domingo, 5 de maio de 2013
O que contamina o homem
“Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e depois é lançado em lugar escuso? Mas o que sai da boca, vem do coração e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias”. “Mt 15: 17-18)”.
Jesus repreendera fariseus e escribas a respei¬to da formalidade de lavar as mãos antes das refeições como um pre¬ceito religioso, em vez de sanitário, porque, para Ele, pureza ou impureza provinha do íntimo das pessoas e não de cultos externos, ensinando que o mal não está na natureza das coisas e sim no coração humano.
Tenhamos cuidado com o destempero de nossas palavras. Uma frase dita com ressentimento pode destruir.
O que vem do coração verdadeiramente contamina o homem. Todo pensamento criado pelo espírito, antes de atingir o alvo, atravessa a atmosfera espiritual de quem o emite.
Pensemos duas vezes antes de proferi-la. O desequilíbrio de nossas palavras pode provocar verdadeiras tragédias que mais cedo ou mais tarde voltar-se-ão contra nós mesmos.
Se estamos ressentidos, magoados ou aborrecidos com alguém, tenhamos prudência de silenciar nosso desequilíbrio interno. Se não estamos em condições de harmonizar-nos internamente, tenhamos o controle do silêncio. Calar diante de um ataque denota sabedoria.
Alexandre Dumas gostava de dizer: “que para cada mal há dois remédios: o tempo e o silêncio”.
Se soubermos silenciar no momento certo, talvez amanhã nosso ressentimento estará superado.
Emmanuel nos aconselha a colocar um pouco de água na boca e não engoli-la diante do adversário abusado. Quando estivermos a ponto de explodir diante de um antagonista, ao invés do revide, providenciemos imediatamente um pouco d’água conservando-a na boca.
O silêncio é uma grande força que podemos lançar mão quando estamos prestes a ofender e magoar as pessoas. É uma força interna que poucos sabem usar.
Se tivermos força suficiente para silenciarmos após iniciada uma discussão, sentiremos toda a grandeza de nossa ação.
O simbolismo de nascermos com dois ouvidos e apenas uma boca nos diz da necessidade de ouvirmos mais e falarmos menos. Diz a sabedoria popular que se a “palavra é de prata, o silêncio é de ouro”. Nesta afirmação está contida a sabedoria de milênios da evolução humana. Façamos dela nosso lema de vida.
Jesus também assim nos ensinou: “Ouvi e entendei: Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem”.(Mt 15:10-11)
Jesus sempre se colocou moralidade e ética acima dos preceitos da lei, apesar de ter dito que não viera destruí-la.
Em Lucas, encontramos: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o mau do mau tesouro do seu coração tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”.
O mal nasce no nosso íntimo e depois se concretiza em atos. Com os maus pensamentos surgem os raciocínios maldosos que geram homicídios, adultérios, furtos, prostituição, más palavras, falsos testemunhos, blasfêmias e calúnias.
“São estas coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar mãos não o contamina”.
A base desses ensinos é que sem a Reforma Ínti¬ma, jamais conseguiremos purificar nossos corações. E sem coração purificado, jamais sairão da nossa boca coisas que honrem e elevem a nossa alma.
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Esopo e a Língua
Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:
Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está à venda no mercado.
Como? - perguntou o amo surpreso - Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?
Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos, voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para explicar-se.
Meu amo, não vos enganei - retrucou Esopo. - A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?
Boa, meu caro - retrucou o amo. - Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?
É perfeitamente possível, senhor. E com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda Terra.
Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote, semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, o amo encontrou novamente pedaços de língua.
Desapontado, interrogou o escravo, e obteve dele surpreendente resposta:
Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? - indagou Esopo.
Impressionado com a inteligência invulgar do serviçal, o senhor calou-se, comovido, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade, que Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antigüidade, e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.
Clareia e adoça tua palavra, para que o teu verbo não acuse nem fira, ainda mesmo na hora da consagração da verdade. Fala pouco. Pensa muito. Sobretudo, faça o bem. A palavra sem ação não esclarece a ninguém.
Bibliografia
(Resumo do texto com mesmo título, do Livro Rabboni -Sergito Souza Cavalcanti).
12.03.2006/ECS
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