sábado, 28 de maio de 2016

O Jugo Leve


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Os filósofos tinham razão. O ser humano não sabe viver em estado de liberdade. E digo isso com muita tristeza, pois trago dentro de mim desde cedo um pensamento libertário, advindo da criação que tive (liberdade com responsabilidade).

Uma das coisas que me horrorizou no curso de Direito foi estudar a filosofia na qual o curso se baseia e constatar que ela toda visa manipular as pessoas, seja como indivíduos, seja como classes sociais, e que o Direito se expressa na sua forma mais clara em "O Príncipe", de Maquiavel.

Eu pensava: "estamos tratando de pessoas aqui! Isso é desumano! Uma elite pensando em como deve tratar o gado, e eles serão o futuro do país (ARGH!)". Obviamente não aguentei, e saí na metade do curso.

Também sempre fui contra a manipulação das Igrejas, seja ela católica, presbiteriana ou evangélica. Apóio a defesa do Estado Laico, da liberdade, igualdade e fraternidade, essas coisas.

Mas sabe, ultimamente estamos vendo um acúmulo tão grande de absurdos em relação ao respeito ao ser humano que me fez pensar ONDE estaria a raiz do problema. E a conclusão a qual cheguei foi: falta de cabresto.

Por cabresto entendemos logo algo muito ruim (até porque o termo foi empregado nos tristes tempos da ditadura no Brasil), mas creio que, me valendo de uma frase de Jesus, possa definir melhor meu pensamento:

“Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. (Mateus 11:28-30)

Jesus não fala aqui: Ei, vocês que estão cansados e oprimidos, venham pra meu grupo que aqui só vai ter oba-oba, flower power, concertos de rock o dia todo (isso só me lembra o episódio de South Park dos Hippies. Ele diz claramente pra que aqueles que carregam um peso enorme nas costas (muita culpa, muita repressão) venham pra doutrina dele, que tem um peso menor (menos pré-requisitos pro checklist do céu).

Quando Jesus estabelece sua doutrina no amor, no perdão e na caridade, temos a tendência a ver isso como um “opcional”, afinal, basta não fazer mal aos outros que está tudo bem, mas NÃO. Você não faz o que Jesus pede porque é bom pra você naquele momento, ou porque está a fim, mas porque é o CERTO. Sem amor, sem perdão e sem caridade, você não pode nem sequer se chamar Cristão.

E aí me lembro da pergunta: “você é católico?”, que tanto traz controvérsia, e emendo: “você é cristão?”. Ao me fazer essa pergunta, cheguei a conclusão de que sou um proto-cristão, ainda estou no caminho, e tenho vergonha de admitir (mas admito) que nem Cristão por inteiro eu posso me considerar.

Esse tipo de auto-avaliação me dá uma boa dimensão de como nos encontraremos a sós consigo mesmos, depois da morte; depois que não formos nada além de nosso espírito, da soma de nossas ações. É o momento onde nos faremos a pergunta:

O que eu sou agora? Juiz? Não mais. Carpinteiro? Não mais. Mulher? Homem? Indefinido? A reencarnação tratará de desfazer esses “enganos”. Não somos uma profissão, nem um gênero, nem um nome, um CPF... somos o que FIZEMOS... e o que fizemos de CONCRETO pra nos DEFINIR no mundo ESPIRITUAL.

É por isso que o mundo espiritual é cheio de “almas penadas”, gente perdida, querendo voltar de alguma forma, muitas vezes tão perturbada que acabam prejudicando os moldes do perispírito e causando deformações, problemas mentais, etc.

Culpa de Deus? Não mesmo. Culpa dela por ações na vida passada? Nem tanto. Culpa incutida nela mesma por coisas que deixou de fazer? Talvez. A lei do Talião (que muitos espíritas confundem como a Lei do Karma, tipo “fez isso paga aquilo”) cai por terra diante dessas sutilezas. E o microcosmo é feito dessas sutilezas, como o bater das asas de uma borboleta na China...

Bem, você, Cristão convicto, me pergunta, "e desde quando amar, perdoar e ser caridoso é um peso, um jugo?" e eu digo: Pergunte a Chico Xavier. Quanto maior a disposição verdadeira, maior o trabalho (afinal, são poucos os trabalhadores na seara) e o desafio. Todo espírita queria ser que nem o Chico Xavier, mas poucos (ou nenhum) aceitariam passar pelo que ele passou. Emmanuel esclarece:

"Quando nos sentimos ofendidos, queremos aplicar logo a lei do jugo por nós mesmos, então nos defrontamos muitas vezes buscando punição para aquele que nos ofereceu o agravo da ofensa... se não fizermos isto, seremos chamados de ingênuos ou covardes, mas o jugo suave do amor inclui o perdão para as ofensas.

Às vezes não podemos conviver com essa pessoa, porque o médico ou aquele que faz a enfermagem, para ajudar o doente, não se deita com ele na cama; ajuda-o à distância, com pensamentos de paz, de compreensão. A Lei não manda que deitemos no chão e esperemos que os outros nos apedrejem.

Pede-nos sim uma atitude de conciliação. Tem o jugo leve, mas tem o jugo pesado, que está na lei de causa e efeito. Quando não aceitamos auxiliar, lembremos com amor, compreendendo, justificando, perante nós mesmos, as faltas alheias - nós não podemos fazer a função de Deus!

Quando nos entregamos ao jugo suave, não é indiferença, é uma energia com brandura. Quando nós queremos o jugo forte, geralmente resgatamos as nossas atitudes infelizes com problemas muito mais sérios.

Devíamos educar os nossos filhos na lei do jugo leve; não é criando costumes desnecessários, não é levando ao amor pelo desperdício, à superioridade... Ensinemos aos nossos filhos que não são melhores do que os outros; que devem partilhar a merenda da escola; levar um pouco do alimento da nossa casa para os companheiros".

Me veio à mente a pregação do Pastor que morreu no acidente da TAM. Passei dias me perguntando o que teria sido aquilo (premonição? Retro-cognição? viagem astral?) e só agora (agorinha) a mensagem dele fez sentido.

Sim, porque enquanto me detive apenas na mensagem que falava dos corpos enrolados, me esqueci de algo que ficou no meu subconsciente (e no subconsciente de todos os mais de 500.000 curiosos que foram ver): a pregação emocionada da mensagem que o espírito de Deus deixou pra ele.

"Ora um pouco mais; Consagra um pouco mais". E ele nos alertou que paira sobre as igrejas da nação brasileira um cansaço, um desânimo... homens de Deus desanimados, alquebrados. Uma fadiga espiritual.

E recomenda um pouco mais de esforço, um pouco mais de determinação. Porque estamos no Vale de Refaim, onde enfrentamos gigantes, uma força monstruosa, anti-natural. Assim sendo, devemos estar vigilantes para o perigo.

A primeira vez que ouvi isso achei graça por conta do nome, da imagem evocada do Velho Testamento (e automaticamente associada à Menina pastorinha), mas agora a coisa toda entrou em perspectiva. E a pregação não foi dirigida ao público, e sim aos pastores (ele se virava pra falar com eles) e líderes espirituais em geral.

Então esse alerta serve especialmente para nós, que somos mais ou menos os "donos do nosso próprio nariz" em termos espirituais, e que estamos nos sentindo "esmagados", fragilizados pelo peso de tanta iniqüidade, tanta injustiça, tanta violência... Seja qual for nossa orientação religiosa (ou mesmo não-religiosa, apenas ética), estamos lutando contra gigantes.

Somos um país onde as pessoas não parecem pensar em Deus em suas ações. Talvez até um MUNDO sem Deus no coração. Seria ótimo se fosse que nem na música “Imagine”, de John Lennon, só que tiraram a moral das religiões de cena e deixaram as guerras, os países, as promessas e repressões religiosas, como o paraíso das mil virgens e o inferno católico (restaurado recentemente, inclusive).

Até pouco tempo a Igreja Católica fazia um papel social muito bom em "ancorar" as comunidades em torno da religião. E isso ainda pode ser visto nas cidades de interior.

Elas são formadas (inclusive geograficamente) em torno da Igreja, que contém uma praça onde toda a cidade se reúne pra comprar, conversar, festejar... e ouvir o sermão, onde o padre dá a Luz, o rumo, a palavra certa para aquela cidade, inspirado por Deus (como deve ter feito Anchieta/Emmanuel desde a fundação da cidade de SP).

Todos os aspectos da personalidade são trabalhados e exercidos no centro (Self) da cidade, onde há o intercâmbio, a troca, sob as asas de uma religião-guia.

A imoralidade (no seu sentido mais abrangente) sempre existiu e vai continuar existindo, mas antes era oculta, segregada, não apenas pra se manter um verniz de falsidade (o estereótipo do padre que vai consolar a viúva não surgiu da imaginação de nossos literatos), mas por um respeito à coletividade, a um ambiente saudável onde se pudesse criar seus filhos.

Um senhor me disse que mesmo os bares e gafieiras (onde os malandros "dominavam" e as mulheres de reputação duvidosa iam se divertir) respeitavam os horários da missa, e só quando o padre dava as badaladas no sino era que se podia começar a vida noturna.

Não estou sendo saudosista (isso nem é do meu tempo) nem quero que isso volte, mas pensem na MENTALIDADE, na simplicidade lógica, do respeito mútuo entre partes antagônicas (luz e sombra)... Isso é lindo, poxa. Quando você vê o filme do Alto da Compadecida com aquele matador altamente religioso, aquilo existe mesmo (ou existia).

São âncoras da consciência que, mal usadas, podem atrasar nossa viagem ou impedi-la completamente, mas se não a usarmos também não teremos como parar sem ser se chocando em algo! E o fato de todo barco ou navio ter uma é porque tem um capitão que sabe usá-la.

Estamos sem âncora, à deriva, não só espiritualmente como socialmente. E isso se reflete em nossos relacionamentos, sem compromisso, sem moral, sem regras. O "ficar" indiscriminado é apenas um reflexo das nossas relações sociais.

O "Deus" da classe média/alta são as drogas. O "Deus" do nosso país é o governo. Esperamos que ele faça tudo por nós, nos conserte. Não percebemos que somos NÓS, como sociedade, que estamos quebrados. O Governo é um reflexo de nós mesmos, do cada um por si, sem compromissos.

O Congresso Nacional É DE FATO nossa cara, a "casa do povo brasileiro". A TV nos faz o maravilhoso "favor" de irradiar uma vida individualista e consumista pra todos os grotões do Brasil (mas nem posso reclamar deles... afinal, as pessoas assistem, não assistem? É a realidade delas... ou melhor, é a irrealidade que elas querem ter) e assim começa um ciclo vicioso onde a sociedade alimenta a mídia, que alimenta a sociedade.

Não se fala mais de ética ou de moral na TV. Procuramos apenas culpados, Genis pra apedrejar, botar nossas culpas, como nossos ricos procuram prostitutas pra descontar suas frustrações... Não precisamos nos unir pra criar ou consertar nada, apenas procurar um culpado e xingá-lo, e poder dormir com a sensação de dever cívico cumprido.

A culpa pelo ovo de Ipanema não é da Narcisa ou do Boni, é de nossa sociedade permissiva, nossa própria estrutura (ou falta dela) que possibilita e incentiva que todos nós joguemos "coisas" que temos em excesso uns nos outros (pra que não tenhamos de olhar pra nós mesmos), e que uma certa classe social resolveu, digamos... materializar de forma mais..... contundente, em cima dos outros.

