terça-feira, 25 de junho de 2013

Tiro e Sidon - Veja no mapa

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Obsessão nos Evangelhos

"E quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o encontrando, diz: Tornarei para minha casa, aonde saí.   E chegando, acha-a varrida e adornada.  Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele entrando, habitam ali, e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."  Lucas,11:24-26
Os versículos evangélicos que ensinam esta página, são decisivos da convocação dessa assertiva, representando uma ilustração típica feita por Jesus-Cristosobre os casos de obsessão: Um espírito_obsessor foi afastado de um homem e levado para o umbral ou para um plano_espiritual compatível com seu estado vibratório. Andando por lá e não achando consolo, decidiu-se a voltar para as proximidades da criatura de quem foi afastado. Ali chegando, notou com surpresa, que o antigo perseguido não havia se moralizado, não havia tomado nova diretriz e permanecia distanciado do Bem, deixando, como decorrência, a porta aberta para a volta do perseguidor. Este, por sua vez, não contentou em voltar sozinho; foi e arranjou sete espíritos piores do que ele. Sob a influência dessa legião do mal, o estado do antigo perseguido se agravou, tornando-se muito pior do que antes.
Em Lucas, 8:2, observamos que "algumas mulheres foram curadas de espíritos malignos e enfermidades, dentre elas Maria Madalena, de quem o Mestre expeliu sete espíritos imundos";
Marcos, 5:7-9, relata que um homem Gadareno vivia assediado por espíritos obsessores. Quando Jesus se aproximou dele, passou a clamar com grande voz: "que tenho eu contigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes." O Mestre, após ordenar que o espírito imundo saísse do homem, perguntou-lhe: "Qual é o teu nome? E ele respondeu, dizendo: Legião é o meu nome; porque somos muitos.
Segundo a descrição de Lucas, 9:38-42, um homem que tinha um filho atormentado por espírito maligno, dirigindo-se ao Messias, pediu: "Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho. Eis que um espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça, até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não o puderam. E Jesus, respondendo, disse: ö geração incrédula e perversa! até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho. E quando vinha chegando, o espírito o derribou e convulsionou; porém Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino."
E na II Epístola aos Coríntios, 12:7-8, quando Paulo afirma: "E para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de "satanás" para me esbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim."
Os casos de Maria Madalena e do Possesso Gadareno se enquadram melhor no ensinamento que serve de tópico para está página. É obvio que Madalena para ter chegado ao ponto de ter sete espíritos obsessores atormentando-a como autêntica legião, deve ter passado pelas fases mais brandas da obsessão, quando o obsediado recebe toda a sorte de advertências e amparo espirituais ( é a fase quando o espírito imundo tem saído, anda por lugares secos, buscando repouso). Dando de ombros a esses avisos salutares, o obsediado entra na fase mais aguda (quando o espírito achando a casa varrida e adornada, vai e leva consigo outros espíritos piores do que ele).
Existem muitos outros casos nos Evangelhos, tais como o do servo do centurião, da filha da mulher Cananéia, da mulher paralítica, descrita em Lucas 13:10-17, sem falar no assédio dos espíritos inferiores no sentido de que os apóstolos Pedro e Paulo fossem frustrados em suas missões, conforme narrações contidas em Lucas, 22:31-34: Disse Jesus a Pedro: "Simão, Simão, os espíritos das trevas vos pediram para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos."
As páginas dos Evangelhos estão repletas de passagens as obsessões espirituais, sobejamente abordadas nas obras básicas do espiritismo.
Fontes:
www.guia.heu.nom.br.
O Clarim Nº 15 de novembro de 1971
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/obsessao/as-obse...
Paulo Alves de Godoy

SOLICITAÇÕES MATERNAIS

SOLICITAÇÕES MATERNAIS

Artigo publicado no jornal Unificação - Ano XIII - Maio de 1965 - Número 146

E eis que uma mulher Cananéia que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.”.
Mas ele não respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a que vem gritando atrás de nós.
E ele respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
Então chegou ela e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me.
Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-los aos cachorrinhos.
E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
Então, respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé, seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde àquela hora a sua filha ficou sã.
(Mateus, 15:22-28).

Então se aproximou dele à mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o, e fazendo-lhe um pedido.
E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua esquerda e outro à tua direita, no teu reino.
Jesus, porém, respondendo, disse: não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu hei de beber e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?
Dizem-lhes eles podemos.
Na verdade bebereis o cálice que eu tenho de beber, porém, o assentar-se à minha esquerda ou à direita, somente ao Pai Celestial cabe designar.
(Mateus, 15:22-28).

