sábado, 22 de janeiro de 2011

O Reino



José Argemiro da Silveira
De Ribeirão Preto-SP 

    “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” – Jesus.

    Em várias passagens do Evangelho Jesus acentua a importância do Reino de Deus, ou Reino dos Céus. Podemos considerar este ensino como sendo o tema central, a coluna mestra de sua Doutrina. “O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que procurava pérolas preciosas; descobriu uma pérola de grande valor, foi vender tudo que possuía e a comprou”. Em outro lugar: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo,foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo”J. Herculano Pires, filósofo e escritor espírita, escreveu um livro sobre “O Reino”, onde ele fala da tese do Reino. Diz ele: “A tese do Reino de Deus tem permanecido oculta nos Evangelhos, porque os homens insistem na tentativa de servir a dois senhores. Mas o anseio do Reino os arrasta cada vez mais à descoberta da tese”. Conquistar esse Reino significa o desabrochar das potencialidades do Espírito para compreender e viver de acordo com as Leis Divinas, ou seja, realizar a evolução espiritual. O Reino de Deus está em nós, afirmou o Mestre. Logo, para conquistá-lo não temos que buscá-lo fora, e sim trabalhar por despertar as potencialidades existentes em nosso íntimo. A medida que o ser evolui, passa a trabalhar para melhorar o meio em que vive.

    Diz Herculano: “Para obtermos um verdadeiro mundo de luz é necessário acendermos a luz nas almas. Esse é o primeiro tema da tese do Reino. Mas, se o mundo é o reflexo do homem, esse reflexo também condiciona o homem. Não basta melhorar apenas o homem; é necessário trabalhar para melhorar o meio onde esse homem vive. Assim, o segundo tema da tese do Reino é a modificação do meio. Ao mesmo tempo que acendemos a luz nas almas, temos de fazê-la brilhar no meio social. As almas iluminadas iluminam a sociedade, mas a sociedade iluminada deve iluminar as almas. Não podemos nos esquecer dessa reciprocidade”. E cita José Ingenieros: “Num meio em que todos rastejam, é difícil alguém andar em pé”.

    É preciso lutar para criar condições sociais adequadas ao aprimoramento do homem. Segundo Herculano, o terceiro tema da tese do Reino é o da escolaridade. “O Reino exige a preparação dos candidatos, exige escola. Os candidatos do Reino estão todos na escola da vida, mas é evidente que a maioria pertence às classes primárias”. A escola da vida são as tarefas confiadas a cada um, os deveres da profissão, da família, da vida social. Há sempre oportunidades para aprender e nos exercitarmos na vivência dos valores que nos levarão ao despertamento, a desenvolver as qualidades que estão em nós, ainda latentes. As religiões e escolas espiritualistas são processos pedagógicos, com seus diferentes métodos didáticos em desenvolvimento no Mundo. Muitas delas estão deturpadas, comprometidas com o homem velho de que falava Jesus, mas todas as criaturas humanas dispõem de recursos didáticos para auxiliarem os sistemas pedagógicos deficientes. Não só ensinar, mas acima de tudo dar o exemplo. Quem ensina aprende, e vice-versa. A escolaridade é então o processo da experiência. O quarto tema da tese do Reino é a obrigatoriedade, afirma J. Herculano. “Esse tema nos mostra que as almas obedecem a leis morais, como os corpos obedecem a leis físicas. Umas e outras são leis de Deus que nos conduzem obrigatoriamente para o Reino”. A palavra “obrigatoriedade” pode causar alguma estranheza, considerando a afirmativa de Paulo que “onde há o Espírito do Cristo aí há liberdade”. Mas o mesmo Paulo afirmou: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. Deus nos dá o livre-arbítrio, podemos fazer opções, escolher caminhos. Tudo nos é permitido, mas somos responsáveis pelas nossas escolhas. Daí o alerta de que “nem tudo nos convém”. O livre-arbítrio não colide com as leis divinas, pois ele mesmo é parte da Lei. Enquanto não nos enquadrarmos na Lei, não agirmos de acordo com ela, não vamos adiante, não progredimos. Portanto, para o Espírito evoluir, construir o Reino de Deus no seu íntimo, terá obrigatoriamente que observar os princípios éticos, as leis morais, assim como os corpos obedecem as leis físicas. Podemos agir em desacordo com a Lei, mas receberemos sempre resultados equivalentes às ações praticadas; somos responsáveis por tudo que fazemos.

    Nesses quatro temas temos um roteiro para trabalhar a nossa evolução espiritual, ou seja, edificar, paulatinamente, o Reino dos Céus em nosso íntimo. Esta é a meta de nossas vidas, o caminho da felicidade que todos buscamos.

Bibliografia: 
Pires, j. Herculano – O Reino – Editora: EDICEL.

Fonte: Verdade e Luz, edição nº 245 - Junho de 2006 

O REINO DOS CÉUS



"Eis que o Reino de Deus está entre vós." (Lucas, 17:21)
O Espiritismo nos ensina que o Reino dos Céus não existe como lugar confinado, como mansão de repouso ou plano de mera contemplação beatifica.
Jesus Cristo interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes: o Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: ei-lo aqui, ou, ei-lo ali, porqueeis que o Reinode Deus está entre nós.
Evidentemente, se um homem vive em paz com sua consciência, e é perseverante na observância dos ensinamentos evangélicos, estará vivendo num paraíso, Por outro lado, se alguém apenas pratica iniqüidade e reluta em palmilhar o caminho do bem, implicitamente estará vivendo num inferno.
A Doutrina Espírita proclama a existência de planos superiores, onde os Espíritos que desempenharam de modo satisfatório as suas tarefas na Terra, ou nas outras tantas moradas do Pai, desfrutam das bem-aventuranças próprias desses planos, as quais são outorgadas àqueles que souberam assimilar as leis de amor. lndubitavelmente esses lugares não são destinados à inação ou à contemplação estática.
Com o objetivo de legar aos seus pósteros alguns ensinos alusivos à edificação das almas e sua preparação para a vida futura, o Mestre teceu vários comentários e ensinou algumas parábolas que definem claramente como devemos conceber o tão decantado Reino dos Céus:
- o Reino de Deus é semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta, e cresceu, e fez-se grande hortaliça, e em seus ramos se aninharam as aves dos céus;
- o Reino de Deus é semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou;

