sexta-feira, 19 de junho de 2015

O CÂNTICO DE SIMEÃO

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ESTUDO DOS EVANGELHOS À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
O CÂNTICO DE SIMEÃO
38. 5 - CONTRADIÇÕES DA NARRATIVA DO CÂNTICO DE SIMEÃO ENTRE LUCAS E MATEUS - EXPLICAÇÕES SIMBÓLICAS  E MÍSTICAS

Essa narração de Lucas [DO CÂNTICO DE SIMEÃO] discorda da de Mateus que veremos a seguir. O que há de comum entre ambas é o nascimento em Belém e a posterior moradia em Nazaré, embora Lucas a coloque de imediato e Mateus a situe bem mais tarde. No entanto, observamos que: a) Mateus ignora a homenagem dos pastores: a circuncisão, a purificação, a apresentação ao templo, o encontro com os dois profetas; b) Lucas desconhece a homenagem dos magos: o massacre das crianças, a fuga para o Egito. A que atribuir essas divergências? à diversidade das fontes? Se a fonte de Lucas foi Maria, como  admitir a omissão de fatos tão importantes? E quando se terão realizado esses acontecimentos narrados por Mateus? Não há dúvida de que só depois da apresentação, porque nos quarenta dias entre esse fato e o nascimento, não haveria tempo, dado que Maria não poderia ter saído de casa. Como conciliar o regresso a Nazaré, que em Lucas aparece natural (regressaram para sua casa) e em Mateus como a ida a um lugar desconhecido, por indicação de um anjo [ESPÍRITO MATERIALIZADO -Grifo nosso]. As explicações simbólicas dar-nos-ão as razões. O Eu Profundo ou Cristo Interno é o mesmo Cristo de Deus em todas as criaturas. Entretanto o  caminho para alcançá-lo varia de pessoa a pessoa. A experiência de um pode ilustrar o que com ele ocorreu, mas não pode ser tomada qual modelo a imitar, porque as estradas da periferia ao centro são tantas, quantos os raios possíveis dentro de um círculo. Cada individualidade se plasmou através de milênios, na constituição dos próprios hábitos, diferentes dos demais. E a evolução conduzirá cada um por seu caminho especial. Não é de admirar, pois, que, escrevendo sobre o mesmo assunto, Lucas divirja de Mateus nos fatos, que, para o Espírito, pouca  ou nenhuma importância têm. Não são livros históricos que estamos lendo, mas obras que ensinam, através dos fatos, realidades concretas e objetivas do modo pelo qual poderá alguém atingir Deus dentro de si. Assim, Mateus escolhe fatos e narra acontecimentos que esclarecerão certos pormenores da árdua e longa busca do abismo do Eu, enquanto Lucas prefere outros que, embora levando ao mesmo objetivo, perlustram outras sendas. Mais acidentado, porque mais externo e glorioso, em Mateus; mais sereno, porque mais interno e  singelo, em Lucas. Mais terreno e ativo no primeiro (magos, massacre, fuga); mais celestial e místico no segundo (anjos, lei, templo, profetas). Para o sentido esotérico e profundo, simbólico e místico, nada importam essas divergências superficiais de personalidade, e sim o significado oculto que se depreende das palavras veladas. Verificamos, pois, que aquele que se aventura na estrada abismal que leva às profundidades altíssimas do Eu Supremo, pode trilhar várias sendas. Uma (ensinada por Mateus) se dirige através do movimento personalístico, atraindo a atenção de magnatas e dignitários que se assustam com a novidade e começam a mover perseguições e a buscar a eliminação da nova força que, na sua humildade (a palha do presépio) ameaça a segurança dos tronos e os privilégios dos potentados. Há necessidade, então, de buscar-se um refúgio no silêncio da solidão, exilando-se para outros ambientes. A outra (revelada por Lucas) caminha pelo lado mais ascético, menos mundano, e encontra na  oração (anjos do Senhor , templo, profetismo ou psiquismo) a sua máxima expansão. Aí não há perseguições nem necessidade de fuga. A jornada é mais tranquila pelos atalhos do espírito, cortando-se logo o apego à matéria (circuncisão) e consagrando-se a vida a Deus (apresentação) onde se encontram os arautos do céu (médiuns ou profetas) que lhe apresentam palavras de conforto e de advertência.
 Walter de Carvalho

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