quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Sermão da Montanha I

     A ciência aliada à tecnologia conduziu a criatura humana a patamares antes jamais concebidos, foi possível modificar completamente a estrutura do nosso planeta, pântanos transformaram em pomares, desertos em jardins, ligaram-se ilhas a continentes, mas quando o homem resolveu sair da face externa do planeta, conquistou o infinito, galáxias novas, uma concepção audaciosa do cosmos, e nesse sublime deslumbramento ele voltou-se para entender a realidade de si próprio. 


     A fim de conseguir o êxito, ele fez a jornada para dentro da constituição molecular da matéria e cativou a ordem que já existia no macrocosmo, de maneira equivalente no mundo das pequenas partículas, depois desses voos notáveis, para fora e para dentro, da constituição material, ele sentiu necessidade de fazer uma viagem para dentro dele próprio, mas apesar do grande empenho, que vem sendo realizados desde quarenta mil anos, quando surgiram os prodomos da razão, no ser que saía da fase animal, até este momento ainda não logrou interpretar-se a si mesmo, é por esta razão que nesse mundo de glórias existem tantas misérias, que ao lado do poder o ouvido, que diante da grandeza a pequenez, que os pigmeus estão sempre lutando contra os gigantes, para poder lograr êxito nessas atividades, o ser humano está convidado a volver as páginas soberanas do evangelho de Jesus, porque as conquistas notáveis da ciência, que prolongaram a nossa vida na terra, que lograram mesmo diminuir a dor, mascarar em determinados momentos, adia-la, diminuí-la, toda essa contribuição não fez que o ser racional passasse a viver este entendimento, a cada momento a ciência em seus vários aspectos fala-nos da necessidade de preservarmos a vida, a vida humana, a vida animal, a vida vegetal, preservar o planeta as demonstrações são contundentes mais nada obstante o ser humano continua violento rebelde toxicando-se e matando o próprio planeta. Naquilo que diz respeito ao bom tom, em relação a sua existência ele tem os dados científicos, matematicamente comprovados, mas age ao império da emoção, sem a menor lógica, cada vez atirando mais no abismo do desequilíbrio, no fugaz prazer, na alegria de um segundo, para o tormento de um largo período, porque perdeu o endereço de si mesmo. Qual seria esse endereço?
     Mohandas Karamchand Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução. O princípio do satyagraha, frequentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade", também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racismo, incluindo Martin Luther King e Nelson Mandela. Frequentemente Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa).


     Fazendo uma análise ao seu tempo da melhor solução para a criatura humana, Gandhi asseverou com emotividade:

“Se a humanidade perdesse todas as obras sacras, e ficasse apenas o Sermão da Montanha, não teria perdido nada”. Porque o Sermão da Montanha é a mais notável contribuição do pensamento, em todas as épocas da história para a plenitude humana e exatamente esse Sermão da Montanha de que nos iremos utilizar hoje, em uma experiência alto reflexiva, e que cada um de nós avançará através da meditação nos conceitos de Jesus e na sua aplicação no cotidiano. Já basta de exaltamos dizemos: “Que página linda, que verbo eloquente, que lição maravilhosa” e continuarmos absolutamente os mesmos, já soa o momento de colocarmos a proposta do bem em nosso mundo íntimo, não tanto para beneficiarmos os outros, mas para no alto beneficiarmos. A sociedade está cansada de promessas, está exalta de gurus, de líderes, de pessoas sacramentais, mas está necessitando de paz interior, e está somente advirá através de uma corada reflexão corajosa, para que não esperemos que os outros nos digam o de que nós necessitamos, mas para que nós descubramos o que nos é indispensável e partamos da busca infatigável desse essencial.
     O preclaro codificador da doutrina espírita Allan Kardec (Pedagogo, escritor e tradutor francês) em uma página rica de beleza em seu livro - Le Livre des Esprits aborda a questão do necessário e do supérfluo, as nossas dores mais angustiantes não são pela falta do necessário, mas do supérfluo, temos saúde ou somos saúde e gostaríamos de ter isso aquilo aqueloutro, e aqueles que têm todas essas aspirações não são saudáveis, é paradoxal, portanto, constatar que o ser e o ter continuam em situações conflituosas, é mais importante ser que ter, ser bom, ser nobre do que ter coisas, ser paz, não apenas ter paz, ser, porque quando se é, nada modifica, e quando se tem normalmente se perde, já que no mundo físico tudo é transitório inclusive o mundo físico. 

     Foi para poder realizar a saga dessa mensagem que Jesus abandonou o solo do altíssimo, para vir viver com as criaturas humanas, para estar conosco, para poder desenhar a hora da plenitude, e para que fossemos ricos de harmonia interior, para que estivéssemos em perfeita ligação com ele, e para tanto antes de iniciar essa monumental sinfonia, que ainda permanece inconclusa, ele demorou-se quarenta dias e quarenta noites em silêncio, narram os evangelistas, seus amorosos discípulos, que ele procurou a quietude do deserto, ali durante quarenta dias quarenta noites, procurando jejuar, não somente de corpo, mas de alma, ele manteve em grande silêncio para poder escutar a balburdia da humanidade, e foi logo depois desta jornada na busca de Deus dentro, no solilóquio com Deus que ele veio a Galiléia e numa região romanesca caracterizada pelas brisas perfumadas das rosas de saron ele contemplou o lago depois de haver convocado aqueles que eram os seus companheiros para todos os instantes, e elegeu uma montanha, a montanha de kurun hattin próximo ao mar da Galiléia e ali olhando aquela bacia d’água refletindo o céu azul turquesa adornada pelas montanhas da Decápolis do outro lado, e pelas praias alvas de Magdala de Dalmanuta de Carfanaum, ele abriu sua boca e jamais alguém diria o que ele disse, conforme anotou Mateus nos Cap. 5, 6 e 7 do seu evangelho - E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: - Mateus 5:2

     A primeira proposta de Jesus é um apelo aos ouvidos da humanidade de todas as épocas. 
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Bem-aventurados os pobres pelo espírito, porque deles é o reino dos céus; - Mateus 5:3

     Quais são os pobres pelo espírito? É uma proposta bastante audaciosa neste mundo rico de pobres morais neste mundo fascinante de poderosos sem força, de indivíduos que se caracterizam pela violência mental, ser pobre em espírito é um convite profundo a meditação. Qual é minha pobreza interior? Eu que amo o prazer ao luxo ao poder pelos apegos ancestrais, resultantes do meu processo de evolução antroposociopsicologica. Como é que eu poderia ser pobre pelo espírito? Tendo sem estar encarcerado na posse, ter as coisas, mas não depender delas para estabelecer paradigmas de felicidade. Estatuímos que a nossa felicidade é uma condicional, eu somente serei feliz quando... Quando tiver isso, quando tiver aquilo, quando conquistar uma pessoa, quando desfrutar de uma posição privilegiada, e esse individuo que é rico de opção, não tem um espírito rico de paz, é atormentado, porque pode gastar toda vida perdendo a riqueza que gostaria na busca de uma ilusão que pretende, e é necessário que aguardemos o melhor, mas que não desperdicemos o que temos, porque a questão da felicidade não está distinta a parâmetros que tem o mesmo significado apara todos, para o glutão é a mesa farta, para o conflitado é mais um complexo de inferioridade, para o que acumula é mais um milhão ou um bilhão, para o transitório poder do mundo, é mais um cargo mais um destaque, com rejeição total pelos encargos pelos deveres, porque os cargos dão brilho, mas os encargos dão dignidade, os cargos recebem aplauso mas os encargos ninguém vê quando são bem executados, então não vale na economia social do imediatismo, Jesus lembra desses que são pobres pelo espírito, aquele que é pobre de eu e é rico de ego o egoísmo egotismo egocentrismo mas esse eu transcendental que ele tem ocasião de exaltar num momento culminante de sua jornada nos jardins das oliveiras quando os bandidos veem aprisiona-lo e perguntam e alta voz: Quem é Jesus de Nazaré? Sou eu -  brandamente responde Jesus. Era um ser que transcendia a forma, que estava acima dos limites materiais, “eu sou” ou “sou eu”.
     É exatamente este eu, destituído de coisas, mas que é a realidade que merece de Jesus essa colocação: bem aventurado os pobres pelo espírito” pelo espírito de amor, de abnegação, de caridade, isso pode parecer muito pueril, porque no mundo que nós entorpecemos com as nossas paixões, e que celebrizamos através das ambições sempre insaciadas, ser, parece não ter muito valor porque a nossa disputa é aparecer, faze-se escândalos somente para aparecerem, atiram-se em abismo sem fundo somente para chamar atenção, no entanto o ser que plenifica é deixado a margem, é necessário ser pobre pelo espírito, usar sem abusar, desfrutar os bens da terra, que são mensagens dos bens do céu, mas deixa-los com a naturalidade de quem não os tem, porque tudo aquilo que nós temos, não pode termos a nós,

- Quantas pessoas me dizem: Eu imagino morrer e respondo que é uma fatalidade, e retrucam não é por isso, é pelo que vou deixar, eu digo mais pode levar pelo menos uma parte, o problema é levar ad eternun, porque chega o momento em que tem que ficar nos lugares onde foram conseguidos. 

     Esses Valores são meios, não é a finalidade essencial, necessitamos do agasalho quando faz frio, mas nos liberamos dele quando sentimos calor, não é justo estarmos carregando aquilo que é supérfluo no momento que não tem nenhum significado, assim também as quinquilharias, elas valem como dizem os grandes místicos, porque distraem, e muitas vezes nos distraímos com essas ilusões essas pequenezas que nos enganam por um pouco é um relax diante do cansaço natural na nossa existência. A primeira proposta de Jesus, portanto é “bem aventurados aqueles que são pobres pelo espírito” para que sejam ricos das bênçãos de Deus.


Palestra proferida pelo orador espírita Divaldo Franco.

Interpretação do sermão do monte - escola de aprendizes do evangelho

https://sites.google.com/site/espiritismoeae/programa-de-aulas/aulas-da-escola-de-aprendizes-do-evangelho/aula-053--interpretacao-do-sermao-do-monte-iv

https://sites.google.com/site/espiritismoeae/programa-de-aulas/aulas-da-escola-de-aprendizes-do-evangelho/aula-036---o-sermao-do-monte

https://sites.google.com/site/espiritismoeae/programa-de-aulas/aulas-da-escola-de-aprendizes-do-evangelho

Bem-Aventurança: Sermão do Monte

Bem-Aventurança: Sermão do Monte

Sérgio Biagi Gregório

Sumário: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Antecedentes. 4. O Texto Evangélico e sua  Explicação: 4.1. A Finalidade da Pregação; 4.2. As Oito Regras; 4.3. Explicando Algumas Dessas Regras: 4.3.1. Pobre de Espírito: o Que É e o Que Não É; 4.3.2. Choro com Valor e Choro sem Valor; 4.3.3. Mansidão é Força do Espírito; 4.3.4. Misericórdia é ter Compaixão das Dores do Próximo. 5. Jung, Buda e Discurso Espírita: 5.1. Psicanálise Jungiana; 5.2. Os Ensinamentos de Buda sobre as Bem-Aventuranças; 5.3. O Expositor ante a Bem-Aventurança. 6. Bem-Aventurança e Doutrina Espírita: 6.1. Cultivando as Bem-Aventuranças; 6.2. O Sermão do Monte; 6.3. O Auxílio dos Espíritos Superiores. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é relembrar as regras básicas do comportamento humano, trazidas por Jesus, no sentido de melhor auxiliar a elaboração de nosso pensamento e as conseqüentes ações que daí dimanam.

2. CONCEITO

Bem-Aventurança - Termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição. (Mackenzie, 1984)

Sermão do Monte - Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade. (Vários Autores, 2000)

3. ANTECEDENTES

As pregações de Jesus se davam nas proximidades de Cafarnaum. Numerosas pessoas o aguardavam para ouvir o seu verbo redentor. Entre elas estavam aqueles que seriam os seus seguidores, e que deveriam dar prosseguimento à divulgação da Sua boa-nova.

Depois de uma das suas pregações do novo reino, chamou os doze companheiros:

Pedro, André e Filipe eram filhos de Betsaida, de onde vinham igualmente Tiago e João, descendentes de Zebedeu. Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cleofas, parenta de Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância. Tomé descendia de um antigo pescador de Dalmanuta e Bartolomeu nascera de uma família laboriosa de Cana da Galiléia. Simão, mais tarde denominado o Zelote, deixara a sua de Canaã para dedicar-se à pescaria, e somente um deles, Judas, destoava um pouco desse concerto, pois nascera em Iscariotes e se consagrava ao pequeno comércio em Cafarnaum, onde vendia peixes e quinquilharias. (Xavier, 1977, p. 38 e 39)

Característica dos apóstolos: eram os homens mais humildes e simples do lago de Genesaré.

4. O TEXTO EVANGÉLICO E SUA EXPLICAÇÃO

4.1. A FINALIDADE DE PREGAÇÃO

Era chegado o momento de fazer o sermão àqueles doze, o qual abrangesse todos os seus ensinamentos, um esclarecimento formal de sua mensagem, e que os apóstolos deveriam saber de cor.

Para isso, Ele os conduzira longe das multidões, para uma elevação rochosa, ali numa encosta da montanha, trecho isolado onde poderiam ficar a sós.

Depois que os discípulos se acomodaram, proclamou o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. Foi ali que comunicou à humanidade inteira as oito regras básicas para todo o comportamento humano.

4.2. AS OITO REGRAS

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.

4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.

7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.

8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)

4.3. EXPLICANDO ALGUMAS DESSAS REGRAS

4.3.1. POBRE DE ESPÍRITO: O QUE É E O QUE NÃO É

Não é aquele que é pobre do ponto de vista material; não é aquele que se deprecia; não é aquele que é covarde; não é aquele que esconde seu talento.

É aquele que reconhece que é: carente na esfera do espírito; que não possui as riquezas e os dons espirituais; que depende de Deus.

Por pobres de espírito Jesus não entende os homens desprovidos de inteligência, mas os humildes: ele disse que o reino dos céus é deles e não dos orgulhosos. Os homens de ciência, compenetrados de si mesmos, elevam-se de tal maneira que acabam por negar a divindade; e os que admitem-na, contestam-lhe a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que só eles bastam para governá-lo. A negação divindade é muito mais fruto do orgulho do que da convicção: isto poderia fazê-los descer do pedestal em que se encontram.

"Em dizendo que o reino dos céus é para os simples, Jesus quer dizer que ninguém é nele admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que crê mais em si do que em Deus". (Kardec, 1984, p. 101 e 102)

4.3.2. CHORO COM VALOR E CHORO SEM VALOR

Chorar por si só não tem valor nenhum, por isso, muitos choram sem consolação. É o caso das constantes lástimas pelas perdas egoístas ou ambições frustradas, das lágrimas excessivas pelos entes queridos que partiram.

O choro com valor é aquele que evoca um arrependimento sincero ante o erro cometido, não só com relação ao próximo como com relação a Deus. Nesse sentido chorar é ter saúde espiritual.

4.3.3. MANSIDÃO É FORÇA DO ESPÍRITO

Ser manso não significava ser um covarde servil, mas um crente na bondade de Deus e na benignidade do universo, mesmo quando a alma vive imersa no sofrimento e não vê razão para isso. Essa regra exprimia a aceitação da vontade de Deus.

O mundo acha que o manso é covarde, vacilante, fraco. Mas, mansidão não é fraqueza é sim "força tornada gentil".

A Mansidão é uma atitude interna de quem é pobre de espírito e de quem chora. É o ponto de vista que a pessoa faz de si mesma, que se expressa da forma com que o cristão vê os outros.

4.3.4. MISERICÓRDIA É TER COMPAIXÃO DAS DORES DO PRÓXIMO

Sentido etimológico: "sentir a miséria do outro em meu coração". Quando nos vemos em posição de domínio ou superioridade sobre o outro, que havia transgredido contra nossa pessoa e nós nos recusamos em nos vingar.

Misericórdia é uma disposição da alma, de ser semelhante a Cristo ao encarar amigos, inimigos, desprezados, e pecadores. É uma manifestação da conduta. O misericordioso usa de bondade ao julgar os outros; procura o melhor, não o pior; é lento para condenar, rápido para recomendar.

5. JUNG, BUDA E DISCURSO ESPÍRITA

5.1. PSICANÁLISE JUNGIANA

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, foi muito feliz quando fez um paralelo entre os ensinamentos de Jesus e a psicologia. Vejamos o que ele nos traz, na interpretação das Bem-aventuranças (Mateus 5:3-10).
1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes aqueles que têm consciência de sua pobreza espiritual e que buscam humildemente aquilo que necessitam.

2. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Os que choram se encontram envolvidos num processo de crescimento. Eles serão consolados quando o valor projetado, perdido, for recuperado no interior do psique.

3. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Essa mansidão está relacionada ao Ego, que precisa ser trabalhado, essa atitude é afortunada, pois o ego está pronto para receber ensinamentos e aberto às novas considerações que podem levar a uma rica herança. Herdar a terra significa adquirir uma consciência em saber se relacionar ao todo ou de ter uma participação pessoal no todo.

4. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Trata-se de um principio orientador interior, de caráter objetivo, que traz um sentimento de realizações do Ego que o busca com fome. A justiça de estar vivendo de acordo com a verdadeira e real necessidade interior.

5. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Se o Ego é misericordioso, ele receberá misericórdia do íntimo.

6. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. A pureza ou a limpeza podem significar um estado do Ego, livre da contaminação de conteúdo ou motivações do inconsciente. Aquele que é consciente é puro, porque é consciente de que seu erro abre uma porta para experimentar a sua própria essência.

7. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus. O papel apropriado do Ego é mediar entre as partes oponentes aos conflitos intra-psíquicos internos.

8. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. O Ego precisa suportar a dor e o sofrimento, sem sucumbir ao amargor e ao ressentimento, para relacionar-se à lei interna objetiva.

Yung nos mostra através dessa correlação entre os ensinamentos de Jesus e a psique humana que o principal ponto das Bem-aventuranças entendidas psicologicamente é a exaltação do Ego não inflado, um Ego humilde. (www.espirito.com.br)
5.2. OS ENSINAMENTOS DE BUDA SOBRE AS BEM-AVENTURANÇAS

Bem-aventurados os que sabem e cujo conhecimento é livre de ilusões e superstições.

Bem-aventurados os que dizem que sabem, de maneira bondosa, franca e verdadeira.

Bem-aventurados aqueles cuja conduta é tranqüila, honesta e pura.

Bem-aventurados os que ganham a vida de maneira que não traga mal ou perigo a qualquer vivente.

Bem-aventurados os tranqüilos, que se despojam da má vontade, orgulho e falsa convicção, substituindo-os por amor piedade e compreensão.

Bem-aventurados todos aqueles que dirijam os melhores esforços no sentido da preparação e domínio de si mesmos.

Bem-aventurados, além de todos os limites, quando por este meio, vos despojardes das limitações do egoísmo.

E bem-aventurados, finalmente, os que se extasiam em contemplar o que é profundo e verdadeiro sobre este mundo e nele a nossa vida. (Rodrigues, 1988, p.61)

5.3. O EXPOSITOR ANTE A BEM-AVENTURANÇA

Bem-aventurado o expositor que sabe como pregar.
Bem-aventurado o expositor que encurta suas introduções
Bem-aventurado o expositor que modela sua voz, e nunca grita.
Bem-aventurado o expositor que sabe como e quando terminar.
Bem-aventurado o expositor que se inclui entre os ouvintes.
Bem-aventurado o expositor cujas palestras são articuladas e lógicas.
Bem-aventurado o expositor cujas palestras constituem uma unidade, têm propósito definido, sendo cada palavra bem pensada e meditada.
Bem-aventurado o expositor que raramente emprega o pronome eu.
Bem-aventurado o expositor que conhece, prega e pratica a Doutrina Espírita.
Bem-aventurado o expositor que vive a mensagem que prega.
Bem-aventurado o expositor que é Cristocêntrico.
Bem-aventurado o expositor que antes de se preocupar com a qualidade das palavras, se preocupa com o sentimento que irá passar.
"Pregar o Evangelho de Jesus Cristo é o mais alto privilégio e a aventura mais sedutora jamais comissionada ao homem, e ainda o propósito final de toda pregação do Evangelho, é a evangelização - a real conversão para Cristo." (www.espirito.com.br)

6. BEM-AVENTURANÇAS E DOUTRINA ESPÍRITA

6.1. CULTIVANDO AS BEM-AVENTURANÇAS

Cultivar as bem-aventuranças não é alçar exclamações de piedade inativa para o céu, lastimando os males do próximo com a boca e guardando os braços em repouso, diante do sofrimento alheio que nos convoca ao auxílio, à fraternidade e à cooperação.

Bem-aventurados os que lutam e sofrem, que se agitam e trabalham na materialização do bem comum, porque todos aqueles que fazem da piedade o serviço constante do amor encontram realmente as portas abertas para o Reino de Deus. (Xavier, 1974, p. 121)

6.2. O SERMÃO DO MONTE

Levi ficou surpreso com os aleijados e estropiados que o procuravam. Que conseguiria o Evangelho do Reino, com esses aleijados e mendigos? Jesus disse: precisamos amar e aceitar a preciosa colaboração dos vencidos do mundo! Os vencedores da Terra não necessitam de boas notícias. Nas derrotas da sorte, as criaturas ouvem mais alto a voz de Deus.

Imaginemos que os triunfadores da Terra viessem até nós, ensarilhando suas armas exteriores. É dentro desse quadro que Jesus lança as bem-aventuranças. (Xavier, 1977, cap. 11)

6.3. O AUXÍLIO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES

Por amor, os bem-aventurados, que já conquistaram a luz divina, descerão até nós, quais flamas solares que não apenas se retratam nos minaretes da terra, mas penetram igualmente nas reentrâncias do abismo, aquecendo os vermes anônimos.

Chegam, assim, até nós, desculpando-nos a falta e suprindo-nos as fraquezas, a integrar-nos na ciência difícil de corrigir-nos, por nós mesmos, sem reclamarem o título de mestres.

Vem das alturas e apagam-se. Ajudam-nos a carregar o fardo de nossos erros, sem tornar-nos irresponsáveis. Alentam-nos a energia sem demitir-nos da obrigação. (Xavier, 1970, p. 67)

7. CONCLUSÃO

Mahatma Ghandi tinha razão quando disse que, se dos ensinamentos do Cristo ficasse apenas os extratos do Sermão do Monte, teríamos condições de pautar a nossa conduta dentro dos mais excelsos parâmetros para nos relacionarmos bem em sociedade.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
MACKENZIE, J. L. (S. J.). Dicionário Bíblico.  São Paulo: Paulinas, 1984.
MICHALANY, D. A Grande Enciclopédia da Vida. São Paulo: Michalany, s.d.p.
RODRIGUES, Antonio F. Pérolas Literárias: Contos e Crônicas. Capivari-SP: LAR/ABC do Interior, 1988.
VÁRIOS AUTORES, Curso de Aprendizes do Evangelho. 6. ed. São Paulo: Feesp, 2000.
XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
XAVIER, F. C. Instrumentos do Tempo, pelo Espírito Emmanuel. São Bernardo do Campo: G E Emmanuel, 1974.
XAVIER, F. C. Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1970.
www.espirito.com.br

São Paulo, setembro de 2003

Sermão do Monte: Perguntas e Respostas

1) O que se entende por sermão?

Jesus ensinava – oralmente – em aramaico, sua língua materna. Como nada escreveu, a sua palavra devia ressoar sobre os discípulos. Por isso, catequese – do grego katechéo, fazer ressoar. Ressonância significava a voz na presença dos discípulos. O discípulo que tivesse recebido o ensinamento era ressoado, ou seja, catequizado. Depois de catequizado, poderia catequizar outros. Pode-se dizer que Jesus proclamou, junto aos discípulos, o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. O sermão tinha um caráter universalista, uma espécie de “carta magna” para toda a humanidade.

2) Qual o significado de monte ou montanha?

O monte é o lugar de destaque na vida religiosa dos povos. É o lugar da solidão, da oração e da revelação. Segundo uma constante tradição bíblica, é o lugar próprio para os encontros com Deus. Na Grécia, o monte Olímpico; na Índia, o monte Meru; na China, o monte Kuen-luen.  Há, também, o monte Sinai, o monte das Oliveiras etc., cada qual com sua particularidade.

3) Qual o significado do Sermão de Monte?

Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade.

O Sermão do Monte veio para reformar a humanidade na sua totalidade. Não é para uma religião, mas para toda a religião. Segundo alguns religiosos, o sermão do monte é o mais revolucionário dos discursos humanos, simplesmente porque é divino.

Quando acabou de proferir o sermão, os discípulos disseram: “Este ensina como quem tem autoridade”.

4) Quais são as oito regras do sermão?

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.
4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.
7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.
8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)
5) O que se entende por bem-aventurança?

Termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição.

Segundo Wendisch, as bem-aventuranças são uma espécie de torah (lei). Nos paradoxos (ir contra a opinião comum), Jesus ensinou o avesso daquilo que os homens pensavam, fazendo-os refletir na felicidade, não como a posse de bens materiais, mas como estar na visão e posse de Deus.

6) Há diferença entre reino dos céus e reino de Deus?

A palavra “céus” foi usada por Mateus; os outros evangelistas usaram a palavra “Deus”. Explicação: Mateus usou reino dos céus, porque Deus era um nome inefável que os judeus se abstinham de pronunciar com receio de dizerem em vão. Lucas, ao compor o seu Evangelho para os cristãos convertidos do paganismo, que por isso não tinham os mesmos escrúpulos, diz correntemente como Marcos: “o reino de Deus” ou então “reinado de Deus”.

7) A redação dos Evangelhos prendeu-se mais à letra ou ao sentido?

Os Apóstolos, ao registrarem por escrito, as palavras de Cristo, prenderam-se mais ao sentido do que à letra. Por exemplo, a inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz devia ser conforme a letra. Contudo, anotamos as seguintes divergências verbais: “Jesus o Nazareno, o rei dos judeus”, João 19,19, “Este é Jesus, o rei dos Judeus”, Mat. 27,37, “O rei dos Judeus, este”, Luc. 23,38, “O rei dos Judeus”, Marc. 15,26.

8) Qual a importância de Jesus falar ao ar livre?

O mestre não quis pronunciar o seu discurso inaugural no interior de uma sinagoga ou nos pórticos do Templo. Para fazer ouvir uma mensagem destinada aos homens de todos os tempos, precisava de ar livre, de altitude, dos horizontes sem limite da natureza. Ele falava do impulso de progresso, da ressonância, do movimento. Dizia: as raposas têm as suas tocas, os pássaros os seus ninhos, mas Ele não terá um teto onde reclinar a cabeça. Caminhará sempre, sem parar.

9) Qual a função das Igrejas nos dias atuais?

A Igreja, de qualquer espécie que for, não pode permanecer somente como instituição. Deve ser um movimento, um processo de aperfeiçoamento das almas. A Igreja não é um estabelecimento, é um movimento, a sua função é “renovar a face da terra”, quebrando preconceitos e denunciando os conformismos. Paulo foi muito feliz quando disse: “Embora se destrua em nós o homem exterior, o homem interior vai-se renovando de dia para dia”.

25/09/2007

Sermão da Montanha
- Subsídios para uma Melhor Compreensão -

1) "Bem-aventurados os pobres pelo espírito" e não "pobres de espírito".

Nem no texto grego do primeiro século, nem na tradução latina da Vulgata se encontra o tópico "pobres de espírito", mas sim " pobres pelo espírito", ou seja, "pobres segundo o espírito" (em grego: tô pneumati, no terceiro caso, dativo, não no segundo, genitivo; em latim: spiritu, no sexto caso, ablativo, não no genitivo). Na tradução "de espírito" entende-se o genitivo, como se disséssemos "fulano é pobre de saúde, de inteligência", isto é, falta-lhe saúde, inteligência. (p. 19)

2) "Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça".

A palavra "justiça", toda vez que ocorre nas sagradas Escrituras, significa a relação ou atitude justa e reta que o homem assume em face de Deus. Não se refere à justiça no sentido jurídico, do plano horizontal, como é usada na vida social de cada dia. Justiça é, pois, a compreensão intuitiva de Deus (a mística) e o seu natural transbordamento na vida cotidiana (a ética).  (p. 38) O Divino proclama felizes os que sofrem essa fome e sede da experiência de Deus, porque eles serão "saciados".

3) "Bem-aventurados os pacificadores" e não "pacíficos".

A tradução "pacíficos", em vez de "pacificadores", que se encontra em muitas versões portuguesas, não corresponde ao sentido do original grego eirenopoio, nem ao latim pacifici, porque ambos significam um processo ativo e dinâmico e não apenas um estado passivo de paz. (p. 40)

4) "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça".

Justiça significa atitude justa e reta do homem para com Deus. O homem "justo", nos livros sacros, é o homem santo, o homem crístico, o homem que realizou em alto grau o seu Eu divino pela experiência mística manifestada na ética. O homem "justo" é o homem que se guia, invariavelmente, pelos dois grandes mandamentos, o amor a Deus e a caridade do próximo. (p. 50)

5) Complemento

Se todos os livros religiosos da humanidade perecessem e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido. Nele se encontram o Oriente e o Ocidente, o Brahmanismo e o Cristianismo e a alma de todas as grandes religiões da humanidade, porque é síntese da mística e da ética, que ultrapassa todas as filosofias e teologias meramente humanas. O que o Nazareno disse, nessa mensagem suprema do seu Evangelho, representa o patrimônio universal das religiões - seja o Kybalion  de Hermes Trismegistos, do Egito, sejam os Vedas, de Bhagavad Gita ou o Tao Te King de Lao-Tsé, do Oriente, sejam Pitágoras, Sócrates, Platão ou os Neoplatônicos, sejam São João da Cruz, Meister Eckhart, Tolstoi, Tagore, Gandhi ou Schweitzer - todos convergem nesta mesma Verdade, assim como as linhas de uma pirâmide, distantes na base, se unem todas num único ponto, no vértice. (p. 16)

Cópia integral  de trechos do livro O Sermão da Montanha, escrito por Huberto Rohden. São Paulo: Martin Claret, 2003. (Coleção Obra Prima de cada Autor)

(Org. por Sérgio Biagi Gregório)

Visite o site do Clube de Autores
e folheie o livro Leis Divinas ou Naturais,
por Sérgio Biagi Gregório

Mateus é Chamado – O Sermão da Montanha

Estudo Dinâmico do Evangelho

Segunda edição

Amílcar Del Chiaro Filho

Capítulo IX – Mateus é Chamado – O Sermão da Montanha

Jesus passando por uma rua vê uma coletoria e sentado, o chefe dos cobradores de impostos (Publicano) e o chama. Levi (Mateus) abandona o seu escritório e segue o Rabi.

Publicanos eram agentes do tesouro público. Eram pessoas que compravam do governo o direito de cobrar impostos, pagando antecipadamente, do seu bolso, a quantia estimada pelas autoridades do Tesouro, ficando com o comprador, o risco de recuperar o seu dinheiro. Segundo Torres Pastorino, o Coletor distribuía os seus agentes para cobrar taxas de pedágios, de trânsito de mercadorias, de caravanas do comércio, de alfândegas e etc. dentro do distrito que lhe cabia por direito. O que arrecadasse era seu, inclusive o superávit (sempre era cobrado a mais.)

Alguns, mais afortunados compravam o direito sobre toda uma província e eram considerados chefes dos publicanos, como Zaqueu. (Lucas 19: 3).

Eles eram mal vistos pelo povo, pois cobravam muito mais do que deviam. Os judeus os consideram traidores e apóstatas. O *Talmude proibia que fossem testemunhas ou juizes nos processos e eram considerados legalmente impuros, por estarem sempre em contato com os não judeus. As autoridades faziam vistas grossas às suas roubalheiras, porque a profissão era execrada e arriscada. Imaginem o impacto causado por Jesus, ao escolher um publicano, como discípulo.

* Talmude – Uma das obras mais importantes do judaísmo pós-bíblico e considerada a interpretação autentica da *Toráh, ou lei escrita.

TORAH – (lei) Os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica que contém o essencial da lei mosaica.

Mateus, ou Levi, ofereceu um banquete a Jesus e aos seus colegas, como despedida das suas funções. Citamos este fato apenas por um ensinamento notável. Criticado pelos Fariseus e Doutores por estar se banqueteando com publicanos, ladrões e prostitutas, o Mestre cita um aforismo (sentença): Os sãos não necessitam de médico, mas sim os enfermos. Depois conclui - Não vim chamar os justos, mas os pecadores.

Examinemos ligeiramente duas sentenças ditas por Jesus: não se coloca remendo de pano novo (não molhado) em vestido velho! Isto significa que quando o vestido for lavado, o pano novo vai encolher e repuxar o velho, ficando maior o rasgão. Da mesma forma trata do vinho novo que vai arrebentar odres velhos. Lucas acrescenta a frase que a chave do entendimento: quem experimenta o vinho velho não quer saber do novo, pois o velho é melhor. (ou seja, acredita que a sua crença anterior é melhor) Isto quer dizer que para aceitar o Evangelho é preciso que o seguidor do Velho Testamento esvazie o seu entendimento, liberte-se dos preconceitos, (transforme-se num odre novo ou num novo homem, renovado pelo conhecimento), para iniciar um novo aprendizado.

É por isso que muitos tem dificuldades para aceitar o Espiritismo, porque consideram suas doutrinas anteriores melhores. (vinho velho) E, se permanecem no Espiritismo, (vinho novo), tentam introduzir práticas das suas doutrinas velhas, ou se perturbam intelectual e espiritualmente.

O Sermão da Montanha: Esta é a mais linda sonata de amor contida nos Evangelhos. O Mahatma Gandhi, a Grande Alma da Índia, que não era cristão, afirmou que se todos os livros sagrados da humanidade se perdessem, mas não O Sermão da Montanha, nada se teria perdido.

Para escrever as páginas que se seguem, procurei ler vários autores, e embeber-me dos seus pensamentos, inebriar-me da cultura evangélica de cada um deles, e consultar, também, o meu mundo interior, os refolhos de minh’alma; talvez aquilo que ficou sedimentado em meu ser desde as vidas anteriores, trazendo-as agora ao consciente.

A contribuição maior é de Torres Pastorino, e começamos por ele, que cita Lucas 6:17-26 e Mateus 5: 1-12. Estes versículos contém As Bem-aventuranças. Jesus havia subido a um monte para orar e após passar uma noite em orações, escolheu os 12 discípulos: Simão Pedro – André – Tiago Maior (mais velho) – João – Filipe – Bartolomeu – Tomé – Mateus – Tiago Menor (mais novo) – Tadeu – Simão Cananita e Judas Iscariot.

Lucas diz que Jesus desceu a um lugar plano onde encontrou uma multidão. Mateus afirma que Jesus, ao ver a multidão, subiu a um monte. Um fato tão simples e nos parece contraditório. Afinal, Jesus desceu ou subiu? É simples: ao descer, Jesus chegou ao entendimento dos mais humildes, falando das coisas objetivas, que compunham a vida daquelas pessoas vulgares. Ao subir, alcançava os mais evoluídos, falando das coisas transcendentais.

Como não queremos nos tornar cansativos, vamos abordar a face mais elevada, procurando sintetizar os nossos comentários.

Bem Aventurado os pobres de espírito: Carlos Torres Pastorino traduz como mendigos do espírito, o que implora a Deus a esmola do conhecimento, da sabedoria, ou poderíamos dizer como Sócrates, aqueles que sabem que nada sabem.

As demais bem-aventuranças, elas se referem ao ato de subir. Jesus não falava de recompensas após a morte, pois, no plano espiritual não se farta de bebidas ou de comidas e nem se fica feliz com o sofrimento dos outros. Jesus falava, sem a menor sombra de dúvidas, das vidas sucessivas, da reencarnação. Os pobres, os infelizes, os oprimidos, os injustiçados, os que choram, poderão, nas vidas futuras serem saciados, felizes e sorrirem.

Também não basta chorar para ser Bem-aventurado. Geralmente os que choram são fracos, mas com o aprendizado através das reencarnações, se tornarão fortes e rirão de seus tempos de angústias. Visto de uma forma um pouco mais simples, podemos entender a alternância das reencarnações. Ora somos ricos, ora pobres. Ora desgraçados, e depois felizes.

Huberto Rohden traduz a primeira Bem-aventurança por – Bem-aventurados os pobres pelo espírito. Rohden faz um ácido comentário sobre a ignorância dos tradutores, e chama de arrogantes profanadores os que deturparam uma das mais sublimes mensagens do Cristo. Afirma que nem no texto grego do primeiro século, nem na tradução latina da Vulgata, se encontra o tópico “pobres de espírito”, e sim, pobres pelo espírito, ou pobres segundo o espírito.

Cairbar Schutel, no Parábolas e Ensinos de Jesus, comenta: Os pobres de espírito são os humildes que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que tem; a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem. (um pouco à frente): sem a humildade nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todas as grandes ações e rasgos de generosidade, seja na Filosofia, na Arte, na Ciência, na Religião.

