segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS A ESPADA.



Campos do Jordão - SP


Os que estão acostumados a ler nos Evangelhos palavras de brandura, de tolerância e de amor, estranham quando Jesus muda o teor de sua mensagem e imprime maior vigor e energia quando proclama que não veio trazer paz à Terra, mas, sim, a espada. Na mesma oportunidade afirmou que veio lançar fogo sobre a Terra e tinha pressa que ele se acendesse.    Essa mudança de um pólo a outro parece paradoxal, se não abandonarmos a letra que mata para divisar apenas o espírito que vivifica.

Por mais adiantado que esteja à inteligência humana, somos compelidos a reconhecer que a humanidade ainda não dispõe de capacidade suficiente para avaliar a grandeza do Espírito Jesus. Isto porque muitas religiões, conscientes ou inconscientemente, ignoram a inapreciável contribuição deixada por Ele no campo da ciência, da filosofia, da medicina e do direito, procurando limitá-lo as pequenas dimensões de apenas uma religião, dentre tantas outras religiões criadas pelos homens. Suas orientações se seguidas, por si só, já deveria ser considerada uma religião.

Jesus marcou de forma a não deixar dúvida quanto à sua presença e sua missão neste mundo. Ele não teve, sequer, onde reclinar a cabeça. Nada possuiu de material, nenhuma propriedade, nenhum dinheiro. Cercou-se de pessoas incultas, de um povo social e politicamente subjugado. Reuniu em torno de Si amigos rudes e iletrados, da região mais pobre do Império Romano. Falou sempre na linguagem mais simples, não deixando nada escrito por Ele próprio. Tudo foi registrado no coração e na memória dos que Lhe ouviram a palavra e testemunharam o exemplo. Nunca freqüentou uma escola e foi coroado apenas com espinhos, foi açoitado publicamente e finalmente pregado numa cruz infamante como se fosse um ladrão.

Foi assim se apresentando e agindo que dividiu as eras terrestres em antes e depois d’Ele, permanecendo para sempre como a maior presença, a mais elevada expressão de toda a história humana em todas as épocas do mundo, o ser mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo, questão 625 do Livro dos Espíritos.

Quanto mais o tempo passa, mais é lembrado, mais é amado, mais fortemente se faz o centro vivo de todas as civilizações e filosofias. Seu nome e seus ensinos ao invés de morrerem na pobre Palestina e com o próprio tempo que a tudo destrói, só lhe acrescentam honras divinas.

Jesus cresce a cada dia, diante dos olhos e do coração dos homens, exatamente porque só a pouco e pouco, à medida que os homens evoluem, vão podendo melhor entendê-Lo e melhor senti-Lo. Somente à medida que vamos crescendo em inteligência, em ciência e em tecnologia, vamos podendo, vagarosa, mas efetivamente melhor compreendendo e sentindo o Espírito e a mensagem de Jesus.

A Doutrina Espírita, o Consolador Prometido por Jesus chegou na hora assinalada por Ele, quando a humanidade atingia a maturidade para melhor avaliar a realidade dos fatos, para que a verdade e a justiça prevaleçam no interesse de toda a humanidade. O fogo mencionado por Ele nada mais é do que a revolução que seus ensinamentos causariam consumindo os erros e os preconceitos. Como se põe fogo num campo para destruir as ervas daninhas. Ele tinha pressa, para que a depuração se desse mais rapidamente, pois dele sairá triunfante a verdade.

Jesus afirmou que: “não vim trazer a paz, mas a espada; porque vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua sogra”. Se naquela época não O puderam compreender, agora no tempo do Consolador Prometido, a Doutrina Espírita, sua mensagem já pode ser compreendida e assimilada sem pressa, sem traumas ou imposições, capaz de enriquecer-nos para sempre!

Ao fazer aquela afirmativa Ele falava, em tom profético, das desavenças de crenças até no seio das famílias, pois com o correr do tempo várias ramificações foram surgindo no Cristianismo e hoje o mundo está dividido em muitas religiões e seitas, existindo em uma única família várias opiniões diferentes, chegando a brigarem entre si, por considerar, cada um, que à sua religião é a certa, e a levantar a espada da discórdia, permanecendo na escuridão do orgulho e do fanatismo, isso por que não compreenderam as palavras de Jesus, na maioria velada por alegorias e expressões figuradas.

A espada referida por Jesus, não seria utilizada pelos adeptos da Doutrina, mas por aqueles que a ela se oporiam, separando-os de tudo quanto amassem e que usariam seu nome, inclusive, como pretextos para as guerras e disputas.

Toda idéia nova encontra oposição. Nenhuma se implantou sem divergência. Quanto mais inovadoras, maior será a luta pelo número de interesses ameaçados. Entretanto, se para a edificação do Espírito nós nos incompatibilizarmos com os outros, especialmente com os familiares, por causa de Jesus, na realidade não O estaremos seguindo.

Jesus não veio ao mundo para transigir com as fraquezas dos homens, mas para trazer a centelha da luz para que a criatura humana se ilumine para os planos Divinos. E a lição sublime de Jesus sempre será reconhecida como a espada renovadora com a qual deve o homem lutar consigo mesmo, contra suas inferioridades, extirpando os velhos inimigos de seu coração dirigidos pela ignorância, pela vaidade, pelo egoísmo e pelo orgulho.

Com a Doutrina Espírita começamos a compreender que o importante é amar a Deus e ao próximo e vivenciarmos seus ensinamentos quotidianamente. Ainda existem guerras e perseguições associadas a religiões distintas, mas são mais raras que no passado. Já se aproxima os tempos de harmonia entre os homens, até que há de chegar o dia em que todas as religiões se resumirão apenas em duas palavras: amor e caridade expandindo-se para alem dos limites das religiões.

Jesus veio até nós para que melhor possamos compreender que somente pela luta interior em prol do aprimoramento moral e espiritual a humanidade poderá equacionar seus problemas milenares e sair do estado caótico em que se encontra.

E o Evangelho é a solução!

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