sábado, 9 de agosto de 2014

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES 1 e 2 Por Leda

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES - 1

Como vimos, o espiritismo nos ensina que são de duas origens as causas dos sofrimentos do viver na Terra: umas da vida atual e outras das vidas anteriores, provocadas sempre, porém, por quem sofre as conseqüências.

Assim, podemos deduzir, em tese, que não há vítimas, sofredores inocentes.

Vamos refletir, neste mês e no próximo, sobre as causas atuais das aflições e vamos perceber que grande parte das nossas dificuldades atuais são causadas por nós, em nosso viver cotidiano, reagindo, despreocupadamente, aos acontecimentos e situações, na dependência de como nos sentimos no momento, de como estão nossas emoções e sentimentos.

Ofendemos pessoas, não fazemos a escolha certa, damos origem a novas situações desagradáveis, porque toda ação gera uma reação, que por sua vez vai gerar outra reação e assim, sucessivamente.

Muitos dos nossos sofrimentos têm origem em nosso egoísmo, que nos impede de ver as necessidades alheias, pensando apenas em nós; em nosso orgulho, que nos coloca em posição superior aos demais, vendo-nos bons e inteligentes e aos outros como ignorantes, indolentes e aproveitadores; em nossa aspereza no trato com os demais, afastando até os que se simpatizam conosco ou nos amam; em nossa intolerância com as faltas alheias, não perdoando nada, sem mesmo percebermos o quanto precisamos do perdão alheio...

Quanto sofrimento evitaríamos se estivéssemos mais preocupados em conhecer-nos, enxergar-nos como realmente somos e, por amor a nós próprios, procurássemos melhorar-nos a cada dia, a cada hora!...

Passaríamos a ter menos tempo para criticar os outros e os olharíamos como pessoas iguais a nós, com as mesmas necessidades, os mesmos sonhos de paz e felicidade.

Muitos dos sofrimentos poderiam ser evitados se os homens buscassem seu desenvolvimento moral, renovando sentimentos e pensamentos, o que os levaria a agir de forma mais equilibrada e mais sensata.

Há pessoas que por terem tido uma vida mais fácil pelo dinheiro da família, não aprenderam que é dever de todos trabalhar e vão levando a vida, com os recursos que têm. Esses vão terminando, bens são vendidos para obtenção de dinheiro e, quase que de repente, se vêm com mais idade, sem recursos, com doenças, recorrendo a amigos e conhecidos, que acabam se cansando por que não vêm nelas a vontade de modificar a situação e porque também não têm recursos para sustentar outros, além dos seus. Essas pessoas sofrem muitas necessidades, não conseguem modificar os hábitos caros anteriores, julgam-se vítimas de todos, menos de si mesmas. São vítimas do seu orgulho, da sua vaidade.

Quantos pais, vivendo sós, na velhice ou em casas para idosos, sofrem pela ausência dos filhos, pela indiferença com que são tratados, julgando-os ingratos - e eles o são - culpando, muitas vezes, a Deus pela situação. Todavia, grande parte desses pais não procurou desenvolver nos filhos os sentimentos nobres de piedade, de amor ao próximo, e, muitos deles não foram bons pais.

Não estamos aqui justificando esta atitude dos filhos. A lei divina diz que se deve honrar os pais , pelo simples e grandioso ato de propiciar aos filhos a vida na Terra. Mesmo quando não fazem por eles o que deveriam e poderiam, ainda assim merecem honras, deferência e piedade filial nas necessidades.

Porém, isso não exime os pais das conseqüências do não cumprimento do dever e da missão de cuidar dos filhos, auxiliando seu desenvolvimento intelectual e moral. Recebem, pois, do que plantaram e bom seria se, ao invés de reclamarem, reconhecessem suas falhas e aprendessem com a situação.

Muitos casamentos infelizes têm sua origem nos motivos de sua realização: atração física apenas, interesses sociais, financeiros, " todo mundo casa...", " Ele/ ela vai me fazer feliz" e tantos outros, menos o principal : a afeição, que leva a querer fazer o outro feliz .

Kardec aconselha a todos que sofrem, a interrogar a própria consciência, procurando saber, de verdade, se esse sofrimento não foi provocado, bem na sua origem, por eles mesmos, quando ao invés de agirem de um modo o fizeram de outro não adequado, dando origem à vicissitude atual.

"- Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, não estaria nesta situação." Lamento esse que muitos repetem constantemente, sem, todavia aceitar as conseqüências como realmente frutos de suas ações, sem se sentir culpados porque não têm ainda a vontade de enfrentar os desafios, esperando que outros venham resolver seus problemas e dificuldades.

Fica sempre mais fácil culpar pessoas, ou a vida, ou Deus e, assim vão vivendo e sofrendo até que a dor seja tão intensa que os despertem para o conhecimento de si mesmo, aceitação da luta a ser enfrentada, transformando- se moralmente.

Somos responsáveis por tudo que sentimos, pensamos e fazemos. Quem já se conscientizou desta verdade, não pode mais agir e reagir, aleatoriamente, ao sabor das circunstâncias e das suas imperfeições.

Necessário o uso do raciocínio em quaisquer situações, para que os sentimentos , pensamentos e ações não tragam efeitos desagradáveis e dolorosos. Para isso é preciso querer modificar-se, no esforço de auto-análise constante e esforço de vivência no dia-a-dia, sem pressa de perfeição, mas perseverantemente.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Junho / 2004

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES - 2

Lembra Kardec, neste item, da lei humana, surgida quando se percebeu que muitas das ações dos homens prejudicavam a comunidade. Estabeleceram-se então, as leis para punir esses elementos, lei essas que continuam representando o pensamento da maioria dos membros da sociedade, do que ela tem como certo. Daí suas transformações no decorrer dos tempos, na medida da evolução intelectual e moral da humanidade.

Ainda hoje nossas leis, são muito mais punitivas do que reeducativas, como já muitos pensam que deveriam ser, graças aos ensinos de Jesus, que mandam não ser conivente com os erros, mas amparar quem os comete, dando-lhes condições de reeducação. Um dia, a justiça dos homens será temperada com o amor.

Assim, as leis humanas preocupam-se com as falhas que causam prejuízos a alguém ou à sociedade, não atingindo as que prejudicam apenas o causador delas.

A justiça divina porém, que reflete o amor de Deus, atingindo a todos, está estabelecida na lei de causa e efeito, tanto individual quanto coletivamente. Cada um é responsável por tudo que faz, recebendo de volta as conseqüências dessas ações, sempre de acordo com seu grau de entendimento e independente do lugar em que estiver, encarnado ou desencarnado.

E são essas conseqüências, os instrumentos de aprendizado, de reeducação do Espírito imortal, no decorrer da sua caminhada evolutiva, que o levam, quando tomam consciência dela, a querer modificar-se e melhorar-se.

"Não há uma só falta, por mais leve que seja, uma única infração à sua lei, que não tenha conseqüências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis". "Os sofrimentos conseqüentes são, então, uma advertência de que ele andou mal. Dão-lhe a experiência e o fazem sentir a diferença entre o bem e o mal, bem como a necessidade de melhorar-se, para evitar no futuro o que já foi para ele causa de mágoas. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se emendar, e confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento e, portanto a sua felicidade futura".
As faltas cometidas em vidas passadas ou nesta, já foram realizadas, não podemos evitá-las. Cabe-nos corrigi-las, recebendo sem reclamações suas conseqüências, que são os sofrimentos atuais, aprendendo com eles as causas que precisamos evitar do momento para o futuro, as mudanças que temos de fazer em nosso interior, para não mais recebermos esses efeitos.

Sairemos deles, então, muito mais experientes e mais estimulados a continuar no esforço de praticar o bem.

Se assim fizermos sempre, não mais teremos oportunidade de dizer: "Quanto tempo perdido!", "Ah! Se eu pudesse voltar aos vinte anos, como agiria de forma diferente!"

Assim como o sol nasce todos os dias, nós, homens e mulheres da Terra, podemos, se nos aceitamos como imortais, iniciar e continuar, a qualquer momento de nossa existência atual, nossa transformação interior, compreendendo e praticando a lei de Deus.

O importante é valorizar o momento presente, e recomeçar todos os dias, com a vontade de só sentir, pensar e fazer somente o bem para nós e para os outros, usando a inteligência, o discernimento, a sensibilidade para errarmos cada vez menos e acertarmos cada vez mais, de forma a evitar as conseqüências desagradáveis das infrações à lei do amor, ainda nesta existência.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Julho / 2004

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