sábado, 19 de julho de 2014
Encontro com Deus - Richard Simonetti
Dona Cidinha lia tranquila OEvangelho segundo o Espiritismo, no jardim do edifício de apartamentos
onde residia, quando uma moradora aproximou-se:
– Bom dia, dona Cidinha.
– Bom dia, minha filha.
– A senhora é espírita, não é mesmo?
– Sim, de todo coração. O Espiritismo é bênção de Deus em nossas vidas.
– Eu queria justamente perguntar-lhe a respeito de Deus. Sou católica e aos domingos tenho um encontro com o Senhor na missa. Como fazem os espíritas, se não frequentam a igreja?
– Estou surpresa! O seu Deus é tão limitado assim?
– Como?
– Se comparece perante os fiéis apenas na missa, e só para os católicos!…
– Como é o seu Deus?
– Não o meu. O nosso, minha filha! Deus é o Pai de todos nós, não apenas de católicos, mas de todos os religiosos e até de quem não tem religião. E não está dentro de uma igreja, mas em todo o Universo, em todas as manifestações da Natureza, nos mundos que se equilibram no espaço, na beleza das flores, no trinar dos pássaros, no sorriso da criança, na solicitude das mães…
– Como pode Deus estar presente em tudo? Ele não tem seus compromissos, governando o Universo?
– Você está imaginando Deus de maneira antropomórfica. Por isso tem dificuldade.
– Antropomórfica, que nome esquisito!
– É a concepção de Deus à imagem do homem, como se fosse um soberano a governar o Universo,
instalado num palácio celestial.
– Não é assim?
– Deus, minha querida é a Consciência Cósmica do Universo, a Mente Divina, presente em tudo e em
todos.
– Em todos? Também em nós?
– Sim, na intimidade de nossa consciência, a exprimir-se no ideal de servir, nas sementes de virtude, no anseio de aprender, nas dores de consciência pelo exercício do mal, ou na satisfação pelo Bem praticado. Tudo isso é Deus que nos fala, que nos orienta, que nos adverte, que nos chama, que
nos espera...
– E por que as pessoas não conseguem perceber a presença de Deus?
– Quando o fariseu perguntou a Jesus qual o mandamento maior da Lei, o que o Mestre respondeu?
– Isso eu sei. Jesus citou dois mandamentos: o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. E explicou que resumem tudo o que está no Velho Testamento.
– Muito bem, você está demonstrando conhecer o pensamento de Jesus. Quando estudamos o assunto, logo percebemos que esses dois mandamentos se completam. Impossível amar a Deus sem amar o próximo. Não há melhor maneira de demonstrar amor a um pai do que cuidando de seu filho.
– Agora entendo por que os espíritas empenham-se tanto em praticar a caridade. Seria uma ponte
para Deus?
– Perfeito, minha querida. O melhor altar para nos aproximarmos de Nosso Pai, independente de nossa concepção religiosa, é a caridade. Sempre que a exercitarmos perceberemos a presença de Deus em nossas vidas, proporcionando-nos a maior de todas as alegrias, aquela que decorre do dever cumprido.
***
Os teólogos criaram, ao longo do tempo, concepções dogmáticas, com ritos e rezas voltados para o culto exterior, sugerindo que Deus está no interior de sua igreja e que só ela levará os crentes ao Céu.
Afastaram-se do pensamento original de Jesus, que, despido de formalismos e firulas dogmáticas, nos ensina, com a simplicidade da sabedoria autêntica e a profundidade da verdade revelada, que o Reino de Deus deve ser encontrado na intimidade de nossas almas, como exprime em Lucas (17:21):
…o Reino está dentro de vós.
E mais: se pretendemos um encontro com o Senhor nesse reino íntimo é fundamental que observemos sua recomendação (Mateus, 7:12):
Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles…
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário