abril/2016 - Por Alessandro Viana Vieira de Paula
Consta do Evangelho de João, capítulo 16, versículos 12 e 13, a seguinte promessa de Jesus: Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Sabemos que Jesus, por conta da limitação intelectual e moral da criatura humana, não pôde dizer tudo à Sua época. Por isso, muitas vezes, utilizou de alegorias e ensinou através das parábolas, mas, na Santa Ceia, no trecho citado do Evangelho de João, afirmou que viria o Espírito de Verdade para nos guiar através da verdade.
Encontramos na Codificação Espírita diversas mensagens atribuídas ao Espírito de Verdade, e sabemos que Ele é o responsável pela vinda da veneranda Doutrina Espírita e atuou diretamente no período da Codificação, inspirando Allan Kardec e dirigindo espiritualmente sua tarefa.
Há, no meio espírita, basicamente, três posicionamentos sobre quem seria o Espírito de Verdade: 1. seria o próprio Cristo; 2. seria João Batista; 3. seria um grupo de Espíritos elevados atuando sob a direção do Cristo.
Na Revista Espírita, de março e junho de 1862, há a evocação de dois membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas que regressaram à Espiritualidade: Sr. Jobard e Sr. Sanson.
O Sr. Jobard, ao ser questionado por Allan Kardec sobre os Espíritos que estava vendo, diz: Vejo, principalmente, Lázaro e Erasto; depois, mais afastado, o Espírito de Verdade, planando no espaço; depois uma multidão de Espíritos amigos que vos cercam, agradecidos e benevolentes. Sede felizes, amigos, porque boas influências vos disputam às calamidades do erro (março de 1862).
O Sr. Sanson, por sua vez, diz que estava vendo o Espírito de Verdade, Santo Agostinho, Lamennais, Sonnet, São Paulo, Luís e outros amigos, conforme consta da Revista Espírita de junho de 1862.
Diante dessas valorosas informações, podemos excluir a ideia de que o Espírito de Verdade seria um grupo de Espíritos, pois, na verdade, trata-se de um Espírito.
Na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo VI, encontramos uma das mais belas mensagens do Espírito de Verdade: Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!”
(…) Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana. (…) Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.
Esta mensagem também se encontra em O livro dos Médiuns, no capítulo XXXI, item IX, e no final, numa nota, Allan Kardec diz que ela foi recebida por um dos melhores médiuns da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e foi assinada pelo Espírito Jesus de Nazaré.
O Codificador fala da elevação e das ideias constantes da mensagem, deixando a cada um a avaliação da autenticidade da autoria.
O conteúdo da mensagem realmente é elevado e também se percebe pelas palavras utilizadas, como, por exemplo. .. e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!” que somente poderia ter sido ditada pelo Espírito que a assina.
Dada a seriedade do assunto ora tratado, buscamos outras mensagens de autoria do Espírito de Verdade, com o escopo de analisarmos o conteúdo e as palavras usadas, a fim de esclarecermos Sua identidade.
Na Revista Espírita, de dezembro de 1864, há uma mensagem do Espírito de Verdade, onde Ele faz referências à obra O Evangelho segundo o Espiritismo, lançado naquele ano:
Um novo livro acaba de aparecer; é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos vim, por ordem do meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de vontade. Esta palavra foi esquecida pelo maior número, e a incredulidade, o materialismo vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa terra.
Há várias moradas na casa do Pai, disse-lhes eu há dezoito séculos. Estas palavras o Espiritismo veio fazê-las compreendidas.
Encontramos, ainda, em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo VI, outra magnífica lição do Espírito de Verdade: Eu sou o grande médico das almas, e venho trazer-vos o remédio que vos deve curar. Os débeis, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos, e venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados, e sereis aliviados e consolados.
Dessa forma, perguntamos:
Quem é o grande médico das almas?
Quem trouxe a palavra de Deus aos homens de vontade?
Quem disse: Há muitas moradas na Casa do Pai?
Quem afirmou: Vinde a mim, todos vós que sofreis…?
Não há dúvidas.
O Espírito de Verdade é Jesus, que voltou para cumprir a promessa de enviar o Consolador Prometido, de forma que Ele cuidou diretamente da vinda do Espiritismo à Terra, sendo que os demais Espíritos que colaboraram na Codificação, tais como, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, Sócrates, Platão, Paulo, São João Evangelista, Erasto, agiram sob a Sua inspiração direta.
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