sexta-feira, 1 de julho de 2016

O bem e o mal sofrer


Era uma tarde de outono.

Em meio ao burburinho do cotidiano, uma jovem buscava organizar seus pensamentos para então tranqüilizar a mente e conseguir trabalhar.

Mas era tão difícil.

Por mais que buscasse organizar suas idéias, em poucos instantes seu pensamento vagava entre lembranças e aflições.

Desconcentrava-se e afligia-se.

Sentia vontade de sair correndo para longe.

No entanto, sabia que seu desconforto nada tinha a ver com seu trabalho.

Além disso, não seria um lugar qualquer que lhe devolveria a serenidade perdida.

Era nisso que pensava quando olhou pela janela.

Nuvens espessas e escuras escondiam o sol.

As montanhas próximas pareciam ter sido engolidas por densa névoa.

A luminosidade do dia dava lugar à certeza da tempestade que não tardaria a cair.

Sentiu seu coração ainda mais pesado.

Era como se o seu estado de espírito estivesse representado pelo cenário emoldurado na janela.

Quando as primeiras gotas da chuva começaram a escorrer pela vidraça ela sentiu-se mais infeliz.

O desejo de chorar só foi contido pela presença dos colegas de trabalho, alheios à sua dor.

Baixou novamente os olhos na tentativa de retomar o trabalho quando encontrou, entre seus pertences, um papelzinho impresso.

Era uma dessas curtas mensagens que se acham dentro dos chamados “biscoitinhos da sorte”.

Era singelo, mas preciso: “depois da tempestade vem a bonança.”

Reencontrar, naquele momento, quando a chuva caía pesada, o bilhetinho que recebera por acaso dias antes, parecia-lhe mais do que uma simples coincidência.

Afinal, sentia-se em meio a uma tempestade.

Problemas sérios invadiam sua vida.

Era como se uma enxurrada estivesse arrastando para longe dela sua paz e sua felicidade.

Olhou novamente para o pequeno papel e o releu.

No instante seguinte, olhou para fora.

Pensou:“para Deus nada é impossível.”

Cobriu o rosto com as mãos e fez uma breve, mas sincera prece, rogando ao Pai força e coragem para prosseguir.

Sentiu-se mais leve e acabou sendo envolvida, sutilmente, pelo trabalho.

O telefone tocou, pessoas a chamaram para resolver questões profissionais, e assim foi.

Sem que percebesse, seus problemas pessoais cederam lugar à concentração no trabalho que ha pouco lhe faltava.

Os minutos foram seguidos pelas horas. Quando, no final da tarde, ela voltou seus olhos para fora não pôde conter o espanto.

A chuva havia parado e o cenário era muito diferente: o céu, banhado por intensa luz do sol, não tinha nuvens.

As montanhas, antes ocultas pela neblina, agora tinham seus contornos bem definidos.

Naquele momento, uma colega aproximou-se e disse-lhe: “quem diria, não?

Depois da chuva que caiu no começo da tarde, um final de dia ensolarado como esse!”

E completou, sorrindo: “para Deus nada é impossível!”

A jovem sorriu, sentindo o ânimo renovado, e pensou: “realmente, para Deus tudo é possível.”

***

O amor de Deus é uma presença constante na vida de cada um de nós.

Enlevados pela alegria ou arrasados pelo sofrimento, por vezes, esquecemo-nos disso. No entanto, em momento algum Ele nos esquece, ou abandona.


Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

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