domingo, 15 de maio de 2011

R E S S U R R E I Ç Õ E S


A filha de Jairo

37.- Tendo Jesus passado novamente, de barca, para a outra margem, logo que desembarcou, grande multidão se lhe apinhou ao derredor. Então, um chefe desinagoga, chamado Jairo, veio ao seu encontro e, ao aproximar-se dele, se lhe lançou aos pés, - a suplicar com grande instância, dizendo: Tenho urna filha que está no momento extremo; vem impor-lhe as mãos para a curar e lhe salvar a vida. Jesus foi com ele, acompanhado de grande multidão, que o comprimia. Quando Jairo ainda falava, vieram pessoas que lhe eram subordinadas e lhe disseram: Tua filha está morta; por que hás de dar ao Mestre o incômodo de ir mais longe? - Jesus, porém, ouvindo isso, disse ao chefe da sinagoga: Não te aflijas, crê apenas. - E a ninguém permitiu que o acompanhasse, senão a Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 
Chegando a casa do chefe da sinagoga, viu ele uma aglomeração confusa de pessoas que choravam e soltavam grandes gritos. - Entrando, disse-lhes ele: Por que fazeis tanto alarido e por que chorais? Esta menina não está morta, está apenas adormecida. - Zombavam dele. Tendo feito que toda a gente saísse, chamou o pai e mãe da menina e os que tinham vindo em sua companhia e entrou no lugar onde a menina se achava deitada. - Tomou-lhe a mão e disse: Talitha cumi, isto é: Minha filha, levanta-te, eu to ordeno. - No mesmo instante a menina se levantou e se pôs a andar, pois contava doze anos, e ficaram todos maravilhados e espantados. (S. Marcos, cap. V, vv. 21 a 43.)

Filho da viúva de Naim

38.- No dia seguinte, dirigiu-se Jesus para uma cidade chamada Naim; acompanhavam-no seus discípulos e grande multidão de povo. - Quando estava perto da porta da cidade, aconteceu que levavam a sepultar um morto, que era filho único de sua mãe e essa mulher era viúva; estava com ela grande número de pessoas da cidade. - Tendo-a visto, o Senhor se tomou de compaixão para com ela e lhe disse: Não chores. - Depois, aproximando-se, tocou o esquife e os que o conduziam pararam. Então, disse ele: Mancebo, levanta-te, eu o ordeno. - Imediatamente, o moço se sentou e começou a falar. E Jesus o restituiu à sua mãe. Todos os que estavam presentes ficaram tomados de espanto e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo. - O rumor desse milagre que ele fizera se espalhou por toda a Judéia e por todas as regiões circunvizinhas. (S. Lucas, cap. VII, vv. 11 a 17.)

Contrário seria às leis da Natureza e, portanto, milagroso, o fato de voltar à vida corpórea um indivíduo que se achasse realmente morto. Ora, não há mister se recorra a essa ordem de fatos, para ter-se a explicação das ressurreições que Jesus operou.

Se, mesmo na atualidade, as aparências enganam por vezes os profissionais, quão mais freqüentes não haviam de ser os acidentes daquela natureza, num país onde nenhuma precaução se tomava contra eles e onde o sepultamento era imediato (1). É, pois, de todo ponto provável que, nos dois casos acima, apenas síncope ou letargia houvesse. O próprio Jesus declara positivamente, com relação à filha de Jairo: Esta menina, disse ele, não está morta, está apenas adormecida.

Dado o poder fluídico que ele possuía, nada de espantoso há em que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos em torpor; que haja mesmo feito voltar ao corpo o espírito, prestes a abandoná-lo, uma vez que o laço perispirítico ainda se não rompera definitivamente. Para os homens daquela época, que consideravam morto o indivíduo desde que deixara de respirar, havia ressurreição em casos tais; mas, o que na realidade havia era rara e não ressurreição, na acepção legítima do termo.

40.- A ressurreição de Lázaro, digam o que disserem, de nenhum modo infirma este princípio. Ele estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém, que há letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo em tal caso cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida. E quem podia saber que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas, como o sabia ela? Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma certeza, entretanto, podia ter. (Cap. XlV, nº 29.)

("A Gênese", capítulo XV, itens 37 a 40)

QUESTÕES PARA ESTUDO

a) Como o Espiritismo pode explicar os episódios da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim?

b) E quanto à "ressureição de Lázaro"?

c) As curas acima comentadas podem ser consideradas casos de "ressurreição"?


C O N C L U S Ã O

Milagroso, no sentido de ser contrário às leis da Natureza, seria o fato de voltar à vida corpórea uma pessoa que se achasse realmente morta. Não há, todavia, necessidade de se recorrer a essa ordem de fatos, para se encentrar a explicação das chamadas ressurreições operadas por Jesus. Conhecendo-se hoje o poder fluídico que Jesus possuía, nada de espantoso há em que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos em torpor nos dois casos narrados neste item, fazendo mesmo voltar ao corpo o espírito que se encontrava prestes a abandoná-lo.Para os homens daquela época, que consideravam morto o indivíduo desde que deixara de respirar, havia ressurreição em tais casos e não cura, que foi o que na verdade aconteceu.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
a) Como o Espiritismo pode explicar os episódios da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim?

R - Depois que os órgãos vitais deixam de funcionar, o fluido vital pára de circular no organismo físico, que falece, retornando o fluido vital à massa original de onde foi extraído para animar aquele corpo. A partir deste momento, não há mais como retornar o funcionamento do corpo. Hoje, com todo o progresso alcançado pela medicina terrena, muitas das vezes, a morte do corpo físico é apenas aparente, levando a equívoco os profissionais da área. Àquela época, mais freqüentemente deveriam ocorrer acidentes dessa natureza. Não se tomava nenhuma precaução para evitá-los e o sepultamento do corpo era realizado imediatamente após
a sua aparente morte.

É, portanto, de todo provável que, tanto no caso da filha de Jairo, como no do filho da viúva de Naim, tenha ocorrido semelhante acidente, mais precisamente um caso de letargia, quando o corpo fica inteiramente inerte e, até, há um começo de decomposição. Aliás, Jesus, desde logo, afirmou aos presentes, no caso da filha de Jairo: "esta menina não está morta, está apenas adormecida", contestando a impressão dos presentes, de que ela desencarnara.

Utilizando seu grande poder magnético, associado à forte vontade de curá-los, Jesus aplicou-lhes uma transfusão de fluido magnético, salutar, vivificante, reanimando os órgãos que se encontravam entorpecidos. Com isso, reativou a circulação do fluido
vital, mantendo preso ao corpo o espírito que se encontrava prestes a abandoná-lo, uma vez que os laços perispirituais ainda não se haviam rompido. Para o povo que então desconhecia determinadas leis naturais, desde que o indivíduo deixara de respirar era considerado morto. Como os que consideravam mortos retomaram a vida, a ação de Jesus foi interpretada como o milagre da ressurreição e não a cura, que, de fato, aconteceu.

b) E quanto à "ressurreição de Lázaro"?

R - No episódio da "ressurreição de Lázaro", as circunstâncias foram semelhantes aos da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim. Diziam que Lázaro encontrava-se havia quatro dias no sepulcro e que, por isso, o seu retorno à vida teria sido um caso de ressurreição. Kardec explica, no entanto, que há casos de letargia em que o corpo físico permanece inerte por cerca de oito dias ou mais. O corpo de Lázaro já cheirava mal, narra o Evangelho, o que é sinal de decomposição. Todavia, em muitos casos de letargia, há a decomposição parcial do corpo antes da morte, o que provoca o cheiro de podridão. Esta circunstância, no entanto, não configura a morte do corpo físico, pois esta somente se verifica quando há a falência completa de órgãos essenciais à manutenção da vida. Além disso, Kardec destaca que nenhuma certeza poder-se-ia ter de que o corpo cheirava mal, uma vez que já se encontra sepultado havia quatro dias, não passando essa informação de uma suposição de Maria, sua irmã, que fez a afirmação.

c) As curas acima comentadas podem ser consideradas casos de "ressurreição"?

