Por Rogério Coelho
Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados. – Jesus (Mt., 5:5)
Se, por um lado, Jesus afirmou[1] que no mundo teríamos aflições, por outro lado Ele – consoladoramente – declarou[2]: Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e afadigados e eu vos aliviarei.
Segundo Emmanuel[3]: Quando o discípulo se distancia da confiança no Mestre e se esquiva à ação nas linhas do exemplo que o Seu divino apostolado nos legou, preferindo a senda vasta da infidelidade à própria consciência, cava, sem perceber, largos abismos de destruição e miséria por onde passa.
O Benfeitor Amigo mostra as consequências de tais desvios: eliminação do bom ânimo; destruição da esperança; sufocamento das virtudes e expansão dos vícios; aquisição de pesados débitos; inibição da confiança; asfixiamento do otimismo; imobilização na senda evolutiva; revolta, etc…
E completa afirmando: Desventurados aqueles que não seguem o Mestre que encontraram, porque conhecer Jesus Cristo em espírito e viver longe dEle, será espalhar a destruição em torno dos passos e conservar a miséria dentro de nós mesmos.
Allan Kardec traz[4] à nossa compreensão os meios de suavização das provas, dizendo que o homem voluntariamente pode (…) aumentar ou suavizar o amargor delas, conforme o modo por que encare a vida terrena. (…) Ora, aquele que a encara pelo prisma da vida espiritual apanha, num golpe de vista, a vida corpórea. Ele a vê como um ponto no infinito, compreende-lhe a curteza e reconhece que esse penoso momento terá presto passado. A certeza de um próximo futuro mais ditoso o sustenta e anima e, longe de se queixar, agradece ao Céu as dores que o fazem avançar.
Quem apenas vê a vida corpórea, interminável lhe parece esta e a dor o oprime com todo o seu peso.
Portanto, da maneira de considerar a vida, com vislumbres do futuro espiritual ditoso, resulta ser diminuída a importância das coisas deste mundo. Esse enfoque é de molde a proporcionar uma calma e uma resignação muito úteis à saúde do corpo e da alma. Assim, por paradoxal que possa parecer, devemos nos sentir felizes pelos sofrimentos. Não se trata – absolutamente – de masoquismo, visto que, segundo explicação do Mestre Lionês[5] (…) as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as nossas passadas faltas nos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores nos pouparão séculos de sofrimentos na vida futura.
E, ainda afirma com convicção: Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.
Portanto, a calma e a resignação hauridas no verdadeiro conhecimento do significado da vida corporal em seu aspecto transitório e da confiança no futuro ditoso, dão ao Espírito uma serenidade de quem se sente sob a Divina proteção de Jesus.
Não é sem motivo que Santo Agostinho afirmou: Ditosos os que sofrem e choram! Alegres estejam suas Almas, porque Deus as cumulará de bem-aventuranças.
E, sem dúvida, pelas mesmas razões, Paulo escreveu aos Coríntios[6]: Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória.
Sintonizado no mesmo diapasão vibracional, aduz Emmanuel[7]: (…) todos nós, que temos sido salvos de maiores quedas pelos avisos da fé renovadora, estamos informados de que, nos supremos testemunhos, segue o discípulo para o Mestre, quanto o Mestre subiu para o Pai, na glória oculta da crucificação.
[1] - Jo., 16:33.
[2] - Mt., 11:28.
[3] – XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 10. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1982, cap. 27.
[4] – KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. V, item 13.
[5] - KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. V, item 12.
[6] – II Cor., 4:17.
[7] – XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 10. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1982, cap. 97.
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