quarta-feira, 22 de junho de 2016

O ESPIRITISMO E A NOVA ERA

O ESPIRITISMO E A NOVA ERA

RESUMO

Por meio deste artigo, objetivamos definir com maior precisão possível os  elementos da contribuição do Espiritismo para a constituição da Era Nova da Humanidade. Para tanto, devemos expor as características do que Allan Kardec denominou Programa da Doutrina Espírita e seus possíveis reflexos sobre o futuro da ciência espírita dada suas consequências morais  sobre o futuro da Humanidade.

INTRODUÇÃO

O que se segue, nosso desenvolvimento é dividido em três partes. Na primeira, baseando-nos nas obras básicas da Doutrina, expomos a definição rigorosa de Espiritismo oferecida pelo codificador. Na segunda, baseando-nos em instruções dos Espíritos Superiores relativas às revelações dadas ao codificador sobre As Previsões Concernentes ao Espiritismo, publicadas em Obras Póstumas, proporemos o que se entende por Era Nova. Na terceira, apresentaremos conceitos definidos nos últimos trabalhos escritos cuidadosamente por Kardec referentes a Constituição Transitória do Espiritismo, publicada  na Revue Spirite de dezembro de 1869, para caracterização do que seja o programa da Doutrina Espírita e sua contribuição para a Regeneração da Humanidade. Finalmente, delinearemos algumas conclusões baseadas no desenvolvimento do trabalho.

DEFINIÇÃO DE ESPIRITISMO

O Espiritismo é pois uma Doutrina fundada sobre o ensino, existência e manifestação dos Espíritos.
Allan Kardec - “O Espiritismo em sua mais simples expressão”

Apoiados  na definição de Espiritismo, entendemo-lo como uma ciência inteiramente nova  que “(...) trata da natureza, da origem, do destino dos Espíritos e das suas relações com o mundo corporal.” (6 pg III).  Considerando a definição mais detalhada na referida obra básica, aprendemos que desta ciência decorrem consequências filosóficas e morais. Dentre os ensinos decorrentes da experimentação das manifestações inteligentes dos Espíritos Superiores e da observação dos fatos na ciência espírita, temos a doutrina da Era Nova ou da Regeneração da Humanidade, doutrina que pode ser vista como uma das previsões concernentes ao Espiritismo reveladas pela ciência espírita. Definamos, pois, os fundamentos  doutrinários da regeneração.

A ERA NOVA E A GERAÇÃO NOVA SEGUNDO O ESPIRITISMO

Contudo, através da escura nuvem que os envolve e em cujo seio ronca a tempestade, já podeis ver espontando os primeiros raios da Era Nova.
Obras Póstumas

Segundo o ensino coletivo dos Espíritos Superiores, fonte inesgotável de Verdade para Humanidade e objeto de investigações da ciência espírita, o Espiritismo está no que se pode denominar, de acordo com o Espírito de Fénelon  (2 pg. 60-61) de ordem das revelações divinas e naturais. Também o Espírito Israelita, no Evangelho Segundo o Espiritismo, instrui: “Moisés abriu o caminho, Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. ”(2 pg 59-60). Tal é a ordem histórica das revelações. Primeira, segunda e terceira revelações; segundo o Espírito de Emmanuel, justiça, amor e verdade; primeiro milênio, segundo milênio e início do terceiro, etc.

Portanto, o Espiritismo estaria marcando o advento do terceiro milênio, um período de natureza moral denominado pelos Espíritos Superiores Era Nova. Trata-se, em suma, de uma lenta e progressiva disseminação dos ensinos dos Espíritos para a promoção moral do orbe, isto é, para sua elevação na hierarquia dos mundos, atividade esta de que ocupará a Humanidade por mais (aproximadamente) mil anos vindouros*. A alavanca utilizada por Deus será a ferramenta simples e poderosa  -  o Espiritismo -  que vem revelar as leis que regem o mundo espiritual, leis estas mais completas e perfeitas para a elevação moral da Humanidade. Tal completude fora salientada pelo Espírito Lacordaire no seguinte trecho:

"Venho meus irmãos, meus amigos, trazer-vos o meu óbolo, a fim de vos ajudar a avançar, desassombradamente, pela senda do aperfeiçoamento em que entraste; nós nos devemos uns aos outros; somente pela união sincera e fraternal entre os Espíritos e os encarnados será possível a Regeneração". ( 2 p.41)

* Evidentemente, esta contagem é apenas cronológica  não devendo ser considerada como definitiva. O que é positivo para se ter uma ideia de mundo regenerado foi apresentado por Kardec em vários artigos da Revue onde ele apresenta as características físicas e morais do planeta Júpiter, já regenerado moralmente, por meio dos Espíritos de Mozart e de Bernard Palissy.

