irão começar.
Albert Einstein, inquestionavelmente, o maior gênio do século XX, era, segundo aqueles que o conheceram, totalmente imune a louvores, ofensas, sucessos ou fracassos. Nada disso, que tanto abala a maioria dos homens, tinha significado algum para o seu estado emocional.
A humildade de Einstein nos ensina que devemos nos manter imperturbáveis quando em busca do saber, conscientes de que, sempre que erramos, poderemos, mais tarde, reparar o erro e ir e frente e que, sempre que nos elogiam ou nos ofendem, isso em nada irá alterar para melhor ou para pior nossas chances de obter sucesso se nos dedicarmos a tal.
Em seu exemplar de 12 de dezembro de 2004, o periódico americano “The New York Times” trouxe a público uma entrevista com o Professor Stephen Hawking. Nessa entrevista, uma pergunta feita ao notável físico inglês merece especial atenção para o proveito de nosso estudo.
“Como podemos saber se o senhor se qualifica como um físico genial, como invariavelmente o descrevem?”, perguntou a entrevistadora.
Ao que o Prof. Hawking respondeu:
“A mídia tem necessidade de super-heróis na ciência, como em todas as esferas da vida, mas o que existe, na verdade, é uma faixa contínua de habilidades, sem qualquer linha divisória clara.”
Aqui, vemos outro aspecto da humildade na senda do conhecimento. Não existem gênios, pessoas medianas e indivíduos parvos. A estratificação da raça humana em classes é necessária para nossa melhor compreensão, mas não corresponde à realidade. Uma faixa contínua de habilidades, sim. Com humildade devemos perceber que, se somos muito bons em uma área do conhecimento, nada sabemos de uma outra que, por certo, é dominada por outra pessoa. Logo, nem nós nem a outra pessoa somos gênios, apenas pontos discretos num imenso mapa de saber onde se espalha toda a humanidade.
A Humildade na Senda da Bondade
Uma vez, orando fervorosamente defronte a um crucifixo na velha capela abandonada de São Damião, na cidade de Assis, Francisco ouviu a exortação de Jesus:
“Francisco, não vês que a minha casa está em ruínas? Restaurá-a para mim!”.
Em sua humildade, aquele grande Espírito pensou que o Mestre se referia à capela abandonada onde ele estava a orar e, de pronto, com suas próprias mãos, começou a restaurá-la. Na verdade, Jesus se referia à Igreja como instituição, convertida que se tinha em uma sociedade política e militar, tendo abandonado por completo os ensinamentos que Ele nos havia trazido. Ao longo dos anos seguintes, Francisco se engajou de corpo e alma na tarefa de trazer essa Igreja de volta ao rumo certo. Mas o fez desposando-se da pobreza, sempre humilde, sabendo ser a cada instante, como Jesus nos havia ensinado:
“... aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos”.
A Humildade Conquistada em Um e no Outro Caminho São Excludentes?
A separação que fizemos entre a humildade conquistada no caminho do conhecimento e aquela conquistada no caminho da bondade tem o propósito, exclusivamente, didático. Ë inconcebível que um Espírito de grande adiantamento intelectual, que tenha chegado ao estágio de ser humilde em relação ao seu conhecimento, se ufane de atos de bondade que porventura pratique. Do mesmo modo, é impensável que um Espírito seja capaz de um imenso amor pelo semelhante sem disto se jactar e, ao mesmo tempo, se envaideça do seu conhecimento em alguma área do saber.
A corroborar o que acabamos de dizer, veremos, analisando os homens da ciência citados mais acima, que os três demonstraram evolução moral e entendimento das questões espirituais, ingredientes suficientes para os sabermos humildes na senda da bondade.
Segundo registra a história, Newton, na fase mais criativa de sua produção científica, teve sua atenção voltada para as questões espirituais. Rejeitando os ensinamentos religiosos de então, pesquisou obras teológicas antigas e a alquimia em busca de uma exegese bíblica que fizesse sentido para o seu gênio inquiridor. Tornou-se um unitariano, reedição inglesa do século XVIII do arianismo, doutrina que negava a Trindade, pregando a unicidade de Deus, e que havia sido condenada pelo Concílio de Nicéia, no ano de 325. Como podemos ver, Newton tinha preocupações de ordem espiritual. Ao longo de sua vida, ele fez o melhor que pode para conciliar seu conhecimento científico com o entendimento das coisas espirituais, para tanto indo buscar, na sabedoria antiga, valores que a religião dita do Cristo há muito havia abandonado.
