sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O paralítico da piscina - Amélia


Em Jerusalém havia uma piscina chamada Betesda. Dizia a tradição que ela desfrutava do privilégio de ter suas águas periodicamente movimentadas por seres invisíveis, que lhes concediam poder curador.

Todo aquele que se banhasse nelas, em primeiro lugar, seria beneficiado com a recuperação da saúde.

Por isso mesmo, aquele era um lugar sagrado para onde acorriam os enfermos desenganados, os pedintes ociosos.

O espaço era disputado pelos infelizes que buscavam o milagre da facilidade.

Alguns dos pacientes daquele lugar já tinham de tal modo se acomodado à sua situação que simplesmente ali ficavam para pedir esmolas.

Assim era com aquele homem que há 38 anos estava paralítico. Todos os dias a sua cama era para ali conduzida.

Realmente, ele já não acreditava na cura. Voltava sempre porque ali se distraía, observando a multidão a se movimentar. Ali conversava, dormia, tornando menos solitária sua vida. E esmolava...

Há muito desistira de ficar à borda da piscina para se jogar quando ocorresse a movimentação das águas.

Aquele era um lugar de fé e o homem já não a tinha. Desencantara-se. Nada mais lhe parecia importante.

Foi quando Jesus, dirigindo-Se à cidade dos profetas tomou-Se de compaixão por aquela desditosa e imensa massa humana.

Deteve-Se e observou o paralítico em seu catre de miséria. Conhecedor da alma humana, o interrogou:

Queres ficar são?

O enfermo se desculpou, dizendo que não tinha ninguém que o lançasse na piscina, quando a água se agitasse.

Era uma mera desculpa. Se o quisesse verdadeiramente, ficaria próximo à borda e se jogaria, tão logo percebesse o movimento das águas.

Jesus lhe penetrou o íntimo e nele leu que aquela criatura já expungira todas as suas dores e débitos passados, em quase quatro décadas de sofrimentos e limitações.

E lhe ordenou:

Levanta-te, toma o teu catre e anda.

O paciente foi tomado pela surpresa. Sentiu que novas forças o dominavam. Ergueu-se, tomou a maca e começou a andar, recuperado.

Explodiu de alegria e as exclamações lhe brotaram dos lábios, sensibilizando a todos que o observavam.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Jesus encontrou o antigo enfermo no Templo e lhe disse:

Foste curado. Não tornes a errar para que não te suceda alguma coisa pior.

A terapia do amor o libertara da escravidão, porém, se fazia necessária a mudança moral para que o equilíbrio não lhe tornasse a faltar.

* * *

A piscina de Betesda, em Jerusalém, era uma cisterna, alimentada por uma fonte natural, cuja água parece ter tido propriedades curativas.

Em certas épocas, a fonte jorrava com força, agitando a água. Segundo a crença popular, esse era o momento mais propício às curas.

Possivelmente, ao jorrar a água, mais ativas fossem as suas propriedades. Como as ciências estavam pouco adiantadas, os judeus da época acreditavam que era um anjo que provocava a agitação das águas.


Com base no item 22, do cap. XVI, do livro A gênese, de Allan Kardec e no cap. 15 do livro Dias venturosos, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.




Muita Paz


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