Enquanto a primeira passagem evangélica, acima descrita, revela a exuberância do amor materno, numa autêntica explosão de fé viva, a segunda nos propicia também uma efusiva demonstração de amor maternal, porém eivada de sentimentos egoísticos, pois, enquanto a mulher Cananéia ambicionava meramente a cura de sua filhinha, a mãe de Tiago e João almejava ver seus dois filhos em situação de proeminência, ainda que fosse em detrimento dos demais apóstolos.
A mãe Cananéia suplica, com o coração transbordante de humildade, a libertação de sua filhinha que jazia subjugada a espíritos trevosos, merecendo do Cristo inequívoca demonstração de apreço pela firmeza de sua convicção e o subseqüente atendimento à sua angustiosa solicitação.
A mulher de Zebedeu, embora fosse a progenitora de dois dos mais destacados apóstolos de Jesus, mereceu como réplica à sua solicitação, um vislumbre da responsabilidade que um pedido daquela natureza envolvia e uma negação tácita ao atendimento do seu desejo.
O Mestre havia sido enviado “às ovelhas desgarradas da casa de Israel”, pois, o povo judeu era o único que esposava, naqueles tempos, idéias monoteístas e vinha sendo convenientemente preparado no decurso de vários séculos, e através da ação ininterrupta dos profetas, para receber em seu seio o tão esperado Messias.
A missão de Jesus, conseqüentemente, embora tivesse um cunho universal e amplo, sem qualquer espécie de limitação, deveria ser e realmente foi, desenvolvida exclusivamente no âmbito do povo hebreu. O Nazareno não se dedicou particularmente às outras comunidades, pois, em apenas três anos de Messiado não poderia abranger maior área de ação e estava implícito nos propósitos do Alto suscitar, pouco mais tarde, o Apóstolo Paulo para levar as palavras da Boa Nova a todas as nações.
Procurado pela mulher Cananéia, Jesus teve a oportunidade de propiciar a seus apóstolos conspícua demonstração da amplitude do seu amor, atendendo a uma mulher estrangeira, fato que naquela altura não repercutia bem entre seus discípulos, os quais repudiavam quaisquer contactos com os chamados gentios. A cura assim operada teve o mérito de demonstrar que para Jesus não havia preconceitos nem zelos infundados.
Mãe não é aquela que abandona ou mata seu filhinho. Ser mãe, no dizer do poeta, “é sofrer num paraíso”, é ser dócil, meiga, dedicada, disposta a todos os sacrifícios. Maternidade significa pôr em prática a lei divina, da qual o Messias foi à máxima expressão.
Os direitos do nosso próximo começam onde terminam os nossos. O gesto da mãe de Tiago e João, embora, eivado de egoísmo, tinha a sustentá-lo o mais puro amor de mãe, pois ela, numa atitude talvez impensada, procurava uma situação de relevo para seus filhos, sem saber quais os qualificativos exigidos e sem cogitar do quanto isso afetaria os direitos do próximo.
Os dois apóstolos, subjugados pelo império da carne, estavam longe de pensar que o cálice que o Cristo afirmara ter que tragar, era o drama do Calvário, daí a pronta resposta: também poderemos tragá-lo. No, entretanto, segundo afirmam os Evangelhos, todos os discípulos do Mestre o abandonaram quando Judas o entregou aos soldados.
Consoante a predição do Mestre, aqueles dois apóstolos também beberiam do cálice, como de fato beberam, pois Tiago foi mais tarde passado a fio de espada por ordem de Herodes, e João Evangelista pereceu depois de prolongado exílio na Ilha de Patmos. Porém, o assentar-se à sua esquerda ou à sua direita era parte dos desígnios do Pai Celestial.
Jesus, referindo-se a João Batista, afirmou categórico: “João é o maior dentre os nascidos de mulher, mas, no reino dos Céus, o menor que ali existe é maior que ele”. Se estivesse no Cristo designar quem assentar-se-ia à sua direita ou à sua esquerda, é obvio que João Batista teria prioridade por ser espiritualmente maior que João Evangelista e Tiago, entretanto, se no Reino dos Céus o menor que ali existe é ainda maior que João Batista, deriva-se que outros teriam prioridade no gozo daquele privilégio.

