segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Jesus ficava Calado?

Jesus ficava Calado?

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Introdução

Vez por outra ouvimos a afirmativa de que não devemos responder a isso ou a aquilo, pois Jesus não respondeu a ninguém, sempre permanecia calado. Interessante como certas coisas facilmente são transformadas em mito. O mito, como sabemos, é algo que prolifera e mesmo que seja o maior erro, torna-se uma verdade para muitos. Isso acontece, pois, normalmente, não somos dados a questionamentos, preferindo seguir pela trilha do bezerro que abrir novo caminho pela mata.

Recebemos recentemente um e-mail em que uma leitora nos propunha uma reflexão sobre nossa atitude de sempre defender a Doutrina Espírita dos ataques gratuitos dos detratores de plantão, nos sugerindo que, talvez, fosse melhor que ficássemos calados seguindo o exemplo do Mestre.

Sinceramente, até então não tínhamos pensado mais seriamente sobre isso, mas dessa vez, não sabemos o porquê, mas resolvemos ir à fonte para conhecer como exatamente as coisas se deram. Assim, caro leitor, apresentamos agora o fruto de nosso estudo sobre esse assunto.

Como realmente Jesus agia

         Iremos analisar várias passagens bíblicas a fim de podermos saber como era mesmo o comportamento de Jesus: ficava mesmo calado? Não! Quem tiver curiosidade de ler mais detidamente o Evangelho verá que liderança religiosa da época – escribas, fariseus, saduceus, sacerdotes e anciãos do povo - não deram tréguas a Jesus. Entretanto, as narrativas nos dão conta de que o Mestre jamais ficou calado, sempre os respondeu à altura e nem mesmo os poupou de, por várias vezes, chamá-los de hipócritas e em uma oportunidade os comparou a sepulcros caíados, brancos por fora e podres por dentro. Isso a nosso ver não é ficar calado.

         Ao reler essas passagens foi que nos demos conta disso. Veja, se temos ou não razão:

Mt 5,20: “Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu".

         Percebe-se por aqui que Jesus em relação aos escribas e fariseus já os tomava a conta de pessoas às quais não devíamos seguir o exemplo, cuja justiça não deveria ser imitada.

Mt 12,1-8: Naquele tempo, Jesus passou por uns campos de trigo, num dia de sábado. Seus discípulos ficaram com fome, e começaram a apanhar espigas para comer.  Vendo isso, os fariseus disseram: "Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!" Jesus perguntou aos fariseus: "Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? Como ele entrou na casa de Deus, e eles comeram os pães oferecidos a Deus? Ora, nem para Davi, nem para os que estavam com ele, era permitido comer os pães reservados apenas aos sacerdotes. Ou vocês não leram também, na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado, sem cometer falta?. Pois eu digo a vocês: aqui está quem é maior do que o Templo. Se vocês tivessem compreendido o que significa: 'Quero a misericórdia e não o sacrifício, vocês não teriam condenado estes homens que não estão em falta. Portanto, o Filho do Homem é senhor do sábado”.

Essa questão de fazer algo no sábado era para eles um ponto de honra, daí não perdiam oportunidade de importunar Jesus quando esse fazia algo nesse dia. Ao ser questionado sobre a atitude de seus discípulos em providenciar alimentação num dia de sábado Jesus respondeu-lhes à altura não deixando passar batido, como se diria popularmente.

Mt 12,9-14: Jesus saiu desse lugar, e foi para a sinagoga deles. Aí havia um homem com uma das mãos paralisada. E, para poderem acusar Jesus, os fariseus perguntaram: "É permitido fazer cura em dia de sábado?" Jesus respondeu: "Suponham que um de vocês tem uma só ovelha, e ela cai num buraco em dia de sábado. Será que ele não a pegaria e não a tiraria de lá? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha! Logo, é permitido fazer uma boa ação em dia de sábado." Então Jesus disse ao homem: "Estenda a mão." O homem estendeu a mão, e ela ficou boa e sadia como a outra. Logo depois, os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus.