E a forma de resolver esse problema não é prendendo gente, ou jogando ovos de volta, mas re-discutindo nosso papel no mundo!!! É esse o tipo de sociedade que queremos? Será que devemos instaurar uma guerra civil de ovos ou vamos trazer enfim à baila a discussão ética e moral, que independem de religião mas que, na nossa limitada cabecinha coletiva, ainda precisa de uma droga de uma âncora do tipo "Jesus, Buda ou Krishna fariam isso?".

É esse o cabresto do qual vos falo. Comecei o texto falando do cabresto político-social do contrato. Só que o contrato idealizado por Rousseau passa por todas essas questões abordadas acima, como se lê:

"O que o homem perde pelo contrato social é a sua liberdade natural, e o que adquire é a liberdade civil. Distingue-se a primeira que não reconhece limites outros além da força dos indivíduos, da segunda, que está protegida e limitada pela vontade geral".

Se o Estado não provê esse contrato, se ele falha em relação aos seus objetivos, então, segundo Locke, "deve ser dissolvido para que outro se organize". O problema no Brasil é que o sistema está viciado... ainda mais quando reelegemos peças reconhecidamente defeituosas.

Chico (Emmanuel) nos esclarece mais sobre o jugo pesado: "Não é fácil sair do jugo forte; vivemos nele desde priscas eras, quando estávamos no reino animal. Mas agora temos a razão, não podemos viver como o tigre, o lobo, o cão raivoso. O próprio boi, que nos serve, foi domesticado no jugo. E até hoje sofre para nos dar a própria carne, o próprio leite.

Todos os animais foram domesticados a pau para nos ajudar, é o jugo forte. O jugo do Cristo é leve. Do jugo forte ao jugo leve há uma ponte difícil de ser atravessada - a dos nossos hábitos.

E os que subsistem na educação que tiveram dos pais ou avós se acham peixes fora d'água, pensando "será que estou errado e o mundo está certo, ou eu estou certo e o mundo está errado? Seja como for, tem alguma coisa errada nisto tudo".

E lutam contra forças descomunais. É o que as profecias Maias já previam: a era dos espelhos. E, assim como o Zohar diz que "Ai daquele que estiver na era do Messias, e feliz daquele que estiver na era do Messias", o Pastor conclui seu recado citando Romanos 5:20: "Onde abundou o pecado, superabundou a Graça".

Não é hora de desânimo. As melhores oportunidades são criadas exatamente nas horas mais difíceis. Às vezes uma vida toda de pregação para milhares de pessoas de um só credo é destinada a 10 minutos de vídeo que vai ser assistido por 500.000 pessoas às quais ele nunca falaria.

É a transformação de Shiva, que poucos entendem e associam a destruição pura e simples. Uma transformação que vem através da dor, do impacto, mas para aqueles que conhecem a Matrix o que se vê é um mecanismo em plena atividade, com alguns códigos aparecendo aqui e ali para o bom observador.

Adoraria ver cidades criadas em torno de religiões, onde seus habitantes estivessem reunidos por um afinidade. Uma cidade hinduísta, outra islâmica, outra budista, outra só de filósofos (que não é uma religião mas tem toda uma estrutura moral), todas convivendo dentro do mesmo país, em harmonia uma com as outras.

Mas não se põe vinho novo em vaso velho, e como não podemos reconstruir o mundo macro, que tal o micro? Muitas pessoas já vêm fazendo isso, de forma invisível pra maioria.

Aqui em Pernambuco mesmo, no coração do Recife, reside um núcleo comunitário que, à primeira e segunda vista é um favelão: O Coque. Só o nome já causa arrepios nos recifenses, acostumados às notícias sangrentas de jornais da capital mais violenta do Brasil.

Uma minoria de marginais transformou todo um bairro em marginalizado, iniciando um ciclo vicioso que ajuda a produzir mais marginais. Ponto pra Prefeitura e Governo, que criou um vácuo social dentro daquele lugar (há policiamento na periferia, para que os bem-nascidos não sejam mais assaltados no imenso viaduto que passa por cima do lugar).

Mas espere! No meio de todo aquele amálgama de violência e miséria há um reduto de paz e ordem, onde trabalhadores voluntários se reúnem pra ajudar as pessoas com educação, capacitação, tratamento psicológico e RELIGIOSO.

São espíritas, budistas, filósofos, umbandistas, hinduístas, católicos e ateus, que não estão lá para provar seus pontos de vista, mas para trabalhar em prol do semelhante. É o NEIMFA (Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis), uma ONG que funciona com apoio financeiro vindo do exterior (e que acabou servindo de base de apoio para ações governamentais). Como eles não têm problema com Deus, abrem o espaço para deuses hindus, Buda e pro bom e velho Jeová.

O mundo pode não estar lá muito legal com as guerras e animosidades criadas em torno de Deus(es). Mas, quando vemos a animosidade continuar SEM Ele, e as (poucas) ações em prol do semelhante vir de (e ir de encontro a) uma religiosidade inerente ao aspecto Divino do Ser Humano, percebemos a necessidade de ter (e SENTIR) Deus em nossa sociedade.

O JUGO LEVE

O JUGO LEVE. Mas o que é jugo?...= Peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho.

ESE – Cap. VI

O CRISTO CONSOLADOR

O JUGO LEVE


Vinde a mim, todos vós que andais em sofrimento e vos achais sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. ( Mateus, XI:28-30).

O que significa isso?

O que é jugo?

Como um fardo como o de Jesus pode ser leve...

Como compreender suas palavras se, vemos e experimentamos tantos sofrimentos nesse mundo?

         Jesus nos convida para irmos até Ele que seremos aliviados. Mas, esse ir até Ele, não significa ir ao templo religioso de forma convencional, por que muitas pessoas vão ao templo, a igreja, ou ao centro espírita e estão com o pensamento em outras coisas, estão lá só de corpo presente.

Mas, sim ir a Ele de corpo e alma, ou seja, apresentar-se a Ele e aceitar as leis divinas com humildade e respeito a elas. Prestando atenção à mensagem evangélica que está sendo exposta. Isso pode ser feito sem dogmas e sem rituais, mas antes, um código de renovação moral que deve ser aplicado diariamente na prática da nossa reforma íntima.

Por isso o jugo é suave e o fardo é leve.

Mas o que é jugo?...= Peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho.

Na simbologia o jugo representa servidão, é símbolo de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é bem explicita. Como os romanos mandavam no mundo na época de Jesus, quando acontecia uma vitória dos romanos, os que eram derrotados eram obrigados a passar por baixo de uma lança na frente dos oficiais romanos seminus, tendo de curvarem-se e, eram, insultados e cuspidos, o que provocava nos vencidos muita raiva por parte dos vencidos, originando uma nova batalha que acabava em carnificina.

Assim Jesus se referia ao seu jugo suave porque era escolhido voluntariamente e levava ao domínio de si mesmo na união interior com Deus através da observância das Leis de Deus, na sua prática diária dos  ensinamentos que trouxe e exemplificou.

No velho testamento e no novo testamento podemos perceber que a submissão forçada ou disciplinada, é um elemento constante nas profecias de salvação. Carregar o jugo de Deus significa submeter-se aos Seus preceitos. Na época do Cristo tem o sentido figurado com relação ao poderio romano. Ele diz que o seu jugo é suave porque somente Ele ( Jesus) é capaz de oferecer o lenitivo para as dores e sofrimentos.

Porque Jugo Leve?...

Se atendermos aos desígnios do alto a nosso respeito, não dificultaremos a nossa situação atual. Porque,  conhecedores das leis divinas não faremos aos outros aquilo que não queremos para nós, porque sofremos as consequências dos nossos atos. Porque sabemos que a vida não se resume somente à vida na matéria, e, tão pouco a essa atual como única, e então vemos com outros olhos tudo o que acontece  se, fruto das nossas ações ou não. O conhecimento da vida futura torna o fardo mais leve quando percebemos que temos que aceitar os sofrimentos com resignação, porque estaremos olhando do ponto de vista espiritual que é muito mais amplo. Analogamente falando é o olhar de alguém que está no alto de um monte comparado ao olhar daquele que está no pé da montanha. Aquele que está no alto tem uma visão mais ampla, já, aquele que esta em baixo, tem uma visão bem restrita.



CONSOLADOR PROMETIDO

CONSOLADOR NO LATIM = COSOLATOREM

SIGNIFICA = aliviar ou suavizar a aflição de alguém que esteja em sofrimento ou padecimento

CONSOLADOR NO GREGO = PARACLETUM, é aquele que foi chamado para estar ao lado de alguém que sofra para  consolar exortar.

Em um livro da religião judaica diz que os justos, os sábios e os profetas são paracletos e, que, eles têm a função de interceder pela humanidade junto a Deus.

No livro Nosso Lar, André Luiz, percebe que não poderia ficar na colônia depois da análise do seu passado. Mas, sua mãe que está em um plano superior intercede para que ele fique em Nosso Lar (colônia de tratamento espiritual).

Se me amais, guardai meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o ESPÌRITO DE VERDADE, a quem o mundo não pode receber, porque não vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, por que ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o consolador, que é o ESPÌRITO SANTO, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar,  de tudo o que vos tenho dito. ( João, XIV: 15 a 17;26).

Nesta passagem Jesus nos dá a informação de que o consolador seria o Espírito Santo que iria ficar conosco. Não seria um homem, ou, uma individualidade, o Espírito de Verdade a quem o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece. O Espírito Santo aqui, é designado como a falange de 70 espíritos de luz, diretamente ligados a Jesus responsáveis por esses ensinamentos que se assina como Espírito de Verdade. Que escreve no prefácio do evangelho segundo o espiritismo.

Ler Prefácio

Jesus disse: Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos enviará outro consolador para que fique eternamente convosco, o ESPIRITO DE VERDADE.

A doutrina espírita nos diz que a dor tem por objetivo nos fazer entender que se seguimos as Leis Divinas evitaremos maiores sofrimentos. Nos mostra o sofrimento como crises salutares que nos levam a cura de nossos males. São purificações que nos levam a felicidade nas existências futuras nos fazendo aceitar que todo sofrimento é merecido e justo.

E dessa forma podemos assegurar que o espiritismo é o consolador prometido, pois que nos esclarece sobre os nossos sofrimentos e comprometimentos e nos consola porque  nos faz entender e aceitar a justiça e o merecimento de nosso sofrer como consequência de nossas atitudes.

E assim aprendemos com essa doutrina consoladora que a causa de nossos sofrimentos reside exatamente em nossas imperfeições morais e em nossas limitações.

E quando fazemos isso estamos sendo verdadeiros espíritas e verdadeiros cristãos.

Allan Kardec diz: reconhece-se o verdadeiro espírita pelo esforço que faz constantemente para combater as suas más tendências.

Essa é a bandeira da nossa doutrina, porque faz cumprir a promessa de Jesus de nos consolar e fazer lembrar os Seus ensinamentos.

Aqui no Evangelho Segundo o Espiritismo nos temos um código moral universal, sem distinção de culto. Mas atentem bem para “Código Universal”, porque não é só para quem vive neste mundo, mas para todos os mundos habitados do Universo.