JESUS CURA OBSIDIADA DE CANANEIA

JESUS CURA OBSIDIADA DE CANANEIA+

                                                                    Severino Barbos


                                           FOLHEANDO O EVANGELHO DE MATEUS (cap.15:21-28) encontramos a narrativa de que o Cristo, em suas costumeiras andanças pelas regiões de Tiro e Sídon, fora abordado por uma mulher de Cananéia, pequena cidade da Galiléia.

                                         REVELANDO NO SEMBLANTE intensa aflição, passou à frente de todos e, de forma um tanto assustadora, dirigiu-se diretamente ao Mestre, pedindo-lhe em altos brados:”Senhor, filho de David,tem piedade de mim; minha filha está sendo cruelmente atormentada pelo demônio”.,

                                       AO OUVIR A PERSISTENTE E INCÔMODA ROGATIVA, Jesus não lhe repostou. Os discípulos, já demonstrando uma certa inquietação, solicitaram que seu Mestre a atendesse para que  não continuasse insistindo e gritando ao encalço deles.

                                      EM ATENÇÃO aos seus diletos auxiliares,Ele replicou dizendo que foi mandado para as ovelhas perdidas da casa de Israel.Ao ouvir tal resposta, a cananeiana, ao invés de recuar, parece até que se sentiu mais estimulada. Aproximou-se ansiosa e dobrou o pedido de socorro,demonstrando sublime veneração ao seu Senhor. E o Mestre, então,percebendo a grande fé da pedinte, com ela dialogou:”Não convém pegar do pão dos filhos e dá-lo aos cães”. Ela replicou:”Sim, Senhor; mas, os cãezinhos comem ao menos as migalhas que caem das mesas de seus amos”. –Encerrando, disse-lhe Jesus:”Mulher, grande é a tua fé; seja-te feito como desejas”.

                                   CONTA-NOS O EVANGELISTA que, no mesmo instante,a filha da cananeiana ficou completamente curada.

                                  A JOVEM obsidiada e filha da mulher de Cananéia, há bastante tempo sofria o assédio de Espíritos desequilibrados.E, devido à grave obsessão de que era vítima, seu comportamento, costumes e hábitos eram bastante diferenciados em relação aos das pessoas normais:nudez,dormidaprecária,, rara higiene,alimentaçãoescassa e poucofrequente.ALÉM DISSO,suas faculdades mentais foram seriamente afetadas pelos fluídos de suas companhias invisíveis.ENFIM, na concepção dos materialistas daquela época, ela não passava de uma perigosa endemoniada..

                                                       COM CERTEZA, uma vez que o problema obsessivo havia tomado rumo gravíssimo e aparentemente sem solução, é bem possível que a família já houvesse recorrido à Medicina daqueles velhos tempos, para tratamento e cura da jovem lunática.MAS, sem nenhum êxito..Porque, como sempre, as doenças da alma, sobretudo  os casos específicos de influenciações espirituais não são curados com remédios de farmácia, nem tampouco com os recursos utilizados pela medicina convencional.Por isso mesmo OS ESCULÁPIOS, de forma geral,não estão preparados (porque não estudaram) para cuidarem dos desequilíbrios causados por criaturas enfermas que habitam no mundo Invisível. Falta-lhes competência para tal finalidade.PORQUE, muitas vezes, os médicos são bloqueados pelos nocivos preconceitos profissionais, científicos e sociais. Esses motivos também existiam na época do Cristo.

                                                       POIS BEM!, Provavelmente, depois de desenganada pela Medicina e tratamentos alternativos de então,foi que a mulher de Cananéia decidiu, como última alternativa, recorrer à medicina espiritual tão bem representada por Jesus de Nazaré.

                                                      CERTAMENTE, IMENSA FOI A ALEGRIA da mulher cananeiana ao  encontrar  sua filha em casa desfrutando do uso e gozo da razão E note-se que, para o restabelecimento das faculdades mentais da jovem obsidiada, Jesus não precisou se deslocar para seu lar, mas tão-somente ordenar, por pensamento, que o Espírito perseguidor se afastasse, no que foi imediatamente obedecido. E, assim, a subjugada, mediante a ação direta do Cristo, fora liberta, de forma definitiva, de cruel obsessão.