         Na continuação da narrativa anterior veremos Jesus curando num dia de sábado, mas nem numa situação como essa os intolerantes de sua época achavam certa essa atitude. Vemos, hoje em dia, os fundamentalistas agindo quase que da mesma forma. Os tempos mudam, mas, para muitos, é como se isso não ocorresse, já que ficam apegados ao passado.

Mt 12,22-37: Então levaram a Jesus um endemoninhado cego e mudo. Jesus o curou, de modo que ele falava e enxergava. E todas as multidões ficaram admiradas, e perguntavam: "Será que ele não é o filho de Davi?" Os fariseus ouviram isso, e disseram: "Ele expulsa os demônios através de Belzebu, o príncipe dos demônios!" Sabendo o que eles estavam pensando, Jesus disse: "Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será arruinado. E toda cidade ou família dividida em grupos que brigam entre si, não poderá durar. E se Satanás expulsa Satanás, ele está dividido contra si mesmo. Como, então, o seu reino poderá sobreviver? Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, serão eles mesmos que julgarão vocês. Mas se é através do Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. Ainda: como alguém pode entrar na casa de um homem forte, e se apoderar de suas coisas, se antes não amarrar o homem forte? Só depois poderá roubar a sua casa. Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, espalha. É por isso que eu digo a vocês: todo pecado e blasfêmia será perdoado aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Quem disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado. Mas quem disser algo contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, nem neste mundo, nem no mundo que há de vir. Se vocês plantarem uma árvore boa, o fruto dela será bom; mas se vocês plantarem uma árvore má, também o fruto dela será mau, porque é pelo fruto que se conhece a árvore. Raça de cobras venenosas! Se vocês são maus, como podem dizer coisas boas? Pois a boca fala aquilo de que o coração está cheio. O homem bom tira coisas boas do seu bom tesouro, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro. Eu digo a vocês: no dia do julgamento, todos devem prestar contas de cada palavra inútil que tiverem falado. Porque você será justificado por suas próprias palavras, e será condenado por suas próprias palavras".

         Nem ainda saímos do capítulo doze e já encontramos mais uma outra situação em que a liderança religiosa cega no seu saber questiona a Jesus, quando o Mestre liberta uma criatura endemoninhada. Para seus adversários ele fazia isso porque era o príncipe dos demônios ao que Jesus lhes responde com maestria. E, destacamos, ao final ainda os chama de raça de cobras venenosas, atiçando a ira deles. Daqui percebemos que também a liderança religiosa nos dias atuais fazem exatamente a mesma coisa em relação ao Espiritismo, que, apesar de libertar muitas pessoas das influências espirituais inferiores, é taxado de “obra do demônio”. Deveríamos repetir Jesus dizendo-lhes: raça de víboras?

Mt 12,38-42: Então alguns doutores da Lei e fariseus disseram a Jesus: "Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti." Jesus respondeu: "Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. De fato, assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra. No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas. No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão"

         Aos doutores da Lei e fariseus que queriam um sinal como prova de que Jesus era mesmo o Messias. Em resposta de Jesus não se fez esperar e, nessa ocasião, os chama de geração má e adúltera.

Mt 15,1-14: Alguns fariseus e diversos doutores da Lei, de Jerusalém, se aproximaram de Jesus, e perguntaram: "Por que os teus discípulos desobedecem à tradição dos antigos? De fato, comem pão sem lavar as mãos!" Jesus respondeu: "Por que é que vocês também desobedecem ao mandamento de Deus em nome da tradição de vocês? Pois Deus disse: 'Honre seu pai e sua mãe'. E ainda: 'Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer'. E no entanto vocês ensinam que alguém pode dizer ao seu pai e à sua mãe: 'O sustento que vocês poderiam receber de mim é consagrado a Deus'. E essa pessoa fica dispensada de honrar seu pai ou sua mãe. Assim vocês esvaziaram a palavra de Deus com a tradição de vocês. Hipócritas! Isaías profetizou muito bem sobre vocês, quando disse: 'Esse povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. Não adianta nada eles me prestarem culto, porque ensinam preceitos humanos.'" Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto dele, e disse: "Escutem e compreendam. Não é o que entra na boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, isso torna o homem impuro". Então os discípulos se aproximaram, e disseram a Jesus: "Sabes que os fariseus ficaram escandalizados com o que disseste?" Jesus respondeu: "Toda planta que não foi plantada pelo meu Pai celeste será arrancada. Não se preocupem com eles. São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco”.