Na parte da instrução dos Espíritos, o ESPIRITO DE VERDADE NOS DIZ: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; Instrui-vos, eis o segundo”. Todas as verdades se encontram no cristianismo; são de origem humana os erros que nela se enraizaram.

Jesus deixou-nos muitos exemplos e muitos ensinamentos que foram anotados pelos apóstolos depois de seu desencarne como um legado de evolução moral a iluminar todos aqueles que o seguem, porque edificam e constroem com sua fé a mais pura moral evangélica, que nos resgata das sombras espirituais onde estávamos mergulhados há bem pouco tempo.

O Mestre amado nos disse que ainda não podíamos entender suas mensagens porque não tínhamos maturidade espiritual, e, por isso falava-nos por parábolas. Mas que, pediria ao Pai e Ele enviaria outro consolador que se incumbiria de nos lembrar, o que Ele Jesus havia nos ensinado e que nos revelaria novos conhecimentos. Desta forma vale lembrar que para o nosso aprimoramento espiritual não basta apenas sabermos esse conteúdo, mas, é imprescindível que vivenciemos os ensinamentos de Jesus.

O Jugo Leve

O Jugo Leve


“1. Vinde a mim, todos os que andais em sofrimento e vos achais carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus, XI:28-30).

2. Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perdas de seres queridos, encontram sua consolação na fé no futuro, e na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens.

Sobre aquele que, pelo contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições pesam com todo o seu peso, e nenhuma esperança vem abrandar sua amargura.

Eis o que levou Jesus a dizer: "Vinde a mim, vós todos que estais fatigados, e eu vos aliviarei".

Jesus, entretanto, impõe uma condição para a sua assistência e para a felicidade que promete aos aflitos.

Essa condição é a da própria lei que ele ensina: seu jugo é a observação dessa lei.

Mas esse jugo é leve e essa lei é suave, pois que impõe como dever o amor e a caridade.”

Allan Kardec, o codificador, inicia o Cap. VI do Evangelho Segundo o Espiritismo, com a passagem de Mateus, o Jugo Leve.

Nesta passagem podemos observar, através das palavras de Jesus, que só na compreensão da doutrina do amor, os homens encontrarão consolo para as suas almas doloridas.


Jesus queria dizer: vinde a mim todos vós que vos achais sobrecarregados de dor, de angústia, de sofrimentos de toda a espécie, aprendei comigo através dos meus ensinos, as leis divinas às quais estais subordinados.

Aprendendo essas leis, estareis em condições de as aplicar às vossas vidas onde encontrareis a paz e a consolação para as vossas almas doloridas.


Acompanhavam o mestre, nas suas palestras, os humildes de coração, os famintos de consolo, os doentes de toda a espécie, os escravos dominados e oprimidos pelo orgulho seus patrões, as mulheres deserdadas de amor e de direitos, enfim, os humildes de coração que viram na mensagem sublime da boa nova, o bálsamo reconfortante para os seus males, onde encontravam um sentido para a vida, apesar do imenso sofrimento.


Absorvendo esses ensinos e essas emanações de paz e de amor, esses homens e mulheres humildes do coração, sentiam-se amados, sentiam-se úteis, sentiam que havia alguém que acreditava neles, que lhes dava alento, que os valorizava, com a palavra amiga, com a orientação apropriada.


O mestre ajudava com a palavra amiga e consoladora, aplicava passes curadores impregnados dos bálsamos sublimes promovendo a cura de imensas doenças físicas e espirituais, mas no final tinha sempre uma recomendação, vai e não faças igual, para que não te aconteça coisa pior.

Todos ficavam extasiados com o seu amor, com o seu magnetismo que lhes tocavam as fibras mais íntimas, recebendo dele as energias que os sustentariam na mudança interior, na sua transformação.


É triste não saber porque se sofre, e se não sabemos porque sofremos, pouco beneficiaremos desse sofrimento.


Allan Kardec, explica que o jugo é o esforço que temos de fazer por nos orientarmos sempre dentro do cumprimento e observação da lei, lei essa que tem a sua base de sustentação no amor.


O jugo suave é a aplicação prática, nas nossas vidas, desses princípios que nos harmonizaram com as leis divinas ou naturais.


Ir ao encontro do cristo, é aprender para depois poder praticar.


Ninguém é capaz de fazer bem, sem primeiro aprender, o mesmo ocorre em qualquer actividade, primeiro a instrução depois a execução.


Como espíritos em evolução que somos, revelamos as nossas mazelas, os nossos sofrimentos cuja causa não tendo a sua origem na vida presente, certamente estará numa vida ou vidas anteriores, onde todos nós cometemos atropelos às leis às quais estamos vinculados.


Jesus compreendendo esse nosso despreparo espiritual, com carinho e amor, através da palavra simples e sábia, apontou o caminho e instruindo, mas não abdicou de dizer que o caminho é para ser seguido sob a responsabilidade de cada um.


Jesus disse, vinde a mim vós que sofreis e eu vos aliviarei, não disse o mestre que nos carregava a nossa cruz, isso é conquista que nos compete realizar através do nosso próprio esforço.


Só após conhecer e praticar essas leis naturais, às quais estamos vinculados, é que teremos a paz e o consolo para as nossas almas.


Reconhecemos que estas palavras do Cristo não são meros preceitos morais, mas que, revelam leis.


Hoje a doutrina espírita explica essas leis, através da pluralidade das existências, através da lei de repetição, da lei de tentativa e erro, onde o espírito imortal vai assimilando conquistas no seu património evolutivo, compreendendo através da dor o que poderia ser feito pelo amor.


Apenas temos duas alternativas disponíveis, a da prática do amor por amor, que dará a felicidade relativa ao nosso estágio evolutivo, ou, caso contrário, o sofrimento e o desespero provocado pela nossa teimosia e orgulho disfarçado, que teima em não atender às leis amorosas do Pai, resvalando pela nossa teimosia no vale da dor, que nos fará despertar lentamente para o amor.


Conhece a verdade e a verdade te libertará, disse o mestre Jesus.

Mas libertará de quê perguntamos? Libertará da ignorância espiritual.


Com kardec e através da doutrina espírita, vem o espírito de Verdade dizer.

Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.

Constatamos que a lei do amor é a pedra base da nossa sustentação, porém, uma nova lei se faz necessária ter em conta, a do estudo edificante em todas as áreas do saber e em particular do conhecimento espiritual.

Aspirando a valores mais nobres e mais sublimes, entrando em sintonia com as esferas mais altas da vida, permutaremos conhecimentos, vibrações doces e suaves que nos fortalecerão e nos libertarão do sofrimento que a nossa marcha evolutiva nos manchou, fruto do nosso despreparo espiritual.

Que o entendimento da mensagem do que nos compete realizar seja por nós assimilado e melhor praticado.

Carlos Santa Marinha

O jugo suave

O jugo suave

Em conhecida passagem do Evangelho, Jesus afirma:

Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.

O convite é tentador, pois o Mestre promete alívio para as dores humanas.

Também garante repouso para as almas, ao afirmar que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.

Em um mundo turbulento, alívio, repouso, suavidade e leveza são  autênticos tesouros.

Em meio à correria da vida moderna, é possível ser rico de tudo, menos de paz.

Por vezes, as tarefas e os compromissos surgem esmagadores.

Na busca de sucesso e de bens materiais, as pessoas perdem a noção do que realmente importa.

As horas de trabalho são multiplicadas, talvez desnecessariamente.

Para comprar um carro mais novo ou uma casa maior, abre-se mão de um precioso tempo de repouso ou meditação.

A convivência familiar torna-se algo secundário.

Garante-se que os filhos tenham acesso às melhores escolas, mas se abre mão de transmitir-lhes valores.

Os jovens são instruídos, mas não educados.

Para lucrar bastante, profissionais deixam de lado a ética.

Passam a ter vergonha de si próprios, enquanto ganham muito dinheiro.

Com o objetivo de terem companhia, ainda que temporária, muitas mulheres abdicam de sua dignidade feminina.

Para parecerem modernos, jovens aceitam experimentar cigarros, bebidas e drogas.

Tudo parece valer a pena, desde que seja possível surgir aos olhos alheios como bem-sucedido.

Entretanto, a alma permanece carente de paz.

As conquistas materiais cintilam, mas os seus possuidores  adoecem, desenvolvem problemas de sono e distúrbios psicológicos os mais diversos.

São ricos de coisas e de distrações, mas lamentáveis em seu desequilíbrio.

Estão conquistando o mundo, mas perdendo a si próprios.

Nesse contexto turbulento, convém recordar as palavras do Cristo.

Ele ofereceu alívio, repouso, suavidade e leveza.

São genuínos tesouros, que ninguém pode roubar.

Oscilações da Bolsa de Valores, desemprego, doenças e traições, nada consegue afetar o verdadeiro equilíbrio espiritual.

Quem adquire paz de espírito jamais a perde.

Mas é importante observar que Jesus não apenas fez o oferecimento.

Também recomendou que se aprendesse com Ele, que é brando e humilde de coração.

Ou seja, é preciso seguir os exemplos do Cristo, a fim de se viver em paz.

Ele enfatizou a importância da brandura e da humildade.

Assim, para não se perder nas ilusões mundanas, importa manter-se humilde.

Igualmente convém desenvolver brandura, não se imaginar em combate feroz com os semelhantes.

Não é preciso vencer ninguém para ser feliz.

Instruir-se e trabalhar, pois isso é necessário à vida.

Mas não gastar tempo em disputas vãs ou ilusões passageiras.

Jamais admitir corromper a própria essência, mesmo diante das maiores tentações.

Havendo dúvida sobre a conduta correta, recordar a figura digna e sábia de Jesus.

Ter em mente os sublimes exemplos do Cristo é o melhor antídoto contra ilusões que apenas causam sofrimentos.

Segui-los pode não ser fácil, mas eles constituem um jugo suave, na medida em que propiciam a verdadeira paz.

Pense nisso.



Redação do Momento Espírita.
Em 20.06.2008.

FARDO LEVE E JUGO SUAVE


Jesus disse: "'vinde a mim, porque o meu jugo é suave e o meu domínio é agradável - e achareis repouso para vós mesmos". {Logion, 90).

Este é um dos textos já conhecidos pela grande maioria, inserido nos sinóticos, ou mais precisamente, nas anotações atribuídas a Mateus: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (11:29-30). Percebe-se que a construção fraseológica do discurso canônico está vazada em linguagem mais apurada. O nosso objetivo, no entanto, é a análise sob a visão gnóstica, cuja meta do Espírito, uma vez mergulhado na carne é, prioritariamente, o autoconhecimento e a busca incessante na integração do Espírito ao Todo. E o que sugere Jesus "Quem procura, não cesse de procurar até achar: e, quando achar, será estupefato; e, quando estupefato, ficará maravilhado - e então terá domínio sobre o Universo" (logion 2). Já comentamos este logion 2, na lição. 14. deste livro.

Para melhor nos situarmos, vejamos primeiramente o sentido etimológico da palavra, segundo o Dicionário Houaiss: jugo: Vem do latim jugu, jugum = jugo (a que se atrelam animais); junta de bois, parelha de cavalos; jugo (símbolo de submissão ou escravidão constituído por uma armação de lanças debaixo da qual os vencidos eram obrigados a passar); sujeição imposta pela força ou autoridade: opressão. Assim, o jugo simboliza a disciplina de duas maneiras: ou ela é sofrida de modo humilhante por imposição do opressor, ou a disciplina é escolhida voluntariamente e conduz ao domínio de si, à unidade interior com Deus.

Em O Novo Testamento a palavra 'jugo' aplicada por Jesus tem, obviamente, o sentido figurado, querendo dizer que aqueles que seguissem os seus ensinamentos, mesmo diante das maiores dores e sofrimentos, aceitariam de forma leve. Exemplificando: Conscientizados de que somos transeuntes (logion, 43), e que nossa morada na Terra é transitória, e o que se leva desta vida é a vida que se leva, conforme o aforismo popular. A somatória dos valores espirituais conquistados é o que em conta ao desvestirmo-nos do corpo físico. E, assim pensando, o ser vê a vida sob outra ótica, sabendo que a conquista material faz parte do processo evolutivo, mas tem plena ciência, também, de que a morte física não aniquila o espírito, pois somos seres imortais. Na descondensação do corpo molecular, na realidade não existe morte, mas, uma reciclagem, cujos componentes atômicos voltam à terra para a constituição de outros corpos: o Espírito é Vida, e, por este motivo, jamais morre. É o sentido da Lei de Lavoisier: "Em a natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma'. É óbvio que, com esta visão de futuro, o fardo sempre se tornará mais leve, fazendo-nos caminhar na Terra, mesmo enfrentando todas as agruras, pois, o peso é diminuído pela compreensão.

Todo ser, no seu tempo devido, alcançará esse conhecimento, mas a apreensão dependerá do grau de percepção. A largada, como se fora uma corrida, é igual para todos, no entanto, a chegada ao alvo é fruto da experiência de cada um. Os interlocutores de Kardec ensinam que os Espíritos começam na 'simplicidade e na ignorância', isto é, sem conhecimento. Assim, a maturidade nos conduzirá a ter paciência em relação aos companheiros de jornada, pois cada um se encontra em estádio evolutivo próprio. E todo julgamento nosso está pautado no nosso 'metro', ou seja, em valores conquistados que são, necessariamente, diferentes dos outros, sendo, portanto, temerário, pois a aferição é toda baseada em códigos pessoais. Quando entendemos que o sofrimento é consequência das escolhas erradas, não transferimos a culpa de nossas desditas aos outros ou, quando não, a jogamos nas costas dos Espíritos ou no 'castigo" de Deus! E mais fácil colocar-nos como vítima diante das adversidades, do que assumirmos responsabilidade pelas atitudes tomadas.

Há muita deturpação da doutrina de Jesus, em benefício próprio, transformando os seus ensinamentos em verdadeiros ditames que ele mesmo combateu em sua época. São os 'falsos profetas', ou, então, os hipócritas os quais o Mestre chamou de "túmulos caiados", puros por fora e cheio de podridão por dentro...

As religiões têm a responsabilidade de preparar seus filiados para o desenvolvimento dos valores espirituais, de tal sorte que possam eles com confiança e serenidade enfrentar os problemas inerentes da encarnação, por mais difíceis que sejam como fardos leves. É trabalho de mudança interior que não ocorrerá jamais, sem o trabalho árduo de cada um. Não é entregando nas mãos de Jesus ou de Deus. deixando a vida me levar, como diz a canção popular, sem esforço pessoal, que se conquistam os valores da alma. As recomendações do Mestre: Pedi e vos será dado; buscai e achareis e, batei à porta e vos será aberta, são orientações para que as pessoas coloquem em ação os seus potenciais. Colocar um jugo leve, um domínio suave sobre a vida dos espíritos, é dar a eles o ensinamento necessário para que consigam atingir a consciência da ação do amor universal, mas respeitando o direito de não aceitar esse sentimento.

É neste sentido que Francisco Cândido Xavier, referindo-se à responsabilidade de cada um, ao envidar os melhores esforços para a conquista dos valores íntimos, ensina:

[...] Muitos ficam na expectativa do socorro do Alto, mas não querem nada com o esforço de renovação; querem que os Espíritos se intrometam na sua vida e resolvam os seus problemas... Ora, nem Jesus, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém... Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mes mos. Muita gente nos procura e pede orientação a orientação; vem, frustrando aqueles que esperavam uma solução acaba da para o seu caso... As vezes, o problema é de perdão, é de ódio. Os Espíritos Amigos nos aconselham o entendimento, o olvido das ofensas recebidas... Se não queremos esquecer, que é que eles poderão fazer?!...

Os que se conscientizam dos ensinamentos de Jesus e os praticam são comparados a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e os que não os praticam serão comparados a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. (Mateus, 7:24-27). Aqueles que se alinham com o Eu, dentro de si mesmos, são semelhantes aos que construíram casa sobre rocha e já são capazes de encarar o problema como um jugo suave e o domínio é agradável, encontrando o repouso para suas almas. Encontrar o repouso, em linguagem atual é entrar no estado de paz que o mundo não pode dar. Assim, o que Jesus ensina, na visão gnóstica, não é domínio ou opressão em que a criatura age por um dever, mas, sim, a descoberta por si mesma, um querer espontâneo, fruto da maturidade ao longo dos tempos. O ego humano tem sempre essa 'paz do mundo* ligada tão-só aos desejos do ter, sem qualquer afinidade com o ser. Quando Jesus afirma que está no Pai e o Pai está nele. está em estado de plenitude com o Todo, simbolizando a casa construída sobre rocha.

Então, jugo e domínio subentendem um dever, pelo qual o homem deve se submeter a alguém relativamente superior. Aceita-se a sujeição por um comando externo, renunciándo-se ao seu querer, que se identifica com a perda da liberdade. Ora, perder a sagrada liberdade de escolha, certa ou errada, é estacionar no tempo, cerceando o direito de desenvolver os potenciais. O aprender é um ato pessoal não impositivo, que traz ao aprendiz felicidade ao vislumbrar novos horizontes. "E como pode alguém ser feliz e achar repouso, enquanto deve algo a alguém e não goza de liberdade própria? Não implica esse fato uma contradição? O dever, o jugo, a servidão, não destroem a liberdade do homem? E como pode ser feliz quem não é livre?". No entanto, Jesus diz, "Vinde a mim", dando a entender: Eu tenho a chave para que esse jugo seja suave e esse domínio seja agradável.

Só conseguiremos aplicar essa proposição de Jesus pelo autoconhecimento, no encontro com o nosso Cristo interno. Quando o homem, no seu tempo próprio, desperta de que há algo maior do que os atrativos do mundo, conscientiza-se do poder divino dentro de si. Na limpeza interior de seus canais, a Energia flui, e o ser transforma o externo tu deves obrigatório, em um íntimo querer espontâneo. E neste momento que o jugo deixa de ser imposto e torna-se suave e o domínio coercitivo torna-se agradável. E aí haverá repouso, ou seja, paz interior, manifestado por ato de prazer. Lembremo-nos de que nós também, assim como Jesus, podemos dizer Eu e o Pai somos um. Não se trata de jogo de palavras, mas de um processo de conquista, ensinado pelo Mestre, tudo que eu faço vós também podeis fazer e muito mais.

José L.Boberg

O jugo leve

Sempre que inicio qualquer texto voltado para mostrar os ensinamentos de Jesus na forma apresentada por Allan Kardec no seu Evangelho Segundo o Espiritismo, costumo transcrever o trecho extraído de uma Bíblia Sagrada, Edição da Sociedade Bíblica do Brasil, edição de 1998.
Na Bíblia vamos ler o Evangelho de Mateus, 11, 28 a 30: “ Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu poinho sobre vocês é leve”.
Essa bela lição, porém difícil de ser seguida, encontramos no Evangelho de Kardec no capítulo Vi, item 1, que transcreve uma outra tradução do mesmo capítulo de Mateus: “ Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo”.
Vejam amigos, como é impressionante a verdade dos Evangelhos de Jesus tornados em linguajem mais simples pelos Espíritos Superiores que ditaram a Kardec suas observações.
Vejamos o que podemos aprender com Jesus: em primeiro lugar a sua humildade e a sua mansidão, pois Ele mesmo mostra que tem na mansidão e na humildade a força de sua fé nos desígnios do Pai. Kardec, então, nos fala que todos os sofrimentos da espécie humana, isto é, dos espíritos encarnados só podem ser aliviados pela fé no futuro, confiança na justiça de Deus.
Eis aí mais uma visão ampliada do que Jesus disse “Meu Reino não é deste mundo”, querendo nos mostrar que se seguirmos o seu exemplo e cumprir suas lições, também teremos o nosso Reino ao lado da Casa do Pai.
Os que vivem apegados a este mundo material, que não alcançam a imaginação de um ,mundo divino cheio de belezas e felicidade, após esta vida terrena, recebem o fardo pesado ao contrário do fardo leve que Jesus nos fala na lição de Mateus.
E como é este fardo pesado? São as alições que chegam com todas as suas conseqüências e nenhuma esperança acalenta o seu coração para mitigar as dores do amargor pela vida. Por isso disse o Mestre – Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei.
Jesus chama, mas como chegar a Ele? Apenas uma única condição para receber sua assistência, cumprir as lições da Lei por Ele ensinada, a Lei do Amor e da caridade.
Por isso Ele disse que esse jugo é suave e o seu fardo é leve. É muito fácil conseguir o descanso que Jesus nos acena a cada dia. Observar que somos todos irmãos, cultivar a fraternidade, saber amar o próximo, olhar para os inimigos com doçura e sabor do perdão infinito.
Escrevendo estas palavras me lembrei que em meus arquivos eu tinha um texto muito bonito sobre o assunto, e encontrei-o. Quem guarda tem... Recebi como sendo9 de autor descoinhecido, mas que escreveu deve tê-lo feito sob a mais bela inspiração dos espíritos superiores, enviados de Jesus.
Leiam, releiam, analisem e reflitam. Preciso dizer algo mais? ‘


Cansado?

Existe alguém que se importa com você!
Estas são as palavras de Jesus conforme está escrito em Mateus 11:28:
"Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei"
Estas palavras do Senhor Jesus são um convite de alguém que conhece o nosso viver, entende o quanto sofremos por causa de nossas limitações,
e se oferece para nos ajudar.
Quando Ele diz vinde a mim é por que sabe que a nossa tendência natu-ral quando estamos com algum problema é procurar por ajuda; precisamos de uma solução.
Infelizmente, quantos que nessa hora buscam por auxílio em lugares errados e igualmente pedem ajuda a pessoas erradas.
Em seu desespero, ao receberem uma má orientação, nem percebem que estão indo a lugares de trevas e enganos.
Lançam- se a de que lhe ajudem como um doente busca um médico que lhe alivie as dores e o sofrimento.
É bem por isto que Jesus apontou para o lugares para a pessoa certa. Disse ele: "Vinde a mim". Eis um alerta!
Não adianta simplesmente alguém ter uma religião ou ir a uma igreja.
É preciso chegar- se a Jesus.
E Ele promete: "Eu vos aliviarei".
Por esta razão, querido irmão não se entregue ao desânimo.
Você não nasceu para o fracasso.
Deus, o seu Criador, tem um plano maravilhoso para sua vida.
Ele quer renovar os seus sonhos e transformá- los em uma realidade.
Quando alguém diz que tem um sonho, a maioria das pessoas diz que não passa de um sonho, que é impossível acontecer; e quando esse alguém luta com suas próprias forças para ver o seu sonho realizar- se,depara- se com tantas dificuldades que o levam a estar frustrado e desanimado.
Ouça- me a Palavra de Deus diz:] "Deleita-te também no Senhor,e Ele te concederá o que deseja o teu coração isto é, tenha prazer em Deus,tenha disposição e desejo em chamar, pela sua presença,
Honre a Deus buscando a Ele em primeiro lugar e você verá o desejo do seu coração cumprir- se; verá Deus colocar em seu coração sonhos que você antes nem imaginava ser possível realizá- los e verá a mão de Deus traba-lhando em seu favor
E a Bíblia continua a nos mostrar o caminho da vitória: "Entrega o teu caminho ao Senhor;confia Nele, e Ele tudo fará".
Volto a lhe dizer: não se entregue ao desânimo".
Entregue, sim , a sua vida a Jesus; confie Nele. Ande com Ele.
Andando com Cristo tudo vai mudar para você.
Ande todos os dias, ande todas as horas, e todos os minutos.
Então você verá como Ele é poderoso para transformar a sua tristeza em alegria, a sua derrota em vitória, o seu desgosto em prazer de viver.
Foi para isso que Jesus veio a este mundo: para fazê- lo feliz.
Jesus é o melhor amigo. Ele veio para andarem juntos não Ele com você, como alguns pensam,mas sim você com Ele, o que é bem diferente.
Ele estará com você e sempre lhe ajudará.

O Jugo Leve

O Jugo Leve

D. Villela  

A palavra jugo significa submissão, domínio, opressão. Os judeus, na época de Jesus, estavam sob o jugo romano. O Mestre, no entanto, convidou-nos a aceitar o seu jugo, acrescentando que ele era suave (Mateus, 11:28 a 30), o que, à primeira vista, parece uma contradição, tanto mais se lembrarmos que as diretrizes religiosas conclamando ao cumprimento dos deveres, ao equilíbrio e à renúncia, sempre foram consideradas austeras, difíceis de serem seguidas.

Na verdade, tornou-se comum - já há muito tempo - uma posição de compromisso: a freqüência ao templo, a oferta de donativos e a postura convencionalmente correta bastariam para caracterizar o bom religioso. Deslizes socialmente aceitos não comprometeriam a conduta do crente, que poderia, apesar deles, considerar-se em dia com seus compromissos espirituais.

Jesus conhecia perfeitamente as nossas dificuldades, afirmando, inclusive, que não viera chamar os justos, isto é, aqueles já identificados com o bem, mas os pecadores, ou seja, a imensa maioria dominada, ainda, pelo egoísmo e pela ilusão (Mateus, 9:12 e 13). Ele sabia, em conseqüência, que os frutos de seu trabalho não surgiriam de imediato.

Essa compreensão da natureza humana caracterizava também os primeiros seguidores da Boa Nova, que não aguardavam ou exigiam demonstrações de grandeza espiritual de ninguém, devendo o cristão identificar-se por seu sincero e perseverante esforço de melhoria. Aliás, lendo-se os textos evangélicos, particularmente as cartas que Paulo dirigiu às diversas comunidades por ele fundadas, vê-se que estas se compunham de pessoas ainda falíveis, pois em suas missivas o apóstolo trata de desentendimentos, dúvidas, quedas... Percebe-se, contudo, que existia naqueles agrupamentos uma disposição autêntica para a vivência do Evangelho e por isso recorriam ao grande trabalhador rogando esclarecimento e orientação.

Com o tempo, infelizmente, aquela atitude sensata e objetiva foi esquecida, adotando o Cristianismo uma visão dualista segundo a qual apenas os indivíduos excepcionalmente bons estariam bem espiritualmente, achando-se os demais em falência moral, sob ameaça do inferno após a morte. Diversos fatores contribuíram para esta mudança, entre elas a pregação centrada no pecado e não na promoção do bem, o retorno à concepção antiga de um Deus vingativo, e não o Pai mencionado por Jesus, e a perda do contato com o mundo espiritual, através da mediunidade, banida dos ambientes cristãos.

A Doutrina Espírita nos permite entender o convite do Mestre, tanto em seu significado quanto em sua aplicação, lembrando que a submissão ao egoísmo é caracterizada por conflitos, apego e ansiedade que, realmente, representam pesado fardo a dificultar a nossa marcha, que se faz penosa e cheia de sobressaltos. O jugo de Jesus é suave por nos libertar desses prejuízos, conduzindo-nos, progressivamente, à vivência do amor e da caridade.

O Espiritismo retoma, assim, a tradição cristã original, pois reconhece as nossas deficiências e nos recomenda corrigi-las, propondo a ação no bem como valioso recurso para essa realização.
Foi por isso que Allan Kardec afirmou: "Conhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas más tendências".

(SEI - Serviço de Informação Espírita. Rio de Janeiro, RJ. 04 de Agosto de 2001.)

O Jugo Leve


Gebaldo José de Sousa

"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." Jesus (Mt 11:29/30)

Início dos anos cinqüenta do século passado. Mediana cidade do Triângulo Mineiro. Ruas de ladeiras variadas, calçadas de paralelepípedos. Uma carroça transporta pesadas vigotas, rua acima. Sobre a carga, já de si enorme, ia o condutor a fustigar o cavalo, que fraquejava no aclive acentuado e escorregadio.

Após ingentes esforços, o pobre animal pára, a bufar, incapaz de prosseguir a marcha, embora os gritos e reiterados açoites do carroceiro, jovem ignorante e impiedoso. Furioso, desceu da carroça, redobrando xingamentos e chicotadas vigorosas! Também ele uma alimária, embora de outra espécie (racional?), mas, na verdade, cruel, inclemente!

Por sorte, passava por ali outro jovem. Só que este sensato. E - inspirado em Francisco de Assis, pleno de compaixão -, usou de misericórdia para ambos, cavalo e condutor.

Com humildade, propôs ao carroceiro:

- Posso ajudá-lo? Empurro a carroça e você puxa o cavalo.

- Esse desgraçado ´tá´ com moleza! Não levanta porque é manhoso!

- Ele está cansado. Vamos ajudá-lo, que ele dá conta de subir.

- ´Tá´ certo. Pode empurrar.

Mas o cavalo não aceitou nem a presença do condutor, recusando-se a segui-lo, seja pelo cansaço, seja por antipatia.

- Espera um pouco, uns cinco minutos. Está muito cansado. E vamos inverter as posições: você empurra a carroça e eu guio o cavalo.

Proposta aceita a contragosto, nosso personagem pôs-se a conversar com o animal, ainda muito assustado. Com serenidade e palavras amorosas ganhou-lhe a confiança, acariciando-lhe a crina, enquanto, aos poucos, descansava. Disse-lhe, em tom de voz amigável:

- São Francisco vai te ajudar, meu amigo!

Impaciente, o outro propunha retomar a caminhada. Nosso amigo, sob o amparo de Francisco de Assis, e a força moral que a humildade e a paciência lhe favoreciam, respondeu-lhe:

- Espera mais um pouco, um minutinho só! Ele subirá com a carga.

Passado tempo razoável, o companheiro convidou o cavalo a se levantar, dizendo-lhe com carinho:

- Nós vamos ajudá-lo. Vem comigo!

O bichinho atendeu ao chamado, trôpego a princípio, mas, firmando-se, venceu a íngreme ladeira até a esquina próxima, onde a rua transversal amenizava a subida, em busca do destino visado.

Neste ponto, nosso amigo despediu-se de ambos, com palavras amistosas para um e de bons conselhos para o outro, para que experimentasse a paciência sempre com seu companheiro de trabalho, que o ajudava a ganhar o pão de cada dia.

O fato singelo, mas real, leva-nos a refletir sobre o convite de Jesus com a promessa do jugo leve!

Perdemos todos os esforços se desanimamos, quando o fim da prova poderia estar à vista (Quem sabe, na próxima esquina?). Ao seguir, encorajados pelo auxílio invisível, que não falta, vencemos os aclives do caminho que nos cabe percorrer, ainda que a passos trôpegos!

Quando nos surgem sofrimentos, ao invés de nos desesperarmos, indaguemos ao Mestre, quais lições devemos aprender com a Dor, essa Sublime Mensageira!

Amigos espirituais, em nome dele, acorrem aos nossos apelos, quando aprendemos a buscá-Lo nas asas da prece, revestida de humildade e confiança!

Agostinho, Espírito - Cap. XXVII, item 23 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" - afirma-nos:

"A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus."

Os bons Espíritos, quais samaritanos, não eliminam nossas provas, mas encorajam-nos, inspiram-nos, quando a eles recorremos.

Ainda que distantes da fé ardente, se cultivamos a prece sincera, buscando compreender as mensagens que as dores nos trazem, ela cresce, a pouco e pouco, em nosso íntimo, pelas respostas que nos oferece.

Se recorremos à oração sinceramente, cumprindo nossos pequeninos deveres e buscamos vivenciar as lições do Evangelho, as respostas sempre nos vêm.

E assim nosso jugo vai se tornando leve, suportável. Indispensável, para isso, aviar as receitas de amor do Divino Mestre, buscando, por nossa vez, suavizar provas de outros irmãos de caminhada!

Com paciência e resignação ativas, reduzimos nossas dores, sem aflição e desespero dispensáveis, que as reações desequilibradas favorecem.

A dor fustiga, inclemente, mas o "orvalho divino" nos conduz ao jugo leve, prometido por Jesus.

O Jugo Leve


"Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo." (Mateus, 11:28-30)


Inicialmente, é necessário, para melhor compreender a metáfora, o sentido apropriado dos termos jugo e fardo. Segundo o Dicionário Aurélio, jugo, que também significa canga, pode ser definido como “pau que carregadores põem aos ombros para suspender fardos”. Por sua vez, fardo pode ser visto como carga, pacote, embrulho, volume. Fardo e jugo, vistos sob as definições supracitadas, podem ser vistos, respectivamente, como o que temos de missão e como escolhemos cumpri-las.



Buscar fazer nosso dever em observância à Lei do Cristo, comprometidos com a caridade em todas as suas formas, permite ver, num aparente sofrimento ou agressão, uma oportunidade de crescimento, e, portanto, um jugo mais suave. O cumprimento de nossa missão entremeado de reclamações torna a “vara” onde carregamos nosso “fardo” mais pesada e espinhosa do que o planejado.


Não acrescendo, à nossa missão, preocupações inúteis como apego desmedido a gozos materiais, não adicionamos carga extra a nosso fardo, e, portanto, ele se mantém leve, ou seja, proporcional ao que nos comprometemos a carregar em nosso planejamento reencarnatório — mantendo-o, assim, possível de ser suportado com a alma em paz.


Segundo Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 2, o jugo de Jesus é a observância da lei divina. Observar a lei divina é o modo como devemos nos conduzir na vida, ou seja, o “como” supracitado.


Leia, também, neste blog, a postagem “A Porta Estreita”.


Bons estudos!