R - A ciência comprova ser impossível que o corpo físico volte a ter vida após a falência total de seus órgãos vitais. A lei de destruição, por outro lado, demonstra que os corpos orgânicos transformam-se, adquirindo novas formas e integrando novos corpos que surgem. Sendo assim, o corpo físico não poderá jamais readquirir vida após a sua morte, pois isso seria contrário às Leis Naturais. O Espiritismo ensina que, após a morte do corpo físico, o espírito o deixa e não mais pode retomá-lo, somente voltando à vida física em outro corpo, que nada tem a ver com o anterior, através da reencarnação

A questão da ressurreição não era corretamente compreendida à época de Jesus, como ainda acontece nos dias de hoje por parte de alguns segmentos religiosos. Assim, os episódios acima apontados são exemplos das inúmeras curas de enfermidades físicas operadas por Jesus, através de seu poder magnético, não podendo ser entendidos como casos de ressurreição. A ressurreição, para o Espiritismo, é o ressurgimento do espírito para a vida espiritual, após a morte do corpo físico.

"A Gênese" Cap XV - A Filha de Jairo


37. Tendo Jesus novamente passado de barco para a outra margem, logo que desembarcou, uma grande multidão se reuniu em redor dele. E um chefe da sinagoga, chamado Jairo, veio a seu encontro; e encontrando-o, atirou-se a seus pés, - e suplicava-lhe com grande sentimento dizendo-lhe: Tenho uma filha que está agonizando; vinde impor-lhe as mãos para curá-la e salvar-lhe a vida. 

Jesus foi com ele, e era seguido de grande multidão que o comprimia. 

Enquanto Jairo ainda falava, vieram pessoas que lhe eram subordinadas, as quais lhe disseram: Vossa filha está morta; por que quereis dar ao Mestre o incômodo de ir mais longe? 

- Porém Jesus, tendo ouvido tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temais, crede somente. - E a ninguém permitiu que o seguisse, exceto Pedro, Tiago e João irmão de Tiago. 

Chegados à casa desse chefe da sinagoga, viram um grupo confuso de pessoas que choravam e lançavam grandes gritos; - e entrando, disse-lhes: 

Por que fazeis tanto barulho, e por que chorais? 

Esta moça não está morta, ela apenas está adormecida. - E troçavam dele. tendo feito sair a todos, tomou o pai e a mãe e aqueles que com ele tinham vindo, e entrou no local onde estava deitada a moça. 

Tomou-a pela mão e disse-lhe: 
"Talitha cumi", isto é, minha filha, levanta-te, eu o ordeno. 

- No mesmo instante, a moça se levantou e pôs-se a andar; pois contava doze anos, e ficaram todos maravilhados e espantados. (S. Marcos, cap. V, vers. 21 a 43). 

É exatamente o argumento que os Espíritas opõem aos que atribuem ao demônio os bons conselhos que recebem dos Espíritos. O demônio agiria como um ladrão profissional que entregasse tudo quanto roubou, e exortasse os outros ladrões a se tornarem pessoas honestas. 

RESSURREIÇÃO DA FILHA DE JAIRO



"Enquanto assim lhes falava, veio um chefe da sinagoga e adorava-o, dizendo: Neste momento acaba de expirar minha filha; mas vem, põe tua mão sobre ela e levantando-se, o foi seguindo com seus discípulos. "Quando Jesus chegou à casa do chefe da sinagoga, vendo os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço, disse: Retirai-vos, pois a menina não está morta, mas sim dormindo. E riam-se dele. Mas retirada a multidão, entrou Jesus, tomou a menina pela mão e ela se levantou. E a fama deste fato correu por toda aquela terra. " (Mateus, IX, 18-19 e 23-26)

"Tendo Jesus voltado na barca para o outro lado, afluiu para ele uma grande multidão, e ele estava à beira do mar. Chegou-se a ele um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo; e vendo-o lançou-se-lhe aos pés e rogou-lhe com instância, dizendo: Minha filhinha está a expirar; suplico-te que venhas pôr as mãos sobre ela, para que sare e viva. Jesus foi com ele. E uma grande multidão seguiu-o e apertava-o.