A Doutrina Espírita é um corpo codificado de princípios, dentre os quais temos que considerar a importância do princípio de reencarnação ou de pluralidade das existências que, junto ao princípio de pluralidade dos mundos habitados, é o instrumento para fundamentar o princípio da migração de Espíritos. Deste último implica naturalmente a relação entre os mundos superiores e inferiores. Neste contexto, podemos dizer que a ciência espírita se torna uma sociologia espírita que investiga as leis morais e naturais que regem as migrações de Espíritos.

De acordo com o ensino coletivo dos Espíritos Superiores, a promoção intelecto-moral do orbe Terra se dará por uma emigração de Espíritos endurecidos no mal -  determinada pela providência divina - para planetas inferiores, por uma imigração de Espíritos já regenerados para nosso orbe, a fim de que nos fortaleçam o comportamento com seus exemplos no exercício do bem. Tudo isto deverá ter  repercussões sobre o Espírito do homem que se sentirá fortalecido para operar as transformações necessárias em seu íntimo para seu progresso individual. A regeneração será,  pois, tanto individual quanto coletiva  ou global. Descrevamos  cada uma.

A regeneração individual consiste essencialmente nas reflexões que o Espírito faz antes de reencarnar na Terra. Quanto encarnado, ele sofrerá as vicissitudes decorrentes da escolha feita durante a erraticidade.  Entretanto, presenciará os exemplos morais dado por Espíritos já regenerados, que progressivamente reencarnarão na Terra, ao longo dos séculos. Por outro lado, suas fraquezas morais não mais serão tão acirradamente testadas, como acontece em nosso século, porquanto os Espíritos renitentes no mal será deportados para mundos inferiores. Livre de perturbações mais drásticas, poderá o espírito regenerar-se intelecto-moralmente de forma mais célere, sem, contudo. estar absolutamente livre de suas imperfeições morais, das quais deve despojar-se pelo exercício de seu livre-arbítrio segundo as Leis Morais.

A regeneração coletiva ou global é um fenômeno da natureza de grande magnitude, e bastante lento de um ponto de vista terrestre.  Trata-se de uma grande transfusão de espíritos, transfusão esta que segue duas direções: imigração e emigração coletivas.

Na primeira, temos a emigração de espíritos da humanidade terrestre para as humanidades celestes já regeneradas, segundo as respectivas regenerações individuais. Na segunda, a imigração de Espíritos das humanidades celestes para a  humanidade terrestre, segundo nossas necessidades regenerativas. Por outro lado, há  possibilidade de exílio de Espíritos que pertenceram à humanidade terrestre, em mundos cuja humanidade ainda é primitiva ou de formação.  Neste último, os Espíritos que se desenvolveram na Terra serão avançados, e viverão num meio hostil para o qual muito contribuirão intelectualmente, fazendo avançar aquela humanidade primitiva espiritualmente; terão seus livros sagrados e certamente se lembrarão da Terra,  podendo sempre a ela voltar, quanto se encontrarem individualmente regenerados.

A transfusão acima descrita sintetiza, segundo o ensino coletivo dos Espíritos Superiores, o cumprimento da Lei de Progresso que é uma das leis morais básicas da eterna sucessão mundos em progresso. O esquema assemelha-se a um diagrama de equilíbrio dinâmico populacional de um país (para maiores detalhes, cf. comunicação mediúnica Regeneração da Humanidade, em Obras Póstumas).

Neste ritmo de fase de transição* fase esta pela qual passamos, é que ocorre, referentemente ao plano individual, a formação da geração nova, isto é, a humanidade que progressivamente interiorizará as leis morais e naturais de forma intuitiva e quase direta após a fase de transição pela qual passamos. A renovação não será brusca; não há razão para se esperar uma mudança brusca como um todo. Conforme lemos na Revue de 1866:

* Fase de transição é um termo utilizado pelos Espíritos para designar o período compreendido entre a fase  de expiações e provas e a fase de regeneração na evolução do Espírito da Humanidade terrestre.

