A brandura
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Por esta e outras máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma Lei.
Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes.
Podemos perceber, dessa forma, que os ensinos de Jesus não são bem compreendidos por nós e, menos ainda, vivenciados.
Prova disso é o nosso comportamento diário diante de situações e pessoas.
Um dia desses, transitávamos por uma rua da nossa cidade e paramos ao sinal fechado.
Observamos no veículo ao lado um adesivo com a seguinte citação evangélica: Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim.
De fato a frase chamou-nos a atenção pela beleza da ideia que contém, mas infelizmente não retratava a realidade. Ao aproximar-se um desses garotos que entregam panfletos de propaganda nas esquinas, a senhora, que dirigia o veículo, o tratou com aspereza.
Gesticulando raivosa espantou o menino, que afastou-se um tanto desorientado.
É muito comum percebermos esse tipo de situação, pois Jesus tem sido muito divulgado ultimamente. Isso é muito bom. O que nos falta é imprimir nos atos os Seus ensinamentos.
Para que o Cristo possa de fato viver em nós, é necessário que nos esvaziemos um pouco do egoísmo. Enquanto estivermos cheios de nós mesmos, certamente não haverá lugar para Ele em nossa intimidade.
É muito fácil vivermos os ensinamentos legados por Jesus dentro dos templos religiosos que frequentamos, onde a situação e as pessoas nos favorecem.
Quando tudo está calmo e todos se comportam com serenidade, é fácil sermos brandos e pacíficos. Todavia, os ensinos do Mestre de Nazaré devem ser vivenciados 24 horas por dia.
É verdade que algumas coisas não são bem como gostaríamos que fossem. Que não nos agrada enchermos o veículo de papéis e mais papéis, mas que culpa têm esses garotos que os entregam para ganhar uns trocados?
Agindo assim, deixamos de lado outro ensino do Cristo: Fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse. É importante, antes de agirmos com rudeza, colocarmo-nos no lugar do outro e nos perguntarmos como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em seu lugar.
Se fizermos isso, com toda certeza não nos equivocaremos mais e, por conseguinte, estaremos agindo como verdadeiros cristãos.
* * *
Os mundos também evoluem e tornam-se cada vez melhores.
É por isso que Jesus afirmou que são bem-aventurados os brandos porque possuirão a Terra.
A Terra, que é um planeta de expiações e provas passará a mundo de regeneração e albergará os Espíritos que já se melhoraram a ponto de merecê-la. Os que ainda persistirem no mal reencarnarão em outros planetas, de conformidade com sua evolução.
É assim que se expressa a Justiça Divina. A ninguém desampara, mas também a ninguém privilegia. Todos temos as mesmas chances, basta que saibamos aproveitá-las.
Redação do Momento Espírita com base no
cap IX, item 4, de O evangelho segundo o
espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 05.04.2010.
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