domingo, 10 de julho de 2016

Virtudes e Defeitos , É permitido Repreender os Outros?


Josimar Fracassi

Queridos e amados irmãos, vamos por meio desse conversar sobre defeitos e virtudes, porque muitas vezes só vemos os defeitos dos nossos irmãos e não vemos suas virtudes, porque só damos valor aos defeitos?? Será que não temos defeitos, só os outros tem??

“Autoconhecendo-se, é mais fácil a alguém conhecer, com mais precisão, aqueles que se encontram à sua volta. Descobrindo as próprias deficiências, nasce-lhe tolerância para com os limites que encarceram outras pessoas na ignorância e na maneira rude de se apresentarem. Trabalhando o granito dos defeitos, tornasse-lhe fácil auxiliar a lapidação de arestas outras, que se encontram fora, em diferentes pessoas.” Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis


É notável como conseguimos ver, todos os dias, a todos os instantes, os defeitos alheios.

Dificilmente encontraremos alguém que não se mostre propenso a apontar erros e absurdos dos outros.

Muitos casamentos acabam porque marido e mulher passam a ver tanto os defeitos um do outro, que se esquecem que se uniram porque acreditavam se amar.

Amigos de infância, certo dia, se surpreendem a descobrir falhas de caráter um no outro. Desencantados se afastam, perdendo o tesouro precioso da amizade.

Colegas de trabalho culpam o outro por falhas que, em verdade, em muitos casos, é da equipe como um todo.

Foi observando esse quadro que alguém escreveu que os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás.

Na sacola da frente, estão colocadas as qualidades positivas, as virtudes de cada um. Na sacola de trás são guardados todos os defeitos, as paixões, as más qualidades do Espírito.

Por isso, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos presas em nosso peito.

Ao mesmo tempo, reparamos de forma impiedosa, nas costas do companheiro que está à frente, todos os defeitos que ele possui.

Assim nos julgamos melhores que ele, sem perceber que a pessoa andando atrás de nós, está pensando a mesma coisa a nosso respeito.

A imagem é significativa e nos remete à reflexão. Talvez seja muito importante que saiamos da fila indiana e passemos a andar ao lado do outro.

E, no relacionamento familiar, profissional, social em geral, que nos coloquemos de frente um para o outro. Aí veremos as virtudes nossas, que devem ser trabalhadas, para crescerem mais e também as virtudes do outro.

Com certeza nos surpreenderemos com as descobertas que faremos.

Haveremos de encontrar colegas de trabalho que supúnhamos orgulhosos, como profissionais conscientes, dispostos a estender as mãos e laborar em equipe.

Irmãos que acreditávamos extremamente egoístas, com capacidade de ceder o que possuam, a bem dos demais membros da família.

Pais e mães que eram tidos como distantes, em verdade estarem ávidos por um diálogo aberto e amigo.

Esposos e esposas que cultivavam amarguras, encontrarem um novo motivo para estarem juntos, redescobrindo os encantos dos dias primeiros do namoro.

*   *   *

A crítica só é válida quando serve para demonstrar erros graves que possam causar prejuízo para os outros ou quando sirva para auxiliar aquele a quem criticamos.

Portanto, resistir ao impulso de ressaltar as falhas dos outros, exercitando-nos em perceber o que eles tenham de positivo, é a meta que devemos alcançar.

Não esqueçamos de que se desejamos que o bem cresça e apareça, devemos divulgá-lo sempre.

Falar bem é fazer o bem. Apontar o belo é auxiliar outros a verem a beleza.

Na primeira delas é que vamos nos deter por agora, quando Kardec pergunta: - "Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?" Resposta - "Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido."
É bom lembrar que Jesus, tipo mais perfeito para servir de guia e modelo à Humanidade, enviado por Deus, como na primeira parte da resposta acima, jamais deixou de mostrar o erro nos quais os curados por Ele estavam inseridos, quando dizia: - "(...) de futuro não tornes a pecar". Mas, também, nunca repreendeu alguém com o intuito de desacreditá-lo junto à sociedade; ao contrário, como no caso da mulher surpreendida em adultério, disse: -"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." Fez, como está no final da resposta de S. Luís, que antes de julgarmos os outros, devemos verificar se esse julgamento não nos cabe também.
Sem dúvida alguma, a crítica irresponsável, o notar as imperfeições alheias, a maledicência fazem parte do cotidiano da grande massa da população terrena, fruto, ainda, das nossas imperfeições que nos acompanham há milênios. É uma anormalidade que com frequência praticamos como se fosse normal, já que automatizamos tais pensamentos, palavras e ações infelizes sem nos conscientizarmos do mal que proporcionamos aos nossos semelhantes. Vemos, com muita tristeza, como os meios de comunicação, nas suas mais variadas formas, se utilizam dessas prerrogativas infelizes, sabedoras de que coisas dessa natureza é que vendem e dão altos índices de audiência. O que mostra como ainda estamos atrasados moralmente.
Lemos outro dia, numa coluna de jornal, pequeno artigo que contava uma história mais ou menos assim: "Cada pessoa caminha na vida carregando duas sacolas, uma no peito e outra nas costas. Na do peito estão contidas as virtudes, e na das costas, os vícios. Cada um de nós só vê as costas dos que vão à frente, portanto, só os defeitos dos outros, esquecendo-nos de que os que vêm atrás de nós vêem os nossos defeitos também."
Atitudes dignas para com os semelhantes deveriam ser rotineiras e não fatos isolados que chegam a ser destacados como coisas extraordinárias.
Costumamos dizer em nossas palestras que cada pessoa deveria ter um disjuntor moral na língua, que desarmasse automaticamente, quando fôssemos falar mal de alguém e, assim, ficaríamos mudos, só retornando a voz quando fôssemos falar coisas boas daquela pessoa. Mas o disjuntor deveria ficar mesmo era no cérebro, para que toda vez que um pensamento infeliz com relação a uma pessoa surgisse, ele se desligasse e nós não indignificaríamos a ninguém. Esse disjuntor chama-se autocontrole sobre o que pensamos, para que não falemos ou ajamos em desfavor dos nossos semelhantes.
O Espiritismo nos mostra a necessidade da renovação pessoal na busca do ser integral, principalmente agora, nesta era da Humanidade, norteada pelo amor que deve unir a todas as criaturas.
Lutemos por corrigir os nossos defeitos e, como diz a parábola do Argueiro e da Trave no olho, retiremos primeiro as nossas imperfeições, para só depois vermos como poderemos "auxiliar" os outros a removerem as suas.

É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem? - ESE, links e slides

https://evangelhoespirita.wordpress.com/capitulos-1-a-27/cap-10-bem-aventurados-os-misericordiosos/instrucoes-dos-espiritos/iii-e-permitido-repreender-os-outros/






É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

"O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo X, itens 19 a 21"

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositor: Carlos Roberto
Rio de Janeiro
24/07/2002

Dirigente do Estudo:

Marcio Alves

Mensagem Introdutória:

ANTE O PRÓXIMO

Quando as circunstâncias nos ofereçam incompreensões ou acusações, em torno do próximo, busquemos examinar acontecimentos e pessoas com os olhos do Cristo. Imaginemo-nos de posse do senso divino, sem perder a noção de nossa reconhecida pequenez e a incomensurável grandeza daquele a quem nomeamos por nosso Mestre e Senhor.

Como teria visto Jesus a estreita espiritualidade do seu tempo, senão por gleba inculta que lhe cabia arrotear e semear? Como teria apreciado as críticas que lhe acompanharam a obra a não ser por tumulto necessário de opiniões, a fim de que a verdade prevalecesse?

Fossem quais fossem as crises, jamais perdia o mais alto padrão de serenidade, aproveitando o tempo para construir e situando no futuro a concretização dos seus luminosos objetivos.

Muitos viam em Zaqueu o avarento incorrigível; ele, no entanto, nele identificou o homem rico de nobre coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e beneficência. Em Bartimeu, a multidão enxergava o infortúnio de um cego; ele anotou os obstáculos de um doente, suscetível de ser curado para glorificar a bondade de Deus. Em Maria de Magdala, cuja personalidade apresentava a mulher obsidiada por sete espíritos infelizes, reconheceu a criatura decidida a renovar-se e que lhe seria, mais tarde, a mensageira da própria ressurreição.

