terça-feira, 27 de março de 2012

João Batista preferiu a Justiça Divina


Um minuto com Chico Xavier
Ano 5 - N° 246 - 5 de Fevereiro de 2012
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULAdepaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)


Apresenta-nos o livro de Reis, no velho Testamento, um interessante desafio do profeta Elias ao então rei de Israel, Acabe. Pediu Elias que fossem amontoadas duas pilhas de lenha seca e que os sacerdotes de Baal a acendessem pela força de seu Deus. Após mais de quatro horas de insucesso, o tempo se encerra. Então, o profeta, que era um notável médium de efeitos físicos, assume sua parte e em poucos minutos, após pedir ao Deus único, que havia sido abandonado pelas doze tribos por ordem do rei, as labaredas lambem toda a lenha.
Isso seria o suficiente para que aquelas tribos retomassem sua devoção ao verdadeiro Deus. Mas Elias, tomado provavelmente pela indignação do que via naquela época, quando todos os profetas do Deus único foram perseguidos até a morte, sendo ele o único sobrevivente, exige que Acabe, o rei, agora amedrontado, desse cabo da vida daqueles sacerdotes, o que imediatamente foi feito.
Eles foram levados para as margens do ribeirão Quison e todos os quatrocentos foram decapitados. (1º Livro de Reis, capítulos 17 e 18 – Velho Testamento.)
Em entrevista à Folha Espírita, para o livro “Lições de Sabedoria”, Fernando Worm perguntou a Chico Xavier se a decapitação de João Batista, a pedido de Salomé, filha de Herodíades, não seria consequência daquele ato de Elias, uma vez que o próprio Cristo afirmara ser João a reencarnação do profeta, enquanto descia o monte Tabor na companhia de alguns de seus discípulos.
Fernando Worm diz que, antes de Chico responder por escrito, ele fez um breve comentário:
Observe que após a morte de Batista, que entristeceu o Mestre, Jesus prefere não mais falar no Precursor. Por quê? Se João Batista tivesse se encomendado à Misericórdia Divina e não só à Sua Justiça é bem possível que outro teria sido o seu fim.
Todos nós, inferiores ou evoluídos, devemos invocar sempre a misericórdia, que é amor sublime.
E, então, Chico tomou de um lápis e começou a escrever:
Conforme ensinamentos da Espiritualidade Superior, sempre que estejamos em função da justiça devemos exercê-la com misericórdia. Cremos sinceramente que João Batista, o Precursor, era Elias reencarnado. O respeito devido ao Evangelho não nos permite anatomizar o problema da morte de João Batista. Mas perguntamos a nós mesmos, na intimidade de nossas orações, se ele não se teria exonerado do rigor do carma, caso agisse com misericórdia no exercício do que era considerado de justiça para a família de Herodes. É um ponto de minhas reflexões na veneração com que cultivo o amor pelos vultos inesquecíveis do Cristianismo.
 
(Do livro “Lições de Sabedoria”, livro editado pela Editora Jornalística Fé, de São Paulo, em 1996.)

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