sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Bem aventurados os misericordiosos


Bem aventurados os misericordiosos

Os ensinamentos do amado Rabi da Galiléia sempre nos direcionavam a perdoar as faltas alheias e a não julgar ao próximo e exemplificando a cada momento de sua vida a misericórdia e a indulgência.

Aqueles que não acreditam na vida após a morte vêem tais ensinamentos como supérfluos e vazios, pois o sentimento do perdão perde-se já que a vida é apenas uma e os inimigos não serão reencontrados jamais. Aqueles que são orgulhosos não são humildes, não admitem perdoar, pois o perdão é para os fracos, acham-se infalíveis em seus atos e apenas percebem os erros alheios. Aqueles que, porém, acreditam na vida futura ou possuem uma certa maturidade espiritual tem sua alma tocada pelas palavras e exemplos de Jesus.

Quem não possui falhas morais? Quem nunca errou perante o próximo? Quantos não escondem a perfídia de suas ações e de seus pensamentos, digo pensamento, porque a perfeição moral apresentada por Jesus também inclui a qualidade dos pensamentos. Quantos não oram rogando perdão pela suas faltas em suas orações para Deus e “esquecem” de perdoar ao próximo? Ou será que o nosso Pai misericordioso não nos perdoa? Como Ele nos perdoa sempre, Por que não usamos da mesma benevolência para como o próximo?

O verdadeiro Espírita, cristão, deve buscar pautar as suas ações na construção de um indivíduo melhor. E apenas pelo exercício da caridade conseguir-se-á uma melhor condição moral. O perdão é caridade, a indulgência é caridade, a misericórdia é caridade.

A crítica deslavada apenas denota pequenez espiritual, a crítica com intuito de melhora e de educação denota sabedoria. Tendemos, devido ao nosso atraso moral ver o “argueiro no olho do nosso irmão e a não enxergarmos a trave no nosso”. Será que censuramos no próximo o que em nós acabamos por desculpar? Será que talvez não possuímos defeitos e apresentamos erros mais graves ou na mesma intensidade das criaturas que julgamos? Pensemos e meditemos acerca do nosso mundo interior, da nossa casa mental e das ações que tomamos e que deixamos de tomar.

Todos nós, criaturas humanas precisamos do perdão divino, pois erramos no passado, ainda erramos no presente e temos que vigiar, perseverar e ter coragem para não cairmos em falta no futuro, porque o mundo nos concita a vivência da materialidade e as nossas viciações nos conduzem aos erros repetitivos. Então, não julguemos para não sermos julgados, lembrando das sábias palavras do amigo Jesus no caso da mulher adúltera: “Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra”.

Perdoemos, “setenta vezes sete vezes”, ou seja, infinitamente porque temos necessidade de perdão perante o nosso Pai celeste. Exemplifiquemos, perante aos olhos desses que nos cercam, perante a nossa própria consciência, que é possível sermos melhores, de vivenciarmos uma condição espiritual mais elevada. Ah, que felicidade perceber que ao deitarmos, na hora do sono, que não temos animosidade ou inimizades com nenhum dos nossos irmãos de caminhada.

Além da conseqüência moral do ensinamento de Jesus, também existe a conseqüência material. A imortalidade da alma, a plenitude da consciência após a morte do corpo físico pode, pelas nossas escolhas, criar ou arrastar no mundo espiritual inimigos. Diversos casos de obsessão poderiam ter sido evitados se o perdão fosse exercitado e se a indulgência fosse prática constante nas relações humanas. Perseguidores espirituais poderiam ser hoje amigos, se, por meio da vivência no amor, os tivéssemos conquistados com uma postura mais humilde, benevolente e amorosa. Logo, o resultado de uma postura em desacordo com as leis divinas causam-nos dor e sofrimento, porque apenas adiamos o aprendizado em relação à lei de amor.

A indulgência, virtude excelsa, em ensinamentos dos espíritos de escol nos apresenta que devemos minorar os erros alheios e buscar exaltar as qualidades e as virtudes do próximo, que devemos ser severos e rigorosos com as nossas faltas e sermos indulgentes para com as falhas dos nossos irmãos de caminhada. Também nos ensinam que o ato de perdão não consiste tão somente no esquecimento das injúrias, mas que também devemos fazer o bem a quem nos ferem, mesmo em pensamento; que devemos dar porque o Senhor nos dará, para abaixarmos, que o Senhor nos levantará; para nos humilharmos, que o Senhor nos fará sentar à sua direita.

“Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora”.  Perdoemos não apenas com os lábios, mas com o coração. O perdão liberta não humilha, o perdão não cria rancor. O verdadeiro perdão, o perdão de coração é aquele que lança o véu sobre o passado e é o único que é levado em consideração por Deus que conhece o coração e os pensamentos e que não se satisfaz com palavras vazias e falsidades.

Este trecho de mensagem de Paulo no Evangelho Segundo o Espiritismo nos concita a reflexão: “O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais que pelas palavras.”

Wagner Ramos Ferreira Júnior

Texto baseado:
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X.

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá.
Allan Kardec

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