Carla e Hendrio


Leia mais no endereço: http://licoesdosespiritos.blogspot.com/2009/06/vinde-mim-todos-vos-que-estais-aflitos.html#ixzz49xlN22bO

O JUGO LEVE - Leda


"Vinde a mim, todos os que andais em sofrimentos e vos achais carregados, eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." ( Mateus XI: 28 a 30)

Talvez sejam, essas frases, as mais belas das proferidas por Jesus, as que mais tocam o âmago de quem se sabe ainda muito imperfeito, sofrendo as agruras dessa imperfeição, sentindo-se acarinhado, abraçado pelo Mestre Jesus.

Elas nos convidam à confiança em Deus, pois quem disse, foi um Irmão nosso, criado da mesma maneira, tendo feito sua evolução, talvez sem tanto sofrimento, por não haver sido tão rebelde como nós, membros da humanidade da Terra, mas que conhece as nossas dificuldades em seguir as leis divinas.

Elas nos dizem: Não importa o que fizeram, o que fazem, vocês todos são meus irmãos, eu os amo, portanto, venham a mim, ouçam a minha voz, entreguem-se às minhas palavras, que refletem o amor de Deus por vocês, e deixem-se conduzir por essas idéias, que são as leis divinas.

Os que assim o fazem, sentem-se confortados, aliviados, descansados, pois não mais se sentem sós, abandonados. Sentirão sempre a presença de Jesus, estimulando-os à prática dessas leis.

Raciocinando um pouco sobre essas frases, podemos fazer algumas indagações, tais como :

- Por que Jesus se dirige aos que estejam em sofrimentos ?
- De que forma Ele os aliviará?
- O que significa tomar o seu jugo?
- Como esse jugo pode ser suave e o fardo leve?

Dirigindo-se aos que estejam em sofrimentos, está Jesus se dirigindo a toda a humanidade, pois todos passam por momentos de sofrimentos, de vicissitudes.

Jesus sabia que nos momentos difíceis é que suas palavras podem ser melhor compreendidas e aceitas, visto que , nos momentos agradáveis ou fáceis, seus irmãos, ainda muito vinculados aos valores terrenos, não sentem a necessidade de serem confortados, ou mesmo esclarecidos sobre as leis espirituais.

Dirigindo-se , pois aos que andam em sofrimento, está apenas escolhendo a melhor ocasião de ser entendido e atendido.

O alívio que Jesus pode dar é o que vem da compreensão, da aceitação e do esforço da prática das leis de Deus.

É saber que acima de tudo e de todos existe um Ser Superior, criador de tudo que existe, um Ser perfeito, Absoluto nas suas qualificações, que nos criou para sermos perfeitos e felizes.

É saber que a morte só existe para o corpo físico, que a vida é eterna, que o ser espiritual, que somos todos, continua vivendo e aprendendo, através de experiências, em meios diferentes, mas sempre inter- relacionando-se uns com os outros; que os que se amam continuam se amando, e os que se odeiam sempre têm a oportunidade de transformarem o ódio em amor; que a evolução é um determinismo da lei divina e que ninguém a ela escapa; saber tudo disso, dá ao homem a certeza de um futuro bom e agradável a todos, bem como confiança na justiça e no amor de Deus.

As dores, os sofrimentos, todas as vicissitudes da vida na Terra, encontram, pois, o alívio no conhecimento e aceitação das leis trazidas pelo Mestre Jesus.

Antes de continuarmos, vamos ver o significado da palavra jugo. No sentido figurado: " Vínculo de submissão; preito de obediência. Domínio moral." ( Caldas Aulete). " Submissão, obediência; autoridade, domínio."( Aurélio)

O jugo referido por Jesus é a observância da lei divina que Ele trouxe, que uma vez entendida e aceita, estabelece um vínculo de submissão e obediência a Deus, que deve levar o homem ao esforço de praticá-la no dia-a-dia.

Quem assim o faz, percebe que esse jugo, entendido, aceito e exercitado, alivia e consola, tornando o fardo bem mais leve e mais fácil de carregar. Isso acontece porque o sofredor, confiando nas leis de Deus, na Sua justiça, no Seu amor; sabe que tem o que merece e o de que precisa para poder prosseguir seu processo evolutivo. Isso o leva a confiar no futuro, a perceber as lições que ele pode aproveitar nessas atribulações, podendo até vivê-las com alegria, tão leve o fardo se torna, evitando também, novas infringências.

Kardec escreve que "esse jugo é leve e essa lei é suave, pois que impõem como dever o amor e a caridade." Amor e caridade, jamais, em momento algum, podem ser um fardo pesado!

Assim, esse jugo torna a vida bonita e estimulante, exaltando o valor do Bem, em tudo e em todos, levando os homens a transcenderem a tudo que é material, grosseiro, ilusório.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Abril / 2006

O jugo leve

O jugo leve

Por Mauro Falaster

"Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo." (S. MATEUS, cap. XI, vv. 28 a 30)

A palavra jugo - segundo definição do dicionário Aurélio - significa opressão, sujeição, submissão, obediência, autoridade, domínio.

Jesus nos convida para irmos até Ele. E o que isso significa isso? Seria a cura das enfermidades ? A libertação das obsessões? A presença de milagres e facilidades em nossa vida?

Primeiramente, é necessário informar que os judeus, na época do Mestre de Nazaré, estavam sob o jugo ( o domínio) romano. E justamente nessa situação que Ele nos convidou a aceitar o seu jugo. Acrescentou que o mesmo era suave, o que - à primeira vista - parece uma contradição. Principalmente se lembrarmos que as diretrizes religiosas conclamando ao cumprimento dos deveres, ao equilíbrio e à renúncia, sempre foram consideradas austeras, difíceis de serem seguidas. Naquela época, a freqüência ao templo, a oferta de donativos e a postura convencionalmente correta bastariam para caracterizar o bom religioso. Inclusive muitos deslizes - socialmente aceitos - não comprometiam a conduta do crente Ou seja, o homem era quem determinava quais eram e como suprir suas deficiências morais.

Isso deve-se ao fato desse homem antigo não compreender Deus, tendo dificuldade a aceitação de suas Leis. Todavia, atualmente mudou alguma coisa em nosso comportamento? Muito pouco, pois não podemos confundir avanço tecnológico com evolução moral.

O avanço tecnológico permite mais conforto e facilidades. Em tese deveria sobrar mais tempo para nós, como seres espirituais. No entanto, não é o que acontece. Vivenciamos - num mundo da busca do material - algo que aumenta nossos sofrimentos. Mas não entendermos porque sofremos . Além disso, como forma de alívio às nossas aflições, buscamos consolo no consumismo e nas futilidades mundanas. Queremos mascarar os conflitos.

Fugimos de todos os problemas que nos cercam, exceto se houver retorno social. Acabamos por traçar caminhos tão obscuros que em dado momento não nos reconhecemos mais. A vida parece não ter mais sentido. As aflições e angustias transbordam em desespero e dor. Pela dor somos forçados a buscar ajuda. E dela vem o diagnostico: estamos doentes.

A Causa: seguimos cegamente o jugo áspero da ignorância, da indiferença, da falta de amor, na descrença em um Ser Supremo bondoso e justo; e acabamos por transformar nossas vidas em pesado fardo, que de tão pesado, nos imobiliza. É hora de pedir auxílio, e refletirmos sobre nós e sobre Deus.

É o momento de atendermos o pedido de Jesus, que convidou a todos que se encontram em sofrimentos e sobrecarregados, que Ele os aliviara. Mas ir até Ele não significa somente a ida a um templo religioso ou de forma física; mas isto sim, buscar em seu exemplo da coragem e de resignação, o caminho único que nos pode conduzir à felicidade eterna, a que chegaremos desde que lhe sigamos os ensinos.

Pudera, onde encontraremos alívio para nossos sofrimentos e aflições, senão Nele? Bálsamo para as feridas de nossa alma? Onde encontraremos dedicação igual à sua, que não hesitou em ir até ao sacrifício do Gólgota para nos salvar?

Para encontrarmos nosso alívio necessário se faz conhecer as causas que desencadeiam as aflições, que se não forem conseqüências funestas das ações atuais infelizes que as geraram, o foram em vidas anteriores.

As atuais, podemos analisa-las melhor, pois temos recordação delas mais facilmente. Assim, podemos verificar: Quantos homens caem por sua própria culpa; quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição; quantos se arruinam por falta de ordem, de perseverança, pelo maus proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos; quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma; quantas divergências de opiniões e dolorosas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos ressentimentos; quantas doenças e enfermidades decorrem dos excessos em bebidas e comidas, e de todos outros excessos do gênero.

Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências. Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas eventualidades e decepções da vida. Remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.

Pois essas situações são grande oportunidade que nos levam as evita-las se não queremos mais sofrer, e trabalhar no nosso melhoramento moral, tanto quanto intelectualmente. Devemos aprender que a lei humana atinge certas faltas e as pune. O condenado pode até reconhecer o mal que fez.

Mas a lei humana não atinge, nem pode atingir, todas as faltas. Incide especialmente as que trazem prejuízo a sociedade, ficando inúmeras situações impunes. Deus, contudo, quer que todas as Suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto.

A menor infração da sua lei, acarreta forçosas e inevitáveis conseqüências. Mas muitas de nossas aflições não ocorreram nesta vida. O homem nem sempre é punido - ou punido completamente - na sua existência atual;

Mas não escapa às conseqüências de suas faltas. Os sofrimentos que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a conseqüência da falta cometida numa outra vida, e sofremos a rigorosa justiça de causa e efeito, ou seja, sofre o que fez sofrer aos outros.

Se foi duro desumano, poderá ser a seu turno tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilhante condição; se foi avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos, entre outros.

Pela pluralidade das existências e pela função da Terra como mundo expiatório se explicam as anomalias que apresenta a distribuição da ventura (sorte, felicidade) e da desventura (infelicidade, desgraça) entre os bons e os maus neste planeta. O que nos mantém nesse planeta é tão somente a nossa inferioridade que ainda conservamos.

O ser humano é o somatório das suas aspirações e necessidades, mas também o resultado de como aplica esses recursos que o podem escravizar ou libertar. Jesus nunca se apresentou como solucionador de problemas. Mas nos convidou a fazer a nossa parte, a nos responsabilizarmos pelos nossos deveres. O Messias torna-se então O educador que sempre se fez compreender, nunca transferindo responsabilidades que a cada qual pertence.

Conhecendo o que nos provoca os sofrimentos e, atento aos conselhos do nosso bom e amoroso Mestre, seguindo seu evangelho, que é o jugo suave, e com a prática do amor e a caridade, que é o fardo leve, encontraremos o descanso para nossas almas.

Nos momentos de dificuldades buscarmos sustentação na oração, que se converte em canal de irrigação da energia que procede de Deus; com esse recurso incomparável, a docilidade no trato com o semelhante permite que as forças espirituais que procedem das regiões superiores, alcancem aquele que ora, produzindo nele o milagre da harmonia e da claridade interior permanentes.

Devemos lembrar dessas palavras: "Ante os desafios mais vigorosos e as situações mais inclementes, não desistir dos ideiais de beleza, não ceder espaço ao mal, não negociar com as sombras, permanecendo-se verdadeiro, luminoso, de consciência reta, decidido - eis a Sua proposta, conforme Ele próprio a viveu. Sendo o Caminho, único, aliás, para chegar-se a deus, não teve outra alternativa senão afirmar: - Vinde a mim, todos que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei."