O LIVRO DOS ESPÍRITOS - O REINO DOS CÉUS



1018. Em que sentido se devem entender as palavras do Cristo: “Meu reino não é deste mundo”?
— O Cristo respondeu em sentido figurado. Queria dizer que não reina senão sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em todos os lugares em que domine o amor do bem, mas os homens, ávidos das coisas deste mundo e ligados aos bens da Terra, não estão com ele.
1019. O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?
— O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons superarem os maus. Então eles farão reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem tiver banido daqui o orgulho e o egoísmo.
A transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento em que todos os homens progressistas estão se apressando. Ela se realizará pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração. Então os Espíritos dos maus, que a morte ceifa diariamente, e todos os que tendem a deter a marcha das coisas serão excluídos, porque estariam deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, cumprir missões penosas, nas quais poderão trabalhar pelo seu próprio adiantamento ao mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra transformada a sublime figura do Paraíso Perdido? E no homem que veio à Terra em condições semelhantes, trazendo em si os germes de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original ? Considerado dessa maneira, o pecado original se refere à natureza ainda imperfeita do homem que só é responsável por si mesmo e por suas próprias faltas, e não pelas dos seus pais.
Vós todos, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e com coragem na grande obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que tiverdes semeado. Infelizes dos que fecham os olhos à luz, pois preparam para si mesmos longos séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações que os gozos que tenham tido. Infelizes sobretudo dos egoístas, porque não encontrarão ninguém para os ajudara carregar o fardo das suas misérias. (São Luís.)

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UMA REALEZA TERRENA

UMA RAINHA DE FRANÇA

Havre, 1863


                8 – Quem poderia, melhor do que eu, compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: Meu reino não é deste mundo? O orgulho me perdeu sobre a Terra. Quem, pois, compreenderia o nada dos reinos do mundo, se eu não o compreendesse? O que foi que eu levei comigo, da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E como para tornar a lição mais terrível, ela não me acompanhou sequer até o túmulo! Rainha eu fui entre os homens, e rainha pensei chegar no Reino dos Céus. Mas que desilusão! E que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, tive de ver acima de mim, mas muito acima, homens que eu considerava pequeninos e os desprezava, por não terem nas veias um sangue nobre! Oh, só então compreendi a fatuidade dos homens e das grandezas que tão avidamente buscamos sobre a Terra!
                Para preparar um lugar nesse reino são necessárias à abnegação, a humildade, a caridade, a benevolência para com todos. Não se pergunta o que fostes, que posição ocupastes, mas o bem que fizestes, as lágrimas que enxugastes.
                Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao Céu, e os degraus do trono não levam até lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai, pois o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores!
                Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui não há ilusões, e logo eles se apercebem de que conquistaram apenas sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis , os únicos que lhes podem abrir as portas dessa morada.
                Tende piedade dos que não ganharam o Reino dos Céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo, é o traço de união entre o Céu e a Terra. Não o esqueçais!

O REINO DOS CÉUS



E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: o Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou ei-lo ali, porque eis que o Reino de Deus está entre vós. (Lucas, 17:20-21) E dizia: a que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei? E semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou em sua horta, e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. (Lucas, 13:18-19)

E disse outra vez: a que compararei o Reino de Deus? E semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou. (Lucas, 13.20-21) O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu, e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. (Mateus, 13:44) O Reino dos Céus é também semelhante a um homem negociante, que busca boas pérolas.
E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a . (Mateus, 13:45-46,) O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia, e, assentando-se, apanham para os cestos os bons, os ruins, porém, lançam fora. (Mateus, 13:47-48,)
Nos trechos evangélicos citados, o Mestre deixou bem evidenciado que o Reino dos Céus não existe como lugar confinado, como mansão de repouso eterno nem plano de estagnação, de inércia, ou de contemplação beatífica. Asseverando que o Reino dos Céus virá sem nenhuma demonstração exterior, e, ainda mais, que o tão almejado Reino está perenemente entre nós, Jesus definiu, de modo inequívoco, como deveremos concebê-lo.

E evidente que, se um indivíduo vive em paz com sua consciência e é perseverante na observação dos ensinamentos evangélicos, estará obviamente, vivendo num estado de paz, de serenidade. Por outro lado, se o indivíduo apenas pratica iniqüidades e reluta em seguir as veredas do Bem, estará implicitamente, vivendo num verdadeiro inferno.

O Espiritismo proclama a existência de Planos Superiores da Espiritualidade, onde os Espíritos que bem desempenharam o aprendizado nas "muitas moradas da Casa do Pai" desfrutam das bem-aventuranças peculiares àqueles que souberam assimilar os preceitos da Lei do Amor. Porém essas regiões elevadas não são destinadas à inação, ao descanso eterno ou à contemplação beatífica, tampouco para servirem de reduto aos violentos e aos conspurcadores das Leis de Deus.

No nobre intuito de revelar aos seus pósteros a premente necessidade da preparação das almas para a dignificante tarefa de alcançar o Reino dos Céus, o qual, no dizer de Jesus, só se conquista com as boas obras e não com a violência, o Mestre fez várias comparações concludentes em torno do verdadeiro sentido daquele tão decantado Reino. Nessas maravilhosas demonstrações, o Reino dos Céus foi apresentado sob vários prismas, girando em torno do mesmo significado.
Comparou-o, Jesus, ao grão de mostarda, que, apesar de ser uma das menores sementes, produz enorme vegetação; ao fermento que, mesmo em pequena quantidade, é capaz de levedar grande quantidade de massa; ao tesouro escondido que, quando é achado por um indivíduo, este vende tudo o que tem para poder adquiri-lo; a uma pérola de grande valor, que, quando achada, serve de incentivo para quem a descobriu vender tudo quanto tem, a fim de adquiri-la, e, finalmente, a uma rede lançada ao mar, que, apanhando grande quantidade de peixes, uns são lançados fora, como ruins, e outros guardados como bons.