Nosso intuito não é examinar o Evangelhos passo a passo, mas destacar alguns pontos e comentá-los, assim como colocar opiniões diversas, de autores consagrados ou não.

Os mansos herdarão a Terra. Isto significa que a Terra, um dia, será depurada, dos maus, violentos, opressores, dominadores, para ser um refúgio de paz.

Mansidão não é covardia, não é omissão, mas segurança de quem sabe para que está na Terra e como conquistar a sua evolução. Contudo, sem a reencarnação não é possível entender essa bem-aventurança. Nas vidas futuras, um dia, herdaremos um mundo pacífico.

Recorremos novamente a Cairbar Schutel: “A delicadeza e a civilidade são filhas diletas da mansidão. — Os mansos e os humildes de coração possuirão a Terra, porque se elevam na hierarquia espiritual e se constituem outros tantos propugnadores invisíveis do progresso de seus irmãos, guiando-lhes os passos nas veredas do amor e da ciência — nobres ideais que nos conduzem a Deus. — É da cólera que nasce a selvajaria que tantas vítimas tem feito. Da mansidão vem a indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo”.

Comenta Del Chiaro: Sabendo que somos herdeiros de nós mesmo, podemos afirmar que o mundo atual, que é violento, corrupto, pornográfico, injusto, cruel, foi feito à nossa imagem e semelhança. Nós, coletivamente, através das vidas sucessivas, construímos esse mundo, e cabe-nos implodi-lo, metaforicamente falando, e construir um mundo novo, de paz, harmonia, bondade, justiça social e amor. Um mundo onde ninguém morra de fome, nem mesmo de fome de aceitação e amor. Um mundo onde todos tenham o suficiente para viver com dignidade, e ninguém seja desprezado, humilhado, oprimido.

Apenas como curiosidade vamos lembrar que sobre essa herança falam: David – Salmo 37: 11 — Os mansos herdarão a Terra e se deleitarão na abundância da paz. — Isaías - 65: 9 — Meus escolhidos herdarão a Terra e meus servos nela habitarão — Provérbios 2: 21 – 22 – porque os homens retos habitarão a Terra e os íntegros nela permanecerão.

Huberto Rohden comenta: Indício infalível da verdadeira auto realização é a mansidão. O homem que encontrou o seu Eu divino é necessariamente manso. A mansidão consiste na desistência de qualquer violência, tanto física como mental, e sua substituição pela força do espírito.

Rohden diz ainda; Podem os violentos conquistar a Terra, apoderar-se dela à força de armas e carnificinas — mas eles nunca possuirão a Terra, e menos ainda os homens da terra. O verdadeiro possuir não é um ato físico, material, mas uma atitude metafísica, espiritual.

Pastorino afirma que a tradução correta da bem-aventurança — Os que tem fome e sede de justiça, é: os que tem fome, que aspiram a perfeição, os que desejam o ajustamento, no sentido de justeza.

Huberto Rohden diz que não se trata de justiça como coisa jurídica, mas de relação, atitude justa e reta que o homem assume em face de Deus.

Os misericordiosos são aqueles que distribuem bondade, bênçãos à mão cheias sobre todos indistintamente. Fome de justiça é contraditório com a misericórdia.

Rohden afirma: Quanto mais o homem dá na horizontal, mais recebe, na vertical. Existe uma lei cósmica que produz infalivelmente o enriquecimento do homem que em si mantém permanentemente uma atitude doadora, que está sempre disposto a dar do que tem e a dar do que é, ou seja, ajudar os seus semelhantes com os objetos que possui e com o amor do próprio sujeito que ele é. Não basta fazer o bem (dar objetos) — é necessário também ser bom (dar o sujeito).

Os limpos de coração não significa castos no sentido sexual. O sexo é lei divina e não tem nada de impuro, a não ser quando o homem ou a mulher torna-se abjeto. Limpo de coração representa o desapego completo. É aquele que é bom, isento de maldades.

Os Pacificadores são aqueles que tem a paz dentro de si e distribui essa paz, vibra harmoniosamente e não se deixa dominar pela zanga, pela ira, pelo ódio. Os pacificadores são os construtores da paz.

Nossa ligação com Deus, através de um Mestre como Jesus, sofre intermitências. Só será definitiva e completa com a nossa evolução, quando formos firmemente cósmicos, quando o plano divino, no corpo ou fora dele, o que será possível através das vidas sucessivas.

Todos os que adentram o caminho dos conhecimento superior, mesmo que seja um ou dois passos, são perseguidos, execrados, injuriados por tentar viver em retidão. São felizes porque a perseguição apressará a sua evolução. Porém, a oposição ao nosso progresso não é apenas externa (vinda de outras pessoas), mas também interna (nossas tendências, vícios, desejos), o que configura a estrada estreita.

VERSÃO MODERNA DO SERMÃO DA MONTANHA

VERSÃO MODERNA DO SERMÃO DA MONTANHA


  Bem-aventurados os pobres de ambições escuras:

  De sonhos vãos, de projetos vazios e de ilusões desvairadas, que vivem construindo o bem com o pouco que possuem, ajudando em silêncio, sem a mania de glorificação pessoal, atentos à vontade do Senhor e distraídos das exigências da personalidade, porque viverão sem novos débitos, no rumo do céu que lhes abrirá as portas de ouro, segundo os ditames sublimes da evolução.

  Bem-aventurados os que sabem esperar e chorar:

  Sem reclamação e sem gritaria, suportando a maledicência e o sarcasmo, sem ódio, compreendendo nos adversários e nas circunstâncias que os ferem, abençoados aguilhões do socorro divino, a impeli-los para diante, na jornada redentora, porque realmente serão consolados.

  Bem-aventurados os mansos, os delicados e os gentis:

  Que sabem viver sem provocar antipatias e descontentamentos, mantendo os pontos de vista que lhes são peculiares, conferindo, ao próximo, o mesmo direito de pensar, opinar e experimentar de que se sentem detentores, porque, respeitando cada pessoa e cada coisa em seu lugar, tempo e condição, equilibram o corpo e a alma, no seio da harmonia, herdando longa permanência e valiosas lições na Terra.

Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça:

  Aguardando o pronunciamento do Senhor através dos acontecimentos inelutáveis da vida, sem querelas nos tribunais e sem papelórios perturbadores que somente aprofundam as chagas da aflição e aniquilam o tempo, trabalhando e aprendendo sempre com os ensinamentos vivos do mundo, porque, efetivamente, um dia serão fartos.

  Bem-aventurados os misericordiosos:

  Que se compadecem dos justos e dos injustos, dos ricos e dos pobres, dos bons e dos maus, entendendo que não existem criaturas sem problemas, sempre dispostos à obra de auxílio fraterno a todos, porque, no dia da visitação da luta e da dificuldade, receberão o apoio e a colaboração de que necessitem.

  Bem-aventurados os limpos de coração:

  Que projetam a claridade de seus intentos puros, sobre todas as situações e sobre todas as coisas, porque encontrarão a "parte melhor" da vida, em todos os lugares, conseguindo penetrar a grandeza dos propósitos divinos.

  Bem-aventurados os pacificadores:

  Que toleram sem mágoa os pequenos sacrifícios de cada dia, em favor da felicidade de todos, e que nunca atiçam o incêndio das discórdias com a lenha da injúria ou da rebelião, porque serão considerados filhos obedientes de Deus.

  Bem-aventurados os que sofrem a perseguição ou incompreensão:

  Por amor à solidariedade, à ordem, ao progresso e à paz, reconhecendo acima da epiderme sensível, os sagrados interesses da Humanidade, servindo sem cessar ao engrandecimento do espírito comum, porque assim se habituam à transferência justa para as atividades do Plano Superior.

  Bem-aventurados todos os que forem dilacerados e contundidos pela mentira e pela calúnia:

  Por amor ao ministério santificante do Cristo, fustigados diariamente pela reação das trevas, mas agindo valorosos, com paciência, firmeza e bondade pela vitória do Senhor, porque se candidatam, desse modo, à coroa triunfante dos profetas celestiais e do próprio Mestre que não encontrou, entre os homens, senão a cruz pesada, antes da gloriosa ressurreição.

Rejubilem-se, cada vez mais, quantos estiverem nessas condições, porque, hoje e amanhã, são bem-aventurados na Terra e nos Céus.

Humberto de Campos.

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Seqüência do Sermão da Montanha - Tesouros e Outros.

Estudo Dinâmico do Evangelho

Segunda edição

Amílcar Del Chiaro Filho

Capítulo XII - Seqüência do Sermão da Montanha - Tesouros e Outros.

Jesus prossegue no mesmo discurso, e Mateus registra no capítulo 6: 19 a 24. Jesus fala sobre tesouros e sentencia: Não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e os ladrões penetram e roubam. Lucas, no capítulo 12:32 a 34 – mas especialmente no 34, diz: ... porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (ver Evangelho).

Não é difícil entender (pelo intelecto), que os bens da terra tem valor efêmero, porque, na verdade, não nos pertence, pois deixamos tudo aqui quando desencarnamos (morremos), mas é difícil, muito difícil entender no coração, porque arranjamos mil desculpas para apegar-nos e não sentirmos nenhum remorso. O tesouro do avarento é o seu dinheiro. Do alcoólatra é a bebida. Do sensualista é os gozos. Outros colocam seu tesouro na fama, no poder, na glória e etc.

Na verdade, o maior perigo está na sedução, na atração das coisas materiais. Se possuíssemos as riquezas, sem nos escravizarmos a elas, se não permitíssemos que ela nos possuíssem, não haveria nenhum mal.

Allan Kardec, afirma que a prova da riqueza é muito mais perigosa do que a pobreza, porque faculta facilidades, gozo, poder, abuso de toda espécie, que o pobre não tem dinheiro para comprar, por isso se isenta dessa responsabilidade. Contudo, não ficará isento se não as pratica somente porque não tem recursos. Se os ricos podem ser condenados pelo apego daquilo que possuem, os pobres, com mais razão, podem ser condenados por se escravizarem aos bens que não possuem.

Acreditamos que quando Jesus afirmou: Não vos preocupeis com vossas vidas, pelo que haveis de comer ou beber, nem com o vosso corpo, pelo que haveis de vestir: não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que a roupa? Olhai as aves do céu... (Mateus 6:24-34 e Lucas 12:22-31) não pode ser entendido conforme a letra que mata, e sim, conforme o espírito que vivifica. Do contrário seria a consagração da ociosidade. Não devemos ser escravos das riquezas, mas não devemos, também, ser pesado para ninguém, ou para a sociedade. O ideal é que aprendêssemos a viver sem precisar de muitas coisas, sem invejarmos o próximo, sem ter ansiedades e preocupações que nos desgastam. Paulo diz em uma das suas cartas: sei viver na pobreza e sei viver na abundância.

Homens cósmicos não precisam de propriedades para viver. Jesus não tinha uma pedra onde repousar a cabeça. Budha nasceu rico e abandonou o seu palácio com as suas riquezas. Gandhi, ao morrer deixou como herança, uma tigelinha onde comia o seu iogurte de leite de cabra, uma colher de cabo quebrado, um lençol em que envolvia seu corpo, um par de óculos e um par de alpercatas, pois, a cabra que o servia dando-lhe o leite, não era dele, e sim de um amigo que lhe emprestara.

Contam que um sábio grego, da antigüidade, estava sentado sobre uma grande pedra vendo a sua cidade arder em chamas, num incêndio devastador. Ele observava o vai e vem das pessoas tentando salvar os seus bens, quando alguém lhe perguntou se ele não ia salvar seus pertences, e ele respondeu que tudo que ele possuía estava com ele, em seu coração e sua mente.

Huberto Rohden explica que o homem profano está fora, à frente do Templo, mas não quer entrar porque é dominado pela matéria. Quer possuir, gozar, usufruir, tirar vantagem de tudo, enriquecer de qualquer maneira, mesmo por meios desonestos. O homem místico agarra-se às coisas que julga ser do espírito e despreza o mundo, torna-se misantropo. Gosta de exibir a sua pobreza. Veste-se mal, come mal, e o sexo causa-lhe repugnância, utilizando-o apenas para procriar. O homem cósmico, que já passou pelas duas fases precedentes, é espiritual, mas não despreza o mundo e nem as suas riquezas, mas não se deixa seduzir ou escravizar por elas.

Rohden, diz ainda, no seu livro O Sermão da Montanha: Esse homem (cósmico) não precisa mais lutar pelas coisas necessárias, porque a natureza, amiga e aliada, lhe abre o tesouro das suas forças secretas, e lhe fornece espontaneamente e jubilosamente, todas as coisas de que ele tem mister, a fim de poder dedicar o melhor do seu tempo e das suas energias à causa magna do reino de Deus e sua justiça.

Num outro texto ele diz: O homem que trabalha para implantar o Reino de Deus na Terra, não precisa se preocupar com o que necessita para viver, porque aquilo que ele necessita, o procura.

Em outro passo do Evangelho, opina Del Chiaro, Jesus afirma: Procurai em primeiro lugar o Reino dos Céus e a sua justiça e tudo o mais lhe será dado por acréscimo de misericórdia. Ou conforme outros, lhe será acrescentado. Ora, o que Jesus falou sobre o Reino dos Céus, ou o Reino de Deus, que é uma só coisa? Ele disse que o Reino não vem com aparências exteriores, depois afirma: O Reino de Deus está dentro de vós. Então essa justiça deverá estar dentro de nós. Temos que ser justos e viver com justeza. Não se trata de julgamento jurídico, conforme diz Rohdem em outra passagem, mas justeza, lealdade, compreensão, fraternidade, aceitação, amor. É ser o sal da terra e a luz do mundo.

Ajuntai para vos tesouros no céu, onde não enferrujam e nem o ladrão penetra para roubar. O Espiritismo ensina que não devemos ajuntar riquezas egoisticamente, mas sim em família. Entendamos que não se trata de família pelo sangue, mas família em humanidade. Kardec deixa bem claro que uma propriedade só é legítima quando foi adquirida sem prejuízo de ninguém.

Quando Kardec questionou os espíritos sobre os bens recebidos em herança, eles responderam que é preciso verificar se a riqueza não foi usurpada de alguém na sua origem.

No entanto, o discurso de Jesus prossegue, e Mateus registrou no capítulo 7:1 a 5 e Lucas aborda o mesmo assunto no capítulo 6:37 –38 – e retoma nos versículos 41-42 (ver Evangelhos). Não julgueis para não serdes julgados. A lição é simples, não trata de julgamento jurídico feito por um magistrado, e sim no nosso julgamento, que estamos propensos a nos julgar melhores que as outras pessoas. O que Jesus adverte é sobre o julgamento leviano, vulgar. Na passagem há uma advertência da lei de causa e efeito: se julgamos levianamente alguém, estamos sujeitos a sermos julgados levianamente por outras pessoas. Naturalmente, não é preciso que tenham que existir levianos, mas a lei maior aproveita as disposições levianas das pessoas, para que, no contato social, castiguem-se mutuamente. Se não existissem levianos que julgam mal o seu próximo, não haveria esse tipo de resgate.

Jesus de Nazaré usa uma hipérbole, para falar daqueles que tem graves defeitos e ficam a apontar os defeitos menores do seu próximo. Por que vês o cisco no olho do teu irmão e não percebes a viga que tens no teu? Hipócrita, tira primeiro a viga do teu olho e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão. (tradução do Pastorino dos versículos 3 e 5 de Mateus).

A. N. Wilson, considera a hipérbole exagerada (toda hipérbole é exagerada) dizendo que certamente Jesus não era um carpinteiro, pois, se fosse, conheceria a imensa diferença existente entre um cisco e uma trave ou viga.

Mateus 7:6 coloca nos lábios de Jesus palavras muito duras, fazendo com que muitos pensem que elas não são de Jesus. Não deis o que é santo aos cães, nem lanceis vossa pérolas diante dos porcos... (ver Evangelho). Acreditamos que o que ele quer dizer é que existem pessoas evolutivamente tão atrasadas, que não tem condições de compreender as coisas superiores do espírito. Podem mesmo voltar-se contra o seu benfeitor e instrutor e despedaçá-lo, como os porcos que pisaram sobre as pérolas.

Pessoalmente acreditamos que as iniciações, os ensinamentos ocultos, terminaram quando o véu do santuário rasgou-se de alto a baixo, mas nem tudo pode ser ensinado indiscriminadamente a todos. Se não mais existem iniciações nos Templos, nas doutrinas secretas, existe uma seleção natural, uma iniciação cósmica.

Richard Simoneti, no livro, A Voz do Monte, diz que os princípios espíritas devem ser levados a todos indistintamente, mas a mediunidade é coisa santa que deve ficar restrita àqueles que aceitaram e compreenderam o Espiritismo. No dizer de Simoneti, uma sessão espírita só deve ser realizado com um objetivo santo.

Mateus, no capítulo 7:7 a 12 e Lucas no 11:5 a 13 registram as palavras de Jesus: pedi e dar-se-vos-á. Procurai e achareis. Batei e abrir-se-vos-á. (ver o Evangelho) Os evangelistas colocam uma condição comparativa simples, em relação ao pai humano e o Pai Criador. Qual é o pai, cujo filho lhe pedir um pão lhe dará uma pedra... Escreve Rohden: Pedir é rogativa de quem compreende que tudo pertence a Deus e ele é o dispensador. Batei, é ação – trabalho – trabalhar pelo que se pediu, criar condições favoráveis. Não se trata de muito pedir, insistir, importunar até conseguir, porém, confiar. Aquele que pede boas coisas (pão – peixe – ovos para a nutrição do corpo) está na condição do homem profano. E o que pede (luz, sabedoria, fé para a nutrição do espírito, está na condição do homem místico. O homem cósmico já não precisa pedir porque sabe que tudo que ele precisa lhe será dado.

Deduzimos facilmente que quem mentaliza coisas ruins, como, pedra, cobra, escorpião, atrairá infelicidades, tristezas, desgraças, doenças.

Precisamos compreender que muitas vezes não recebemos aquilo que pedimos porque nos é inconveniente. Nós mesmos não damos tudo o que os nossos filhos nos pedem, especialmente quando ainda são crianças. Será que evolutivamente não somos crianças espirituais? As vezes pedimos a cura de uma doença e a cura pode ser inconveniente para a nossa evolução.

Os dois cronistas do Evangelho terminam este passo com a regra de ouro dada por Jesus: Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vós a eles.

Mateus no capítulo 7: 13 –14 aborda a porta estrada. Mateus diz: Entrai pela porta estreita: por que larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz a perdição, e são muitos os que por ela entram. Mas estreita é a porta e apertado a estrada que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Lucas, fala das dificuldades da evolução no capítulo 13: 23 a 30 – e fala também que devemos forcejar por entrar pela porta estreita.

O caminho apertado é o dever, a boa conduta, o amor fraternal. Com o tempo, o nosso dever se transformará no nosso querer. Diremos então: entrei pelo caminho estreito por livre escolha. Sou cristão (Cristianismo do cristo e não dos seus vigários) por opção própria. Sou espírita porque quero, por amor ao Espiritismo, não por medo ou supostas vantagens.

A estrada larga é a da sedução. Nela encontramos a satisfação dos desejos inferiores, como orgulho, vaidade, egoísmo, violência, sensualidade, desonestidade....

Torres Pastorino faz uma admoestação contundente, dizendo que são poucos os que procuram a porta estreita e acertam com ela, porque se equivocam. Por exemplo: Há os que pensam que é pela devoção piedosa. Outros, pelos estudos cerebrais dos vocábulos. Outros por ações taumatúrgicas, milagreiras, Outros pelo puro mediunismo mecânico. Outros ainda, por conversas com os desencarnados. Há os que se apegam à posições corporais, como exercícios da Ioga, da meditação profunda. Poderíamos acrescentar que outros procuram esse caminho na doação de cestas básicas e na caridade material. Acreditamos que todos esses caminhos são válidos, mas parciais.

Os que encontraram o caminho real sabem que ele conduz para dentro. O caminho é para o nosso interior. Conforta-nos saber que embora seja muito difícil acertar com a porta estreita e o caminho estreito, teremos tantas oportunidades quantas forem necessárias para continuar procurando.

Herculano Pires, no livro, O REINO – assinado com o pseudônimo, Irmão Saulo – conta a história de um homem que subia um estreito e escarpado caminho que o conduziria ao “Reino”, e chegando diante de um imenso portão, ofegante pelos esforços da subida e pelo peso dos sacos que trazia às costas, que guardavam os seus tesouros, tomou da grande aldabra e bateu com força. Abriu-se, não o portão inteiro, mas uma estreita abertura, por onde ele pôde divisar um panorama maravilhoso, um verdadeiro paraíso com rios de mel e leite. Tentou entrar com os seus sacos às costas, mas a portinhola era muito estreita e não dava passagem. Esforçou-se muito sem querer largar os sacos com os seus tesouros. Cansado, sentou-se ao chão, colocando os sacos à sua frente, enquanto olhava com olhos compridos para dentro do portão. De repente um dos sacos começou a rolar ladeira a baixo. Ele agarrou os outros sacos e tentou segurar o que escapara, mas acabou rolando com toda a carga lá para o fundo do abismo, e somente quando ele chegou ao fundo, que a portinhola que permanecera aberta num convite sereno, fechou-se.

Uma outra linda história é de Cid Franco, aliás, grande amigo de Herculano Pires. Num pequeno livro chamado Dois Caminhos, ele narra: Dois são os caminhos. O da violência e o da não-violência. Violência de pensamentos, palavras e atos. Não violência de pensamentos, palavras e atos. São dois os caminhos. É fácil correr pelo primeiro. É difícil caminhar lentamente pelo segundo. Bastam os instintos para escolher o primeiro. Só o sentimento e a vontade, apoiados em lúcido raciocínio, escolhem o segundo. Oh! Abandonemos o caminho velho, o caminho da violência. Tomemos o caminho novo. Novo? Há séculos grandes seres seguiram por ele, e seus pés deixaram para todos nós um rasto luminoso de estrelas, a poeira que caiu de suas sandálias. Os pés do Cristo, nosso Mestre e Senhor, os pés de Gautama, os pés de Francisco de Assis... Perto de nós, os do Mahatma Gandi. E de tantos caminheiros da não-violência. O que encontramos no fim do caminho velho? O ódio e a morte. Que nos espera no caminho novo, ou melhor, na estrada que até hoje não palmilhamos. O amor e a vida.

Jesus, em Mateus em 7:15 a 20 fala para nos guardarmos dos falsos profetas, que se vestem de ovelhas, mas são lobos vorazes. Lucas em 6:43 – 45 fala da arvore e dos frutos, dizendo que a boa árvore não dá maus frutos e a arvore má não produz frutos bons. Falsos profetas sempre existiram. É preciso que os homens aprendam a ver que tipo de frutos eles dão. Lucas termina o seu texto, dizendo: O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mal, do mau tesouro, tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.

No capítulo XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec fala da missão dos profetas e que não devemos entender como profetas apenas aqueles que fazem previsões. Kardec aproveita a advertência de João, o Evangelista, e faz um comentário sobre o não creiais em todos os espíritos, mas provai se eles são de Deus. Erastos, numa mensagem oportuna, adverte quanto aos falsos profetas da erraticidade, ou seja, espíritos que são falsos profetas.

Jesus termina o seu extraordinário discurso e desce do monte e a multidão o acompanhou. Queremos deixar bem claro que não examinamos o Sermão da Montanha versículo por versículo, mas destacamos aqueles que, na nossa visão, são mais importantes.

O Sermão do Monte - IRC

O Sermão do Monte

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
em conjunto com o Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Palestrante: Lúcia Moreira
Rio de Janeiro
14/05/1999

Organizadores da palestra:

Moderador: "jaja" (nick: ||Moderador||) "Médium digitador": Helena (nick: Lucia_Moreira)

Oração Inicial:

<Wania> Amigo Jesus, nos encontramos aqui, reunidos em Teu nome, com o objetivo de estudarmos e refletirmos em torno dos conceitos da Doutrina Espírita. Fortaleça a nossa vontade de servir em Tua Seara, fortaleça o nosso desejo de servir ao próximo. Ampara-nos na dúvida e orienta-nos a caminhada. Envolva a todos aqui presentes, em especial a nossa companheira Lúcia Moreira, que conduzirá nosso pensamento, em torno do assunto da noite. Que a Tua misericórdia alcance a todos nós. Que seja em Teu nome, em nome dos espíritos amigos que nos sustentam na tarefa, mas sobretudo em nome de Deus, o início de mais uma palestra virtual no Canal Espiritismo. Que assim seja!