Em Pedro, que o povo definia por discípulo frágil, a ponto de negá-lo três vezes, descobriu o amigo sincero que, convenientemente amadurecido na fé, lhe presidiria o apostolado em formação.

Múltiplos os óbices que se agigantam no caminho da fé, mas não permitas que eles te venham conduzir ao desânimo ou à negação.

Procura enumerá-los por fora, com as pupilas de Jesus, e encontrarás sublime compreensão a balsamizar-te por dentro. Feito isso, registraremos dificuldades e aflições, desgostos e contratempos, não ao modo de barreiras intransponíveis na senda de elevação espiritual e sim reconhecê-los-emos por necessidades justas e inevitáveis do campo de serviço em que fomos chamados a produzir, no bem da humanidade e de nós mesmos, aí trabalhando e abençoando como Jesus abençoou e trabalhou.

Emmanuel

Do Livro: Caridade

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: IDE

Oração Inicial:

<Moderador_> Senhor Jesus! Mais uma vez aqui nos encontramos para o estudo do Teu Evangelho de paz e de amor. Pedimos desde já que possamos estar amparados pelos benfeitores espirituais responsáveis por este trabalho e que os mesmos possam amparar e inspirar o nosso querido Carlos Roberto, que nos trará a sua palavra alegre e construtiva. Sendo assim, Mestre, que possa ser em Teu nome, mas acima de tudo em nome de Deus, que de nossa parte, possamos iniciar os estudos da noite de hoje!

Que assim seja!

Exposição:

<carlos_roberto> Queridos amigos, encarnados e desencarnados! É com muita satisfação que estamos aqui para trocarmos idéias a respeito de um tema tão profundo. Pedimos ao Meigo Nazareno que nos inspire de modo que o assunto possa ser bem aproveitado.

Encontramos como título geral da lição compreendida pelos itens 19 a 21 do capítulo X do Evangelho Segundo o Espiritismo, o seguinte : “É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?”

Estas perguntas nos dão o que pensar. Ora, temos ouvido falar que não devemos prestar atenção no argueiro que está na vista do outro, pois temos uma trave no nosso e não costumamos atentar para ela. Também temos sido aconselhados a não julgar para não sermos julgados.

Se mal compreendidas estas lições, teremos a idéia de que temos que ter uma visão do mundo onde não podemos reparar a presença do mal. Ora, a Doutrina Espírita prima, entre outras coisas, pelo bom senso. Não é solicitado aos espíritas

a atitudes de avestruzes, caras enfiadas no chão, como se possível fora ignorar a realidade do que nos envolve.

Não. Ao espírita é solicitado o cumprimento do seu papel normal como ser humano. Ele deve viver a realidade do mundo em que está, apenas aprendendo a ter a ótica do mais alto, a ótica de quem vislumbra que a vida não é só a vida material.

É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

Repreender o semelhante pode ser um mal ou um bem. Deixar de repreender também. Temos que levar em conta as circunstâncias que envolvem o fato repreensível, e principalmente o modo como se pretende fazer a reprimenda, com que intenção vai se externá-la.

Consideremos alguém que esteja tentando acertar num determinado setor do trabalho, no cumprimento de determinada tarefa. Se esta pessoa erra uma segunda ou terceira vez consecutiva, a nossa reprimenda pode ter o cunho de desestimula-la.

A substituição de qualquer forma de censura por um incentivo para o prosseguimento das tentativas almejando o sucesso, pode significar muito para aquela pessoa. Mas, considerando que a pessoa mereça a reprimenda, deve-se agir assim ou não?

O Novo Testamento nos recomenda que chamemos a pessoa em particular, e com ela nos entendamos longe dos olhos e ouvidos alheios. Se precisamos repreender, que o façamos, sob pena de, na omissão, não proporcionarmos o ensino que faria diferença na vida do outro.

Me recordo de uma história contada por um copeiro. Ele disse que a culpa dele ser copeiro era dos seus pais. Em seguida deixou bem claro, que ele não via nada demais em ser copeiro, apenas relacionava que estava naquela situação por causa dos pais e explicou.

A cada escola que era expulso, os pais se preocupavam em matriculá-lo em uma nova. Quando disse que não mais iria estudar, eles nada fizeram para impedir. E arrematou: se os meus pais tivessem me dado boas surras, hoje eu poderia estar numa situação bem melhor do que a que estou vivendo.