Einstein procurou Deus na natureza que, com tanto amor, ele estudou. Para ele, Deus se expressava na natureza através de suas leis. Einstein acreditava em Deus como a alma do Universo, sendo, por isso, julgado ateu por muitos de seus contemporâneos, acostumados ao deus pessoal que cuida de cada uma de nossas necessidades pessoais. Quão próximo é esse entendimento de Einstein daquele expresso pela resposta à primeira questão de O Livro dos Espíritos!
Uma frase magistral de Einstein precisa ser analisada neste estudo. Disse ele uma vez: “Deus resiste aos soberbos mas dá Sua graça aos humildes.” Quanta sabedoria nessa frase! A experiência pessoal de cada um de nós já nos deve ter mostrado que, quando nos ensoberbamos, julgando que o sucesso nos será certo, devido à nossa capacidade intelectual e dedicação, ele nos escapa, enquanto que, nas ocasiões em que nos fizemos humildes e, além de darmos tudo de nós, oramos pela ajuda divina, o sucesso nos vem sem demora.
Na mesma entrevista citada mais acima, a repórter do New York Times perguntou a Stephen Hawkin:
Você acredita em Deus?
Ao que Stephen Hawking respondeu:
Eu não acredito em um Deus pessoal.
O Prof. Hawkin, como maioria dos cientistas, sobretudo os físicos, é um agnóstico. Isso não impede, no entanto, que quando ele pondera sobre Deus fora da sua atividade científica, ele o faça utilizando seu raciocínio e o faz, como se vê, negando a possibilidade de um Deus pessoal e mostrando, assim, estar em total sintonia com o entendimento espírita nessa questão. Afinal, como nos ensinaram os Espíritos, Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primária de Todas as Coisas. Nada pode ser tão diferente de um Deus pessoal, não é mesmo?
Para quem tem dificuldade em ver o adiantamento moral do Professor Hawking, basta conhecer sua figura imóvel e contorcida, sentado em uma cadeira de rodas e falando através de um sintetizador de voz. Acometido de uma doença neurológica chamada de esclerose lateral amiotrópica, quando ainda na faculdade, Hawking conta em suas biografias que se sentiu feliz por ter escolhido física teórica como campo de estudo, o que não lhe requereria qualquer esforço físico. Sempre bem humorado e extremamente produtivo como pesquisador, Hawking é uma demonstração viva de que como é possível superar as limitações do corpo físico e ter uma vida plena, cumprindo a missão que se traz ao mundo.
Para melhor entendermos o porque de a humildade intelectual e a humildade moral estarem sempre juntas, é bom recorrermos a O Livro dos Espíritos. Na Questão 780, Kardec perguntou aos Espíritos:
780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
ao que os Espíritos responderam:
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”
Continuou o Codificador:
a) Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
Tendo esclarecido os Espíritos:
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
Por último Kardec quis saber:
b) Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais instruídos os mais pervertidos também?
Tendo os Espíritos respondido:
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.”
Quem se revela humilde na senda do saber já avançou bastante moralmente para perseguir o progresso na senda da bondade e o faz com a humildade já conquistada.
A conquista da humildade é, portanto, o ponto de equilíbrio entre a inteligência e a moral.
Jesus, Humilde em Espírito por Excelência
Contam os evangelhos canônicos (Mc 10, 17 e Lu 18, 18) que, em dada ocasião, aproximou-se um jovem de Jesus e perguntou:
“Bom Mestre, o que é preciso que eu faça para adquirir a vida eterna?”
Ao que o Mestre respondeu:
“Por que me chamais bom? Só Deus é bom.”
Jesus foi o exemplo maior de humildade. De Si nunca disse nem mais nem menos do que realmente era.
Quando afirmou, conforme relata João, “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 14, 11) ou “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim.” (Jo 14, 14), nada falava além da verdade que tão bem conhecemos. A quantos milhões de anos Jesus tem cuidado de nós, jamais abandonando a uma só de suas amadas ovelhas? Mais do que o sofrimento no Gólgota, é essa dedicação contínua por nós que mostra o quanto Jesus tem dado a vida por nós. E quem tem dúvida de que Jesus, ao longo desse tempo imenso, conhece a cada um de nós na mais profunda intimidade?