"Ele ainda falava quando vieram pessoas da casa do chefe da sinagoga, dizendo a este: Tua filha já morreu; por que incomodas mais o Mestre? Jesus, sem atender a estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Tendo eles chegado à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço e os que choravam e faziam grande pranto; e tendo entrado disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não está morta, mas
 sim dormindo. E riam-se dele. Tendo, porém, feito sair a todos, ele tomou consigo o pai e a mãe da menina e os que com ele vieram e entrou onde estava a menina.
E tomando-a pela mão, disse-lhe: "Talita cumi", que quer dizer: "Menina, eu te digo, levanta-te". Imediatamente ela se levantou e começou a andar; pois tinha doze anos. Então eles ficaram sobremaneira admirados. E Jesus recomendou-lhes expressamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer. " (Marcos, V, 22 a 24; 35-43) '''Quando regressou, foi Jesus bem recebido pelo povo e todos o esperavam. E veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se aos pés de Jesus, suplicou-lhe que chegasse à sua casa, porque tinha uma única filha, de cerca de 12 anos, que estava à morte. Enquanto ele ia, a multidão o apertava.

"Quando ele ainda falava, veio uma pessoa da casa do chefe da sinagoga, dizendo a este: Tua filha morreu, não incomodes mais o Mestre. Ouvindo isto, disse-lhe Jesus: Não temas, crê somente e ela será salva. Tendo chegado à casa, não permitiu que ninguém entrasse com ele, senão Pedro, João e Tiago e o pai e a mãe da menina. Todos choravam e a pranteavam. Mas ele disse: Não choreis, ela não está morta, mas sim dormindo. E riam-se dele, porque sabiam que ela estava morta. Porém ele, tomando-a pela mão, disse em voz alta: Menina, levanta-te. E voltou o seu espírito, e ela se levantou imediatamente, e ele mandou que lhe dessem de comer. "Seus pais encheram-se de pasmor; e ele lhes advertiu que a ninguém contassem o que havia acontecido. " (Lucas, VIII, 41-42; 49-56)

É este um caso característico de catalepsia, ou síncope, acidente muito comum naquele tempo e que era recebido como a morte, tanto assim que, sem curarem os pacientes, enterravam-nos imediatamente. Quantas dolorosas provações houve naquela época, justamente pelo fato de não se tomar precaução alguma antes de enterrar um corpo! 
No capítulo V dos Atos dos Apóstolos, vemos o enterro imediato de Ananias e Safira, sua mulher, sem nenhum exame.

Qualquer ataque que não cessasse imediatamente, entorpecesse a inteligência e aparentasse rigidez dos membros, era sinal de morte, e a inumação era imediata. O Mestre, não há dúvida, portanto, ressuscitou a filha de Jairo porque, se não chegasse a tempo, ela iria para a sepultura imediatamente e então morreria. Na casa já estavam os flautistas, as carpideiras e a multidão em alvoroço e algazarra para acompanhar o enterro. Mas como se deu a cura?

Não é difícil explicar pelo Espiritismo. A morte é a separação da alma do corpo, devido à deficiência do fluido vital. Assim, nos casos de síncope e catalepsia, há desequilíbrio do fluido vital. Jesus, conhecedor das leis dos fluidos e da natureza humana, pelo seu amplo poder magnético, preencheu a deficiência do fluido na menina, deficiência que proibia o espírito de agir naturalmente sobre o corpo; equilibrando esse fluido por todo o organismo, restituiu a saúde à paciente; ela pôde tomar posse do seu corpo.

Allan Kardec trata magistralmente desses casos e não deixaremos de lembrar as palavras do Mestre, quando tratarmos da "ressurreição de Lázaro". O que interessa agora não é o lado científico da cura, mas o lado moral; o quanto pode fazer aquele que tem conhecimentos e tem fé, aquele que se dedica ao bem do próximo.

Se Jesus fosse sectário e mercador, não iria à casa de Jairo, pois este era sacerdote fariseu, contrário à sua Doutrina; ou então iria com intenções de mercancia, o que desdouraria a sua missão. Demais, Ele quis mostrar que a Religião não é museu nem teatro, aonde se vai ver o que prende a nossa curiosidade, ou ouvir o que nos deleita . A Religião é o exercício do Bem em todos os sentidos, material, moral e espiritual.
Ele quis dar essa lição a Jairo e aos seus companheiros; na mesma ocasião em que fazia um benefício à filha daquele sacerdote, proporcionava a consolação, a alegria ao próprio sacerdote e ensinava aos "flautistas", às "carpideiras" que entoar cânticos, fazer alvoroço, exclamar lamentações, chorar e prantear, nada vale. O que teve valor nesse caso foi o benefício, foi a ação de misericórdia, de caridade, de benevolência, como sói acontecer em todos os casos em que se teme a morte do corpo e a morte do espírito pelo desvio dos preceitos cristãos.

A palavra de Jesus: "Menina, levanta-te", foi o que beneficiou a todos, e não o alarido, os risos sardônicos e estúpidos, da caterva que rodeava a pretensa "defunta". Outra lição aprendemos: nos momentos difíceis da vida, é preciso voltar os olhos para os céus e chamar a Jesus. Temos este exemplo em Jairo, que não confiou no seu sacerdócio, na sua família, nos médicos da época, nem na multidão que se apinhou em sua casa.

Precisamos fazer mais uma consideração: afastar a plebe ignara que costuma rodear os leitos de enfermos e sobretudo mortuários. Selecionar o mais possível as gentes que afluem em semelhantes casos, e deixar o resto ao cuidado de Jesus, que nos enviará somente os seus emissários de faculdades idênticas às de Pedro, Tiago e João. Lembremo-nos sempre de que no quarto onde a menina estava "morta", para que se pudesse efetuar a "ressurreição", o Mestre somente permitiu a permanência do pai e da mãe da paciente, alem da dos três discípulos referidos.

É o que nos ensina este Evangelho. Não abordamos o trecho da "Cura da mulher hemorrágica" por já havermos feito considerações sobre o mesmo no livro Parábolas e Ensinos de Jesus, que recomendamos aos estudiosos.
Cairbar Schutel

Falsas Alegações

" QUE TENHO EU CONTIGO, JESUS, FILHO DE DEUS ALTÍSSIMO? PEÇO-TE QUE NÃO ME ATORMENTES." - (Lucas, 8:28)




O caso do Espírito perturbado que sentiu a aproximação de Jesus, recebendo-lhe a presença com furiosas indagações, apresenta muitos aspectos dignos de estudo.

A circunstância de suplicar ao Divino Mestre que não o atormentasse requer muita atenção por parte dos discípulos sinceros.

Quem poderá supor o Cristo capaz de infligir tormentos a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade ignorante e perversa que, nos íntimos desvarios, muito já padecia por si mesma. A vizinhança do Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martírio da própria consciência, atolada num pântano de crimes e defecções tenebrosas. A luz castigava-lhe as trevas interiores e revelava-lhe a nudez dolorosa e digna de comiseração.

O quadro é muito significativo para quantos fogem das verdades religiosas da vida, categorizando-lhe o conteúdo à conta de amargo elixir de angústia e sofrimento. Esses espíritos indiferentes e gozadores costumam afirmar que os serviços da fé alagam o caminho de lágrimas, enevoando o coração.

Tais afirmativas, no entanto, denunciam-nos. Em maior ou menor escala, são companheiros do irmão infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos.

Do livro: "PÃO NOSSO".

168 - TESTE

"Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti." (Marcos, 5:19.)

A exortação de Cristo ao obsidiado, restituído ao próprio equilíbrio, dá que pensar. Jesus, inicialmente, não lhe permite acompanhá-lo, no apostolado das Boas Novas, alardeando, de público, a alegria de que se vê possuído. Ao invés de júbilos antecipados, recomenda-lhe o retorno ao ambiente caseiro, para revelar aos familiares os benefícios de que se fizera depositário, ante a Providência Divina.