Se detemos o conhecimento e não dividimos, estamos nos omitindo. É importante que a nossa repreensão, tenha o cunho da educação, que ela vise a melhora do outro, e não o exponha aos olhos alheios, a menos que a sua atitude esteja representando um perigo para o meio social onde vive, ou seja, que derivada da atitude dele, muitas pessoas poderiam ser prejudicadas.

Educar com carinho mesclado com a energia necessária, é equilibradamente, auxiliar os outros a se equilibrarem por sua vez.

E quanto a notar as imperfeições de outrem? Aí está um ponto de reflexão muito precioso: "queimar etapas".

Quanto mais o espírito evolui, mais depressa se faz a evolução. É natural que seja assim. Na medida em que cresce a compreensão da vida, percebe-se que não se precisa passar por todas as experiências para apreender as lições daí decorrentes. Valoriza-se o se observar os caminhos que outros percorreram, para deles retirar o melhor proveito que a observação permitir.

Assim, vemos hoje em dia, pessoas que se interessam em iniciar um projeto comercial ou social, voluntário, gratuito, buscarem conhecer primeiro as vivências que outros já experimentaram, de forma a: - Não percorrerem as mesmas dificuldades que a experiência mostra que não redundarão em nada positivo ; - Executar os passos que levarão a obtenção do sucesso no que se deseja mais rapidamente.

Da mesma forma, podemos, em observando tudo e todos a nossa volta, nos furtarmos a muitas dores.

Cito o caso de uma amiga, que se via as voltas com um filho fascinado pelas facilidades materiais que o mundo das drogas oferecia aos envolvidos. Carrões, mulheres, festas, povoavam sua cabecinha , impedindo a compreensão dos conceitos ajuizados por parte dele, apesar de todos os esforços de sua dedicada mãe.

Ela, num crescendo de preocupação, decide, num dia bem cedo, sem avisá-lo previamente de sua intenção, levá-lo para passear.

Ele se deixou levar.

Ela foi para o presídio da Frei Caneca. Ele viu ao vivo e a cores, a realidade dos que estavam presos pelo envolvimento com o que o estava fascinando. Ele não mais se deixou perder-se em sonhos em torno do assunto.

O que ela fez? Queimou etapas.

Notar as imperfeições de outrem é fundamental, se o nosso objetivo é a nossa melhora.

Notar as imperfeições dos outros, visando falar com eles a respeito com carinho e respeito, sem transformar isto num processo obssessivo do tipo "Joãozinho que queria consertar o mundo", pode ser muito benéfico para quem recebe a orientação.

E a respeito de divulgar o mal cometido por outros?

Precisamos ter o bom senso para saber discernir, o mal que só prejudica o próprio autor, do mal que prejudica um grupo. É nosso dever proteger a coletividade.

Se temos notícia, conhecimento de que alguém vai colocar uma bomba num local público, é nosso dever, tornar o fato conhecido o suficiente para que possa ser evitada uma tragédia.

Como vemos, temos que ter cuidado com nossas palavras, porque elas podem rebaixar ou fortalecer.

Uma senhora - nos conta Hilário Silva ou Humberto de Campos, através do Chico Xavier -, estava muito preocupada com a língua da filha, sempre ferina. Apesar de todas as orientações da mãe, a filha não modificava seu jeito de se expressar, sempre encontrando meios e ocasiões para criticar e condenar.

Um dia, a mãe saiu cedo de casa com a filha pela mão, e a levou diante de um prédio em construção. A filha sem perceber o que a mãe intentava, olhava tudo curiosa.

Sua mãe, perguntou, atenta a reação da filha diante da pergunta:

"O que você vê minha filha?"

E a menina começou a descrever o grande movimento em favor do trabalho. Aqui uns assentavam tijolos. Outros viravam massa, outros mais carregavam carrinhos de massa, lá eram suspensos baldes, faziam-se medidas, enfim, uma grande atividade era desenvolvida.

A mãe, tomou a filha pelas mãos e a levou para um bairro distante, onde estava previsto um acontecimento que caía bem para os propósitos de ensino que ela tinha relativo à filha.A menina se viu frente a um prédio em processo de demolição.