                                                    A NARRATIVA do evangelista Mateus e objeto destes comentários, suscita alguns raciocínios. SENÃO, VEJAMOS. OBSERVE-SE que Jesus ao ser procurado pela generosa mulher e genitora da jovem obsidiada, inicialmente demonstrou      desinteresse pelo caso, até que disse “não fui mandado senão para as ovelhas perdidas da casa de Israel”. OU SEJA:que veio ensinar a verdade aos ignorantes de boa-fé e, aos de boa-vontade, a prática do bem. E acrescentou que não adiantaria dar aos cães o pão que seria dos filhos. Assim, que interpretação poder-se-ia apresentar sobre tais expressões, aparentemente incompreensíveis?

                                         PARECE MESMO QUE O MESTRE, em sua resposta, revelou radicalismo e parcialidade, querendo insinuar que a Mensagem do Cristianismo veio com exclusividade para os apóstolos,discípulos indiretos e demais seguidores da doutrina cristã. Os quais, simbolicamente, representavam os “filhos”. Já os “cães”, dentro da mesma simbologia evangélica, significavam os Gentios, ou seja, todos aqueles que adoravam imagens, ou mais propriamente as pessoas adeptas do Paganismo
                                     
                                       RESSALTE-SE, POIS, que a mulher  de Cananéia não era judia, mas de nacionalidade siro-fenícia e,acima de tudo, pagã. COMO GENTIA,  adorava os deuses mitológicos. E diferentemente dos judeus, ela nem tinha crença no Judaísmo, nem era cristã. DESSE MODO,  como não possuísse,ainda, nenhuma   definição religiosa, auto-julgava-se “cãezinho”.Essa auto-avaliação levou-a à réplica com Jesus:”Sim,Senhor;mas, os cãezinhos comem ao menos as migalhas que caem das mesas de seus amos”. Com esse argumento, portanto,ela conquistou a simpatia do Mestre, que a considerou possuidora de invejável poder de fé.

                                                  JESUS DE NAZARÉ, atendendo às súplicas da mulher cananeiana, recuperando a saúde espiritual de sua filha, há muito atormentada por Espíritos inimigos,quis dizer particularmente aos judeus e,extensivamente a todos os homens, que, independentemente de toda e qualquer crença religiosa, a fé viva e ativa nos poderes celestiais é capaz de obrar verdadeiros “milagres”. E aqueles que a possuem, trazem dentro de si mesmos, forças e poderes espirituais capazes de realizar coisas acima da pobre imaginação humana.

                                          A MULHER  CANANEIANA ESBANJAVA ESSA FÉ.  E, embora não conhecesse Jesus pessoalmente, nem tão-pouco seus discípulos ,porque  não vivia em Jerusalém, a velha capital da Palestina, ela já ouvia as boas notícias sobre as benesses espirituais espalhadas peloMestre, por onde Ele passava. E auto-motivada pela firme confiança, armazenada pouco a pouco,pelas informações,decidiu-se ir ao seu encontrro e, sem a mínima vacilação,PEDIR-LHE E OBTER  A CURA DE SUA FILHA, mesmo consciente da sua condição de “cães”, ou seja, pagã, porque não era cristã e muito menos adepta do Judaísmo, religião oficial dos judeus.

                                       TODAVIA, com as luzes que hoje nos trás a Doutrina Espírita, sobretudo na interpretação do Evangelho, em espírito e verdade, sabemos que não foi tão-somente o fator FÉ que curou a jovem obsidiada  de Cananéia.PORQUE, na época, diversos necessitados mais graves e com maior poder de fé recorreram ao Cristo e não obtiveram sucesso. APENAS RECEBERAM palavras confortadoras e LENITIVO PARA SEUS MALES..

                                     ESSE OUTRO LADO da questão, naturalmente suscitaquestionamentos. Por que a jovem obsidiada recebeu a cura,enquanto que outros, talvez mais precisados, não obtiveram? Por que essa injusta discriminação? Por que JESUS DE NAZARÉ, o justo entre os mais justos, concedeu graças e privilégios a uns e, a outros, NÃO?

                                   EM PRIMEIRO LUGAR, esclareça-se que o Mestre jamais fez concessões especiais através de graças e privilégios. Ele sempre se comportou dentro dos princípios da absoluta imparcialidade, obedecendo aos preceitos legais da LEI DE CAUSA E EFEITO, contida no Evangelho:”A cada um, segundo as suas obras”. EM SENDO ASSIM, todas as curas realizadas por Jesus, foram obtidas pelos necessitados por justo merecimento,porque suas dívidas espirituais já haviam sido pagas. Quitados os débitos, abrem-se espaços para o merecimento e a cura. PORTANTO, a cura da filha  da mulher de Cananéia, entre os outros casos, enquadrada-se perfeitamente na lista dos merecimentos, por cessação de provas.