"A regeneração da humanidade, assim, absolutamente não necessita de renovação brusca dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais; essa modificação opera-se em todos os que a isto foram predispostos; quando subtraídos à influência perniciosa do mundo. Os que voltarem estão não serão outros Espíritos, mas, muitas vezes, os mesmo Espíritos pensando e sentindo diversamente". (3   pg. 321)

Certamente, o Espiritismo terá um grande papel neste processo. Na seção seguinte, examinaremos qual o papel que o codificador, baseado no exercício da ciência espírita, reservou para nós que hoje nos esforçamos pela disseminação das ideias espiritualistas e pela prática progressiva de seus princípios gravados na Natureza.

O PROGRAMA DA DOUTRINA ESPÍRITA

O Espiritismo em via de elaboração somente resultados individuais podia dar, os resultados coletivos e gerais serão frutos do Espiritismo completo que sucessivamente se desenvolverá.
Allan Kardec, Obras Póstumas

É bem sabido que o Espiritismo teve uma primeira fase, de intenso trabalho de elaboração sob a direção de Kardec na codificação ou coordenação e recolhimento dos ensinos coletivos dos Espíritos Superiores tendo como laboratório experimental os volumes da Revista Espírita. Após esta fase, quando já em conclusão, o codificador, por volta de 1868, começou a escrever seu último manuscrito intitulado Constituição Transitória do Espiritismo de fundamental importância por ser, como em todos os escritos, pesado na balanças do bom senso, da lógica, da experiência, da observação e da fé. O tema central do manuscrito é o futuro do Espiritismo; contém balizas para a ação progressiva da Doutrina, secundada pelos homens, no processo de  regeneração da Humanidade que descrevemos na seção precedente.

Sobre o manuscrito escreve o codificador:

"Houvéramos feito coisa incompleta e deixado grandes dificuldades para o futuro se não prevíssemos as dificuldades que poderiam surgir.  Com o intento de evitá-las foi que, com o concurso dos Bons Espíritos que nos assistem em nossos trabalhos, que elaboramos um plano de organização pondo em proveito a experiência do passado, a fim de evitar escolhos contra que se chocaram a maioria das doutrinas que apareceram no mundo. Podendo este plano prestar-se a todos os desenvolvimentos que reserva o futuro, demos a esta constituição a qualificação de transitória". (4    pg. 369)

Notamos a importante preocupação do codificador na progressão regeneradora do Espiritismo na Era Nova, nos seus raios despontantes. Qual seria então o principal obstáculo que poderia retardar (mas não impedir, posto que o Espiritismo, como ciência, está na Natureza)  o progresso.  Com relação ao processo de retardação, ensina-nos o mestre Lionês no Projeto-1868:

"Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto a presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as  suas partes e até nos mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente". ( 5   pg.339)

Portanto,  a questão da unidade da doutrina surge no escrito de Kardec. Para unidade seria preciso, no mínimo, uma razoável concordância acerca dos princípios ensinado pelos Espíritos Superiores. Em outra passagem, referente ao Projeto, lemos:

"Dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar". (5  pg.339-40)

Um dos trabalhos fundamentais de unificação seria, com respeito ao estabelecimento teórico, que Kardec efetivou em bases claras nas obras fundamentais da doutrina. Quanto aos meios de a popularizar*, encontramos a necessidade de se divulgar as  consequências filosóficas e morais pertinentes ao arcabouço teórico do Espiritismo bem compreendido, divulgação que envolve todas diretivas práticas educacionais potencialmente modificadoras da Humanidade. Restringiremo-nos, neste trabalho, à questão do estabelecimento teórico.

No item I da constituição, temos a pedra angular do manuscrito: uma discussão sobre os cismas que poderiam ocorrer num Movimento Espírita, isto é, as possibilidade das divergências e, em consequência nos casos mais bruscos, da formação de seitas ou sistemas religiosos ou ainda de sistema científicos. Esta situação fora prevista e examinada por Kardec da seguinte maneira:

"Se, portanto, uma seita se formar à ilharga do Espiritismo, fundada ou não em seus princípios de duas uma; ou essa seita estará com a verdade, ou não estará; se não estiver cairá por si mesma, sob o ascendente da razão e do senso comum,  como já sucedeu a tantas outras, através dos séculos; se suas ideias forem acertadas, mesmo que com relação  a um único ponto, a Doutrina, que apenas procura o bem e o verdadeiro onde quer que se encontrem, as assimilará, de sorte que, em vez de ser absorvida, absorverá". ( 5  pg.371)