Apresentação do palestrante:

<Lucia_Moreira> Bem, meus queridos, como vocês já sabem, meu nome é Lúcia Moreira. Tive a necessidade e a felicidade de ter nascido num lar espírita. Felicidade para que os conceitos da Doutrina Espírita me ajudassem a crescer espiritualmente e necessidade, para minimizar meu débitos com a Lei. Estou no Centro Espírita Léon Denis há 26 anos. Trabalho na exposição da Doutrina, direção das reuniões, nos trabalhos mediúnicos e na nossa abençoada Obra Assistencial Antônio de Aquino, um serviço de assistência social que a Casa de Léon Denis mantém na rua Marechal Mallet, 154 em Magalhães Bastos, atendendo a população carente da região espiritualmente e materialmente. (t)

Considerações iniciais do palestrante:

<Lucia_Moreira> Hoje nós vamos falar sobre o Sermão da Montanha ou das Bem-aventuranças proferidas pelo Senhor Jesus. Sem dúvida alguma, Jesus foi o Espírito mais sábio que já veio aqui à face da Terra (inteligência, cultura e moral). Ele se expressava com uma forma de comunicação ultra-moderna, ainda vigente nos dias de hoje, em que passava uma idéia, intenção e conteúdo. Era sua forma de comunicação, tanto nas parábolas, nos sermões, nas curas, nos diálogos quanto nos atos. A idéia - Deus sábio, bom e inteligente e a noção correta do que fosse Reino dos Céus. A intenção - desmaterializar o homem, humanizando-o e espiritualizando-o. Conteúdo - Sua moral de amor ao próximo, queda do orgulho, da vaidade, do egoísmo, dando-nos esperança, coragem, fé e alegria de viver. O Sermão do Monte ou Sermão da Montanha ou das Bem-aventuranças, como é conhecido, retrata piamente estes conceitos que falamos acima. O Senhor Jesus começa o Sermão do Monte dizendo: 1) "Bem-aventurados" os pobres de espíritos porque é deles o Reino dos Céus. 2) "Bem-aventurados" os mansos porque possuirão a Terra. 3) "Bem-aventurados" os que choram porque serão consolados. 4) "Bem-aventurados" os que tem fome e sede porque serão fartos. 5) "Bem-aventurados" os misericordiosos porque alcançarão misericórdia. 6) "Bem-aventurados" os puros de coração porque verão a Deus. 7) "Bem-aventurados" os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus. 8) "Bem-aventurados" os que padecem perseguição por amor de justiça porque dele é o Reino dos Céus. 9) "Bem-aventurados" sois quando vos enjuriarem e perseguirem e disserem todo o mal contra vós mentindo a meu respeito. O Sermão da Montanha não termina aí, Ele ainda falou mais: "Vós sois o sal da Terra, a Luz do mundo"; "não vim destruir a Lei, mas sim dar cumprimento"; "antes de fazer tua oferta no altar, reconcilia-te com teu inimigo"; "não adulterarás"; "se teu olho for motivo de escândalo, arranca-o"; Falou sobre o casamento, divórcio, adultério; "Amai os vossos inimigos, fazei-lhes todo bem que puderes"; "sedes perfeito como é o Pai"; ensinou a oração do Pai Nosso; "Não ajuntei tesouros na Terra"; "não se pode servir a Deus e a Mamom"; "não julgueis para não serdes julgado"; vês o cisco no olho do teu irmão e não vês a trave no teu"; "entrai pela porta estreita, larga é a da perdição"; "guardai-vos dos falsos profetas"; "nem todos os que dizem Senhor! Senhor! entrarão no Reino dos Céus." Quando o Senhor Jesus acabou de proferir o Sermão da Montanha o povo estava extasiado e admirado porque Ele ensinava como quem tinha autoridade moral, e não como os escribas e fariseus, porque jamais ninguém falou como Ele. No início nós falamos que a forma de comunicação do Senhor Jesus expressava uma idéia, intenção e conteúdo. A idéia que Ele queria passar para o povo era de um Deus bom, inteligente e sábio, um Pai criador do universo e de todas as coisas. Reino dos Céus - Não um lugar circunscrito, reservado a profitentes de determinada religião ou credo, mas sim, a nossa consciência tranqüila, conquistada com o nosso esforço e renovação moral. A intenção era desmaterializar o homem, conscientizá-lo de que ele é um Espírito imortal e de que era com seu Espírito que ele teria mais que se preocupar, aprendendo a amar ao próximo como a si mesmo, indistintamente, humanizando-se. E o conteúdo - A conquista que todos nós podemos fazer lutando para vencer as nossas imperfeições. (t)

Perguntas/Respostas:

<||Moderador||> [1] <homeover> Cara irmã, a paz do doce amigo Jesus! As bem-aventuranças do Mestre Jesus, no sermão da montanha, poderiam ser consideradas o cerne da filosofia cristã?

<Lucia_Moreira> Sem dúvida alguma. O Sermão da Montanha é um verdadeiro código de moral, capaz de nos trazer a paz, a felicidade e a consciência tranqüila. Ainda muito difícil para nós, mas o importante é lutarmos para conseguirmos. (t)

<||Moderador||> [2] <alissa-na-palestra> Lúcia, quando Jesus usou o termo "adultério" a que Ele se referia exatamente?

<Lucia_Moreira> Na época do Senhor Jesus, a sociedade, ainda muito atrasada, tinha uma discriminação muito grande com a mulher. Adultério, para eles, significava a mulher que traísse o seu marido ou mesmo aquela que casasse depois de viúva. O Senhor Jesus modificou totalmente este conceito no famoso encontro dele com a mulher adúltera, conscientizando a todos que todas as vezes que cometemos qualquer infração com a Lei de Deus: mentira, inveja, vingança, ciúme, raiva, ódio, desonestidade, estamos cometendo o adultério, seja homem ou mulher. (t)

<||Moderador||> [3] <homeover> O Mahatma Gandhi disse, certa vez, que se todos os livros do mundo fossem destruídos e só restassem os escritos do Sermão da Montanha, a humanidade teria à sua disposição um conjunto de ensinamentos que a levaria à felicidade e libertação definitiva. Esse conjunto de sublimes ensinos seria a mais consoladora herança do meigo nazareno?

<Lucia_Moreira> Sem dúvida alguma, eu até ia fazer esta citação também. E veja bem, Mahatma Gandhi não era cristão. Quando ele tomou conhecimento do Evangelho do Senhor Jesus, não se extasiou com o Sermão. da Montanha, mas também com Cristo. Certa vez, chegou a dizer: "Tenho uma grande admiração pelo Cristo, mas receio 'os Cristãos' que matam e subjugam o meu povo. Estas palavras do Gandhi nos dão margem a uma enorme reflexão, você não acha? (t)

<||Moderador||> [4] <_Mara_na_palestra_> O que significa a expressão "verão a Deus" na Bem-Aventurança : "Bem-aventurados os pobres de espírito porque verão a Deus"?

<Lucia_Moreira> O Senhor Jesus veio trazer toda mensagem que aprendeu com o Pai. Certa vez, ele chegou a dizer: "Eu e o Pai somos um só". Outra ocasião também falou para os seus apóstolos: "Amigos, já vos ensinei tudo que aprendi com o Pai". "Verão a Deus" é uma expressão forte que o Senhor Jesus quis passar para nós, a fim de que cada vez mais procurássemos no quitarmos com a Lei, conquistando a pureza dos nossos corações para mais dele nos aproximarmos. Não é "ver com os olhos", mas com a nossa consciência tranqüila. (t)

<||Moderador||> [5] <homeover> O estudo e a perfeita compreensão das bem-aventuranças, à luz da doutrina espírita, não bastariam para nos libertar de todas as nossas mazelas e dúvidas existenciais? Seriam as mesmas as supremas consolações que Jesus nos deixou?

<Lucia_Moreira> É difícil você entender as bem-aventuranças na sua totalidade sem os seguintes conhecimentos: 1o. Deus, inteligência suprema do Universo e a causa primária de todas as coisas. 2o. Imortalidade dos Espíritos.
3o. Reencarnação; vidas sucessivas; possibilidade de reeducação. 4o. Leis de causa e efeito.
5o. Confiança e fé na vida futura,
6o. Certeza de que fomos criados para sermos felizes. Sem estes as Bem-aventuranças seriam um engodo, ficariam sem uma explicação lógica, você não acha? Os conceitos da Doutrina Espírita nos dão uma compreensão lúcida e lógica das Bem-aventuranças. (t)

<||Moderador||> [6] <_Mara_na_palestra_> Existe uma bem-aventurança mais importante, que se ressalte mais do que as outras?

<Lucia_Moreira> Mara, minha querida, as Bem-aventuranças são um tratado, é um Sermão, e o Sermão é um discurso religioso doutrinal ou moral. Pode ser também uma reprimenda moralizadora, como pode ser uma admoestação ou uma crítica. Por qualquer ângulo que você observe o Sermão da Montanha, você vai sentir o desejo grande do Senhor Jesus de nos alertar e fazer com que reflitamos como vai o nosso interior. (t)

<||Moderador||> [7] <homeover> A bem-aventurança talvez de mais difícil entendimento é a dos pobres de espírito. Segundo as elucidações contidas em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", ser pobre de espírito é se despojar de quaisquer sinais de orgulho e egoísmo (nossas duas chagas mais dolorosas). No sentido evangélico, devemos sempre buscar essa pobreza?

<Lucia_Moreira> A expressão "pobre de espírito", na época do Senhor Jesus, era usada para aqueles que não possuíam bens materiais, eram então, os simples, os humildes, porque eles julgavam os fariseus e os escribas de terem um Espírito muito adiantado. Hoje já é diferente. "Espírito" é utilizado, às vezes, com significado de inteligente. Haja visto, quando falamos, "Fulano é muito espirituoso!", "Presença de espírito.". São expressões que têm um significado diferente, por isso, as vezes não endentemos bem esta Bem-aventurança. (t)

<||Moderador||> [8] <_Alves_> Lúcia, o que acontece conosco, os cristãos, que não conseguimos atingir o significado fantástico do Sermão da Montanha, sendo que outras doutrinas, não cristãs, conseguem fazê-lo, como Gandhi que disse que se tudo o que existisse fosse destruído e só sobrasse o Sermão do Monte nada teria se perdido?

<Lucia_Moreira> As conquistas espirituais do Gandhi eram enormes. Reputo ele como um dos grandes Espíritos do século XX, e a moral do Cristo, ela é universalista, emanante e eterna. O Cristo não foi apenas um moralizador reencarnado, mas sim o "arquiteto", dirigente planificador e executor do Planeta Terra. A sua Moral é sentida, compreendida e entendida por todos os grandes Espíritos que reencarnaram com a missão de bem feitores da humanidade, como foi Gandhi. Deu para entender, Alves? (t)

<||Moderador||> [9] <jaja> Há quem diga que a prática dos ensinamentos de Jesus, principalmente os que se encontram no Sermão do Monte, é utópico. Afinal de contas, o Evangelho foi feito para os dias de hoje?

<Lucia_Moreira> O Evangelho, meu fofinho, foi dito pelo Senhor Jesus para todos os tempos, não tem nada de utópico. O dia que o homem aprender a respeitar o próximo, não haverá Kosovo, não haverão crimes, sequestros, Biafra, nem todas estas misérias que ainda são inerentes do Planeta Terra, por ser o Planeta Terra um planeta de provas e expiações. Então, é um dever de cada um de nós, principalmente espíritas, nos esforçarmos para vivenciarmos os conceitos das Bem-aventuranças. Difícil é, mas não é impossível, não. Perseveremos. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Lucia_Moreira> O Sermão da Montanha, meus queridos, é algo que nos sensibiliza imensamente, nos faz refletir, pensar, e repensar nos conceitos que o Senhor Jesus nos trouxe na sua misericórdia, na sua compreensão, na confiança que ele deposita em cada um de nós, é alguma coisa que devemos trazer permanentemente em nossos corações, como algo que estamos em busca e em conquista. Nos serve como um balizador das nossas emoções, dos nosso enganos, das nossas dificuldades, dos nossos erros, mas nos dá também uma grande esperança, uma grande alegria, uma grande coragem de que se o Senhor Jesus confiou em nós, não podemos faltar com o carinhos da Sua confiança. Lutemos, perseveremos sem medo, sem receios, poderíamos dizer, até vergonhas, na certeza de que o Senhor confia e espera por nós. Temos a eternidade ao nosso favor, mas não nos esqueçamos que estamos na Era da Velocidade. Não vamos com passo de tartaruga, não, tá? Gostei muito de participar e me perdoe se não satisfiz, como vocês merecem, as dúvidas. Aqueles que ainda não conhecem o CELD, gostaria de convidá-los a vir ouvir as palestras, não virtuais, mas "pessoais". Vocês aprenderão muito. Um Beijão! (t)

Oração Final:

<_Mara_na_palestra_> Jesus amigo, o nosso coração está repleto de gratidão porque, mais uma vez, quebrando a barreira da distância física, pudemos aqui estar, unidos em pensamento e em coração, refletindo sobre os teus ensinamentos tão sublimes. Obrigada Senhor, por ter, há quase dois mil anos, encarnado na Terra, enfrentando todas as dificuldades que advieram desse fato, para nos deixar esse roteiro de Luz que é o seu Evangelho. Que possamos nos unir ao pensamento e ao sentimento de nossa querida Lúcia, no sentido de que esses ensinamentos penetrem a nossa alma, como chama viva em nós, e que possam emanar essa Luz nos nossos atos, palavras, pensamentos e sentimentos. E que essa Luz, que se derrama sobre nós nesse momento, possa alcançar todos os corações necessitados, especialmente, Amigo, àqueles que se julgam sozinhos, por não te conhecerem, por não saberem que tu dissestes, e nenhuma de tuas palavras foi em vão, que tu estarias conosco até o fim com essa certeza em nossos corações. Possamos nós, por nossa vez, estarmos contigo sempre. Muito obrigada, Senhor. Graças a Deus. Que assim seja!

Sermão do Monte - Gregório

Sermão do Monte

Sérgio Biagi Gregório
1) O que se entende por sermão?

Jesus ensinava – oralmente – em aramaico, sua língua materna. Como nada escreveu, a sua palavra devia ressoar sobre os discípulos. Por isso, catequese – do grego katechéo, fazer ressoar. Ressonância significava a voz na presença dos discípulos. O discípulo que tivesse recebido o ensinamento era ressoado, ou seja, catequizado. Depois de catequizado, poderia catequizar outros. Pode-se dizer que Jesus proclamou, junto aos discípulos, o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. O sermão tinha um caráter universalista, uma espécie de "carta magna" para toda a humanidade. (Stella, 1978)

2) Qual o significado de monte ou montanha?

O monte é o lugar de destaque na vida religiosa dos povos. É o lugar da solidão, da oração e da revelação. Segundo uma constante tradição bíblica, é o lugar próprio para os encontros com Deus. Na Grécia, o monte Olímpico; na Índia, o monte Meru; na China, o monte Kuen-luen. Há, também, o monte Sinai, o monte das Oliveiras etc., cada qual com sua particularidade. (Stella, 1978)

3) Qual o significado do Sermão de Monte?

Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade.

O Sermão do Monte veio para reformar a humanidade na sua totalidade. Não é para uma religião, mas para toda a religião. Segundo alguns religiosos, o sermão do monte é o mais revolucionário dos discursos humanos, simplesmente porque é divino.

Quando acabou de proferir o sermão, os discípulos disseram: "Este ensina como quem tem autoridade".

4) Quais são as oito regras do sermão?

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.

4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.

7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.

8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)

5) O que se entende por bem-aventurança?

Termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição.

Segundo Wendisch, as bem-aventuranças são uma espécie de torah (lei). Nos paradoxos (ir contra a opinião comum), Jesus ensinou o avesso daquilo que os homens pensavam, fazendo-os refletir na felicidade, não como a posse de bens materiais, mas como estar na visão e posse de Deus.

6) Há diferença entre reino dos céus e reino de Deus?

A palavra "céus" foi usada por Mateus; os outros evangelistas usaram a palavra "Deus". Explicação: Mateus usou reino dos céus, porque Deus era um nome inefável que os judeus se abstinham de pronunciar com receio de dizerem em vão. Lucas, ao compor o seu Evangelho para os cristãos convertidos do paganismo, que por isso não tinham os mesmos escrúpulos, diz correntemente como Marcos: "o reino de Deus" ou então "reinado de Deus". (Chevrot, 1971)

7) A redação dos Evangelhos prendeu-se mais à letra ou ao sentido?

Os Apóstolos, ao registrarem por escrito, as palavras de Cristo, prenderam-se mais ao sentido do que à letra. Por exemplo, a inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz devia ser conforme a letra. Contudo, anotamos as seguintes divergências verbais: "Jesus o Nazareno, o rei dos judeus", João 19,19, "Este é Jesus, o rei dos Judeus", Mat. 27,37, "O rei dos Judeus, este", Luc. 23,38, "O rei dos Judeus", Marc. 15,26. (Stella, 1978)

8) Qual a importância de Jesus falar ao ar livre?

O mestre não quis pronunciar o seu discurso inaugural no interior de uma sinagoga ou nos pórticos do Templo. Para fazer ouvir uma mensagem destinada aos homens de todos os tempos, precisava de ar livre, de altitude, dos horizontes sem limite da natureza. Ele falava do impulso de progresso, da ressonância, do movimento. Dizia: as raposas têm as suas tocas, os pássaros os seus ninhos, mas Ele não terá um teto onde reclinar a cabeça. Caminhará sempre, sem parar.

9) Qual a função das Igrejas nos dias atuais?

A Igreja, de qualquer espécie que for, não pode permanecer somente como instituição. Deve ser um movimento, um processo de aperfeiçoamento das almas. A Igreja não é um estabelecimento, é um movimento, a sua função é "renovar a face da terra", quebrando preconceitos e denunciando os conformismos. Paulo foi muito feliz quando disse: "Embora se destrua em nós o homem exterior, o homem interior vai-se renovando de dia para dia".

Bibliografia Consultada

CHEVROT, Georges.  O Sermão da Montanha.  Tradução de Alípio Maia de Castro. São Paulo: Quadrante, 1971.

STELLA, J. B. O Sermão da Montanha: A Religião de Cristo. São Paulo: Metodista, 1978.

Out/2007

Estudos Espíritas do Evangelho – O Sermão da Montanha

Estudos Espíritas do Evangelho – O Sermão da Montanha

É o mais famoso dos sermões de Jesus. Assim denominado porque Jesus o proferiu nas encostas de um monte (Cornos de Hattin), perto de Tiberíades (margem oeste do lago de Genesaré).
Embora Jesus dirija a palavra aos seus discípulos, o sermão foi proferido para a enorme multidão que tinha vindo de Cafarnaum, de todas as partes da Judéia, e da costa do mar, e de Tiro e Sidon, procurando encontrá-lo.

A importância de seu conteúdo: muitos consideram este sermão de Jesus como a norma da vida cristã. Certamente, bastaria seguir-lhe as recomendações para se alcançar grande evolução espiritual.
Nele, Jesus expõe as bases de sua doutrina moral, abrangendo vários temas, de um modo popular, de fácil entendimento.
Constitui-se de:

Bem-aventuranças (5, 1/12): assim chamadas por causa da palavra inicial usada por Jesus em todas elas (são 7). Fazem a relação das qualidades, virtudes ou disposições necessárias para se entrar no reino dos céus. Quem as exercite sem dúvida será bem-aventurado (feliz) pelos resultados que alcançará. Esses bem-aventurados são:

1) Os pobres de espírito: os que se sabem carentes de maior espiritualidade e a desejam e pedem (alcançarão essa espiritualidade)

2) Os que choram: os que sofrem suportando resignadamente suas provas e expiações, sem fazer outros sofrerem (quitar-se-ão e evoluirão, vendo que valeu a pena tudo superar).

3) Os mansos: os que não agridem nem violentam e, assim, não provocam nem geram novos problemas (poderão reencarnar na Terra regenerada).

4) Os que têm fome e sede de justiça: os que querem a verdade e o bem (essa é a justiça divina e terão com fartura se houverem semeado).

5) Os limpos de coração: os que não têm malícia nem maldade e agem com toda pureza e sinceridade de propósitos e, assim, não pactuam com o mal (limpos na sensibilidade, percebem melhor o que é próprio da espiritualidade superior).

6) Os pacificadores: os que procuram conciliar tudo e todos, favorecendo a harmonia geral (gozarão da paz que viveram e instalaram).

7) Os que forem perseguidos e injuriados por seu anseio de justiça e em nome de Jesus (é sinal de evolução e merecimento espiritual).

Ao final das bem-aventuranças, Jesus exorta os discípulos a empregarem as qualidades que Deus lhes deu em benefício dos semelhantes, sem se deixarem corromper (“sal da Terra”) sem ocultarem seus valores espirituais (“luz do mundo”).

Não percam! “O Sermão da Montanha” continua nos próximos dias.

Sermão da Montanha - Rede amigo.

Sermão é, conforme os dicionários, discurso religioso, doutrinal ou moral; reprimenda com intenção de moralizar; admoestação e crítica. Em seu messianato, Jesus proferiu quatro sermões, públicos e privados, com destinação certa e procurando atingir seus objetivos. Os públicos eram feitos em lugares que marcaram a passagem do Mestre, que ensinava caminhando. Os privados, feitos em reuniões fechadas com seus discípulos.
O primeiro deles – e o mais importante – é o Sermão da Montanha, também chamado O Sermão das Bem-Aventuranças. (Mateus 5-7, Marcos 5 e Lucas 6)
O segundo é o Sermão Profético. (Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 17.20-37)
O terceiro é denominado Sermão do Cenáculo, (João 14 - 17)
e o último representa uma reprimenda e severa admoestação aos escribas e fariseus: é o Sermão dos Oito “Ais”. (Mateus 23)
O 1º Sermão de Jesus de Nazaré proferido no primeiro ano da sua pregação (c. 30 d.C.), tradicionalmente localizado num monte na costa Norte do Mar da Galileia, perto da cidade de Cafarnaum foi o Sermão da Montanha ou das Bem-aventuranças, é um longo discurso de Jesus que pode ser lido no Evangelho de São Mateus.- Este discurso pode ser considerado como um resumo dos ensinamentos de Jesus.
- Mahatma Gandhi disse: “ se toda a literatura espiritual da Humanidade desaparecesse, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.
- As Bem- aventuranças representam o mais violento contraste entre os padrões do homem material e o ideal do ser espiritual.
- Elas englobam uma série de situações, humanas, em que no momento nos  parecem que são prejuízo. Mas atado a esse prejuízo, à sempre uma situação bonita que é prometida.