                                POR OUTRO LADO, já todos aqueles que, mesmo possuindo robusta fé, não obtiveram curas, certamente convinha ao seu progresso espiritual continuarem com seus males em forma de provas e expiações, com nomes de loucura por obsessão, paralisia parcial ou total, surdez-mudez, lepra, cegueira e resgates assemelhados.Nesses casos, o Mestre não podia descumprir às Leis Divinas.

                               JESUS APROVEITOU o ensejo da cura da jovem “endemoniada” (obsidiada) para apresentar ao mundo pagão e ao Judaísmo,a mulher de Cananéia como autêntico modelo de fé, coragem e perseverança. ASSIM,  para ir ao encontro do Benfeitor de sua amada filha, ela o fez com invejável estoicismo. Permitiu-se incendiar pela fé viva que nutria pelo Cristo e soube desafiar o orgulho próprio de ser pagã e afrontar os preconceitos sociais e religiosos dos judeus

                                         É INTERESSANTE CONSIGNAR, pois, que acima de qualquer crença religiosa, foi ela quem externou maior exemplo de fé nos poderes espirituais de Jesus, mesmo antes de conhece-LO pessoalmente.

                                       PORTANTO, a mulher de Cananéia, em sua época, teve destaque especial na História do Cristianismo Primitivo, como a DAMA DA FÉ.
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A suplicante cananita

Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita - maio/2006

Era a terra dos povos cananeus. Para os israelitas, era gente muito afastada de Deus.

Muitos deuses ali eram adorados, multiplicando-se os templos aos deuses do Olimpo e às divindades de todos os povos: o velho Baal, da Mesopotâmia, Áton e Amon, do Nilo, Júpiter do Helesponto. Cibele, Astartéia, Tanit, Europa se fundiam. Os mistérios de Elêusis, vindos de Creta se misturavam aos mistérios de Ísis.

Foi para ali que se dirigiu Jesus, naquele momento em que se avizinhava a terceira Páscoa de Sua vida pública. A atmosfera estava carregada de nuvens pesadas. Na Judéia, os inimigos se encontravam à espreita de Jesus para O matar. Na Galiléia, os fariseus se mostravam escandalizados com as Suas palavras, que lhes desmascaravam a hipocrisia perante o povo.

Prudente, porque ainda não chegara a hora do sacrifício, o Mestre chama os discípulos e ruma a noroeste, seguindo o curso do Jordão, no sentido das suas nascentes.

Era uma jornada de 4 a 5 dias. As terras de Tiro e Sidon eram famosas em todo o império romano, como centros de manufatura de lãs, púrpura, tapizes raros e artigos de luxo de toda sorte.

Jesus e os doze adentram Tiro e passam junto aos templos do paganismo, que se erguem no meio dos bosques e no fundo de alamedas de cedro. Colunas de mármore se erguem, destacando-se da verdura. Soldados e camponeses trazem suas oferendas, mulheres portam nas mãos guirlandas de narcisos e rosas.

Os apóstolos olham com espanto aquilo tudo. Entreolham-se e cogitam, entre si, o que Jesus estará pensando de tudo aquilo.

Mas a fisionomia dEle está serena, impenetrável. Seus olhos límpidos atravessam os grupos de viandantes.

O sol vai se escondendo no mar à medida que eles adentram a cidade e, naquela noite, se abrigam em casa de um amigo do Senhor. Tapetes são estendidos no ladrilho para que eles possam dormir.

Os sons abafados dos rumores da noite chegam-lhes aos ouvidos, durante todo o tempo. Instrumentos de corda, vozes de mulheres entoando canções, tilintar de taças, algazarra de festas orgíacas.

A viagem deveria prosseguir pelas montanhas, até Sídon. Por que, indagam-se os dozes, Jesus os trouxera àquelas paragens, cujo ar contaminava os israelitas puros?

Quando a manhã desperta, eles se põem a caminho, na direção do rio Leontes. As narrativas dos biógrafos de Jesus, Marcos e Mateus, informam que mal haviam transposto as portas da cidade, quando uma mulher reconheceu o Mestre de Nazaré e gritou:

Senhor! Filho de David! Tem misericórdia de mim! Minha filha está tomada por um demônio.

