sábado, 10 de maio de 2014

Meu Reino não é Deste Mundo - Gregório

Meu Reino não é Deste Mundo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. O texto evangélico. 5. Visão de conjunto: 5.1. Judaísmo; 5.2. Cristianismo; 5.3. Espiritismo. 6. Vida futura: 6.1. No Judaísmo; 6.2. No Cristianismo; 6.3. No Espiritismo. 7. Aspectos práticos da realeza de Jesus: 7.1. Mérito pessoal; 7.2. A perspectiva da vida futura muda a vida presente; 7.3. A dúvida sobre vida futura atrapalha o progresso da alma. 8. Conclusão. 9. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste tema é mostrar que a essência da vida está além da existência física.

2. CONCEITO

Reino. Nação ou Estado governado por um rei ou uma rainha; domínio longínquo pertencente ao rei.

Reino de Deus. Estado de felicidade proporcional ao grau de perfeição adquirida; materialização da felicidade dos bem-aventurados; obra divina no coração dos homens; estado de sublimação da alma, criado por ela própria, através de reencarnações incessantes. (Equipe da FEB, 1995)

Mundo. Na concepção clássica, o mundo é o sistema harmônico composto pela Terra e os astros. Em termos geográficos, o mundo é a Terra. Em sentido mais amplo, o mundo é tudo aquilo que existe, o próprio Universo.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A palavra “reino” evoca a ideia de rei, reinado, pessoa poderosa, senhor de muitos domínios e muitos súditos. Historicamente, há os desmandos registrados pelos detentores de poder, principalmente em países que adotaram a ditadura.

Em termos religiosos, o reino transforma-se em Reino de Deus, tema central da pregação de Jesus. Ele ocupa lugar de destaque em várias de suas parábolas - principalmente o grão de mostarda -, a menor das sementes que, depois de plantada, dará a maior das árvores.

Ao tratarmos de meu reino não é deste mundo, tentemos diferenciar o mundo material, o mundo espiritual e o mundo interior.

4. O TEXTO EVANGÉLICO

Pilatos, tornando a entrar, pois, no palácio, e tendo feito vir Jesus, lhe disse: Sois o rei dos Judeus? Jesus lhes respondeu: Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, minhas gentes teriam combatido para me impedir de cair nas mãos dos Judeus; mas meu reino não é daqui: Pilatos, então, lhe disse: Sois, pois, rei? Jesus lhe replicou: Vós dissestes: eu sou rei; eu não nasci e nem vim a este mundo senão para testemunhar a verdade; qualquer que pertença à verdade escuta a minha voz. (João, cap. XVIII, v. 33, 36 e 37)

5. VISÃO DE CONJUNTO

Para bem compreendermos este texto evangélico, convém lembramos, mesmo que sucintamente, dos termos “judaísmo”, “cristianismo” e “Espiritismo”.

5.1. JUDAÍSMO

O povo judeu é, desde Abraão, o povo eleito por Deus para cumprir uma missão universal: a aliança de Deus com a humanidade, renovada em diferentes ocasiões, pela qual se compromete a uma eterna proteção em troca de fidelidade e do cumprimento de seus preceitos.  A Bíblia é o seu livro sagrado. O sincretismo Greco-judaico, a Sinagoga e o Sinédrio são elementos-chave para a sua compreensão. Moisés é o protagonista da primeira revelação divina. Há uma lei civil e uma lei moral, esta baseada nos Dez Mandamentos.

5.2. CRISTIANISMO

O cristianismo surgiu como uma extensão e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. O núcleo da doutrina cristã é a fé num Deus revelado como Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, crença comum a todas as igrejas. O Cristianismo, religião dos cristãos, está centrado na vida e obra de Jesus Cristo. À semelhança de Sócrates, Cristo não nos deixou nada escrito. Seus ensinamentos são anotados pelos apóstolos e passam, mais tarde, a constituir os Evangelhos.

