sexta-feira, 17 de junho de 2016
A CÓLERA - Leda
Nos três primeiros parágrafos, o autor, que se nomeou Um Espírito Protetor, explica que a origem da cólera está no orgulho, que leva o homem a se julgar tão acima do que é, que o menor paralelo o irrita e o fere.
Há os orgulhosos do que possuem de bens materiais, há os orgulhosos de sua posição social, outros de sua “finura de espírito”, outros de sua capacidade intelectual, outros do nome de família...
Quem possui o orgulho, até mesmo, em situação quase miserável, encontra, em si, motivo para julgar-se melhor do que os outros.
O espiritismo nos mostra que o orgulho, juntamente com o egoísmo, vêm se desenvolvendo no homem, desde os primórdios de sua evolução, reconhecendo suas conquistas de inteligência, levando-o a considerar-se o “o rei da criação”.
E esse sentimento de superioridade, de orgulho das suas conquistas, esquecido de que suas capacidades estavam inseridas em seu ser, desde sua criação pela “Inteligência suprema e causa de todas as coisas”, fez o homem sentir-se um deus, que tudo pode, colocando-se no centro, ao redor do qual, os menos capazes ou os mais fracos existem para servi-lo.
E assim, através das inúmeras reencarnações, o homem foi desenvolvendo o orgulho, mantendo-o mesmo quando não existe um motivo aparente para esse sentimento materialista.
Um dos males que esse sentimento causa ao homem é a cólera, a irritação, sempre que se sente contrariado em algo, demonstrando-lhe o quanto ainda é dominado pelos instintos que lhe foram extremamente necessários, quando estagiava no reino animal.
Todavia, hoje, com a inteligência, com a capacidade de raciocínio e com o conhecimento que já possui da moral, embora muito menos evoluída do que aquela, deve o homem sublimar seus instintos, no controle dos mesmos, com o desenvolvimento dos sentimentos nobres.
“Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; procurai-a, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido.”
Esses “acessos de demência passageira” surgem sempre que um conselho, ou uma observação relativa a uma atitude negativa, a uma imperfeição, fere o orgulho de quem se sente desnudado, por não admitir que outros o vejam de forma diferente da que ele se vê.
O homem colérico chega até ao ponto de agredir coisas inanimadas, jogando- as ao chão, quebrando-as, chutando portas, numa atitude totalmente irracional.
O espiritismo, nos mostrando que todos somos criados da mesma forma e todos temos o mesmo destino; que através das reencarnações, experenciamos, ora a posse de bens materiais, ora uma maior oportunidade de conhecimento intelectual, ora oportunidade maior de desenvolvimento das virtudes, ora ocupando posições importantes, ora posições consideradas humilhantes, faz desaparecer os motivos que poderiam explicar – não justificar – o orgulho.
Se as existências na Terra se constituem de pequenos períodos da vida eterna do Espírito, servindo para seu desenvolvimento espiritual, nas diferentes experiências, que a morte finda com todo valor material, orgulhar-se de quê?!
Precisamos eliminar de nós o orgulho, que com o egoísmo, se constituem nas duas chagas da humanidade, causa de todos os males, segundo Kardec.
A cólera pode ser sentida de duas maneiras: convulsiva e gritante e a íntima e surda. “Ambas, definindo causas de efeitos diferentes, por trás de outros acontecimentos, têm reconduzido, antes da hora marcada, multidão de Espíritos encarnados à espiritualidade, através de mortes repentinas e inexplicadas, crises cardíacas e nervosas, paralisias e mudezes, acidentes e delitos de toda ordem.”(1)
“A cólera não resolve os problemas evolutivos e nada mais significa que um traço de recordação dos primórdios da vida humana em suas expressões mais grosseiras.
“A energia serena edifica sempre, na construção dos sentimentos purificadores; mas a cólera impulsiva, nos seus movimentos atrabiliários, é um vinho envenenado de cuja embriaguez a alma desperta sempre com o coração tocado de amargosos ressaibos”, ou seja, maus sabores do arrependimento, da vergonha.(2)
“Cólera, na maioria das vezes, pode ser definida por situação de calamidade no mundo íntimo.”(3)
Retornando ao autor, ele afirma que a cólera nada resolve, altera a saúde, compromete a própria vida, sendo o colérico, sua primeira vítima, tornando infelizes todos os que o cercam, podendo causar graves delitos, com graves conseqüências.
“A cólera não exclui certas qualidades de coração, mas impede que se faça muito bem e pode levar a fazer muito mal”.
Deve, pois, ser combatida na sua causa primeira, o orgulho, no esforço de desenvolver a humildade e o amor.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Março / 2008
Bibliografia:
KARDEC, Allan - " O Evangelho Segundo o Espiritismo "
1 – Manuel Quintão- Seareiros de Volta, médium Waldo Vieira, página 162,4ª edição FEB
2 – Emmanuel, O Consolador, médium F.C.Xavier, questão 181 3 - Emmanuel, Urgência, médium F.C.Xavier, pág. 32 O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste centro
A CÓLERA - CONTINUAÇÃO
O autor dessa mensagem é Hahnemann.
Em Obras Póstumas, sob o título Minha Missão, Kardec relata um curto diálogo com esse Espírito, através da médium Srta. Japhet, em sete de maio de 1856, no qual lhe pergunta se ele confirma sua missão, já anunciada por alguns outros Espíritos.