         A liderança religiosa tinha um apego exagerado à tradição, quase faziam dela uma questão religiosa, daí se espantarem quando os discípulos não lavaram as mãos antes de comerem. Novamente recebem de Jesus uma resposta à altura chamando-os de hipócritas e guias cegos.

Mt 16,5-12: Quando atravessaram para o outro lado do mar, os discípulos se esqueceram de levar pães. Então Jesus disse: "Prestem atenção, e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus." Os discípulos pensavam consigo mesmos: "É porque não trouxemos pães." Mas Jesus percebeu, e perguntou: "Por que vocês estão pensando na falta de pães, homens de pouca fé? Vocês ainda não compreendem, nem mesmo se lembram dos cinco pães para cinco mil homens, e de quantos cestos vocês recolheram? Nem dos sete pães para quatro mil homens, e quantos cestos vocês recolheram? Como é que não compreendem que eu não estava falando de pão com vocês? Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus." Então eles perceberam que Jesus não tinha falado para tomar cuidado com o fermento de pão, mas com o ensinamento dos fariseus e saduceus.

         Aqui Jesus recomenda aos discípulos para não seguirem o ensinamento dos fariseus e saduceus. Ficamos a pensar se Jesus não manteria esse discurso à liderança religiosa atual! Assim, com essa atitude, Jesus deixa claro que os ensinamentos deles não são cunho divino, mas apenas fruto de seus próprios interesses, tal e qual está acontecendo nos dias atuais.

Mt 19,1-12: Quando Jesus acabou de dizer essas palavras, ele partiu da Galiléia, e foi para o território da Judéia, no outro lado do rio Jordão. Numerosas multidões o seguiram, e Jesus aí as curou. Alguns fariseus se aproximaram de Jesus, e perguntaram, para o tentar: "É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?" Jesus respondeu: "Vocês nunca leram que o Criador, desde o início, os fez homem e mulher? E que ele disse: 'Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne'? Portanto, eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar." Os fariseus perguntaram: "Então, como é que Moisés mandou dar certidão de divórcio ao despedir a mulher?" Jesus respondeu: "Moisés permitiu o divórcio, porque vocês são duros de coração. Mas não foi assim desde o início. Eu, por isso, digo a vocês: quem se divorciar de sua mulher, a não ser em caso de fornicação, e casar-se com outra, comete adultério". Os discípulos disseram a Jesus: "Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar." Jesus respondeu: "Nem todos entendem isso, a não ser aqueles a quem é concedido. De fato, há homens castrados, porque nasceram assim; outros, porque os homens os fizeram assim; outros, ainda, se castraram por causa do Reino do Céu. Quem puder entender, entenda".

         Obviamente, que nesse episódio, os fariseus não estavam querendo se instruir, mas queriam colocar Jesus em situação difícil, ou seja, tudo que dissesse seria usado contra ele. Esse episódio traduz semelhança ao que nos acontece agora, quando algum fundamentalista emite perguntas capciosas, intentando colocar-nos contra a “palavra de Deus”.

Mt 21,23-27: Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram, e perguntaram: "Com que autoridade fazes tais coisas? Quem foi que te deu essa autoridade?" Jesus respondeu: "Eu também vou fazer uma pergunta para vocês. Se responderem, eu também direi a vocês com que autoridade faço isso. De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens?" Mas eles raciocinavam, pensando: "Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: 'Então, por que vocês não acreditaram em João?' Se respondemos que vinha dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideram João como um profeta." Eles então responderam a Jesus: "Não sabemos." E Jesus disse a eles: "Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas."

         A todo momento Jesus era questionado quanto à sua autoridade, ao que sempre respondia a altura dos seus interlocutores, deixando-os acuados perante suas próprias colocações. Diríamos, popularmente: “perderam uma ótima ocasião de ficarem calados”.