A máxima "Buscai antes o Reino de Deus e sua justiça e tudo vos será acrescentado", por si só é suficiente para demonstrar que, abrindo o coração para que nele se aninhe o sentimento do Bem, a criatura humana, de uma forma simbólica, estará recebendo a pequena semente que se transformará em sentimentos empolgantes e de grande amplitude, a ponto de essa criatura sentir-se em íntimo contato com as entidades generosas e puras da Espiritualidade Superior, ou seja, do Mundo Maior, as quais, em perfeita similitude com as aves dos céus, dela aproximar-se-ao, atraídas pelos vários ramos da virtude que se irradia da sua alma.

Aquele que sentir em seu interior o despertar para as coisas de Deus, deverá desvencilhar-se de todas as imperfeições, abandonando, de vez, todos os impulsos menos edificantes. Nesse caso, deverá agir como aquele indivíduo que, encontrando um tesouro escondido, uma pérola de grande valor, decidiu despojar-se de tudo quanto tinha, para adquirir aquilo que considerava de maior valor. O Ser que pressentir, em sua alma, que as primícias do Reino dos Céus o estão bafejando com seus influxos, dada a circunstância de desejar palmilhar o caminho do Bem, deverá relegar para plano secundário os vícios, os maus pendores e as preocupações menos puras, a fim de possuir aquele Bem maior.

Fazendo analogia entre o Reino dos Céus e uma rede cheia de peixes, da qual o pescador separará os bons, dos ruins, os bons, guardando na cesta, e atirando de volta ao mar aqueles que foram considerados ruins, Jesus nos legou um ensinamento velado, do qual devemos subtrair o Espírito que vivifica.

O Reino dos Céus é para todos os filhos de Deus. A rede generosa, da qual o Cristo fala em seu ensinamento, é lançada para toda a Humanidade, indistintamente, assim como Deus faz a chuva beneficiar bons e maus e o Sol brilhar sobre justos e injustos. Muitos, porém, não dão guarida ao excesso de misericórdia do Pai Celestial e, quando ultrapassarem o limiar do túmulo, ocorrerá a separação descrita no Evangelho, simbolizada no levantamento da rede e a consequente separação dos peixes; aqueles que se compenetraram dos seus deveres e apenas praticaram o Bem, sem mistura de mal, entrarão no gozo da essência dignificante do Espírito, e aqueles que perverteram suas obrigações, que apenas deram guarida ao mal, serão relegados aos planos umbralinos — os planos terra-a-terra — onde os Espíritos ociosos e maldosos curtirão as dores oriundas de um dever não-cumprido, de uma tarefa fracassada. No dizer do Cristo tais criaturas serão relegadas ao local onde "haverá choros e ranger de dentes".

Quando alguém nos disser que o Reino dos Céus está ali ou acolá, não devemos dar crédito. O tão aspirado Reino está dentro de nós, e sua penetração em nosso coração se fará sem nenhuma manifestação exterior, ou seja, será pela simples prática das boas obras, conforme nos ensinou Jesus.