A resposta foi: “Sim, e se observares as tuas aspirações e tendências, e o objeto quase constante das tuas meditações, não te surpreenderás com o que te foi dito. Tens que cumprir aquilo com que sonhas desde longo tempo. É preciso que trabalhes, ativamente, para estares pronto, pois, mais próximo do que pensas vem o dia.”
Kardec narra ainda outra conversa com o mesmo Espírito, numa demonstração de que Hahnemann foi um dos participantes na tarefa da codificação do espiritismo.
Viveu ele na Terra entre 11 de abril de 1755, onde nasceu na pequena cidade de Meissen, na Saxônia e 02 de julho de 1843. Chamou-se Christian Friedrich Samuel Hahnemann. Foi o criador da homeopatia, sistema terapêutico baseado no princípio de que os semelhantes curam os semelhantes.
Demonstrou desde pequeno, independência, brilhante inteligência, grande capacidade de trabalho, insaciável curiosidade, notável vocação para aprender e dominar línguas, ao ponto de, na escola primária , seu professor dr. Muller lhe dizer, uma vez: -“Embora criança, você é mestre, e mestre há de permanecer. A partir deste momento, você fica autorizado a freqüentar a classe que desejar.”
Dando aulas de línguas diversas, fazendo traduções, doutorou-se em medicina, casou-se, teve seu consultório médico durante alguns anos, era bem sucedido, mas, não se conformava com os métodos da medicina de então, desistindo do exercício de sua profissão, em Dresde, mudando-se para Stotteritz, em 1789.Tinha então, quatro filhos, que chegariam a onze.
Orava a Deus, pedindo ajuda na descoberta de novos métodos de tratamento das doenças. Sua fé em Deus nunca vacilou.
Foram tempos difíceis, faltando, muitas vezes o necessário para viver. Tinha, porém o apoio da esposa, que nunca lhe faltou.
Em 1790, ao traduzir do inglês para o alemão, o livro “Matéria Médica” de William Cullen, médico escocês, uma observação contida no livro chamou-lhe a atenção. Experimentou em si mesmo a quina, usada para curar febre intermitente, sem estar doente e sentiu os efeitos da febre, percebendo que a quina, em um indivíduo são, provocava as aparências da febre.
Continuou experimentando em si, outras inúmeras drogas naturais.
Somente seis anos depois, publica suas observações. Daí em diante, sofre ações acirradas pelo ódio, “tanto mais quanto debela epidemias e doenças que a Medicina oficial dos seus colegas não consegue contornar.”
Muitas mudanças de cidades e vilas, algumas forçadas pelas ações de seus oponentes. Continua sempre publicando obras científicas, com suas aulas, estudos, traduções e muitos problemas familiares.
Em 1810, sai a primeira edição do seu livro mais famoso “Organon”, em Dresde.
As perseguições, os problemas familiares continuam. A esposa desencarna em 1830.
Em 25 de junho de 1 835, chega a Paris, com sua segunda esposa, uma francesa de 35 anos.
Apesar da oposição dos médicos alopatas, obteve autorização para clinicar na França, mas não lhe concederam instalar um hospital, onde pudesse praticar e propagar a nova ciência.
Todavia, como a homeopatia já era conhecida e aceita na França por muitos, ele encontrou discípulos e seguidores.
Pode, assim, apesar da idade, continuar ensinando, curando e escrevendo.
No dia dois de julho de 1843, aos oitenta e oito anos de idade, desencarnou em Paris.(1)
Nesta mensagem sobre a cólera, Hahnemann inicia com a falsa idéia, ainda muito aceita nos dias de hoje, de que não se pode modificar a própria natureza, o que leva o homem a nem cogitar de reformar-se interiormente.
“Nasci assim, sou assim e assim continuarei sendo”. “Pau que nasce torto não se endireita.”
Assim vai o homem, descuidado, vivendo, segundo sua maneira de ser, quase sempre, causando sofrimentos a outros e, amargando graves conseqüências no decorrer de sua vida, principalmente, nos últimos anos de sua existência.
Julga-se “dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz, voluntariamente, ou que para isso exigiriam muita perseverança.”
Essa idéia é muito aceita pelas pessoas inclinadas à cólera, culpando seus organismos. Está no sangue, vindo dos pais. Quando acreditam em Deus, dizem: “Ele me fez assim, não tenho culpa.”
A cólera é uma imperfeição humana, desenvolvida pelo homem, no decorrer do seu processo evolutivo, conseqüência do orgulho, como vimos no estudo anterior.
Hahnemann afirma que “não há dúvida que existem temperamentos que se prestam melhor aos atos de violência”, todavia, “um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre pacífico”. A causa , pois da cólera está no Espírito e não no corpo.
“O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade?”
Kardec, em um estudo intitulado A Carne é Fraca , escreve que “É o Espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos instintos, como um artista imprime à sua obra material o cunho de seu gênio.”(2)
O autor termina a mensagem: “Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.”
Leda de Almeida Rezende Ebner
Abril / 2008
O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste centro.
Bibliografia:
KARDEC, Allan -“O Evangelho Segundo o Espiritismo”
1- Hermínio C Miranda : “Hahnemann, O Apóstolo da Medicina Espiritual”
2- Allan Kardec: “Revista Espírita,” março/869
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário