quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Cristão e o Enfrentamento do Mundo


O Cristão e o Enfrentamento do Mundo - Francisco de Paula Vítor


O CRISTÃO E O ENFRENTAMENTO DO MUNDO

Se o mundo nos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
Jesus (Jo. 15:18)

Mesmo entre os adeptos das inumeráveis crenças religiosas, são encontrados os irmãos que se lamentam em demasia.

Parece que se acostumaram a afivelar ao rosto máscaras de padecimentos e de infelicidades crônicos, sem as quais estariam muito deslocados no meio social de que fazem parte.

Lamentável é percebermos que, sendo a mensagem do Evangelho enunciada como de alegria e de esperança, haja um número tão expressivo de almas que fixaram em seus caracteres a morbidez que velhas e infelizes lideranças lhes impuseram ao apresentar os pontos e normas das respectivas crenças.

Muita gente guarda a ilusão de que o fato de estar inscrita em dada agremiação de fé religiosa seria o suficiente para se ver livre de enfermidades, das lutas da vida e dos infortúnios diversos que caracterizam a marcha planetária.

Em chegando ao mundo terrestre, todo e qualquer espírito, desde os mais simplórios aos mais bem aquinhoados de valores gerais, estará a braços com as condições do planeta. É como se um príncipe penetrasse uma choça para visitar um pestilento. Não obstante a sua hierarquia social, teria que suportar os maus odores do ambiente e pisar o mesmo chão pisado por todos.

Assim, então, não será complicado entender porque Sócrates,o grande Sócrates, foi obrigado a sorver uma taça de veneno embora só fizesse o bem, embora só ensinasse maravilhas; porque Ghandi, o Mahatma Gandhi, foi vilmente assassinado quando só pregava e vivia para o bem; porque, Jesus, o Cristo, foi morto numa cruz pelo crime de ensinar e viver o amor entre as criaturas.

Aqueles que se acham por demais desafortunados, infelizes ou desgraçados perante os obstáculos à boa saúde, diante dos apertos financeiros ou face às relações sociais tormentosas, devem observar com mais atenção a forma como viveu o nosso Modelo espiritual, o nosso Senhor.

Os que sonham com uma vida sem problemas, mesmo estando na Terra, com certeza se acham injustiçados por Deus, por tê-los internado nessa e não outra paragem cósmica.

Jesus afirmou que o discípulo não está acima do seu mestre, e nos propôs ter coragem e bom ânimo diante de tudo o que sofrêssemos provocado pelos desmandos e exorbitâncias dos nossos irmãos do mundo, o que podemos estender para toda e qualquer aflição ou carência que nos assalte na marcha comum. O desalento, o desânimo perante os episódios ou momentos críticos, já indicam grande inclinação à derrota, à falência completa.

Se na Terra nem Jesus foi poupado ao sofrimento imposto pelos homens, sem que Ele mesmo nada devesse, como é que nós, espíritos em regime de resgate para a harmonização própria com as leis do Criador, vamos pretender um tratamento melhor do mundo para conosco?

À frente de toda dificuldade que nos apareça, trabalhemos no sentido de superá-la com alegria. Diante de toda dor que nos alcance, realizemos o nosso esforço de modo a suplantá-la, mantendo a chama da esperança de tempos melhores mais adiante.

Atentos ao Apóstolo Paulo, que nos ensinou a dar graças por tudo, evitemos esse clima de tragédia ou de vitimação que, costumeiramente, muitos religiosos imprimem em suas vidas.

Se tivermos que sofrer e chorar, que o façamos confiantes de que Deus vela e que, mais dia, menos dia, nossos dramas serão resolvidos, se perseveramos na ação feliz do bem até o fim.

Sem duvida, Jesus é Aquele que nos veio ensinar a extrair o lado bom e útil de todo sofrimento que nos seja imposto, seja por almas em processo de desajustamento e perturbação, seja nas erupções do mundo íntimo, em virtude de guardarmos a certeza de que tudo tem a sua raiz, a sua razão de ser.

Nas experiências das relações humanas, caso venhamos a sofrer toda a carga do ódio daqueles que, ensandecidos, injustos ou cruéis invistam contra nós, enquanto tomamos as providências cabíveis, recomendadas pela nobreza e pela dignidade moral, mantenhamos a paz interior, reconhecendo que, antes de nós, também Ele, pulcro e bom, padeceu igualmente.

De "Quem é o Cristo?",
de J. Raul Teixeira,
pelo Espírito Francisco de Paula Vítor

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