Paulo A. Godoy

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AULA PARÁBOLAS DE JESUS


PARÁBOLAS DE JESUS: Que Demonstram Como Deve Ser Comparado o Reinos do Céus
Parábolas:
Do Trigo e do Joio. Do Credor Incompassivo.
Do Festim das Bodas. Do Reino dos Céus.
Do Tesouro Escondido e da Pérola. Do Grão de Mostarda e do Fermento
Introdução
Parábola é a narrativa que sobre fatos comuns oculta, por comparação, realidades superiores. É uma narração em que fatos da vida servem de comparação a outros de sentido moral. Ela encerra sempre uma doutrina moral. Nela é preciso buscar a alegoria que representa a idéia espiritual. Há 2000 anos parábola (MÂSHÂL em aramaico) significava sentença ritmada em versos paralelos, ditado popular com suas máximas. Mas se destilava ao ensino oral de pai para filho.
Na Bíblia, encontram-se parábolas no Antigo e no Novo Testamento. Ficaram famosas as parábolas narradas por Jesus, que as empregou como meio didático de aprendizagem dos conceitos de sua Doutrina. JESUS servia-se de comparações com acontecimentos da vida comum; assim, tornava possível a memorização pelo povo, "porém tudo declarava em particular aos seus discípulos" (Mc 4:34).
Alguns interpretadores divergem no modo de agrupar e classificar as parábolas, o que não lhes diminui o valor.
Nas parábolas que se referem a que deve ser comparado o Reino dos Céus, essa expressão significa o "Reino de Deus". Jesus empregou tais expressões no sentido objetivo e no subjetivo. No sentido objetivo, designa o mundo exterior, e, então, significa os lugares felizes, que são os "mundos ditosos" e os "mundos celestes ou divinos". No sentido subjetivo, designa a paz da consciência, a paz interior, o coração sereno, a mente tranqüila. Portanto, nesse sentido, "o céu" está dentro de cada um.
Para melhor entender a parábola deve-se situar o tema, rememorando a passagem evangélica; esclarecer os termos dos usos e costumes da época; destacar o objetivo do ensino; desenvolver o tema atualizando-o e procurar fixar o ensino, salientando sua importância na vida prática.
1 - Parábola do Trigo e do Joio (Mt 13:24-30)
É também chamada "da cizânia", palavra esta que significa gramínea nociva, como o joio, que nasce junto ao trigo. Cizânia também significa rixa, desarmonia.
O tema central é que na Terra, o mal coexiste com o bem: os maus e os bons, os justos e injustos vivem conjuntamente. Todavía, chegará a hora propícia para a separação. "0 joio está para o trigo assim como o juizo humano está para as manifestações superiores", diz Cairbar Schutel.
O próprio Jesus explicou a parábola, conforme se lê nos versículos 36 a 43 desse capítulo 13 de Mateus. O que semeia a boa semente, o Filho do Homem, é Jesus. O campo é a Humanidade. A boa semente são os "filhos do reino", isto é, todos aqueles que se esforçam por serem seguidores dos ensinamentos divinos como tarefeiros dedicados preparando-se para o trabalho eterno. O joio (cizânia) são aqueles que ainda não se empenham para evoluírem espiritualmente. O "inimigo do homem" são os maus Espíritos que vêm perturbar, atormentar e obsediar os homens: simboliza também as tentações do mundo, que arrastam para a estrada larga dos vícios. O tema da ceifa, o ''fim do mundo", são as épocas de expurgos coletivos, quando o planeta é depurado dos elementos nocivos. Os anjos, ou segadores, são os Espíritos Superiores, Entidades de Luz, colaboradores de Jesus na tarefa de evolução espiritual da Humanidade.
Deus permite que os maus convivam com os bons para terem oportunidade de apressarem sua regeneração. Até mesmo porque muitos sãos maus por ignorância, por não terem tido educação. Assim, a extirpação de todos os maus ocasionaria a ceifa também desse tipo de maus, com evidente prejuízo para eles, porque lhes estaria sendo retirada a oportunidade de regenerarem-se. Diferem dos que são renitentes no mal pelo mal.
Em particular, a parábola aplica-se aos adeptos de qualquer religião, quando a cizânia cresce ao lado do bom trigo.
2 - Parábola do Credor Incompassivo (Mt 18:23-35) e (Mt 18:21-22)
Esta parábola é um exemplo ilustrativo do perdão das ofensas . Naquele tempo era permitido ao credor prender o devedor, forçá-lo trabalhar e até vende-lo, para receber seu crédito. E se a quantia apurada não fosse suficiente para resgatar a dívida, era permitido também vender a mulher e os filhos do devedor.
O primeiro servo era devedor, ao seu senhor, de dez mil talentos, uma quantia fabulosa. E não tendo com que pagar, o credor mandou ele, sua mulher e filhos fossem vendidos. Todavia, o devedor pediu clemência e o credor, generoso, perdoou-o.
Porém, mal tinha obtido perdão, encontrou um companheiro, servo como ele, e que lbe devia cem denários, uma quantia ínfima, e de forma violenta passou a exigir do devedor o retorno do seu dinheiro, mantendo-se surdo aos rogos do pobre bomem, mandou encerrá-lo na prisão.
Os demais servos, entristecidos, foram relatar o acontecido ao senhor deles. Este após repreender o servo impiedoso, entregou-o aos verdugos, voltando a insistir no pagamento de tudo quanto lhe devia e que tão generosamente havia perdoado.
E Jesus termina a parábola, dizendo: "-Assim também meu Pai celestial vos fará, se de coração não perdoardes cada um a seu irmão as suas ofensas".
A parábola põe em destaque o ensinamento que o homem deve perdoar aos seus devedores, para também merecer o perdão de suas faltas. E para estimulá-lo na conquista desta virtude, o Pai celestial o favorece com sua bondade e misericórdia.
Todos trazem consigo aflições que desconhecem, logo, se quiserem ser indultados devem também ter indulgência.
Todavia, não se pode esquecer que não é Deus quem castiga: as leis de Deus se exercem com rigor e precisão, e cada qual colhe o que semeou. É a Lei de Ação e Reação: quem não perdoa, não é digno de ser perdoado.
Assim, não há propriamente perdão das faltas cometidas; mas o ressarcimento delas pelo sofrimento, ou pela prática de atos meritórios (E.S.E., X, item 1-14).
3 - Parábola do Festim das Bodas (Mt 22:1-14) e (Lc 14:15-24)
A chamada (o convite) é de Deus, a escolha depende das obras de homem.
Jesus aproveita aqui um fato comum, o casamento, para transmitir profundos ensinamentos espirituais. Uma parte importante das bodas, isto é, do casamento, era o festim, ou seja, o banquete nupcial com muitas iguarias.
Nessa parábola, o Rei simboliza Deus, o Pai. O banquete nupcial o Reino dos Céus, há muito mostrado aos homens pelos Enviados, os Grandes Missionários e os Profetas: e finalmente anunciado por Jesus através da pregação de seu Evangelho. Assim, na parábola, o filho é Jesus.
As iguarias representam os ensinos espirituais; os alimentos materiais fortalecem o corpo, e os ensinos espirituais fortalecem o Espírito.
Os convidados desatentos são os israelitas, pois a eles foram enviados os Profetas. Quem melhor para entender os ensinos de Jesus de
que os próprios doutores, rabinos e sacerdotes? Infelizmente, todos estavam mais preocupados com seus afazeres transitórios e ambiciosos.