Alguns dos que compõem a caravana se voltam. Ela o denomina Filho de David, designação usual que os judeus davam ao Messias prometido, pois que, segundo os profetas, nasceria do ramo davídico.

Seria uma descendente de Israel ou uma estrangeira? Que importava? Aquela era uma terra de gentios, de deuses estranhos e costumes bárbaros, no entender daqueles homens.

Não lhe dão atenção. E Jesus parece não ouvir o apelo. Prossegue Sua caminhada, sem Se voltar.

A mulher não desiste. Eleva mais a voz e corre atrás do grupo que se afasta, a passos largos:

Senhor! Cura minha filha! Tem misericórdia de mim!

O Amor não amado prossegue silencioso. Os gritos parecem perturbar os discípulos, embora não lhe toquem os corações.

Senhor, é uma siro-fenícia. Manda-a embora porque vem gritando atrás de nós.

Era estranha a atitude do Mestre, parecendo ignorar a aflição materna. Na sua aparente indiferença, esperava que o coração dos companheiros fosse tocado. Esperava que eles intercedessem pela sofredora. Inútil.

Mestre! Mestre! - prossegue ela gritando. A sua insistência desafia o silêncio.

Os apóstolos tornam a pedir a Jesus que a despeça, que a mande embora. Ela os incomoda, perturba, mas eles não desejam tomar atitude alguma. Aguardam que o líder o faça.

Ele se detém e Sua voz soa enérgica, embora doce e piedosa:

Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.

Seria ela uma das ovelhas? Ou desejaria ainda uma vez demover os corações dos discípulos à piedade? Agora que Ele se deteve, ela se arroja a Seus pés, beija-lhe a orla da túnica e insiste, num grande pranto:

Senhor! Socorre-me.

Mentalmente, ela recua no tempo. A desventura de há muito lhe tomara a felicidade, o esposo, os amigos. Sua filha era o único tesouro, fortuna pela qual ela lutaria o quanto se fizesse necessário.

Não é justo, diz Jesus, pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.

A mensagem é mais dirigida àqueles que O seguem de perto. Cães eram denominados os que não participavam do povo israelita. A imagem é amenizada pelo diminutivo, na frase do Nazareno.

O pão simbolizava o favor que a cananéia vinha implorando com tanta insistência.

Ela não se dá por vencida. Irá até aos confins da Terra para conseguir o que intenta. Sua filha precisa das graças Daquele homem. E responde com uma lógica admirável, com uma surpreendente agudeza de espírito:

Decerto, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos filhos.

Ele desejara lecionar aos discípulos o poder da humildade. Exultante com a firmeza da mulher, com sua persistência, não lhe pergunta acerca da raça, nem da crença, não lhe censura o alarido. Antes, Se expressa com amor:

Mulher! Grande é a tua fé. Seja isso feito para contigo, como tu desejas.

A mulher, confiante, se vai, para encontrar refeita, em pleno gozo de saúde, a filha amada.

E, enquanto o grupo prossegue sua viagem, na direção de Sídon, o sol brilhando sobre o mar, as sementes da esperança que o Rabi depositara naquele coração se haveriam de transformar em lâmpada radiosa que a clarearia intimamente a vida inteira.

Os tempos empós, vezes multiplicadas, viriam narrar a história da mulher corajosa, de resposta engenhosa, plena de amor que não teme se humilhar, rogar, suplicar, contanto que sua filha possa viver em felicidade, livre das tormentas do espírito infeliz que a tomara.

É um exemplo de fé, de humilde e de desvelado amor materno.

Bibliografia:
1. FRANCO, Divaldo Pereira. A apelante cananita. In:___. As primícias do reino. Pelo espírito Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1967.
2. ROHDEN, Huberto. A mulher cananéia. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União Cultural. v. I, pt. 2,
cap. 71.
3. SALGADO, Plínio. A mulher cananéia. In:___. Vida de Jesus. 21. ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1978. cap. 45.
4. BÍBLIA, N.T. Mateus. Português. Bíblia Sagrada. 6. ed. São Paulo: PAULINAS, 1953. cap. 15, vers. 21 a 28.
5. ______. Marcos. Op. cit. cap. 7, vers. 28 a 30.

Uma Mulher Cananéia - Pastorino

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