Quando Jesus disse “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...” (Jo 14,6) , cada atributo desses reflete a mais pura verdade. Jesus é, de fato, o caminho, sendo por todos sabido que quem segue os Seus passos chegará mais cedo à perfeição. É, sem dúvida, a verdade, uma vez que nada que saiu de Sua boca jamais deixou de representar a verdade em sua mais pura essência. É, sem sombra de dúvida, a vida, a verdadeira vida, pois seu exemplo nos mostra como estar neste mundo sem a ele pertencer, como aproveitar ao máximo o nosso potencial de “vivos”, no entender profundo do termo, representando aqueles que despertaram para o sentido da existência. Tudo o que Jesus disse de si foi exatamente o que Ele é, sem aumentar nem diminuir nada.
Espírito de imensa envergadura, responsável maior pelo nosso orbe e pela humanidade terrena, Jesus poderia ter escolhido nascer em berço de ouro, filho, talvez, do poderoso imperador romano. No entanto, preferiu nascer em um estábulo, na simplicidade de uma classe humilde e em uma nação dominada.
Questionado pelos poderosos da época quanto ao fato de se misturar com os excluídos, chamados de pecadores por aqueles que se julgavam sem culpa, o Mestre replicava “Os sãos não precisam de médicos e, sim, os doentes.” (Mt 9,12; Mc 2, 17 e Lu 5, 31). Quando queriam, ora endeusá-lo, ora condená-lo pelos notáveis prodígios que fazia, Ele apenas respondia que as obras que fazia era o Pai que fazia através d’Ele, exortando-nos a fazer obras iguais ou até maiores, como relata João (Jo 14, 12).
Toda a vida de Jesus entre nós foi uma aula de humildade. Jesus poderia ter sido rei na Terra, mas Ele não tinha vindo para isso. Poderia ter sido um grande rabino de seu tempo, o maior de todos, mas não era essa a missão a que se tinha proposto. Poderia ter sido um mago, respeitado e temido por todos, mas tal não era a sua natureza.
Quanto mais evoluído um Espírito menos ele valoriza seu estágio evolutivo diante dos homens, pois, ao evoluir, todos os sentimentos ligados ao ego vão sendo abandonados.
Aquele que se Eleva será Rebaixado
Tendo esclarecido o que o Mestre queria dizer por Pobres de Espírito no sermão das Bem-aventuranças, Kardec apresenta, na seqüência de O Evangelho Segundo o Espiritismo, três passagens, que abaixo transcrevemos, realçando a mensagem que devemos fixar:
Por essa ocasião, os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram:“Quem é o maior no reino dos céus?” - Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu: “Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos céus. - Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no reino dos céus - e aquele que recebe em meu nome a uma criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe.” (Mateus, XVIII, 1 a 5.)
Então, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou dele com seus dois filhos e o adorou, dando a entender que lhe queria pedir alguma coisa. - Disse-lhe ele: “Que queres?” “Manda, disse ela, que estes meus dois filhos tenham assento no teu reino, um à sua direita e o outro à sua esquerda.” - Mas, Jesus respondeu, “Não sabes o que pedes; podeis vós ambos beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: Podemos.” - Jesus lhes replicou: “É certo que bebereis o cálice que eu beber; mas, pelo que respeita a vos sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me cabe a mim vo-lo conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tem preparado.” - Ouvindo isso, os dez outros apóstolos se encheram de indignação contra os dois irmãos. - Jesus, chamando-os para perto de si, lhes disse: “Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes os tratam com império. - Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; - do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.” (Mateus, XX, 20 a 28)
Jesus entrou em dia de sábado na casa de um dos principais fariseus para aí fazer a sua refeição. Os que lá estavam o observaram. - Então, notando que os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola, dizendo: “Quando fordes convidados para bodas, não tomeis o primeiro lugar, para que não suceda que, havendo entre os convidados uma pessoa mais considerada do que vós, aquele que vos haja convidado venha a dizer-vos: dai o vosso lugar a este, e vos vejais constrangidos a ocupar, cheios de vergonha, o último lugar. - Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu amigo, venha mais para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os que estiverem convosco à mesa; - porquanto todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado." (Lucas, XIV, 1 e 7 a 11.)