Tal atitude nos parece ser a mais sensata que se poderia tomar diante de uma desunião em um movimento espírita possível. Kardec explicita o que fundamenta a afirmação supra, o princípio progressivo do programa da Doutrina:

"Não será pois invariável o programa da Doutrina, senão com referência aos princípios que hoje tenham passado à  condição de verdades comprovadas. Com relação aos outros, não os admitirá, como há feito sempre, senão a título de hipóteses até que sejam confirmados. Se lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto ela se modificará nesse ponto". (5 pg.  350).

* Atualmente, um dos  notáveis meios de popularização da doutrina  que procuram seguir ao Projeto-1868 é representado pelo  programa da FEB denominado Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita ou ESDE.



Em outro trecho,  o codificador baliza situações extremas  e pondera:

"A verdade absoluta é eterna e, por isso mesmo, invariável. Mas quem poderá lisonjear-se de possuí-la toda ? No estado de imperfeição em que se acham os nossos conhecimentos, o que hoje nos parece falso pode amanhã ser reconhecido como verdadeiro, em consequência da descoberta de novas leis, e isso tanto na ordem moral, quanto na ordem física. Contra esta eventualidade, a  doutrina nunca deverá estar desprevenida. O princípio progressivo que ela inscreve em seu código, será a salvaguarda de sua perenidade e a sua unidade se manterá, exatamente porque não se assenta no princípio da imobilidade". (5  pg. 350, itálicos nossos)

Isto é, em Espiritismo: nem a verdade absoluta, nem o dogmatismo retrógrado, nem o progressismo desmedido. Temos então, no trecho acima, uma bússola que orienta a unidade de princípios do estabelecimento teórico-doutrinário, caso haja divergências teóricas em casos concretos. Podemos formular a seguinte igualdade que representa a unidade progressiva:

programa = {princípios já comprovados pelas ciências espírita e material}+{hipóteses a serem comprovadas pelas ciências espírita e material}

Examinemos detidamente o papel da ciência espírita no programa da Doutrina. Este papel é representado por princípios e critérios. Examinaremos, no que se segue,  dois outros princípios que nos permite compreender o movimento do programa da Doutrina.

Primeiro, é importante lembrar os princípios da Doutrina relacionados com controle universal dos ensinos espíritas, onde encontramos, dentre os mais notórios, o critério da sansão coletiva, conforme lemos em o Evangelho segundo o Espiritismo:

Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. (2  pg. 31 )

Segundo, acrescentamos  que a unidade do estabelecimento teórico é estruturada com base no três caracteres básicos da doutrina espírita, segundo as observações de Kardec, conforme lemos em a Gênese:

"Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do trabalho do homem". ( 1 pg. 20)

Mantendo-nos atentos aos três aspectos, divina, espírita e científica, poderemos então ter a pedra de toque para assegurar a unidade do Espiritismo. Ou seja, por um lado, todas as revelações de novos princípios para o progresso do Espiritismo serão providenciais e partirão da iniciativa dos Espíritos Superiores (constituição definitiva do programa); por outro lado, tais revelações terão de ser elaboradas pelo homem, através de seus conhecimentos para então aplicá-lo (aplicações do programa, ou constituição transitória).

CONCLUSÕES

Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869. época em que trabalhava em um manuscrito intitulado  Princípios fundamentais da Doutrina Espírita Reconhecidos como Verdades Inconcussas onde ele elaborava o que se poderia chamar constituição definitiva da Doutrina contendo certa parcela de princípios já aceitos pela ciência espírita, em conformidade com o ensino espontâneo e coletivo dos Espíritos Superiores, e também conformidade com os resultados atualizados oferecidos pelas ciências materiais.

