sexta-feira, 17 de junho de 2016

O Perdão- Segundo a Doutrina Espírita


 O Perdão- Segundo a Doutrina Espírita




Quantas vezes perdoarei ao meu irmão? Perdoá-lo-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete. Eis um desses ensinos de Jesus que devem calar em vossa inteligência e falar bem alto ao vosso coração. Comparai essas palavras misericordiosas com a oração tão simples, tão resumida, e ao mesmo tempo tão grande nas suas aspirações, que Jesus ensinou aos discípulos, e encontrareis sempre o mesmo pensamento. Jesus, o justo por excelência, responde a Pedro: Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias, serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?
  Ouvi, pois essa resposta de Jesus, e como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai a indulgência, sede caridosos, generosos, e até mesmo pródigos no vosso amor. Daí, porque o Senhor vos dará; abaixai-vos, que o Senhor vos levantará; humilhai-vos, que o Senhor vos fará sentar à sua direita.
Ide, meus bem-amados, estudai e comentai essas palavras que vos dirijo, da parte daquele que, do alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhos voltados para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoai, pois, os vossos irmãos, como tendes necessidade de ser perdoados. Se os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a mais para serdes indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal, e não haveria nenhum em passar por alto os erros de vossos irmãos, se estes apenas vos incomodassem de leve.
Espíritas, não vos olvideis de que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve afastar-se dele, nem mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo.
Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias tendes grande necessidade de indulgência? Oh, infeliz daquele que diz: Eu jamais perdoarei, porque pronuncia a sua própria condenação! Quem sabe se, mergulhando em vós mesmos, não descobrireis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por um simples aborrecimento e acaba pela desavença, não fostes vós a dar o primeiro golpe? Se não vos escapou uma palavra ferina? Se usaste de toda a moderação necessária? Sem dúvida o vosso adversário está errado ao se mostrar tão suscetível, mas essa é ainda uma razão para serdes indulgentes, e para não merecer ele a vossa reprovação. Admitamos que fosseis realmente o ofendido, em certa circunstância. Quem sabe se não envenenastes o caso com represálias, fazendo degenerar numa disputa grave aquilo que facilmente poderia cair no esquecimento? Se dependeu de vós impedir as conseqüências, e não o fizestes, sois realmente culpado. Admitamos ainda que nada tendes a reprovar na vossa conduta, e, nesse caso, maior o vosso mérito, se vos mostrardes clemente.
 Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitos dizem do adversário: “Eu o perdôo”, enquanto que, interiormente, experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem merecido. Quantos dizem: “Perdôo”, e acrescentam: “mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida”! É esse o perdão segundo o Evangelho? Não. O verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado. É o único que vos será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências: sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos, e não se satisfaz com palavras e simples fingimentos. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade. Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais que pelas palavras.
O Universo é harmonia, e qualquer pensamento, palavra ou ação desarmônica produz um desajuste que terá que ser reparado, mais cedo ou mais tarde.
Tudo no Universo é harmonia. Analise a precisão dos dias e das noites, as órbitas dos planetas, a perfeição do sistema solar, que é um grão de areia na imensidão do cosmos. Tudo é harmônico, perfeito, íntegro. Por isso o Bem sempre prospera. O Mal é desarmonia, e terá que se reajustar, inevitavelmente. O perdão está de acordo as Leis de Deus, está de acordo com a harmonia cósmica. Enquanto você não perdoa, fica ligado ao erro, à ofensa recebida.
Perdoar é desligar.
Desligue-se. Perdoe. A palavra perdão não é usada nos textos mais antigos do evangelho. No texto grego do primeiro século há a palavra aphiemi, significando, justamente, desligar. A palavra perdoar vem do Latim perdonare; dar plenamente, doar totalmente. Perdoar é desligar-se, libertar-se, livrar-se. É isso que se deve fazer em relação às situações que nos ofenderam.
Deligar se do mal que lhe foi feito, destar as amarras que te prende da pessoa ou a situação que levou a injúria.
Alimentar estes sentimentos adoece a alma e o corpo. Muitas doenças poderiam ser evitadas se o corpo e a alma não estivesse envenenado pelo mal. Oveneno que estes sentimentos presos e sobrecarregando seu dia a dia lhe produz faz mais mal que um cancêr.
 Se você observar com frieza, talvez perceba que não há nada a ser perdoado na pessoa que produziu a ofensa. Ela é humana como você, é espírito imortal como você, é sujeita a erros e acertos como você. Se há algo a ser perdoado é a situação que foi gerada, não a pessoa que gerou a situação. Todos somos parceiros de jornada, irmãos de caminhada evolutiva. A situação criada é que foi ruim, e você deve desligar-se dela.
As pessoas que foram causadoras das ofensas que recebemos são falíveis como nós. Também estão neste planeta de aprendizado. Entre bilhões de mundos habitados, dividem conosco este cisco espacial chamado planeta Terra. Não é à toa que cruzaram nosso caminho. Somos instrumentos de aprendizado uns dos outros. E só não aprendemos se não quisermos, só não aproveitamos as oportunidades de aprendizado se ficarmos presos a picuinhas infames.
Perdoar a si mesmo é mais urgente que perdoar ao próximo. Se você não perdoar a si mesmo, como vai ter condições de perdoar a quem quer que seja? Se não perdoar seus próprios erros, suas próprias faltas, como conseguirá perdoar os erros e faltas alheias? Perdoe primeiro a si mesmo, logo, urgentemente, se possível ainda hoje, pois ninguém merece viver carregando culpas velhas de erros cometidos no passado. Não faça essa injustiça consigo mesmo, perdoe-se!

