terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Parábolas do tesouro escondido e da pérola



“O reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo.
É semelhante, ainda, a um negociante que buscava boas pérolas, e, tendo achado uma de grande valor, foi vender tudo o que possuía e a comprou.” (Mat. 13:44-46)
Nestas duas parábolas tão singelas quão expressivas, Jesus compara o reino dos céus a “um tesouro oculto no campo” e a “uma pérola de grande valor”, dizendo que aquele que tem a ventura de achá-los, é tomado de tal gozo que não titubeia em dispor de todos os seus haveres para adquiri-los.
Esse tesouro ou essa pérola, é bem de ver-se, não é senão a alma humana. “O reino dos céus está dentro de vós”, dissera de outra feita o Divino Mestre, deixando bem claro que o reino celestial significa, não um lugar no espaço, mas algo que se verifica no íntimo de cada um.
Geralmente, procura o homem edificar a felicidade sobre as posses materiais, a ascen­dência social, a fama ou a saúde, mas estas coisas são precárias e incertas, pois podem du­rar, no máximo, uma existência, enquanto um terremoto, uma enchente, um incêndio, os aza­res da fortuna, uns micróbios em seu sangue ou determinado humor em seus fluidos orgâni­cos não as arruinarem por completo.
Jazem ocultas, a milhões de criaturas, coisas mais belas e grandiosas: os bens espi­rituais, que são, aliás, os únicos valores reais e duradouros, ante os quais aquilo tudo pouco ou quase nada importa.
Possuir esses bens espirituais, as virtudes cristãs, é conquistar o reino dos céus, porque o conhecimento e o amor de Deus nos fazem desfrutar tal estado de paz e de alegria que nada e ninguém conseguirá destruir ou per­turbar.
Por isso, como diz a parábola, quando al­guém “descobre” no campo de si mesmo esse tesouro de tão subido valor, que é a própria alma, e a sabe imortal, e fadada a alcançar o mais excelso destino: sua integração à única Realidade Absoluta — Deus! — todas as ilu­sões da materialidade, todas as gloriosas do mundo, e até mesmo o bem-estar do corpo fí­sico, se tornam de somenos importância. En­tão, cheio de júbilo, sabendo que a felicidade verdadeira depende, não daquilo que se tem, mas daquilo que se é, vai “vender tudo o que possui”, isto é, desprender-se das pseudo-pro­priedades e distinções terrenas, para cuidar precipuamente do enriquecimento de sua Cons­ciência Espiritual, a mais preciosa das pérolas, cuja posse vale o sacrifício de todos os bens de menos valor, de tudo aquilo que considerava importante e valioso em sua vida.

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Não se entenda, o que seria errôneo, que a posse dos valores espirituais seja incompa­tível com a posse das coisas materiais. Não.
O que se quer salientar é que para o nosso progresso espiritual faz-se mister vivermos mais intensa e sinceramente em função dos ideais superiores, dedicando-lhes maior atenção do que às aquisições materiais, que devem cons­tituir-se apenas um meio de realizarmos os nossos objetivos, e não um fim em si mesmo.
Quem se disponha a assim proceder, so­brepondo os interesses da alma a quaisquer outros, não deve temer que lhe venha a faltar o necessário à subsistência, porquanto Jesus nos assevera, no seu Evangelho, que, “se bus­carmos primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, todas as outras coisas nos serão dadas de acréscimo”.

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