segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Paz e a Espada



Sérgio Biagi Gregório
1) Qual o conceito de paz?
Em sua acepção mais geral, paz é a ausência (ou cessação, solução etc.) de um conflito. É a aspiração fundamental de cada homem e de toda a humanidade, a ponto de seu conceito quase ser confundido com o de felicidade.
2) O que se entende por espada?
É a arma branca, formada de uma lâmina comprida e pontiaguda, de um ou dois gumes. Símbolo do Estado Militar e de sua virtude. Relacionada com a balança, significa justiça: separa o bem do mal, julga o culpado.
3) Como o par de termos paz-guerra é visto no processo histórico?
Na Antigüidade, período que se estende do séc. IX até 50 a.C., tivemos as Campanhas do Império assírio e neo babilônico, as lutas grego-persas, as Campanhas de Alexandre Magno e as Campanhas do Império Romano.
Na Idade Média, que vai do séc. IV ao séc. XVI, tivemos a Invasão dos bárbaros, as Invasões árabes, as Campanhas de Carlos Magno, as Cruzadas, as guerras do império otomano etc.
Na Idade Moderna, de 1618 a 1781, anotamos a Guerra dos trinta anos, a Campanha de Luís XIV, A Guerra dos Sete Anos e as Lutas da independência dos EUA.
Na Idade Contemporânea, que se inicia em 1792 e vai até a época atual, observamos Revolução Francesa, a Expansão Napoleônica, a Guerra de anexação do México, a Guerra do Paraguai etc. (ENCICLOPÉDIA MIRADOR)
4) Como situar o sistema paz-guerra?
Keneth E. Boulding, no livro Paz Estável, diz que o sistema paz-guerra é, com freqüência, confundido com a estrutura de conflito e não conflito. Para ele, as atividades não conflituais caracterizam-se pelo comer, beber, dormir, trabalhar, procriar, ler, aprender, caminhar etc. estas não produzem guerra. As atividades de conflito, que podem ou não gerar guerra, são aquelas nas quais temos consciência de que o aumento de nosso bem-estar diminui o dos outros, ou um aumento no bem-estar dos outros pode diminuir o nosso.
5) Como está posto o texto bíblico?
Mateus, no cap. 10, 34 a 36, narra essa passagem evangélica nos seguintes termos: "Não penseis que eu vim trazer paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas a espada; porque eu vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua sogra; e o homem terá por inimigos os de sua casa".  Lucas, no cap. 12, 49 a 53, trata do mesmo assunto, acrescentando que Jesus viera lançar fogo sobre a Terra e tinha pressa que ele se acendesse.
6) Como entender essa afirmação de Jesus?
Individualmente, cada um deve lutar contra si mesmo; No lar, cada qual deve vencer inibições, renunciar ao seu ponto de vista, sem querer que outros pensem pela sua cabeça; Na sociedade, o cristão deve lutar contra as iniquidades e injustiças, porém não deve fazê-lo com a espada em punho, pois o próprio Jesus já nos dissera que todo aquele que desembainha a sua espada para atacar o seu próximo, pela espada morrerá.
7) Como é interpretada essa alegoria?
A interpretação do referido trecho varia de seita para seita. A espada do Cristo, que era de fraternidade, passa a ser instrumento de violência e opressão nas mãos dos propagadores de determinadas seitas.  Os próprios cristãos, de perseguidos, passam a ser perseguidores. Não é, pois, de se estranhar que as guerras religiosas destruíram mais do que as guerras políticas.
8) Qual é a interpretação segundo a Doutrina Espírita?
Toda a ideia nova gera oposição. Eis a correta interpretação dessa passagem evangélica.  O "novo", quando fundamentado na lógica e na razão, fere interesses pessoais. Isso acontece na Ciência, na Filosofia e, também, na Religião.  Por isso a importância da nova ideia é proporcional à resistência encontrada.  Pois, se julgada sem consequência, deixá-la-iam passar, mas, como se sentem ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.
9) Qual o novo paradigma espírita?
O Espiritismo, à semelhança do Socratismo e do Cristianismo, traz um novo paradigma para a humanidade, e pode ser interpretado como uma nova espada.  Não será aceita sem lutas, controvérsias e oposições.  Sua pujança não está nas disputas sangrentas, mas na modificação interior que proporciona a cada um de seus adeptos. A questão da espada será muito mais uma guerra de cada um contra si mesmo e contra todo o mal, fazendo com que possamos ser "promotores da paz".
Fonte de Consulta
BOULDING, K. E. Paz Estável. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
São Paulo, junho de 2010

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