Diz então a parábola que "o Rei irou-se e mandou suas tropas exterminarem aqueles assassinos e incendiarem sua cidade", numa alusão clara à lei de Ação e Reação (ou de "causa e efeito"), porque como se lê em Mateus (26:52), todos os que lançam mão da espada, à espada morrerão; e em Apocalipse, (13: 10), aprende-se que quem leva para cativeiro, para cativeiro vai. O efeito é sempre proporcional à causa.
Foram então convidados para o banquete espiritual todos quantos foram encontrados, bons e maus. Significando que o Evangelho foi pregado a todos os povos, aos gentios, pois que estes seriam admitidos às 'bodas", já que os primeiros convidados mostraram-se indignos (Atos, 13 :46).
Tal como hoje é costume vestir uma roupa elegante para ir a um casamento, naqueles tempos era obrigatório vestir uma "túnica nupcial" para participar do banquete. Mas não basta ser convidado, é indispensável a renovação íntima.
Essa veste nupcial análoga ao corpo espiritual imaculado, significa as boas obras, o amor, a pureza, a humildade, a bondade, a mansuetude; tudo o que se tem de mais belo deve acompanhar a fé. Significa aqueles que fazem a vontade do Pai e vivem em conformidade com o Evangelho de Jesus. É a harmonia de vibrações do corpo espiritual, revestido de amor e traduzido em luz.
Portanto, não basta apenas pertencer a esta ou àquela igreja nem dizer o nome de cristão, pois não é suficiente aceitar o convite para o divino banquete da fé universal. É preciso estar à altura do convite, é fundamental a "túnica nupcial", do corpo espiritual, isto é, a pureza do coração e a luz do espírito do Homem Novo (Ef 4:24).
É por isso que Jesus disse "muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos"; porque os que não reformarem sua conduta, não se esforçarem por vencer os vícios e os defeitos, substituindo-os por virtudes, terão reencarnações dolorosas, onde passarão pela dor da expiação; é o que significa a sentença do Mestre, quando asseverou que "muitos serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.
4 - Parábolas do Reino dos Céus (Mt , 13: 44-52)
Sob esse título englobam-se quatro curtas narrativas: Parábola do Tesouro Escondido (Mt 13:44), Parábola da Pérola (Mt 13 :45-46), Parábola da Rede (Mt 13:47-50) e Parábolas do Grão de Mostarda e do Fermento (Mt 13:31-33).
O objetivo de Jesus era ensinar que o Reino de Deus não é exterior, mas está dentro de cada um. Então, todo aquele que se esforça em viver virtuosamente, cristãmente, reformando seu íntimo, passa a assimilar o Reino do Céu e, portanto, a vivenciá-lo.
Por isso, o Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido, ou a uma pérola de grande valor. O tesouro escondido, ou a pérola, simbolizam a transformação do indivíduo, que ao trilhar o caminho da reforma íntima despoja-se de todos os vicios e defeitos, desembaraçando-se dos conceitos de suas velhas crenças, do egoísmo, do preconceito, da superstição, do apego aos bens terrenos para passar a possuir os bens celestiais.
A rede lançada ao mar, que recolhe peixes de toda espécie, simboliza, por sua vez, o próprio mundo, constituído de bons, medianos e maus, os quais, segundo o dizer de Jesus Cristo, serão inapelavelmente julgados conforme suas obras. É óbvio que para palmilhar o caminho da evolução, aproximando-se cada vez mais de Deus, é imperioso adquirir qualidades boas, que são valores imperecíveis e santificantes.
A expressão "assim será na consumação dos séculos", equivale a dizer que assim será no fim do mundo velho e no advento do mundo novo, quando a Terra será elevada à categoria de mundo de Regeneração.
Concluindo a série de parábolas sobre o Reino dos Céus, Jesus disse que "todo o escriba instruído acerca do Reino dos Céus, é semelhante: um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas" (Mt, 13:52). Ora, o bom pai de família é aquele que sabe orientar os sele filhos, tirando do seu próprio entendimento tanto as coisas velhas dos ensinamentos antigos como as coisas novas do Evangelho, fazendo com que elas, como verdadeiros tesouros, se revertam em fatores que venham a impulsionar os seus filhos no roteiro do aprimoramento espiritual facilitando assim a conquista da reforma interior, definida por Jesus como sendo a conquista do Reino dos Céus.
5 - Parábola do Tesouro Escondido e da Pérola (Mt 13:44-46)
"Buscai e achareis", disse Jesus.
Por todos os tempos, o homem procura tesouros que lhe permitem viver com bem-estar. Vende e compra muitas vezes, prejudicando sua serenidade e suas virtudes.
Esquece-se de perguntar: de onde vim? para onde vou? e, se o faz, deixa a busca da resposta para depois.
O "tesouro escondido" está perto dele e, como a felicidade, só depende dele mesmo para encontrá-lo. Certamente é preciso procurar, utilizando seus melhores talentos, seus preciosos sacrifícios, suas renúncias sublimadas, que valem mais que tudo aquilo que possui ou poderia possuir.
Quando o homem parte para a vida espiritual somente o seu "tesouro oculto" o acompanha. Também assim sucede em comparação com a pérola. Elas são raras, naturais e caras. Para possuir a pérola de maior valor, o homem vendeu tudo quanto tinha, pois sabia que uma valia por todas. Qual é a opção mais sensata: as pérolas das paixões e apego às coisas terrestres, ou a pérola da serenidade do Espírito, no verdadeiro Reino dos Céus')
6 - Parábolas do Grão de Mostarda e do Fermento (Mt 13:31-33), (Me 4:30-32) e (Lc 13: 18-21)
Mostram a valorização do fenomeno do crescimento espiritual para merecer o "Reino dos Céus".
Ao lançar a semente da boa palavra e da vocação em seu coração, o homem inicia sua reforma íntima, cultivando o seu campo espiritual.
Cultivando as primícias do bem e do amor, semelhantes a uma pequenina semente de mostarda que é depositada em seu coração, o Espírito do homem encarnado se eleva no campo das virtudes santificantes, passando a merecer que "as aves do Céu", ou seja, os Espíritos do Senhor sejam atraídos pelas suas novas qualidades interiores, ajudando-o, assim, a galgar melhor a escalada do progresso espiritual, aproximando-se cada vez mais do Criador.
De forma idêntica, assim como uma porção de fermento faz levedar toda a massa, o homem que se anima a abrigar em seu coração as primícias do bem, e tão somente do bem, faz com que suas qualidades morais e espirituais se agigantem, assim como o fermento faz levedar toda a massa.
Bibliografia:
AS PARÁBOLAS - José de Sousa e Almeida
AS MARAVILHOSAS PARÁBOLAS DE JESUS - Paulo Alves Godoy.
PARÁBOLAS E ENSINOS DE JESUS - Cairbar Schutel
O NOVO TESTAMENTO.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - E.S.E., cap. XVIII.
VINHA DE LUZ, lição 68 - Emmanue1.
O ESPÍRITO DA VERDADE, lições 14. 30, 47 e 98 - Emmanuel e outros
O REDENTOR - Edgard Annond.
CRÔNICAS EVANGÉLICAS - Paulo Alves Godoy.
NA ESCOLA DO MESTRE - Vinícius .
NOTA: A partir desta lição, será utilizada a sigla E.S.E., para designar . Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec.
QUESTIONÁRIO
1 - O que são parábolas?
2 - Por que Jesus ensinava muitas coisas por parábolas?
3 - O que significa a sentença: '-0 Reino dos Céus está dentro de cada um"?
4 - Qual a diferença entre o joio e o trigo?
5 - Podem as faltas ser perdoadas? Deus aplica castigo?
6 - O que é lei de Ação e Reação, ou de Causa e Efeito?
7 - A que comparou Jesus o Reino dos Céus?