(Jesus e o Envangelho - à luz da psicologia profunda, pag. 55 - Joanna de Ângelis)

Bibliografia: Elucidações evangélicas, Antônio Luiz Sayão; Jesus e o Evangelho - À luz da psicologia profunda, Divaldo Franco - Joanna de Ângelis - espírito. O Envangelho Segundo o Espiritismo

10.2004

Jugo Leve - Sérgio

Jugo Leve

Sérgio Biagi Gregório  
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito de Jugo. 3. Considerações Iniciais. 4. Analisando a Citação Bíblica: 4.1. O Texto Evangélico; 4.2. Contexto Histórico dos Evangelhos; 4.3. O jugo no Antigo e no Novo Testamento. 5. Vida Futura: 5.1. A Morte; 5.2. O Existencialismo Sartreno; 5.3. O Espírita não Deve Temer a Morte. 6. Lei Natural: 6.1. O Que é uma Lei Natural?; 6.2. Por que o Jugo é Leve?; 6.3. A felicidade de Sofrer por Amor de Jesus. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a palavra jugo? Em que sentido Jesus disse que o seu jugo era leve? Como entender esta afirmação no meio de nossas decepções e penúrias? Por que algumas pessoas aceitam com paciência os revezes da vida e outras não? Trataremos aqui da citação evangélica, da vida futura e da lei natural.
2. CONCEITO DE JUGO
1) Etimologia – Do lat. jugu, pelo hebr. môt, ôl significa peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho.
2) Histórico – Chamava-se "jugo ignominioso" a uma lança colocada horizontalmente sobre outras duas cravadas no solo e por baixo da qual os antigos faziam passar os inimigos derrotados. Iam à frente os oficiais, seguindo-se os soldados sem armas e muita vez seminus, sendo obrigados a curvar-se para poderem passar. Esta cerimônia degradante era acompanhada de insultos – o que provocava o brio dos vencidos e era ocasião de carnificina.
3) No pensamento hindu – A raiz indo-européia yug, de que deriva, é objeto de uma aplicação muito conhecida do sânscrito yoga, que tem efetivamente, o sentido de unirjuntarpor debaixo do jugo. É, por definição, uma disciplina de meditação, cujo objetivo é a harmonização, aunificação do ser, a tomada de consciência e, finalmente, a realização da única União verdadeira, a da alma com Deus, da manifestação com o Princípio.
4) Simbologia – O jugo, por um motivo perfeitamente evidente, é símbolo de servidão, de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é suficientemente explícita. O jugo simboliza a disciplina de duas maneiras: ou ela é sofrida de modo humilhante, ou a disciplina é escolhida voluntariamente e conduz ao domínio de si, à unidade interior à união com Deus. (Chevalier, 1998)
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Jesus, quando esteve encarnado, deixou-nos muitas máximas evangélicas, as quais foram anotadas e publicadas pelos Apóstolos, aproximadamente 70 depois de sua morte física. A sua missão foi a de nos trazer a Boa-Nova, um novo marco espiritual para a Humanidade, um edifício sólido em que as ventanias das trevas não iriam conseguir demoli-lo. Ensinou-nos através de parábolas, pois ainda não estávamos preparados para absorver todo o seu conteúdo doutrinal. Na época, disse que não podia nos ensinar tudo, mas que a seu tempo nos enviaria o Consolador Prometido, o Espírito de Verdade, que se incumbiria de nos lembrar do que tinha dito e nos revelaria novos conhecimentos. Sendo assim, convém, para o nosso próprio aprimoramento espiritual, buscarmos não só o seu sentido teórico como também a sua aplicação prática em nossa vivência. Penetremos, pois, no âmago desses preceitos não como um sábio, mas como uma criança, sem defesas e isenta de qualquer preconceito.
4. ANALISANDO A CITAÇÃO BÍBLICA
4.1. O TEXTO EVANGÉLICO
São Mateus, no cap. XI, vv. 28 a 30 do seu Evangelho, narra o "jugo leve" da seguinte forma: "Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve". (Kardec, 1984, p. 96)
4.2. CONTEXTO HISTÓRICO DOS EVANGELHOS
Para que possamos melhor entender o versículo acima, lembremo-nos de que o ambiente histórico, em que o Evangelho nasceu, é o do judaísmo, formado e alimentado pelos livros sacros do Antigo Testamento. Embora o Cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Além disso, convém ter em mente que o povo judeu, ao qual Jesus e os apóstolos pertenciam, fazia parte do grande Império romano. Disto resulta que a Palestina, local da pregação de Jesus, devia obediência às ordens romanas.
4.3. O JUGO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO
No Velho Testamento, a libertação do jugo – submissão forçada ou disciplina – é um elemento constante nas profecias de salvação. A submissão pode ser exercida também por vícios ao passo que o jugo da sabedoria é para o homem um benefício. "Carregar o jugo de Deus" quer dizer submeter-se a seus preceitos; por isso todos os pecadores tentam quebrar esse jugo.
No Novo Testamento, o jugo foi tomado somente no sentido figurado, seja com relação aos imperativos do poderio romano, da lei do Velho Testamento ou dos vícios. O jugo de Jesus é leve, porque somente ele é capaz de oferecer o lenitivo para as nossas dores e sofrimentos.
5. VIDA FUTURA
5.1. A MORTE
Para os grandes filósofos da antiguidade a vida nada mais é do que uma preparação para a morte. Basta voltarmos no tempo e verificarmos as reflexões de Sócrates, quando fora obrigado a beber cicuta. Dependendo de como a vemos, podemos nos pautar em vida. A isso chamamos visão de mundo. Quer dizer, o que se espera depende de como vemos o desenlace. Haverá um céu? Um inferno? Ou iremos para o todo universal? Sob esse ponto de vista, convém estarmos sempre nos questionando para o que vem depois. Podemos nos formar em uma faculdade, conseguir um posto de comando na sociedade, ser condecorado, e receber honras dos homens. Contudo, há uma pergunta crucial no centro de todas essas atividades: "E depois?"
5.2. O EXISTENCIALISMO SARTREANO
De acordo com Sartre, filósofo francês, na sua teoria sobre o Existencialismo, o indivíduo tem uma única existência, que corresponde aos seus 5... 10... 20... Ou mais anos de idade. Para ele, não há vida nem antes do nascimento e nem depois da morte. Acha que cada um nasce como uma tabula rasa e vai impregnando o seu ser com as experiências provenientes das escolhas efetuadas. Como conseqüência, a angústia passa a ser a sua ferramenta de análise.
5.3. O ESPÍRITA NÃO DEVE TEMER A MORTE
Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.
6. LEI NATURAL
6.1. O QUE É UMA LEI NATURAL?
Refere-se tanto à lei física quanto à lei moral. Ela regula todos os acontecimentos no universo. São leis eternas, imutáveis, não estão sujeitas ao tempo, nem à circunstância, embora tenham em si o elemento do progresso.
Dentre tais leis, as leis morais são essenciais para o nosso progresso espiritual, pois elas nos descortinam as noções de bem e de mal e como nos devemos conduzir na vida para alcançarmos as bem-aventuranças.
6.2. POR QUE O JUGO É LEVE?
É que atendendo aos desígnios do alto a nosso respeito, nós não iremos dificultar ainda mais a nossa situação presente. Nós não agravaremos a lei, pois teremos cuidado de não fazermos mal aos outros, porque sabemos que iremos sofrer as suas conseqüências. Uma pessoa que recebeu um pequeno conhecimento da vida futura já enfrenta a morte com certa naturalidade. Ele vai se conscientizar que a verdadeira vida não é a vida material, e por isso trata as dificuldades com outros olhos. É justamente esses outros olhos, a dimensão de uma vida futura, que torna o fardo leve. Essa visão de futuro faz-nos caminhar na terra, sofrer todas as agruras que os outros sofrem, mas o peso dessas agruras é diminuído, diminuído pela posse do conteúdo espiritual, fornecido pelos Espíritos superiores que desejam a redenção não só de uma pessoa, mas de toda a humanidade. Aquele que olha do ponto de vista espiritual tem uma visão mais ampla. Assemelha-se ao homem que subiu numa montanha, comparado ao que ficou ao seu pé. Ele pode vislumbrar outros horizontes, o que não é permitido ao que ficou em baixo.
6.3. A FELICIDADE DE SOFRER POR AMOR DE JESUS
O conhecimento da lei pertence a todos, mas cada um capta somente de acordo com o seu grau de percepção. Por isso, há que se ter muita paciência e repetir a frase de Jesus, quando formos vilipendiados: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".
Não é uma grande felicidade saber que sofremos e porque sofremos. Imagina alguém que sofra e não tem perspectiva alguma com relação ao futuro. O seu sofrimento será de rebeldia, de blasfêmia contra Deus.
7. CONCLUSÃO
Estejamos sempre com os nossos pensamentos voltados para o bem supremo. Peçamos força para cumprirmos os nossos deveres, sejam eles rudimentares ou eminentes. Por fim, saibamos sofrer e se soubermos, sofreremos menos.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CHEVALIER, J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

São Paulo, abril de 2005

O jugo leve - feb


http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2013/01/Mod-2-Rot-1-O-jugo-de-Jesus.pdf

http://bibliadocaminho.com/ocaminho/Tematica/EE/Estudos/EadeP1T2P2M2R1.htm

Sacrifício da própria vida. Proveito dos sofrimentos para outrem - video

https://www.youtube.com/watch?v=lASEkn8Swhk

Examinai tudo

Examinai tudo

Nem sempre o maior é o melhor.

Esse velho refrão não se aplica ao capítulo V de O Evangelho segundo o Espiritismo.

Não apenas é o que contém maior número de páginas, mas, também, o mais substancioso e esclarecedor.

Se o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, a consolação doutrinária está toda fundamentada ali, nas sábias ponderações de Kardec e dos mentores que o assistiam, em trinta e um itens.
Avalie o conteúdo, leitor amigo, simplesmente observando os títulos:

Ponderações de Kardec: Justiça das aflições. Causas atuais das aflições. Causas anteriores das aflições. Esquecimento do passado. Motivos de resignação. O suicídio e a loucura.

Instruções dos Espíritos:

Bem e mal sofrer.

O mal e o remédio.

A felicidade não é deste mundo.

Perda de pessoas amadas.

Mortes prematuras.

Se fosse um homem de bem, teria morrido.

Os tormentos voluntários.

A desgraça real.

A melancolia.

Provas voluntárias.

O verdadeiro cilício.

Dever-se-á pôr termo às provas do próximo? Será lícito abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura? Sacrifício da própria vida. Proveito dos sofrimentos para outrem.

Essas abordagens contêm material para uma enciclopédia plena de consolações como só a Doutrina Espírita pode oferecer.

Por faltar-me competência para obra de tal fôlego, limito-me a apresentar-lhe este livro buscando contextualizar, trazer para o nosso tempo e nosso cotidiano seu conteúdo.

Releve os "cacoetes" que caracterizam meus exercícios literários, quais sejam a mania de trocar em miúdos a Codificação e descontrair o estudo doutrinário com comentários bem-humorados, que algum confrade mais sisudo considerará heresia. Certamente por desconhecer que o humor é o melhor recurso para seduzir a atenção, esta senhora esquiva que fecha as portas do cérebro quando não conseguimos conquistá-la.

