terça-feira, 5 de junho de 2012

O Leproso de Genesaré


O Leproso de Genesaré
                
Os capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Matheus estão entre aqueles de rara beleza e importância para quem se afinize aos ensinamentos do Mestre. Percebendo o momento grave de Sua missão na Terra, Jesus sobe em uma colina nas imediações de Cafarnaum, fazendo-se acompanhar pela multidão, e inicia a pregação das bem-aventuranças, bem como de um rol de diretrizes práticas de conduta moral destinado às humanidades de todos os tempos.
Quando Jesus desceu do monte (Mt 8:1-4; Lc 5:12-14; Mc 1:40-44), grandes multidões, particularmente os desvalidos do mundo, o seguiam. Eis que, saindo da turba, um leproso se aproximou e, prostrando-se de joelhos diante Dele, em atitude de adoração, fincou o rosto na terra; lentamente soergueu-se, suplicando-Lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo. Jesus, pois, compadecido dele, estendeu sua mão e o tocou levemente, dizendo: Quero. Sê limpo! No mesmo instante o homem ficou purificado da sua lepra.  Advertindo-o então, secretamente, sem que as pessoas que se aglomeravam pudessem ouvir, Jesus lhe disse: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote para lhe servir de testemunho e apresenta a oferta que Moisés determinou pela tua purificação.
Queremos refletir com você sobre alguns pontos interessantes.
O sermão do monte representa um dos grandes expoentes da mensagem cristã, uma grande síntese do ensinamento moral de Jesus. Naquele momento estavam as pessoas em tal grau de êxtase, tão ensimesmadas na avaliação da própria conduta e dos valores esposados, que muitas, com certeza, jamais seriam as mesmas. Aí entra em cena uma personagem de grande conteúdo simbólico: o leproso.
É a própria imagem do convertido: subitamente desejou estar limpo! Limpo das chagas, das pústulas, das deformidades; livre da morféia que lhe impregnava as vísceras até à alma, das dores cruéis, da solidão, do asco geral. Alquebrado, caiu de joelhos a esconder o rosto, envergonhado, constrangido talvez, diante da constatação pessoal de sua miséria, para logo depois, humilde e corajosamente, ante a figura venerável do Mestre, confessar seu íntimo desejo de tornar-se limpo, de ser um homem renovado.
E Jesus se compadeceu. Num átimo de segundo fez a leitura da tragédia pessoal daquele ser repugnante e, tomado de entendimento e ternura, estendeu-lhe a mão, tocando-o. Num ato de compaixão para com toda a Humanidade, o Médico das Almas asseverou: Eu quero! Desejo profundamente que te sejas limpo da tua miséria, da tua dor, dos lepromas que te dilaceram a alma. E o homem se viu prontamente "purificado de sua lepra".
Como de hábito, Jesus o admoestou para guardar segredo sobre aquilo que ali se passara, ordenando, a seguir, que procurasse o sacerdote dos judeus para que a sua cura fosse um testemunho do cumprimento da profecia do Senhor a Moisés, apresentando a sua oferta pela purificação. Diz Cairbair Schutel (O Espírito do Cristianismo, cap. 54) que os hansenianos eram, naquela época, bem como até há bem pouco tempo, declarados imundos, sendo banidos da sociedade.
A oferta, ou oferenda, um costume entre os judeus, constituía-se numa forma de compensar a Deus por um favor concedido. Ora, conforme se lê no Levítico (14:1-32), a oferenda pela purificação do leproso envolvia a imolação de um cordeiro, pelo sacerdote, cujo sacrifício anularia a culpa do leproso; era sua função fazer o registro da purificação e dar liberdade ao homem.
A hanseníase é uma das doenças que mais atemorizaram o homem de todos os tempos. Durante séculos, os indivíduos afetados pela moléstia foram submetidos ao isolamento e confinados em leprosários ou lazaretos, guetos, ilhas e outros lugares separados dos núcleos habitacionais, onde levavam vida de sofrimento e miséria. Ataca principalmente o tecido epidérmico e o sistema nervoso, provocando lesões nodulares e ulcerativas, às vezes profundas e deformantes. Pois bem, como explicar a "cura instantânea" operada por Jesus?
Kardec (A Gênese, Cap. XIV, 31), ao se referir às propriedades dos fluidos perispirituais, faz a clássica afirmação de que "a cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã". E acrescenta: "O poder curativo estará na razão direta da pureza da substância inoculada (...), da energia da vontade (...) e das intenções daquele que deseje realizar a cura". Tais fatores vão condicionar a abundância da emissão fluídica e a maior força de penetração. Os efeitos curativos da ação fluídica sobre os doentes podem ser rápidos, "como uma corrente elétrica".
O leproso já demonstrara predisposições positivas para a cura (a humildade, a fé, o arrependimento e a vontade), enquanto o curador era o protótipo do Perfeito Magnetizador. Natural, pois, que a reparação celular e tecidual ocorressem na velocidade da luz. As partículas de alta energia emitidas pelo Mestre através da imposição da mão, à maneira de poderosíssimo acelerador de partículas gerado por um campo eletromagnético de proporções infinitas, atravessaram o enfermo promovendo a varredura das células doentes e a estimulação dos mecanismos reparadores biológicos. Em escala bem menor, é o que passa na radioterapia de certos tumores malignos através das bombas de cobalto.
O doente estava pronto para a cura. Havia mérito. Suas disposições internas facilitaram a interação mente-perispírito-corpo. Jesus percebeu a oportunidade. E o curou. Assim se dá e se dará conosco, portadores da hanseníase da alma.
Estamos prontos para a cura?
Até a próxima!

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