A CURA DE UM EPILÉTICO
'Quando checaram à multidão, procurou a Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse: Senhor, compadece-te de meu filho, porque é epiléptico, e vai mal; pois muitas vezes cai no fogo e muitas outras na água. Eu o trouxe a teus discípulos, e eles não puderam curá-lo. Jesus exclamou: O geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino. E Jesus ameaçou o demônio, o qual saiu do menino; e desde aquela hora ficou o menino curado. " (Mateus, XVII, 14-18)
"E quando se aproximou dos discípulos, viu uma grande multidão que os rodeava, e alguns escribas discutindo com eles. Imediatamente toda a multidão, vendo a Jesus, ficou muito surpreendida e, correndo para ele, o saudava. Ele lhes perguntou: Que estais discutindo com eles? Respondeu-lhe um da multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho que está possesso dum espírito mudo, e este onde quer que o apanha, o lança por terra; e ele espuma, range os dentes e vai definhando; roguei aos teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. Disse-lhes Jesus: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo. Então lho trouxeram.
E ao ver a Jesus, logo o espírito o convulsionou; e ele caiu por terra e se estorceu espumando. Perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo acontece-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância; e muitas vezes o tem lançado tanto no fogo como na água, para o destruir; mas se podes alguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos. Disse-lhe Jesus: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê. Imediatamente o pai do menino exclamou: Creio! Ajuda a minha incredulidade! E Jesus vendo que uma multidão afluía, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: espírito mudo e surdo, eu te ordeno, sai dele, e nunca mais nele entres.
E gritando e agitando muito, saiu; e o menino ficou como morto, de maneira que a maior parte do povo dizia: Morreu. Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o; e ele ficou de pé. Depois que entrou em casa, perguntaram-lhe os seus discípulos particularmente: Como é que não pudemos nós expulsá-lo? Respondeu-lhes: Esta espécie só pode sair à força de oração. " (Marcos, IX, 14-29)
"No dia seguinte, quando desceram do monte, uma grande multidão foi encontrá-lo. E do meio da multidão um homem clamou: Mestre, suplico-te que ponhas os olhos no meu filho porque é o único que tenho; e um espírito apodera-se dele, fá-lo gritar subitamente, convulsiona-o até escumar e dificilmente o deixa, tirando-lhe todas as forças. Supliquei aos teus discípulos que o expelissem, mas não puderam. Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze aqui o teu filho. Quando se ia aproximando, o espírito atirou o menino ao chão e convulsionou-o; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai. E maravilharam-se todos da grandeza de Deus. " (Lucas, IX, 37-43)
Três ilustres testemunhas, com aquela simplicidade com que a verdade costuma ser apresentada, narram um caso bem interessante de cura de um pobre enfermo que não encontrara, na ciência da Terra, remédio para os seus males. E afirmam que "um espírito imundo, surdo e mudo", tomava o corpo de um menino seu contemporâneo, sendo que nenhum dos apóstolos conseguira expeli-lo.
É preciso, entretanto, considerar que, se as narrativas estão de acordo quanto à cura efetuada, não estão, porém, quanto à parte referente à doença do menino. Mateus fala de um epiléptico, ao passo que Marcos e Lucas falam de um possesso de espírito. Qual deles estará mais consoante com a verdade? Cremos que estes dois últimos; primeiro, porque sendo Lucas médico, não redigiria seu evangelho como o fez, se houvesse probalidade de se tratar de epilepsia; segundo, porque o próprio Mateus conclui afirmando que "Jesus ameaçou o demônio, o qual saiu do menino", e desde aquela hora ficou o menino curado; terceiro porque Jesus, no seu tratamento, opinou pelo diagnóstico de possessão, tratamento esse que deu resultado.
Este caso de cura de possessão é, talvez, o mais importante de todos os que os Evangelistas narram, pois todos eles concordam em que o doente apresentado aos discípulos, não fora por esses curado, e Jesus, inquirido por eles do motivo que os impedia de efetuar a cura, respondeu ser preciso muita pureza dalma para conseguir expelir espírito de tal natureza: "Esta espécie só pode sair à força de oração". De fato, segundo nossas observações na prática espírita, os espíritos de pior laia, são, com efeito, os espíritos mudos e surdos - não atendem às exortações, não aceitam conselhos, não obedecem a razões e não há sentimento, por mais generoso que seja, que os comova. Por isso o Evangelho os classifica de imundos.
Para expeli-lo é preciso uma grande força magnética, duplicada ainda pelo auxilio de um Espírito Superior, cuja oração conseguimos pela prece, mas a prece racional, inteligente, emotiva, divina. Eles só se rendem pela força das circunstâncias, pela oposição formal e cheia de ação ao seu nefasto domínio. Foi, com certeza, este o processo que Jesus usou para tirar a ação que tão maligno espírito exercia sobre o menino.
Espírito de superior grandeza, o Divino Mestre, conhecedor de todos os fluidos, opôs com a sua poderosa força de vontade, fluidos desagregantes aos fluidos que o "espírito mudo" congregava, para se aliar aos fluidos perispirituais e vitais do menino, e rechaçou o ser "maligno" com as palavras: "Sai dele e nunca mais entres nele". Um fato, porém, que nos proporciona substanciosa lição, é o colóquio que com Jesus teve o pai do menino, quando lhe fez a rogativa: "Se podes alguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos".
Ao que Jesus respondeu: "Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê". E imediatamente o pai do menino exclamou: "Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade". Belas palavras que enchem de esperança os desanimados e, ao mesmo tempo, nos ensinam que o impossível é termo sem significação, só pronunciado pelos ignorantes. Quantos impossíveis têm caído ante a ação constante da boa vontade e do esforço! Quantos impossíveis se têm apresentado aos nossos olhos como esfinge devoradora e vão por terra, de um momento para outro, à ordem imperiosa da prece que parte de um coração aflito e crente na misericórdia do Céu!
Quantas vezes todas as portas, diante das quais nos achamos parecem fechar-se duramente para não mais se abrirem, e no dia seguinte, as dificuldades são resolvidas, as lutas afastadas e, em vez de uma atmosfera negra na qual nos mantínhamos sem nos podermos mover, raia uma claridade celeste a abrir novas veredas, por onde nos encaminhamos com sucesso inesperado e com vigor tão admirável, que nós mesmos não sabemos como se operou tal transformação!
"Tudo é possível àquele que crê" e, quando a crença que nos mantém não bastar para removermos sicômoros e transportarmos montanhas, lembremo-nos da exclamação do "pai do menino": "Creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade!' Creio, Senhor, que tudo o que dizes é verdade e que podes fazer prevalecer a tua palavra, mas a minha pequenez é tal que a crença que tenho não basta para o "milagre" ser operado; ajuda-me para que a incredulidade se afaste para longe de mim, e eu possa, cheio de confiança no teu poder, na tua bondade, na tua sabedoria, no teu amor, obter o que desejo, porque ao que crê tudo é possível e tu podes fazer tudo o que é de bom para o nosso bem-estar físico e espiritual!
Cairbar Schutel
Obrigada, suas palavras pelas quais usou para explicar tal situação me trouxe uma compreensão tal qual não tive antes. Clareou minha mente para agir corretamente, sofro com tais crises li e ouvi várias vezes sobre esta parte bíblica mas antes não compreendia corretamente em como agir. Obrigada, Deus lhes abençoe!!!
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