Novamente a mãe perguntou o que a filha via.

E ela descreveu que um homem movimentava uma máquina, derrubando o prédio.

A mãe, então, alinhavou tudo o que havia acontecido até aquele momento. "Observe minha filha que, para construir, são necessárias muitas pessoas, muito trabalho, mas, para destruir, basta uma única.

Assim é com relação a forma que usamos nossas palavras. A boca constrói ou destrói, dependendo da direção que dermos aos nossos raciocínios, aos nossos sentimentos."

Aprendamos a bem direcionar os tesouros do nosso entendimento, de modo a caminharmos com mais segurança e rapidez na direção de uma vivência espiritual melhor.

Usemos de nossa inteligência para ampararmos o semelhante em sua caminhada, e ele nos agradecerá.

Oração Final:

<carlos_roberto> Querido Mestre Jesus, Te agradecemos pela oportunidade de conhecermos seu maravilhoso exemplo de trabalho no bem. Nos sentimos felizes por Você ter inspirado a tantos a seguir-Te o caminho, semeando o bem para a humanidade. Obrigado pela Doutrina Espírita, que está aí a nos mostrar que o que nos aguarda é a evolução, caminho para a perfeição. Nos sentimos gratos, por tantas oportunidades de consolar quem sofre, de esclarecer que ignora, de iluminar os caminhos de quem não sabe direito em que direção vai. Dentro deste espírito de gratidão, agradecendo sempre, Te pedimos permissão para encerrar o nosso trabalho desta noite.

Que Assim Seja!

Falar ou não falar

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)


Falar ou não falar


Eis uma questão muito delicada. Como agir diante de circunstâncias, fatos, posturas que denotem conduta inadequada? Quando devemos e como fazermos para chamar a atenção de alguém por comportamentos que comprometem a segurança e paz de outras criaturas, por exemplo? Ou de alguém que se rebela diante dos critérios de funcionamento de uma reunião ou instituição?

Há que se considerar que cada caso é um caso por si só. Há agravantes, atenuantes, características próprias e peculiaridades a cada situação que nunca permitem estabelecer-se uma receita pronta que resolva todas as ocorrências. Por isso recorramos à Doutrina Espírita.

O capítulo X de O Evangelho segundo o Espiritismo traz importante contribuição ao estudo do tema. Kardec o intitulou Bem-Aventurados Aqueles que são Misericordiosos, inserindo instruções dos Espíritos  sobre o perdão, a indulgência, reconciliação com os adversários e suas próprias análises, inclusive também sobre o ensino de Jesus do Não Julgueis.

Para análise e reflexão geral, porém, transcrevemos abaixo as instruções do Espírito São Luiz pertinentes à delicada questão e constantes do final do referido capítulo (os grifos são nossos):

“(...) É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?

19. Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e, não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido. — S. Luís. (Paris, 1860.)

20. Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando daí nenhum proveito possa resultar para eles, uma vez que não sejam divulgadas? Tudo depende da intenção. Decerto, a ninguém é defeso ver o mal, quando ele existe. Fora mesmo inconveniente ver em toda a parte só o bem. Semelhante ilusão prejudicaria o progresso. O erro está no fazer-se que a observação redunde em detrimento do próximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião geral. Igualmente repreensível seria fazê-lo alguém apenas para dar expansão a um sentimento de malevolência e à satisfação de apanhar os outros em falta. Dá-se inteiramente o contrário quando, estendendo sobre o mal um véu, para que o público não o veja, aquele que note os defeitos do próximo o faça em seu proveito pessoal, isto é, para se exercitar em evitar o que reprova nos outros. Essa observação, em suma, não é proveitosa ao moralista? Como pintaria ele os defeitos humanos, se não estudasse os modelos? — S. Luís. (Paris, 1860.)

21. Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem? É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. — São Luís. (Paris, 1860.).”

Eis o grande desafio: perceber realmente essa observação final da instrução superior. Daí a própria instrução acima transcrita destacar: É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida.  A caridade bem compreendida engloba, conforme a entendia Jesus o perdão das ofensas, a benevolência para com todos e a indulgência para com as faltas alheias, conforme ensino da questão 886 de O Livro dos Espíritos, onde Kardec acrescenta como comentário pessoal: “(...) amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance e que gostaríamos nos fosse feito a nós mesmos. (...)”.