Como o reino dos céus não se encontra ali ou acolá, mas no mais íntimo de nós, ser grande no reino dos céus não significa uma posição de destaque em relação aos outros, um parâmetro com que possamos nos avaliar melhores ou maiores que alguma outra pessoa. Ser grande no reino dos céus é uma vitória íntima que relaciona, entre os inimigos derrotados, o orgulho, a vaidade, a inveja, o desdém e todos os sentimentos negativos que nos fazem avaliar os outros com base em nós mesmos e a nós mesmos com base nos demais.
A busca humilde do reino dos céus exige disciplina e força de vontade. Assim, a postura que assumimos diante dos outros deve ser objeto constante de nossa vigilância. A postura que temos em lugar público, em nosso lar ou no movimento espírita deve ser a de humilde servidor. Se isso nos é difícil assumir no íntimo, que, pelo menos, nos esforcemos para que tal seja nosso comportamento exterior. De tanto nos disciplinarmos para não externar emoções negativas, elas aos poucos vão desaparecendo do nosso psiquismo. Sim, porque a vaidade e o orgulho se alimentam de elogios, agradecimentos efusivos, comemorações. Quando não externamos vaidade, quando não deixamos transparecer o prazer que nos dão os elogios, as outras pessoas, aos poucos, deixam de nos louvar as qualidades e, em persistindo nossa determinação, com o tempo, nosso sentimento se vai modificando para melhor.
Podemos estar com o coração inflado de orgulho pelos nossos feitos, mas, já que nossos sentimentos se encontram camuflados em um corpo físico, saibamos usar dessa facilidade para não externarmos nossas emoções. Mantenhamos o rosto sereno perante elogios que se nos dirijam, evitando responder com agradecimentos efusivos ou contestações veementes, que, no fundo, somente realçam o que foi dito por aquele que nos enalteceu. Se, em qualquer ocasião formos elogiados, saibamos sorrir discretamente, fazer uma pequena mesura com a cabeça ou algum outro gesto sutil que demonstre educação, simpatia, mas não revele concordância com o que foi dito e deixe claro que a manifestação não nos perturbou.
Podemos nos considerar importantes pela nossa posição na sociedade, mas saibamos ser gentis e prestativos para com quem quer que seja, principalmente, porém, para com aqueles que a sociedade vê como párias, destituídos, estropiados. O adiantamento moral de um indivíduo não se revela em sua indumentária, na sua profissão ou na educação que possui. Sejamos servos de todos, dos que nos são superiores na vida social, dos que nos são subordinados e daqueles outros com que travamos contato ao longo da existência. Servir com humildade não é baixar a cabeça, estar todo o tempo a olhar para o chão, sentar sempre no canto mais escuro e frio de uma sala. Não, servir com humildade é manter a cabeça erguida, mas sem jamais olhar os outros de cima para baixo. Servir com humildade é olhar nos olhos de todos com serenidade, sejam eles os poderosos do mundo ou os mais humildes rejeitados e, ma medida de nossas possibilidades, tudo fazermos para ajudá-los em sua senda evolutiva. Servir com humildade é sentar, sempre que possível, perto de um irmão ou irmã que precise de nosso apoio, seja na forma de um ouvido amigo a escutar suas lamentações e a lhe aconselhar no que for possível, seja na de um companheiro silencioso, em prece compenetrada enviando vibrações de amor para lhe acalmar a mente confusa.
Toda vez que prestarmos um serviço fraterno a quem quer que seja, se, no íntimo, nosso coração aceitar o agradecimento sincero da boca do beneficiado, que nossas palavras e a expressão de nosso rosto não traiam essa nossa fraqueza e saibamos, sabedores da vontade do Pai, retrucar com simplicidade: “somos nós que agradecemos pela oportunidade de sermos úteis”. Martelemos esse entendimento em nossa mente até que ela ali se fixe, pois ele reflete a mais pura realidade. Cada pessoa que, aparentemente, necessita de nossa ajuda, está, na realidade, a nos ajudar, pois é ajudando a quem necessita que resgatamos nossas dívidas para com a harmonia do Universo.
No movimento espírita não procuremos um lugar de honra. Quem fica na memória do povo não é aquele alto dirigente de grande instituição, mas, antes, o outro, humilde trabalhador da seara de Jesus. Não estamos falando em tese, estamos? Aprendamos com o passado para sabermos evitar a repetição de nossos erros. Lembremo-nos sempre do que Jesus nos ensinou:
“aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e,
aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo”
Mistérios Ocultos aos Doutos e aos Prudentes
Disse, então, Jesus estas palavras: "Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos." (Mateus, XI, 25.)
