A Primeira Escola
Deixai vir a mim os pequeninos...
Quando Jesus atribuiu a si mesmo a qualidade de Caminho, Verdade e Vida, não fez, logicamente, uma declaração de ordem pessoal, mas se referiu, decerto, à mensagem que trouxera aoMundo, em nome e por delegação do Pai.
Reportou-se o Mestre, sem dúvida, aos ensinos, ao roteiro que traçava por norma de aperfeiçoamento, à moral que pregava e exemplificava.
O Evangelho é Caminho, porque, seguindo-o, não nos perderemos nas sombrias veredas da incompreensão e do ódio, da injustiça e da perversidade, mas perlustraremos, com galhardia e êxito,as luminosas trilhas da evolução e do progresso — da ascensão e da felicidade que se não extingue.
O Evangelho é Verdade, porque é eterno.
Desafia os séculos e transpõe os milênios.
Perde-se no Infinito dos Tempos. . .
O Evangelho é Vida, porque a alma que se alimenta dele, e nele vive, ganhará a vida eterna.
Aquele que crê em Jesus e pratica os Seus ensinos viverá — mesmo que esteja morto.
***
Deixar ir a Jesus os pequeninos, levar as crianças ao Mestre não significa, pois, organizar, objetiva e materialmente, uma caravana de Espíritos de meninos — encarnados ou desencarnados —para, em luminosa carruagem, romperem as barreiras espaciais, vencerem as distâncias cósmicas eprostrarem-se, devotamente, ante o Excelso Governador Espiritual do Mundo, com a finalidadeinconcebível, porque absurda, de Lhe tributarem pomposas homenagens.
Conduzir as crianças a Jesus significa incutir-lhes nos corações os preceitos evangélicos, a fim de que os seus atos possam revelar, no futuro, nobreza e dignidade.
O Espiritismo, através das Escolas de Evangelho, vem cuidando de levar os pequeninos ao Mestre, fazendo-os apreender as imortais lições da Boa Nova do Reino.
Urge, contudo, que o meritório esforço das nossas instituições, polarizando-se na
criança, não encontre obstáculos na despreparação evangélica dos pais, para evitar que a criança "ouça", nos Centros, luminosos conceitos de espiritualidade e moral, mas "veja" e "sinta", dentro de casa, no próprio lar, inadequadas atitudes de egoísmo e torpeza.
Não basta, pois, evangelizar a criança nas Instituições Espíritas.
E' imprescindível que essa educação alcance, também, os genitores ou responsáveis,
evitando-se, destarte, se estabeleça na incipiente alma infantil a desastrosa confusão de "ver" e"ouvir", em casa, atitudes e conceitos bem diversos dos que "vê" e "ouve" nas aulas de Evangelho eEspiritismo.
A primeira escola é o lar.
E o lar evangelizado dá à criança, grava-lhe, na consciência, as firmes noções do Cristianismo sentido e vivido.
Imprime-lhe, no caráter, os elementos fundamentais da educação.
E' necessário que a criança sinta e se impregne, no santuário doméstico, desde os primeirosinstantes da vida física, das sublimes vibrações que só um ambiente evangelizado pode assegurar,para que, simultaneamente com o seu desenvolvimento moral e intelectual, possa ela "ver"o que ébelo, "ouvir" o que é bom e "aprender" o que é nobre.
Se o lar não é evangelizado, as lições colhidas fora dele podem ser, apenas, um conhecimento a mais, no campo religioso, para a inteligência infantil.
Um conhecimento a mais não passa de um acidente instrutivo. E o que devemos buscar é a realidade educativa, moral, que tenha sentido de perene renovação.
Cuidar da criança—- esquecendo os pais da criança— parece-nos esforço incompleto.
Não adianta ser a criança aconselhada, na Escola de Evangelho, por devotadas
instrutoras ou instrutores, a se expressarem de maneira conveniente, se observa ela em casa palavrões e gírias maliciosas, impropriedades e xingamentos.
Se o lar é uma escola— A PRIMEIRA ESCOLA— e se os pais representam para os
filhos, como primeiros educadores, o que há de melhor, sob o ponto de vista de cultura e respeito, experiência e autoridade, evidentemente a criança será inclinada — entre os pais que proferem palavrões e grosserias e a professora de Evangelho que ensina boas maneiras e sobriedade no vocabulário— a seguir os primeiros.
Com os pais a criança dorme, levanta-se, faz refeições e convive, diuturnamente.
O convívio da criança, na Aula de Evangelho, com os instrutores, verifica-se uma vez por semana, durante uma hora ou pouco mais.
E não nos esqueçamos de que, na opinião dos filhos, os pais são os maiores.
Contribuir para que os pequeninos possam "ir a Jesus", mediante o aprendizado evangélico,representa, a nosso ver,providênciacorrelata,simultâneacomo esforço de "levar a Jesus" os pais,preparando-os, condignamente, para a missão da paternidade ou da maternidade.
Informa a sabedoria popular que o exemplo deve vir de cima...
EMMANUEL, O Consolador, Primeira Parte, Capítulo V , Ciências Aplicadas.
108 — Onde a base mais elevada para os métodos de educação?
— As noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida, constituem a base de toda a educação, no sagrado instituto da família.
