sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO



"O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual movido pelo gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo"
(Mateus, XIII, 44-46)
1 - CAIRBAR SCHUTEL
O homem tem resumido a sua tarefa na Terra a procurar "tesouros", e achar tesouros, a esconder tesouros, a vender o que possui para comprar campos que tenham tesouros. Assim tem acontecido, assim está acontecendo.
Para que trabalha o homem na Terra? Para que estuda? Para que luta, a ponto de matar o seu semelhante? Para possuir tesouros!
Jesus, sabendo dos artifícios que o homem emprega na conquista dos tesouros, fez do "tesouro escondido" uma parábola, comparando-o ao Reino dos Céus; fê-lo, naturalmente, para que os que recebessem esses conhecimentos, também empregassem todo o seu talento, todos os seus esforços, todo o seu trabalho, toda a sua atividade, todos os seus sacrifícios na conquista deste outro "tesouro", ao qual ele chamou imperecível, lembrando que "a traça e a ferrugem não o corrompem, e os ladrões não o roubam".
O Reino dos Céus é um tesouro oculto ao mundo, porque os grandes, os nobres, os guias e os chefes de seitas religiosas não querem fazê-lo aparecer à Humanidade. Mas, graças à Revolução, aos ensinos espíritas, aos Espíritos do Senhor, hoje é muito fácil ao homem achar esse tesouro. Mais difícil lhe pode ser, "vender o que tem e comprar o campo", isto é, desembaraçar-se das suas velhas crenças, do egoísmo, do preconceito, do amor aos bens terrestres, para possuir os bens celestes.
Materializado como está, o homem prefere sempre os bens aparentes e perecíveis, porque os considera positivos; os bens reais e imperecíveis ele os julga abstratos. A Parábola do Tesouro escondido é significativa e digna de meditação: o homem terreno morre e fica sem seus bens; o homem espiritual permanece para a vida eterna e o tesouro do Céu, que ele adquiriu é de sua posse permanente.
CAIRBAR SCHUTEL
2 - RODOLFO CALLIGARIS
Nesta parábola tão singela quão expressiva, Jesus compara o reino dos céus a "um tesouro oculto no campo" dizendo que aquele que tem a ventura de achá-los, é tomado de tal gozo que não titubeia em dispor de todos os seus haveres para adquiri-las.
Esse tesouro, é bem de ver-se, não é senão a alma humana. "O reino dos céus está dentro de vós", dissera de outra feita o Divino Mestre, deixando bem claro que o reino celestial significa, não um lugar no espaço, mas algo que se verifica no íntimo de cada um.
Geralmente, procura o homem edificar a felicidade sobre as posses materiais, a ascendência social, a fama ou a saúde, mas estas coisas são precárias e incertas, pois podem durar, no máximo, uma existência, enquanto um terremoto, uma enchente, um incêndio, os azares da fortuna, uns micróbios em seu sangue ou determinado humor em seus fluidos orgânicos não as arruinarem por completo.
Jazem ocultas, a milhões de criaturas, coisas mais belas e grandiosas: os bens espirituais, que são, aliás, os únicos valores reais e duradouros, ante os quais aquilo tudo pouco ou quase nada importa.
Possuir esses bens espirituais, as virtudes cristãs, é conquistar o reino dos céus, porque o conhecimento e o amor de Deus nos fazem desfrutar tal estado de paz e de alegria que nada e ninguém conseguirá destruir ou perturbar.
Por isso, como diz a parábola, quando alguém "descobre" no campo de si mesmo esse tesouro de tão subido valor, que é a própria alma, e a sabe imortal, e fadada a alcançar o mais excelso destino: sua integração à única Realidade Absoluta - Deus! - todas as ilusões da materialidade, todas as gloríolas do mundo, e até mesmo o bem-estar do corpo fíísico, se tornam de somenos importância.

Então, cheio de júbilo, sabendo que a felicidade 
verdadeira depende, não daquilo que se tem, mas daquilo que se é, vai "vender tudo o que possui", isto é, desprender-se das pseudo-propriedades e distinções terrenas, para cuidar precipuamente do enriquecimento de sua Consciência Espiritual, a mais preciosa das pérolas, cuja posse vale o sacrifício de todos os bens de menos valor, de tudo aquilo que considerava importante e valioso em sua vida.
Não se entenda, o que seria errôneo, que a posse dos valores espirituais seja incompatível coma posse das coisas materiais. Não.
O que se quer salientar é que para o nosso progresso espiritual faz-se mister vivermos mais intensa e sinceramente em função dos ideais superiores, dedicando-Ihes maior atenção do que às aquisições materiais, que devem consstituir-se apenas um meio de realizarmos os nossos objetivos, e não um fim em si mesmo.
Quem se disponha a assim proceder, sobrepondo os interesses da alma a quaisquer outros, não deve temer que lhe venha a faltar o necessário à subsistência, porquanto Jesus nos assevera, no seu Evangelho, que, "se buscarmos primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, todas as outras coisas nos serão dadas de acréscimo".
Rodolfo Calligaris

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