Mt 21,33-46: "Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha para alguns agricultores, e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos agricultores para receber os frutos. Os agricultores, porém, agarraram os empregados, bateram num, mataram outro, e apedrejaram o terceiro. O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu próprio filho, pensando: 'Eles vão respeitar o meu filho'. Os agricultores, porém, ao verem o filho, pensaram: 'Esse é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e tomar posse da sua herança'. Então agarraram o filho, o jogaram para fora da vinha, e o mataram. Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?" Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo". Então Jesus disse a eles: "Vocês nunca leram na Escritura: 'A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos'? Por isso eu lhes afirmo: o Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos. Quem cair sobre essa pedra, ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair, será esmagado". Os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. Procuraram prender Jesus, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.

         Constata-se, também, que Jesus não deixava por menos quando se defrontava com essa “raça de cobras venenosas”. Aqui, percebe-se, claramente, que a parábola é dirigida a eles, tal fato nitidamente percebido por todos, aumentando a raiva que nutriam de Jesus, aguardavam, assim, o momento propício para lhe darem o venenoso bote.

Mt 22,15-22: Então os fariseus se retiraram, e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Mandaram os seus discípulos, junto com alguns partidários de Herodes, para dizerem a Jesus: "Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e que ensinas de fato o caminho de Deus. Tu não dás preferência a ninguém, porque não levas em conta as aparências. Dize-nos, então, o que pensas: É lícito ou não é, pagar imposto a César?" Jesus percebeu a maldade deles, e disse: "Hipócritas! Por que vocês me tentam? Mostrem-me a moeda do imposto." Levaram então a ele a moeda. E Jesus perguntou: "De quem é a figura e inscrição nesta moeda?" Eles responderam: "É de César." Então Jesus disse: "Pois dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." Ouvindo isso, eles ficaram admirados. Deixaram Jesus, e foram embora.

         Nunca perderam uma oportunidade de colocar Jesus numa situação difícil, sendo isso cabalmente denotado nessa situação. Percebendo-lhes a segunda intenção, Jesus, sem meias palavras, diz: hipócritas! Não poucas vezes os chamou desse modo, apontando-lhes a falsidade.

Mt 22,23-33: Os saduceus afirmam que não existe ressurreição. Alguns deles se aproximaram de Jesus, e lhe propuseram este caso: "Mestre, Moisés disse: 'Se alguém morrer sem ter filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de que possam ter filhos em nome do irmão que morreu'. Pois bem, havia entre nós sete irmãos. O primeiro casou-se, e morreu sem ter filhos, deixando a mulher para seu irmão. Do mesmo modo aconteceu com o segundo e o terceiro, e assim com os sete. Depois de todos eles, morreu também a mulher. Na ressurreição, de qual dos sete ela será mulher? De fato, todos a tiveram." Jesus respondeu: "Vocês estão enganados, porque não conhecem as Escrituras, nem o poder de Deus. De fato, na ressurreição, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu. E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos." Ouvindo isso, as multidões ficaram impressionadas com o ensinamento de Jesus.

         A pergunta dos saduceus não tinha por objetivo esclarecer o assunto, mas, tão somente, constatar se Jesus possuía a capacidade de se explicar, já que, intimamente, acreditavam que não, por conseguinte, adveio o desejo de pegá-lo com suas próprias palavras.

Mt 22, 34-40: Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Jesus respondeu: "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos."

         Nem bem deixou os saduceus acuados, aparecem os fariseus pensando serem mais capazes que os primeiros. Assim, fizeram um novo questionamento a Jesus. Com certeza orgulhosos que eram, pensavam, intimamente, conduzirem Jesus àquilo que obstinadamente queriam: usar as palavras do Mestre para obterem um bom motivo de o matarem ou, na pior das hipóteses, confrontá-lo com o governo político.

Mt 22, 41-46: Os fariseus estavam reunidos, e Jesus lhes perguntou: "O que é que vocês acham do Messias? Ele é filho de quem?" Os fariseus responderam: "De Davi." Então Jesus disse: "Como é que Davi, pelo Espírito, o chama Senhor, quando afirma: 'O Senhor disse ao meu Senhor: sente-se à minha direita, até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés'? Se o próprio Davi o chama de Senhor, como ele pode ser seu filho?" E ninguém podia responder a Jesus uma só palavra. Desse dia em diante, ninguém mais se arriscou a fazer perguntas a Jesus.

