Quando se põe em prática a virtude de ser benévolo, de ter boa vontade para com alguém, de ter complacência ou ainda de ser indulgente com o próximo pratica-se a caridade em sua essência, pois é a partir da troca de experiências, procurando sempre focar o bem-estar do próximo, que se é possível aproximar-se do amor de Deus para com o ser humano, alicerçando dessa forma a bondade, o bom coração, a compaixão, a beneficência e o altruísmo.
Fala-se muito do próximo, mas quem seria esse próximo?
Esta pergunta torna-se salutar, pois alguns enxergam como próximos somente aqueles que estão fora do lar ou do convívio, passando assim a ideia equivocada que devam ser bem tratados apenas e exclusivamente aqueles que são classificados como estranhos.
Esta é uma das desculpas psicológicas, portanto de autodefesa, que muitos utilizam para serem elegantes, corteses e educados somente com estranhos, e por consequência serem rudes ou menos amistosos com aqueles que estão no convívio do dia-a-dia, principalmente com os entes queridos.
Particularmente cresci ouvindo uma “estória” que falava de um homem chamado Mateus, o qual quando se referia aos de fora tudo podia, enquanto que para os de casa nada, ou quase nada, daí ouvia-se a frase: “Mateus, primeiros os teus!”
Pessoas que agem assim são bondosas com quem é de fora, porém tiranas em casa e fazem com que a família e os subordinados se sujeitem à sua vaidade ou aos seus melindres, tentando dessa forma gerar algum de tipo de compensação por causa das contrariedades que supostamente vivenciou fora do seu ambiente habitual.
Elas agem assim porque precisam utilizar artifícios ideológicos vinculados ao poder e preferem deixar bem claro sobre quem manda e quem obedece, porém se esquecem de que acabam sendo detestadas.
O interessante é que essas pessoas que agem assim não tentam impor a sua pseudo autoridade aos estranhos, pois no mínimo eles as colocariam nos seus devidos lugares.
Claro que se deva esperar que a benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, a qual acaba gerando a afabilidade e a doçura, esteja sempre em primeiro lugar quando houver o contato direto com outro ser humano.
Entretanto, as aparências enganam, e não por acaso a elegância, a cortesia e a educação podem facilmente camuflar sentimentos ainda carentes de observações introspectivas vinculadas ao crescimento interior, ou seja, podem se converter em fingimento ou máscara para uso perante aqueles julgados estranhos, e assim disfarçar de um modo bem articulado algo que precisa ser melhorado, ressaltando que essa melhoria requer sacrifícios, porém nem todos querem se sacrificar, principalmente se visar o benefício do outro.
Pois é, o mundo está cheio de pessoas que são sorridentes, mas carregam veneno no coração.
Essas pessoas se julgam justas, pelo menos boa parte delas, inclusive são até doces de certo modo no trato com os outros, desde que ninguém as perturbe, pois quando contrariadas destilam seus venenos, esquecendo-se assim de aplicar a empatia, isto é, se esquecem de se colocar no lugar do outro, preferindo a indiferença ou o ódio.
Aliás, por falar nisso ter ódio de alguém é o mesmo que tomar veneno e querer que esse alguém morra, ou ainda segurar uma brasa com a mão fechada, mas querer que queime a mão do outro.
Fica a sugestão para aceitarmos os outros como eles são, ressaltando que é dever de todo e qualquer ser humano envidar esforços visando melhorar-se, mesmo que seja um passo de cada vez, porém sem estagnar, pois a mudança para um mundo melhor depende da iniciativa de cada um de nós, entenda-se: nossos pensamentos e nossas atitudes, como, por exemplo, deixar os defeitos alheios de lado, policiar-se com a língua, mesmo que sejam verdadeiras as falhas dos outros, e assim focar a nossa “Reforma Íntima” ao aceitar os nossos defeitos, porém corrigindo-os.
“Eu permito a todos serem como quiserem, e a mim como devo ser.” - Chico Xavier, Médium brasileiro.
Edu Medeiros - Um Amigo do Bem, 27/07/2013.
Artigo publicado originalmente na Coluna Espírita do Jornal JC Regional de Pirassununga/SP - Edição de 27/07/2013.
Título: A afabilidade e a doçura - 27/07/2013 - Edu Medeiros - Um Amigo do Bem
Fonte: http://www.paracleto.net/artigos/2013.07.27.php
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