5.3. ESPIRITISMO

O Espiritismo, tal como o Cristianismo, surgiu como uma extensão do cristianismo. Enquanto no judaísmo e no cristianismo tivemos reveladores individuais, tais como Moisés e Jesus, respectivamente, no Espiritismo, a revelação foi dada pelos Espíritos, e, por esta razão, dizemos Doutrina dos Espíritos e não doutrina de Allan Kardec. O Espiritismo é uma doutrina fundada sobre a crença de existência de Espíritos e nas suas manifestações. A doutrina pressupõe um conjunto de princípios, princípios estes fundamentalmente diferentes de outros princípios espiritualistas, pois só admite fatos experimentais, e suas respectivas deduções. Distingue-se, também, da Metafísica ao repelir todo o raciocínio a priori e toda a solução puramente imaginativa.

6. VIDA FUTURA

6.1. NO JUDAÍSMO

Os judeus tinham ideias muito vagas sobre a vida futura. Eles acreditavam nos anjos, mas não sabiam que os homens podiam, no futuro, se tornar também anjos e partilhar da felicidade dos bem-aventurados. Como consequência da obediência a Deus tinham as posses dos bens materiais. As calamidades públicas e as derrotas nada mais eram do que a desobediência ao Deus Supremo, aquele que pune os que não seguirem os seus mandamentos.  

6.2. NO CRISTIANISMO

A vida futura é o ponto de partida, o dogma central da doutrina de Cristo. Para que isso se torne uma realidade, há necessidade de mudança de concepção, ou seja, transcender a vida presente e focalizar o que há de vir. Jesus, em virtude do grau de evolução dos seres humanos naquela época, não podia expor a totalidade de sua doutrina. Por essa razão, falava por parábolas, anunciando o Consolador Prometido, aquele que, no tempo oportuno, daria informações mais detalhadas sobre esta verdade fundamental. Aceitemos ou não, ninguém pode escapar da vida futura.

6.3. NO ESPIRITISMO  

O Espiritismo é o Consolador Prometido por Jesus, aquele que viria complementar o que Ele dissera apenas por parábolas. Estudando e refletindo sobre o conteúdo doutrinal espírita, encontraremos as explicações sobre esta e muitas outras questões, principalmente aquelas que parecem sem sentido: anomalias, aleijões, idiotia. Para o Espiritismo, a vida futura é uma realidade baseada em fatos, pois segue as normas da ciência positiva: formulam-se hipóteses, testam-nas e tiram-se conclusões.

7. ASPECTOS PRÁTICOS DA REALEZA DE JESUS

7.1. MÉRITO PESSOAL

A realeza de Jesus diz respeito ao mérito pessoal. Não é aquela baseada em corrupção e falcatruas, como acontece na vida política. Representa o esforço na prática do bem, na paciência ante os infortúnios, pois quando isso faz parte intrínseca da alma humana, ela transporta-se para outro mundo, um mundo totalmente diferente da mesquinharia do mundo material que ainda domina a maioria dos seres humanos.  

7.2. A PERSPECTIVA DA VIDA FUTURA MUDA A VIDA PRESENTE

A crença na vida futura muda o ponto de vista que se tem da vida presente. Tendo em mente a vida após a morte, a encarnação é vista como uma passagem, como um ponto no total de nossas existências. Nessa perspectiva, a dor, o sofrimento e todo o tipo de dificuldade têm curta duração por mais longo que pareçam. Assim sendo, a abnegação, a humildade e a caridade tornam-se preocupações relevantes: não se pergunta a posição que ocupa, mas as lágrimas que se procurou enxugar. Além disso, o crente sincero procurará caminhar entre sarças e espinhos e não entre flores.  

7.3. A DÚVIDA SOBRE VIDA FUTURA ATRAPALHA O PROGRESSO DA ALMA

Quando se duvida da vida futura, todos os esforços são concentrados na vida presente. As pessoas não conseguem compreender a utilidade do sofrimento. Não sabem que tudo é passageiro, que dura pouco tempo. Nesse sentido, o Espiritismo não condena a busca de prazeres, mas condena o seu abuso, o seu excesso, principalmente quando prejudica os anseios evolutivos da alma. Em outras palavras, o Espiritismo expande o pensamento a novos horizontes.

8. CONCLUSÃO

Pensemos, reflitamos e evoquemos a vida futura, mas não nos esqueçamos de viver plenamente o dia que passa, pois é este que trará a recompensa da felicidade dos bem-aventurados.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984, cap. 2.

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