Se imaginássemos a continuidade deste importante manuscrito do codificador bem como da execução do grande programa da Doutrina relativamente ao movimento espírita no Brasil conjeturamos:

a) A execução prática do princípio progressivo permitiria a unificação interna do movimento, pela consolidação das bases doutrinárias ou constituição definitiva do programa, estabelecimento teórico este que fundaria a unificação do movimento espírita em progresso. Os princípios claros e simples, codificados por Kardec, em seriam geradores de acordo na comunidade espírita apoiada pela espontaneidade e universalidade dos ensinos dos Espíritos Superiores liderados pelo Espírito de Verdade.

b) A execução prática do princípio progressivo permitiria o progresso da aplicação do Espiritismo em outras áreas da atividade cultural humana, principalmente nas atividades científicas  no campo da matéria onde o Espiritismo poderia, ao lado da atividade de elaboração  das hipóteses para explicação de fenômenos espíritas,  acompanhar o avanço da ciência nas discussões da ciências materiais sobre hipóteses para se explicar  fenômenos da matéria. Isto constituiria a parte periférica ou transitória do programa, isto é, conteria as bases para seu desenvolvimento progressivo. Em consequência, ter-se-ia a propagação de suas consequências filosóficas e religiosas naquelas atividades de acordo com a seguinte ideia proposta pelo codificador:

"Ela respeitará todo as convicções sinceras e não anatematizará os que sustentam ideias diferentes das suas nem  deixará de aproveitar as luzes que possam brilhar fora de seu seio” (4   pg.328).

E, por outro lado, respeitando ideias adversas, e colhendo ensinamentos fora de seu campo, não necessariamente concordará com sincretismos desmedidos, já que, conforme lemos em o Evangelho:

"O princípio da concordância é também uma garantia contra as alterações que poderiam sujeitar o Espiritismo às seitas que se propusessem apoderar-se dele em proveito próprio e acomodá-lo á vontade. Quem quer que tentasse desviá-lo do seu providencial objetivo, malsucedido se veria, pela razão muito simples de que os Espíritos, em virtude da universalidade de seus ensinos, farão cair por terra qualquer modificação que se divorcie da verdade". ( 2  pg. 34)

Teríamos então o Espiritismo construindo a Era Nova de forma perene e progressiva nas suas consequências tal como previra Kardec. Talvez seja neste sentido que Kardec concebia a perpetuidade do Espiritismo.

com este modesto trabalho de recolhimento de coordenação de princípios sobre o avanço da ciência espírita, convém salientar, não temos a pretensão de cair no extremo de adiantar as coisas, para que sejamos fiéis ao seguinte conselho de um dos Espíritos protetores a Kardec, na Revue em 1 de setembro de  1866:

"Desconfiai dos dois partidos extremos que agitam o Espiritismo, quer para o prender ao passado, quer para o precipitar sua corrida para a frente". (3  pg. 322)

Não devemos pois estar dogmaticamente presos ao núcleo, como quer o princípio de imobilidade mas também devemos saber esperar agindo, como nos ensina o Espírito Emmanuel, para não abusar do princípio progressivo e, assim, favorecer amplo desenvolvimento do Espiritismo para a humanidade e, sobretudo, em nós mesmos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- KARDEC. A.  A Gênese, Os Milagres e As Predições Segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. FEB, Brasília-DF, 1988.

2 - -------------. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro, revisada por por S.S.Chibeni. FEB. Brasília-DF, 1992.

3 - -------------. A Revista Espírita. Trad. de Júlio Abreu Filho, vol. IX (1866), EDICEL, Brasília, Sobradinho, 1997.

4 – --------------- Constituição Transitória do Espiritismo.  Revista Espírita de dezembro de  1868. Em 3. Vol XII.

5 -  --------------. Obras Póstumas. Trad. de Guillon Ribeiro. FEB, Brasília-DF, 1993.

6 - --------------.O Que é o Espiritismo. Trad. de Salvador Gentile. IDE, 1993.

7 - Massi,  C.D.B. A Estrutura Didática de O Livro dos Espíritos. Em Diálogo Espírita. pgs.4-5.

8 - Ribeiro, H.M. Contribuições filosóficas da Doutrina Espírita: Comunicação para o Primeiro Congresso Mundial de Espiritismo, Brasília-DF, 1995. Atualmente, um dos  notáveis meios de popularização da doutrina  que procuram seguir ao Projeto-1868 é representado pelo  programa da FEB denominado Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita ou ESDE.


Para maiores detalhes sobre este tema, remetemos o leitor para o item 47 de Caracteres da Revelação Espírita bem como para o artigo da Revue de fevereiro de 1865 intitulado Perpetuidade do Espiritismo.

Fonte: http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-52.htm

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