A intenção, como sempre, é oferecer subsídios aos iniciantes e momentos de reflexão aos iniciados.

Para você não imaginar que omiti os primeiros itens do Capítulo V, esclareço que ambos reportam-se às citações evangélicas sobre as quais Kardec debruçou-se para escrever o texto.

Para seu conhecimento e motivação inicial, faço a transcrição abaixo:

Item 1

Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados.

Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus.
(Mateus, 5:5-6 e 10)

Item 2

Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus.

Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados.

Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (Lucas, 6:20-21)

Mas, ai de vós ricos, que tendes no mundo a vossa consolação.

Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome.

Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (Lucas, 6:24-25).

Quanto ao mais, leitor amigo, ficarei feliz se você observar, em relação a estas páginas, a orientação do apóstolo Paulo:

Examinai tudo, retende o que for bom. (lTs, 5:21).
Bauru, maio de 2009

Richard Simonetti

Sacrifício da própria vida. Proveito dos sofrimentos para outrem - cvdee

Sacrifício da própria vida. Proveito
dos sofrimentos para outrem
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A - Conclusão do Estudo:

A vida é obra eterna de nosso Pai, que nos compete respeitar e preservar, agindo segundo suas leis, sabiamente insculpidas por Ele em nossa consciência. O sacrifício da prórpia vida pode ser válido, para Deus, quando praticado exclusivamente em benefício do próximo. Nossos sofrimentos podem ser proveitosos para outrem, material e moralmente, desde que suportados, por nós, com resignação e submissão à vontade de Deus.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - Existe, perante Deus, alguma diferença entre o homem se matar e fazer com que outrem o mate?

Não há diferença alguma, porquanto, perante Deus, o que vale é a intenção. E, uma vez que, em qualquer dos casos citados, o propósito da criatura é o mesmo - suicidar-se -, ambos têm a mesma reprovação de Deus.

A vida nos foi concedida por Deus, a quem, unicamente, compete tirá-la.

2 - Haverá caso em que o homem tenha mérito, expondo-se a perigo de morte?

Sem desconsiderar a prudência e o dever que cada ser humano tem de preservar a vida, poderá haver casos em que alguém tenha mérito por haver se exposto à morte; quando esta lhe advenha de atitude voltada unicamente em benefício da vida do próximo, sem nenhuma intenção premeditada de morrer, mínima que seja.

"O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte, quando se trate de ser útil, em afrontar o perigo, em fazer, de antemão e sem pesar, o sacrifício da vida, se for necessário."

3 - De que forma podem nossos sofrimentos ser proveitosos para outrem?

"Podem esses sofrimentos ser de proveito para outrem, material e moralmente: materialmente se, pelo trabalho, pelas privações e pelos sacrifícios que tais criaturas se imponham, contribuem para o bem-estar material de seus semelhantes; moralmente, pelo exemplo que elas oferecem de sua submissão à vontade de Deus."

Muitas pessoas se preocupam moral e materialmente, apenas se valendo do exemplo de outras que, em circunstâncias parecidas, se reergueram e venceram os obstáculos."

Use a paciência e o perdão infatigavelmente. - Chico Xavier


O capítulo do Evangelho “Bem Aventurados os Aflitos”abrange amplamente nossas dúvidas sobre o sofrimento seja físico, moral, intelectual ou social, e, nos fala também da felicidade e da plenitude mesmo em um mundo de expiação e provas do aprimoramento da coragem e sobretudo da resignação e fé.
Nos deteremos na pergunta 28 deste capítulo:
Um homem está agonizante, vitima de cruéis sofrimentos, sabe-se que seu estado é desesperador, é permitido poupar-lhe alguns instantes de angústias, apressando-lhe o fim?
Meditando sobre tal questão chegamos a conclusão que com que pressa fechamos os olhos de um morto que talvez os tenha aberto pela primeira vez morrendo.
Se fechamos os olhos com o propósito de recapitularmos nossas vidas verificamos que muito rapidamente como um filme em avanço rápido se projetarão em nossas mente o passado longínquo, o próximo passado e o presente em questão de segundos. Toda uma vida em questão de segundos portanto num minuto pode modificar toda trajetória de uma vida, seja ela atuante na carne ou no espírito.
Exemplo de uma vida.
Nasceu o terceiro filho e cresceu até aos 12 anos como uma criança de família modesta e poucos recursos.
Ao completar seus 12 anos sofreu a perda do pai. A mãe católica fervoroso achando-se sem recursos para a educação do filho mais novo, colocou-o em um seminário, almejando o sonho que ele seguisse a religião até a batina. Viveu ali até os seus 20 anos, longe do convívio familiar, padecendo de uma educação rígida, sofrendo privações, pois que sua presença naquele estabelecimento só era permitida pela caridade de alguns.
Diz o menino que sofreu castigos como palmatória, ficar ajoelhado em grão de milho, comer restos ...
Mas aprendeu profundamente teologia e cultura geral. Aprendeu a arte de escrever!
Não foi possível idealizar o sonho de sua mãe, e aos 22 anos casou-se.
Um mês antes do seu casamento ele sentiu um mal-estar, e o seu lado esquerdo do corpo adormeceu. Esse sintoma foi agravando-se de tal maneira que começaram a manifestar-se ligeiras convulsões.
Procurou um médico, depois o segundo, o terceiro, até chegar a um diagnostico assustador.
O menino agora moço em pleno vigor do trabalho e que já tinha uma filha, nascera com uma má formação vascular cerebral imensa intocável sem recursos para a ciência.
O tratamento era paliativo, tomava forte medicação anticonvulsivante mas por um dia sequer deixou seu trabalho.
A doença trazia-lhe seqüelas progressivas, sua perna esquerda perdia a força, seu pé tomava uma posição invertida, arrastava a perna para caminhar e vez ou outra a convulsão vinha castigar-lhe a carne .
Morava então humildemente no fundo de um quintal cujo terreno fazia divisa com um cemitério, porém possuia uma família feliz. Construiu com grande sacrifício sua casa própria num bairro modesto, sem afasto sem iluminação na rua e nessa casa nasceu sua segunda filha.
Firme na sua luta jamais pensou em esmorecer, com a ajuda da esposa dedicada formavam uma família plena.
Nasceu seu terceiro filho, uma alegria imensa, um menino , um menino!
E assim foram vivendo sempre na expectativa de um agravamento na sua saúde, porem o trabalho era necessário para a educação dos seus.
Ele sempre dizia:
- Filhos a única herança que eu posso deixar é o estudo que estou oferecendo a vocês, estudem.
Ao 40 anos algo completamente inesperado. Uma dor forte rasgou-lhe o peito, foi acometido por um infarto!
E agora? Além do problema cerebral também um problema cardiológico a limitar-lhe!
Mas não foi isso que o fez parar, nem a perna que teimava em piorar.
Começou a usar uma ortese que lhe ajudava a caminhar.
Nessa caminhada o tempo não esqueceu sua doença, as convulções tornavam-se mais amiúdes, trocava-se então a medicação para um efeito mais eficaz.
Foi internado certa vez com pneumonia. Com intensa medicação antitérmica foi acometido pelo primeiro acidente vascular cerebral ( avc).
Faltando sangue para uma efetiva oxigenação cerebral o seu semicorpo esquerdo foi severamente afetado. Perda total dos movimentos da perna e braço. Perda da sensibilidade...
O fim? A medicina da época não lhe dava esperança...
Porem Deus estava ao seu lado, 48 horas depois para surpresa geral, ele levantava a mão esquerda e emocionado movimentava o braço para que a família pudesse observar sua vitória através do vidro da UTI.
Aposentou-se não pela doença mas pelo tempo de serviço e trabalhou por mais dez anos, resignado sim, porem jamais acomodado.
Agora também com o equilíbrio comprometido caiu no quintal da sua casa, fraturou o colo de fêmur da perna que já era fraca. Era necessário uma cirurgia para colocação de um pino metálico. Com o cérebro e o coração comprometidos ele não agüentaria a cirurgia? A medicina não garantia, porem o ato cirúrgico era imprescindível.
Ele agüentou. Lentamente se recuperou e durante 6 meses em cadeira de rodas o que após isso passou a andar com o apoio de uma bengala.
Certo dia sentiu o ameaço de uma convulsão que se seguiu em descargas descontroladas, ao seu término um dos seus vasos cerebrais se rompeu e aconteceu o segundo AVC, agora por uma hemorragia.
O quadro era desesperador, complicou-se com uma hidrocefalia, seu cérebro encharcara de líquido e devido a má formação vascular não era possível uma drenagem. Entrou em coma e respirava por aparelhos. O médico pediu que rezássemos pois para a medicina o quadro era irreversível.
Manteve-se sem alteração por quase setenta e duas horas, quando ele SONHOU (sonhou?), que o transferiram para um outro hospital, “Hospital Santa Marta”, onde os aparelhos eram diferentes e um médico alto e magro ficou ao lado do seu leito o tempo todo. Ao amanhecer saiu do coma procurando o tal médico o qual nunca foi visto pelo corpo clinico do hospital.
Teve alta apenas com as seqüelas anteriores.
Passado algum tempo sofreu outra cirurgia, desta vez na mão de apoio da bengala que apresentava certa deformidade. Quem viu não achava possível a recuperação daquela mão, tamanho os cortes que sofrera, porem em tempo médio a função voltou na sua totalidade.
Foi acometido por um terceiro AVC hemorrágico, aspirou vomito provocando infecção pulmonar, entrou em como novamente.
Sua filha mais velha em visita a UTI presenciou um quadro agonizante. Com os olhos esbugalhados seu pai convulsionava mordendo o tubo que o ajudava a respirar.
A equipe médica passava-lhe sonda para aspirar a secreção pulmonar que o sufocava.
Passada a convulsão o médico disse a sua filha:
- O quadro é irreversível!
A filha por um momento pediu a Deus que tivesse clemência perante tanto sofrimento, mas em seguida, intuída por força desconhecida, pegou na mão do seu pai que adormecia em estado de coma e lhe disse:
- Agüenta mais um pouco, é só até amanhã!
Uma lágrima secreta escorreu pela face do seu pai...
Amanheceu e ele mais uma vez acordou, pediu um café!
Engano dizer viver é lutar, lutar é viver!
Ele lutou pela vida, não só pela sua, por sua mulher, por seus filhos e lutando ainda vive, muito limitado atualmente porém vitorioso nas suas provas.
A medicina não explica, dizem os médicos, tanto o cardiologista, como o reumatologista, que este paciente já fugiu de todas as estatísticas conhecidas em matéria de sobrevida.
A ciência se enganou três vezes em suas previsões com um só paciente, e se com o intuito de poupar-lhe instantes de angustia em seu primeiro estado desesperador, fosse apressado o seu fim?
Ele não teria passado pelo segundo, nem pelo terceiro com a magnífica experiência de renascer em vida, de ter oportunidades que lhes permitiam a lapidação do espírito.
Talvez todo destino de uma família tivesse sido alterado e eu estaria hoje sem meu pai!


Fonte: A vida de seu próprio pai.(Inspiração)Maio de 1996
Obs. Seu pai veio a desencarnar no ano de 1998 pelo quarto acidente vascular cerebral (AVC)