Atire a Primeira Pedra
Sergito de Souza Cavalcanti
VII
A tendência do homem é acusar e condenar os outros ao invés de olhar para seus próprios defeitos. É colocar-se numa atitude de superioridade e do alto de seu orgulho, apontar pecados alheios e pedir para eles a sentença da condenação. Ouve-se por aí: os outros estão errados, nós é que estamos certos.
Quem somos nós para julgar os outros? Para apedrejá-los com nossas acusações descaridosas? Deixemos à Deus o julgamento e aprendamos do próprio exemplo de Jesus a condenar o pecado e salvar o pecador.
Quando alguns fariseus e escribas repletos de ódio e despeito acusaram a mulher adúltera exigindo seu apedrejamento, o Mestre ergue-se e diz: “O que está puro entre vós atire a primeira pedra”(Jo 8:7). Com essa postura devolve a eles o julgamento da mulher adúltera. A lei de Moisés previa o apedrejamento da mulher flagrada em adultério. A indagação daqueles fariseus se deviam ou não apedrejar a adúltera era uma autêntica cilada. Se o Mestre sentenciasse: “Podem apedrejá-la”, estaria negando todos os ensinos misericordiosos de sua doutrina. No entanto, se dissesse: “Não devem matá-la”, seria imediatamente acusado perante às autoridades como desrespeitador da Leis Mosaicas, o que na época constituía-se em falta grave e verdadeira heresia. A cilada estava preparada. A trama estava bem urdida, o plano tinha requintes de astúcia e não podia falhar. Aparece, então, a sabedoria do Mestre Divino: nem manda que eles cumpram a lei e apedrejem a mulher e nem se coloca contra a lei, condenando a lapidação. Em vez dessas duas alternativas, a primeira vista inevitáveis, lança-lhes um desafio: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”(Jo 8:7). “E eles se foram retirando envergonhados um a um, a começar pelos mais velhos” (Jo 8:8)
Quanto mais evoluído é um espírito, tanto maior é sua capacidade de perdoar. Quando perdoamos e amamos somos envolvidos pelo amor, quando não perdoamos e odiamos, somos envolvidos pelo ódio. É uma lei imutável. Se semearmos perdão, colheremos tolerância.
Reprovar infelizmente é a ação que mais praticamos. Condenar, torna-se mais fácil que ser solidário. Aceitar o erro como um possível caminho para o acerto é muito difícil, no tribunal injusto de nossa personalidade egoísta. Nossa tendência é sempre ver o erro nos outros e nunca em nós mesmos. Ao invés de acusar, deveríamos estar prontos para entender a fraqueza de nosso semelhante, pois também, nós muito erramos. Conforme o próprio Cristo afirmou: “Quem tiver sem pecado, que atire a primeira pedra” (Jo 8:7)
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