segunda-feira, 4 de junho de 2012

Doutrina Espírita – Reflexões


Doutrina Espírita – Reflexões

Javier Salvador Gamarra
Quando nos encontramos na impossibilidade de compreender a vida que vivemos, dificilmente lembramos do bem que significa estarmos vivos e no lugar onde nos situou a própria vida, seguramente pensamos e repensamos a respeito de nossa situação e a circunstância vivida no presente instante, como se este momento atual representasse a única realidade de nossa existência. Exatamente a incapacidade de percebermos a realidade mais profunda e determinante, em relação às nossas atitudes vividas em todas as existências anteriores, motiva o não conseguirmos compreender que a somatória dos valores vividos está em nossas expressões e caracteres, porém é preciso também considerar que todas as circunstâncias deste momento caracterizam o que somos. Nos é determinado suportar e participar, para nosso devido amadurecimento, um acordar consciente na consciência de quem somos e para que fins aqui estamos, pois esta é nossa casa; o Universo onde estamos nos pertence, é a Casa do Pai.
As diferentes moradas que povoam o Universo circulam no espaço infinito explicando, assim, simbolicamente, que o próprio homem é infinito e eterno. De acordo a cada uma dessas moradas poderemos identificar a qualidade potencial, evolutiva e moral de cada núcleo de habitantes.
"...Meu reino ainda não é aqui..." "Aquele que pertence à Verdade escuta a minha voz."
Jesus se refere claramente à vida futura, meta que a humanidade deve atingir, e a maior preocupação do homem na terra. A vida futura fundamenta os preceitos morais de Jesus, e pode ser considerada o eixo de seus ensinamentos.
A vida futura é "o ponto de mira", o facho que ilumina o caminho do homem, dando sentido e direção.
É mediante essa certeza na vida futura, que tudo se suporta e aceita, pois ela justifica todas as anomalias da vida terrena, e está em plena conjunção com a justiça de Deus.
Se não fundamentarmos nossa vida nessa compreensão, possivelmente não abandonaremos as idéias materialistas de nossa existência, e poderemos estar exigindo da Vida e de Deus compensações transitórias.
Não obstante, é necessário esclarecer que essa é uma visão de mundo arraigada em nossas concepções estreitas, a respeito da realidade que nos anima.
Dos mundos, o espiritual eterno, onde a justiça de Deus segue curso, é onde os bons e virtuosos acharão suas compensações, pois, a moeda lá é a virtude e a bondade.
"Aquele que escuta minha voz pertence à Verdade". Este é seu Reino, e para lá Ele foi quando deixou a Terra, para lá vamos todos que ouvimos Sua voz.
A vida futura é um princípio, uma lei da natureza, e a cuja ação ninguém consegue ou conseguirá fugir.
A vida futura com o Espiritismo se torna uma patente realidade, que os fatos demonstram.
Os relatos dos testemunhos, agora é possível imaginá-los, pois eles pintam suas vidas, como são feitas, e reconhecem e declaram que não podemos ser de outra maneira. Patente fica então a verdadeira justiça de Deus.
As qualidades que caracterizam o Ser constituem seu mérito, isso é imperecível e permanente. Essas qualidades o acompanham sempre, mesmo após a desencarnação.
É ao que o Cristo se refere: "Sou Rei mas meu Reino não é deste mundo".
O ponto de vista, portanto, a respeito da vida futura é extremamente importante, pois aclara idéias a respeito da fé inabalável.
Qual nossa visão para encarar a Vida na Terra: o outro mundo referido.
Se nos colocamos na vida espiritual, sendo a mesma indefinida, a vida corpórea é uma simples passagem, um breve estádio. Sendo assim, tudo passará, e devemos viver a paciência e a resignação.
A morte não mais nos aterrará. Ela é agora porta de libertação. Retornar para progredir, para atingir bem-aventurança e paz.
É temporária aqui nossa estadia. Devemos dar menor atenção às preocupações desta vida e maior atenção para nossa vida futura.
Dirigimos então nossa atenção para aquilo que constitui nossos bens reais, conforme nossa percepção.
Assim propicia a ele próprio calma e tranqüilidade ou auto-tortura, de acordo ao que sente conforme suas perdas.
A vida futura é mais importante que a vida terrestre, não é temporária e nem perecível.
Mas tudo isto não traria um amolecimento do caráter desse homem, de sua capacidade de trabalho e de progresso?
Há que considerar nisso que todo homem procura instintivamente seu bem estar.
Embora aqui por pouco tempo, viverá o melhor que possa. Se algo o incomoda em sua vida, ele o retirará.
O desejo de bem estar a tudo lho impele, é uma lei da natureza.
Trabalha sempre, por necessidade, dever, gosto, obedece desta forma aos desígnios da Providência que o colocou na Terra para esse fim.
Portanto o homem que compreenda a respeito da vida futura, dará a esta vida efêmera uma importância: que diz respeito ao bem, ao correto cumprimento de suas obrigações para consigo e Deus e, portanto, seu futuro. Os insucessos terão importância de acordo a essa visão.
Nada aceita ou faz que possa vir em detrimento do seu futuro, da alma. "Meu Reino não é deste mundo" - dito por Jesus -, devemos aplicá-lo a nós mesmos. A vida terrestre é um elo magnífico e harmonioso na obra de Nosso Pai, mas que por nossa imperfeição não conseguimos emular; tornemo-nos harmoniosos com Ele, e tudo passará a ser magnífico em nosso coração, em nosso Ser.
A bondade conjugará nossas existências, todas e as de cada um de nós, de todos os seres, em todas suas existências, de todos os seres em todos os mundos.
Por fim, então, estamos na fraternidade universal, solidários, de todas as partes de um mesmo todo, mediante a aplicação constante, em si próprio e com todos os seres, da realidade íntima que nos acerca ao Criador: benevolência, indulgência, abnegação, devotamento, que caracterizam a presença da Caridade em nós, a verdadeira túnica nupcial.
A vida futura é um principio, uma lei da natureza, e a cuja ação ninguém consegue ou conseguirá fugir.
(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1998)

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