O sentimento de culpa age como autopunição, mas a autopunição só é válida quando lhe faz querer reparar o mal cometido. Para chegar a esse ponto, você deve passar pelo estágio do remorso, que é o reconhecimento do mal realizado e consequente sofrimento; e do arrependimento, que é a ânsia de reparar ou compensar o mal que foi causado por você. Se você já passou desse ponto, a autopunição não tem mais serventia para você. É um peso morto. Se você não chegou a arrepender-se, não acha que seja necessário reparar ou compensar o mal que causou, talvez esteja entrando ou já entrou num processo de vitimização e autopiedade. Reconheça seus erros, levando em conta que muitas vezes erramos tentando fazer o que nos parece melhor em determinadas circunstâncias.

Reconheça seus erros, reveja os sentimentos e valores que o levaram a cometer deslizes e adotar comportamentos errados, abra-se consigo mesmo. Você certamente já se deu conta disso, mas não custa perguntar: Você já se deu conta de que você mesmo é sua única companhia obrigatória? Que você vai acompanhar você para o resto dessa vida e para além dela, para sempre? Você já percebeu que você está com você em todos os momentos da sua vida, bons e maus, aproveitando os benefícios e sofrendo os malefícios? Se importe mais consigo mesmo. Respeite mais a si mesmo. E, acima de tudo, seja seu melhor amigo! Abra-se consigo mesmo, conte de seus velhos medos, de suas vergonhas, fraquezas que só você conhece. Cure essas feridas, seja amoroso consigo. Você precisa de você.

Perdoe-se! Faça as pazes com você, e comece já a mudar seu padrão de pensamentos e sentimentos. Controle seus pensamentos, eles são determinantes para o que você faz de você. Ame mais, comece por amar a você mesmo. Se não amar a você, como vai amar a seu próximo? Devemos amar o próximo como a nós mesmos, e devemos amar muito ao nosso próximo. Isso quer dizer que você deve amar-se muito, muito mesmo. Devemos perdoar ao próximo: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.” A quem você acha que está pedindo para perdoar as suas ofensas do mesmo modo que você perdoa a quem o ofendeu? Quem você acha que julga seus erros e ofensas? Deus? Não, Deus não julga, essa parte compete a nós mesmos, manifestações de Deus que somos.

Somos nós que nos julgamos, somos nós que nos condenamos e somos nós que na maioria das vezes nos esquecemos de nós mesmos no fundo do cárcere da autopunição. Depois de já ter cumprido a pena a que inconscientemente nos impomos, ficamos esquecidos na masmorra suja do remorso inútil esperando por nossa própria clemência. Então tenha consideração por você mesmo, reveja seus conceitos, tome mais cuidado com suas atitudes para com você mesmo e para com o próximo. Acima de tudo, seja um vigilante atento dos seus pensamentos. Conduza seus pensamentos para o lado positivo das coisas, pois tudo na vida tem seu lado bom, quando queremos vê-lo. É muito importante que você perdoe ao próximo. Na verdade, é imprescindível. Mas antes disso, perdoe a si mesmo.



ORAÇÃO DO PERDÃO
“A partir deste momento, eu perdôo todas as pessoas que de alguma forma me ofenderam, me injuriaram, me prejudicaram ou me causaram dificuldades desnecessárias. Perdôo, sinceramente, quem me rejeitou, me odiou,
me abandonou, me traiu, me ridicularizou, me humilhou, me amedrontou, me iludiu.
Perdôo, especialmente, quem me provocou até que eu perdesse a paciência e
reagisse violentamente, para depois me fazer sentir vergonha, remorso e culpa
inadequada. Reconheço, que também fui responsável pelas agressões que recebi,
pois várias vezes confiei em pessoas negativas e permitir que descarregassem
sobre mim seu mau caráter. Mas agora estou livre da necessidade compulsiva de
sofrer e livre da obrigação de conviver com pessoas e ambientes negativos.
Inicio agora uma nova etapa de minha vida, em companhia de gente amiga, sadia e
competente que querem compartilhar sentimentos nobres, enquanto trabalhamos pelo
progresso de todos nós. Jamais voltarei a me queixar, falando sobre mágoas e
pessoas negativas. Se por acaso pensar nelas, lembrarei que já estão perdoadas e
descartadas de minha vida definitivamente. Agradeço pelas dificuldades que essas
pessoas me causaram, pois isso me ajudou a evoluir espiritualmente. Quando me
lembrar das pessoas que me fizeram sofrer, procurarei valorizar suas boas
qualidades e pedirei ao Criador que as perdoe, pois também são filhas de
Deus.
Perdôo também a todas as pessoas que rejeitaram o meu amor e minhas boas intenções, pois reconheço que é um direito que assiste a cada um de não me
corresponder e me afastar de suas vidas. E agora, sinceramente, peço perdão a
todas as pessoas a quem, de alguma forma, consciente e inconscientemente, eu
ofendi, injuriei, prejudiquei ou desagradei.Analisando e fazendo julgamento de
tudo que realizei ao longo de toda a minha vida, vejo que o valor das minhas
boas ações é suficiente para pagar todas as minhas dívidas e resgatar todas as
minhas culpas, deixando um saldo positivo a meu favor. Sinto-me em paz com minha
consciência e de cabeça erguida envio uma corrente de energia destinada ao Eu
Superior (respire fundo e imagine-se sendo coberto(a) por uma luz branca que vem
do alto). E peço ao meu Eu Superior orientação, proteção e ajuda para a
realização, em ritmo acelerado, de um projeto muito importante que estou
mentalizando agora e para o qual já estou trabalhando com dedicação e amor (Peça
algo importante para a cura da sua alma). Agradeço de todo o coração, a todas as
pessoas que me ajudaram e comprometo-me a retribuir trabalhando para o bem do
próximo, atuando como agente catalisador do entusiasmo, prosperidade e
auto-realização na minha vida e do próximo. Tudo farei em harmonia com as leis
da natureza e com a permissão do nosso Criador, Eterno, Infinito, Indescritível,
o único poder real que atua dentro e fora de mim. Assim seja, e assim  será para o bem de todos".

Wal Oliveira

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