Reflexão Doutrinária: Espírito Santo e Espírito de Verdade
P- Qual o significado de Espírito Santo e Espírito da Verdade ou Espírito de Verdade na visão Espírita? São a mesma coisa, têm o mesmo significado?
R- Espírito Santo e Espírito de Verdade não são a mesma coisa e têm significados distintos.
Espírito Santo é a plêiade (conjunto) de Espíritos santificados no Senhor que promovem a implantação do Cristianismo na Terra. Emmanuel, no livro Paulo e Estevão afirma ainda: “Ninguém deverá ignorar que Espírito Santo designa a legião dos Espíritos Santificados na luz e no amor, que cooperam com o Cristo desde os primeiros tempos da Humanidade.”
Embora as controvérsias dentro do meio espírita, não temos dúvidas de que o Espírito da Verdade, ou Espírito de Verdade é Jesus, o Cristo de Deus. A assinatura registrada nos itens 5 a 8 das Instruções dos Espíritos copiladas no Capítulo VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, pelo Codificador Allan Kardec, é Espírito de Verdade. Sua manifestação em toda a obra da Codificação dá cumprimento à sua promessa: ” O Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” João 14: 17 e 26. Na Doutrina Espírita encontramos explicações mais abrangentes sobre Seus ensinamentos de Amor e Redenção Espiritual.
O Consolador ou Santo Espírito em “meu nome” diz respeito à falange de trabalhadores escalados para a implantação do Consolador Prometido: A Doutrina Espírita.
Para que você mesmo tire suas conclusões confira abaixo o parecer dos luminares, Os Santos Espíritos que compuseram a Equipe da Codificação, fazendo realidade o Advento do Consolador Prometido por Jesus.
O ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE
“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece…” João 14: 15-17 /ESE VI – O Cristo Consolador item -3.
Esse versículo do capítulo 14 do Evangelho de João expõe claramente a análise de Jesus quanto ao pouco entendimento de suas idéias à época de sua peregrinação na Galiléia. Explicita sua promessa de fundamentar a Verdade de sua Doutrina e a ignorância do mundo que “não o vê e nem o conhece.” A causa dessa ignorância, provavelmente a infância espiritual da Humanidade de há 2000 anos. A declaração “ O Espírito de Verdade” provavelmente, a pista para sua identificação no futuro.
Como que dando continuidade à promessa registrada no citado capítulo do Evangelho de João, encontramos no item 5, do Capítulo VI de o Evangelho Segundo o Espiritismo, inspiradamente denominado “O Cristo Consolador” no quadro: Instruções dos Espíritos, com o subtítulo “O Advento do Espírito de Verdade”, quatro mensagens psicografadas respectivamente em Paris, (uma de 1860, outra de 1861), em Bordéus em 1861 e em Havre em 1863. Quatro páginas de estilo e consistência imbatíveis quanto à lógica, aos ensinamentos, à didática e expressão do Mestre Galileu. Em todas elas o comunicante fala na primeira pessoa. Não sugere, leva à reflexão. Registra o chamamento do Cristo às “ovelhas perdidas da Casa de Israel – a Humanidade em degredo no Planeta – “Vinde a mim. Todos que sofreis!”
Reforça que vem ensinar e consolar (como no passado) os pobres deserdados. Conclama ao recomeço “da jornada da véspera”. Retoma o Sermão do Monte em sua promessa de apoio aos abnegados na rota da redenção espiritual quando preceitua: “ aqueles que carregam seus fardos e que assistem seus irmãos são meus bem-amados”.
Declara-se, novamente, como “o grande médico das almas”, renovando as esperanças da Humanidade sofredora no “Deus que consola os humildes e dá forças aos aflitos”.
O primeiro parágrafo do item 5 é incisivo: ““Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. (…) E na sequência mostra a que veio: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. (…)” ESE –VI O Cristo Consolador item 5 /O Espírito de Verdade – Paris, 1861
IDENTIDADE PROFÉTICA DA DOUTRINA ESPÍRITA
A identidade profética da Doutrina Espírita permeia o histórico da conexão entre o plano físico e o espiritual. No Antigo Testamento da Bíblia encontramos as profecias relativas ao momento da Transição Planetária em que as Estrelas do Céu ( os Espíritos do Senhor, são destacados como exércitos para uma abordagem programada pela Espiritualidade ). Entre tantas citações confira:
“Depois disso … Vossos filhos e as vossas filhas profetizarão”… Joel 2:28 – O fluxo dos fenômenos mediúnicos que tomou conta no século das luzes, anunciando os novos tempos e ao mesmo tempo chamando a atenção de estudiosos como O Prof Rivail, que viria a ser o codificador Allan Kardec. Agora, neste momento de Transição Planetária a mediunidade desponta, de forma intensa e ostensiva, como fatalidade evolutiva, chamando as criaturas a novos rumos.
“…Virão dias, diz o Senhor, em que eu farei nova aliança com a casa de Israel (…) todos me conhecerão”... Jeremias 31: 31- 33 – A aliança entre Deus, Cristo e Caridade com todos os peregrinos da jornada evolutiva.
E no Novo Testamento a confirmação dessa intenção de esclarecimento e veiculação da Verdade que aclara os caminhos e redime as almas:
“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará, em meu nome vos ensinará todas as coisas que vos tenho dito. “ João 14: 26
“(…) Quando ele vier, o Espírito de Verdade, vos guiará no caminho da verdade integral (…) anunciar-vos-á as coisas que estão por vir”… João 16:12—13
“Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará, em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” JC in João 14: 23-26
Nada mais lógico do que a conclusão de que O Consolador é A Doutrina Espírita que em todos os seus mecanismos lembra o que Jesus ensinou; esclarece as máximas do Cristo; consola e conforta os que sofrem.
O Espírito de Verdade é o condutor do processo da Codificação; Kardec, o instrumento do Alto para completar a mensagem do Cristo. E sem sombra de dúvidas, a obra titânica e gigantesca de Francisco Cândido Xavier surge como o desdobramento da Codificação. Consolida os conceitos ali esposados e traz novas revelações para a sedimentação da fé raciocinada, “a única capaz de enfrentar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.”
Assim como o próprio Cristo conduziu a implantação do Cristianismo Primitivo através da rede de comunicação em que se transformaram as Cartas de Paulo, ditadas ao Espírito de Estevão e inspiradas a Paulo de Tarso e sua Equipe de escribas, assim também conduziu, como afirma Leon Denis “sob sua direção oculta e sob seu apoio (direção e apoio de Jesus) é que se opera essa nova revelação”, referindo-se ao trabalho incansável de Allan Kardec.
Uma mensagem recebida em maio de 1864, direcionada à Allan Kardec, e assinada pelo Espírito de Verdade, é muito clara ao se referir à edição de Imitação do Evangelho, o nome de O Evangelho Segundo o Espiritismo em sua primeira versão: “Um novo livro acaba de aparecer; é uma luz mais brilhante que vem clarear o vosso caminho. Há dezoito séculos eu vim, por ordem de meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade. Esta palavra foi esquecida pela maioria, e a incredulidade, o materialismo, vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado sobre a vossa Terra (…)” .
Dúvidas, quando ao Cristo, ser ele próprio o Espírito de Verdade, não temos. Quem senão Ele poderia reunir em sua falange Espíritos benfeitores – provados no fogo da transformação interior e no senso de utilidade, ao longo da fieira evolutiva e com credencial absoluta para também falar em seu nome. A lista é inquestionável: Afonso de Liguori, Arago, Benjamin Franklin, Chaning, Chateaubriant, Delphine de Girardin, Emmanuel, Erasto, Fénelon, Francisco Lamennais, Lázaro, Massillon, Pascal, Hahnemann, Henri Heine, Rousseau, Joana D´Arc, João Evangelista, Lacordaire, Luís, Sócrates, Swedenborg, Timóteo, Cura D`Ars, Vicente de Paulo, Adolfo (Bispo de Argel), Dr Berry, Cárita, Dufetre (Bispo de Nevers), François (de Génève), Isabel (de França), Jean Reynaud, João (Bispo de Bordéus), Júlio Olivier, Morlot e V. Monod. Há também registro do comunicante que se auto intitula: Um Espírito Amigo.
Na sequência, para sua reflexão e maiores pesquisas arrolamos manifestações e fragmentos de referências ao Espírito Verdade na Obra da Codificação:
1ª manifestação:
Em 24/03/1856 – Pancadas advertem AK sobre falhas a corrigir – OP pp 264-265
Obs: antes do lançamento do LE. E é claro que o Cristo não se prestaria aos raps (pancadas) desse aviso, mas sobre suas ordens “estafetas” arautos da Verdade, apropriados a esse tipo de fenômeno-alerta, foram escalados para a tarefa, como parte da Equipe do Espírito de Verdade que contava com Espíritos dos vários segmentos evolutivos. Assim como um general não se presta a serviços menores, o Comandante da Equipe da Codificação tem também os seus subalternos em identidade de pensamentos e aptos às funções que lhe são definidas.
Em 09/08/1863 – quanto ao Real objetivo do Espiritismo: – “Eis que a hora se aproxima … Em que, diante do céu e da Terra, deverás proclamar o Espiritismo como instituição verdadeiramente divina e humana. OP p298
OBS: AK – prestes a lançar o ESE
Em 14/09/1863 – Ação dos Benfeitores – “ nossa ação, sobretudo do Espírito de Verdade , é constante ao teu redor (…) Com essa obra (ESE) o edifício começa a se livrar de seus alicerces… sua cúpula a se desenhar no horizonte.”OP – p.299
“ Sois guiados pelo verdadeiro Gênio do Cristianismo, o próprio Cristo preside
aos trabalhos de toda natureza… para abrir a era de renovação…”
20/01/1860 o Espírito Chateaubriant, in RE 1860 – p.62 Roustang a Kardec:
“Agradeço esses divinos mensageiros por ensinar que o Cristo está em missão sobre a Terra, (…) O Cristo – chamado por eles Espírito de Verdade – a Verdade é…
Em 19/09/1861 o Espírito Erasto na RE – 1861 – p 169 Aos Espíritas lionenses: “Estou orgulhoso em distribuir a cada um os elogios e os encorajamentos que o Espírito de Verdade, nosso mestre bem-amado,…”
Veja também ERASTO – in RE 1861 p. 305
Em 14/10/1861 o Espírito Erasto Aos Espíritas de Bordeaux: “ Devo vos fazer ouvir, meus bem-amados, o quanto o Espírito de Verdade, mestre de nós todos, espera mais de vós.” – in RE 1861 – p.348/350
Em 21/11/1861 o Espírito Antoine (pai de Kardec) in RE 1862 – p.343 “ (…)contar com a benevolência do Espírito de Verdade, o Filho de Deus…”
Em 17/09/1863, o Espírito S. José in RE 1863 – p.365/366 “ Pregai a boa doutrina, a doutrina de Jesus, a que o próprio Divino Mestre ensina em suas comunicações…”
O Espírito Hanemann s/data, s/local in RE 1864 – p.16 “ (…) cada um procurará pela melhoria esse direito que o Espírito de Verdade, que dirige esse globo...”
Em 1945 o Espírito Alexandre no livro Missionários da Luz – pág 99 – FCX/André Luiz – “Mediunidade constitui meio de comunicação; e o próprio Jesus nos afirma: ‘eu sou a porta’(….) Por que audácia imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor?”
Portanto são apenas algumas referências para sua análise e reflexão. Não pretendemos convencer ninguém quanto às nossas concepções e convicções à luz da Doutrina dos Espíritos e como bem asseverou Kardec em Obras Póstumas – pág 384 – “se tenho razão todos acabarão por pensar como eu; se estou em erro, acabarei por pensar como os outros.”
“EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. NINGUÉM VEM AO PAI, A NÃO SER POR MIM.”
João 14:16
Para saber mais:
• Allan Kardec:
– Obras Póstumas (OP)
– O Livro dos Espíritos (LE)
– O Livro dos Médiuns (LM)
– A Imitação do Evangelho / O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE)
– Revista Espírita(RE)
• A Bíblia Sagrada
• A Bíblia de Jerusalém
• FCX/André Luiz – Missionários da Luz
• FCX/Emmanuel – Paulo e Estevão FEB, 1992 – 26ª ed. Cap 8, pág 264.
• O Consolador – QST 286
• Leon Denis – Cristianismo e Espiritismo
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