sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Bem-aventurados os misericordiosos
Queridos irmãos, paz e luz no coração de todos!
Com muita alegria nos reunimos, mais uma vez, nesta casa de oração e caridade, para refletir nas lições que Jesus nos dá em seu o Evangelho.
Pedimos à espiritualidade maior que nos conduza nesta tarefa, auxiliando no entendimento de todos.
Hoje vamos falar sobre o “Capítulo 10 do Evangelho Segundo o Espiritismo: Bem-aventurados os misericordiosos”.
Começamos, então, entendendo o significado da palavra MISERICÓRDIA que na verdade é uma junção de 2 palavras que vêm do latim: Cordis que quer dizer coração, Miserere que remete a dor, ao sofrimento, à penúria. Misericórdia significa, portanto, sentir - com nosso coração- o sofrimento do outro.
Jesus nos recomendou no Sermão do Monte que exercitássemos esta virtude, quando afirmou, em meio às bem-aventuranças, que “os misericordiosos receberão as bênçãos dos céus.”
Rodolfo Calligaris, no livro sobre este mesmo Sermão, explica que o misericordioso é aquele que se compadece da miséria alheia, seja ela miséria material, na forma de indigência, de abandono, de enfermidade; ou miséria espiritual, caracterizada pelas mil e uma facetas da imperfeição humana.
Diz, ainda, que ser misericordioso é suportar cristãmente os defeitos daqueles que nos rodeiam, habituando-nos a fazer aos outros, aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem.
Então, se pensarmos nos dias atuais, o que menos temos visto são atitudes misericordiosas de uns para com os outros. Ao contrário, a sociedade em que vivemos está repleta de situações e exemplos que demonstram a falta desta virtude.
A vida extremamente competitiva que levamos, faz com que esqueçamos de demonstrar misericórdia pelos familiares, amigos, companheiros de trabalho, que sempre estão próximos a nós; que dirá dos que são mais distantes!
Sem falar que, diariamente, são divulgados casos de homofobia, racismo, etnocentrismo, machismo, bulling... São tantos os tipos diferentes de preconceito e discriminação, que até já foi criado um método para medir o grau de intensidade que ocorrem, sabiam disso? É conhecido como Método Allporte – que vai desde o nível 1, onde ocorrem as piadas estereotipadas, até o nível 5, que qualifica os casos de extermínio.
E o que está por trás de todas estas atitudes infelizes? É a tendência do homem em não aceitar o diferente.
Há um conto, escrito pelo jornalista da FSP e acadêmico Carlos Heitor Cony, que explica bem o problema em aceitar o diferente. É sobre um menino que usava longas meias vermelhas. Era um garoto triste. Na escola não tinha amigos e por isso mesmo, na hora do recreio, ficava afastado dos colegas. Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas.
Um certo dia, o cercaram e lhe perguntaram porque só usava aquelas meias, e o menino explicou, com simplicidade, que em seu último aniversário, a mãe o levou ao circo. Colocou as meias vermelhas, mesmo com o garoto reclamando que todos iriam rir dele. Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para fazer aquilo. Caso ele se perdesse, seria muito mais fácil reconhecer o filho se ele usasse as chamativas meias. Os colegas retrucaram dizendo que ele não estava mais num circo, porque não tirava as meias e as jogava fora?
Foi então que o menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar cheio de lágrimas, e explicou que sua mãe havia abandonado a casa, tinha ido embora. Por isso ele continuava usando as meias vermelhas. Assim, quem sabe, quando a mãe passasse por ele, em algum lugar por aí, iria reconhecê-lo e o levaria com ela.
Naquele momento, os garotos da escola sentiram misericórdia pelo colega, sentiram com o seus corações duros o sofrimento do menino e pararam de o importunar.
Este conto, muito sugestivo, nos traz através de uma imagem atual, um problema que é secular: o quanto somos intolerantes a uma pequena diferença.