Na seqüência de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec interpreta as palavras de Jesus na passagem acima transcrita, identificando os doutos e prudentes da fala do Mestre com os “orgulhosos, envaidecidos do seu saber mundano, os quais se julgam prudentes porque negam e tratam a Deus de igual para igual, quando não se recusam a admiti-lo, porquanto, na antigüidade, douto era sinônimo de sábio”.
Mais adiante, ele, também, associa aos doutos da fala de Jesus, os incrédulos, que exigem provas das propostas espíritas do modo que lhes convém, jamais descendo do pedestal a que se alçam para, humildemente, investigar os fatos e concluírem por eles mesmos o que não aceitam quando proveniente do raciocínio alheio. Julgam estarem corretos pelo fato de assunto de tal importância demandar prudência. Como se sermos prudentes significasse tudo fazermos segundo nossos critérios, tomando os mesmos como infalíveis e aplicáveis a quaisquer problemas.
Sejam, portanto, os que se recusam por completo a considerar as questões espíritas ou aqueles que apenas concedem considerá-las segundo seus critérios de análise, todos podem ser relacionados com os doutos e prudentes da fala do Mestre. Não é a verdade que se esconde deles mas antes eles que, não aceitando a verdade quando a mesma é proclamada por outros, tampouco procuram investigar o que é afirmado, em postura orgulhosa que lhes fecha os olhos ao saber.
No mundo atual ainda encontramos as duas espécies de posturas mencionadas. Entre os primeiros estão, por exemplo, os que se põem a provocar os espíritas perguntando o porque de não se demonstrar os fatos mediúnicos naTV. Por mais que se lhes explique que os Espíritos sérios não se prestam a espetáculos, convidando-os a investigar os fenômenos onde o mesmo habitualmente ocorre, fingem que nada ouvem, repisando cansativamente na mesma tecla. No segundo grupo vemos certos autoproclamados investigadores da parapsicologia, que montam experiências segundo suas próprias idéias com o intuito de provar que os fatos espíritas são uma fraude. Ora, mesmo em se aceitando que tais experiências sejam honestas, devemos ponderar quanto ao tipo de Espírito que se prestará a tais experiências. Serão Espíritos interessados na evolução humana? Pelas conclusões a que tais pesquisadores chegam, acreditamos que não. Afinal, se levarmos ao pé da letra tais conclusões, tudo o que podemos aceitar como válido é matéria, algo que a própria ciência já aceita não corresponder à realidade.
Como pudemos ver em nosso estudo das duas sendas da humildade, os verdadeiros sábios são humildes. Então, que sábios são esses a quem a verdade é ocultada? Uma breve leitura da Escala Espírita nos fornece a resposta a essa indagação. Na Oitava Classe da Terceira Ordem (Espíritos Imperfeitos), encontramos:
Espíritos Pseudo-Sábios - Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se.
Bibliografia
OLIVEIRA, Therezinha. Na Luz do Evangelho. Campinas: Editora Allan Kardec, 2004.
PASTORINO, Carlos Torres. A Sabedoria do Evangelho. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1965.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996.
Id. O Livro dos Espíritos. 76 Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KFOURI, Lúcia Amaral. Um Homem chamado Einstein. In Tribuna Espírita, Ano XX!!, no 123, Jan/Fev 2005. João Pessoa.
ZENGO, Zakeu A. A Bíblia é Confiável, apesar de Tudo. Obtido de http://www.zzengo.hpg.ig.com.br/biblia_ciencia.htm em 13 de março de 2005.
A Bíblia Sagrada. Versão de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. Obtido de http://www.bibliaonline.org em 22 de julho de 2004.
Bíblia Sagrada. Tradução dos Monges de Maredsous. 112 Ed. São Paulo: Ave Mara, 1997.
Bíblia Sagrada. Tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Barsa, 1967.
Newton, Pai da Física Moderna. Série Gênios da Ciência. Scientific American Brasil. São Paulo: Ediouro, 2005.
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986
Versões da Bíblia. Obtido de http://www.pilb.hpg.ig.com.br/versoesBiblias.htm em 13 de março de 2005.
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