PARÁBOLA DA REDE



"Finalmente, o Reino dos Céus é semelhante a uma rede que foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda espécie: e depois de cheia, os pescadores puxaram-na para a praia; e sentados, puseram os bons em cestos, mas deitaram fora os ruins. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na fornalha do sofrimento; ali haverá choros e ranger de dentes".
(Mateus, XIII, 47-50)
1 - CAIRBAR SCHUTEL
O fim do mundo é o característico dos tempos em que estamos, destes tempos em que a própria fé é encontrada com muita dificuldade nos corações; tempos em que a lealdade, a sinceridade, a verdadeira afeição, o amor, a verdade, andam obscurecidas nas almas; tempo de discórdias, de ódios, de confusão tal, que até os próprios "escolhidos" periclitam.
É o fim do mundo velho, é o advento do mundo novo, é uma fase que se extingue para dar lugar a outra que vem nascendo. Não é o fim do mundo, como alguns o têm entendido, mas, sim, o fim dos costumes com os seus usos, suas praxes, seu convencionalismo, sua ciência, sua filosofia, sua religião. É uma fase do nosso mundo que ficará gravada nas páginas da História com letras indeléveis, encerrando um ciclo de existência da Humanidade e abrindo outra página em branco mas trazendo no alto o novo programa de vida.
A rede cheia de peixes de toda a espécie representa a Lei Suprema, que ministrada a todos, sem exceção, sejam gregos ou gentios, vem trazendo ao Tribunal de Cristo gente de toda a espécie, bons, medianos e maus, para serem julgados de acordo com as suas obras. Os anjos são os Espíritos Superiores, a quem está afeto o poder do julgamento; a fornalha de dor é o símbolo dos mundos inferiores, onde os maus têm de se depurar entre lágrimas e dores, para atingirem uma esfera melhor.
Contudo, não se julgue que esta parábola seja para os "outros", que não os espíritas, ou os crentes no Espiritismo. Parece-nos, até, que os afeta primeiro que a todos os demais, pois que se acham dentro da rede tecida pela pregação dos Espíritos no mundo todo. Quer dizer que não vale só conhecer, é preciso também praticar; não vale estar dentro da rede; é indispensável ser bom!
Os que conhecem o amor e não têm amor; os que exigem a lealdade e a sinceridade, mas não as praticam; os que clamam por indulgência e não são indulgentes; os que anunciam a humildade, mas se elevam aos primeiros lugares, deixando o banco do discípulo para se sentarem na cadeira de mestre; todos estes, e ainda mais os perjuros, os convencionalistas, os tíbios e os subservientes, não poderão ter a cotação dos bons, dos humildes, dos que têm o coração reto, dos que cultivam o amor pelo amor, a fé pelo seu valor progressivo, e trabalham pela verdade para terem liberdade.
A Parábola da Rede é a última da série das sete parábolas que o Mestre propôs a seus discípulos; por isso o apóstolo, ao publicá-la no seu Evangelho, conservou a expressão que Cristo lhe deu ao propô-la:
Finalmente: Ela é a chave com que Jesus quis fechar naqueles corações o ensino alegórico que lhes havia transmitido, ensino bastante explicativo do Reino dos Céus com todas as suas prerrogativas.
CAIRBAR SCHUTEL
2 - RODOLFO CALLIGARIS
Em que pese à doutrina das Igrejas tidas por ortodoxas, que afirma seremos salvos ou condenados segundo aceitemos ou rejeitemos a Jesus-Cristo, pessoalmente, como nosso Salvador, esta edificante parábola - a última de uma série de sete, proposta pelo Mestre a seus discípulos - nos ensina, uma vez mais, que nossa aceitação ou rejeição no reino dos céus depende tão só e unicamente do cumprimento ou da negligência dos nossos deveres de amar e servir a Humanidade.
A simples crença ou incredulidade no poder de salvação pelo sangue do Cristo, em que essas Igrejas põem tanta ênfase, não têm a mínima influência na determinação de nossa sorte futura.
Admitido que assim fôsse, a maioria da Humanidade estaria perdida, pois o Cristianismo só é conhecido e (mal) praticado por menos de um terço da população mundial.
A aceitação do Cristo como nosso redentor só tem eficácia quando se traduz em um esforço sincero e constante no sentido de reproduzir-lhe o espírito em nossa própria vida, ou seja, quando procurarmos modelar o nosso caráter pelo seu, pautando nossa conduta pelas diretrizes do Evangelho.
Aliás, todo o Novo-Testamento está repleto de passagens que estabelecem categoricaamente que o julgamento dos homens será baseado em seus feitos e não em sua fé.
A expressão "fim do mundo", usada pelo Mestre, não deve ser tomada em sentido absoluto, porquanto a Terra e todos os planetas do Universo são obras de Deus, e elas não foram feitas para morrer.
Significa, apenas, o fim deste ciclo evolutivo da Humanidade terrena, com o desaparecimento de todos os seus usos, costumes e instituições contrários à Moral e à Justiça.
E' o fim do mundo velho, com suas confusões, suas discórdias, seus convencionalismos, suas iniquidades sociais, seus ódios, suas lutas armadas, e o advento de um mundo novo, sob a égide da verdade, do bom entendimento, da lisura de caráter, da equidade, do amor, da paz e da fraternidade universal.
Os anjos são os Mentores Espirituais deste planeta, que velam pelo seu destino, aos quais estará afeta a expulsão dos maus: os açambarcadores, os avarentos, os déspotas, os corruptores, os devassos, os desonestos, os exploraadores, os hipócritas, os ladrões, os libertinos, os maldizentes, os orgulhosos, os sanguinários, enfim todos os que tenham feito mau uso de seu livre arbítrio e hajam malbaratado as inúmeras oportunidades que lhes foram concedidas (através das reencarnações) para a realização de seu progresso espiritual.
A rede representa a Lei de Amor, inscrita por Deus em todas as consciências, e os peixes de toda a espécie apanhados por ela são os homens de todas as raças e de todos os credos, que serão julgados ,de acordo oom as suas obras.
O texto é claríssimo nesse ponto, não deixando margem a qualquer dubiedade: " .. e puseram os bons em cestos, deitando fora os ruins".
Quando, pois, o ciclo se fechar, a sorte dos justos será passar a um plano "à direita do Cristo", plano que aqui será implantado no correr do terceiro milênio, constituído de almas cristãs, afeitas ao bem, onde fruirão de imperturbável felicidade; e a dos maus, a de serem lançados na "fornalha de fogo", símbolo dos mundos inferiores, de expiação e de provas, onde terão que se depurar, entre lágrimas e dores, até que mereçam acesso a uma esfera melhor.
Rodolfo Calligaris