AS Bem-aventuranças
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.
Pobres em espirito Jesus não entende os homens desprovidos de inteligência, mas os humildes: Ele disse que o reino dos céus é deles e não dos orgulhosos.
Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.
(Os que choram: os que sofrem suportando resignadamente suas provas e expiações, sem fazer outros sofrerem (quitar-se-ão e evoluirão, vendo que valeu a pena tudo superar)
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
 Os mansos: os que não agridem nem violentam e, assim, não provocam nem geram novos problemas (poderão reencarnar na Terra regenerada).
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
 Os que têm fome e sede de justiça: os que querem a verdade e o bem (essa é a justiça divina e terão com fartura se houverem semeado).
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
 O Evangelho nos ensina que a misericórdia é o complemento da mansuetude, pois os que não são mansos, também não são misericordiosos. Mas essa beatitude não deve ser apenas moral e filantrópica, nem se devem perdoar as ofensas humilhando o ofensor ou ostentando generosidade para ser admirado pelos homens.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
 Os limpos de coração: os que não têm malícia nem maldade e agem com toda pureza e sinceridade de propósitos e, assim, não pactuam com o mal (limpos na sensibilidade, percebem melhor o que é próprio da espiritualidade superior).
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
 Os pacificadores: os que procuram conciliar tudo e todos, favorecendo a harmonia geral (gozarão da paz que viveram e instalaram).
Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
 Os que forem perseguidos e injuriados por seu anseio de justiça e em nome de Jesus (é sinal de evolução e merecimento espiritual
- Bem-aventurado. Qual é a tradução disso? Bem-encaminhado, feliz.
-Imaginem chamar felizes os pobres em espirito, felizes os que choram, felizes os injustiçados, felizes os que sofrem perseguição,…
-Existe uma aparente contradição…mas Jesus proclama felizes, precisamente, aqueles que o mundo considera infelizes.
- Jesus ensinou o avesso daquilo que os homens pensavam.
 - A proposta de Jesus para a nossa vida passa o tempo todo, não pela solução mágica das situações, mas pela proposta de um processo, parte por parte.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa nos Céus; porque também assim perseguiram os profetas que vos precederam.
Vós sois o sal da terra! Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.
-Jesus alerta-nos nesta passagem que  o sal é necessário para o equilíbrio devemos nós também ser esse mesmo equilíbrio nem salgado nem insosso. Devemos ter moderação em nossos atos e nossa conduta.
Vós sois a luz do mundo: Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do velador, e assim alumia a todos os que estão em casa. Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus
-Em A Gênese aprendemos que inicialmente Deus criou a luz, não do sol ou das estrelas, mas a luz cósmica. E Jesus diz "Eu sou a luz do mundo", mas completa: "vós também sois a luz do mundo". E luz é vida, beleza, alegria. A luz da essência humana veio da luz da Essência Divina. O próprio Cristo afirma que também Ele veio da luz Infinita que ele chama o Pai. E diz categórico: "Ninguém vai ao Pai a não ser por mim; eu sou o caminho, a verdade e a vida; quem me segue não anda em trevas, mas tem a luz da vida".
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas: Não vim revogá-la, mas completá-la. Porque, em verdade, vos digo: Até que passem o Céu e a Terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra.
-Jesus não veio destruir a lei, quer dizer, a lei de Deus, ele veio cumpri-la, por outras palavras desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido, e apropria-la ao grau de adiantamento dos homens.” Não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra.” Jesus quis dizer que era necessário que a lei de Deus fosse cumprida, ou seja, que fosse praticada sobre toda a terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências. Pois de que serviria estabelecer essa lei, se ela tivesse de ficar como privilégio de alguns homens ou mesmo de um só povo? Todos os homens, sendo filhos de Deus, são, sem distinções, objetos da mesma solicitude. Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua autoridade decorria da natureza excecional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Ele veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino dos Céus, ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os meios de se reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas ideias não podiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano. A ciência devia contribuir poderosamente para o aparecimento e o desenvolvimento dessas ideias. Era preciso, pois, dar tempo à ciência para progredir.
Portanto, se alguém violar um destes mais pequenos preceitos, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar, será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa virtude não superara dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus.
Ouvistes que foi dito aos antigos: "Não matarás; aquele que matar está sujeito a ser condenado". Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe disser «raca» será réu diante do Sinédrio. E quem lhe chamar «louco» será réu da Geena do fogo.
Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois; volta para apresentar a tua oferta. Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.
-  Há na prática do perdão, e na prática do bem, em geral, além de um efeito moral, um efeito também material. A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os Espíritos vingativos perseguem sempre com o seu ódio, além da sepultura, aqueles que ainda são objeto do seu rancor. Daí ser falso, quando aplicado ao homem, o provérbio: “Morto o cão, acaba a raiva”. O Espírito mau espera que aquele a quem queira mal esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar, atingindo-o nos seus interesses ou nas suas mais caras afeições.
Ouvistes que foi dito: "Não cometerás adultério". Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. Portanto, se o teu olho for para ti origem de pecado, arranca-o e lança-o fora, pois é melhor perder-se um dos teus membros do que todo o corpo ser atirado à Geena. E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e deita-a fora, porque é melhor perder-se um só dos membros do que todo o teu corpo ser lançado à Geena.
Também foi dito: "Aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de repúdio". Eu, porém, digo-vos: Aquele que repudiar sua mulher exceto em caso de adultério expõem-na a adultério, e quem casar com a repudiada comete adultério.
-   Mas nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: “Moisés, pela dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar as vossas mulheres”? Isto significa que, desde os tempos de Moisés, não sendo a mútua afeição o motivo único do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Mas acrescenta: “ no princípio não foi assim”, ou seja, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e orgulho, e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, fundadas na simpatia recíproca e não sobre a vaidade ou a ambição, não davam motivo ao repúdio.
            E vai ainda mais longe, pois especifica o caso em que o repúdio pode verificar-se: o de adultério. Ora, o adultério não existe onde reina uma afeição recíproca sincera. É verdade que proíbe ao homem desposar a mulher repudiada, mas é necessário considerar os costumes e o caráter dos homens do seu tempo. A lei mosaica prescrevia a lapidação para esses casos. Querendo abolir um costume bárbaro, precisava, naturalmente, de estabelecer uma penalidade, que encontrou na ignomínia decorrente da proibição de novo casamento. Era de qualquer maneira, uma lei civil substituída por outra lei civil, que, por sua vez, como todas as leis dessa natureza, devia sofrer a prova do tempo.
Do mesmo modo, ouvistes que foi dito aos antigos: "Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor". Eu, no entanto, digo-vos: Não jureis de maneira nenhuma: Nem pelo Céu, que é o trono de Deus, nem pela Terra, que é o escabelo dos Seus pés, nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei.
Não jures pela tua cabeça, porque não te é dado transformar um só dos teus cabelos em branco ou preto. Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não; tudo o que for além disto procede do espírito do mal.
Ouviste que foi dito: "Olho por olho, e dente por dente". Eu digo-vos: Não oponhais resistência ao mau; se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica dá-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas a quem te pedir emprestado».
-Para o orgulhoso, esta máxima parece uma covardia, porque ele não compreende que há mais coragem em suportar um insulto, que em se vingar. E isto, sempre, por aquele motivo que não lhe permite enxergar além do presente. Por essas palavras, Jesus não proibiu a defesa, mas condenou a vingança. Dizendo-nos, para oferecer uma face quando formos batidos na outra, disse, por outras palavras, que não devemos retribuir o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-lhe o orgulho; que é mais glorioso para ele ser ferido que ferir; suportar pacientemente uma injustiça que cometê-la; que mais vale ser enganado que enganar, ser arruinado que arruinar os outros. Isto, ao mesmo tempo, é a condenação do duelo, que nada mais é que uma manifestação do orgulho.
Ouvistes que foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo". Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não o fazem já os publicanos? E, se saudais somente os vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Sede, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste.
- Se o amor do próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho.
            Não obstante, geralmente nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a esta circunstância. Jesus não pretendia, ao dizer essas palavras, que se deve ter pelo inimigo a mesma ternura que se tem por um irmão ou por um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora, não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele as efusões da amizade, desde que se sabe que é capaz de abusar delas. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver os impulsos de simpatia existentes entre aquelas que comungam nos mesmos pensamentos. Não se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com um amigo.
            Esse sentimento, por outro lado, resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar aos inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos.  Amar aos inimigos, não é, pois, ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Mas é não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o bem que os atinge. É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-nos, por atos e palavras, de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento: Amai aos vossos inimigos.
Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles. De contrário, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, premiar-te-á. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar, de pé, nas sinagogas, e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, quando orares, entre no teu quarto, e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho pedirdes.
- Fazer o bem sem ostentação tem grande mérito. Esconder a mão que dá é ainda mais meritório, é o sinal incontestável de uma grande superioridade moral. Porque, para ver as coisas de mais alto que o vulgo, é necessário fazer abstração da vida presente e identificar-se com a vida futura. É necessário, numa palavra, colocar-se acima da humanidade, para renunciar à satisfação do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Aquele que preza mais a aprovação dos homens que a de Deus, prova que tem mais fé nos homens que em Deus, e que a vida presente é para ele mais do que a vida futura, ou até mesmo que não crê na vida futura. Se ele diz o contrário, age, entretanto, como se não acreditasse no que diz.
-Rezai, pois, assim: "Pai-nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino; faça-se a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dê hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal".
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas. E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas que desfiguram o rosto para que os outros vejam que jejuam. Em verdade vos digo que esses já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas de teu Pai que está presente no oculto; e teu Pai, que vê no oculto, recompensar-te-á.
Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os corroem nem os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também, o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho; se o teu olho estiver são, todo o teu corpo andará iluminado, Se, porém, o teu olho for mau, todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas quão grandes serão essas trevas!
-    Se a riqueza é a fonte de muitos males, se excita tantas más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos ater-nos, mas o homem que dela abusa, como abusa de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que poderia ser-lhe mais útil, o que é uma consequência do estado de inferioridade do mundo terreno. Se a riqueza só tivesse de produzir o mal, Deus não a teria posto na Terra. Cabe ao homem transformá-la em fonte do bem. Se ela não é uma causa imediata do progresso moral, é, sem contestação, um poderoso elemento do progresso intelectual.
Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou há-de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto á vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem quanto ao, vosso corpo com o que haveis de vestir. Porventura não é o corpo mais do que o vestido e a vida mais do que o alimento? Olhai para as aves do céu: Não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?
Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo! Não trabalham nem fiam. Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos preocupeis, dizendo:
"Que comeremos nós, que beberemos, ou que vestiremos?". Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai Celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Seu reino e a Sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos inquieteis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Bem basta a cada dia o seu trabalho.
Não julgueis para não serdes julgados, pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. Porque reparas no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Como ousas dizer ao teu irmão: "Deixa-me tirar o argueiro do teu olho", tendo tu uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás para tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés, e, acometendo-vos, vos despedacem.
-   Jesus não podia proibir de se reprovar o mal, pois ele mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos enérgicos. Mas quis dizer que autoridade da censura está na razão da autoridade moral daquele que a pronuncia. Tornar-se culpável daquilo que se condena nos outros é abdicar dessa autoridade, e mais ainda, arrogar-se arbitrariamente o direito de repressão. A consciência íntima, de resto, recusa qualquer respeito e toda submissão voluntária àquele que, investido de algum poder, viola as leis e os princípios que está encarregado de aplicar. A única autoridade legítima, aos olhos de Deus, é a que se apoia no bom exemplo. É o que resulta evidentemente das palavras de Jesus.
Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois, quem pede recebe; e quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á. Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Ora bem: Se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos Céus dará coisas boas àqueles que Lhas pedirem.
- Mas o progresso que cada homem realiza individualmente, durante a vida terrena, é coisa insignificante, e num grande número deles, até mesmo imperceptível. Como, então, a Humanidade poderia progredir, sem a preexistência e a rê existência da alma? Se as almas deixassem a Terra todos os dias, para não mais voltar, a Humanidade se renovaria sem cessar com as entidades primitivas, que teriam tudo a fazer e tudo a aprender. Não haveria razão, portanto, para que o homem de hoje fosse mais adiantado que o dos primeiros tempos do mundo, pois que, para cada nascimento, o trabalho intelectual teria de recomeçar. A alma voltando, ao contrário, com o seu progresso já realizado, e adquirindo de cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral. A essa autoridade, de natureza religiosa, virá juntar-se no plano filosófico, a das provas que resultam da observação dos fatos. Quando dos efeitos se quer remontar às causas, a reencarnação aparece como uma necessidade absoluta, uma condição inerente à humanidade, em uma palavra, como uma lei da natureza. Ela se revela, pelos seus resultados, de maneira por assim dizer material, como o motor oculto se revela pelo movimento que produz. Somente ela pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde vai, por que se encontra na Terra, e justificar todas as anomalias e todas as injustiças aparentes da vida.
Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências, a maior parte das máximas do Evangelho são ininteligíveis, e por isso tem dado motivo a interpretações tão contraditórias. Esse princípio é a chave que deve restituir-lhes o verdadeiro sentido.
Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque esta é a Lei e os Profetas.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!
Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Porventura podem-se colher uvas dos espinhos ou figos dos abrolhos? Toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a árvore má dá maus frutos. A árvore boa não pode dar maus frutos, nem árvore má dar bons frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis.
-  Desde todos os tempos, certos homens exploram, em proveito de sua ambição, de seus interesses e de seu desejo de dominação, certos conhecimentos que possuíam, para conseguirem o prestígio de um poder supostamente sobre humano ou de uma pretensa missão divina.
            São esses os falsos cristos e os falsos profetas. A difusão dos conhecimentos vem desacreditá-los, de maneira que o seu número diminui, à medida que os homens se esclarecem. O fato de operarem aquilo que, aos olhos de algumas pessoas, parece prodígio não é, portanto, nenhum sinal de missão divina. Esses prodígios podem resultar de conhecimentos que qualquer um pode adquirir, ou de faculdades orgânicas especiais, que tanto o mais indigno como o mais digno podem possuir. O verdadeiro profeta se reconhece por características mais sérias, exclusivamente de ordem moral.
Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele dia: "Senhor, Senhor, não foi em Teu nome que profetizámos, em Teu nome que expulsámos os demónios e em Teu nome que fizemos muitos milagres. E, então, dir-lhes-ei: Nunca vos conheci; afastai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade".
Quem escuta as Minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Aquele, porém, que ouve as Minhas palavras e não as põe em prática, é semelhante ao néscio que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa, e ela desmoronou-se; e grande foi a sua ruína.»


- As palavras de Jesus são eternas, porque são as verdades. Não são somente as salvaguardas da vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranquilidade e da estabilidade do homem entre as coisas da vida terrena. Eis porque todas as instruções humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nas suas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a pedra. Os homens as conservarão, porque nelas encontrarão a sua felicidade. Mas aquelas que se apoiarem na sua violação, serão como a casa construída sobre a areia: o vento das revoluções e o rio do progresso as levarão de roldão.
Trabalho elaborado por Rosa Mina
Em 31-03-2013
Baseado no Evangelho segundo o Espiritismo