sábado, 9 de julho de 2016

Não julgueis para não serdes julgados

Não julgueis para não serdes julgados

Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado

“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo X, itens 11 a 13.”

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositora: Míriam Ramalho
Rio de Janeiro
05/06/2002

Dirigente do Estudo:

Márcio Duarte

Mensagem Introdutória:

AUTOPROTEÇÃO

"Pois com o critério com que julgardes sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também." - Jesus. (Mateus, 7:2.)

A gentileza deve ser examinada, não apenas por chave de ajuste nas relações humanas, mas igualmente em sua função protetora para aqueles que a cultivam.

Não falamos aqui do sorriso de indiferença que paira, indefinido, na face, quando o sentimento está longe de colori-lo. Reportamo-nos à compreensão e, conseqüentemente, à tolerância e ao respeito com que somos todos chamados à garantia da paz recíproca.

De quando em quando, destaquemos uma faixa de tempo para considerar quantas afeições e oportunidades preciosas temos perdido, unicamente por desatenção pequenina ou pela impaciência de um simples gesto.

Quantas horas gastas com arrependimentos tardios e quantas agressões vibratórias adquiridas à custa de nossas próprias observações, censuras, perguntas e respostas mal conduzidas!...

O que fizermos a outrem, fará outrem a nós e por nós.

Reflitamos nos temas da autoproteção.

A fim de nutrir-nos ou aquecer-nos, outros não se alimentam e nem se agasalham em nosso lugar e, por mais nos ame, não consegue alguém substituir-nos na medicação de que estejamos necessitados.

Nas questões da alma, igualmente, os reflexos da bondade e as respostas da simpatia hão de ser plantados por nós, se aspiramos à paz em nós.

Emmanuel

Do Livro: Ceifa de Luz

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: FEB

Oração Inicial:

<Moderador_>Senhor Jesus, nós nos encontramos aqui reunidos em Teu nome, com o objetivo de estudarmos a Tua doutrina de luz, com o esclarecimento tão profundo que nos dá o Espiritismo. Que possamos usufruir destes momentos, em que temos a oportunidade de ouvir um pouco do Teu evangelho. Que as vibrações de paz e harmonia nos envolvam, e em especial à nossa companheira Míriam, responsável pelo estudo da noite. Que em Teu nome, em nome da espiritualidade amiga que nos envolve, mas sobretudo em nome de Deus, possamos dar por iniciado nosso estudo da noite de hoje.

Que assim seja!

Exposição:

<Miriam_Ramalho> Que Jesus nos abençoe a noite de Estudos, e que Cairbar Schutell nos inspire.

O tema de hoje nos fala sobre a importância de não julgarmos precipitadamente as criaturas e, conseqüentemente, não atirarmos a primeira pedra naqueles que nos parecem errados.

De um modo geral, somos benevolentes para com os nossos erros e muito severos para com os erros dos outros.

Todos os dias, Dona Maria olhava pela janela de sua cozinha em direção ao varal de roupas na casa de sua vizinha e comentava com a família:

- Nossa! Como os lençóis daquela mulher estão sujos!

No dia seguinte, novamente na cozinha e olhando mais uma vez para a sua vizinha, que estendia as roupas, Dona Maria comentava:

- Não sei como ela não tem vergonha de colocar aquelas roupas imundas no varal!

E era assim todos os dias. Dona Maria já estava habituada a olhar para o varal da vizinha e criticá-la por tanta roupa suja. Até que, um dia, não suportando mais ver aquilo, decidiu que iria chamar a atenção da vizinha.

Ao vê-la estendendo seus lençóis, correu na direção da janela da cozinha. Mas, para a sua surpresa, Dona Maria descobriu que a sua janela estava emperrada. E notou também que, ao tentar abri-la, os vidros ficavam com as marcas de sua mão. Desesperada, pegou um pano e começou a limpar os vidros.

O pano ficou coberto de sujeira.

Após encerrar a limpeza, ao olhar novamente para o varal da vizinha, pode ver que todas as roupas estendidas estavam limpas, alvas.

Só então percebeu que, na realidade, o que estava sujo não eram as roupas da vizinha, e sim a sua vidraça.

Assim como a Dona Maria, também nós nos precipitamos, nos equivocamos no julgamento do próximo.

Kardec perguntou aos espíritos: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, conforme a entendia Jesus?

Os espíritos responderam:

"Benevolência para com todos. Indulgência para com as imperfeição dos outros. Perdão das ofensas."

Será fácil agirmos dessa maneira??

Sabemos que não! O que será que nos impede de fazer isso?

Com certeza, é o orgulho, uma das chagas da humanidade!

A nossa tendência é nos acharmos as criaturas mais perfeitas da face da Terra.

Sempre estamos certos e os outros sempre errados.

Jesus nos adverte que vemos o argueiro no olho do outro, mas não vemos a trave no nosso. Então, para entendermos, para sermos benevolente, indulgentes para com os erros de nossos irmãos, é preciso que, antes de tudo, nos conscientizemos dos nossos erros, das nossas imperfeições e das nossas limitações. A partir daí sim, teremos condições de compreender os erros dos outros.

É o "Conhece-te a ti mesmo", que Sócrates tinha como filosofia de vida e Santo Agostinho, no Livro dos Espíritos, nos concita a fazê-lo.

É o trabalho de auto-análise, de mergulho no Eu, afim de identificarmos a nossa realidade.

Mas temos que ter o cuidado para não nos acharmos a última das criaturas após a identificação dos erros e evitar extremos. Antes, éramos o máximo, após a conscientização, passamos a nos considerar as últimas criaturas.

A Doutrina Espírita é uma doutrina de equilíbrio. Não adianta, portanto, chorar o leite derramado, cruzarmos os braços, ficarmos cheios de pena de nós mesmos, nos acomodarmos.

A palavra de ordem é esforço.

Esforço para vencermos a nós mesmos. Esse esforço é que vai nos ajudar a ser benevolentes, indulgentes para com os erros dos outros, até porque, quem tem telhado de vidro, não joga pedra no dos outros.

Isto não significa que devamos ser coniventes com o erro das pessoas. Não devemos aprovar o mal, alegando bondade. O que estamos querendo dizer é que não vale a pena alargar mais as feridas, todos nós cometemos erros, afinal, somos enfermos da alma e precisamos nos corrigir. É por isso que estamos aqui na Terra, é para isso que estamos aqui na Terra.

A nossa Terra é um hospital, é uma escola. Ninguém precisa de censura, de acusação, de que se relacione as úlceras. A nossa própria consciência nos acusará, cedo ou tarde, nesta ou em outra existência, afinal, a Lei Divina lá está gravada.

Foi por isso que Jesus nos disse: "Com a mesma medida que medirdes, sereis medido".

É importante nos colocarmos na posição do outro. Se estivéssemos na posição difícil, em que muitos se encontram, (miséria, abandono, desrespeito e etc), qual seria a nossa reação? Igual ou pior do que a de nossos irmão de humanidade. Por isso a resposta de Jesus a Pedro, quando perguntado: Senhor, quantas vezes deverei perdoar meu irmão? Sete vezes?

E a resposta de Jesus:

"Não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete". Isto é, ilimitadamente.

Os espíritos nos dizem que o perdão é uma ciência indispensável ao equilíbrio, assim como o ar é indispensável à vida.

Meimei nos fala que toda criatura precisa de perdão, como precisa de ar, porque o amor é o sustento da vida, e o bálsamo do perdão anula o veneno do ódio.

Por isso, devemos escrever as injúrias sobre a areia e os benefícios sobre o mármore. É importante perdoarmos, para sermos perdoados, afim de nos sentirmos bem conosco mesmo. É a chamada autoproteção, de que nos fala a mensagem introdutória.

Mas, tudo isso, a indulgência, a benevolência, o perdão, requer exercício. Pelo fato de ouvirmos sobre a importância do perdão, não significa que vamos assimilar da noite para o dia.

Comecemos a relevar as pequenas indelicadezas, as pequenas ofensas para, depois, aprender a perdoar as grandes ofensas.

Kardec nos diz que o perdão é próprio das almas elevadas.

Perdoar é: no momento em que, aquela criatura que nos ofendeu, precisar de nós, estarmos lá, dizendo presente , servindo e ajudando.

Porque atirar a primeira pedra, se sabemos que a Lei jamais deixa, o culpado, impune. Porque fazer justiça com as próprias mãos?

Ninguém foge a Lei de Ação e Reação.

Nos dias atuais, em que campeia a violência, muitas pessoas acham que o homem caído é alguém que deva ser aniquilado, ouvimos expressões como essa: tem mais que morrer, sou a favor da pena de morte.

Antes de revidarmos a palavra ofensiva, dito impensadamente, antes de aceitarmos a provocação, pensemos duas vezes.

Será que vale a pena?

Quanta coisa poderia ser evitada se pensássemos duas vezes antes de tomar qualquer decisão, se usássemos o bom senso, o equilíbrio e a prece.

Fazer aos outros aquilo que nós gostaríamos o que os outros nos fizessem, é o que Jesus nos recomenda, e o trovador nos diz:

Que minhas mãos desarmadas
e abertas para o perdão
não sirvam, nunca fechadas
para agredir um irmão.

Dizemos, muitas vezes: Jamais agiria dessa maneira, quando ouvimos ou vemos notícias de violência.

Será que nunca fizemos isso?

Jesus não pensava assim, tanto que, no madeiro inflamante, elevou o pensamento ao Pai e disse: "Senhor, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem."

Reflitamos, estudemos a Doutrina Espírita e façamos a nossa parte, que é o trabalho de renovação interior, que servirá, consequentemente, para nos autoproteger de muitos sofrimentos.

Que Deus nos abençoe!

Perguntas/Respostas:

[01]<Alia28> Nossa principal dificuldade hoje em dia enquanto seres humanos, é evoluir com equilíbrio. Como saber o limite entre perdoar e ser conivente com o erro do outro? Como agir diante do erro? Como educar sem julgar?

<Miriam_Ramalho> Quando Jesus nos disse: não julgueis para não serdes julgados, ele quis nos dizer para não condenarmos a criatura, e não a sua atitude. Ele quis nos dizer para não denegrir a criatura, não condenar a criatura e sim o mal que ela possa ter feito. Então, reprimir o mal é nosso dever. Censurar o mal, também, mas não as criaturas. É através do exemplo que devemos educar. As palavras, até convencem, mas os exemplos arrastam.

[02]<Alia28> Míriam, você falou em auto-proteção, que a compreensão e o perdão nos preservam dos conflitos além de nos protegerem dessas energias negativas. O perdão pode nos educar também?

<Miriam_Ramalho> Com certeza! Porque, os sentimentos positivos fazem com que, acima de tudo, tenhamos paz, serenidade e equilíbrio. Isso não é educação?

[03]<PFloyd> Sabemos que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam (palavras de Olavo Bilac, se não me engano). Mas pergunto o seguinte: como agir com certos tipos pessoas que nos rodeiam, que conosco convivem, mas que não se deixam enlevar pelos exemplos? Será que, se essa pessoa, continuar no erro e isso trouxer conseqüências piores não ficaremos com problemas de consciência de não termos falado nada?

<Miriam_Ramalho> Mas, o fato de exemplificarmos, não significa que estejamos proibidos de falar, de veicular as nossas idéias e as nossas convicções. Mas, não podemos ter a pretensão de convencer todas as pessoas. Há que se levar em conta o grau de amadurecimento de cada um. O importante é fazermos a nossa parte. O resto é com os guias espirituais, com cada criatura.

[04]<Alia28> Se uma pessoa tem um comportamento muito agressivo e difícil e acabamos por perceber as dificuldades dela, e o quanto esse comportamento agressivo a faz sofrer e faz sofrer também as pessoas em sua volta, não será o nosso dever mostrar a ela seu erro, mesmo que para isso tenhamos que ser enérgicos com ela?

<Miriam_Ramalho> Com certeza! Agindo dessa forma, estaremos ajudando-a, estaremos sendo amigos e amigos verdadeiros. O que se questiona é a condenação da criatura, é colocar o dedo em riste, menosprezá-la, discriminá-la. Isso é o que não devemos fazer. Mas, ajudá-la a enxergar o erro, isso é válido.

[05] <PFloyd> Mas aí é que está a questão. A maioria das pessoas nos interpretam mal. Quando mostramos a determinadas pessoas que a sua maneira de agir está errada, somos criticados por estarmos sendo críticos. E, nestes casos, não é a critica à criatura, mas sim, a ação em si. Como mostrar a essas pessoas que estamos criticando a ação e não a criatura?

<Miriam_Ramalho> Cabe-lhes amadurecer para entender. E a nós, procurar falar de maneira equilibrada, sensata, amiga, mas falar.

Oração Final:

<Alia28> Pai de infinita bondade e amor, gostaríamos de agradecer pelos momentos de esclarecimento que nos foi proporcionado. O Senhor, por tanto nos amar, sempre nos dá os meios necessários de conhecer Tua verdade, e com isso nos aproximarmos mais da felicidade que o Senhor tanto deseja para nós. Obrigada Pai, por sempre atender aos apelos de nossos corações que anseiam em aprender e também ensinar em retribuição a tantas coisas que o Senhor já nos proporcionou Obrigada, enfim por guiar as nossas conversas sempre através de ensinamentos justos, e na medida que possamos compreender. Obrigada por nos amar tanto.

Que assim seja!

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