Parábola da Pérola - Caibar

“O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que buscava
boas pérolas; e tendo achado uma de grande valor,
foi vender tudo o que possuía e a comprou.”

Mateus,XIII, 45 – 46 

  

         As pérolas constituem enfeites para a gente fina; são raras, por isso são caras. Quem possui grandes e finas pérolas possui tesouro, possui fortuna. 

         Além disso, são jóias muito apreciadas no seu todo, pela sua estrutura, pela sua composição. 

         Os porcos não apreciam, as virtudes das pérolas; preferem milho ou alfarrobas. Se lhe dermos pérolas, eles pisam-nas e submergem-nas no lamaçal em que vivem; por isso disse Jesus: “Não deis pérolas aos porcos.” 

         Certamente já havia o Senhor do Verbo Divino comparado o Reino dos céus a uma pérola de raro valor, quando propôs aquela recomendação a um discípulo que deliberara anunciar a sua Doutrina a um homem-suíno. 

         Na verdade, há homens que são Homens, e há homens que se parecem muito com os suínos. 

         O suíno vive exclusivamente para o estômago e para a lama. Os homens suínos também vivem de lama e para o estômago. A estes as “pérolas” nada significam: as alfarrobas melhor lhes sabem. 

         O Reino dos Céus, nos tempos atuais, é incompatível com o Reino do Mundo. 

         Para a aquisição da pérola o homem vendeu tudo o que possuía; para a aquisição da Pérola do Reino dos Céus o homem precisa vender o Reino do Mundo. 

         Há Reino do Mundo, e há Reino dos Céus. Aquele desaparece com as revoluções, ao chamado da morte, ou sob o guante da miséria. 

         O Reino dos Céus permanece na alma daquele que souber possuí-lo. 

(Fonte: “Parábolas e Ensinos de Jesus”, de Cairbar Schutel) 

PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO



"O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual movido pelo gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo"
(Mateus, XIII, 44-46)
1 - CAIRBAR SCHUTEL
O homem tem resumido a sua tarefa na Terra a procurar "tesouros", e achar tesouros, a esconder tesouros, a vender o que possui para comprar campos que tenham tesouros. Assim tem acontecido, assim está acontecendo.
Para que trabalha o homem na Terra? Para que estuda? Para que luta, a ponto de matar o seu semelhante? Para possuir tesouros!
Jesus, sabendo dos artifícios que o homem emprega na conquista dos tesouros, fez do "tesouro escondido" uma parábola, comparando-o ao Reino dos Céus; fê-lo, naturalmente, para que os que recebessem esses conhecimentos, também empregassem todo o seu talento, todos os seus esforços, todo o seu trabalho, toda a sua atividade, todos os seus sacrifícios na conquista deste outro "tesouro", ao qual ele chamou imperecível, lembrando que "a traça e a ferrugem não o corrompem, e os ladrões não o roubam".
O Reino dos Céus é um tesouro oculto ao mundo, porque os grandes, os nobres, os guias e os chefes de seitas religiosas não querem fazê-lo aparecer à Humanidade. Mas, graças à Revolução, aos ensinos espíritas, aos Espíritos do Senhor, hoje é muito fácil ao homem achar esse tesouro. Mais difícil lhe pode ser, "vender o que tem e comprar o campo", isto é, desembaraçar-se das suas velhas crenças, do egoísmo, do preconceito, do amor aos bens terrestres, para possuir os bens celestes.
Materializado como está, o homem prefere sempre os bens aparentes e perecíveis, porque os considera positivos; os bens reais e imperecíveis ele os julga abstratos. A Parábola do Tesouro escondido é significativa e digna de meditação: o homem terreno morre e fica sem seus bens; o homem espiritual permanece para a vida eterna e o tesouro do Céu, que ele adquiriu é de sua posse permanente.
CAIRBAR SCHUTEL
2 - RODOLFO CALLIGARIS
Nesta parábola tão singela quão expressiva, Jesus compara o reino dos céus a "um tesouro oculto no campo" dizendo que aquele que tem a ventura de achá-los, é tomado de tal gozo que não titubeia em dispor de todos os seus haveres para adquiri-las.
Esse tesouro, é bem de ver-se, não é senão a alma humana. "O reino dos céus está dentro de vós", dissera de outra feita o Divino Mestre, deixando bem claro que o reino celestial significa, não um lugar no espaço, mas algo que se verifica no íntimo de cada um.
Geralmente, procura o homem edificar a felicidade sobre as posses materiais, a ascendência social, a fama ou a saúde, mas estas coisas são precárias e incertas, pois podem durar, no máximo, uma existência, enquanto um terremoto, uma enchente, um incêndio, os azares da fortuna, uns micróbios em seu sangue ou determinado humor em seus fluidos orgânicos não as arruinarem por completo.
Jazem ocultas, a milhões de criaturas, coisas mais belas e grandiosas: os bens espirituais, que são, aliás, os únicos valores reais e duradouros, ante os quais aquilo tudo pouco ou quase nada importa.
Possuir esses bens espirituais, as virtudes cristãs, é conquistar o reino dos céus, porque o conhecimento e o amor de Deus nos fazem desfrutar tal estado de paz e de alegria que nada e ninguém conseguirá destruir ou perturbar.
Por isso, como diz a parábola, quando alguém "descobre" no campo de si mesmo esse tesouro de tão subido valor, que é a própria alma, e a sabe imortal, e fadada a alcançar o mais excelso destino: sua integração à única Realidade Absoluta - Deus! - todas as ilusões da materialidade, todas as gloríolas do mundo, e até mesmo o bem-estar do corpo fíísico, se tornam de somenos importância.

Então, cheio de júbilo, sabendo que a felicidade 
verdadeira depende, não daquilo que se tem, mas daquilo que se é, vai "vender tudo o que possui", isto é, desprender-se das pseudo-propriedades e distinções terrenas, para cuidar precipuamente do enriquecimento de sua Consciência Espiritual, a mais preciosa das pérolas, cuja posse vale o sacrifício de todos os bens de menos valor, de tudo aquilo que considerava importante e valioso em sua vida.
Não se entenda, o que seria errôneo, que a posse dos valores espirituais seja incompatível coma posse das coisas materiais. Não.
O que se quer salientar é que para o nosso progresso espiritual faz-se mister vivermos mais intensa e sinceramente em função dos ideais superiores, dedicando-Ihes maior atenção do que às aquisições materiais, que devem consstituir-se apenas um meio de realizarmos os nossos objetivos, e não um fim em si mesmo.
Quem se disponha a assim proceder, sobrepondo os interesses da alma a quaisquer outros, não deve temer que lhe venha a faltar o necessário à subsistência, porquanto Jesus nos assevera, no seu Evangelho, que, "se buscarmos primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, todas as outras coisas nos serão dadas de acréscimo".
Rodolfo Calligaris

AS PARÁBOLAS E A SUA INTERPRETAÇÃO


Na acepção geral do termo, parábola é uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispensáveis de serem compreendidas. As parábolas dos Evangelhos são alegorias que contêm preceitos de moral. O emprego contínuo, que durante o seu ministério Jesus fez das parábolas, tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante comparações do que pretendia dizer com o que ocorre na vida comum e com os interesses terrenos. Sugeria, assim o Mestre, figuras e quadros das ocorrências cotidianas, para facilitar mais aos seus discípulos, por esse método comparativo, a compreensão das coisas espirituais.
Aos que o ouviam ansiosamente, procurando compreender seus discursos, a parábola tornava-se-lhes excelente meio elucidativo dos temas e das dissertações do grande pregador. Mas os que não buscavam na parábola a figura que compara, a alegoria que representa a idéia espiritual, e se prendiam à forma, desprezando o fundo, para estes a doutrina nem sequer aparecia, mas conservava-se oculta, como a noz dentro da casca.
Daí a resposta de Jesus aos discípulos que lhe inquiriram a razão dele falar por parábolas: "Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é isso dado. Pois ao que tem, dar-se-lhe-á e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado." "Por isso lhes falo por parábolas, porque vendo não vêem; e ouvindo não ouvem, e nem entendem. E neles se está cumprindo a profecia de Isaías, que diz: Certamente ouvireis, e de nenhum modo entendereis. Porque o coração deste povo se faz pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos, e eles fecharam os olhos; para não suceder que vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos, entendam no coração e se convertam e eu os cure".
Pelo trecho se observa claramente que os fariseus e a maioria dos judeus, em ouvindo a exposição da parábola, só viam a figura alegórica que lhes era mostrada, assim como, quem não quebra a noz, só lhe vê a casca. Ao passo que com seus discípulos não acontecia a mesma coisa; eles viam e ouviam o ensino, o sentido espiritual que permanece para sempre; não se prendiam à figura ou à palavra sonora, que se extingue e desvanece.
De modo que os fariseus ouviam, mas não ouviam; viam, mas não viam; ( em outros termos: ouviam, mas não escutavam; viam, mas não enxergavam) porque uma coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do corpo, e outra coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do Espírito. A condição que Jesus expõe, como sendo indispensável "para nos ser dado e possuirmos em abundância" é, como diz o texto, de "nós termos" - Mas "termos" o que? Certamente algum princípio doutrinário unido à boa vontade para recebermos a verdade - "Àquele que tem ser-lhe-á dado e terá em abundância".
E o obstáculo à recepção da sua doutrina é o indivíduo "não ter" - não ter a mais ligeira iniciação espiritual e não ter boa vontade para receber a Nova da Salvação. De modo que a parábola evangélica é uma instrução alegórica, exposta sempre com um fim moral, como um meio fácil de fazer compreender uma lição espiritual. É, pelo menos, a opinião do evangelista Mateus quando diz: "Todas estas coisas falou Jesus ao povo em parábolas, e nada lhes falava sem parábolas; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca, e publicarei coisas escondidas desde a criação". (Mateus, XIII, 34-35).
Finalmente, as parábolas têm pouca importância para os que as tomam como foram escritas; demais, o sentido nunca deve ser desnaturado ou transviado, sob pena de prejudicar a idéia cristã. Por exemplo, ao que vê na parábola do "tesouro escondido" um meio de enriquecer materialmente, ou na parábola do "administrador infiel" uma lição de infidelidade, lhe será preferível fechar os Evangelhos e continuar a tratar de seus negócios materiais.
A inteligência dos Evangelhos explica perfeitamente a interpretação espiritual que Jesus dá aos seus ensinos. Se os Evangelhos fossem um amontoado de alegorias sem significação espiritual, nenhum valor teriam.
CAIRBAR SCHUTEL