Nessa passagem, verifica-se que Jesus é quem os indaga. Agindo sabiamente, coloca-lhes em uma situação embaraçosa. O feitiço virou contra o feiticeiro, diríamos. Enfrenta-os destemido, mesmo conhecendo suas reais intenções, mas não os deixava sem respostas às suas indagações, por mais difíceis que fossem.

Mt 23, 1-12. Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: "Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Vejam como eles usam faixas largas na testa e nos braços, e como põem na roupa longas franjas, com trechos da Escritura. Gostam dos lugares de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; gostam de ser cumprimentados nas praças públicas, e de que as pessoas os chamem mestre. Quanto a vocês, nunca se deixem chamar mestre, pois um só é o Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. Na terra, não chamem a ninguém Pai, pois um só é o Pai de vocês, aquele que está no céu. Não deixem que os outros chamem vocês líderes, pois um só é o Líder de vocês: o Messias. Pelo contrário, o maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado."

         Ao recomendar a todos que não agissem como os doutores da lei e fariseus, implicitamente, estava chamando-os de hipócritas, indubitavelmente. Jesus vai mais longe quando menciona que gostam de serem vistos, dos primeiros lugares, de serem destacados na multidão, deixando a descoberto todo orgulho que nutriam em seus corações. Podemos acrescentar que usavam a religião para esse fim, fato comum, também, nos dias de hoje, quando essa liderança religiosa que vemos por aí, busca na religião um veículo de satisfação de seus próprios interesses, ao invés de se preocuparem, efetivamente, com a salvação dos fiéis.
Mt 23, 13-36: "Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isso, vocês vão receber uma condenação mais severa. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês. Ai de vocês, guias cegos! Vocês dizem: 'Se alguém jura pelo Templo, não fica obrigado, mas se alguém jura pelo ouro do Templo, fica obrigado'. Irresponsáveis e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? Vocês dizem também: 'Se alguém jura pelo altar, não fica obrigado, mas se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado'. Cegos! O que vale mais: a oferta ou o altar que santifica a oferta? De fato, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês deveriam praticar isso, sem deixar aquilo. Guias cegos! Vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de desejos de roubo e cobiça. Fariseu cego! Limpe primeiro o copo por dentro, e assim o lado de fora também ficará limpo. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês constroem sepulcros para os profetas, e enfeitam os túmulos dos justos, e dizem: 'Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas'. Com isso, vocês confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas. Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês! Serpentes, raça de cobras venenosas! Como é que vocês poderiam escapar da condenação do inferno? É por isso que eu envio a vocês profetas, sábios e doutores: a uns vocês matarão e crucificarão, a outros torturarão nas sinagogas de vocês, e os perseguirão de cidade em cidade. Desse modo, virá sobre vocês todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que vocês assassinaram entre o santuário e o altar. Eu garanto a vocês: tudo isso acontecerá a essa geração".
         Essa é, talvez, a passagem em que mais Jesus chamou a liderança religiosa de hipócrita. Aqui, desnudou aqueles falsos líderes, demonstrando que realmente preocupavam-se tão somente com aquilo que pudesse satisfazer seus desejos, explorando, para isso, a fé do povo. Infelizmente, tal forma de proceder está presente nos “lideres” contemporâneos.

Mc 2, 1- 1. Alguns dias depois, Jesus entrou de novo na cidade de Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que Jesus estava em casa. E tanta gente se reuniu aí que já não havia lugar nem na frente da casa. E Jesus anunciava a palavra. Levaram então um paralítico, carregado por quatro homens. Mas eles não conseguiam chegar até Jesus, por causa da multidão. Então fizeram um buraco no teto, bem em cima do lugar onde Jesus estava, e pela abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os seus pecados estão perdoados." Ora, alguns doutores da Lei estavam aí sentados, e começaram a pensar: "Por que este homem fala assim? Ele está blasfemando! Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!" Jesus logo percebeu o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: "Por que vocês pensam assim? O que é mais fácil dizer ao paralítico: 'Os seus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levante-se, pegue a sua cama e ande?' Pois bem, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa." O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E todos ficaram muito admirados e louvaram a Deus dizendo: "Nunca vimos uma coisa assim!"