Indiscutivelmente, com semelhante lição, impele-nos o Senhor a reconhecer que é no circulo mais íntimo, seja no lar ou na profissão, que nos cabe patentear a solidez das virtudes adquiridas. Isso porque anunciar princípios superiores, através da aplicação prática à renovação e ao aperfeiçoamento que nos impõem, diante daqueles que nos conhecem as deficiências e falhas, é a fórmula verdadeira de testar a nossa capacidade de veiculá-los, com êxito, em plano mais vasto e mais elevado.

A indicação não deixa dúvidas.

Se já nos aproximamos do Cristo, assimilando-lhes as mensagens de vida eterna, procuremos comunicá-las, pelo idioma do exemplo, primeiramente aos nossos, aos que nos compartilham as maneiras e os hábitos, as dificuldades e as alegrias. Se aprovados na escola doméstica, onde somos mais rigorosamente policiados, quanto ao aproveitamento real dos ensinamentos nobilitantes que admitimos e apregoamos, decerto que nos acharemos francamente habilitados para o testemunho do Senhor, junto da Humanidade, nossa família maior.

167 - LEGIÃO

"E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele:
Legião é o meu nome, porque somos muitos."
(Marcos, 5:9.)

Consciências oneradas em culpas e desacertos de numerosas reencarnações, ser-nos-á justo ponderar a resposta do espírito conturbado e infeliz à pergunta do Mestre.
"Legião é o meu nome, — disse ele, — porque somos muitos."
Iniludivelmente, ainda hoje, em nos aproximando do Senhor, reconhecemo-nos, não
apenas afinados com vários grupos de companheiros tão devedores quanto nós, mas
igualmente em lamentável dispersão íntima, qual se encerrássemos um feixe de
personalidades contraditórias entre si.
Ao contato das lições de Jesus, é que, habitualmente, nos vemos versáteis e
contraproducentes, qual ainda somos...Acreditamos na força da verdade, experimentando
sérios obstáculos para largar a mentira; ensinamos beneficência, vinculados a profundo
egoísmo; destacamos os méritos do sacrifício pela felicidade alheia, agarrados a
vantagens pessoais;manejamos brandura em se tratando de avisos para os outros e
estadeamos cólera imprevista se alguém nos causa prejuízo ligeiro; proclamamos a
necessidade do espírito de serviço, reservando ao próximo tarefas desagradáveis;
pelejamos pela paz nos lares vizinhos, fugindo de garantir a tranqüilidade na própria casa;
queremos que o irmão ignore os golpes do mal que lhe estraçalham a existência e
estamos prontos a reclamar contra a alfinetada que nos fira de leve; salientamos o
acatamento que se deve aos Desígnios Divinos e pompeamos exigências disparatadas,
em se apresentando o menor de nossos caprichos.
Sim, de modo geral, somos individualmente, diante de Jesus, a legião dos erros que já
cometemos no pretérito e dos erros que cultivamos no presente, dos erros que
assimilamos e dos erros que aprovamos para nos acomodarmos às situações que nos
favoreçam.

QUE TEMOS COM O CRISTO?


 

"Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus." (Marcos, 1,24)
 
Grande erro supor que o Divino Mestre houvesse terminado o serviço ativo, no Calvário.

Jesus continua caminhando em todas as direções do mundo; seu Evangelho redentor vai triunfando, palmo a palmo, no terreno dos corações.

Semelhante circunstância deve ser lembrada porque também os Espíritos maléficos tentam repelir o Senhor diariamente.

Refere-se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam do corpo da criatura. Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem dominando vastos organismos do mundo.

Na edificação da política, erguida para manter os princípios da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio, formado para estabelecer a fraternidade, aparece com os apelidos de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância sectária.

Não somente o corpo da criatura humana padece obsessão de Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito mais.

E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e organizações indagam com pressa: que temos com Cristo? Que temos a ver com a vida espiritual?

É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico, vestido de túnicas brilhantes da falsa ciência.

Emmanuel
Do livro Caminho, Verdade e Vida
Psicografia de Chico Xavier