Sem tolerância não nos suportamos. É ela que abre as portas para o entendimento, que nos permite olhar o outro por um ângulo novo. Mas para que possamos viver em paz com o diferente, precisamos da misericórdia, é essa virtude que nos faz senti-lo com o coração, renovando nossas emoções e sentimentos em relação a ele.
Os Sábios Espíritos da Verdade, que auxiliaram na codificação de nossa doutrina, compreendiam a necessidade do homem de desenvolver urgentemente esta virtude, por isso instruíram Allan Kardec para organizar no E.S.E., um capítulo inteirinho dedicado a Misericórdia. Quando profundamos seu estudo, percebemos o quanto ainda temos que caminhar!
E, entre os itens apresentados ali pelo codificador, encontramos uma importante reflexão a respeito de uma indagação de Jesus. O Mestre nos pergunta: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não vês a trave no teu olho?”. Porque vemos o mal alheio antes de nos conscientizarmos do mal que nós ainda praticamos?
Kardec explica que por trás dessas atitudes intolerantes está o orgulho, que tem como um dos efeitos mais inconfessáveis a nossa falta de habilidade para conviver com o brilho dos êxitos alheios.
Allan Kardec teve o ensejo de destacar, no item 10 desse capitulo, disse: “Como poderá um homem presunçoso, que acredita na importância de sua personalidade e na supremacia de suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ao outro o bem em vez do mal?”
O orgulho turva a nossa visão, nos ilude com as fantasias do nosso ego, fazendo-nos achar sempre que somos melhores.
Mas como disse Jesus: “Quem tem olhos de ver, vê o bem em toda a parte, não é?
Os que já podem ser chamados de misericordiosos, têm os olhos voltados para a boa parte das pessoas, para a beleza da vida; sabem extrair luz dos acontecimentos e das atitudes humanas.
Aliás este é o fundamento da psicologia de Jesus, o maior psicólogo que existe, a valorização dos potenciais da alma, por meio da tolerância mútua e incondicional.
Era assim que Jesus agia. Quem se interessa em conhecer Sua vida, vê o quanto ela é rica em exemplos de estímulo, incentivo, desapego de julgamentos, bondade, acolhimento e misericórdia com todos os que passaram em seu caminho. O Mestre mantém seu olhar na luz que está depositada em cada um de nós.
Um exemplo disso foi o que ocorreu no caso da Pesca maravilhosa, marrada por Lucas no cap 5 de seu Evangelho. Tendo Simão Pedro trabalhado a noite inteira sem nada pescar, Jesus lhe incentiva a continuar tentando e, vendo a persistência do pescador, que acaba enchendo sua rede aos olhos do Senhor, Jesus chama-o então para ser um pescador de homens.
Naquela ocasião Jesus demonstra o princípio das relações saudáveis: tornar nossa mente capaz de selecionar a luz e a beleza que cada criatura carrega dentro de si. No caso, Ele não ressaltou os erros do pescador, não o criticou, nem julgou, apenas incentivou, demonstrou misericórdia ao ver as dificuldade com Seu coração amoroso. Se O queremos ter por nosso modelo e guia, precisamos aprender com seus exemplos.
Irmãos queridos, deixamos aqui sugestão de estudo completo do capítulo X do Evangelho Segundo o Espiritismo, que oferece um verdadeiro manual, para nós, que já estamos buscando a renovação de nossas atitudes. Ali encontramos importantes lições evangélicas, como o perdão da ofensas, a reconciliação com os adversários, a questão dos julgamentos, a prática da indulgência, que precisamos praticar o quanto antes, se queremos ser misericordiosos e alcançar o quanto antes a misericórdia do Pai.
Esforcemo-nos por nos conduzir na vida, tendo por norma os preceitos cristãos, para que, transformados, possamos de fato fazer algo em favor do nosso próximo.
Que o Divino Mestre nos abençoe!
Fontes de Pesquisa:
Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
O Sermão da Montanha – Rodolfo Calligaris
Quem Perdoa Libert – Wanderley de Oliveira pelo espirito de José Mario
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