         Algumas vezes esses críticos não tinham coragem de externar suas idéias, mas, mesmo assim, no íntimo, o faziam. Jesus, conhecendo-lhes o pensamento, rebate essa crítica “mental” para não perder mais essa oportunidade de provar-lhes a incoerência de suas atitudes.

Mc 2, 15-17: Mais tarde, Jesus estava comendo na casa de Levi. Havia vários cobradores de impostos e pecadores na mesa com Jesus e seus discípulos; com efeito, eram muitos os que o seguiam. Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: "Por que Jesus come e bebe junto com cobradores de impostos e pecadores?" Jesus ouviu e respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores".

         Mas não havia nada que Jesus fizesse que agradasse essa liderança religiosa, tudo quanto fazia era motivo de críticas. Qualquer relação com o Espiritismo, não é mera coincidência: a liderança de hoje deve ser a de ontem reencarnada.

Mc 2, 18-22: Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam fazendo jejum. Então alguns perguntaram a Jesus: "Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus fazem jejum e os teus discípulos não fazem?" Jesus respondeu: "Vocês acham que os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está presente, os convidados não podem fazer jejum. Mas vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia eles vão jejuar. Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano e o rasgo fica maior ainda. Ninguém coloca vinho novo em barris velhos; porque o vinho novo arrebenta os barris velhos, e o vinho e os barris se perdem. Por isso, vinho novo deve ser colocado em barris novos".

         O apego às determinações de Moisés também era um dos motivos pelos quais eles não deixavam de criticar as atitudes de Jesus, já que o Mestre não parecia muito disposto a seguir ao pé da letra tais recomendações. Podemos extrair da sua resposta podemos entender que Jesus claramente sobrepõe seus ensinamentos aos de Moisés, todavia, apesar disso ser tão óbvio, a liderança religiosa finge não ver. Para ela é interessante manter também a legislação anterior, pois é desta a premissa de que só se salvará aquele fiel que, pontualmente, pagar o dízimo.

Lc 16, 14-15: Os fariseus, que são amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus. Então Jesus disse para eles: "Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.

         Mais uma vez, Jesus ressalta a hipocrisia dos fariseus. Assim como ocorria àquela época, a liderança religiosa atual caçoa daqueles que vêm justamente tentar restaurar os verdadeiros ensinamentos de Jesus mediante o Espiritismo.

Lc 19, 37-40: Quando Jesus estava junto à descida do monte das Oliveiras, toda a multidão de discípulos começaram, alegres, a louvar a Deus em voz alta, por todos os milagres que tinham visto. E dizia: "Bendito seja aquele que vem como Rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto do céu." No meio da multidão, alguns fariseus disseram a Jesus: "Mestre, manda que teus discípulos se calem." Jesus respondeu: "Eu digo a vocês: se eles se calarem, as pedras gritarão."

         Nota-se que até mesmo o fato de Jesus ter sido aclamado pelos seus discípulos incomodava os fariseus. Mas não ficaram sem resposta, já que esse é o estilo do Mestre, que perfeitamente estamos identificando ao longo desse estudo.

         Aqui, terminamos as passagens em que Jesus responde a todas as críticas dos seus opositores, sem que deixasse pelo menos uma sem a devida resposta. Não os poupou ao chamá-los de hipócritas, raça de víboras, entre outras denominações. Entretanto, agora vamos apresentar uma atitude ainda mais enérgica de Jesus, a qual demonstra, perfeitamente, que ele não agia como um manso cordeirinho, conforme querem que pensemos, vejamos:

Mt 21, 12-13: Jesus entrou no Templo, e expulsou todos os que vendiam e compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. E disse: "Está nas Escrituras: 'Minha casa será chamada casa de oração'. No entanto, vocês fizeram dela uma toca de ladrões."

