domingo, 11 de maio de 2014

Muitas Moradas na Casa do Pai

Muitas Moradas na Casa do Pai

Na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fosse eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar. (João, 14: 2)

Na casa de meu Pai há muitas moradas… – A casa do Pai é todo o Universo. As várias moradas são as infinitas possibilidades evolutivas em que se encontram todos os seres criados. Assim, há mundos onde a perfeição é estado natural, como há outros dando os primeiros passos na escala evolucional. Na casa do Pai há muitas moradas.

Quando Jesus diz meu Pai, Ele nos fala do Pai no Seu modo superior de entender. Como Ele, Jesus, tem maior alcance de compreensão, pode ver muito mais do que qualquer um de nós a infinidade dessas moradas, pois o que é maior pode mais do que o menor. É esta visão plena que Ele quer dar a Seus discípulos; como estes – ou nós mesmos – não têm a possibilidade de compreendê-Lo totalmente, Ele faz uma adequação chamando Deus de Pai e todos esses estados em que se pode encontrar um espírito de moradas.

Desse modo, Ele fala dos bilhões e bilhões de estrelas existentes no Cosmos, como dos vários planos extrafísicos de nosso pequenino globo, como também do estado íntimo em que cada um de nós se encontra. É o micro e o macro se fazendo um.

…porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram…1

…se assim não fosse eu vos teria dito… – A missão maior de Jesus é a de educar. Ele é o Mestre por excelência, o Educador maior da humanidade.
Deste modo, Ele não pode, de maneira nenhuma, divulgar algo falso ou usar a palavra para ensinar inverdades. Se assim não fosse eu vos teria dito…, ou seja, “Eu tenho um compromisso com a verdade, e se fosse de outro modo é disto que eu estaria vos falando”.
Assim, é preciso compreender que Jesus jamais deixou de atender às expectativas daqueles que creem ou creram Nele no que diz respeito às revelações. Se ainda não vemos em Suas palavras toda a Verdade Universal, é porque nem sempre as compreendemos como deveríamos, isto é, falta-nos a envergadura espiritual para entendê-Lo em espírito e verdade. O próprio Kardec já dizia:
Se o Cristo não pôde desenvolver o seu ensino de maneira completa, é porque faltavam aos homens conhecimentos que eles só poderiam adquirir com o tempo, e sem os quais não o compreenderiam; há muitas coisas que teriam parecido absurdas no estado dos conhecimentos de então. Completar o seu ensino deve entender-se no sentido de explicar e desenvolver, não no de ajuntar-lhe verdades novas, porque tudo nele se encontra em estado de gérmen, faltando-lhe só a chave para se apreender o sentido das palavras.2 (Grifo nosso.)
Portanto, a lei da evolução, conforme ensinam os espíritos na Codificação Espírita em harmonia com o que ensinou Jesus em seu Evangelho, é um desdobramento da Lei Maior da Vida, se assim não fosse Ele nos teria dito.

…pois vou preparar-vos um lugar. – Este dizer do Senhor é daqueles que, por terem sido mal compreendidos, gerou a ilusão de um Reino localizado geograficamente em algum lugar no espaço. É preciso aprofundar o ensinamento, tirar o sentido espiritual das palavras do Mestre. A verdade, na maioria das vezes, está no que não se vê.
Neste plano em que vivemos, onde existe uma desarmonia aparente, há lugares em que existe paz; outros em que vige a guerra; uns onde predomina o ódio; outros o amor. Assim, na atualidade de nosso entendimento, é possível situar o “Céu” em algum lugar do espaço, do mesmo modo que existem mundos felizes e outros infelizes. Porém, a conquista definitiva do “Céu” é conquista íntima, e cada um de nós a realizará por si mesmo. Quando tal conquista estiver efetivada em nós mesmos, onde quer que estejamos ela estará conosco. Para muitos, a Terra é um vale de sombras, para Jesus ela foi sempre um ambiente de Harmonia com o Criador, pois Ele está num estado maior de espiritualidade sempre equilibrado com a Verdade Universal.
Dizendo deste modo, pois vou preparar-vos um lugar, Jesus nos fala da importância de ir, deixando Seus discípulos no mundo, para que eles, fazendo uso do que aprenderam, pudessem por si mesmos conquistar efetivamente o Reino pela vivência do Evangelho. O Rabi nos fala de um lugar, e não de “o lugar”, confirmando o que dissemos que não existe um local fixo denominado Reino dos Céus, mas que, em qualquer lugar onde estejamos, se estivermos em conexão com as Leis Imutáveis, estaremos no lugar preparado que sempre foi nosso desde o princípio dos tempos.

(Extraído do livro "O Sermão do Cenáculo")


1 Atos, 17:28.
2 A Gênese, cap. I, item 28.

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