Por outro lado, o tema também é abordado na questão 903 de O Livro dos Espíritos:

“903. Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios? Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele. Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não vos possam aplicar estas palavras de Jesus: Vê o argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio”.

Portanto, haverá casos e casos, mas sempre a caridade deverá pautar nossas ações, ainda que para advertir, afastar ou orientar alguém. Muitas vezes nos depararemos com pessoas e situações que trarão prejuízos a muitos e o dever da caridade impõe nossa ação de Falar ao invés de Não falar. Porém, sem interferir no livre-arbítrio das criaturas. E, ao mesmo tempo, usando da indulgência, como ensinam os Bons Espíritos. Eis o desafio a nos ensinar...


É permitido repreender, notar as imperfeições e divulgar o mal de outrem?

É permitido repreender, notar as
imperfeições e divulgar o mal de
outrem?
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A - Conclusão do Estudo:
Antes de repreender alguém, verifiquemos se não praticamos o ato cencurado: a autoridade de censura está no exemplo do bem que dá aquele que censura. Enquanto a censura bem intencionada esclarece e orienta, o bom exemplo convence.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - Mesmo imbuídos de boa intenção e moderação, que outro fator devemos levar em conta ao censurar o procedimento do próximo?

Devemos primeiramente, verificar se não adotamos o mesmo procedimento que reprovamos no próximo. Senão, onde encontramos a força moral necessária para repreendê-lo?

Devemos tomar para nós os conselhos que dermos aos outros. Em termos de bons procedimentos, ninguém pode exigir de outrem, aquilo que não pratica.

2 - Que proveito devemos tirar para nós das imperfeições alheias?

Elas nos alertam para o dever de nos auto-avaliar, a fim de verificar o que temos a corrigir, antes de censurar os outros, sobretudo porque cada um tem o direito de agir como melhor lhe apraz.

"Precisamos nutrir o cérebro de pensamentos limpos, mas não está em nosso poder exigir que os semelhantes pensem como nós." (Emmanuel e André Luiz / livro: Estude e Viva. nº 22).

3 - Que outra maneira (indireta) existe de repreender o erro do próximo, sem alardear?

Podemos demonstrar, também, a nossa reprovação ante as imperfeições do próximo, e alertá-lo para isso, através do bom exemplo que possamos dar com o nosso proceder.

Enquanto a censura - bem intencionada - consegue esclarecer e orientar, o bom exemplo convence.


Indulgência


Francisco Muniz


Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga dos luminares da Terceira Revelação sobre qual noção tinha Jesus quanto à caridade. Em resposta, os Espíritos Superiores declinaram estes três preceitos: benevolência para com todos, indulgência para com as faltas alheias e perdão das ofensas. Como se vê, a indulgência é dos importantes tipos de caridade, constituindo em não reparar nos defeitos ou nos erros dos outros. Sendo ninguém perfeito e não havendo perfeição sobre a Terra, que direito terá alguém de cobrar um comportamento irreprochável de seu semelhante?
Se não temos o direito de exigir, também não devemos censurar a quem quer que seja. O que devemos entender, na verdade, é que cada um é livre para agir como sabe e pode, e que muitos de nós ainda não compreendemos o suficiente para nos portarmos de modo mais condizente com os conceitos de ética e moralidade. Por essa razão, o Cristo nos ensina a não julgar, a fim de que também não sejamos julgados, o que se dá com a mesma medida utilizada nos julgamentos feitos.
A indulgência, assim, é, de acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo (do mesmo Allan Kardec), uma daquelas recomendações do Cristo no sentido de usarmos de misericórdia para com os demais. Sua falta, ou melhor, sua inobservância, acarretará pesado ônus, posto que, conforme o aviso de Jesus, a cada um será dado de acordo com suas obras. Quer dizer: se ser misericordioso é o passaporte para se alcançar misericórdia, deixar de fazê-lo é escolher o caminho do desprezo, do qual a consciência se ressentirá tão fortemente quanto tenha sido sua indiferença para com a própria tarefa de autoaperfeiçoamento...