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            Nesse ponto, mais energicamente, ainda, agiu Jesus ao expulsar do Templo os cambistas e todos que estavam ali a vender, levando-nos a concluir que ele não era tão manso assim como querem pintá-lo. Acaba por insinuar que eram todos eles ladrões na toca.

            Bom até agora somente apontamos passagens demonstrando que Jesus não cultivava o silêncio. Alguém poderia nos perguntar: “será que você não está distorcendo os fatos, considerando que, possivelmente, em algum momento, ele tenha mesmo silenciado?” A resposta é negativa: a verdade joga por terra toda essa idéia que nos passaram, ou seja, de um Mestre sem personalidade, pois, para nós, quem age tão mansamente assim é desprovido dessa característica. Vejamos então esta passagem:
Mt 27,1-2.11-14: De manhã cedo, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para o condenarem à morte. Eles o amarraram e o levaram, e o entregaram a Pilatos, o governador. Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus declarou: "É você que está dizendo isso." E nada respondeu quando foi acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou vivamente impressionado.

         Está aí a única passagem em que Jesus nada respondeu. Foi exatamente aquela em que os chefes dos sacerdotes e anciões o acusaram diante de Pilatos. Mas isso se justifica, pois consciente de seu destino, simplesmente entregou-se a ele. Pensamos que, se tivesse resistido, teria sido solto, obviamente, assim, se sua missão era morrer na cruz, esse fato não deveria ocorrer.

Conclusão

A conclusão obtida nesse estudo é a seguinte: devemos sim contestar todas as críticas e acusações que fazem ao Espiritismo, atitude perfeitamente compatível com a de Jesus.

Mas, para que não fiquemos adstritos apenas a uma opinião pessoal, vejamos o que o confrade Divaldo P. Franco, disse há tempos, especificamente em 17/06/2001, quando, ao comparecer no programa “Espiritismo Via Satélite”, pela Rede Visão, fizemos-lhe esta pergunta:

Divaldo, considerando que Kardec no Projeto 1868, sugere que entre as atribuições da Comissão Central, a ser criada para coordenar o movimento espírita, estaria a refutação dos ataques ao Espiritismo. Presumimos que os Espíritos Superiores concordaram com essa recomendação de Kardec. Assim lhe perguntamos: será que hoje os Espíritos não concordam com isso, ou seja, que não devemos refutar os ataques à Doutrina Espírita ou isso é coisa dos Espíritas?
Cuja resposta foi:

 “Naturalmente devemos refutar. Mas refutar numa linguagem nobre. O difícil é encontrar as pessoas que possuam condições para enfrentar esses debates sem descerem aos níveis infelizes dos agressores. A nossa imprensa Espírita, na medida do possível, através de homens e mulheres admiráveis, tem refutado as agressões que o Espiritismo vem sofrendo”.


 “Ainda há pouco lemos aqui, na Internet, a Rede Visão refutando agressões muito dolorosas, desonestas e não autenticas veiculadas por uma revista protestante que a espalhou por todo o mundo. Espíritas de diferentes países receberam essa revista, inclusive na Bélgica e na Itália, na qual está exarado um ataque muito grosseiro à reencarnação, sem qualquer fundamento, porque toda a documentação é adulterada e direcionada e, no entanto aqui a Rede Visão, através da Internet como pode ser lida, está enfrentando. E o vem fazendo com muita assiduidade. Nós devemos sim refutar todas as agressões à Doutrina nobre, mas nunca descermos ao baixo nível dos nossos agressores”.

Esse e-mail do qual falamos no início, foi providencial e sinceramente já agradecemos ao autor por nos tê-lo enviado, pois ele foi motivo de estudo e reflexão de nossa parte. Se, antes, tínhamos alguma dúvida em relação à defesa da Doutrina Espírita, embora saibamos que o próprio Kardec não deixou por menos, fato que parece ser ignorado pela maioria dos Espíritas, agora não temos mais, pois enganaram-se os que pensam que Jesus ficou o tempo todo calado e é por ele que nos esforçamos, tentando seguir o seu exemplo.

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