sexta-feira, 27 de maio de 2016

Privações Voluntárias. Mortificações

Estudo Espírita

Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Tema: Privações Voluntárias. Mortificações.


LE 718 a 727


Expositora: Deise Bianchini   

Amambai - MS
24/12/2005




Exposição:



Boa noite aos amigos. Hoje vamos falar das questões 718 a 727 de "O Livro dos Espíritos"  que tratam das Privações Voluntárias. Mortificações.

Interessante esse tema ser abordado numa data como a de hoje, véspera de Natal, momento em que alguns de nós nos recolhemos em reflexões, observamos a tendência consumista a que muitos de nós nos entregamos.
Alguns realmente por vivenciar esses momentos em família, aproveitar o sentimento cristão de fraternidade, fazer a troca de presentes como real lembrança de amor. Outros apenas aproveitando a data festiva em comilanças, gastança.

Alguns outros abnegados trabalhando em prol dos menos favorecidos, partilhando de seu tempo, suas posses, fazendo da caridade um modo de vida.dguns outros abnegados trabalhando em prol dos menos favorecidos, partilhando de seu tempo, suas posses, fazendo da cari

As questões de hoje de "O Livro dos Espíritos" fazem parte da lei de conservação.

 A lei de conservação obriga o homem a prover às necessidades do corpo porque sem força e saúde o trabalho é impossível.
É natural que o homem procure o bem-estar, Deus só proíbe os abusos e o
fato de ser conseguido à custa de outrem ou com diminuição das forças físicas ou morais do homem.. Existe mais mérito no fazer o bem aos semelhantes do que nas privações voluntárias.

Existem privações meritórias tais como privar-se de gozos inúteis, resistir à tentação, doar do que lhe é necessário, porque desprendem o homem da
matéria e lhe elevam a alma.
Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros é a verdadeira mortificação,
conforme a caridade cristã, privar-se do que lhe é necessário, para dar ao que carecem.
A vida de mortificações ascéticas, se somente serve para quem a prática, e o impede de fazer o bem, representa egoísmo, seja qual for o pretexto com que o homem entenda de colori-la. Privar-se a si mesmo, e trabalhar para os outros, isso sim, é a verdadeira mortificação, segundo a caridade cristã.

Alguns legisladores entenderam de, com um fim útil, proibir o uso de certos alimentos e, para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como emanadas de Deus. Entretanto, de acordo com a lei da conservação, ao homem é permitido alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde. O homem deve se alimentar conforme o reclame a sua organização. Face a constituição física, a carne alimenta a carne. O homem tem, pois, que se alimentar conforme o reclame a sua organização. Será meritório se o homem abstiver-se da alimentação animal, mas que seja para benefício dos outros.

 

A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Outro tanto se dá com relação às mutilações operadas no corpo do homem ou dos animais. A Deus não pode agradar o que seja inútil, e o que for nocivo ser-lhe-á sempre desagradável. As mutilações operadas no corpo do homem ou dos animais não têm nenhuma utilidade. Deus só é sensível aos sentimentos que elevam para Ele a alma.
Os sofrimentos naturais elevam os homens enquanto os sofrimentos voluntários de nada servem se não houver benefício, quando não concorrem para o bem de outrem. Sofrer alguém, voluntariamente, apenas para seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade.

Não devemos provocar sofrimento desnecessário, mas podemos preservar-nos dos perigos que nos ameacem.

Para encerrarmos nosso estudo observemos esse texto ilustrativo.

Provas voluntárias. O verdadeiro cilício in "O Evangelho Segundo o Espiritismo" obra codificada por Allan Kardec cap. V, item 26.

Um anjo guardião. (Paris, 1863.)

Perguntais se é licito ao homem abrandar suas próprias provas. Essa questão equivale a esta outra: É lícito, àquele que se afoga, cuidar de salvar-se? Aquele em quem um espinho entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar o médico?
As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação. Pode dar-se que um homem nasça em posição penosa e difícil, precisamente para se ver obrigado a procurar meios de vencer as dificuldades. O mérito consiste em sofrer, sem murmurar, as conseqüências dos males que lhe não seja possível evitar, em perseverar na luta, em se não
desesperar, se não é bem-sucedido ; nunca, porém, numa negligência que seria mais preguiça do que virtude.
Essa questão dá lugar naturalmente a outra. Pois, se Jesus disse: "Bem-aventurados os aflitos", haverá mérito em procurar, alguém, aflições que lhe agravem as provas, por meio de
sofrimentos voluntários? A isso responderei muito positivamente:
Sim, há grande mérito quando os sofrimentos e as privações objetivam o bem do próximo , porquanto é a caridade pelo sacrifício ; não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem daquele que a si mesmo as inflige, porque aí só há egoísmo por fanatismo .

Grande distinção cumpre aqui se faça: pelo que vos respeita pessoalmente, contentai-vos com as provas que Deus vos manda e não lhes aumenteis o volume, já de si por vezes tão
pesado; aceitá-las sem queixumes e com fé, eis tudo o que de vós exige Ele. Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem objetivo, pois que necessitais de todas as vossas forças para cumprirdes a vossa missão de trabalhar na Terra. Torturar e martirizar voluntariamente o vosso corpo é contrariar a lei de Deus, que vos dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquece-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis, tal a lei. O abuso das melhores coisas tem a sua punição nas inevitáveis conseqüências que acarreta.
Muito diverso é o quê ocorre, quando o homem impõe a si próprio sofrimentos para o alívio do seu próximo.
Se suportardes o frio e a fome para aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e alimentado e se o vosso corpo disso se ressente, fazeis um sacrifício que Deus abençoa. Vós que deixais os vossos aposentos perfumados para irdes à mansarda infecta levar a
consolação; vós que sujais as mãos delicadas pensando chagas; vós que vos privais do sono para velar à cabeceira de um doente que apenas é vosso irmão em Deus; vós, enfim, que despendeis a vossa saúde na prática das boas obras, tendes em tudo isso o vosso cilício, verdadeiro e abençoado cilício, visto que os gozos do mundo não vos secaram o coração, que não adormecestes no seio das volúpias enervantes da riqueza, antes vos constituístes anjos consoladores dos pobres deserdados .
Vós, porém, que vos retirais do mundo, para lhe evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade tendes na Terra? Onde a vossa coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais do combate? Se quereis um cilício, aplicai-o às vossas almas e não aos vossos corpos; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações; flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos contra a dor da injúria e da calúnia, mais pungente do que a dor física. Aí tendes o verdadeiro cilício cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus.

Que essas reflexões nos possam ser úteis em nosso crescimento e atuação perante a vida.


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