109 — O período infantil é o mais importante para a tarefa educativa?
— O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos.
Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para nova existênciaque lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e amatéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se maissuscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios deresponsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar.
Eis por que o lar é tão importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais,os processos de educação moral, que formam o caráter, tomam-se mais difíceis com a integração doEspírito em seu mundo orgânico material, e, atingida a maioridade, se a educação não se houver feitono lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e aconcepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu património nocivodo pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a luz interior dos sagrados princípios educativos.
113 — Os pais espiritistas devem ministrar a educação doutrinária a seus filhos ou podem deixar de fazê-lo invocando as razões de que, em matéria de religião, apreciam mais a plena liberdade dos filhos?
— O período infantil, em sua primeira fase, é o mais importante para todas as bases educativas,e os pais espiritistas cristãos não podem esquecer seus deveres de orientação aos filhos, nas grandesrevelações da vida. Em nenhuma hipótese, essa primeira etapa das lutas terrestres deve ser encaradacom indiferença.
O pretexto de que a criança deve desenvolver-se com a máxima noção de liberdade pode darensejo a graves perigos. Já se disse, no mundo, que o menino livre é a semente do celerado. Aprópria reencarnação não constitui, em si mesma, restrição considerável à independência absoluta daalma necessitada de expiação e corretivo?
Além disso, os pais espiritistas devem compreender que qualquer indiferença nesse particularpode conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao apego do convencionalismo, e àausência de amor à verdade.
Deve nutrir-se o coração infantil com a crença, com a bondade, com a esperança e com a fé emDeus. Agir contrariamente a essas normas é abrir para o faltoso de ontem a mesma porta larga para osexcessos de toda sorte, que conduzem ao aniquilamento e ao crime.
Os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações sagradas,entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas, sim, para santuárioonde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.
EMMANUEL, O Consolador, Segunda Parte, Capítulo III , Cultura.
204 — A alma humana poder-se-á elevar para Deus tão-somente com o progresso moral, sem os valores inte-lectivos?
— O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.
No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral eadiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, emparticular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém,considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moralpode oferecer numerosas perspectivas de queda.
na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.
DIVALDO PEREIRA FRANCO, Palavras de Luz, Sob a inspiração de diversos espíritos, P. 20.
Os pais podem ajudar a evangelização no lar, sobretudo pela exemplificação.Éa
exemplificação a melhor metodologia para que se inculquem as idéias que desejamos penetrem
naqueles que vivem conosco.
DIVALDO PEREIRA FRANCO, Palavras de Luz, Sob a inspiração de diversos espíritos, P. 37.
Aqui estão vários educadores desencarnados, participando conosco e inspirando-nos a
considerar a educação, a evangelização infanto-juvenil à luz do Espiritismo, meta prioritária
das nossas atividades nolar,na escola e no Centro Espírita, sem o que, não teremos uma
humanidade feliz.
DIVALDO PEREIRA FRANCO, Palavras de Luz, Sob a inspiração de diversos espíritos, P. 40.
(...) a tarefa da evangelização espírita infanto juvenil é mais do que um dever.
Trata-se da construção da futura humanidade.
DIVALDO PEREIRA FRANCO, Palavras de Luz, Sob a inspiração de diversos espíritos, P. 44.
Cabe aos pais a aplicação da energiae maior exigência em relação aos filhos. Como
normalmente estão cansados no dia de domingo, às fezes, justificam-se e me dizem: "Deixa o meninofolgar hoje, coitado. Ele estudou a semana inteira", demonstrando assim que não acreditam naexcelência da Doutrina Espírita para os seus filhos.
ALLAN KARDEC, OBRAS PÓSTUMAS, O EGOISMO E O ORGULHO.
Para que os homens vivam na Terra como irmãos, não basta se lhes dêem lições demoral; importa destruir as causas de antagonismo, atacar a raiz do mal: o orgulho e o egoísmo.
O Espiritismo é, sem contradita, o mais poderoso elemento de moralização, porque
mina pela base o egoísmo e o orgulho, facultando um ponto de apoio à moral.Há feito
milagres de conversão; é certo que ainda são apenas curas individuais e não raro parciais. O que, porém, ele há produzido com relação a indivíduos constitui penhor do que produzirá um dia sobre as massas. Não lhe é possível arrancar de um só golpe as ervas daninhas. Ele dá a fé e a fé é a boa semente, mas mister se faz que ela tenha tempo de germinar e de frutificar,razão por que nem todos os espíritas já são perfeitos.
Ele tomou o homem em meio da vida, no fogo das paixões, em plena força dos preconceitos ese, em tais circunstâncias, operou prodígios, que não será quando o tomar ao nascer, ainda virgem detodas as impressões malsãs; quando a criatura sugar com o leite a caridade e tiver a fraternidade aembalá-lo;quando, enfim, toda uma geração for educada e alimentada com idéias que a razão, desenvolvendo- se, fortalecerá, em vez de falsear? Sob o domínio destas idéias,a cimentarem a fé comum a todos, não mais esbarrando o progresso no egoísmo e no orgulho, as instituições se reformarão por si mesmas e a Humanidade avançará rapidamente para os destinos que lhe estão prometidos na Terra, aguardando os do céu.
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